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Plantas_Aromáticas_Terraquente_Transmont

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3Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

As Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares da Terra Quente Transmontana

FICHA TÉCNICA

Autores:

Filomena C Neto – Caracterização ecológica da zona e sua composição floristica, caracterização das espé-cies inventariadas (taxon ,designação vulgar, tipo fisionómico, distribuição geográfica e sua utilidade)

Cláudia Dias – Concepção do guia, Elaboração das fichas técnicas

Colaboradores: Prof. Lígia Salgueiro – Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Prof. Afonso Martins – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Prof. José Alves Ribeiro - Departamento de Protecção de Plantas (UTAD) Fotografia: Cláudia Dias Filomena C Neto Manuel Baptista Internet

Design Gráfico: José Pedro Rosado - Terraquente On-LineImpressão e Acabamentos: Gráfica ModeloTiragem: 40 Exemplares

ISBN - 978-972-8506-75-09

AGRADECIMENTOS

Neste trabalho pretendemos expressar a nossa gratidão a todas as pessoas e entidades que me apoiaram e sem as quais não era possível a sua realização.

- A todos as pessoas, conhecidas em cada aldeia, que colaboraram, com o seu conhecimento sobre a utili-zação das plantas.

- Aos Presidentes das Juntas de Freguesia, pela sua disponibilidade e colaboração.

- Aos Professores Lígia Salgueiro, Afonso Martins e José Alves Ribeiro pela disponibilidade manifestada du-rante a realização do trabalho, bem como os esclarecimentos tão gentilmente prestados.

- A todas as pessoas que directa ou indirectamente colaboraram e contribuíram para a realização deste tra-balho, embora não explicitamente mencionadas, deixamos aqui um especial agradecimento..

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3Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

ÍNDICE

1. Introdução

2. Tipo de plantas segundo as suas utilidades

3. Formas de preparação e utilização de PAM

4. As Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimen-tares da Terra Quente Transmontana

Allium sp.Amaranthus albus Anagallis arvensis Arisarum vulgare Asparagus acutifolius Asphodelus aestivus Avena barbata Bellis sylvestris Calendula arvensis Campanula rapunculus Centaurea melitensis Centaurium erythraea Chamaemelum nobile Chenopodium album Chenopodium opulifolium Chondrilla juncea Chrysanthemum segetum Cistus ladaniferCistus salvifolius Cnicus benedictus Convolvulus arvensis Cynodon dactylon Cytisus scoparius Daphne gnidium Daucus carota Digitalis purpurea Echium vulgare Erodium moschatum Eryngium campestre Foeniculum vulgareGeranium molleHelichrysum stoechas Heliotropium europaeum Hypericum humifusum Hypericum perforatum Hypericum pulchrum Juniperus oxycedrus Lamium purpureum

Lavandula pedunculata Leontodon taraxacoides Linum bienne Malva Silvestres L.Marrubium vulgare Matricaria perforataLonicera periclymenumMedicago sativa Mentha pulegium Mentha suaveolensMorus nigraOlea europaeaPlantago coronopus Plantago lanceolata Polygonum avicularePortulaca oleracea Prunella vulgaris Prunus aviumPeteridium aquilinum Pyrus bourgaeanaSonchus tenerrinus Quercus suber Raphanus raphanistrum Rubus ulmifolius Rumex acetosellaRumex pulcher Ruta montanaSanguisorba minor Saponaria officinalis Solanum nigrum Thapsia villosa Thymus mastichina Tribulus terrestris Trifolium arvense Trifolium pratense Verbascum thapsus Vitis vinífera

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4 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 5Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

1 INTRODUÇÃO

Este inventário foi centralizado no concelho de Mirandela, coração da Terra Quente Transmontana, constituída por fossas tectónicas (Mirandela – Vilariça) e vales profundos (Baixo Côa, Sabor e Douro Superior) ou seja, é uma grande depressão no interior de Trás – os – Montes, isolada da influência atlântica e por isso a situação geográfica e orográfica confere-lhe características climáticas próprias, que vão do sub – atlântico ao meso – mediterrâneo semi – árido, quando se desce para o Douro e se caminha para Leste e é esta feição climática mediterrânica, que condiciona uma flora também específica, muito rica em espécies aromáticas e medicinais, onde predominam bosques mistos de azinheiras e sobreiros, zimbrais e matos mediterrânicos dominados por estevais, giestas, tomilhares e uma agricultura dominada pelo olival, culturas arvenses – cereais e pastagens de sequeiro – tendo havido nas ultimas três décadas um progressivo abandono da cerealicultura (consequência lógica da PAC) o que está a ser marcadamente influente na dinâmica ecológica e florística da região, não só pela evolução natural das sucessões fitossociológicas do ervado para o mato e para o bosque, mas também pela maior ou menor pressão do pastoreio de percurso que esses campos têm que estar sujeitos. Estes factores em conjunto mantêm os solos numa relativa vulnerabilidade à erosão e seria a melhor estratégia, para a sus-tentabilidade futura e melhor aproveitamento destes valiosos recursos florísticos, um ordenamento no sentido ou de culturas arbóreas – arbustivas tipo olival, vinha, amendoal ou mesmo culturas forrageiras melhor geridas, ligadas a regadios – que deveriam ser mais desenvolvidos numa região como a Terra Quente de clima marcadamente semi–árido – ou então que se enverede pelas culturas flo-restais desde que adaptadas à mediterraneidade. Esta publicação tem como objectivo essencial, precisamente uma inventariação da referida flora aromática e medicinal em terrenos abandonados ao cultivo, tendo sido recolhidos os factores ecológicos mais condicionantes, desde logo o tempo de abando-no desses campos, a intensidade de pastoreio de percurso, a exposição, profundidade, acidez, textura e ainda os teores de matéria orgânica, fósforo e potássio dos solos nos transeptos por onde se realizou esta amostragem. Assim, verificou-se que num total de 30 campos abandonados, a maioria se situa a uma altitude inferior a 350 metros, em terrenos medianamente declivosos, salvo algumas excepções de fundos de vales ou sub – planaltos, predominando as exposições a Sul e a Oeste, com um mosaico paisagístico envol-vente bastante diversificado e em que o pastoreio de percurso de gado ovino e algum caprino é bastante intenso. Na sua maioria os solos analisados são medianamente ácidos – variando o PH entre 5 e 6, com algumas amostragens já semi-alcalinas acima de 6,5 com baixos teores de fósforo assimilável, assim como baixos valores de Cálcio e Magnésio. Quanto à textura são na maioria solos esqueléticos, franco – arenosos e franco – limosos, de elevados teores de areia fina (média 30,4%) e baixos teores em matéria orgânica – entre 0,2 e 1,5% – o que lhes confere uma estrutura instável, baixa capacidade de retenção de água e baixa taxa de permeabilidade, ou seja uma grande susceptibilidade à erosão. Estes factores conjugados com um clima quente e seco, com menos de 600mm de precipitação média anual nas altitudes inferiores a 500 metros, definem a feição marcadamente xérica destas condições edafo – climáticas na região da Terra Quente Transmontana. Nestes campos foram recenseados 155 taxa no total dos inventários fitossociológicos, dos quais 74 se consideram espécies aromáticas e /ou medicinais, com mais predominância nas essencialmente medicinais, embora muitas destas espécies apresentem utilidades diversas em simultâneo, havendo a considerar o poderem ser condimentares, comestíveis, melíferas, etc. Quanto ao tipo fisionómico, segundo a classificação de Raunkjaer, verificou-se alguma predominância das herbáceas anuais – terófitos – nos campos mais sujeitos à pressão do pastoreio e menor tempo de abandono de cultivo – até seis anos – o que é lógico, pois nos campos com mais tempo de abandono – de seis a doze – já predominam as herbáceas vivazes – hemicriptófitas e geófitos – e também acresce o número de espécies sub-arbustivas – caméfitos – arbustivas – nanofanerófitos – e arbóreas de pequeno porte – microfanerófitos. Nas 155 espécies inventariadas, quase todos os caméfitos e nanofanerófitos e todos os geófitos e microfanerófitos são espécies PAM – plantas aromáticas e medicinais – e a maioria das 74 espécies consideradas PAM são terófitos e hemicriptófitos. Quanto à distribuição deste elenco florístico por famílias botânicas, o conjunto das espécies representam 43 famílias, com predominância acentuada das Asteráceas (Compostas), Lamiáceas (Labiadas), Fabáceas (Leguminosas), Apiáceas (Umbelíferas), Po-áceas (Gramineas), Liliaceas e Rosáceas. Esta predominância é facilmente explicável pela facilidade de dispersão das denominadas cipselas – variante de aquénios com papilhos de pêlos que ajudam à disseminação das sementes – característicos das Asteráceas ou Compostas. Quanto às Poáceas ou Gramíneas e às Leguminosas, para além de sementes também com elevada capacidade de disper-são, são espécies bem adaptadas – como as Compostas – aos ciclos culturais dos campos cultivados e que se mantiveram no terreno após o abandono da agricultura. Por outro lado, as espécies de famílias botânicas de bagas ou drupas como as Liliaceas e Rosácea têm a ajuda das aves como os tordos, muito frequentes nesta região olivícola.No que diz respeito ao espectro corológico, estas PAM encontram-se com predominância nas sub-regiões Latemediterrânea e Eume-diterrânea. O seu significado ecológico em relação à sua distribuição no conjunto dos inventários, revelou que estas se concentram numa área de distribuição reduzida, ou mostrando uma preferência nítida por determinadas condições fisiográficas, biológicas e edá-ficas. No entanto, verificou-se que para estas espécies PAM a influência dos factores edáficos e biológicos é maior que a dos factores fisiográficos. Para cada uma das 74 espécies foi elaborada uma ficha técnica ilustrada, sendo as várias fichas apresentadas numa ordem alfabética dos nomes científicos. Faz-se referência às partes da planta mais utilizadas, a curiosidades e usos tradicionais e aos usos e virtudes medicinais. Para algumas é apresentado o modo de preparação na medicina caseira ou, num outro caso são apresentadas receitas culinárias tradicionais para algumas das plantas silvestres comestíveis. Os símbolos 1 e 1 indicam as precauções e recomendações respectivamente em relação à planta

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TIPO DE PLANTAS SEGUNDO AS SUAS UTILIDADES

Se tivermos em conta que as diversas aplicações das plantas estão relacionadas com a sua composição química temos de saber distinguir as diversas designações e utilidades das plantas. Assim, podemos distinguir:

Plantas Medicinais (PM) Qualquer planta que em um ou mais dos seus órgãos contenha substâncias que possam ser utilizadas com finalidade terapêutica ou que possam ser precursores para a hemissíntese químico-farmacêutica. Fazemos referência neste trabalho, aos “ Usos e virtudes Medicinais” de algumas espécies medicinais.

Plantas Aromáticas (PA)São plantas que se caracterizam por possuírem, em estruturas especializadas, óleos essenciais. É o exemplo de plantas como o alecrim, alfazema, eucalipto, hortelã, etc.

Plantas Condimentares (PC)São plantas utilizadas na confecção de alimentos pelas suas características organolépticas (que dão os alimentos e bebi-das certos aromas, cores e sabores que os tornam mais apetitosos). É o exemplo de plantas como o Tomilho, salsa, alho cebola, oregão, coentros, etc.

Plantas Alimentícias São aquelas que produzem essencialmente metabolitos primários (proteínas, hidratos de carbono, e lípidos) e que são a base da alimentação dos seres que delas dependem, como é o caso dos cereais, legumes, frutos, etc.

Plantas Melíferas ou Apícolas São plantas que atraem as abelhas que delas recolhem o néctar e o pólen para a alimentação da colmeia, produção de mel e geleia. São exemplos a urze, alecrim, rosmaninho, etc.Nota: Muitas das espécies concideradas apresentam em simultâneo todas ou parte destas propriedades.

3. AS FORMAS DE PREPARAÇÃO E USO DAS PLANTAS MAIS UTILIZADAS

As formas de preparação e uso das PAM variam consoante os seus constituintes activos,o modo de prepara-ção, o fim a que se destina e vias de aplicação da mesma. São numerosas as preparações usadas em fitoterapia. É de ter em conta que em medicina popular, ainda actualmente, muitas preparações como os cozimentos, infusões e macerados são habitualmente preparados pelo próprio doente a partir da planta medicinal ou de misturas de plantas. As preparações e os modos de utilização mais comuns são apresentados de seguida.

BanhosUm banho consiste na imersão completa ou parcial do corpo em água, na qual se podem juntar preparações obtidas de plantas medicinais (infusões, decocções, óleos essenciais).Estes banhos quando tomados com água tépida ou mesmo quente são recomendáveis para melhorar a circu-lação sanguínea e para as frieiras. Nestes casos utilizam-se plantas apropriadas para estas situações.

CataplasmasPreparação de consistência branda que se aplica sobre a pele durante alguns minutos. Podem preparar-se com sementes, folhas ou raízes de plantas, esmaga-se o preparado num almofariz até obter uma papa uni-forme. Estende-se a pasta num pano e aplica-se sobre a zona da pele afectada.

CompressasAs compressas são feitas de bandas de algodão ou gaze, embebidas numa infusão ou decocção e aplicar sobre a zona da pele afectada, ou seja, é uma preparação local que surte efeito pela penetração dos consti-tuintes activos através da pele.

Decocções ou CozimentosAs decocções são preparadas fervendo o material finamente dividido (contundido ou pulverizado) durante 10 a 15 minutos. Quando não houver indicação em contrário os cozimentos devem ser obtidos a partir de 100g de substância vegetal em 1500g de água. O processo de decocção usa-se muitas vezes para extrair partes duras da planta (raízes, rizomas, casca, sementes).

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6 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 7Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

ExtractosSão preparações concentradas líquidas, sólidas (extracto seco) ou de consistência intermédia, geralmente obtidas de fármacos secos. Os extractos são geralmente obtidos por maceração ou por lixiviação. Na pre-paração por maceração normalmente a planta de pois de convenientemente dividida é misturada com o solvente, na maior parte dos casos com etanol diluído e deixado em repouso. A planta é depois separada do líquido por expressão e este é concentrado até à consistência desejada. Na preparação por lixiviação a planta convenientemente dividida é misturada com o solvente e posta no lixiviador. O lexiviador é alimentado com o solvente e é deixado a gotejar até esgotamento da planta. No final é reunido o líquido que percolou com o obtido por expressão do conteúdo do lixiviador seguido de concentração.

GargarejosOs gargarejos são uma forma fácil de se aplicar sobre a mucosa que reveste o fundo da boca, amígdalas e faringe; fazem-se tomando uma infusão morna sem engolir, inclinando a cabeça para trás, tentando aguen-tar o líquido durante aproximadamente um minuto e depois rejeitar o líquido, o processo deve repetir-se durante cinco a dez minutos.

Inalações As inalações são preparadas pela combinação do vapor de água com substâncias voláteis (óleos essenciais) das plantas aromáticas. A planta é colocada num recipiente adequado com água a ferver, na proporção de uma colher de sopa da planta (seca ou fresca) para meio litro de água, seguida de aspiração para facilitar a inalação do vapor.

InfusõesAs infusões são usadas quando o material vegetal é facilmente penetrado pela água e as suas substâncias se dissolvem rapidamente em água quente. Prepara-se lançando água fervente sobre uma ou mais plantas convenientemente divididas, deixando actuar entre 5 a 15 minutos e coando em seguida. Na maioria dos casos prepara-se na proporção de 1 colher de sopa para cerca de 150 ml de água (o volume médio de uma chávena).

IrrigaçõesAs irrigações concistem na introdução de um líquido pelas cavidades naturais (ouvidos, nariz, vagina, etc.) quer directamente, quer por outro meio. O liquido injectado é normalmente uma infusão ou decocção pre-viamente arrefecida.

MaceraçõesSão preparações líquidas resultantes de uma extracção, normalmente pela água, dos constituintes solúveis existentes numa dada planta. Normalmente a planta é colocada convenientemente dividida num recipiente e deixada em contacto com o líquido extractivo em lugar fresco, quase sempre por cerca de 12 horas. Ao fim deste tempo o líquido extractivo é coado ou filtrado.

ÓleosOs óleos podem obter-se a partir de frutos e outras partes de plantas que os contêm através de prensagem (não confundir com óleo essencial). Alguns óleos podem aplicar-se por fricção.

Óleos EssenciaisDesignação de óleo essencial está reservada para os produtos que se obtêm por destilação das plantas aro-máticas, com ou sem vapor de água, ou por processos mecânicos a partir do epicarpo de frutos de espécies do género Citrus.

PósActualmente poucas vezes a planta sob a forma de pó é administrada directamente, mas sim o pó incluído em cápsulas. Muitas vezes o pó da planta é obtido para dele se fazerem comprimidos e cápsulas.

Sumos ou SucosLiquido obtido pelo simples escoamento, quando se espremem os frutos, as folhas ou o caule, de preferência com a planta fresca esmagada e filtrada de seguida. Os sumos têm a vantagem de conter os constituintes activos sem os degradar.

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6 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 7Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

TinturasSão preparações líquidas geralmente obtidas de fármacos secos. Normalmente são obtidas por maceração ou lixiviação ou por outros processos convenientes, como diluição de um extracto, utilizando etanol de gra-duação apropriada. São geralmente obtidos a partir de 1 parte de fármaco e 10 partes de solvente ou a partir de 1 parte de fármaco e 5 partes de solvente. Os processos de extracção são os indicados para a preparação dos extractos, com excepção da parte que diz respeito à concentração.

TisanasPodem ser preparadas por infusão, decocção ou maceração consoante o tipo de material vegetal

UnguentosNos unguentos os constituintes activos encontram-se dissolvidos numa substância gorda. Os unguentos são sólidos à temperatura ambiente e amolecem quando se estendem sobre a pele.

Vinhos medicinaisOs vinhos medicinais são preparados com vinho branco ou tinto com um elevado teor alcoólico e que resul-tam da acção dissolvente do vinho sobre as plantas (raízes, cascas ou folhas). Usa-se aproximadamente 5 a 6gr. de planta para 100ml de vinho, macerar bem o preparado, tapar e deixar num local escuro durante 10 dias e por fim filtrar o preparado.

XaropesOs xaropes consistem em soluções concentradas de sacarose com sumos, tinturas, extractos ou outras preparações obtidos das planta. Também pode ser utilizado mel em vez de sacarose. Para a preparação de xaropes sem açúcar empregam-se excipientes à base de sorbitol, mucilagens, gomas, glicerina, etc.

4. As Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares

da Terra Quente Transmontana (Concelho de Mirandela)

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Bredo-branco

Outros nomes vulgares: Bredo-branco; Bredos brancos; Tristes; Beldro-branco.

Amaranthus albus L.

Família: Amaranthaceaea

Descrição: Erva anual, geralmente erecta e muito ra-mificada, de cor verde-amarelo. Limbos foliares de 4 x 2cm, elípticos ligeiramente ovados ou ligeiramente espatulados. Folhas alternas, inteiras, pecioladas. Frequentemente com margens ondeadas. Às vezes as folhas têm matrizes amareladas ou avermelhadas. Inflorescências em glomérulos axilares. Cada flor tem 6 tépalas cepaloides (esverdeadas). Flores geralmente trímeras. Tépalas desi-guais, agudas. Brácteas claramente mais largas que o perianto, espinescentes. Frutos aproximadamente da mesma longitude que os tépalos maiores. Semen-tes negras e brilhantes, compridas, de contorno cir-cular ou ovado de 0,9-1,3 mm de diâmetro. Floração de Agosto a Outubro.

Habitat/local de recolha: Planta ruderal, que requer solo húmido e bem drenado.

Distribuição geral: Nativa da América do N; subes-pontânea na América do S, Europa, N de África e grande parte da Ásia.

Partes da planta utilizadas: A semente e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: Em alguns países é uma planta cultivada para alimento. Pode obter-se tinturas amarelas e verdes da planta inteira. Espécie tintureira. A sua congénere A. Lividus, conhecida por Bredo - manso, é especialmente utilizada como le-gume e chega a ser cultivada em certos locais desta região

Usos e virtudes medicinais: As folhas e a planta jovem cozinhadas para além de possuirem um sabor suave, são rica em vitaminas e minerais. A semente pode comer-se crua ou cozinhada. Pode ainda ser moída em farinha e usada para fazer o pão. É muito nutritiva. Nenhuma espécie deste género é conhecida por ser venenosa, mas quando cresce em solos ricos em azoto, pode concentrar nitratos nas folhas. Os nitratos estão implicados em problemas de saúde.

1Precauções: Não é aconselhável utilizar esta plan-ta como alimento, quando cresce em solos ricos em azoto.

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8 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 9Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Morrião

Outros nomes vulgares: Erva-do-garrotilho; Morrão vermelho; Morrião-dos-campos; Morrião-ver-melho.

Anagallis arvensis L.Família: Primulaceae

Sinónimos: Anagallis arvensis L. var. caerulea (L.) P. Cout.; Anagallis arvensis L. var. latifolia (L.) Lange; Anagallis latifolia L.

Descrição: Planta anual que cresce nas beiras dos caminhos, em terrenos cultivados. Raiz desenvolvi-da. Numerosos caules ramificados prostrados que criam raízes na zona dos nós e formam um tapete. Folhas opostas, ovais. glabras, sésseis. Flores solitá-rias sobre longos pedúnculos. As flores abrem-se unicamente ao sol, 5 pétalas sol-dadas na base de cor vermelha ou azul. A que tem cor azul é femenina e a que tem cor diz-se masculi-na. Os frutos são cápsulas redondas rodeadas pelas sépalas. Floração de Fevereiro a Outubro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, incul-tos e locais ruderalizados (searas, hortas, pousios, vinhas, caminhos)

Partes da planta utilizadas: A planta inteira.

Usos e virtudes medicinais: As suas raizes têm um odor semelhante às da Valeriana. Segundo alguns autores, o morrião, contém glicósidos. Por isso as plantas que os contêm devem ser doseadas e admi-nistradas com prudência. Internamente, usa-se preparando um sumo fresco da planta, desfeita num almofariz. Não se deve exceder a quantidade de 3 g por dia, que se toma 3 vezes ao dia. Misturar o sumo com água ou com outra tisana coadjuvante, como por exemplo as malvas. Externa-mente usar em cataplasmas e compressas do sumo para cicatrizar as chagas.

1Precauções: Não confundir com a morugem - dos -campos (Stellaria media), tóxica especialmente para os animais de capoeira e para as aves. Deve ser to-mada com moderação.

Nota: Existe uma outra especie denominada moru-gem, merugem ou meruge - morugem da água (Cal-letriche stagnalis) que é comestivel em saladas.

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana10 11Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Candeias

Outros nomes vulgares: Candelária; Capuz-de-fra-de; Arisaro ;Capuz-de-fradinho

Arisarum vulgare Targ - Tozz

Família: Araceae

Sinonimos: Arisarum clusii Schott.; Arisarum latifo-lium Hill.; Arum arisarum L. var. clusii (Schott) Engl. A. DC.

Descrição: Planta que pode atingir 15 a 40 cm, tu-berosa cujo tubérculo é mais ou menos óvoide e se situa abaixo da superfície do solo. Pedúnculo mais curto que o pecíolo, frequentemente incurvo, espata com margens aderentes na parte inferior a constituir um tubo, tubo esbranquiçado ou esverdeado, riscado longitudinalmente e pontuado de negro-púrpureo, e com a parte livre negro-púrpura curva no cimo em forma de capacete. O pecíolo é comprido e delgado, com pintas púrpuras. Folhas sagitado-ovadas, corda-das, obtusas ou curtamente mucronadas, imaculadas ou maculadas. Possui 4 a 5 flores femininas e 2 a 6 sementes. Floração de Outubro a Abril.

Habitat/local de recolha: Matos e locais ruderaliza-dos, terrenos cultivados e sebes, lugares húmidos e sombrios.

Partes utilizadas: O tubérculo e as folhas.

Usos e Virtudes Medicinais: Em alguns locais de Es-panha o tubérculo das candeias usou-se como expec-torante geralmente para combater o catarro, assim como também se usava como purgante, não sendo no entanto aconselhável. As folhas podem ser tritu-radas num almofariz e de seguida faz-se uma pasta que tem um poder cicatrizante. Também é usado no tratamento de úlceras.

1Precauções: As folhas frescas são aplicadas so-bre queimaduras na pele, tendo o cuidado de se re-novar constantemente para não infectar.

Beija-mão

Outros nomes vulgares: Cardo-beija-na-mão; Cen-taúrea-de-malta.

Centaurea melitensis

Família: Asteraceae (Compositae)

Descrição: Planta anual. Caules ramificados supe-riormente. Tallos ramificados superiormente. Folhas alternas, as basais são pecioladas com o limbo sinu-ado-lobado, as folhas caulinares sentadas e linear-lanceoladas. Brácteas curtas pouco amareladas com menos de 2 cm, com as laterais a nascerem muito em cima, até quase à metade das superiores. Flores em capítulos discoideos, solitários ou em grupos termi-nais. Flores amarelas numerosas. Floração de Maio a Setembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados (vi-nhas), prados, matos e nas orlas de caminhos bem drenados e ensolarados.

Distribuição geral: Repartida pelo N de África e S de Europa, desde a Península Itálica até Portugal. Fre-quente por todo o país.

Curiosidades: O beija-mão são plantas prolíferas e produtivas. Posui flores de um amarelo dourado bri-lhante. Planta ideal para um prado silvestre de flores naturais

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana10 11Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Espargo-bravo-menor

Outros nomes vulgares: Corruda-menor; Esparago-silvestre-menor.

Asparagus acutifolius L.

Família: Asparagaceae ( Liliaceae )

Descrição: Planta herbácea que pode atingir até 150 cm de altura. Do caule nascem umas agulhas suaves, que na realidade são ramos modificados. As folhas são muito pequenas, assim como as flores cuja cor é branca ou acinzentada. O fruto é uma baga verme-lha. Floração de Março a Julho.

Habitat/local de recolha: Matos e terrenos incultos.

Distribuição geral: Espontâneo nas regiões mediter-râneas, é relativamente abundante de Alto Douro e Terra Quente Transmontana (Vale da Vilariça, Vale do Sabor, Vale do Tua, Vale do Douro Internacional, etc.).

Partes da planta utilizadas: Os caules tenros (espar-gos) e a raiz.

Curiosidades: Os espargos são na realidade a parte terminal dos turiões (rebentos novos provenientes do rizoma subterrâneo) que quando crescem ao abri-go da luz ficam brancos por não conterem clorofila. Existem em Portugal outras espécies de espargos bravos, porém não são tão apreciados em diversas preparações e utilizações no âmbito alimentar. A espécie cultivada é o (Asparagus officinalis L). O espargo bravo que aqui se retrata é de grande va-lor culinário, aparecendo em Fevereiro e Março de cada ano. De sabor pouco adocicado é delicioso e de grande valor nutricional. Nesta região é muito apre-ciada a tortilha de espargos bravos que merece ser divulgada. Tortilha de espargos-bravos: Corte às rodelas 750 g. de batatas e frite-as devagar em azeite sem queimar. Bata oito a dez ovos e mistura aos espargos bravos depois de escaldados e cortados aos bocadinhos e mexa bem. Numa sertã, deite um pouco de azeite e leve ao lume. Quando estiver bem quente acrescen-te-lhe a mistura. Alise a parte superior e deixe secar por baixo. Tape e deixe ao lume cerca de um quarto de hora.

Usos e virtudes medicinias: Os espargos silvestres e cultivados podem ser usados internamente com di-ferentes utilizações em diferentes preparações culi-nárias. Pode ser cozinhado em sopa, omoletas, em açorda e de muitas outras formas. Utilizam-se para o tratamento de edemas, obesidade, prisão de ven-tre eczemas crónicos. Tem propriedades diuréticas, depurativas e laxantes. A raiz seca usa-se em infusão (50g/litro de água,tomam-se 3 chávenas por dia).

1Precauções: Em grandes doses, os espargos irri-tam o tecido renal, pelo que são contra-indicados em caso de nefrite e outros estados inflamatórios.

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12 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 13Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Abrótea- de- verão

Outros nomes vulgares: Abrótea- menor; Gamões, Brótea; Abrótea-da-Primavera; Abrótega; Asfodelo-Gaimões; Gamoneira; Gamonitos; Tremoção.

Asphodelus aestivus Brot.

Família: Asphodelaceae ( Liliaceae )

Sinónimos: Asphodelus microcarpus Viv. var. aesti-vus (Brot.) P. Cout.

Descrição: Raiz prostrada ou subterrânea. Caules lisos. A planta tem diversas folhas basais longas que crescem aleatoriamente do caule subterrâneo. As folhas são planas com um nervo central. Pode medir mais de 1,50 m de altura. As folhas são planas, intei-ras, de margem lisa, uniforme longas e pontiagudas. A flor de cor branca começa com um tubo longo, fino, feito geralmente de pétalas fundidas e que se alarga de repente numa flor com 6 pétalas que se se-param. A inflorescência ou segmentos florais, são de cor branca com uma linha vermelha no centro. Fruto com 5-7mm. A semente de 5x3mm, de cor preta. Flo-resce no princípio da primavera até finais de Julho.

Habitat/Local de recolha: Terrenos secos, clareiras de matos, pinhais, margens de campos, sítios pedre-gosos e fendas de rochas.

Distribuição geral: SW da Europa, estendendo-se localmente até ao SE da Grécia. Frequente por todo o país.

Partes da planta utilizadas: A raiz, as sementes e o caule (relatos de quem as comiam antigamente).

Curiosidades e usos tradicionais: As Abroteas cres-cem por todo lado menos em terrenos lavrados; a presença desta especie é frequentemente um sinal de sobrepastoreio na terra, pois a planta não é geral-mente comida pelos animais. É também indicativo de solos pobres em nutrientes, dada a preferência que ela tem por estes. Pode também servir de indicação de degradação ambiental e indicativo de que houve um fogo na área circundante, desde que as suas ra-ízes resistam ao impacto. Consta-se que as folhas estiveram na base de produção de um tipo de queijo em Itália.

Usos e virtudes medicinais: A raiz pode ser cozi-nhada ou seca à sombra. Quando fervida liberta uma matéria mucilaginosa que pode ser misturada com grão para fazer um pão nutritivo. É agradável ao pa-ladar. O caule florido também pode ser cozinhado e comido. As sementes podem ser comidas torradas. A raiz colhida no fim do 1º ano é antiespasmódica (alivia ou impede os espasmos), diurética (aumenta o fluxo de urina) e emenagoga (faz aparecer a mens-truação). A raiz esmagada era recomendada para o in-chaço e foi usada no tratamento de diversas doenças pelos gregos e romanos, mas actualmente não se utiliza.

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12 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 13Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Aveia-mourica

Outros nomes vulgares: Balanco; Rabo-de-gato, Ba-lanço-bravo; Aveinha ;Balanco-menor ;Rabo-de-gato; Aveia - brava

Avena barbata Link.

Família: Poaceae ( Gramineae)

Descrição: Planta anual, com o colmo direito ou ge-niculado-ascendente, que pode atingir 30 a 100 cm de altura, geralmente sem pêlos. As folhas não têm pêlos ou são esparsamente vilosas, ou por vezes, apenas ciliadas. A lígula atinge 2 a 5 mm. A panícula tem entre 5 a 30 cm de comprimento. As espiguetas medem entre 16 a 30 mm e possuem 2 a 3 flores. As glumas são quase iguais entre si e possuem 7 a 9 nervuras. A lema é estreitamente lanceolada, biden-tada, vilosa até a inserção da aresta. A ráquila desar-ticula-se na maturação acima das glumas e entre as flores. Floração de Abril - Agosto.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, in-cultos e locais ruderalizados. Campos cultivados e incultos, sítios secos, margens de caminhos.

Distribuição geral: Frequente por todo o país.

Partes da planta utilizadas: A palha e os grãos.

Curiosidades e virtudes tradicionais: Os flocos de aveia, seja de aveia cultivada (Avena sativa) ou aveia brava, são um alimento bastante recomendável para os desportistas e para aqueles que desejem forta-lecer e equilibrar o sistema nervoso. Investigações realizadas têm demonstrado que o farelo de aveia tem um efeito redutor sobre o nível de colesterol no sangue. Este absorve os ácidos biliares que são eliminados com as fezes, obrigando o organismo a produzir mais ácidos, necessários ao processo diges-tivo. O consumo de flocos de aveia integrais ajuda a reduzir o colesterol.

Usos e virtudes medicinais: As infusões têm pro-priedades sedativas e indicadas para reduzir o co-lesterol (uma colher de palha de aveia por chávena, tomam-se 2 a 3 por dia). Tradicionalmente, os flo-cos (sementes prensadas) cozinhados com leite ou caldo de hortaliça, são recomendados para casos de depressão, nervosismo, insónias, esgotamentos físicos e mentais. Externamente usam-se em banhos relaxantes. Propriedades tonificantes, digestivas e sedativas.

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14 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 15Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Margarida do monte

Outros nomes vulgares: Margarida-do-monte; Mar-garita-brava; Margarita-do-monte, Bonina.

Bellis sylvestrisFamília: Asteraceae (Compositae)

Descrição Botânica (Identificação): Planta perene que pode atingir até 30 cm de altura, com as folhas dispostas mais ou menos de forma radial, onde o pe-dúnculo é erecto, geralmente desprovido de folhas e termina numa inflorescência (capítulo). Caule subter-râneo. As folhas são oblongas a oblongo-ovadas, em roseta basal atenuadas em pecíolo pouco distinto, remotamente serradas a subinteiras, aplicado-pu-bescentes (pelo menos enquanto jovens), verdes-es-curas, com três nervuras principais. Flores amarelas e branco-rosadas (durante o todo ano). Os capítulos são grandes, de receptáculo cónico a hemisférico. As brácteas involucrais são oblongo-lanceoladas, mais ou menos agudas. Cipselas (fruto) pubescentes, por vezes com um papilho rudimentar de escâmulas se-tiformes (semelhante a sedas). Floração de Janeiro a Agosto.

Habitat/local de recolha: Arrelvados, sítios húmi-dos e sombrios e taludes.

Distribuição geral: Frequente em todo o país.

Partes da planta utilizadas: As folhas e flores (todo o ano).

Curiosidades: Planta pequena e omnipresente mes-mo em pastagens a grandes altitudes, a bonina flo-resce antes da Páscoa e durante quase todo o ano. Apesar de frágil é uma planta que suporta facilmente frios intensos, até aos 17ºC negativos. O seu nome científico “Bellis” descreve bem como é viçosa, bela e graciosa. Conhecida desde o Renascimento devido às suas virtudes medicinais, a bonina foi abolida na Alemanha, no final do Sec. XVIII, acusada de ser abor-tiva. As suas folhas algo doces combinadas com as azedas, que são ácidas e com as do dente de leão, um pouco amargas fazem uma deliciosa combinação de sabores naturais de uma saudável salada silves-tre.

Usos e virtudes medicinais: Em uso interno como verdura, especialmente crua em saladas, utilizam-se as infusões ( uma colher grande de flores e/ou folhas por cada chávena, tomadas duas a três vezes por dia) em estados febris, gripes, catarros e bronquites. Pro-priedades anti-inflamatórias, depurativas, diuréticas, expectorantes, tónicas e sudoríficas.

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14 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 15Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Erva vaqueira

Outros nomes vulgares: Calêndula; Malmequer-dos-campos; Vaqueira; Maravilha.

Calendula arvensisFamília: Asteraceae (Compositae)

Descrição: Planta anual, de 10 a 80 cm de altura, geralmente muito ramificada, levemente pubescen-te, com caules erectos e prostrados. As folhas são oblongo-lanceoladas, planas ou onduladas, as infe-riores pecioladas e espatuladas e as superiores mais ou menos amplexicaules. As inflorescências são capí-tulos com as flores marginais liguladas. As femininas são estéreis e as flores do disco são tubulosas, ama-relas, alaranjadas, castanhas ou violáceo-purpúreas, sendo as mais internas funcionalmente masculinas. Os frutos são cipselas desiguais, as marginais são incurvadas e espinhosas, as outras são naviculares. Floração de Dezembro a Maio.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e in-cultos e locais ruderalizados (margem dos campos e dos caminhos).

Distribuição geral: Muito frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: As flores (cabeças) e/ou toda a planta.

Curiosidades e usos tradicionais: A Maravilha tor-na-se um exemplo vivo de como se pode conjugar a beleza com o uso. As flores abrem-se de manhã mostrando toda a sua cor e no fim do dia fecham-se até à manhã seguinte. As virtudes medicinais da Calendula officinalis são similares à da Calendula arvensis. Houve médicos renascentistas que a reco-mendavam para a icterícia e transtornos de vesícula biliar, devido ao facto de a cor das flores ser parecida com a da bílis.

Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma infusão (1 ou 2 flores por chávena de água, bebendo-se duas a três chávenas por dia) para regular o ciclo mens-trual, sendo ainda ligeiramente sedativa, aumenta a produção de bílis. É também indicada para infla-mações do estômago e para casos de congestão ou insuficiência hepática. Externamente, em compres-sas e lavagens, cataplasmas, óleo e pomadas para o tratamento de úlceras da pele, queimaduras, feridas, eczemas e furúnculos. Aplicada localmente tem uma acção anti-reumática. Propriedades emenagogas e reguladoras do ciclo menstrual, anti-inflamatória, anti-séptica, cicatrizante e emoliente.

1Recomendações: Em forma de tisana, podem-se utilizar as flores ou toda a planta, para regularizar a menstruação. O óleo de Calêndula suaviza a pele, sendo muito indicada para peles secas ou delicadas, bem como para as crianças.

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16 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 17Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Alho

Outros nomes vulgares: Alho, Alho ordinário, Alho-comum, Alho-vulgar

Allium sativum L.

Família: Liliaceae

Descrição: São designadas como alho algumas plan-tas do género Allium silvestres e cultivadas (mas não só), embora o termo se aplique especificamente ao Allium sativum, uma planta perene cujo bolbo (a “ca-beça de alho”), composto por folhas escamiformes (os “dentes de alho”), é comestível e usado tanto como tempero como para fins medicinais. Planta herbácea, podendo atingir até 70 cm de altura, É for-mada de 8-12 bolbilhos oblongo-aguçado arqueado, sésseis, inclusos e envolvidos numa fina membrana branca ou rósea; Folhas lineares; Flores brancas ou avermelhadas e com espata ovado-arredondada, univalve, caduca, comprida; Fruto cápsula loculicida com 1 a 2 sementes.

Partes da planta utilizadas: o bolbo.

Curiosidades e usos tradicionais: O alho é utilizado desde a antiguidade como remédio, sendo usado no Antigo Egipto na composição de vários medicamen-tos. As suas propriedades anti-microbianas e os seus efeitos benéficos para o coração e circulação sanguí-nea já eram valorizados na Idade Média. Possui um óptimo valor nutricional, possuindo vitaminas (A, B2, B6, C), aminoácidos, sais minerais (ferro, silício, iodo) e enzimas e compostos biologicamente activos. Fa-moso desde a antiguidade, onde os antigos egípcios acreditavam que o alho dava aos seus escravos força para resistirem ao trabalho árduo, e aos soldados, coragem nas batalhas. Já os gregos usavam-no como laxante e diurético. Algumas celebridades como Hi-pócrates receitava o alho contra a lepra. Para alguns, o alho também é um excelente afrodisíaco. Diz-se que em alguns lugares como a Índia, era cultivado como planta ornamental, estando ligado a supersti-ções, colocando um colar de bolbilhos no pescoço das crianças atacadas por coqueluche.

Usos e virtudes medicinais: Na culinária pode ser utilizado de diversas formas, cru, refogado, picado, em rodelas, etc, conforme os gostos que são pouco unânimes. Em geral, os povos mediterrânicos são os mais apreciadores, empregando-o, geralmente, em conjunto com o tomate e a cebola. Outros povos, menos adeptos do seu uso, chegaram a designar a planta como “rosa fétida”, devido ao seu odor forte e

picante proporcionado pela essência de alho. Quan-do consumido em quantidades elevadas, esse odor pode tornar-se evidente nas secreções de quem o ingeriu. O hálito característico e geralmente conside-rado desagradável. Pode ser minimizado se mastigar salsa fresca ou maçã. Pode-se comer cru ou ingerir extracto de alho em cápsulas, tendo a vantagem de não provocar mau hálito. A decocção de dentes de alho (uma cabeça para 1 litro de água) é utilizada para o tratamento do sistema circulatório, coração, como fluidificante do sangue, é hipotensor e hipolipemiante (diminui o nível de colesterol LDL) no sangue, hipoglicemiante (normaliza o nível de glicose no sangue), como anto-biótico e anti-séptico e estimulante de defesas.

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16 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 17Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Cebola

Allium cepa L.

Família: Liliaceae

Descrição: Planta vivaz, bolbosa, que pode atingir até 1 m de altura. Durante o primeiro ano forma o bolbo, e no segundo desenvolve o caule, floresce e frutifica.

Partes da planta utilizadas: O bolbo.

Curiosidades e usos tradicionais: Quem é que nun-ca chorou ao partir uma cebola?! Havia um ditado es-panhol que era atribuído aos amantes, fazendo alu-são à aparente simplicidade e humildade deste bolbo “Contigo, pão e cebola”. Também usavam a cebola as carpideiras profissionais que eram contratadas para “fazer ambiente” nos funerais, com os seus prantos. No século XVI, as mulheres desta época, faziam uso desta planta quando não conseguiam chorar e que-riam provocar umas lágrimas para comover os seus maridos.

Usos e virtudes medicinais: Internamente, pode-se comer crua, pois produz maior efeito. Geralmente come-se cortada ou ralada em salada. Recomenda-se a dose mínima de uma cebola média diariamente; o sumo fresco misturado com limão, com mel ou sumo de cenoura ou tomate (toma-se meio copo, duas a três vezes por dia) pode ainda comer-se cozida ou assada onde perde completamente a acidez e o ar-dor. Externamente, pode-se aplicar compressas com o sumo fresco; cataplasmas de cebola cozida para o tratamento de infecções de pele, feridas e furúncu-los, queimaduras, acnes, gretas de pele e em garga-rejos com o caldo onde se cozeram as cebolas para desinflamar as faringes e em casos de amigdalites. O seu uso interno está aprovado na perda de apetite e prevenção de arteriosclerose. Também é útil para combater a hipertensão, as infecções e as alergias respiratórias.

1Recomendações: Aplicadas directamente sobre a pele, as placas carnudas da cebola cozida suavizam e embelezam. São recomendáveis em casos de acne.

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18 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 19Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Raponcio

Outros nomes vulgares: Campaínhas-rabanete; Campânula; Espera-do-campo; Rapôncio; Rapúncio.

Campanula rapunculus L.Família: Campanulaceae

Sinónimos: Campanula rapunculus L. for. verruculo-sa (Hoffgg. et Link) P. Cout.

Descrição: Planta bienal, que pode atingir até 180 cm de altura. Raiz carnuda fusiforme. Caule viloso, alongado e anguloso, erecto e estriado. As folhas são estreitas e alongadas, sésseis, levemente onduladas, pecioladas. Flores azuis ou violáceas, pedunculadas, em cacho frouxo alongado, muito ramoso com pou-cas folhas; cálices com divisões assoveladas, corola mais comprida que larga, com lóbulos pouco separa-dos. Cápsula erecta Floração de Abril a Agosto.

Habitat /local de recolha: Matos e locais húmidos, sitios ruderalizados.

Distribuição geral: Europa, frequente em quase todo o país até 1000 m de altitude.

Partes da planta utilizadas: A raiz e folhas frescas (Maio - Agosto).

Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta que facilmente se reconhece pelas suas flores campanu-liformes azuis ou lilases, erectas. O rapôncio possui mais propriedades decorativas que medicinais. A forma de corola inspirou o nome do género Cam-panula, procedente do latim que significa pequeno sino. É uma forragem sazonal, muito apreciada pelo gado. Outrora, o raponcio e outras espécies, eram utilizadas em gargarejos para tratar as anginas. Em alguns paises da Europa, é cultivado para consumo dos suculentos rebentos e especialmente da raiz, da qual se faz uma salada saborosa. O uso culinário das raízes conferiu-lhe o nome científico, rapunculus, que deriva do latim “rapa”, rábano.

Usos e virtudes medicinais: Usada externamente, para o tratamento de anginas, com gargarejos e para as verrugas, em cataplasmas e compressas. Proprie-dades adstringentes e vulnerárias, refrescantes e anti-sépticas. É uma planta que se encontra em de-suso devido ao pouco mérito das suas propriedades medicinais ou porque as mesmas se encontram nou-tras plantas, muito mais activas como na agrimónia e aspérula-odorífera.

1Precauções: É uma planta destinada exclusiva-mente para uso externo.

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18 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 19Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Fel-da-terra

Outros nomes vulgares: Centáurea-menor. Centáu-rea-comum; Fel-da-terra-grande.

Centaurium erythraea L. ssp. grandiflorum (Biv.) Melderis

Família: Gentianaceae

Sinónimos: Centaurium minus Weimm. var minus; Centaurium minus Weimm. var. minus for. albiflo-rum (Rouy) Mendonça et Vasc.; Erythraea centaurium Pers.

Descrição: Planta herbácea, de 10 a 50 cm de altura. Caule frágil, glabro, quadrangular. Ramos erectos. Folhas verde-claras, as basais em roseta, obovadas, as caulinares mais pequenas, opostas, oblongas e as superiores lineares. As flores são cor-de-rosa, curta-mente pediceladas. Florescem de Abril a Setembro. Cheiro suave, sabor muito amargo.

Habitat/local de recolha: Matos e relvados húmi-dos, solos calcários, incultos.

Distribuição geral: Centro oeste, centro sul e sul. Sudoeste da Europa.

Partes da planta utilizadas: Os caules e sumidades floridas.

Curiosidades e usos tradicionais: O Fel-da-terra é uma planta que contém diversos princípios amargos. Como indica o seu nome em latim “fel terrae”, esta planta é intensamente amarga. É uma planta muito apreciada pelos Gauleses, e terá sido cultivada du-rante toda a Idade Média, sendo ainda hoje bastante popular entre os meios rurais. Para manter as flores com a cor por mais tempo, devem ser secas em sa-cos de papel e depois conservadas, mantendo assim o seu aspecto agradável por mais tempo tal como as suas propriedades.

Usos e virtudes medicinais: Usa-se internamente as sumidades floridas em infusão (30g. de sumidades floridas para 1 litro de água, uma chávena antes de cada refeição) para digestões pesadas, fermentações intestinais e como tónico estomacal, tonificando os processos digestivos e estimulando o apetite. Tem propriedades aperitivas, carminativas, coleréticas e depurativas.

1Recomendações: Devido ao seu sabor bastante amargo, deve adicionar-se nas tisanas plantas de sabor mais agradável ao paladar.

1Precauções: Não exagerar. O fel-da-terra em do-ses elevadas é irritante para o tubo digestivo.

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20 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 21Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Macela

Outros nomes vulgares: Macela-dourada, Falsa-camomila, Macela-de-botão; Macelão; Camomila-de-Paris; Camomila-romana; Macela-flor; Maçanilha; Magarcela; Marcela; Camomila; Maçanela; Maçela-galega.

Chamaemelum nobileFamília: Compositae

Sinónimos: Anthemis nobilis L.; Anthemis nobilis L. var. aurea; Chamaemelum aureus; Ormenis nobilis (L.) Gay. var discoidea; Ormenis nobilis (L.) Gay

Descrição: Erva vivaz, aromática, pubescente. Cau-le erecto ou prostrado, que pode atingir até 30 cm de altura. Folhas oblongas, sésseis de cor verde-esbranquiçadas, muito finamente segmentadas, linear-mucronadas, sésseis. Flores de um amarelo intenso em capítulos solitários e pedunculados. As brácteas involucrais possuem uma forma oblonga a obovadas, largamente escariosas, brilhantes e com pêlos fracos e afastados. Receptáculo hemisférico a cónico, com brácteas interflorais. As flores margi-nais são geralmente liguladas, femininas ou estéreis, brancas, patentes, inteiras ou denticuladas. Floresce de Abril a Setembro. Cheiro aromático e penetrante, sabor amargo.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, incul-tos e bermas dos caminhos.

Distribuição: Oeste da Europa, Noroeste de África, Macaronésia (Açores e Madeira). Quase em todo o país, vulgar.

Partes da planta utilizadas: As folhas e flores (capí-tulos florais).

Usos e virtudes medicinais: Usam-se infusões (5 a 10g de flores para 1litro de água) para afecções digestivas, cólicas e dores menstruais. Externamen-te, prepara-se uma decocção (20 a 30 g de flores) para as feridas e lavagens oculares. Utiliza-se a sua essência dissolvida em álcool sobre a pele, para o tratamento de reumatismo. Propriedades antiespas-módicas, digestivas, emenagogas, estomáquicas e febrífuga.

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20 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 21Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Catassol

Outros nomes vulgares: Ansarina-branca; Catas-sol; Erva-couvinha; Pedagoso; Quenopódio-branco; Sincho.

Chenopodium album L.Família: Chenopodiaceae

Sinónimos: Chenopodium album L. var. cammune Moq.

Descrição: Planta anual, com 20 a 150 cm de altura, normalmente direita, acinzentado-farinácea (aparen-temente coberta de farinha). Caule irregularmente ramificado, geralmente com estrias verdes, às vezes tingidas de vermelho, particularmente avermelhado nas axilas. As folhas são pecioladas, com o limbo lanceolado, mais compridas que largas, inteiras ou dentadas, agudas ou obtusas. As superiores são lan-ceoladas e agudas. Inflorescência sem folhas ou com folhas muito reduzidas, em forma de espiga ou em panícula. As flores são hermafroditas e possuem 5 sépalas esbranquiçadas em forma de quilha. Pericar-po não aderente ao cálice. As sementes são negras, de contorno geralmente subovado e margem aguda. Floresce no verão e outono (Abril a Outubro).

Habitat/local de recolha: A planta pode ser encon-trada na periferia das povoações, beiras de caminhos e muros. Terrenos cultivados e sitios ruderalizados.

Distribuição geral: Originária do Mediterrâneo, C de Europa e C da Ásia, chegou a ser subcosmopólita. Aparece dispersa por toda a Península Ibérica.

Influência dos factores fisiográficos, edáficos e biológicos na ocorrência de PAM neste concelho.Planta medicinal, situa-se no tipo fisionómico Terófi-to, em que o factor edáfico é dominante. Tem prefe-rência por solos com as seguintes características:•Acidez = a 0,050 meq/100g, à profundidade d 10-25 cm;•Grau de saturação entre os 90 e os 99,99%; à pro-fundidade de 10-25 cm.

Partes da planta utilizadas: As sementes.

Curiosidades e usos tradicionais: Em anos de fome, as sementes desta espécie misturavam-se com farinha geralmente de centeio. A sua cultura esten-deu-se a grande escala, aos Estados Unidos, América do Sul a qual nos demonstra o seu uso generalizado. Infestante de culturas arbóreas e de solos incultos.

Usos e virtudes medicinais: Como outras espécies deste género, pode utilizar-se o catassol como ver-dura. Tem uma acção laxante suave. Existem poucos dados acerca da composição desta espécie. Tem óleo essencial com ascaridol, pelo que se deve usar com alguma restrição.

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22 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 23Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Couve-maltesa

Outros nomes vulgares: Erva-fedorenta, Quenopó-dio-de-folha-de-bordo, Erva-formigueira, Quenopó-dio; Chá-do-México.

Chenopodium ambrosioides L.

Família: Chenopodiaceae

Descrição: Planta herbácea, de raízes oblongas, brancas e com interior amarelo de folhas lanceola-das, pequenas e dentadas. Pode atingir até 160 cm de altura. As folhas inferiores são estreitas como largas. As suas flores são pequenas e brancas, ou esverdeadas. Os frutos são secos, pequenos e pos-suem numerosas sementes negras. Floração de Ju-nho a Outubro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e sí-tios ricos em matéria orgânica (Ruderal).

Partes da planta utilizadas: Toda a planta.

Distribuição geral: Por toda a Península Ibérica. Quase em todo o pais.

Curiosidades e usos tradicionais: Os antigos povo-adores do México, utilizavam esta planta pelas suas propriedades medicinais e daí o nome Chá-do-Méxi-co.Muito aromática as folhas e flores desta planta exa-lam um cheiro muito forte a ácido fórmico, devido ao óleo essencial que contêm.

Usos e virtudes medicinais: As folhas e sementes para o tratamento de dispepsia, flatulência, afecções hepáticas, astenia e afecções pulmonares; as sumi-dades floridas, folhas e as sementes são anti-helmín-ticas. Para uso externo pode ser usada em cataplas-mas pois é cicatrizante. Também é tradicionalmente usado como repelente de pulgas e carrapatos. Os princípios activos presentes na planta são os esterói-des, saponinas, terpenos e ascaridol, entre outros. Possui propriedades cicatrizantes, carminativas, ver-mífugas, diuréticas e propriedades anti-reumáticas.

1Precauções: O Chenopodium é uma planta tóxica, podendo provocar aborto. Em quantidades excessi-vas pode ser fatal. Não utilizar sem acompanhamen-to médico. Não exceder às doses indicadas.

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22 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 23Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Pampilho-das-searas

Outros nomes vulgares: Erva-mijona; Malmequer; Malmequer-branco; Malmequer-bravo; Pampilho; Pin-gilhos, Malmequer-das-searas; Pampilro; Pimpilro.

Chrysanthemum segetum

Família: Asteraceae (Compositae)

Descrição: Planta anual, sem pêlos, glabra um tanto carnuda, de caules simples ou ramosos. As folhas são alternas, oblongas a obovado-oblongas, as in-feriores trifendidas ou penatilobadas, as superiores quase inteiras e envolvendo parcialmente o caule. O invólucro possui 13 a 20 mm de diâmetro, de brác-teas ovado-obtusas, verde-amareladas, com margem acastanhada e ápice escarioso. As brácteas internas são mais dilatadas no apêndice. As flores marginais são liguladas e femininas, as do disco são tubulosas e hermafroditas. Cipselas marginais. Capítulos de 3-5 cm, flores amarelas. Aquénios marginais bialados. As sementes podem ser semeadas directamente ao ar livre. O crescimento é forte e denso e o período floração é muito longo, durando de Junho a Setem-bro ou a Outubro. Floração de Março a Julho.

Habitat/Local de recolha: Terrenos cultivados e lo-cais ruderalizados.

Distribuição geral: É uma espécie frequente por quase todo o país.

Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta aromática que contém um princípio activo, a cuma-rina. Noutros tempos as folhas eram comestiveis, embora com precaução, por ser algo tóxica.

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24 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 25Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Leituga-branca

Outros nomes vulgares: Lentuga; Rabos.

Chondrilla juncea

Família: Asteraceae (Compositae)

Descrição: Planta herbácea, bianual. Durante o pri-meiro ano forma uma ou várias rosetas de folhas horizontalmente e regulares. No segundo ano vege-tativo, quando a planta envelhece, se ainda persis-tem folhas, estas secam, forma-se um caule de 2 a 5 m de altura, com escassas folhas lineares e inteiras. O caule constituído por pêlos brancos muito curtos principalmente na parte inferior, outros mais rígidos dirigidos para o solo. As flores, geralmente em gru-pos de 10 a 12, formam cabecinhas protegidas por um invólucro de uns 3mm de largura. Todas as flo-res têm a forma de língua, de cor amarela. As folhas desta planta têm um sabor herbáceo e possui látex. Floresce de Maio a Outubro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e lo-cais ruderalizados.

Distribuição geral: Em geral quase toda a Europa e região (à excepção do extremo N), Mediterrânica.

Partes da planta utilizadas: As folhas e rebentos da parte basal.

Curiosidades e usos tradicionais: Esta planta bebi-da com vinho, é útil contra as mordeduras de víbo-ras.

Uso e virtudes medicinais: Possui propriedades apreritivas e digestivas. Como alimento, corta-se as rosetas das folhas durante a Primavera, antes do crescimento da planta, para se comer em saladas, acompanhada com outras espécies como a chicória, dente-de-leão, etc. Bem regadas com azeite constitui um alimento saudável, que para além disso, propor-ciona um agradável sabor amargo.

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24 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 25Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Estevinha

Outros nomes vulgares: Saganho-mouro, Saganho-manso; Sargaço; Sargaço-manso; Sargaço-mouro; Sanganho.

Cistus salvifolius L.

Família: Cistaceae

Descrição Botânica: Subarbusto mais ou menos lenhoso, de 20 a 100 cm de altura, difuso ou pros-trado-ascendente. Folhas simples, opostas, ovadas ou ovado-oblongas, medíocres, as caulinares mais ou menos pecioladas, espessas, reticulado-rugosas, com pêlos estrelados em ambas as páginas e sem estípulas. A inflorescência é solitária, por vezes até 4 em cimeira, com pedúnculos de 2 a 8 cm. Cálice com 5 sépalas, as externas cordiforme-ovadas e as inter-nas ovadas. As flores são hermafroditas, com corola actinomórfica, apresentando 5 pétalas brancas, rapidamente caducas, com 3 a 5 cm de diâmetro. Androceu com numerosos estames amarelos, livres, e estilete simples ou nulo. O fruto é uma cápsula globosa loculicida, deiscente, contendo numerosas sementes globosas e reticuladas. Forma moitas ligei-ramente abertas. Floração de Março a Junho.

Habitat/local de recolha: Matos xerófilos de matas ralas.

Distribuição geral: Sul da Europa, Norte de Africa, Sudoeste da Ásia, Macaronésia. Quase em todo o país, excepto no Minho montanhoso..

Partes da planta utilizadas: Parte aérea da planta.

Curiosidades e usos tradicionais: As espécies per-tencentes à família das Cistáceas são muito utilizadas em jardinagem por possuirem flores muito bonitas e delicadas que perdem as pétalas com facilidade, for-mando, por vezes, um tapete colorido ao redor dos locais onde se encontram. O nome do género Cistus deriva do grego “ciste”, que significa caixa ou cesto. Planta aromática, as flores brancas cobrem toda a planta podendo ser utilizada como ornamental.

Usos e virtudes medicinais: No mediterrâneo utili-zam a estevinha internamente em infusões. Proprie-dades adstringentes e cicatrizantes.

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26 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 27Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Esteva

Outros nomes vulgares: Rosêlha; Xara; Esteva; Lá-dano.

Cistus ladanifer L.

Família: Cistaceae

Sinónimos: Cistus ladanifer L. var. maculatus Dunal; Cistus ladaniferus var. albiflorus Dunal.

Descrição : Arbusto perene de ramos erectos, for-mam uma copa frouxa e muito viscoso podendo atin-gir até 2,5 m de altura. As folhas inteiras, compridas, opostas e estreitas. São sésseis e lanceoladas, bran-co-tomentosas, cobertas de pêlos na página inferior. Quando jovens, as folhas apresentam uma substân-cia pegajosa e brilhante, chamado ládano. As flores são solitárias, grandes e curtamente pedunculadas e de 5 grandes pétalas brancas com ou sem mácula castanha escura, conforme se trata respectivamente da variedade Maculatos ou da variedade Albiflorus. O fruto é uma cápsula globosa. Ocorre em solos ácidos principalmente nos mais degradados. No que diz respeito à altitude, pode ser encontrada desde o nível do mar (habitando inclusivamente as areias das praias) até aos 1000 m. É muito resistente à seca ocorrendo mais em zonas soalheiras. São plantas bastante resistentes ao vento, mesmo ao marítimo.Do ponto de vista de jardinagem, não reage muito bem aos cortes de ramos, particularmente nos indi-víduos mais velhos. A Esteva é um elemento fundamental das pai-sagens mediterrâneas, formando matos densos que constituem a etapa mais baixa da sucessão ecológica provocada pelos incêndios fortes e demasiadamente frequentes e pelo sobrepastoreio. A sua distribuição é muito semelhante à da azinheira (Quercus ilex spp rotundifolia), ocupando o espaço da última quando ocorrem incêndios de grande intensidade. Pelas ca-racterísticas edáficas dos seus locais de ocorrência, e esteva é um indicador biológico da degradabilidade dos solos. As suas flores são muito atractivas para as abelhas que as polinizam. Cruzam-se com muita facilidade com outras espécies do género, formando híbridos. Floresce de Março a Junho.

Habitat/local de recolha: Matos e matagais, charne-cas, azinhais, sobreirais, carrascos e incultos.

Distribuição geral: Oeste e sul da Europa, Noroeste de África, Macaronésia. Muito vulgar.

Partes da planta utilizadas: Os ramos, as folhas, as flores e sementes.

Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta aro-mática usada como ornamental e industrial para ex-tracção do ládano, usado em perfumaria. Esta espé-cie ao produzir resina (ládano) serve de defesa contra a secura e os predadores, bem como para atracção de polinizadores e,k por tal é muito melífera. Rela-ta-se que antigamente os rebanhos de cabras eram colocados a pastar em zonas de grande densidade de esteva e de seguida penteava-se o pêlo dos animais, extraíndo a resina que era utilizada para a cura das hérnias e para o tratamento de doenças nervosas. Cruzam-se com muita facilidade com outras espécies do género, formando híbridos.

Usos e virtudes medicinais: Com uma decocção dos ramos e folhas usa-se externamente em compressas e/ou cataplasmas para o reumatismo e tosses; em banhos de assento e/ou lavagens para as hemorrói-das. Prepara-se o cozimento (20g das extremidades floridas para um litro de água). A resina derrete-se na água e sobrenada no líquido depois de frita. Pro-priedades tonificantes, sedativas e adstringentes. Actualmente é utilizada na perfumaria como fixador de perfumes.

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26 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 27Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Cardo – santo

Outros nomes vulgares: Cardo-cardador; Cardo-bento; Cardo Santo.

Cnicus benedictus L.

Família: Asteraceae (Compositae)

Descrição Botânica (Identificação): Planta anual, que pode atingir até 65 cm de altura. Raiz branca e apru-mada. Caule erecto e viloso. As folhas verde-claras e compridas, lobuladas. Flores amarelas em capítulos solitários, providos de folhas e de brácteas externas foliáceas sendo as interiores lanceoladas e amarelas e rodeados de espinhos avermelhados. Cheiro suave, pouco agradável desaparecendo com a secagem. Sa-bor amargo. Floração de Abril a Julho.

Habitat/local de recolha: Próprio de taludes e va-lados em terrenos secos e pedregosos, terrenos incultos.

Distribuição geral: Europa Mediterrânica. Em Portu-gal, de Trás-os-Montes ao Alto Alentejo, até 1000 m de altitude.

Partes da planta utilizadas: As folhas e sumidades floridas; caule descascado (início da floração) secar à sombra.

Curiosidades e usos tradicionais: É um dos car-dos mais populares, importado da Índia, no século XV, para tentar curar as terríveis enxaquecas de um imperador da Alemanha. O cardo era outrora consi-derado “o refúgio dos doentes, o tesouro dos pobres e a panaceia dos pais de família”. Já Shakespeare o celebrizou na sua obra como calmante dos cora-ções ansiosos. A semente do cardo-santo (pequena quantidade) em vinho branco fortifica a memória. Na Idade Média pensavam que o cardo-santo curava a peste

Usos e virtudes medicinais: Usa-se externamente, em compressas empapadas de uma decocção para febres e feridas, aplica-se localmente e ainda em ba-nhos de assento para o tratamento de hemorróidas. Internamente, em infusão ou decocção (40 g para 1 litro de água) para insuficiência da função hepática, digestões pesadas, convalescenças, vómitos e falta de apetite. Propriedades digestivas, tónicas, anti-sépticas, diuréticas e febrífugas.

1Recomendações: A planta colhida em botão deve ser reunida em ramos e ficar suspensa em cordas ao abrigo da luz e do pó. As infusões são amargas e algo difícil de se beber.

1Precauções: Não exceder as doses indicadas por-que pode provocar vómito. Interromper o tratamento sempre que sentir náuseas ou irritação do tubo di-gestivo. Doses altas podem provocar queimaduras na boca, no esófago e diarreias violentas.

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28 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 29Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Corriola

Outros nomes vulgares: Corriola-campestre; Cor-riola-mansa; Erva-garriola; Estende-braços; Engata-teira; Garriola; Trepa-trepa; Verdeselha; Verdezelha; Verdisela; Verdiselha.

Convolvulus arvensis L. var. arvensis

Família: Convolvulaceae

Sinónimos: Convolvulus arvensis L. subsp. arvensis; Convolvulus arvensis L. subsp. crispatus Franco.

Descrição: Planta anual, glabra desprovida de pêlos ou com pêlos curtos, densos e crespos, de caules até 200 cm, finos, rastejantes ou volúveis, herbáceos. As folhas são pecioladas ovado-oblongas a lineares, sagitadas a alabardinas, mais ou menos inteiras. Os pedúnculos axilares, frequentemente sub igualam às folhas axilares. Sépalas obtusas frequentemente api-culadas. A corola vai de branco a rosado. O ovário é desprovido de pêlos. Floração de Abril a Setembro.

Habitat/local de recolha: Podemos encontrar a cor-riola em campos cultivados e incultos e nas margens de caminhos.

Distribuição geral: Noroeste ocidental, terra quen-te, centro Oeste, centro Sul, Sudoeste setentrional e Barlavento.

Partes da planta utilizadas: A raiz e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: O nome científico da planta, Convolvulus deriva do latim “convolvere” que significa enrolar-se.

Usos e virtudes medicinais: A corriola é utilizada como purgante e laxante que actua energicamen-te. Pode ser administrada em conjunto com outras plantas. Exerce um efeito antiespasmódico sobre os músculos lisos e para a prisão de ventre aguda. É administrado sob a forma de infusão (uma colhera-da de raíz ou folhas trituradas par cada chávena de água, tomar até 3 chávenas por dia e preferencial-mente adoçadas com mel). Propriedades purgantes, colagogas, antiespasmódicas.

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28 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 29Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Grama

Outros nomes vulgares: Capim-das-Bermudas, Erva-gramilheira; Escalracheira; Escalracho; Grama-bermuda; Grama-das-boticas; Gramão; Graminheira; Pé-de-galinha.

Cynodom dactylon (L.) Pers.

Família: Poaceae (Gramineae)

Sinónimos: Dactylon officinale Villars; Panicum dac-tylon L. ; Paspalum dactylon (L.) Lam.

Descrição: Distingue-se da grama-francesa por ter um rizoma espesso. As folhas são finas, curtas e lan-ceoladas. Caule provido de espiguetas sem arestas e terminado por um feixe abrindo-se em espigas violá-ceas. Germinação Primavera início de Verão. Floração do Verão ao Outono.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e incultos, locais ruderalizados, relvados húmidos e galerias ripícolas.

Distribuição geral: Europa ocidental, central e meri-dional, Ásia e África.

Partes da planta utilizadas: O rizoma.

Curiosidades e usos tradicionais: Os jardineiros e agricultores consideram a grama uma planta indese-jável, pelo que a eliminam das culturas. É uma infes-tante de culturas herbáceas, culturas arbóreas e de terrenos incultos. Curiosamente, nos jardins os cães e os gatos procuram instintivamente as suas folhas e a grama misturada com a alimentação dos cavalos, torna em poucos dias o seu pêlo acetinado. O rizoma desta planta, por sua vez, serve de base a várias pre-parações como pão, geleias, açucar e cerveja.

Usos e virtudes medicinais: No que respeita às suas virtudes medicinais é muito eficaz no aparelho urinário. Em uso interno, a decocção (30 a 50g de rizoma para um litro de água, 2 a 4 chávenas diaria-mente) usa-se para o tratamento de cistites, uretrites e infecções urinárias em geral. Toma-se ainda para os cálculos urinários, gota, artritismo e celulite. Pro-priedades emolientes, diuréticas e depurativas; anti-séptica e anti-inflamatórias.

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30 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 31Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Giesta Amarela

Outros nomes vulgares: Giesta; giesta-brava; gies-ta-negral; giesta-ribeirinha; giesteira; giesteira co-mum; giesteira das serras; giesteira-das-vassouras; giesteiradas; maias; retama.

Cytisus scoparius (L.) Link.

Família: Fabaceae (Leguminosae).

Sinónimos: Sarothamnus scoparius (L.) W. D. J. Koch ; Sarothamnus scoparius (L.) Wimmer ex Koch ; Cyti-sus scoparius (L.) Link var. genuinus P. Cout.; Cytisus scoparius (L.) Link. var. oxyphyllus (Boiss.) P. Cout. ; Cytisus scoparius (L.) Link. var. leiocarpus Vasc. ; Spartium lusitanicus Mill.; Cytisus scoparius (L.) Link. var. oxyphyllus (Boiss.) Briq

Descrição: Arbusto com ramos verdes e angulosos, apresentando diminutas folhas alternas e trímeras, que pode atingir até 2 m de altura. Caule verde, erecto, anguloso, estriado longitudinalmente, rijo. Folhas caducas, estipuladas, pecioladas e peque-nas, trifoliadas. Flores solitárias amarelo-douradas, parecidas com as de ervilhas, aparecem na axila das folhas durante o verão. O fruto é uma vagem averme-lhada. Toda a planta é tóxica. Cheiro suave. Floração de Abril a Junho.

Habitat/local de recolha: Matos, matagais e ripíco-la.

Distribuição geral: Quase toda a Europa; introduzi-da no N da América, Austrália e S África.

Partes da planta utilizadas: As flores em botão, ramos jovens.

Curiosidades e usos tradicionais: As flores amarela servem de matéria-prima para fabricar um corante. Os ramos secos são utilizados para fazer vassouras (daí o nome vulgar da espécie).

Usos e vitude medicinais: Entre as substâncias ac-tivas, a mais importante é o alcalóide esparteína que actua de modo semelhante ao “curare”. Outras subs-tâncias tiradas da giesteira-das-vassouras estimulam a actividade dos músculos lisos e do útero, podendo ser utilizado em obstetrícia. A giesteira-das-vassou-

ras contém igualmente glicosídos, taninos, óleos essenciais, sucos amargos. Utiliza-se a giesta sob vigilância médica, nos transtornos cardiovasculares; insuficiência cardiaca (semelhante à dedaleira).

1Precauções: Utilizar apenas as flores em botão antes do desabrochar. Não exceder as doses reco-mendadas. A forte toxicidade da planta leva a que raramente seja usada em medicina popular: serve principalmente de matéria-prima para isolar as dife-rentes substâncias activas. Não é recomendado para mulheres grávidas ou pacientes com pressão alta. As doses e a frequência das administrações devem ser determinadas pelo médico. Os hipertensos devem evitar o uso desta planta.

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30 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 31Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Trovisco

Outros nomes vulgares: Trovisco-femea, Erva-de-João-Pires; Gorreiro; Lauréola-macha; Mezereão-me-nor; Trovisqueira; matapulgas.

Daphne gnidium L.

Família: Solanaceae

Sinónimos: Daphne gnidium L. var. maritima rozei-ra; Daphne gnidium L. f. latifolia P. Cout.; Daphne gnidium L. f. vulgaris P. Cout.

Descrição: Arbusto com cerca de 2 m de altura, mui-to ramificado, com os ramos patentes, rígidos mas flexíveis, formando copa arredondado. As folhas dispõem-se de forma alternada umas em relação às outras, são lineares a linear-oblanceoladas, acumina-das, atenuadas na base, persistentes, coriáceas. As inflorescências encontram-se em posições terminais, são paniculadas, possuem várias flores (10 a 60) e são constituídas por um racimo apical, desprovido de brácteas e por vários racimos axilares aquando da frutificação. As flores são praticamente sésseis. As sépalas são ovadas, obtusas, puberulentas por fora e de cor creme. O fruto é carnudo, globoso, ligeira-mente pubescente e de cor roxo brilhante. Floração de Julho a Outubro.

Habitat/local de recolha: Matos e matagais, terre-nos incultos, azinhais, sobreirais, carrascais e matas de substituição, em especial devido a incêndios.

Partes da planta utilizadas: os caules.

Curiosidades e usos tradicionais: As flores desta planta sobretudo ao cair do fim do dia exalam um odor suave a jasmim. Foi utilizada (raízes maceradas para pescarias ilegais).

Usos e virtudes medicinais: Do trovisco apenas é utilizada a casca e em doses muito reduzidas. Trata-se de uma planta tóxica, mas que nas doses apropriadas possui um efeito laxante. No entanto não é recomendável o seu uso interno. Propriedades purgantes, a resina é vesicante. O trovisco contém uma resina muito activa, localizada na casca, que é purgante. As folhas são menos activas, têm um sa-bor ligeiramente amargo.

1Precauções: Recomenda-se o seu uso apenas em caso de prescrição médica. É um purgante tão enér-gico, que o seu uso não é recomendável.

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32 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 33Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Erva-coentrinho

Outros nomes vulgares: Cenoura, Cenoira, Cenou-ra-brava, Chapéus-de-sol, Erva-salsa.

Daucus carota L. ssp. maritimus (Lam.) Patt.

Família: Umbelliferae

Descrição: Planta bienal que pode atingir até 80 cm de altura. Raiz aprumada, fina e endurecida no segun-do ano. Caule erecto, ramificado. As folhas estão divi-didas e subdivididas em segmentos, apresentam uma textura mole, mais compridas na base. As flores são de cor brancas agrupadas em umbela, uma pequena flor estéril cor de púrpura escura sem estames nem pistilo no centro. As folhas desta planta têm um sabor aromático, estão muito divididas, são delgadas e mo-les, sendo as inferiores pecioladas e as superiores in-seridas directamente no caule. As inflorescências são umbelas terminais, densas e planas constituídas por 2 tipos de flores: flores brancas, periféricas e uma flor central purpúrea e estéril (esta última pode estar pre-sente ou não). Fruto de forma elipsóide e maduram no verão e outono. Cheiro pouco agradável. A floração de Maio a Setembro.

Habitat/local de recolha: terrenos cultivados e bal-dios. Incultos, margem dos campos, sebes, excepto em grandes altitudes.

Distribuição geral: Frequente em quase todo o país, particularmente no Sudeste.

Partes da planta utilizadas: A raiz (fim de verão), sementes na maturação e folhas frescas.

Curiosidades e usos tradicionais: Os povos antigos conheciam bem a cenoura e as suas virtudes diuréti-cas. A palavra daucus deriva de “duakos”, nome dado pelos gregos a algumas umbelíferas, que por sua vez parece derivar de “daiô”, eu excito. Plínio qualificou a sua raiz de “pastinaca gallica” (alimento dos gau-leses), mas só na Idade Média foi considerada uma hortaliça comestível. Dizem que bebendo a as suas semente, provoca a menstruação. Dá-se também a beber para a retenção de urina, contra as dores de costas e contra as mordeduras. Outra das virtudes desta planta, “diz-se valer” para engravidar.

Usos e virtudes medicinais: A cenoura é um ali-mento-remédio ideal para crianças, pois estimula o seu crescimento, aumenta as defesas, evita as diar-reias, desenvolve a visão e dá beleza à pele e ainda contribui para a formação de uma dentição forte e bem desenvolvida, especialmente se for mastigada crua. Internamente, pode comer-se crua, em sumo, só ou misturado com sumo de limão e/ou maçã. Em infusão (20 a 30 g de sementes para um litro de água, toma-se 3 chávenas diariamente) usa-se para o tratamento de diarreias e colite, parasitas intestinais, dismenorreias, anemias. A vitamina A também tem valor preventivo de catarros, cicatrização de úlceras, útil nas gastrites. A cenoura acalma as dores de es-tômago e o excesso de acidez. Externamente, cata-plasmas de cenoura cozida e esmagada, tem acção suavizante da pele. É uma planta tradicionalmente utilizada para as cólicas, queimaduras, prurido, ecze-ma e furúnculos.

1Recomendações: Saber distinguir a planta silves-tre da espécie cultivada. Se bem que tanto uma como outra possuem as mesmas virtudes medicinais. Po-rém a planta selvagem é considerada mais eficaz.

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32 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 33Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Dedaleira

Outros nomes vulgares: Abeloura; Abelouro; Be-loura; Beloiro; Caçapeiro; Calças-de-cuco; Digital; Erva-dedal; Erva-dedeira; Estalo; Estoura-foles; Folha-de-raposa; Folha-de-sapo; Luvas-de-Nossa-Senhora; Bocas de lobo.

Digitalis purpurea L. ssp. purpurea

Família: Scrophulariaceae

Sinónimos: Digitalis purpurea L. var. purpúrea; Digi-talis purpurea L. var. longibracteata.

Descrição: Planta bianual ou plurianual, pode atingir até 1,5m de altura. Caule erecto, redondo. As folhas são grandes, alternas, ovadas, rugosas, aveludadas e lanceoladas. No primeiro ano, a planta forma uma roseta basal. As flores são numerosas, grandes, sem aroma, de cor púrpura ou rosada, têm a forma de dedo, com pêlos no seu interior, agrupadas em racimos terminais. O fruto é uma cápsula ovóide. A floração é de Abril a Setembro.

Habitat/local de recolha: Clareiras de matos, relva-dos húmidos e locais ruderalizados (beira de cami-nhos).

Partes da planta utilizadas: As folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: A Dedaleira é um exemplo tipico de como uma mesma planta pode curar ou matar. O nome Digitalis deriva do latim “di-gitus”, que significa dedo, devido à forma de dedal que as flores apresentam. A Dedaleira está associada à descoberta feita por um médico rural inglês, que explorou as potenciais aplicações médicas da planta, e foi o seu trabalho que conduziu à produção de um medicamento amplamente utilizado. Desde então, fizeram-se inúmeras investigações, as quais revelam que ainda hoje, os principios activos que ela contém não podem ser substituídos por nenhum produto quimico.

Usos e virtude medicinais: Em uso externo, as fo-lhas desta planta são um excelente cicatrizante de úlceras e chagas cutâneas, incluindo as varicosas. Prepara-se uma infusão ( 1 a 2 folhas, por litro de água) que se aplica sobre a zona da pele afectada, empapando compressas de algodão. Era esta a prin-cipal aplicação da Dedaleira, antes de serem desco-bertos os seus efeitos sobre o coração. Os glicosidos (digoxina e a digitalina) são os responsáveis pelos efeitos cardiotónicos que esta planta tem sobre o músculo cardíaco. Estes são, sem dúvida, um exce-lente remédio, nos casos de insuficiência cardíaca sendo utilizada, apenas, na indústria farmacêutica.

1Precauções: Toda a planta é venenosa. É uma planta potencialmente fatal em casos de sobredosa-gem. Esta planta está sujeita a restrições legais.

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34 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 35Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Soagem

Outros nomes vulgares: Viperina; Erva-viperina; Soagem-viperina.

Echium vulgare L.

Família: Boraginaceae

Descrição: Planta perene que pode atingir até 1 m de altura provida de abundante penugem, com folhas estreitas e espinhosas, pubescentes. Cachos de flo-res cor-de-rosa a roxas e /ou azuis, formando densas espigas escorpióides. Floração de Junho a Agosto.

Habitat/local de recolha: Campos cultivados e in-cultos, caminhos e muros (ruderal).

Distribuição geral: Nativa da Europa. Frequente no país.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas (colhidas no Verão).

Curiosidades e usos tradicionais: Outrora, a soa-gem era considerada preventiva e remédio contra as mordeduras de víboras, como os nomes vulgares o comprovam. Em 1656, um herbanário escreveu numa das suas obras, o seguinte: “Todos os seus caules são sarapintados como uma serpente ou víbora, e é um remédio extremamente singular contra o veneno e a picada de escorpiões”. Seguiram-se outros regis-tos merecedores de atenção desta hilariante planta, outras aplicações como, “as sementes bebidas com vinho, produzem leite abundante nos seios das mu-lheres e alivia também dores lombares, de costas e de rins”. Espécie muito rica em néctares (melífera).

Usos e virtudes medicinais: A soagem tem sido utilizada para tratar problemas respiratórios, pois a sua mucilagem acalma a tosse seca e estimula a expectoração. O elevado teor de mucilagem da soa-gem também se tem revelado útil no tratamento de problemas cutâneos. Preparada como cataplasma ou emplastro, é um bálsamo eficaz contra furúnculos. Externamente, a soagem pode ser utilizada com se-gurança.

1Precauções: Não tomar a soagem por via oral.

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34 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 35Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Agulheira-moscada

Outros nomes vulgares: Agulha-de-pastor-mosca-da; Agulha-moscada; Almiscareira; Bico-de-cegonha-moscado; Bico-de-grou-moscado; Erva-alfinete; Erva-relógio; Foguetes; Piquetas; Garfos; Repimpins.

Erodium moschatum (L.) Hér.

Família: Geraniaceae

Sinónimos: Erodium moschatum (L.) L´Hérit. ex Ai-ton ; Erodium moschatum L´Herit.

Descrição: Planta herbácea, anual ou bienal, com um aroma almiscarado e que pode ter entre 10 a 50 cm de altura. Normalmente, possui caules bem desen-volvidos. A agulheira-moscada é uma planta robusta, ascendente ou difusa, com pêlos densos mais ou menos glandulosos; tem as folhas alongadas (até 20 cm), oblongo-lanceoladas, penatissetas com os segmentos ovados, dentados, serrados ou subpena-tifendidos, frequentemente com manchas escuras. A inflorescência é uma umbela constituida por 5 a 12 flores, com os pedicelos curtos. O invólucro é com-posto por brácteas largamente ovadas, subagudas e acastanhadas. As flores possuem pétalas em forma de elipse muito alongada, pouco maiores que o cáli-ce, apresentando uma coloração violácea ou purpú-rea. Monocárpicos (frutos) com pêlos castanhos ou brancos e que possuem uma prega larga e funda. Floração de Março a Agosto.

Habitat/local de recolha: Campos cultivados e in-cultos, sítios ruderalizados e muros.

Distribuição geral: Frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: As folhas e rizomas e/ ou planta fresca.

Curiosidades e usos tradicionais: Já no século XII, a Santa Hildegarda, no seu livro intitulado “Physica” recomendava esta erva para curar as mais diversas enfermidades. O bico-de-cegonha-moscado deve o nome ao seu forte aroma a almíscar. As suas folhas comem-se como verdura e também se utilizam como forragem para o gado.

Usos e virtudes medicinais: Em uso interno, pre-para-se uma infusão (30 a 60g, toma-se 2 a 3 vezes por dia, pode adoçar-se com açúcar ou mel) para o tratamento de cólicas urinárias, para estancar as hemorragias uterinas e reduzir o fluxo menstrual excessivo. Externamente, aplica-se sobre a pele afectada compressas de folhas esmagadas (50g). Tem as mesmas propriedades do que o bico-de-ce-gonha (Erodium cicutarium) e a conhecida erva-de-são-roberto, mas de acção mais moderada. Virtudes hemostáticas, ligeiramente diurética e anti-inflama-tória; adstringentes e vulnerárias.

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36 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 37Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Cardo-corredor

Outros nomes vulgares: Cardo-de-palma; Cardo-ro-lante; Cardo-nómada; Cardo-corredor.

Eryngium campestre L.

Família: Apiaceae (Umbelliferae)

Descrição Botânica: Planta vivaz que pode atingir de 30 a 50 cm de altura. Apresenta uma raiz comprida e rastejante. Caule erecto, robusto, muito ramoso. As folhas verde-esbranquiçadas, coriáceas, onduladas; as folhas basilares com pecíolo comprido, segmen-tos mais ou menos decorrentes fendidos ou partidos e dentado-espinhosos. Flores brancas, sésseis, em capítulos pedunculados, ovóides, globosos com in-vólucro espinhoso. O fruto é um diaquénio coberto de escamas pontiagudas. Cheiro a almíscar, sabor que se apresenta primeiramente adocicado e depois amargo e acre. A floração de Junho a Setembro.

Habitat/Local de recolha: sítios ruderalizados, terrenos secos e planícies incultas, solos calcários, arenosos e áridos. Em quase todo o país, até 1500m de altitude.

Partes da planta utilizadas: As folhas (Julho - Agos-to) e raíz (Primavera - Outono).

Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta que foi muito apreciada pelos médicos da antiguidade, devido às suas múltiplas propriedades, entre as quais as virtudes aperitivas e diuréticas, confirmadas ao longo dos tempos pela experiência e mais tarde pela análise química das substâncias contidas nos seus tecidos. É usado ainda na alimentação como condimento. Dos jovens rebentos fazem-se saladas e as folhas jovens, conservadas em vinagre, têm um efeito idêntico ao pepino.

Usos e virtudes medicinais: Em infusão (um pu-nhado da raiz triturada 30 g, para um litro de água, toma-se 2 a 3 chávenas por dia) em casos de edemas eliminar o ácido úrico do sangue e areias na urina. Propriedades aperitivas, diuréticas e emenagogas.

1Recomendações: As folhas jovens conservadas em açúcar são um manjar delicado.

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36 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 37Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Funcho

Outros nomes vulgares: Fiolho; Fiôlho; Funcho-amargo; Funcho-bravo; Erva-doce.

Foeniculum vulgare Miller sbsp. piperitum (Ucria) P.

Família: Umbelliferae

Sinónimos: Foeniculum vulgare Miller subsp. vulgare.

Descrição: Planta anual, vivaz que pode atingir até 2 m de altura. O caule é ramoso, erecto, compacto, verde com estrias azuis, brilhante. As folhas têm a bainha muito comprida e limbo curto, finamente divi-didas em lacínias filiformes. As flores são pequenas, de cor amarela, agrupadas em umbelas terminais. Fruto cinzento-escuro, fusiforme estriado e glabro. Cheiro aromático e sabor picante devido a uma es-sência rica em anetol, existente sobretudo nas se-mentes. Floração entre Junho e Agosto.

Habitat/local de recolha: Locais ruderalizados, terrenos baldios, taludes, campos, nas bermas dos caminhos e estradas, disseminada por quase todo o país, até 1700 m de altitude.

Partes utilizadas: As folhas frescas, a raiz (no fim do primeiro ano) e os frutos (Setembro - Outubro).

Curiosidades e usos tradicionais: O funcho é uma das plantas mais antigas e foi utilizada em medicina pelos egípcios e romanos. Na Índia, a tradição quali-fica o funcho de “Pérola dos afrodisíacos” e por isso faz parte de poções supostamente excitantes. A sua utilização tornou-se ainda clássica como condimen-tar, para aromatizar o peixe e as azeitonas. Também comestível como legume, sobretudo em sopas, sen-do normalmente utilizada como tal pelas comunida-des de etnia cigana.

Usos e virtude medicinais: Actualmente, é usada para o tratamento de infecções, mau funcionamento do fígado, intestinos, estômago e má disposição. Utiliza-se a infusão (raiz e sementes 30g, para 1 litro de água) e o cozimento (20g de raiz para 1 li-tro de água) para o tratamento de gases intestinais, digestão pesada, estômago, é ainda indicado para o catarro, constipações e brônquios. Propriedades car-minativas, digestivas e expectorantes.

1Recomendações: Pode usar-se externamente, em banhos ou lavagens oculares nas conjuntivites.

1Precauções: Não ultrapassar as doses recomen-dadas com as sementes, porque pode provocar con-vulsões.

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38 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 39Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Bico-de-pomba-menor

Outros nomes vulgares: Bico-de-cegonha; Agulhei-ra.

Geranium molle L.

Família: Geraniaceae

Descrição: Planta herbácea anual, por vezes bienal, com 10 a 40 cm de altura, prostrada ou ascendente. Apresenta vários ramos e possui longos pêlos bran-cos macios e outros menores, alguns glândulosos. As folhas são de contorno arredondado, sendo as basilares recortadas mais ou menos até ao meio, dis-pondo-se em 5 a 7 segmentos obovado-acunheados, apicalmente tri-lobados. As flores são rosadas ou ar-roxeadas, pequenas, com as pétalas a apresentarem um corte terminal arredondado, são pouco maiores do que o cálice e possuem pêlos na unha. Androceu com 10 estames mais ou menos unidos na base e dispostos em duas filas. Cálice com 5 sépalas, cada uma com uma ponta rígida terminal, livre e aguda. Os frutos são monocárpicos sem pêlos, em geral com um cordão saliente transversal mais ou menos pronunciado. Reúne na Europa cerca de 30 espécies cujas flores se assemelham muito, formando no cen-tro um fruto composto por 5 carpelos que sugerem o bico de um grou. Floração de Março a Junho.

Habitat/local de recolha: Sítios ruderais, campos incultos, sebes, muros, vinhas e hortas.

Distribuição geral: Frequente em quase todo o País.

Partes da planta utilizadas: As folhas e flores.

Curiosidades e usos tradicionais: As plantas que habitualmente os jardineiros designam por gerânios pertencem na realidade ao género botânico Pelargo-nium, que vem da palavra grega “geranos”, “grou”, “guindaste”, lembrando um delgado bico; em latim “molle” que significa macio, lembrando os cabelos suaves.

Usos e virtude medicinais: Todos os gerânios, se-gundo os antigos, têm virtudes dissecativas e são úteis para cicatrizar feridas. Também é utilizada externamente com o cozimento da planta, para gar-garejos e para o tratamento de irritações da gargan-ta; em cataplasmas para o tratamento de infecções, feridas, dores e picadas de insectos.

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38 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 39Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Perpétua-das-areias

Outros nomes vulgares: Perpétuas; Rosmaninho; Perpétua-do-monte; Perpétua-silvestre; Perpétua-amarela; Erva-caril.

Helichrysum stoechas (L.) Moench ssp. stoechas

Família: Asteraceae (Compositae).

Descrição: Subarbusto erecto ou ascendente, de 1-4dm, aromático. Caules mais ou menos densamente tomentosos, com numerosos ramos cheias de folhas alternas e estreitas. Folhas lineares, verde-acinzenta-das a esbranquiçadas, geralmente glabrescentes na página superior e acinzentado-tomentosas na infe-rior, agudas. Flores reunidas em grupos de capítulos o cabeças de cor amarelo dourado. Capítulos peque-nos 5-6mm, com as brácteas acutângulas, reunidos em corimbo de ramos curtos ou pouco alongados. Frutos secos e de tamanho reduzido. Floração de Abril a Setembro.

Habitat/local de recolha: Matos xerófilos, em solos arenosos ou calcários. Matos secos e pedregosos.

Distribuição geral: Noroeste Ocidental, Terra Quen-te, Centro Oeste, Centro Norte, Centro Este, Sudoeste montanhoso, Sueste. Sul da Europa, Norte de África.

Partes da planta utilizadas: Os capítulos e caules tenros.

Curiosidades e usos tradicionais: É utilizada em jardinagem como ornamental e também muito co-nhecida por ser queimada nas fogueiras de S. João, sendo uma planta muito aromática, visto que exala um cheiro agradável e intenso, semelhante ao chei-ro do caril. Em algumas regiões do sul da Península Ibérica cultiva-se uma espécie afim, o Helichrysum serotinum, cujas propriedades são muito similares, embora floresça em épocas diferentes, o que permite dispôr durante mais tempo das suas propriedades.

Usos e virtudes medicinais: Internamente, prepa-ra-se uma infusão para o tratamento de situações febris, bem como para descongestionar o peito e em caso das mucosas congestionadas. Embora outras espécies do mesmo género sejam mais ricas em prin-cípios activos, também são usadas como condimen-to. Propriedades sudoríferas, peitorais e digestivas.

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana40 41Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Erva-das-verrugas

Outros nomes vulgares: Tornassol; Tornassol-com-pêlos; Verrucária; Verrucária-peluda.

Heliotropium europaeum L.Família: Boraginaceae

Descrição: Planta de aroma agradável, que pode atin-gir até 80 cm de altura. Os seus caules e folhas estão cobertas de pêlos suaves. Planta erecta ou difusa de 1 a 5dm, vestida de pêlos encostados, acinzentada ou esverdeada; corola branca ou lilacínea, afunilada ou assalveada; inflorescência não bracteada; esta-mes inclusos; folhas elípticas, áspero-pubescentes; As flores são pequenas e agrupam-se em ramalhetes curvados nas extremidades. Floração de Janeiro a Outubro.

Habitat/local de recolha: locais ruderalizados, in-cultos, entulhos, campos abandonados e bermas de caminhos.

Partes da planta utilizadas: As folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: também se de-nomina Erva-das-verrugas a Alidónia - (Chelidonio majus). As folhas desta planta movimentam-se se-guindo o trajecto do sol. Dioscórides já a recomen-dava no século I d.C., para eliminar as verrugas, dai também o seu nome vulgar. É uma planta utilizada em alguns jardins.

Usos e virtudes medicinais: A erva-das-verrugas é conhecida pelo poder de desinfectar e cicatrizar feridas. Em uso interno, prepara-se uma infusão ou decocção com 30 gr. de folhas para um litro de água, de que se toma 3 chávenas diariamente, para esti-mular o funcionamento da vesícula biliar e activa a menstruação. Externamente, em loções sobre a zona da pele afectada com a mesma infusão ou decocção do uso interno e ainda em compressas empapadas na infusão para o tratamento de feridas, abcessos, úlceras varicosas, erupções e verrugas. Propriedades anti-sépticas, cicatrizantes, febrífugas e colagogas, emenagogas.

Hipericão

Hypericum pulchrum L.

Família: Hypericaceae (Gutiferae)

Descrição: Erva perene, glabra que pode atingir até 100 cm de altura. Caules rubescentes com ramos estéreis e sem linhas. As folhas dos caules principais 11-24x7-11 mm, semiamplexiculares, ovadas a sub-triangulares, cordadas, obtusas, revolutas. As folhas dos ramos de 5-13 x 1.5-5 mm, elípticas a ovadas, curtamente pecioladas. Todas ou pelo menos as su-periores, rubescentes, com glândulas translúcidas unicamente glabras. As brácteas sem glândulas ne-gras marginais. Sépalas desiguais e debilmente im-bricados, suborbiculares, elípticos ou oblanceoladas, obtusos, sésseis. Cápsula 5-6 mm, ovóide longitudi-nais. Semente pardas de 0.8-1 mm.

Habitat/local de recolha: Campos abandonados e bermas dos caminhos.

Distribuição geral: Quase em todo o país. Ocorre no Norte e centro do país, predominantemente em regiões de fraca continentalidade.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas.

Usos e virtudes medicinais: As propriedades são semelhantes ao Hypericum perforatum, em que os princípios activos podem ser mais ou menos activos na planta, em maior ou menor percentagem. Graças ás suas propriedades tonificantes e sedativas, toma-da em infusão, mostra-se muito útil no tratamento da depressão e outros problemas nervosos.

Precauções: Evitar a acção directa do sol sobre a pele enquanto se estiver a tomar ou a aplicar o he-pericão. A hipericina produz fotossensibilização, a qual provoca o enrubescimento da pele.

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana40 41Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Hipericão-rasteiro

Outros nomes vulgares: Hipericão-rasteiro; Hiperi-cão.

Hypericum humifusum L.

Família: Hypericaceae (Gutiferae).

Sinónimos: Hypericum humifusum L. var. decum-bens (Peterm.) Rchb.;Hypericum humifusum L. var. liottardi (Villars) Cariot et Saint Lager.

Descrição: Planta perene, ocasionalmente anual, com 4 a 30 cm de altura, sem pêlos, decumbente ou prostrada e radicante na base. Com numerosos ramos que apenas ramificam no ápice para formar uma inflorescência. Os caules geralmente possuem estolhos que são derivados da raiz, sem ramos es-téreis ou glândulas, com 2 linhas mais ou menos visíveis. As folhas são obovadas a oblanceoladas. Tanto as folhas superiores como as inferiores pos-suem glândulas translúcidas e glândulas negras in-tramarginais, algumas laminares. As brácteas são se-melhantes às folhas, também com glândulas negras intramarginais. Sépalas mais ou menos desiguais, de lineares a elípticas, agudas ou subagudas, em geral com escassas glândulas negras laminares, às vezes intramarginais ou marginais. Pétalas com glândulas negras marginais. O fruto é uma cápsula ovóide, sem vesículas ou glândulas e com sementes cinzentas. Esta espécie do género hypericum, caracteriza-se das restantes espécies do mesmo género por ser uma erva decumbente, sem ramificações estéreis com inflorescências em cimeiras paucifloras foliosas, de flores com sépalos subobtusos, desiguais e pétalas de 5-7 mm e uma cápsula que ultrapassa pouco o cálice. Floração de Março a Setembro.

Habitat/local de recolha: terrenos incultos e locais ruderalizados. Prados húmidos, solos temporaria-mente encharcados, orlas de bosques e taludes.

Distribuição geral: NW de África, Macaronesia e W e C da Europa, até ao C de Itália a Albânia. Na Pe-nínsula Ibérica situa-se fundamentalmente na parte ocidental, alcançando a Cantábrica. Frequente em todo país.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas.

Usos e virtude medicinais: Pode ser usada interna-mente, como infusão ou decocção das sumidades floridas. Externamente, com óleo de hipericão sobre a pele lesionada ou queimada, cobrindo seguidamen-te com uma gaze ou ligadura para a cura de feridas e queimaduras, moderando a reacção inflamatória e com efeito analgésico local. As propriedades são semelhantes ao Hypericum perforatum, em que os princípios activos podem ser mais ou menos activos na planta, em maior ou menor percentagem. Balsâ-mico e antiespasmódico. Pode preparar o óleo de hipericão da seguinte ma-neira: Com um frasco de vidro de boca larga, mete-se 100g de sumidades floridas, mas já secas. Acres-centa-se 250g de um bom azeite de oliveira, reme-xendo diariamente o frasco e deixa-se em maceração durante 20 a 30 dias. Filtra-se para pequenos frascos e guarda-se num lugar escuro.

Precauções: Iguais às da Milfurada (Hypericum per-furato L.).

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42 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 43Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Milfurada

Outros nomes vulgares: Erva-de-São-João; Hiperi-cão; Hipérico; Pelicão.

Hypericum perforatum L.

Família: Hypericaceae (Gutiferae)

Descrição: A milfurada é uma planta perene e glabra. Os seus caules principais possuem ramos estéreis, glândulas negras e duas linhas finas e longitudinais. As suas folhas são semi-amplexicaules, obtusas, às vezes mucronadas, com glândulas negras, laminares e intramarginais, duas delas apicais ou quase. As brácteas são lineares a lanceoladas, agudas e em geral não possuem glândulas negras. As sépalas podem ser lineares a estreitamente ovadas, agudas ou acuminadas, geralmente sem glândulas negras. As pétalas são assimétricas, crenadas, com algu-mas glândulas negras intramarginais ou laminares, punctiformes, às vezes também lineares. A cápsula é quase cónica a estreitamente ovóide, de cor aver-melhada. As sementes são negras. Espécie muito variável, a maioria das plantas nórdicas têm folhas relativamente largas, enquanto que no sul da Euro-pa existem com mais frequência plantas com folhas estreitas ou com folhas pequenas. Distinguem-se, portanto, duas subespécies: subsp. perforatum e a subsp. angustifolium. Floração de Abril a Outubro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, in-cultos, matagais, matos e sitios ruderalizados. Muito vulgar, colonizando vários habitats.

Distribuição geral: Muito vulgar, frequente em qua-se todo o país.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas.

Curiosidades e usos tradicionais: No século XVIII, conhecia-se o hipericão como erva-militar, porque era apreciada pelos soldados. Diz-se que o nome da planta deriva do grego “hyper” (sobre) e “eikon” (imagem), porque ela está acima de tudo o que se possa imaginar.

Usos e virtudes medicinais: Possui propriedades sedativas e digestivas. A Milfurada ajuda, igualmen-te, a cicatrizar feridas e a evitar a inflamação destas. Anti-sépticas, diuréticas e coleréticas. Tem, também propriedades anti-stress. Em uso interno, utiliza-se uma infusão (40g de plan-ta seca, para 1 litro de água, toma-se uma chávena depois de cada refeição) para o tratamento da asma, bronquites, mau funcionamento da vesícula biliar e diminuição da acidez do estômago. Externamente, aplicar um pouco de algodão ou óleo de hipericão sobre a pele lesionada ou queimada, cobrindo de seguida com uma gaze ou ligadura, para a cura de feridas e queimaduras, moderando a reacção infla-matória e com efeito analgésico local.

1Precauções: Deve evitar a acção directa do sol sobre a pele enquanto estiver a tomar ou a aplicar preparados com o hipericão, pois a hipericina provo-ca fotossensibilização em peles sensíveis.

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42 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 43Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Zimbro

Outros nomes vulgares: Oxicedro; Zimbro-comum; Zimbro-galego; Cedro-de-folha-fina; Nêvo; Zimbro-oxicedro; Zimbro-da-Mesêta.

Juniperus oxycedrus L. ssp. oxycedrus

Família: Cupressaceae.

Sinónimos: Juniperus macrocarpa auct. lusit. non Sibth. et Sm.

Descrição: Arbusto ou árvore de 3 a 5 m, que pode atingir até 15m de altura. Planta dióica, a copa é pira-midal, tornando-se mais ampla e rasa nos indivíduos mais velhos com ritidoma de cor castanho-averma-lhado. As folhas são verticiladas, persistentes, acicu-lares, mucronadas, de cor verde na página superior. Está coberto desde a base até ao topo por agulhas aceradas de tom verde-acinzentado. Floração de Abril a Maio.

Habitat/local de recolha: Azinhais e sobreirais, ma-tos, matagais e terrenos incultos.

Distribuição geral: Península ibérica (excepto o N).

Partes da planta utilizadas: O fruto (baga).

Curiosidades e usos tradicionais: Os galhos de Zim-bro lançados ao fogo eram considerados detentores de poderes protectores contra os espíritos malignos. Era também queimado para afastar a peste. As bagas de Zimbro são utilizados em molhos espessos e pra-tos de carne, tornando-os mais facilmente digeríveis. Estas podem acrescentar-se aos alimentos inteiras ou esmagadas. Este arbusto é utilizado também como ornamental. Vinho de Zimbro: deite vinte e cinco g de frutos de zimbro, previamente triturados, numa garrafa de vinho branco e coloque-as num lugar tem-perado a repousar durante quinze dias, agitando-a de vez em quando. Ao fim deste tempo, deve-se coar o vinho e juntar açúcar a gosto.

Usos e virtudes medicinais: Prepara-se uma in-fusão (20 a 30g de bagas, para um litro de água e tomam-se até 3 chávenas por dia) para tratamentos de eczemas, dermatoses, psoríase e outras doenças de pele. Pode aplicar-se externamente em fricções para acalmar as dores de reumatismo e artroses. O óleo essencial das bagas de zimbro é ligeiramente diurético e estimula a bílis e a produção do suco gástrico. Evitam as diarreias e a flatulência, dado que o seu óleo é desinfectante e elimina bactérias intes-tinais indesejáveis. As bagas do Zimbro são também emenagogas e por isso são usadas, tradicionalmente para regular o ciclo menstrual.

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana44 45Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Lamio-roxo

Lamium purpureum L.

Família: Labiatae

Descrição: Planta anual inodora, pubescente de caules erectos ou ascendentes com 10 a 40 (mais raramente 70) cm, com folhas sub-regularmente cre-nadas, cordiforme-ovadas, todas pecioladas. Folhas com pecíolos curtos, quase sem pêlos e são circula-res nas margens. As folhas têm 8-12 milímetros de comprimento e de cor verde, tornando-se roxo-aver-melha brilhantes nas folhas superiores. As folhas su-periores são também triangulares no esboço. Caules ramificados da base da planta, quadrado. Brácteas inferiores mais compridas que largas. Flores reuni-das no cimo do caule em espigas curtas e densas, piramidais, com folhas avermelhadas. Verticilastros plurifloros, axilares. Corola 2-labiada, púrpura-ro-sada, de tubo recto, excedendo o cálice. Anteras pilosas.

Habitat/local de recolha: Terras cultivadas, sebes e muros, bermas de caminhos. Em solos ricos a planta pode crescer completamente livre, luxuriantemente. Em solos pobres crescerá somente alguns centí-metros altos antes da floração e de espalhar a sua semente

Distribuição geral: Norte e Centro de Portugal Con-tinental.

Partes da planta utilizadas: As raízes e folhas.

Usos e virtudes medicinais: A planta inteira é adstringente, diurética, purgativa e antiséptica. As decocções da planta são particularmente úteis para hemorragias, por outro lado, as folhas esmagadas frescas podem ser aplicadas às feridas externamen-te.

Leituga-dos-montes

Leontodon taraxacoides (Will) Mérat ssp.longirostris Finch & P. D. Sell

Família: Compositae

Sinónimos: Leontodon nudicaulis (L.) Banks ex Lowe for. chaetocephalus (P. Cout.) Vasc.; Leontodon nudi-caulis (L.) Banks ex Lowe for. leiocephalus (P. Cout.) Vasc.; Leontodon rothi Ball; Leontodon rothii auct.; Thrincia hispida Roth; Thrincia hispida (Schousboe) Roth; Thrincia hispida Roth var. major Boiss.; Leonto-don longirostris (Finch & P. D. Sell) Talavera in Valdés et al.

Descrição: Planta herbácea, vivaz, com poucos a nu-merosos pêlos simples não glandulosos. As folhas basilares são arrosetadas, linear-lanceoladas a oblon-go-oblanceoladas, obtusas a agudas, inteiras, denta-das a penatifendidas, atenuadas em pecíolo curto ou comprido, com numerosos pêlos rígidos e simples. Inflorescência constituída por um capítulo solitário, pedunculado, com invólucro de brácteas linear-lanceo-ladas, obtusas a agudas e imbricadas. As flores são li-guladas de um amarelo-intenso. Os frutos são cipselas mais ou menos cilíndricas, castanhas, com papilho de pêlos plumosos e dilatados na base. Floração de Abril a Julho.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, incul-tos, pousios e solo arenoso.

Distribuição geral: Frequente no Centro e Sul do país. Região mediterrânica.

Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta melífe-ra. As suas folhas e rebentos, como a maior parte das leitugas, são comestíveis.

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana44 45Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Rosmaninho

Outros nomes vulgares: Arcã; Arçanhas; Rosmani-nho-maior; Rosmano.

Lavandula pedunculata (Miller) Cav. Ssp. sam-paiana

Família: Labiatae (Lamiaceae)

Sinónimos: L. Stoechas L. ssp. pedunculata.

Descrição : É uma planta arbustiva que pode atingir até 80 cm de altura. Planta frondosa na base com ra-mos nus e erectos. As folhas são pequenas, estreitas, verde acinzentadas e com os seus bordos enrolados, profundamente aromáticas. As flores são pequenas, bilabiadas, estão dispostas em espiga, sendo azul-violáceas e apresentando um penacho também vio-láceo. Cheiro muito aromático e penetrante. Sabor picante e amargo. Floração de Fevereiro a Julho.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, mata-gais e matos. Solos áridos, siliciosos e expostos ao sol.

Distribuição geral: Encontra-se por toda a Europa Mediterrânica, sendo espontânea em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: O caule florido, as fo-lhas e flores.

Curiosidades e usos tradicionais: Planta aromética e ornamental. Desta planta obtém-se óleo essencial que é utilizado em perfumaria e também pelas suas propriedades medicinais. O Rosmaninho apresenta as mesmas propriedades medicinais das outras la-vandulas. Tal como a perpétua-das-areais, a bela-luz, o rosmaninho usa-se tradicionalmente na aromatiza-ção das fogueiras de S. João e em defumadouros. Por sua vez, as abelhas também gostam de desfrutar do seu requintado aroma e com o néctar das suas flores, fabricam um delicioso mel.

Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma infusão (30g de flores, para um litro de água, que se toma depois das refeições) para uma melhor digestão, para combater vertigens e atrasos no ciclo menstru-al. Externamente, utiliza-se para limpar feridas e cha-gas, bem como para combater dores das articulações e activar a circulação. Lavagens e compressas com a mesma infusão utilizada em uso externo directa-mente nas úlceras. Pode ainda ser usada em loções para acalmar as dores reumáticas, dores artrósicas do pescoço ou das costas, torcicolos, lumbagos e ciáticas. Propriedades digestivas, estimulantes, an-tiespasmódicas, anti-reumáticas e anti-inflamatórias. Como planta condimentar, utiliza-se na culinária para aromatizar as carnes, curtimenta de azeitonas de conserva a par de tomilhos (sal purinho), nêvedas e outras espécies afins.

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46 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 47Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Linhaça

Outros nomes vulgares: Linho-bravo; linho-da-terra; linho-do-inverno; linho galego; linho-galego silvestre; linho mouriso; linho bienal.

Linum bienne (Miller)

Família: Linaceae

Sinónimos: Linum bienne Miller ; Linum angustifo-lium L.; Linum angustifolium Hudson.

Descrição: Planta herbácea vivaz, com 6 a 60 cm de altura. Caules ramosos, delgados, erectos, com inú-meros rebentos basais. Folhas verde-claras, pequenas, simples, alternam, lanceoladas, acuminadas com uma a três nervuras. As flores estão dispostas em cimeiras paniculadas ou quase solitárias. A corola possui 5 pé-talas azul-claras, caducas, 2 a 3 vezes mais compridas que as sépalas e longamente pediceladas. O gineceu possui 5 estigmas, estreitos e capitados e o androceu com 5 estames férteis e 5 abortados sem anteras. O cálice é constituído por 5 sépalas ovais, subiguais e pontiagudas. O fruto que amadurece no Outono, é uma cápsula subglobosa acastanhada, que encerra no seu interior cerca de 10 sementes castanhas, alonga-das e lisas. Floração de Maio a Julho.

Habitat/local de recolha: Relvados húmidos, matos e ruderal. Prados, margens dos caminhos, solos are-nosos.

Distribuição geral: Frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: Sementes inteiras ou re-duzidas a pó (linhaça) e óleo das sementes.

Curiosidades e usos tradicionais: A cultura do linho data de há, pelo menos, sete mil anos, na Babilónia. Desde então e até meados do século XIX, época em que foi enormemente suplantado pelo algodão, o Ho-mem cultivava o linho devido às suas fibras têxteis. No século VI a.C., o linho fazia parte da alimentação e no séc. V a C. foi citado como remédio por Teofrasto na sua História das Plantas. Na Idade Média, os pin-tores usavam o linho nas suas misturas para poder obter cores mais brilhantes e mais fáceis de usar. A água de linho ficou muito popular no séc. XVIII como bebida para conservar a saúde. Este linho de múltiplas funções foi, primeiramente, denominado pelos botâ-nicos como Linum usitatissimus L., que significa linho muito usado.

Usos e virtudes medicinais: Externamente, prepa-ram-se cataplasmas fazendo ferver 15 a 25g de fa-rinha em 500ml de água, aplicando-se quente sobre furúnculos e abcessos. Decocção (50g/l, ferver 3 minutos) aplica-se em compressas e lavagens. Em uso interno podem ingerir-se as sementes, sem mastigar, acompanhadas com muita água, sendo muito utiliza-da na obstipação crónica. O linho tem propriedades laxantes, diuréticas, emolientes, suavizantes e vermí-fugas.

1Precauções: O óleo contido na farinha de linhaça cria ranço com muita facilidade, provocando irritação na pele. Deve-se preparar as cataplasmas sempre com farinha recente. Devem ingerir-se as sementes intei-ras, pois embora o conteúdo em heterósidos cianoge-néticos seja reduzido, a cutícula evita a sua hidrólise. Pode interferir com a absorção de medicamentos.

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46 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 47Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Outras espécies de malvas com propriedades medicinais:

- Malva sylvestris L. var. ambigua (Guss.) Rouy . Sinonímias: Malva sylvestris L. subsp. ambigua Rouy for. eriocarpa (Boiss.) P. Cout.; Malva silvestris L. var. polymorpha Parlat.;- Lavatera arborea L. (Malvaísco);- Lavatera cretica L. (Malva-bastarda);

Malva Redonda

Malva neglecta Wallr

Família: Malvaceae

Outros nomes vulgares: Malva-redonda; malva-das-folhas-redondas; malva-ordinária; malva-pequena; malvinha.

Descrição: Planta herbácea anual ou perene. Os cau-les podem ter até 60cm sendo por vezes lenhosos na base. O caule central é ascendente, raramente erecto, caules laterais decumbentes, densamente estrelado-pubescentes. As folhas são quase orbiculares ou re-niformes, cordadas na base, crenado-dentadas, den-samente estrelado-pubescentes. As flores dispõem-se em fascículos axilares, constituídos por 3 a 6 flores, larga e desigualmente pedunculadas. As sépalas são triangulares-obovadas, erectas na frutificação. As pétalas são obovadas-acunheadas, profundamente emarginadas, palidamente lilases ou esbranquiçadas, com as nervuras lilases e a unha com pêlos largos. O fruto é um mericarpo com dorso convexo, liso ou ligei-ramente reticulado, pubescente a tomentoso, de cor castanho-esverdeado. Floração de Março a Novembro.

Distribuição geral: Apenas ocorre nas regiões da Bei-ra Baixa, Minho e Trás-os-Montes.

Usos e virtudes medicinais: Propriedades anti-infla-matórias. Trata-se, igualmente, de uma planta comes-tível, em saladas e sopas.

Malva Brava

Malva tournefortiana L.

Família: Malvaceae

Descrição: A malva é uma planta que pode viver 3 anos ou mais. Caule geralmente entre 30 a 60 cm, que, por vezes podem atingir 1,5 m, erectos, simples ou ramosos; setoso-híspidos, com pêlos simples de base bolbosa e com alguns pêlos estrelados mais ou menos aplicados, tornando-se glabrescentes perto da base. As folhas basais, são lobadas e pecioladas; as folhas caulinares vão sendo progressivamente menos pecioladas e mais profundamente palmati-patidas. As suas flores inferiores, são solitárias e largamente pedunculadas. As sépalas são obovado-acunheadas, emargi-nadas. Podem ser de cor rosa, pálidas, mas tornam-se azuis na dissecação. Os frutos são mericarpos com dorso convexo, lisos e de faces laterais, mais ou menos rugosas, glabras ou ligeiramente pubes-centes, de cor castanho-escuro ou quase negras. Floração de Abril a Julho.

Distribuição geral: Nas regiões do Alto Alentejo, Beiras Baixa, Alta e Litoral, Douro Litoral, Minho e Trás-os-Montes.

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana48 49Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Malva Brava

Malva sylvestris L.

Família: Malvaceae

Descrição: Planta bienal, que pode atingir 70 cm de al-tura. Caule parcialmente erecto, que se expande a partir do pé central, pubescente; folhas com longos pecíolos, palmatilobadas, serradas, com pêlos ásperos. Flores cor de malva com nervuras mais escuras, grandes. As mal-vas têm flores com as 5 pétalas afastadas, estreitas na base e largas na parte superior. Cálice com 5 lóbulos, 5 pétalas bilobadas no vértice, numerosos estames solda-dos pelos seus filetes. Floração de Maio a Agosto.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos e ruderali-zados, solos ricos em azoto, e por isso são vulgares nas bermas de caminhos e entulhos.

Distribuição geral: S e W da Europa, Macaronésia, N África e SW Ásia, naturalizada na África do S e em alguns pontos da América do N. São abundantes em Portugal do Minho ao Alto Alentejo.

Partes da planta utilizadas: Raíz, folhas e flores.

Curiosidades e usos tradicionais: Hipócrates reco-mendava-a como emoliente e laxante, propriedades que foram demonstradas e que continuam a ter aplicação prática. Carlos Magno não a dispensava como planta or-namental dos seus jardins imperiais. Em Itália, no século XVI, denominava-se omnimorbia, ou seja, remédio para todos os males. Outros ainda consideravam-na uma planta sagrada pois libertava o espírito da escravatura das paixões.

Usos e virtudes medicinais: Usada tanto na obsti-pação como na diarreia; em gastrites e úlceras e em inflamações orofaríngias e em gripe e resfriados. Externamente usa-se em infecções da cavidade bu-cal e outras mucosas, como vaginal. popularmente costuma-se dar raizes de malva, à época da dentição às crianças para que elas masquewm , pois acalma a dor.

Madressilva

Outros nomes vulgares: Lonicera.; Madressilva-das-bo-ticas; Madressilva-do-periclímeno; Madressilva-esverdea-da; Madressilva-sem-pêlos.

Lonicera periclymenum L.Família: Caprifoliaceae.

Descrição: Arbusto, caule volúvel; Ramos jovens pubes-centes. Folhas ovado-agudas, com pecíolo curto, sendo as superiores sésseis, caducas, ovais mais claras na pági-na inferior. As flores são de cor branco-amareladas, chei-rosas, peludo-glandulosas; corola tubuloso-bilabiada, com o lábio superior quadrifendido e o inferior inteiro. O fruto em forma de baga, suculenta, de cor vermelha. Floração de Maio a Julho. Odor doce e agradável.

Habitat/local de recolha: Sebes, margens dos campos e matas.

Distribuição geral: Toda a Europa, em Portugal, de trás-os-Montes ao Alentejo, até 1000 m de altitude. Muito frequente nas regiões mediterrânicas

Partes da planta utilizadas: As folhas e flores (Junho a Julho).

Curiosidades e usos tradicionais: A madressilva per-tence à mesma familia do Sabugueiro. Os gregos de-signavam-na por periclymenon, do vocábulo perikleio, “eu agarro-me”, com evidente referência à sua natureza de arbusto trepador de ramos flexíveis. Durante toda a Antiguidade Egípcia, Grega e Romana, a sua casca foi uti-lizada, mas com o decorrer dos séculos foi perdendo im-portância. A madressilva é muito apreciada como planta ornamental, devido a suas bonitas e aromáticas flores.

Usos e virtudes medicinais: É utilizada em infusão (40 g de folhas, para um litro de água). Externamente, com um cozimento de 30g de folhas é utilizado para gargare-jos e bochechos, dada as suas propriedades diuréticas, adstringentes, sudoríferas, anti-sépticas e laxantes.

1Precauções: Não utilizar as bagas (não ingerir pela sua toxicidade).

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Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana48 49Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Marroio

Outros nomes vulgares: Erva-virgem; Marroio-bran-co; Marroio-de-França; Marroio vulgar; Marrolho; Incenso.

Marrubium vulgare L.

Família: Lamiaceae (Labiatae).

Descrição: Planta vivaz, que pode atingir até 80 cm de altura. Caule erecto, lanoso, ligeiramente ramoso. As folhas esbranquiçadas, arredonadas, pecioladas, crenadas, bolhosas na página superior e lanosas na inferior. Flores de cor branca, que se dispõem em grupos ao longo do mesmo, em verticilos globosos, compactos na axila das folhas superiores. Cálice to-mentoso, bractéolas assovaladas, corola com lábio superior ligeiramente chanfrado. Cheiro intenso e pouco agradável, sabor amargo e picante. Floração de Abril a Setembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e in-cultos (ruderal e rupícola). Comum em terrenos soa-lheiros, secos e baldios.

Distribuição geral: Europa, de onde é originário e da América, onde se naturalizou. Frequente em quase todo o território português, até 1500m de altitude.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: Já no princípio da nossa era, dizia Dioscórides “arranca os humores grossos do “peito”, não perdendo de então para cá a sua utilidade contra as afecções respiratória. Tam-bém os antigos egípcios acreditavam que era um remédio para as perturbações respiratórias. O seu sa-bor amargo determinou o nome cientifico, visto que a palavra Marrubium deriva de hebreu “mar”, “amargo” e “suco”. Esta planta é apreciada desde épocas muito remotas, devido às suas diversas virtudes medicinais nomeadamente, a sua propriedade expectorante.

Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma infusão (30 a 40g de sumidades floridas e/ou folhas para um litro de água, tomam-se 2 a 3 chávenas diariamente e se preferir adoçadas com mel) para o tratamento de todas as afecções bronquiais (catarros, laringites, asma, bronquites), bastante útil para doentes debili-tados, como tónico digestivo e pode, também aumen-tar o apetite e facilitar a digestão. Tem propriedades emenagogas, digetivas, aperitivas, expecturantes, sendo também febrífugo e sedativo.

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50 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 51Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Luzerna

Outros nomes vulgares: Feno-da-Borgonha; Luzer-na-da-Suécia; Luzerna-de-sequeiro; Melga; Melga-dos-prados.

Medicago sativa L.

Família: Fabaceae (Leguminosae).

Descrição: Planta anual, forrageira que atinge de 30 cm a 90 cm de altura. Folhas trilobadas. Corola azul-violeta ou amarelada, rara vez se apresenta es-branquiçada. As flores de cor azulada. O fruto é um pequeno legume (vagem) muito enrolado em forma de caracol (espiral). Floração de Maio a Julho.

Habitat/local de recolha: Sitios ruderalizados, pode ser encontrada em prados, terrenos incultos e áreas de cultivo.

Distribuição geral: Originária do Médio Oriente, cultiva-se hoje nas regiões temperadas de todo o mundo.

Partes da planta utilizadas: Partes aéreas da planta e sementes germinadas.

Curiosidades e usos tradicionais: Desde os tempos mais remotos, os animais domésticos têm desfruta-do das vantagens desta nutritiva planta, considerada a rainha das forragens, enquanto que os seus donos racionais a desprezam, por considerarem que era pouco refinada para aparecer nas suas mesas. Hoje conhecem-se as virtudes medicinais desta humilde planta e são cada vez mais aqueles que tiram provei-to dela.

Usos e virtude medicinais: Em uso interno, a Lu-zerna pode comer-se crua ou em salada (rebentos tenros) como tantas outras verduras ou cozinhada. Em sumo fresco, é um excelente tónico e em infu-são (30 g da planta, para um litro de água, que se toma 3 a 4 chávenas diariamente) para o tratamento de anemias, desnutrição, úlceras gastroduodenais, fermentações intestinais, prisão de ventre e para he-morragias nasais, gástricas e uterinas. Propriedades tonificantes, remineralizantes e hemostáticas.

1Recomendações: As sementes da Luzerna podem fazer-se germinar em casa e comem-se os pequenos rebentos acabados de rebrotar. Os rebentos são es-pecialmente ricos em vitaminas e minerais.

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50 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 51Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Poejo

Outros nomes vulgares: Hortelã-dos-Açores; Horte-lã-pimenta-mansa; Poêjo.

Mentha pulegium L.

Família: Labiatae

Sinónimos: Mentha pulegium L. var tomentella (Hoff. et Link) P. Cout.

Descrição: Planta de consistência herbácea, que pode viver mais do que 2 anos. Tem entre 10 a 40 cm de altura e possui caules prostrados a ascendentes. O poejo é uma planta fortemente aromática, glabra ou que possui uma camada de pêlos tomentosos. As suas folhas são elíptico-oblongas, atenuadas na base, são curtamente pecioladas, inteiras ou com até 6 pares de dentes e pilosas, pelo menos na página abaxial. Os cálices, com dentes ciliados, os inferiores assovelados, os superiores menores e mais largos. A corola é lilacínea. Os frutos são mericarpos acas-tanhados. Planta muito variável quanto ao porte, indumento e forma das folhas e, consequentemente, com diversas variedades descritas. Floração de Junho a Agosto.

Habitat /local de recolha: Relvados húmidos, em sítios ruderalizados e galerias ripícolas.

Distribuição: Frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta.

Curiosidades e usos tradicionais: Segundo o histo-riador Plínio, o poejo era considerado um purificador da água salobra. Dioscórides, afirmou que o poejo provoca a menstruação e trabalho de parto e ainda que “ tem força de aquecer, de emagrecer e de dige-rir”. O nome pulegium deriva do termo latino pulga, aludindo ao uso tradicional do poejo como repelente de pulgas. Muito antes de existirem os sprays insecti-cidas, tradicionalmente já se usava as fumigações de poejo. Excelente repelente, colocado em saquinhos entre a roupa, afugenta as traças. Utiliza-se para es-fregar no pêlo dos animais domésticos uma infusão concentrada, com o fim de matar os parasitas.

Usos e virtudes medicinais: Uma infusão (10 a 20g de poejo, para um litro de água, toma-se uma chávena depois da cada refeição) torna-se útil nos processos digestivos aumentando a secreção de sucos gástrico, intestinal e pancreático, elimina os excessos de gases e combate as fermentações in-testinais. Externamente, com bochechos e lavagens, utilizando uma infusão mais concentrada, combate o mau hálito ou a piorreia. Além de ser utilizado como planta condimentar, o poejo exerce um efeito calmante, vermífugo, anti-séptico, expectorante e antitússico, diurético e estimulante, digestivo, tónico e carminativo.

1Precauções: O óleo essencial não se deve admi-nistrar por via interna a grávidas e crianças menores de seis anos. A existência de polegona e outras ce-tonas torna a planta hepatotóxica, especialmente o óleo essencial quando é usado em doses elevadas ou em períodos longos. Uma dose acima de três gra-mas, o óleo é neurotóxico, origina vómitos e pode provocar depressão cardiorespiratória.

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52 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 53Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Mentrasto

Outros nomes vulgares: Hortelã-brava; Montraste; Men-traste; Montrastes, Hortelã-silvestre.

Mentha suaveolens Ehrh

Família: lamiaceae (Labiatae).

Sinónimos: Mentha rotundifolia auct., non (L.) Hudson

Descrição: Planta aromática com 40 a 100 cm de altura. O caule pode estar coberto por uma camada de pêlos espar-sos ou por uma camada de pêlos brancos e tomentosos. As folhas são acentuadamente rugosas, de forma oblonga-ovada a orbiculares; são obtusas, terminam numa ponta aguda e rígida, mas não muito longa e são mais largas para a base, serradas com 10 a 20 dentes, mas frequen-temente parecendo providas de recortes arredondados na base pelo facto dos dentes se dobrarem para a página in-ferior da folha. As folhas estão revestidas por uma camada de pêlos fracos e densos, na página superior e, na página inferior, são revestidas, geralmente, por pêlos ramosos e tomentosos. Inflorescência em espiga terminal, frequen-temente ramosa, com cálice campanulado, piloso e com dentes triangulares. A corola pode ser branca ou rosada. Os frutos são mericarpos. Floração de Julho a Outubro.

Habitat/local de recolha: Ruderalizados, locais húmidos, galerias ripícolas e relvados.

Distribuição geral: Muito frequente.

Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta.

Curiosidades e usos tradicionais: O gênero Mentha é um dos mais complexos do reino vegetal devido aos inúmeros híbridos resultantes do cruzamento espontâneo das espé-cies, causando confusão na taxonomia botânica. A palavra “Menta” deriva de mintha, nome de uma ninfa que a deusa grega Persófone, por ciúmes transformou em planta. Os chineses faziam apologia das suas propriedades calman-tes e antiespamódicas. Hipócrates considerava-as afrodisí-acas e Plínio apreciava a sua acção analgésica. Actualmen-te, a menta é, além da verbena e da tília, um dos chás mais apreciados para terminar uma refeição. Usada pelos egíp-cios, hebreus, gregos, medievais, romanos e americanos, durante o século IX foram introduzidas na Europa muitas variedades. A menta aparece em todas as listas de ervas que chegaram até nós. Na Bíblia aparece como dízimo. Os árabes regavam as mesas de banquete com menta antes das festas e limpavam o chão com ela para estimular o apetite dos convidados. Uma das ninfas de Plutão, Minthe

foi transformada nesta planta para fugir da ira da ciumenta mulher do deus grego. Erva da amizade e do amor, símbo-lo da hospitalidade, conta-se que Zeus e Hermes em suas andanças disfarçados pela Terra, foram acolhidos para co-mer na casa de um casal de pobres anciões que forraram a mesa com hortelãs para melhor recebê-los. Os deuses então transformaram o casebre num palácio. Outra lenda diz que Sherazade, a personagem que contou mil e uma noite de histórias ao sultão para não morrer, desfiava os seus contos ao sabor de um chá de hortelã. É habitual no jardim estar perto das rosas, para afastar os pulgões. Es-palhar folhas frescas ou secas nas despensas, para afastar os ratos. Atribui-se às mentas poder afrodisíaco. Seu uso está associado aos feitiços de saúde, protecção, dinheiro e exorcismo.

Usos e virtudes medicinais: Bom para molhos, saladas e carnes. Também curtida com vinagre dá um toque especial para saladas e assados. Pode ser acrescentada em ovos mexidos e omoletas. Todas as hortelãs contêm nas suas folhas vitaminas A, B e C, minerais (cálcio, fósforo, ferro e potássio); exercem uma acção tónica e estimulante sobre o aparelho digestivo, além de propriedades antisépticas e ligeiramente anestésicas. Para picadas de insectos em crianças, aplicar cataplasmas com folhas amassadas na zona da pele afectada. Para dores abdominais, tomar um copo de leite aquecido com algumas folhas de hortelã. Ligeiramente vermífugo e calmante. Combate cólicas e gases, aumenta a produção e circulação da bílis. Favorece expulsão dos catarros e impede a formação de mais muco. Propriedades antiespasmódicas, antisépticas, anestésicas, cal-mantes, vermífugas e digestivas.

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52 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 53Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Diabelha

Outros nomes vulgares: Corno-de-veado; Diabi-nhos; Diabelha-dos-Açores; Engorda-ratos; Erva-das-pulgas; Erva-pulgueira; Estrela-mar; Galapito; Guia-belha; Megabelha; Orelha-de-lebre-do-reino; Psílio; Tanchagem-corno-de-ganso; Zaragatoa; Tanschage; Xinchage.

Plantago coronopus L.

Família: Plantaginaceae

Sinónimos: Plantago coronopus L. for. canescens P. Cout.; Plantago coronopus L. for. perennans P. Cout.

Descrição: Planta herbácea que pode ser anual, bienal ou vivaz, desprovida de ramos subterrâneos. Folhas reunidas em rosetas basais, lineares a espa-tuladas, 1 a 2-penatifendidas ou penatipartidas, raramente só dentadas ou inteiras, desprovidas de pêlos ou pilosas em ambas as faces e possuem ló-bulos inteiros ou recortados e um tanto afastados. A inflorescência é uma espiga densa, delgada, mais ou menos cilíndrica e pedunculada. As brácteas são ovadas e aproximadamente agudas, de tamanho igual ou menor do que o cálice. As flores são herma-froditas, com pétalas ovadas a ovado-lanceoladas. O fruto constituído por 3 lóbulos, que contêm no seu interior 3 a 6 sementes elipsóides. Floração quase todo o ano. Planta inodora e de sabor herbáceo.

Habitat/local de recolha: terrenos cultivados, rude-ralizados e incultos.

Distribuição geral: Encontra-se na Europa e Médio Oriente. Frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: A planta inteira.

Curiosidades e usos tradicionais: Conhece-se há muito o efeito repousante de um colírio preparado com folhas de tanchagem para os olhos cansados; nos meios rurais, é hábito encher o canal auditivo com raiz de tanchagem ralada para acalmar as dores de dentes, embora a eficácia deste tratamento não esteja comprovada. As folhas de tanchagem podem ser colhidas 10 meses por ano e utilizadas frescas em saladas ou sopas para fins medicinais. As sementes, que devem ser colhidas muito maduras e em tempo seco, são apreciadas pelas aves domésticas.

Usos e virtudes medicinais: A diabelha usa-se em in-fusão para lavagens e na cura das “bexigas” (varicela). Recomenda-se ainda as folhas da diabelha para todas as formas de inflamações da garganta e da boca, em gargarejos. Este género (tanchagens), é um grande emoliente (suavizante) das mucosas respiratórias e da pele. Pode-se aplicar em compressas empapadas com a decocção de folhas, ou cataplasmas de folhas esmagadas. A forma mais prática e eficaz de aplicar as folhas sobre a pele, será colocá-las directamente sobre a zona da pele afectada, em forma de penso (as folhas escaldam-se previamente durante um minuto) dando um excelente resultado para casos de úlceras varicosas, feridas de difícil cicatrização, queimaduras, picadas de insectos, como mosquitos, abelhas, vespas (neste caso esfregar directamente e energicamente a zona da pele afectada com as folhas e a seguir aplicar um penso ou cataplasma).De referir que o modo de emprego para as outras tanchagens do mesmo género são válidas para a diabelha e vice-versa. Propriedades adstringentes, béquicas, cicatrizantes, depurativas e diuréticas, emoliente e expectorante.

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54 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 55Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Sempre-noiva

Outros nomes vulgares: Centonódia; Corriola-bas-tarda; Erva-da-ferradeira; Erva-da-muda; Erva-da-saúde; Erva-das-galinhas; Erva-dos-passarinhos; Lín-gua-de-perdiz; Persicária-sempre-noiva; Sanguinária; Sanguinha; Sempre-noiva-dos-modernos.

Polygonum aviculare L.

Família: Polygonaceae

Sinónimos: Polygonum patulum auct. lusit

Descrição: Planta anual e de consistência herbácea. Caules nodosos, mais ou menos ramificados, erec-tos, prostrados ou prostrado-ascendentes, heterofi-los (com folhas inseridas com mais do que uma for-ma), sobretudo quando jovens. Folhas lanceoladas, elípticas ou ovado-lanceoladas, 2 a 3 vezes maiores nos ramos principais do que nos ramos secundários ou nos ramos floríferos; pecioladas. Ócreas hialinas, no final laciniadas. Flores praticamente sésseis, axi-lares, em grupos de 2 a 5. Perianto com 1 tubo de cerca de 1 mm e lóbulos claramente nervados, im-bricados na frutificação, rosados ou esbranquiçados nos bordos. Os frutos são aquénios trígonais, com 3 faces côncavas, negros, inclusos. Floração de Abril a Outubro, raras vezes de Março a Novembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e in-cultos. Planta ruderal e infestante, coloniza facilmen-te os locais que sofrem inundações temporárias.

Distribuição geral: Frequente nas regiões da Beira Baixa, Beira Litoral, Ribatejo e Trás-os-Montes. Pode ocorrer com raridade nas restantes regiões.

Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta.

Curiosidades e usos tradicionais: Espécie extra-ordinariamente polimórfica, cuja plasticidade se relaciona com factores ambientais. Esta amplitude de diferenças tende a desaparecer devido às actuais condições uniformes de cultivo. Dioscórides já reco-mendava o uso da sempre-noiva “para as mulheres que sofrem de menstruações abundantes e morde-duras de serpentes”. Devido ao seu efeito hemos-tático (por reter as hemorragias) os romanos já a qualificavam de “sanguinária”.

Usos e virtudes medicinais: Em uso interno, utiliza-se uma decocção (30 a 40g da planta florida, para um litro de água, 4 a 5 chávenas por dia). Cozimentos a 3% e no caso de se pretender a acção remineralizante (devido aos sais de sílicio, 4 a 5 chávenas dia) usar cozimentos a 10% (duas a três chavenas por dia). Nas inflamações da boca e faringe, sendo útil nos catar-ros ligeiros das vias respiratórias e nas inflamações das mucósas orofaríngeas. Também é usada para problemas da próstata.

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54 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 55Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Beldroega

Outros nomes vulgares: Baldroega-pequena; Bel-droega-de-comer; Portulaca.

Portulaca oleracea L.

Família: Portulacaceae

Descrição: Planta dicotiledónea, rasteira, anual. Raiz medianamente desenvolvida. Caules grossos e su-marentos. As folhas são pequenas ovaladas, carnu-das e esbranquiçadas pela página inferior. As flores são pequenas e de cor amarela. Floração de Maio a Setembro.

Habitat/local de recolha: Hortasl e terrenos cultiva-dos. Infestante de numerosas culturas herbáceas e arbóreas e em solos de aluvião.

Distribuição geral: Frequente em todo o país. Muito comum no Continente Americano.

Partes da planta utilizadas: Os caules frescos e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: É uma erva mui-to antiga, que se cultivava e utilizada como verdura em saladas e sopas. É actualmente mais frequente e naturalizada nas velhas hortas e nas imediações de locais habitados do que cultivada. Originariamente espontânea da Grécia à China, a beldroega á hoje uma erva infestante propagada em grande parte do mundo. Outrora prescrevia-se não só o seu suco, mas também a decocção das suas sementes como vermífugos infantis. A cultura desta planta é ex-tremamente fácil, merecendo um lugar nas hortas. Crua, ou misturada com saladas, cozida é reguladora da função intestinal. Caldo de beldroegas à moda de antigamente - Levar cerca de 80g de manteiga e um pouco de azeite ao lume num tacho com duas cebolas cortadas às rodelas, 4 dentes de alhos e um raminho de salsa picada. Quando a cebola estiver aloirada, juntar as beldroegas previamente bem lava-das. Refogar a adicionar água suficiente para o caldo. Misture meio quilo de batatas cortadas às rodelas ou em pequenos cubos e tempere de sal, pimenta e co-lorau. Quando estiver pronto, adicionar 3 ovos bati-dos. Deixar cozer e deitar o caldo numa terrina sobre o pão já cortado em fatias.

Usos e virtudes medicinais: A beldroega pode ser usada como verdura de salada ou em decocção (50g da planta para um litro de água, 5 chávenas diárias). Em uso externo, através de cataplasmas da planta fresca esmagada para o caso de inflamações das pál-pebras e conjuntivites. Propriedades anti-inflamató-rias, depurativas, diuréticas; emoliente, refrescante e vermífuga.

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Lingua-de-ovelha

Outros nomes vulgares: Tanchagem; Tanchagem-das-boticas; Tanchagem-menor; Tanchagem-or-dinária; Acatá; Corrijó; Calracho; Carrojó; Corrió; Erva-de-ovelha; Língua-de-vaca; Orelha-de-cabra; Tanchagem-terrestre e Tantage.

Plantago lanceolata L.

Família: Plantaginaceae.

Descrição: Hemicriptófito arrosetado, por vezes riza-matoso com várias rosetas. As folhas dispõem-se em rosetas basilares, inteiras ou remotamente denticu-ladas, lanceoladas a linear-lanceoladas, pecioladas, com 3 a 7 nervuras. A inflorescência é uma espiga densa, sem pêlos, cilíndrica, ovóide ou quase ovói-de. As flores são geralmente hermafroditas. A corola é sem pétala e o cálice possui 4 sépalas unidas na base. O androceu tem 4 estames, filetes compridos e anteras brancas evidentes. Os pedúnculos são com-pridos, com sulcos bastante evidentes, erectos ou ascendentes. O fruto é um pixídio, que encerra 1 a 5 sementes por cavidade. Abril a Julho.

Habitat/local de recolha: Prados e enrelvados, bermas de caminhos, solos áridos. Infestante de cul-turas arbóreas e de culturas herbáceas.

Distribuição geral: Frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: A planta inteira (folhas, espiga floral e raiz).

Curiosidades e usos tradicionais: O nome do gé-nero, Plantago, abrange umas 200 espécies com propriedades medicinais. O seu nome alude à forma de um pé, semelhança difícil de encontrar. É uma planta que acompanhou a colonização europeia pelo mundo, os nativos americanos chamavam-lhe “pé-de-inglês”, pois parecia brotar no rasto dos colonos brancos. Esta espécie é uma razoável planta forragei-ra, em prados e arrelvados.

Usos e virtude medicinais: Antigamente já conside-ravam este género importante, quer para uso exter-no, quer para uso interno. Os extractos de tancha-gem exercem um efeito anti-bacteriano, uma vez que contém propriedades antibióticas do tipo aldeído. Externamente, pode usar-se uma decocção mais con-centrada (50-100g de folhas e/ou raíz, para um litro de água que se deixa ferver durante 3 a 5 minutos e da qual se bebem 3 a 5 chávenas por dia) em boche-chos e gargarejos, lavagens dos olhos, compressas sobre a pele e banhos de assento para tratamento de hemorróidas ou clísteres. As folhas desta planta po-dem ser colocadas directamente sobre a zona afec-tada (feridas e queimaduras); contudo, antes da apli-cação as mesmas devem ser escaldadas previamente durante um minuto, com o fim de as definfectar. De referir que o modo de emprego para as outras tanchagens do mesmo género são válidas para a língua-de-ovelha e vice-versa. Tem propriedades especturantes, anti-tússicas, hemostáticas e cicatri-zantes. Também tem uma acção anti-inflamatória e anti-séptica.

1Precauções: Não esquecer que o pólen das tan-chagens é um dos agentes da polinose.

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56 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 57Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Erva-férrea

Outros nomes vulgares: Prunela; Brunela; Chestre.

Prunella vulgaris L.

Família: Labiatae.

Descrição: Planta herbácea vivaz, formando rosetas, podendo atingir 60 cm de altura e que com a idade vai perdendo o revestimento de pêlos. As suas fo-lhas têm uma forma ovada a ovada-lanceolada, são inteiras ou possuem recortes arredondados na mar-gem, são em forma de cunha e todas são pecioladas. A inflorescência é uma espiga geralmente folhosa na base, com brácteas e cálice com dentes mucronados. A corola é de cor violácea-azulada-escura, raramente branca. O fruto é um mericarpo. Floração de Março a Agosto.

Habitat/local de recolha: Relvados húmidos, matos e sítios ruderalizados. Lameiros, prados, lugares hú-midos, pinhais e caminhos.

Distribuição geral: Nativa da Europa e da Ásia, en-contra-se em regiões temperadas de todo o Mundo. Frequente em quase todo o país.

Curiosidades e usos tradicionais: Aforismo popular: “o que não cura o chestre, não cura o melhor mes-tre”.

Partes da planta utilizadas: A planta inteira, sem raiz.

Usos e virtudes medicinais: O chestre é usado há séculos para tratar feridas, pois controla hemorra-gias e acelera o processo de cicatrização. Houve quem escrevesse “Não há no Mundo planta melhor para tratar feridas que o chestre”. Estudos realizados na China indicam que esta planta tem um efeito ligei-ramente dilatador sobre os vasos sanguíneos, o que ajuda a fazer baixar a tensão arterial. Tem uma ac-ção antibiótica moderadamente forte contra diversas substâncias patogénicas (algumas das quais podem provocar infecções urinárias), combatendo a infec-ção. Internamente, utilizam-se infusões das partes aéreas da planta, para o tratamento de hemorragias internas e gargarejos três vezes ao dia para as dores de garganta. Para o tratamento de feridas aplica-se sobre a zona da pele afectada uma pomada. Exter-namente é aplicada no tratamento de leucorreias e hemorróidas. Tem propriedades adstringente, anti-bacterianas, cicatrizante e vulnerária.

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58 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 59Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Feiteiro

Outros nomes vulgares: Feto; Feto do monte; Feto-dos-montes; Feto-fêmea-das-boticas; Feto ordinário; fieitos; Feto medicinal.

Peteridium aquilinum (L.) Kuhn

Família: Pteridaceae.

Descrição Botânica: Feto perene, que pode atingir até 2m de altura. As frondes (folhas dos fetos) são de contorno triangular, coriáceas e com um pecíolo largo; Os soros são lineares e situam-se na margem das pise bem que muitas poucas são as vezes que se observam frondes férteis. Tem um rizoma de cor negro, serpenteante, às vezes muito profundo, com a que pode colonizar grandes extensões de terreno mediante a reprodução vegetativa. Pecíolo largo, limbo dividido em segmentos até terceira ou quar-ta ordem. Os Esporangios aparecem no interior da margem, enrolado dentro dos segmentos. O ciclo reprodutivo comum a todos os fetos realiza-se em 2 fases. É surpreendente ver surgir na Primavera ao nível do solo os tenros rebentos em báculo e admirar a sua transformação em poucas semanas em feixes admiráveis frondes. Seria difícil de imaginar que as filas paralelas com manchas azuladas e salientes, visíveis em cada uma das divisões das folhas, são os reservatórios de esporos sobre os quais se apoia todo o futuro da planta. Efectivamente, no fim de Ve-rão, a membrana dos esporângios abre-se, espalhan-do milhares de esporos pelo solo. Se as condições são propícias, o esporo germina, dando uma plântula portadora de elementos sexuais aptos a dar origem a um futuro feto. Floração de Março a Setembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e in-cultos, matagais, matos, orlas e clareiras florestais, em solos frescos e ácidos.

Distribuição geral: Hemisfério N e outras zonas do planeta; por toda a Europa, e por quase toda a Penín-sula Ibérica.

Partes da planta utilizadas: A planta inteira.

Curiosidades e usos tradicionais: Como comentou Dioscórides no séc. I d.C., “ a sábia natureza deu-lhes a semente (os esporos) nas folhas”. Desconhece-se o emprego do feto-comum na medici-na alternativa. Em Maiorca, o feiteiro é muito famoso. A fé dos maiorquinos neste feto deve-se à devoção da Virgem, que é tão grande que, por si só já se pode considerar um remédio. Os romeiros vestem um fato com este feiteiro depois de uma visita ao santuário da virgem. Os maiorquinos utilizam um punhado desta planta, para 0,5 litros de água (tisana) com a finalidade de desaparecer os desequilíbrios momen-tâneos, os excessos menstruais, o coração acelerado e uma infinidade de outros sintomas, que têm a sua origem no “sangue excessivamente carregado”. É uma crença que parece estender-se pelos arredores, talvez por serem terras secas e calcárias, o feiteiro aqui é uma planta rara.

1Precauções: O feiteiro é tóxico, sendo utilizado em pescarias ilegais para atrair o peixe.

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58 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 59Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Cachapirro

Outros nomes vulgares: Carrapeteiro; Carapeteiro; Catapereiro; Escalheiro-manso; Escalheiro-preto; Pe-reira-brava; Pereiro-bravo.

Pyrus bourgaeana Decne

Família: Rosaceae.

Sinónimos: Pyrus communis L. subsp. communis var. longipetiolata P. Cout. ;Pyrus communis L. var. longipetiolata P. Cout.; Pyrus communis L. subsp. communis var. subrotundata P. Cout.

Descrição: Arbusto ou pequena árvore caducifólia, que pode atingir até 10 m de altura. Ramos inferiores espinescentes, raminhos cinzentos, glabros e ligei-ramente brilhantes. Folhas 2-4 cm, geralmente ova-das, por vezes quase cordadas, margens crenadas, pubescentes quando jovens, glabras ou papilosas na página inferior quando maturas. Flores desabro-chando com as folhas. Cálice persistente, sépalas 5-7 mucronadas, pétalas brancas, obovado-acunheadas. Fruto (pomo), piriformes a globoso, de amarelo-mate a quase castanho na maturação no verão, pedicelo grosso. Floração de Março a Maio.

Habitat/local de recolha: Matos e sítios ruderaliza-dos; geralmente pode ser encontrada junto de linhas de água torrenciais ou em encostas, preferindo solos frescos e com humidade.

Distribuição geral: Nordeste, centro Oeste, centro Norte, centro Este, centro Sul e Sul. Península Ibérica (Portugal e Oeste de Espanha), Noroeste de África (Marrocos).

Partes da planta utilizadas: Os frutos.

Curiosidades e usos tradicionais: Os seus peque-nos frutos são amargos, mas podem ser usadas em compotas. Esta espécie tem grande valor genético podendo ser utilizada como porta-enxertos de perei-ras cultivadas. É uma espécie do mesmo género que a pereira, mas não se deve confundir.

Serralha

Outros nomes vulgares: Serralha-macia-de-folha-alongada.

Sonchus tenerrimus L.

Família: Asteraceae (Compositae).

Sinónimos: Sonchus tenerrimus L. for. glandulosus (Lange) P. Cout.

Descrição: Neste género temos plantas lenhosas na base, de caules geralmente solitários e ramosos. As folhas são denticuladas a penatissectas, inseridas de forma alterna, frequentemente espinhosas e as caulinares amplexicaules. As flores dispõem-se em capítulos reunidos em cimeira, raras vezes solitários, multifloros, com invólucro gomiloso-cónico ou sub-cilíndrico de brácteas trisseriadas e imbricadas. O receptáculo é plano ou convexo sem brácteas inter-florais. As flores são liguladas e de cor amarela. As cipselas são comprimidas, atenuadas nas duas ex-tremidades, com uma a quatro costas em cada face, não rostradas. O papilho é dimorfo, constituido por pêlos ásperos, solitários e caducos e por pêlos mais macios, fasciculados e mais ou menos persistentes. Floração de Abril a Outubro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e ru-deral, muros e zonas rochosas.

Distribuição geral: Por toda a Europa meridional.

Usos e virtudes medicinais: Planta comestível, sendo utilizada a planta fresca e as sumidades flori-das. As folhas cruas são utilizadas em saladas.

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60 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 61Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Sobreiro

Outros nomes vulgares: Chaparreiro; Chaparro; So-vereiro; Sôbro; Sôvero.

Quercus suber L.

Família: Fagaceae.

Descrição Botânica: Árvore de copa ampla algo irre-gular, que pode atingir até 25m de altura. Ritidoma suberoso, grosso e gretado, cinzento-escuro a quase negro, revelando-se liso e amarelado ou averme-lhados nos troncos e ramos descortiçados. Ramos principais baixos, sólidos e torcidos, raminhos ver-de-acinzentados e tomentosos. Folhas persistentes, ovadas, verde-escuras e glabrescentes na página superior, densamente cinzento-tomentosas na pági-na inferior, normalmente denticuladas. O fruto é um aquénio castanho-avermelhado na maturação a qual é anual e preso por um pedúnculo frutífero rígido e tomentoso, possui uma cúpula com as escamas infe-riores ovado-triangulares, curtas, imbricadas e mais ou menos aplicadas. Floração de Março a Junho, mais raramente nos restantes meses. Maturação dos fru-tos Setembro a Janeiro.

Habitat/local de recolha: Forma bosques de uma extensão considerável, em substratos silíciosos, pre-ferencialmente soltos e permeáveis.

Distribuição geral: Região mediterrânica Ocidental, quadrante SW Península Ibérica. Frequente por todas as regiões de Portugal Continental, com particular incidência a sul do Rio Tejo (Alentejo e Algarve).

Partes da planta utilizadas: A casca e os frutos (bo-lotas).

Curiosidades e usos tradicionais: A humilde bolota torna-se um alimento muito agradável para aqueles que ainda não têm o paladar deformado pelos arti-ficiais e sofisticados sabores da cozinha moderna. Durante séculos, as bolotas foram um alimento bá-sico dos povos de grande força física, como aqui, na Península. Tanto na Estremadura como no Alentejo, existem umas bolotas doces, ainda mais saborosas do que as castanhas e que também como estas se podem comer assadas. A casca de todas as árvores do género Quercus, é muito rica em taninos, são adstringentes, isto é, secam as mucosas inflamadas e precipitam ou coagulam as proteínas dos tecidos animais. É precisamente nisto que se baseia o seu

emprego como agentes curtidores, porque secam a pele dos animais e transformam-na em couro. À es-cala industrial, utiliza-se a cortiça para a produção de rolhas e de outros materiais. As suas bolotas (fruto) são muito importantes para a alimentação do gado, particularmente do porco.

Usos e virtudes medicinais: Em uso externo utili-za-se uma decocção (60-80g, a que corresponde a 4 colheradas de cortiça) triturada num litro de água; deixar ferver durante 10 minutos, filtrar e aplicar lo-calmente sobre a zona afectada, nas seguintes situ-ações: para as frieiras, irrigações vaginais, lavagens oculares e músculos ou articulações doridas.

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60 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 61Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Saramago

Outros nomes vulgares: Cabrestos; Ineixa; Labrês-to-branco; Rábão; Rábão-bravo; Rábão-silvestre; Saramago-de-fruto-articulado; Saramago-de-fruto-grosso

Raphanus raphanistrum L.

Família: Brassicaceae (Cruciferae)

Sinónimos: Raphanus microcarpus (Lange) Willk.; Raphanus raphanistrum subsp. microcarpus (Lange) Thell.; Raphanus raphanistrum subsp. microcarpus (Lange) P. Cout.

Descrição: Planta anual ou perene, com a raiz muito dividida e grossa. Os caules são erectos, cobertos na base por pêlos compridos e rigidos, quase picantes, não muito densos, depois sem pêlos até ao ápice. As folhas são pecioladas e com pêlos, as basais arrose-tadas, com 2 a 8 pares de segmentos laterais, o ter-minal maior, quase orbicular; as caulinares superio-res inteiras e lineares. As inflorescências são cachos com 10 a 25 (raramente até 40) flores. Corola com 4 pétalas de unha comprida dispostas em cruz, bran-co-amareladas com nervação violácea. Cálice com 4 sépalas, erectas, livres, dispostas em 2 verticilos, as externas gibosas na base. O fruto (bilomento) é seco e alongado, ascendente, recto ou curvo. Floração de Abril a Novembro.

Habitat/local de recolha: Campos cultivados, sea-ras, incultos, pousios e entulhos.

Distribuição geral: Frequente por quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: A raiz fresca.

Curiosidades e usos tradicionais: Nalguns lugares, não se come só a raiz mas também as folhas, que têm um agradável sabor picante. As sementes con-têm um alcalóide, a sinalbina, que pela acção da en-zima que o acompanha, se transforma em essência de mostarda. É considerada venenosa para o gado.

Usos e virtudes medicinais: Pode comer-se crua em saladas. Bebe-se o sumo fresco do tubérculo bebe-se 3 vezes ao dia, antes da refeição, para o tratamento de afecções hepatobiliares. Também é utilizada em problemas dispépticos, especialmente relacionados com disquinésia biliar e nas afecções bronquicas. Possui ainda propriedades aperitivas e diuréticas.

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62 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 63Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Azedinhas

Outros nomes vulgares: Acetosela; Azeda-dos-noivos; Azeda-dos-ovinos; Azeda-mansa; Azedinha; Erva-azeda; Língua-de-andorinha.

Rumex acetosella L. (Murb.) Murb. Ssp. angiocarpusFamília: Polygonaceae

Sinónimos: Rumex angiocarpus Murb. var. angiocar-pus; Rumex angiocarpus Murb. var. australis (Willk.) Rothm et P. Silva

Descrição Botânica: Planta perene com 5 a 45 cm de comprimento, raramente 80 cm, verde ou glauca, às vezes de cepa um pouco lenhosa. Possui um rizoma bem desenvolvido, às vezes estolhoso. As folhas são de lineares a ovadas, raramente quase orbiculares; são hastadas ou sagitadas, excepcionalmente acu-nheadas ou arredondadas na base. Possui lóbulos basais geralmente divergentes, inteiros, raramente bifurcados e muito excepcionalmente multífidos (di-vididos aproximadamente até meio). O pecíolo tem de comprimento 4, raramente 12, cm. A inflorescên-cia é constituída por ramos simples ou é ramosa e os verticilos possuem entre 6 a 10 flores. Valvas com o mesmo comprimento do que o aquénio (fruto), unidas de forma nítida ao pericarpo ou, às vezes, parcialmente livres em alguns frutos; frequentemen-te papilosas; livres em formas anormais ou quando aborta o aquénio. Floração de Março a Junho.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, in-cultos e ruderal. Infestante de culturas herbáceas e culturas arbóreas, de pardos, pastos e ambientes húmidos. Pastos secos de lugares abertos, em ter-renos silícios, geralmente arenosos. Raras vezes em lugares húmidos.

Distribuição geral: Frequente em todas as provín-cias de Portugal Continental. C e SW da Europa e N de África. Por toda a Península Ibérica.

Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta.

Usos e virtudes medicinais: Para além de ser utili-zado como legume nas saladas, a azedinha é usada como laxativo, depurativo, inflamações cutâneas, em inflamações do aparelho respiratório e em res-friados e gripe. Externamente tem sido usada para o tratamento de erupções cutâneas e de úlceras supu-rantes, sobretudo pela aplicação do suco fresco da azedinha, que actua de forma semelhante ao sumo de limão.

1Precauções: Dose não terapêuticas podem origi-nar intoxicação oxálica (nauseas, vómitos, espamos gastrointestinais;) este tipo de intoxicação ocorre também quando se ingerem grande quantidades de folhas em saladas.

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62 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 63Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Labaça-sinuada

Outros nomes vulgares: Coenha.

Rumex pulcher (De Not) Arcangeli, Comp. F. I. ssp. Woodsii

Família: Polygonaceae.

Sinónimos: Rumex pulcher L. subsp. divaricatus (L.) Murb.

Descrição Botânica: Planta herbácea da família das poligonáceas, glabra e pubescente. Caule erecto e ramificado na base com folhas alternas e flores pe-quenas, verdes e dispostas em verticilos. São carac-terísticas, as folhas basais, que se dispõem em forma de roseta e têm um contorno que lembra a forma de una guitarra, estas folhas desaparecem no momento da floração e da frutificação. As folhas caulinares não têm esta forma tão marcada. O fruto é um aquénio, provido de uma só semente. Os frutos aparentam uma noz muito nutritiva. Infestante de culturas her-báceas e culturas arbóreas, de prados, pastagens e lugares húmidos. Floração de Junho a Agosto.

Híbridos: R. x muretii Hausskn. (Rumex pulcher x R. conglomeratus)R. x pseudopulcher Hausskn. (Rumex pulcher x R. crispus

Habitat/Local de recolha: Terrenos incultos, culti-vados e ruderais, margens de caminhos, prados e ervados.

Distribuição geral: C e W da Europa e W da Ásia; toda a Península Ibérica e Baleares.

Partes da planta utilizadas: As folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: As plantas deste género podem servir para tinturas (cinzentas escuras) que se obtêm das raízes, não necessitam de substância fixadora de cor. Chamam-lhe “espécie tintureira”.

Usos e virtudes medicinais: A planta contém níveis muito elevados do ácido oxálico, que dá às folhas sa-bor, sendo usada por isso, como condimento. A raiz é ligeiramente adstringente, diurética e aperitiva.

1Precauções: Em grandes quantidades, as folhas não devem ser comidas, em quantidades pequenas sim. O teor de ácido oxálico será reduzido se a plan-ta for cozinhada.

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64 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 65Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Silva

Outros nomes vulgares: Amoras-silvestres; Silveira; Silva-brava; Silvado-bravo; Sarça.

Rubus hulmifolius Schott.

Família: Rosaceae.

Sínónimos: Rubus amoenus Portenschal.; Rubus thyrsoideus Wimmer subsp. phyllostachys auct. lu-sit.; Rubus ulmifolius Schott f. var. ulmifolius for. Ulmifolius; Rubus ulmifolius Schott f. var. ulmifolius for. cuneatus (Boulay et Bouv.) P. Cout.

Descrição: Subarbusto espinhoso, vivaz, sarmento-so e aculeado, que pode atingir até 2 m de altura. Rebentos (turiões) erectos. Folhas estipuladas, com 3, 5 ou 7 folíolos, serrados, peciolados, por vezes esbranquiçados na página inferior. Flores brancas ou cor-de-rosa em cachos alongados ou piramidais, inodoras, 5 sépalas, 5 pétalas enrugadas, numerosos estames e carpelos. Fruto globoso, composto de dru-péolas carnudas, preto-azuladas, comprimidas sobre um receptáculo (amora). Sabor adocicado e levemen-te adstringente. Conhecem-se mais de 100 espécies diferentes e mais de 1000 variedades e híbridos. Floração de Maio a Agosto.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, matos, matagais e sítios ruderalizados.

Distribuição geral: Cria-se em zonas montanhosas e de clima temperado na Europa e no Continente Americano.

Partes da planta utilizadas: As flores em botão, fo-lhas (antes da floração), turiões e os frutos.

Curiosidades e usos tradicionais: Dioscórides já re-comendava as folhas da silva para o tratamento das hemorróidas. Os seus frutos têm sido usados desde a antiguidade na alimentação humana, quer em fres-co, quer em compotas e constituem uma excelente guloseima natural para as crianças. Da infusão das folhas misturadas com as do framboeseiro obtém-se uma infusão deliciosa.

Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma decoc-ção (30-50g de brotos tenros e/ou folhas para 1litro de água, 3 chávenas diariamente) para afecções bu-cofaríngeas; o sumo de amoras é tomado fresco três vezes por dia para doenças febris; os brotos podem comer-se directamente. Externamente, em cataplasmas com folhas esmagadas num almofariz, aplicam-se sobre a pele afectada, no tratamento de úlceras da pele e furúncu-los. Decocção mais concentrada (50-80g de brotos e folhas, para 1litro de água), aplica-se localmente em banhos de assento ou compressas, para desinflamar e evitar que as hemorróidas sangrem. É utilizada em doenças febris, diarreias, gastrenterites e colites. Pode ser utilizado como loção para o rosto ou em gargejos para as doenças da boca. Propriedades ads-tringentes e hemostáticos, tonificantes, depurativas e diuréticas.

1Precauções: Todas as preparações com a silva devem ser cuidadosamente filtradas para eliminar os espinhos, mesmo para uso externo.

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64 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 65Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Arrudão

Outros nomes vulgares: Arruda; Rudão; Ruda.

Ruta montana L.

Família: Rutaceae.

Sinónimos: Ruta montana Clus.; Ruta montana Millar; Ruta montana Loefl.; Ruta tenuifolia Brot.

Descrição: Planta herbácea que pode atingir até 1 metro de altura. As folhas de cor verde vivo, estão di-vididas em vincados segmentos lineares. O pedicelo é mais curto que a cápsula. As flores são pequenas de cor verde-amareladas e agrupam-se em umbelas. Floração de Maio a Agosto. A arruda possui um chei-ro peculiar e um sabor desagradável.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, aparece nas ladeiras e matagais.

Distribuição geral: SW de Europa, estando muito lo-calizada no C e E da região mediterrânica. Frequente em quase toda a Península Ibérica.

Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta a as folhas tenras.

Curiosidades e usos tradicionais: Uma crença po-pular, remontando aos tempos coloniais, dita que os homens usavam um pequeno galho de folhas desta planta, por cima de uma orelha, ou que, um galho das mesmas seja posto em casa, para espantar maus espíritos. A arruda é por excelência a planta guardiã das casas, uma vez que a sua utilização protege as casas do “mau olhado” ou “ mal de inveja”. É usada ainda em defumações para esse mesmo fim. Durante a Idade Média, cultivava-se sobretudo nos claustros dos conventos por ser anti-afrodisíaca. Usada como repelente de ratos e toupeiras.

Usos e virtudes medicinais: Internamente, utilizam-se infusões em casos de amenorreia (falta de mens-truação) desde que se tenha a certeza de não ter sido motivada por uma gravidez, também se recomenda para casos de varizes. Externamente pode usar-se em compressas, aplicada localmente para doenças da pele (sarna, psoríase e eczemas) e para acalmar dores reu-máticas. Tem propriedades antiespasmódicas e anti-sépticas, anti-hemorrágicas, anti-reumáticas, tónicas e emenagogas.

1Precauções: Em doses elevadas a arruda é abor-tiva e tóxica, pelo que é contra-indicada durante a gravidez. O contacto da planta com a pele pode pro-vocar reacções alérgicas.

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66 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 67Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Pimpinela-menor

Outros nomes vulgares: Pampinela; Pimpinela-hor-tense; Pimpinela-menor; Tintinela; Tentinela.

Sanguisorba minor ssp. Magndii (Spach) Couti-nho

Família: Rosaceae.

Sinónimos: Sanguisorba minor Scop. subsp. dictyo-carpa (Sapch ex Rouy et É.G. Camus) P. Cout.

Descrição: Planta de 20 a 70 cm, herbácea, por vezes com a cepa lenhosa, por vezes prostrada ou ascendente. Os caules férteis são geralmente robus-tos, ramificados, com pêlos pluricelulares, mais ou menos densos, ou alguns são unicelulares, ou am-bos alternadamente, muito raramente sem pêlos. As folhas basais com 9 a 25 folíolos, sendo estes mais ou menos pecíolados, aproximadamente orbiculares, ovados ou elípticos, em forma de cunha, arredonda-dos ou em forma de coração na base. Os glomérulos são aproximadamente globosos a ovóides ou elipsói-de, em grande número, dispostos em panículas não densas, sendo os laterais pedunculados. As flores femininas encontram-se no ápice do glomérulo e as hermafroditas na base. As sépalas são esverdeadas. Os aquénios são 2 ou 3. Floração de Abril a Agosto.

Habitat/local de recolha: matagais, relvados hú-midos e sítios ruderalizados. Arrelvados, lameiros, margens de caminhos, pinhais, pousios.

Distribuição geral: Frequente por quase todo o país, até aos 1800 m de altitude.

Partes da planta utilizadas: A planta inteira.

Curiosidades e usos tradicionais: A pimpinela foi desde sempre alvo de muita confusão devido em parte às sucessivas designações que lhe foram atri-buídas com o decorrer dos séculos. Os Romanos já denominavam a Pimpinela, em alusão ao seu papel condimentar, de “piper”, pimenta, mais tarde Lineu reclacificou-a. As folhas são ricas em vitamina C.

Usos e virtudes medicinais: Em uso interno, pode comer-se os brotos crus em saladas. Preparar uma decocção da raiz (50-100g.) para um litro de água, para o tratamento de disenteria, gastrites e diarreias, facilita a digestão. Externamente, a decocção e tintu-ra é usada internamente para o tratamento de úlce-ras da pele e feridas. Esta planta possui propriedades adstringentes, vulnerárias, digestivas e diuréticas.

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66 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 67Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Erva-saboeira

Outros nomes vulgares: Saboeira; Saboneira; Sapo-nária.

Saponaria officinalis L.

Família: Caryophyllaceae.

Descrição: Planta perene, sem pêlos e com raiz sub-lenhosa. As folhas são lanceoladas, mais ou menos obtusas, com três (mais raramente cinco) nervos paralelos e bem marcados. As folhas superiores são mais pequenas. As inflorescências são cimeiras co-rimbiformes densas reunidas em panícula oblonga. O cálice é verde ou avermelhado e truncado na base. As pétalas são obovadas, inteiras ou emarginadas, rosadas ou esbranquiçadas. O fruto é uma cápsula cilíndrica e inclusa. Floração de Junho a Setembro.

Habitat/local de recolha: Solos húmidos, arenosos ou removidos, margens de campos de linhas de água (galerias ripícolas).

Distribuição geral: Frequente no Norte e Centro

Partes da planta utilizadas: Toda a planta, caule fo-lhoso (antes da floração), rizoma (outono) e raiz.

Curiosidades e usos tradicionais: Outrora, as lava-deiras recorriam a esta planta para lavar e desengor-durar os tecidos e particularmente a lã. É usada ha-bitualmente para fazer sabão e champô, ou seja para o cuidado da pele e cabelo. Diz-se que uma água obtida por decocção da planta, constitui um óptimo champô indicado para os cabelos frágeis. Dioscóri-des afirmou que as raízes da planta eram diuréticas e expectorantes e que a mesma era tomada para tratar a tosse, asma e problemas de fígado.

Usos e virtudes medicinais: Externamente utilizam-se loções e decocção (30g por litro de água, prepara-dos com folhas e raízes cortadas às rodelas)são usu-almente utilizadas para o tratamento de eczemas e erupções da pele e lavagem do cabelo. Internamente, é usada como expectorante, pela capacidade que tem de fluidificar as secreções bronquiais.

1Precauções: Não exceder as doses recomendadas internamente, pode provocar intoxicações. A saboei-ra é potencialmente tóxica, pelo que tem sido subs-tutuída por outras plantas mais seguras. Só deve ser

tomada sob a vigilância médica.

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68 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 69Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Erva-moira

Outros nomes vulgares: Erva-moira-da-baga-preta; Erva-moira-mortal; Erva-moira-negra; Erva-moira-sem-pêlos; Erva-moura; Erva-nociva; Erva-santa; Fona-de-porca; Solano; Tomateiro-bravo; Tomateiro-do-diabo.

Solanum nigrum L.

Família: Solanaceae.

Descrição: Planta herbácea que renova a sua parte aérea anualmente ou bienalmente, raramente deixa passar mais de 2 anos. Pode atingir entre os 20 e os 60 cm de altura e possui pêlos simples. Tem caules ligeiramente lenhosos na base, com ramos angulosos e quase alados, lisos ou ásperos. As folhas são ova-das ou romboidais, possuem as margens quase sem recortes ou ligeiramente dentadas, são pecioladas e dispõem-se alternadamente. As inflorescências são cimeiras com 4 a 10 flores brancas e pedunculadas. O cálice é formado por 5 lóbulos geralmente ovados. Androceu com 5 estames de filamentos curtos, que nascem na base do tubo. As anteras são amarelas e encontram-se mais ou menos unidas a rodear o estilete. O fruto é uma pequena baga amarela-esver-deada, inicialmente, que se torna negra aquando da maturação e que encerra em si numerosas sementes. Floração de Março a Novembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, entu-lhos, campos incultos, vinhas, hortas, pomares.

Distribuição geral: Comum nas zonas temperadas da América e da Europa. Frequente em quase todo o País.

Partes da planta utilizadas: Os caules e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: Foi introduzi-da na Europa pelos espanhóis. Pertence à mesma família da batateira. Contêm nas folhas o mesmo alcalóide (salonina), que actua intensamente sobre o sistema nervoso, produzindo relaxamento muscular. A sua concentração é tanto maior quanto mais quen-te for o clima onde esta se desenvolve. É uma planta originária do Novo Mundo, onde os antigos indíge-nas mexicanos lhe chamavam “chichiquilitl”, sendo utilizada na medicina popular.

Usos e virtudes medicinais: Planta usada exclusiva-mente em uso externo, aplica-se por meio de loções, obtidas através do sumo fresco das folhas e dos cau-les; em compressas, empapadas no mesmo sumo e/ou através de cataplasmas com as folhas esmagadas, para alívio do prurido (comichão) do aparelho genital e como calmante em caso de sarna e herpes. A erva-moura tem efeitos calmantes e analgésicos quando tomada nas devidas condições e apenas, segundo prescrição médica.

1Precauções: Trata-se de uma planta muito tóxica, que apenas perde uma grande parte desta toxicidade quando é fervida. As bagas têm um sabor doce mas são tóxicas, pelo que não devem estar ao alcance das crianças.

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68 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 69Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Canafrecha

Outros nomes vulgares: Canavoura; Tápsia; Tápsia-peluda.

Thapsia villosa L. var. villosa.

Família: Apiaceae (Umbelliferae).

Sinónimos: Thapsia villosa L. var. angustifolia Brot.; Thapsia villosa L. var. platyphyllos Franco et P. Silva

Descrição: Erva vivaz, com cerca de 0,70 a 1,90m. Os caules são robustos com cerca de 5 a 25 mm de diâmetro na base. As folhas basais com uma bainha muito desenvolvida, com pecíolo hirsuto ou viloso, às vezes com pêlos a crescerem contra este, raramente sem pêlos, esbranquiçado, amarelado ou esverde-ado, raramente púrpura, com o limbo de contorno que vai de triangular a deltóide, 1-3 penatissecto, com os segmentos oblongos, com divisões de últi-ma ordem de 8 a 32 mm (raramente 40) de largura – na var. villosa – ou de 1,5 a 3 mm – var. dissecta -, margem revoluta, às vezes só ligeiramente, crena-do ou dentado (dentes com um apículo espinhoso), grosso e hialino. A ráquis é densamente vilosa ou hirsuta, página superior hirta ou vilosa, raramente glabrescente, de cor verde-claro ou escuro e a página inferior grisácea, glauca ou esverdeada. As umbelas apresentam entre 9 a 29 raios, raramente menos, de aproximadamente hemisféri-cas a globosas. Brácteas inexistentes, raramente 1 ou 3, lanceoladas. As umbélulas com uma forma de hemisféricas a globosas, sem bractéolas (raramente com 1 ou 2 lanceoladas), com 18 a 43 flores (raras vezes até 115). Pétalas obovadas com uma cor ama-relo intenso. Os frutos são elípticos, mais ou menos oblongos, com a parte seminífera de cinzenta a cas-tanho e asas de amarelas a castanho claro. É uma umbelifera herbácea que renova todos os anos as suas folhas após o verão. Floração de Março a Julho.

Habitat/local de recolha: Matos e terrenos incultos, abundante nas beiras dos caminhos. Sítios soalhei-ros e descampados.

Distribuição geral: S França, Península Ibérica e NW África. Muito frequente em todo o país, nas regiões de clima mais mediterrâneo.

Partes da planta utilizadas: A raiz.

Usos e virtudes medicinais: Sabe-se muito pouco da composição desta planta. Alguns dados referem o uso da casca da raíz no tratamento da sarna.

1Precauções: Possui propriedades purgantes e vo-mitivas, pelo que não se recomenda a sua utilização por apresentar um certo grau de toxicidade.

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70 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 71Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Bela-luz

Outros nomes vulgares: Bela-luz; Sal-puro; Tomi-lho-alvadio-do-Algarve; Tomilho-vulgar.

Thymus mastichina L.

Família: Lamiaceae (Labiatae).

Descrição: Pequena planta lenhosa muito aromáti-ca, que pode atingir até 50 cm de altura. Os caules jovens têm uma tonalidade avermelhada. As folhas são ovalado-lanceoladas; As jovens um pouco pubes-centes. As flores são de cor brancas e dispõem-se em densos glomérulos mais o menos cilíndricos. Plantas altas, com folhas lanceoladas, que se caracterizam principalmente por apresentar unas inflorescências densas, mais ou menos esféricas, e cálices com todos os dentes quase iguais, plumosos. Preferen-cialmente sobre solos de natureza ácida, gosta de colonizar terrenos soltos, mais ou menos arenosos, podendo encontrar-se também, raramente, sobre so-los pedregosos. Floração de Março a Agosto.

Habitat/local de recolha: Taludes, terrenos incul-tos, matos e matagais.

Distribuição geral: Mediterrânica e Ocidental. Ende-mismo Ibérico, cuja distribuição na Península Ibérica é praticamente continua. Frequente no nosso país.

Partes da planta utilizadas: A planta inteira, as fo-lhas e/ou sumidades floridas.

Curiosidades e usos tradicionais: Tradicionalmen-te usada com a erva-caril e o rosmaninho nas foguei-ras de S. João. É uma planta aromática, medicinal, comestível utilizada para temperar saladas de vege-tais, molhos, peixes, verduras, carnes e azeitonas. As folhas podem pelo seu aroma, ser incluídas nas almofadas e saquinhos de cheiro e em pot-pourris. A folhagem de cores bonitas valorizam o jardim e enchem bem os canteiros.

Usos e virtudes medicinais: Poderoso anti-séptico e estimulante natural. Utiliza-se uma infusão (20-30g de sumidades floridas, por litro de água. Tomam-se 5 chávenas diárias). Adquire um efeito estimulante semelhante ao do café ou do chá, mas sem os seus inconvenientes. Propriedades calmantes, descon-gestionantes e outras propriedades comuns a outra espécies do género Thymus.

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70 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 71Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Abrolhos

Outros nomes vulgares: Abrolhos-terrestres; Abro-ma; Cabeça-de-gato; Espinho-do-diabo; Erva-dani-nha-do-diabo.

Tribulus terrestris L.

Família: Zygophyllaceae.

Descrição: Planta herbácea rasteira e perene ou anual em regiões de clima mais frio. Apresenta gran-de quantidade de espinhos, que aparecem até nos frutos. Ramos estendidos que podem atingir cerca de 50 cm, com folhas pequenas e opostas, podendo formar de 5 a 8 pares de folhas. Na primavera e no verão, a planta produz flores amarelas, com cinco pétalas. Os frutos, que contém de 4 a 5 sementes. Estas sementes são muito duras e cada uma delas tem duas pontas muito afiadas, semelhantes a chi-fres, que além de machucar os pés quando pisadas podem até furar pneus de bicicleta. Floração de Ju-nho a Setembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, em lo-cais secos e soalheiros.

Partes da planta utilizadas: As folhas e os frutos.

Curiosidades e usos tradicionais: As sementes já foram usadas como armas mortais na África do Sul. Eram impregnadas com o suco venenoso da Acokan-thera, planta sul-africana rica num um glicosídeo considerado cardiotóxico. Na Grécia Antiga, era comum o uso dos frutos secos da Tribulus terrestris como um laxante suave e um tónico geral. Na China, era muito utilizada para tratar problemas do fígado e como remédio cardiovascular, além de eliminar dores de cabeça e exaustão nervosa. O uso popu-lar relata o sucesso no tratamento de infertilidade nas mulheres, impotência ou disfunção eréctil nos homens e aumento da libido em ambos os sexos. Estes dados levaram à realização de vários estudos científicos por todo o mundo.

Usos e virtudes medicinais: Actualmente está quase em deduso. Popularmente usa-se para o trata-mento das litiases urinárias e na hipertensão arterial. Topicamente usa-se em feridas, estomatites e farin-gites.

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72 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 73Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Pé-de-lebre

Outros nomes vulgares: Trevo-branco.

Trifolium arvense L.

Família: Leguminosae.

Sinónimos: Trifolium arvense L. subsp. arvense

Descrição: Erva anual ou bianual, que pode atingir até 40 cm de altura, bastante ramosa. Folhas estrei-tas composta por 3 folíolos. As folhas são trifoliadas, com os folíolos oblongo-lineares, chanfrados; estí-pulas acuminadas ou setiformes. Flores brancas ou rosadas, dispostas em capítulos terminais e axilares, pedunculados, ovóides ou quase cilíndricos, de 8 a 20mm de comprimento; corola menor que o cálice, papilionácea de cor rosada ou branca. O fruto é um legume membranoso com uma só semente de cor amarela-esverdeada; cálice com os segmentos plu-mosos; Como a maioria de legumes. É pastada por carneiros e por cabras. É uma espécie invasiva para algumas áreas. O trevo do pé-de-lebre e outros tre-vos são membros da família das leguminosas ou da ervilha. Um traço comum na família das Legumino-sas é um relacionamento simbiótico com um tipo de bactérias sabidas como o Rhizobium. Cada espécie tem-no. Floração de Abril a Setembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, incultos e locais ruderalizados, sobre solos secos habitualmente. Prefere solos arenosos, ácidos ou alcalinos.

Distribuição geral: Nativa de zonas frias e tempe-radas da Europa e Oeste Asiático. Toda a Península Ibérica.

Partes da planta utilizadas: As flores.

Usos e virtudes medicinais: Usa-se externamente e emprega-se em banhos e compressas, para infecções da pele. Propriedades anti-inflamatórias, antidiarrei-cas, vulnerárias, estomáquicas e anti-inflamatórias.

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72 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 73Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Trevo-comum

Outros nomes vulgares: Trevo dos prados; Trevo ribeiro; Trevo roxo; Trevo violeta; Pé-de-lebre.

Trifolium pratense L.

Família: Fabaceae (leguminosae)

Descrição: Planta herbácea, com caules cespitosos, isto é, formam tufos na base e com 5 a 100 cm de altura. Ascendente ou erecta, com ou sem pêlos. As folhas, são trifoliadas, com os folíolos inteiros de forma oval e maculados de branco. As flores são geralmente purpúreo-avermelhadas ou rosadas, e agrupam-se em capítulos esféricos ou ovais, solitá-rios ou geminados, involucrados e geralmente sés-seis. O fruto é uma vagem com deiscência circular. Capítulos florais são de um tom vermelho-violáceo. A floração de Maio a Outubro.

Habitat/local de recolha: Sítios húmidos e ruderais, prados e pastagens bem drenadas. Também cultiva-do como forragem. Relvados húmidos e ruderais.

Distribuição geral: Planta vulgar em quase todo o país. Especialmente de solo calcário, da Europa e da América do Norte.

Partes da planta utilizadas: As flores e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: A mancha bran-ca que as folhas do trevo apresentam, fez pensar, que esta planta deveria ser util para tratar cataratas. Actualmente já são conhecidas as suas verdadeiras aplicações e não está demonstrado que seja útil para as cataratas.

Uso e virtudes medicinais: Prevenção e tratamento dos sintomas associados a climatério (sufocos, pre-venção de osteoporose e problemas coronários pós-menopausicos). Popularmente é também usada em situações de catarro, bronquite, faringite, dermatites e feridas.

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74 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 75Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Verbasco

Outros nomes vulgares: Barbaco; Barbasco; Cáçamo; Cálcimo; Erva-de-são-fiacre; Trócolos-brancos; Vela-de-nossa-senhora.

Verbascum thapsus L. ssp. Crassifolium (Lam.) Murb.

Família: Scrophulariaceae.

Sinónimos: Verbascum simplex Hoffgg. et Link. ; Verbas-cum simplex Hoffgg. et Link. var. majus Hoffgg. et Link. ; Verbascum thapsus L. subsp. crassifolium (Lam) Murb.; Verbascum thapsus L. subsp. crassifolium P. Cout. var pseudothapsiforme (Rafin.) Rouy

Descrição: É uma planta de consistência herbácea que pode viver 2 a 3 anos ou mais. De forma quase arro-setada, tem cerca de 30 a 250 cm de comprimento e é mais ou menos densamente acinzentada ou esbranqui-çada-tomentosa. As suas folhas basilares são elípticas a obovado-oblonga, são obtusas, inteiras ou miudamente crenuladas. As folhas caulinares são distais decorrentes. A inflorescência é geralmente simples, com brácteas ovadas a lanceoladas e acuminadas. Os pedicelos encon-tram-se parcialmente adornados à ráquis da inflorescên-cia. O cálice é constituído por lobos lanceolados. A corola é amarela e possui 5 estames, os superiores com filetes vilosos, os inferiores com filetes nus a vilosos; as anteras são decurrentes e os pêlos dos filetes brancos; o estigma é capitado. O fruto é uma cápsula que pode ser de ovóide a elipsóide. Flores de cheiro agradável.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos e pedrego-sos e margens de caminhos, clareiras de bosques e nas bordaduras de campos cultivados.

Distribuição geral: Frequente em todo o país.

Partes da planta utilizadas: As folhas e flores (Junho a Setembro).

Curiosidades e usos tradicionais: O nome genérico Ver-bascum parece derivar da alteração do vocábulo latino “Barbascum” (barba), em alusão à pilosidade que cobre toda a planta. Durante a Antiguidade e a Idade Média acreditava-se que esta planta possuía propriedades má-gicas e protectoras contra os maus espíritos. A sua ave-ludada suavidade já lhe mereceu o qualificativo de “papel higiénico” silvestre.

Uso e virtudes medicinais: Utilizam-se infusões (20 a 30g de flores para um litro de água, tomam-se 3 a 4 chá-venas diárias, filtradas) para o tratamento de faringites, laringite, catarros brônquicos e asma. Alivia a tosse e faci-lita a expectoração. Em uso externo, decocção (60 a 80g de folhas e flores para um litro de água) em compressas ou cataplasmas, aplicadas sobre a zona da pele afectada, para o tratamento de furúnculos, queimaduras, frieiras e hemorróidas. Propriedades antitússicas, diuréticas, emo-lientes, antiespasmódicas e depurativas.

1Precauções: Coar todas as preparações com o verbas-co, para eliminar os estâmes que podem produzir tosse por irritação da faringe.

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74 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 75Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Videira

Outros nomes vulgares: Parreira; Vide; Videira-euro-peia; Cepa.

Vitis vinifera L.

Família: Vitidaceae.

Descrição: Liana, trepando por vezes, sobre árvores até 35 m, embora em cultura é geralmente reduzida a um arbusto com 1 a 3 m por podas anuais. Os cau-les são delgados, flexíveis e são revestidos por cascas destacáveis. As folhas são caducas, alternas, peciola-das, cordiformes, suborbiculares ou palmatilobadas, geralmente com 5 a 7 lobos irregularmente dentados e desprovidas de pêlos ou tomentosas; as gavinhas são ramificadas e opostas às folhas. As inflorescências encontram-se dispostas em panículas densas, opostas às folhas e aparecem na parte superior dos ramos no lugar das gavinhas. As flores são hermafroditas com pétalas verde-pálidas. Os frutos são bagas globosas ou elipsóides, doces, verdes, amarelas, vermelhas ou purpúreas e geralmente com 1 ou 2 sementes. As se-mentes são em forma de pêra. Cálice com a parte livre das sépalas rudimentar; corola com as pétalas aderen-tes pela extremidade, desprendendo-se em forma de capuz. A videira cultivada é aqui tratada como subspé-cie, mas é impossível acomodá-la a qualquer esquema taxonómico, uma vez que existe um grande número de plantas em cultura. A sua importância vem desde o iní-cio da humanidade (Adão e Eva).

Habitat/local de recolha: Planta cultivada para a pro-dução de uvas de mesa ou de uvas para a produção de vinho; por vezes subespontânea em sebes e bordadu-ras.

Distribuição geral: Planta cultivada em Portugal, por todo o território. É originária da região mediterrânica oriental e Ásia menor. Actualmente cosmopolita.

Partes da planta utilizadas: As folhas, a seiva, as ba-gas (uvas) e as sementes.

Curiosidades e usos tradicionais: “Vinho tomo-o nos cachos” dizia Louis Pasteur, o grande cientista francês do século XIX. Esta mensão diz respeito ás propriedades medicinais que estão na uva e nas folhas. A “cura da uva” ou “limpeza de sangue”, não é mais do que comer 1 a 3 Kg de uva madura como único alimento durante 3 dias. Elimina-se as toxinas e residuos metabólicos que impedem o normal funcionamento dos orgãos e tecidos. As grainhas, ricas em ácidos gordos poliinsaturados, empreganm-se em forma de óleo, no tratamento do excesso de colesterol.

Uso e virtudes medicinais: Utiliza-se uma decocção (40 a 50gr de folhas para um litro de água) para o trata-mento de afecções circulatórias venosas (hemorróidas, frieiras, varizes, pernas cansadas e inchadas) e para diarreias. Tanto as folhas como as sementes e o fruto possuem abundantes propriedades medicinais e cons-tituem um excelente alimento-medicamento natural. As uvas pretas actuam como protector vascular, devido às antocianinas que possuem; o mosto é indicado como bebida às pessoas com problemas cardíacos, renais hipertensão, gota, e em situações de febre e vómitos. O vinho é estimulante e energético, quando em doses moderadas; o vinho branco é mais diurético e o vinho tinto é mais adstringente. As folhas são utilizadas con-tra a diarreia. As que são da variedade denominada “dos tintureiros” exercem uma acção vitamínica P e são usadas em situações de alteração da circulação, mens-truação excessiva e no tratamento de hemorróides. O óleo das sementes é util no tratamento e prevenção da artériosclerose e hiperlipidemias.

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76 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 77Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Amoreira

Outros nomes vulgares: Amoreira-preta; Amoras-da-horta.

Morus nigra L.

Família: Moraceae.

Descrição: Árvore de folha caduca, com 10 a 15 m de altura, de copa ampla e difusa com ramos compridos e torcidos, tronco curto, rugoso com numerosas bos-sas. Ritidoma escuro de tom castanho-alaranjado lar-gamente gretado. Raminhos pubescentes, exumando látex quando cortada, de cor castanho-acinzentada. Gomos ovais, agudos, escamosos, castanho-púrpura brilhante. Folhas alternas, ovado-cordadas, dentadas ou lobadas, verde brilhantes e ásperas na página su-perior, mais claras e pubescentes na página inferior. Pecíolo robusto, pubescente. Inflorescências cilíndri-cas. Utilizada sobretudo como árvore decorativa, a amoreira aparece com frequência a ladear algumas das estradas transmontanas. Coexistem duas espé-cies: a amoreira-negra (morus-nigra) e a amoreira branca (morus-alba L.), que se distinguem sobretudo pela cor dos seus frutos: vermelhos a negros os da primeira, brancos, rosas ou violeta os da segunda. Podem chegar a ter no máximo de 10 a 15 m de altura. Todas as amoras são ricas em vitamina C e caracterizam-se por apresentarem uma forma típica, gerada a partir do agrupamento de vários e minúscu-los frutos que se unem formando uma polpa rica em água e açúcar. Floração em Abril ou Maio e a matura-ção dos frutos de Julho a Setembro.

Habitat/local de recolha: Ruderal. Cultivada na Eu-ropa. Cultivada pelos seus frutos.

Distribuição geral: Originária da China e Ásia me-nor, amplamente cultivada na Europa. As amoreiras foram, provavelmente, introduzidas na Europa por volta do século XVII, para a indústria da seda.

Partes da planta utilizadas: As folhas, os frutos, as raízes e a casca.

Curiosidades e usos tradicionais: Se a amoreira-branca é a preferida na criação do bicho-da-seda, que se alimenta das suas folhas, a amoreira-negra costu-ma ser utilizada para o consumo alimentar humano, pelo sabor mais pronunciado de seus frutos que são, também, mais volumosos. As amoras são geralmen-te consumidas ao natural. Podem ser utilizadas na preparação de tortas, gelados, compotas, geleias, doces cristalizados ou em massa, ou transformadas em vinhos, licores e xaropes.

Uso e virtudes medicinais: Infusão (15g de folhas frescas e/ou secas para um litro de água) usado para casos de hipertensão, diabetes e como diurética; a decocção (40g de casca e/ou raiz para meio litro de água) pode ser usada em bochechos, para dores de dentes e problemas digestivos. Externamente bo-chechar com o suco dos frutos, para inflamações da boca. A Cataplasma das folhas é utilizada para pro-blemas de pele como sejam eczemas, dermatoses e erupções cutâneas. Propriedades adstringentes, anti-inflamatórias, antioxidante, laxante, refres-cante, anti-séptica, calmante, depurativa, diurética, emoliente e expectorante.

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76 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 77Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Oliveira

Olea europaea L. var. sativa

Família: Oleaceae.

Descrição Botânica (Identificação): Árvore de gran-de porte que pode atingir até 15 m de altura, de grande longevidade, com copa larga e tronco grosso; frequentemente muito curto e nodoso. Ritidoma fi-namente fissurado, cinzento ou prateado. Raminhos roliços e cobertos de pequenas escamas prateadas. Folhas opostas, coriáceas, subsésseis, ovadas ou lanceoladas, verde-acinzentadas na página superior e esbranquiçadas na inferior. Flores numerosas, bissexuais ou polígamas, brancas, aromáticas, nas axilas das folhas. O fruto uma drupa suculenta, co-mestível, carnudos e oleosos, verde primeiro tornan-do-se negros na maturação. Floração de Maio a Julho. Frutificação de Setembro a Dezembro.

Habitat/local de recolha: Muito cultivada e também subesponânea.

Distribuição geral: Região mediterrânica.

Partes da planta utilizadas: As folhas e os frutos.

Curiosidades e usos tradicionais: A oliveira faz parte integral da cultura mediterrânica. Desde que a pomba enviada por Noé, para comprovar a descida das águas do dilúvio, regressou com um raminho de oliveira no bico, esta árvore transformou-se no símbolo da paz. Entre os judeus, o azeite era usado para ungir as pessoas que deviam consagrar-se a uma missão especial. E na época cristã converteu-se no símbolo do Espírito Santo. Antigamente, quando não existia grande variedade de produtos de beleza de que dispomos actualmente, o azeite era um dos cosméticos mais apreciados. Entre o antigo povo de Israel, como noutras culturas da área mediterrânea, era costume ungir a cabeça com azeite para embele-zar a pele e o cabelo. O azeite continua a ser a gordu-ra comestivel mais importante na dita popular do Sul da Europa. As azeitonas comem-se como aperitivo, na salada ou durante a refeição.

Usos e virtudes medicinais: A venerável oliveira é toda ela medicinal; as azeitonas são aperitivas e tónicas; o azeite é suavizante; colagogo (facilita o esvaziamento da bílis); redutor do colesterol. Este, quando se toma com fins medicinais, ingere-se em jejum ou antes das refeições, na quantidade de uma ou duas colheres de sopa. Externamente, o azeite é utilizado como loção ou pomada (unguento). Na for-ma de clísteres, bate-se o azeite com água quente, em partes iguais. As folhas fazem baixar a tensão arterial e a febre. O seu uso torna-se também muito recomendado no caso de arteriosclerose. Faz-se uma decocção com 40 a 50grs de folhas por litro de água. Ferve-se até que fique reduzida a metade. Tomam-se três chávenas por dia.

1Precauções: Não abusar das doses pois em excesso esta receita pode tornar-se tóxica.

Nota: Também de referir a oliveira brava ou zambujei-ro- Olea europeia L. Var. sylvetris, usada como porta en-xerto de cultivares e com mpropriedades semelhantes quanto aos seus usos medicinais.

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78 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 79Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

Cerdeira

Outros nomes vulgares: Cerejeira; Cerejeira-brava; Cereja (fruto).

Prunus avium L.

Família: Rosaceae.

Sinónimos: Cerasus avium (L.) Moench, Prunus avium (L.) L. var silvestris (Sér) Dierb.

Descrição: Geralmente um arbusto de folhagem caduca, por vezes uma pequena árvore arredondada que pode atingir até 8m de altura, mas com um tron-co mal definido e apresentando numerosos rebentos. Ritidoma castanho-avermelhado. Ramos horizontais, bastante desalinhados, raminhos glabros. Folhas de pecíolo comprido, elíptico-lanceoladas, duplamente serradas, mais ou menos peludas na página inferior; margens denticuladas, glabras e lustrosas por cima. As flores em umbelas de 2-6, pediceladas de corola branca; drupas de sabor doce, vermelhas escuras ou pálidas na maturação. Floração de Março a Maio.

Habitat/local de recolha: Matos e carvalhais. cultiva-da pelos seus frutos.

Distribuição geral: Quase toda a Europa. W Ásia e NW África. É cultivada em várias regiões do País.

Partes da planta utilizadas: Os frutos e os seus pe-dúnculos (pés).

Curiosidades e usos tradicionais: Cultivada pelos frutos usados principalmente para confecção de compotas. Como ornamentais são plantadas culti-vares de flores dobradas. Supôs-se, durante muito tempo, que a árvore era originária da Ásia-menor, mas há quem documente e fomente a teoria de que demonstra a sua origem europeia. A sua madeira é utilizada pelos marceneiros, porém a madeira clara, geralmente conhecida como madeira de cerejeira, utilizada no fabrico de mobiliário rústico, é na re-alidade a madeira de outra espécie, de pronóidea Prunus mahaleb L.

Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se internamen-te na “cura das cerejas” como alimento único (meio quilo de frutos maduros, 4 a 5 vezes por dia durante dois dias). Os que sofrem de debilidade gástrica ou de digestões lentas deverão comer as cereja cozidas. Deve intercalar-se entre as refeições de frutos, várias chávenas de tisana de pedúnculos (pés de cerejas), que se prepara com uma decocção (50g de pés de cerejas frescos ou secos durante aproximadamente 5 minutos, bebendo-se várias vezes ao dia). Graças à sua acção depurativa, constitui uma das melho-res formas de libertar o organismo das impurezas acumuladas durante o Inverno, e tonificá-lo para os seg meses seguintes. Também é útil no combate da artrite, da obesidade, bem como da prisão de ven-tre. É ainda utilizado no tratamento de problemas de bexiga e infecções nos rins. Possui propriedades diuréticas, laxativas e refrescantes.

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78 Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana 79Plantas Aromáticas da Terra Quente Transmontana

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