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Planejamento e Controle da Produção na Indústria da Construção Civil Julho/2016
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016
Planejamento e Controle da Produção na Indústria da Construção
Civil
Fábio Lori Benvenuti – [email protected]
MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia & Qualidade da Construção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Porto Alegre, RS, 28 de julho de 2015
Resumo
O trabalho destaca quais são os passos para melhorar a eficiência de empreendimentos,
desde sua concepção, afim de torná-los mais rentáveis e atraentes diante o aumento da
exigência dos clientes e pensando no grande número de ofertas do mercado atual, visando,
em qualquer tipo de obra, a redução no consumo dos seus insumos. Com a utilizaçã destes
procedimentos, quais os benefícios apresenta o planejamento e o controle da produção em
empresas construtoras e o que proporciona, além do absoluto conhecimento da obra, a
capacidade de detecção de situações desfavoráveis com eficiência na tomada de decisões e a
integração com o orçamento que torna possível a agilidade na alocação dos recursos criando
confiável referência para acompanhamento e padronização dos serviços com referencial
coerente para metas através da documentação. O trabalho foi desenvolvido de forma a
proporcionar o conhecimento da aplicabilidade de métodos de sistemas de planejamento e
controle de obras na indústria da construção civil, através das etapas da geração do
cronograma físico de um projeto, transmitindo a importância que trabalhos de planejamento
e controle representam diante qualquer projeto e que, os mesmos devem ser intensificados
ainda no início das atividades, com todos os projetos concluídos e junto à geração de todos
os planos necessários, cronogramas, fluxogramas, e os demais elementos, para que no
decorrer da obra os mesmos apenas sejam ajustados, buscando continuamente a
racionalização na utilização de materiais e, maior eficiência na utilização de equipamentos.
Foram realizadas pesquisas através das publicações de autores que trabalham aciduamente
no estudo de técnicas para o gerencimaento de obras, visto a necessidade do aprimoramento
da mão de obra, desde as fases de projeto, momento em que a maioria dos erros são
cometidos e transmitidos as fases de execução, com o reduzido detalhamento e nível de
formalidade no repasse dos dados que, com o auxílio de ferramentas adequadas, aumentam
significativamente a qualidade dos resultados
Palavras-chave: Planejamento. Controle. Procedimentos.
1. Introdução
A indústria da construção civil vem sofrendo grandes alterações se comparada a outros
segmentos industriais. Dinâmica e mutável, a construção civil é uma atividade que utiliza
técnicas gerenciais de Planejamento e Controle da Produção (PCP) de certa forma bastante
deficientes. Isto ocorre, por exemplo, por lacunas não especificadas no planejamento,
retardando o processo ou atuando no canteiro de obras a partir de improvisos diários. Sabe-se
que, nos dias de hoje, existem muitas construções em andamento sem qualquer sistema de
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planejamento, coordenadas sem nenhuma formalidade no repasse de tarefas a serem
executadas e metas que devem ser cumpridas, desprovidas ainda, de qualquer controle
produtivo e de consumo. Em seu livro, Mattos (2010:25) coloca de uma forma interessante o
modo como vê a deficiência dos construtores no país, principalmente no que diz respeito ao
gerenciamento, dizendo que “essa deficiência, revela-se em graus variados. Há aqueles que
planejam, mas não o fazem bem; outros que planejam bem, mas não tem controle; e aqueles
que funcionam na base da total improvisação”. Esta deficiência no planejamento e na
fiscalização periódica da realização dos serviços pode trazer resultados desastrosos para um
empreendimento e por consequência para o investidor que o executa, ou grupo de
investidores, empresa ou pessoa física, enfim, qualquer envolvido no financiamento de uma
obra em condições deficientes de gerenciamento certamente será lesado.
Essas consequências indesejáveis podem ser amenizadas se os projetos forem devidamente
planejados e controlados, desde sua concepção.
A sobreposição de projetos, ainda na fase de criação, de pré-projeto, é de fato muito
importante, pois, é nesta fase que se verificam as diversidades que podem fazer parte de um
empreendimento e as possíveis soluções quanto a mão de obra, material e equipamento a ser
utilizado. Todas essas decisões, se tomadas durante a concepção do projeto, geram menor
custo de tempo e dinheiro ao empreendedor.
Pode-se dizer ainda que, de que nada adianta um bom planejamento sem que esse tenha um
controle da produtividade tão eficiente quanto. Para isso o Guia PMBOOK®, dividido em três
seções subdivididas em capítulos, traz uma rica descrição de técnicas para gerenciamento de
projetos, as entradas e saídas de cada processo, as áreas de conhecimento e as ferramentas e
técnicas a serem utilizadas diariamente nas atividades de planejamento e controle.
As empresas construtoras estão buscando, cada vez mais, elevar os padrões da qualidade de
seus produtos, articulando os diversos agentes envolvidos pelas ações de planejamento e
controle da produção, comprometendo-os, cada um, com a qualidade dos seus produtos
parciais, e mais importante, com a qualidade do produto final, cujo objetivo é satisfazer as
necessidades dos usuários, finais ou não dessas edificações. A busca contínua pela qualidade
nos serviços de empresas construtoras pode ser atestada, valorizando seus produtos, como é o
caso do programa de adesão voluntária do Governo Federal PBQP-H (Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade no Habitat) e ainda a certificação ISO (International Organization
for Standardization) para que as empresas da área aumentem o status diante do mercado pela
certeza na melhoria dos processos internos.
Por tratar-se a indústria da construção civil, reconhecidamente uma indústria nômade, este
segmento apresenta sérios problemas no que tange o setor de Planejamento e Controle da
Produção, uma vez que, não se pode aplicar a produção em série, em que o grau de precisão
dos processos é maior e trabalha-se em melhores condições. Além das particularidades de
cada novo projeto, em que o planejador se depara com eventos inesperados, ou seja, seus
planos não podem ser considerados um espelhamento do que será executado, mas sim, um
caminho provável, próximo à realidade, podendo-se dizer praticamente impossível de serem
cumpridos com exatidão.
Outra grande dificuldade encontrada no gerenciamento de obras, na questão planejamento e
controle, diz respeito à mão de obra. Muitas vezes, são exigidas desta classe, metas
inadequadas e improváveis de serem atingidas, além disso, operários deste segmento
industrial sofrem com a desqualificação profissional e a desvalorização social, desencadeando
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um processo de desmotivação constante, e por consequência ineficiência na execução dos
serviços, acabando por reafirmar a grande rotatividade de contratação de pessoal no setor.
A gerência de empresas construtoras e departamentos técnicos, muitas vezes, não dão tanta
importância ao planejamento e controle da produção, por acharem que estes dificultam o
desenvolvimento dos processos pela formalidade, fazendo uso do conhecimento de seus
engenheiros, única e exclusivamente para geração dos planos com as estimativas dos prazos,
quantidades e valores, sendo os mesmos, feitos informalmente, sem auxílio de qualquer
indicativo de produtividade, ocasionando falhas e gargalos no processo da construção devido
às particularidades de cada obra.
Na certeza de que a construção civil merece maior atenção para o planejamento de seus
empreendimentos e controle de sua produção, estudos são desenvolvidos continuamente,
normas publicadas e constantemente ajustadas, assim como, programas e certificações são
criadas e implantadas. Contudo, busca-se maior comprometimento de todos os envolvidos
neste setor industrial, atentando a melhoria dos processos e condições de trabalho, que por
consequência gerarão produtos de maior qualidade, promovendo, inclusive, a redução dos
resíduos nas obras.
Não sendo de bom tom estas justificativas se darem apenas por palavras do próprio autor,
aponta-se, segundo Mattos (2010:17) que citou em seu livro:
O planejamento da obra é um dos principais aspectos do gerenciamento, conjunto de
amplo espectro, que envolve também orçamento, compras, gestão de pessoas,
comunicações, etc. Ao planejar, o gerente dota a obra de uma ferramenta importante
para priorizar suas ações, acompanhar o andamento dos serviços e comparar os
estágios da obra com a linha de base referencial e tomar providências em tempo
hábil quando algum desvio é detectado.
Ainda, seguindo no apontamento de outros autores, Goldman (2004:11) descreve em sua obra
que, “O planejamento se constitui hoje em um dos principais fatores para o sucesso de
qualquer empreendimento” e Mattos (2010:21) escreveu que “ao se planejar uma obra, o
gestor adquire alto grau de conhecimento do empreendimento que lhe permite ser mais
eficiente na condução dos trabalhos”.
Um excelente modo para demonstração do sistema de Planejamento e Controle da Produção
pode ser visto de forma clara na divisão de um círculo em quatro partes iguais, onde cada
quadrante corresponde a uma fase do gerenciamento, e cada parte é subdividida de acordo
com as técnicas principais completando o Ciclo de Deming, também conhecido como PDCA
(Gráfico 1) de Planejar, Fazer, Controlar e Atuar, traduzido do inglês que deu origem a sigla,
Plan, Do, Check and Act, que fundamenta os trabalhos na área de gerenciamento. Utilizado
em diversos ramos da indústria para melhoria contínua dos processos.
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Gráfico 1 – PDCA
Fonte: MATTOS, A. D. Planejamento e Controle de Obras (2010:37).
No intuito de embasar o conhecimento do autor, auxiliando na execução deste trabalho,
Seções do Guia PMBOK® foram utilizadas, como observado nos métodos da terceira seção do
Guia que traz nove diferentes áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos em cinco
grupos, mapeando os 42 processos utilizados na gerência, visto que os autores pesquisados
fazem seus trabalhos baseados nestes métodos, esses geralmente utilizados para o
planejamento (Quadro 1).
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Quadro 1 – Mapeamento de grupos de processos de gerenciamento de projetos e áreas de conhecimento
Fonte: Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®), quarta edição, 2008.
2. Planejamento
Quando se pensa em escopo deve se pensar na criação como um todo, passo a passo, como
todos os elementos vão sendo construídos, cada atividade executada com seus materiais, mão
de obra, ferramentas e equipamentos utilizados para execução da tarefa, pois, quanto mais
detalhado se pense, mais preciso será o planejamento, mas, é certo dizer que, um escopo deve
ser “pensado” minuciosamente, mas não, “elaborado” igualmente, o que pode gerar grande
trabalho na hora de controlar, podendo vir a atrapalhar nos processos e não ajudar como é o
intuito de todo o trabalho de gerenciamento.
Etapa que requer grande atenção do planejador, pois, é a base para elaboração dos planos que
gerenciam as obras e, de acordo com o porte e complexidade dos projetos, os métodos de
análise para definição das atividades varia com tendência geralmente a aumentar o número de
envolvidos na criação cronograma, visto que, para cada atividade haverá a necessidade de um
profissional com grau de conhecimento suficientemente capaz, para auxiliar na
fundamentação do plano mestre do empreendimento.
A identificação das atividades tem como fundamento principal alimentar todo o processo de
planejamento gerando os primeiros dados para esse, então é oportuno ressaltar que a
decomposição dos projetos em pacotes de trabalho deve ser feita de forma cautelosa, pelo fato
da tarefa que por algum descuido não for identificada, ficará fora do cronograma e acabará
não sendo quantificada, não fazendo parte do orçamento, gerando problemas futuros a
Administração e por fim a Diretoria, podendo, e muitas vezes chegando, esses transtornos aos
clientes dessas construtoras, como exemplo, elevando-se o custo do imóvel durante o período
de vendas.
Assim, é muito importante na hora da determinação das atividades geradoras do escopo,
independentemente do modo que se utilize ou nível de detalhamento, é a regra dos 100% para
formação da EAP. Esta regra determina que, a soma de cada tarefa componente das etapas
propostas, não pode ultrapassar os 100%, nem faltar desses, deve ser igual à totalidade do
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cronograma geral, não devendo, em atividades ou materiais, diferenciar do que foi
programado.
É normal que algumas etapas ainda não estejam totalmente definidas na elaboração do escopo
da obra, como é o caso do ajardinamento, devendo nessas situações, ser incluído como
“atividade genérica” e detalhado conforme a proximidade de sua execução, tendo até esta
hora sua definição concluída.
De posse dos projetos, o planejador faz a sobreposição desses para uma última análise,
procurando algum ponto em que se torne inviável a construção ou deva sofrer alteração,
visando melhorar a qualidade de algum produto componente da obra, sempre buscando
agilidade nas tomadas de decisões para solução de problemas.
As atividades são agregadas de procedimentos padrões, a fim de melhorar os processos, em
qualidade, tempo de execução e consumo de material, já pensados na definição do escopo.
Soluções encontradas nessa fase do planejamento geralmente são mais eficientes e menos
onerosas à empresa construtora, por isso, ressalta-se a importância de estudar com afinco os
projetos e os métodos construtivos desses.
A geração do escopo de um empreendimento proporciona ao planejador grau de
conhecimento do projeto suficiente para tomada de decisões rápidas em situações
desfavoráveis, sendo este profissional capaz de alocar recursos de forma mais eficiente.
Com a definição das principais etapas que perfazem o projeto, devem ser estudados métodos
para execução, pois, depende desses a determinação das durações, e a diferença de um
método para outro traz prazos executivos diferentes, além de custo diferenciado, isso por
diversas razões.
Muito importante após a identificação das atividades e o esboço do escopo montado é a
apresentação desses trabalhos a todos os envolvidos na obra, direta o indiretamente, visto que,
dentro de uma empresa construtora, todos os setores têm sua parcela de obrigações diante a
um novo empreendimento. Os setores de certa forma se interligam, sugerindo-se ainda que
haja um ponto de interconexão que agilize e organize as trocas de informações, que pode ser,
no caso dos escritórios, por exemplo a secretária, diferente das obras, onde que fará esta
conexão é normalmente o apontador, mas, terá este o acesso direto a secretária, ou vice e
versa. A seguir é apresentado dois modelos de organograma para auxiliar no entendimento
desta questão. (Organograma 1) e (Organograma 2)
Organograma 1 – Estrutura organizacional do escritório
Fonte: Próprio Autor
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Organograma 2 – Estrutura organizacional do canteiro de obras
Fonte: Próprio Autor
A conectividade do setor de planejamento com os outros setores está sintetizada para dar ideia
da troca de informações.
Setor de planejamento e a Diretoria Operacional: tem como função gerenciar o setor de
compras e de projetos auxiliando de forma muito significativa ao planejamento já que esse
profissional tem posse todos os documentos relacionados aos projetos e aos insumos;
Setor de planejamento e a Diretoria Executiva: responsável por decisões administrativas na
ausência do presidente tem função crucial em qualquer alteração nas programações das
obras;
Setor de planejamento e o Jurídico: para o setor de planejamento o jurídico serve para
manter a documentação em dia para liberações, aprovações e afins;
Setor de planejamento e o RH: na contratação e capacitação de pessoal para cumprimento
de metas;
Setor de planejamento e o Financeiro: o financeiro é um dos setores mais importantes para
o setor de planejamento, pois é este setor que define os prazos para aquisição de materiais
e equipamentos, contratações de terceiros ou aumento do quadro de mão-de-obra;
Setor de planejamento e a Arquitetura: o setor de arquitetura fornece ao planejamento
informações necessárias, quanto a especificações de materiais, detalhamentos construtivos
dentre outros auxílios técnicos;
Setor de planejamento e a Gestão da Qualidade: da existência de um setor de planejamento
e controle surge a necessidade do setor de qualidade, que tem por finalidade ajustar
procedimentos operacionais de fácil aplicação e controle para auxiliar nas aferições do
plano;
Setor de planejamento e a Engenharia: assim como a arquitetura, a engenharia fornece ao
planejamento apoio técnico com especificações de métodos, materiais e equipamentos de
apoio;
Setor de planejamento e a Recepção: pode ser utilizado este setor no repasse de
informações aos setores gerando documentos comprovantes proporcionando
rastreabilidade desses.
Após este sistema de estruturação, o escopo definido e apresentado e com as atividades
identificadas através da análise pormenorizada dos projetos podem-se quantificar as durações
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dos serviços de cada etapa ou com dados históricos de produtividade da empresa ou com
auxílio de tabelas com índices de mão de obra, proporcionando um prazo executivo passível
de comparação com o realmente realizado.
A identificação das atividades é feita em “camadas”, sendo empregado para início dos planos
um nível de detalhe mais amplo em que o planejador busca as principais características
construtivas da obra. Em um segundo momento da geração dos planos busca-se dentro das
características principais do projeto detalhes pertinentes a serem controlados e que deverão
fazer parte do plano mestre, visto a importância que têm diante do todo. Pode-se ainda adotar
um terceiro, quarto, quinto nível de detalhe, ou quantos o planejador achar necessário, sempre
procurando formar pacotes de trabalho com atividades que não ultrapassem os prazos para
execução, mínimos e máximos pré-estabelecidos na criação do plano.
Para identificação das atividades componentes de uma obra e decomposição dessas em
pacotes de trabalho controláveis, pode o planejador adotar diferentes métodos, procurando o
que melhor lhe convir, sendo esta Estrutura de Decomposição do Trabalho ordenada,
denominada Estrutura Analítica de Projeto (EAP) que vêm do inglês Work Breakdown
Structure (WBS) e pode ser utilizada de três formas básicas (Quadro 2): Mapa Mental,
Formato Analítico e Formato em Árvore, que, segundo bibliografias específicas, possuem
seus prós e contras. A criação dessas estruturas analíticas pode ser feita, com caneta e papel
ou com auxílio de softwares.
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Quadro 2 - Formatos de EAP
Fonte: Próprio Autor
Muito importante após as atividades identificadas e definidas suas durações, é a determinação
da precedência entre elas, definindo a lógica com que a rede será montada e como as tarefas
deverão ser executadas. Esta etapa ainda vai determinar de forma mais precisa as datas de
início e fim das atividades, pela dependência existente das tarefas.
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Existem basicamente quatro tipos de precedências para as atividades (Quadro 3), devendo ser
adotada a mais lógica para que a rede funcione. A utilização de computadores para auxiliar
nas atividades de planejamento é bastante importante, mas, vale lembrar que, de nada vale a
máquina e a ferramenta se não houver racionalidade por parte do planejador na composição
das predecessoras componentes do cronograma.
Ligação (entre A e B) Significado
TI (término-início) A tem de ter terminado para B poder iniciar
II (início-início) A tem de ter iniciado para B poder iniciar
TT (término-término) A tem de ter terminado para B poder terminar
IT (início-término) A tem de ter iniciado para B poder terminar
Quadro 3 – Tipos de Precedência entre atividades
Fonte: MATTOS, Planejamento e Controle de Obras (2010:107)
Com relação as precedências podemos destacar que a mais utilizada é a de Término-Início,
onde uma atividade é concluída para que outra seja iniciada.
A precedência que se busca identificar tem por finalidade, definir o tempo que um pacote de
serviços é executado em sua totalidade, pois, alguma tarefa, dentro dessa decomposição tem
prazo exequível menor que outra, mas dependerá dessa com prazo maior para poder ser
concluída. Um exemplo é o lançamento e adensamento de concreto, geralmente executado em
um único dia, mas dentro de um pacote de serviços de pilares de um pavimento térreo
qualquer, este será composto ainda por fôrmas e armadura, precedentes ao serviço de
concretagem, e que normalmente necessitam de mais dias para sua execução, ressaltando
ainda que devemos esperar a cura do concreto para desforma e por fim dar a atividade, pilares
do térreo, como concluída.
Após a identificação das atividades estar concluída e estabelecidas suas precedências,
determina-se o tempo necessário em horas, dias, semanas ou meses para execução de uma
determinada tarefa. Pode ser considerada como a quantidade de jornadas de trabalho para
realizar integralmente determinada atividade. Os pacotes de trabalho devem ser montados
conforme predefinição dos prazos, esses estabelecidos dentro da faixa de duração para
execução de uma atividade afim de facilitar o controle.
A definição das durações pode ser adotada pelo padrão de especificações técnicas de órgãos
americanos, que impõem, para construção civil, prazo mínimo de um dia e máximo, o dobro
da periodicidade da atualização da rede (MATTOS 2010:75).
Para exemplificar esta determinação, suponhamos que, em uma rede, com o planejamento
base atualizado conforme controle do andamento dos serviços a cada um mês, 22 dias úteis, o
prazo máximo de uma atividade não poderá exceder o dobro desse período, 44 dias no plano,
quatro quinzenas ou dois meses, corriqueiramente falando ou, definindo,
1dia<duração<44dias. As durações são contadas em dias úteis, não sendo incluídos, sábados,
domingos e feriados, podendo sim fazer parte do planejamento, mas não devendo ser
considerado nas primeiras opções do planejador.
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Caso alguma atividade ultrapassar essa duração, deverá ser desmembrada em e pacotes de
serviço menores e se alguma tiver duração menor, a mesma deverá ser fundida a outra
gerando pacotes de serviços maiores.
É importante lembrar que, na geração do plano, algumas tarefas que compõem o escopo não
podem ter seu período alterado, como é o caso da cura do concreto, que necessita para
desforma, um prazo mínimo, variando com o tipo de concreto empregado e o elemento
estrutural concretado.
Com as etapas anteriores concluídas monta-se o diagrama de rede, uma forma gráfica de
esboçar as tarefas com suas dependências, buscando com este, o caminho crítico da obra e a
folga das atividades, podendo ainda este método ser utilizado para pacotes de trabalho
componentes do cronograma físico, muito usual para atividades com maior grau de
complexidade dentro do escopo.
A elaboração deste pode ser realizada separadamente, através do método PERT/CPM,
Program Evaluation and Review Technique1 e Critical Path Method2 respectivamente (Figura
1), utilizado para determinação do caminho crítico de qualquer projeto com qualquer nível de
complexidade ou dimensão. Este caminho é buscado para controlar as tarefas que não podem
sofrer atraso, pois impactam diretamente no prazo total, definido na geração do Cronograma
Físico.
Figura 1 – Diagrama de Rede com a definição do Caminho Crítico
Fonte: Próprio Autor
Se, para a elaboração do cronograma for utilizado software específico como, MS Project por
exemplo, a criação da rede PERT/CPM será automática, identificada como Gráfico de Gantt
(Figura 2), a qual destacará o caminho crítico do projeto.
1A técnica de Avaliação e Revisão de Programas (Program Evaluation and Review Technique) foi desenvolvida pela Marinha
Americana em parceria com a Booz Allen & Hamilton (empresa de consultoria) e Lockheed Aircraft Corporation para auxiliar no planejamento e controle do Projeto Solaris (MATTOS, 2010:112). 2 O Método do Caminho Crítico foi instituído por dois matemáticos, Morgan Walker e James Kelley na década de 1950, que o
batizaram inicialmente de “cadeia crítica” pouco depois imortalizada como “caminho crítico”, conhecido como CPM (Critical Path Method) e, utilizado largamente como PERT/CPM (MATTOS, 2010:111).
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Figura 2 – Gráfico de Gantt MS Project (2007) com atividade e caminho críticos em vermelho
Fonte: Próprio Autor
Também, no próprio programa, pode se apresentar o diagrama de rede e esboçar o caminho
crítico na forma de blocos (Figura 3), porém, não muito usual, mas bastante interessante, pois
os blocos trazem diversas informações de fácil visualização para o planejador.
Figura 3 – Método dos Blocos MS Project (2007) com atividades e caminho crítico em vermelho
Fonte: Próprio Autor
Desta forma podemos concluir que, caminho crítico é o traçado na rede que demonstra as
atividades cujo atraso comunica-se diretamente com o prazo total do projeto e, com essa
análise, podemos também deduzir que os caminhos que estiverem fora desse “traçado crítico”
possuem atividades com alguma margem de tempo, o que permite ao planejador flexibilidade
com relação a essas. Esse tempo flexível é denominado de “folga total”, e pode ser utilizado
para uma possível, e as vezes necessária, realocação de recursos, da atividade com “folga”
para a atividade “crítica”.
Seguindo estas etapas para elaboração do cronograma do empreendimento e dado início as
atividades construtivas, o momento é de análise constante dos fatores que, por mais planejado
que seja o projeto, geram atrasos, que podem ser provenientes de condições climáticas
inesperadas como chuvas excessivas, o frio intenso, crise de mercado, acidentes ou até mesmo
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alterações na legislação ou nos objetivos. Estes acontecimentos acabam impedindo o
andamento proposto e consequentemente suas metas. Em virtude destas possibilidades se
torna indispensável ao planejador continuar a desprender sua atenção no período posterior a
definição dos planos para, sempre que necessário, proceder com a atualização do cronograma.
3. Controle da Produção
Este controle deve ocorrer paralelo a execução, e seus resultados devem ser analisados e
comparados aos planos. Se nesta análise for constatada que os objetivos não serão atingidos
dentro das datas, o plano deverá ser atualizado, ou, dependo do grau de divergência do
controle com a linha de base, o planejamento poderá ser refeito.
Os serviços de planejamento e controle devem ser instituídos nas empresas com a definição
de acelerar os processos com eficiência, não transtornar o andamento desses, e com um grau
de detalhe muito grande gerado na criação do escopo, atividades voltadas à conferência do
andamento dos trabalhos se tornarão complicadas, já que o apontador terá um número maior
de particularidades a controlar, assim como a empresa responsável.
Para que um controle tenha a eficiência desejada alcançada, o mesmo deverá ser feito com o
maior grau de formalidade possível, gerando para cada processo documentações que possam
ser anexadas ao plano para posterior conferência. Essas documentações podem ser
denominadas de Procedimento Operacional Padrão (POP) e adotadas para todos os setores da
empresa, do escritório ao canteiro. Este procedimento, além de formal, gera rastreabilidade
das informações e cria um histórico para a empresa.
Os canteiros de obras são realmente gerenciados se instituídos registros diários de obra
(RDO), em que constarão os dados principais pertinentes ao projeto e serão também anexados
ao plano, podendo ser utilizado para acompanhamento e planejamentos futuros com a criação
de dados históricos de produtividade da mão de obra.
Pensando no outro lado do planejamento, em que os custos não são primeiramente pensados,
o controle da mão de obra faz-se fundamental para o sucesso de um projeto, já que a
dependência da força de trabalho para execução das atividades de canteiro é fundamental. No
momento da identificação das atividades, o planejador deve adotar os melhores métodos
construtivos para cada etapa, onde, as tomadas de decisões são mais eficientes, extraindo da
mão de obra o máximo que esta possa produzir.
Em uma obra com prazo total estimado longo, como o caso de grandes empreendimentos
habitacionais atualmente projetados para atender ao PMCMV (Programa Minha Casa Minha
Vida), atividades críticas com certeza vão ser um problema, mas também, em função do
extenso período de construção haverá a folga das atividades, numerosas em função do tempo,
tornando-se um aliado aos planejadores, se bem gerenciadas.
Serventia nenhuma tem a atividade de planejamento de um projeto sem que esse tenha
controle eficiente de seu desenvolvimento, pois, é necessária a comparação constante do
“previsto x realizado” para saber se o previsto em prazos, custos e consumo está dentro do
programado.
“O controle físico de uma obra é a identificação do andamento das atividades e a posterior
atualização do cronograma” (MATTOS, 2010:285).
Os motivos para o acompanhamento das obras são vários, podendo ser destacado:
Atividades nem sempre são iniciadas na data prevista;
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Atividades nem sempre são concluídas na data prevista;
Alterações de projeto que impactam na execução das atividades;
Flutuações de produtividade alteram a duração das atividades;
Mudança na sequência executiva de alguns serviços;
Fatores climáticos imprevisíveis que não fazem parte do cronograma;
Atraso no fornecimento de materiais;
Ainda, escopo incorreto com atividades a mais ou incompleto com atividades faltando.
Quando a equipe decide o cronograma do projeto, é formada a linha que guiará o andamento
das tarefas, é com relação a esta linha que o desenvolvimento real será comparado. É
chamada de “linha de base”, e serve para averiguar se o que foi planejado está sendo realizado
e a eficiência com que está sendo feito. Esta linha pode ser alterada no decorrer da obra se for
observado grande desvio nas linhas de controle comparadas a base, e caso isso não seja a
situação, a linha de base seguirá a mesma até o final do projeto.
Os dados são coletados no canteiro, em quantitativos de serviço (ml, m², m³, Kg) ou
porcentagem, e aferidos junto ao planejamento referencial, devendo ser comparados,
“previsto x realizado”, proporcionando o conhecimento de situações que fazem necessário
recalcular o cronograma. Esta etapa deve ser feita de forma criteriosa para que sejam
identificadas as causas de desvio e analisar se ocorrem pontuais ou representam uma
tendência.
O controle das obras deve ser feito através de procedimentos padrões, que tendem a aumentar
a eficiência da mão de obra pelo grau de formalidade, que é gerado com a instituição de
documentos que confirmem, ordens dadas, repasse de metas e serviços além de
procedimentos para conferência de materiais, uso desses dentre tantas possibilidades que
devem ser analisadas pela empresa, com a participação do maior número de envolvidos
possível do seu quadro de funcionários, pois, com a visão de cada um pode-se agregar maior
confiabilidade aos métodos, já que com a participação, os mesmos acabam se comprometendo
mais com seus produtos atraindo melhores resultados a empresa.
Procedimentos padrões podem ser adotados da própria experiência de obras ou através de
leitura e interpretação de normas e bibliografia específica.
A instituição de um Plano de Qualidade de Obra (PQO) ajuda ainda a manter ordenadas as
informações de controle do empreendimento.
Atividades de planejamento e controle, são normalmente vistas com relação a custos dos
projetos, o que é totalmente correto, porém, os prazos com que as atividades são executadas
influenciam diretamente nos custos parciais e totais de qualquer empreendimento, fazendo
com que as atividades de identificação de caminho crítico e cálculo das folgas se tornem de
grande importância no momento da geração dos planos que tangem as obras.
A identificação de momentos em que as equipes tendem a ficar ociosas ainda na concepção
dos planos pode extrair eficientes soluções para que a produção seja constante, executando,
independentemente as condições, serviços que realmente agreguem a obra, o que constatará as
equipes de controle.
4. Conclusão
Conclui-se com este que a eficiência do planejamento e do controle de obras se dá no dia a dia
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do canteiro, não podendo ser aferido indiretamente ou descontinuamente para se ter resultados
satisfatórios com relação a este setor industrial que cresce cada vez mais, o gerenciamento
deve ser efetivo e contínuo, não visando somente custos de produtividade, mas também e tão
importante, ordenando a mão de obra de forma a utilizar o máximo de sua capacidade com o
maior nível possível de eficiência, deixando de lado a pressa que as diretorias têm no início
dos empreendimentos, muitas vezes tornando-se um dos maiores responsáveis por atrasos
futuros, normalmente pelo fato de os projetos não serem totalmente concluídos, podendo
causar inúmeros problemas com relação aos métodos ou mão de obra específica, deixando
claro a importância que o gerenciamento de obra tem perante obras de qualquer tamanho e a
dificuldade em controlar essas construções pela dinamicidade que abrangem seus projetos e as
características condicionantes de mão de obra, equipamentos e materiais, visto que, para os
resultados dos empreendimentos serem satisfatórios em todos os aspectos, o investimento em,
tempo e dinheiro, para criação e implantação de sistemas de planejamento e controle de obras
é fundamental, ainda visando a exigência do mercado atual.
Referências
GOLDMAN, Pedrinho, Introdução ao Planejamento e Controle de Custos na Construção
Civil, 4ª edição 2ª tiragem, São Paulo, PINI, 2004.
MATTOS, Aldo Dórea, Planejamento e Controle de Obras, 1ª edição, 4ª tiragem, São
Paulo, PINI, 2010.
PMBOK® GUIDE, A Guide to the Project Management Body of Knowledge, Fourth
Edition, Pennsylvania, Project Management Institute, Inc., 2008.
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