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indenização danos morais
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA
COMARCA DE RIO BRANCO-AC
POTY PINHO PASCOAL, brasileiro, casado, microempresário,
portador do documento de identidade RG. n.º 48834-SSP/AC e inscrito no CPF sob
o n.º 197.394.352-20, residente e domiciliado na Rua Brilhante, Quadra E, Casa 12,
no Conj. Céu Azul, Bairro Wanderley, em Rio Branco-AC, com endereço comercial
na Via Chico Mendes, nº 3570, Fundos do Autoposto Amapá, Galpão nº 05, Bairro
Areal, CEP 69906-119, por seu procurador e advogado infra-assinado, com
escritório na Rua Dom Próspero Bernardes, nº 2255, no Bairro Jardim Botânico, no
município de Senador Guiomard-AC, CEP 69925-000, vem respeitosamente à
presença de V. Exª, com fulcro no art. 5º, V, da CF, nos arts. 186, 402, 927 e 935 do
Código Civil, e art. 64 do Código de Processo Penal, propor a presente
AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS c/c LUCROS
CESSANTES
Em face de DIOGO DOS SANTOS FERREIRA, brasileiro, solteiro, mecânico,
nascido no dia 27 de fevereiro de 1994, com 18 anos de idade ao tempo do fato,
natural de Cerejeiras/RO, inscrito no Registro Geral sob o nº 1124675-8 SSP/AC e
CPF nº 014.311.732-74, filho de Demerval Gomes Ferreira e Janete Silva dos
Santos, residente no Loteamento Céu Azul, bairro Wanderley Dantas, nesta cidade,
telefone celular nº (68)8413-1905;
Em face de MAURICÉLIO SANTOS DE LIMA, brasileiro, solteiro, menor,
REPRESENTADO pelos pais OCIÉLIO SILVA DE LIMA e UZINÉLIA SILVA DOS
SANTOS, residentes e domiciliados na Rua Pequena Jéssica, nº 41, no Bairro
Wanderley Dantas, com telefone de contato de nº (68)9945-5456;
E em face ainda de MATEUS ESTEVÃO DA ROCHA, brasileiro, solteiro, conhecido
como “Tampa”, menor, REPRESENTADO por seus pais JOSÈ FRANCISCO
DIMAS DA ROCHA e MARIA CLÉIA SANTOS FERREIRA, residentes e
domiciliados na Rua Itamar Pascoal, nº 141, no Bairro Wanderley Dantas, com
telefone de contato nº (68)9999-8563.
A presente ação é proposta pelas razões de fato e de direito que
seguem:
DOS FATOS
1. O Demandante possuía um veículo utilitário do tipo Saveiro, de cor vermelha,
ano 2011, de Placa nº NAB-8541, registrado em nome de sua empresa P. D.
PINHO LTDA. O referido veículo era utilizado na entrega, na remoção, na
substituição de freezeres, na fiscalização e na supervisão dos pontos de
revenda e outras atividades congêneres da fábrica de gelo do Demandante,
cujo nome fantasia é Popy Gelo, situada na Via Chico Mendes, no Galpão nº
5, nos Fundos do Auto Posto Amapá. O mesmo veículo era também o único
meio de transporte da família do Demandante;
2. Ocorreu que na madrugada do dia 27 de outubro de 2012, o Demandante
sofreu a perda total do descrito veículo (laudo pericial em anexo), em
decorrência de furto seguido de incêndio, ações delituosas essas promovidas
pelos Demandados DIOGO DOS SANTOS FERREIRA, MAURICÉLIO
SANTOS DE LIMA e MATEUS ESTEVÃO DA ROCHA, conforme restou
apurado pela investigação da Polícia Civil da 5ª Regional (anexo);
3. Na conclusão do Inquérito, a autoridade policial concluiu pelo indiciamento
dos Demandados nos crimes previstos nos art. 155 § 1º e § 4º, inciso IV; art.
163, parág. Único, II, c/c art. 29, todos do Código Penal;
4. Também foi oferecida a Denúncia pelo Ministério Público, em 23/04/2013, que
pugnou pela condenação do Demandado, acolhendo o resultado do AIP nº
161/2013.
Não obstante o Estado, através das ações cabíveis, esteja procurando
responsabilizar criminalmente os ora Demandados, o fato é que o Demandante
sofreu e tem sofrido com a perda do veículo que utilizava no desempenho do seu
labor diário e na condução de sua família. Não bastasse o valor do bem material,
soma-se ao prejuízo todo o tempo em que o Demandante vem sendo privado de um
veículo de carga na sua empresa (mais de 10 meses), agravando a situação o fato
de ter que arcar mensalmente com as parcelas do financiamento bancário que
efetuou para a aquisição do veículo.
E é exatamente por não suportar mais a carga do ônus moral e material que
lhe foi imposto pela ação puramente vândala e criminosa dos Demandados, que o
Demandante recorre às barras da justiça, a fim de encontrar guarida e tutela ao seu
direito à propriedade e ao patrimônio, erigido como cláusula pétrea no rol dos
direitos individuais consagrados na Constituição Federal.
DO DIREITO
Em se tratando de garantias de reparação a danos causados, sejam eles de
ordem material ou moral, nosso ordenamento pátrio assegura ampla tutela àqueles
que tenham sido, de alguma forma, ofendidos, privados ou prejudicados pelo
comportamento danoso de outrem. Assim é que a legislação não só dispõe o direito
de ação, mas também a certeza de que qualquer dano será reparado pelo seu
causador em benefício daquele que foi lesado pela conduta ilícita.
Nesse sentido, assim dispõe o nosso Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Entendendo que não bastava definir o dano como ato ilícito, sem impor
qualquer garantia de reparação do mesmo, é que mais a frente o mesmo Código
Civil assim estabeleceu:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
No presente caso, Excelência, não só restou provada a natureza ilícita da
ação que deu cabo a um bem integrante do patrimônio do Demandante, como
também se concluiu pela autoria dos causadores do dano, conforme se depreende
do inquérito policial, do consequente indiciamento e da inevitável denúncia do MP.
Mais do que isso, o dano causado ao Demandante extrapolou a esfera
quantitativa do bem perdido, atingindo o valor agregado do mesmo na logística de
transporte de cargas da fábrica do Demandante. Mais doloroso ainda para o
Demandante foi ter que pagar o financiamento de um bem, do qual não tem
usufruído, nem para si, nem para sua família e nem para o seu negócio, o que lhe
tem causado bastante desconforto emocional.
Justamente para impedir que o lesado suporte maior prejuízo em razão da
ação danosa para a qual não concorreu, é que o Código Civil também garante a
reparação das perdas, entendidas aqui não só como aquilo que o prejudicado
perdeu, mas também como aquilo que ele efetivamente deixou de ganhar em virtude
do dano. Senão, vejamos:
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as
perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Não obstante os Demandados tenham que responder penalmente por suas
ações e pelas medidas sócio-educativas da Lei nº 8.069/90, subsiste ao
Demandante o direito de pleitear a indenização na esfera cível, considerando o que
ainda garante o Código Civil, em seu artigo 935, quando diz que:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem
seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no
juízo criminal.
Na mesma esteira, cabe aqui citar também, por empréstimo, o que trata o art.
64, dessa vez do Código de Processo Penal:
Art.64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o
autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
No caso particular da participação de menores, nosso ordenamento jurídico
os considera inimputáveis apenas do ponto de vista penal, não se estendendo a
garantia na seara da reparação civil. Nesse sentido é cristalino o Código Civil,
quando estabelece que o incapaz também responde pelos danos causados por suas
ações:
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou
não dispuserem de meios suficientes.
Mais à frente, o CC ainda trata da responsabilidade dos pais em relação aos
atos praticados pelos filhos menores:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e
em sua companhia;
Da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) vem ainda a
recomendação de que os menores devam reparar o dano provocado pela prática de
ato infracional, definido este pelo próprio diploma estatutário, em seu art. 103, como
sendo “a conduta descrita como crime ou contravenção penal”, conduta esta que, no
caso em comento, se encontra descrita no art. 155, § 1º e § 4º, inciso IV e no art.
163, parág. único, II, c/c art. 29, todos do Código Penal.
Segundo ainda o estatuto do menor:
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Dessa forma, se impõe a lei para garantir o direito de ressarcimento a toda e
qualquer vítima de dano provocado por ação ilícita. Baseado neste primado é que o
Demandante propõe a presente ação, a fim de ter seu direito albergado como forma
de justiça.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, REQUER a V. Exª que se digne a:
1) Citar os Demandados e seus representantes, para, querendo,
apresentarem defesa, sob pena de revelia;
2) Julgar procedente a presente ação, condenando os Demandados e seus
representantes ao pagamento de quantum indenizatório relativo aos danos
correspondente a 75 (setenta e cinco) salários mínimos;
3) Intimar o Ministério Público para conhecimento do que lhe é pertinente.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos pelo Direito.
Dá-se à causa o valor de R$ 50.850,00 (cinquenta mil, oitocentos e cinquenta
reais).
Nestes Termos,
Pede e Aguarda Deferimento.
Senador Guiomard-AC, 09 de setembro de 2013.
LUIZ CARLOS DE ARAÚJO FERNANDES
Advogado/OAB-AC nº 3995