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FACULDADE MERIDIONAL – IMED CURSO DE ODONTOLOGIA BIBIANE LAGO DE CASTRO PLÁSTICA OCLUSAL: ESTUDO IN VITRO E CASO CLÍNICO PASSO FUNDO 2016

PLÁSTICA OCLUSAL: ESTUDO IN VITRO E CASO CLÍNICO · permanece um desafio devido à grande quantidade de destruição dental existente (VAILATI; BELSER, 2008). aA plástica oclusal

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

CURSO DE ODONTOLOGIA

BIBIANE LAGO DE CASTRO

PLÁSTICA OCLUSAL: ESTUDO IN VITRO E CASO CLÍNICO

PASSO FUNDO

2016

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BIBIANE LAGO DE CASTRO

PLÁSTICA OCLUSAL: ESTUDO IN VITRO E CASO CLÍNICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pela acadêmica de Odontologia Bibiane Lago de Castro, da Faculdade Meridional - IMED, como requisito indispensável para a obtenção de grau em Odontologia.

PASSO FUNDO

2016

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BIBIANE LAGO DE CASTRO

PLÁSTICA OCLUSAL: ESTUDO IN VITRO E CASO CLÍNICO

Professor orientador:

Prof. Dr. Ataís Bacchi

PASSO FUNDO 2016

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Umberto e Maira,

meus grandes exemplos de vida, amor, carinho e dedicação, por estarem sempre ao meu lado, incentivando a busca dos meus objetivos

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AGRADECIMENTO Ao meu orientador Prof. Dr. Ataís Bacchi, por ter confiado em mim e por todos os ensinamentos transmitidos ao longo desse caminho. Aos professores Aloísio Oro Spazzin e Manuel Tomás Borges Radaelli, pela oportunidade de acompanha-los na pós graduação e pelos inúmeros ensinamentos e auxílios. Vocês foram grandes mestres em minha formação, os quais admiro e me inspiro. Aos demais professores da graduação, que contribuíram para a minha formação e crescimento acadêmico. Ao Rodrigo Fiss Ortiz, por todo carinho, apoio e incentivo. Obrigada por estar ao meu lado, até mesmo nos momentos de nervosismo e por sempre acreditar no meu potencial. A minha amada Vó Maria (in memorian). Muito obrigada pelo eterno desejo de felicidade e sucesso, pela união da família e por ter me mostrado a face de uma verdadeira guerreira. Saudades sempre existirão! À minha amada nona, Nilde, por todas as orações, pelo amor e carinho que a gente só recebe de uma avó dedicada e querida como a senhora. Obrigada por me esperar sempre com um abraço carregado de amor e com uma deliciosa “nega maluca”! Ao meu irmão Humberto, que é o meu exemplo de dedicação e profissionalismo, por todo amor, preocupação e incentivo. Obrigada por ser meu mano e por me dar a certeza de que sempre poderemos contar um com o outro. Às pessoas mais importantes da minha vida, meus amados pais, Umberto e Maira. Obrigada por estarem sempre buscando o melhor para mim, muitas vezes abdicado dos próprios sonhos para que eu pudesse realizar os meus e por sempre incentivarem o meu crescimento pessoal e profissional, acompanhando com orgulho e entusiasmo todos os passos dados ao longo da minha vida. Amo muito vocês! Finalmente, agradeço a Deus pela vida que Ele me deu, pela família maravilhosa que eu tenho, por todas as pessoas especiais que sigo encontrando no meu caminho e por guiar a minha vida na direção da felicidade.

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RESUMO

A técnica plástica oclusal foi desenvolvida ao buscar-se um método de reabilitação oral que primasse pela mínima invasividade. O método tem como proposta reabilitar a anatomia e os contatos dentários utilizando apenas resina composta. Este trabalho teve por objetivo apresentar as vantagens do uso da plástica oclusal, analisando em manequim odontológico e em um caso clínico, a viabilidade e a execução da técnica. Para tal, em analise laboratorial, comparou-se o tempo de execução clínico e a fidelidade ao formato do dente hígido com a técnica muralha. A plástica oclusal obteve tempo de execução clinica significativamente diminuído (p=0,018) e manteve maior fidelidade às proporções do dente hígido. Para o caso clínico, foi selecionada uma paciente na Clínica Odontológica da Faculdade Meridional-IMED, Passo Fundo, RS, de 30 anos, do gênero feminino, apresentando desgastes nas faces incisal e cervical de dez elementos da arcada maxilar. Após finalização do caso, a técnica analisada obteve os resultados estéticos e funcionais excelentes.

Palavras-chave: Reabilitação Bucal, Desgaste Oclusal do Dentes, Restauração

Dentária Permanente, Resinas Compostas

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ABSTRACT

The flowable injection technique has been introduced as a non-invasive occlusal rehabilitation method. This method has the purpose to rehabilitate the anatomy and dental contacts using only composite resin. This study aimed to present the advantages of using the flowable injection technique, analyzing in a dental mannequin and in a patient, the feasibility and the implementation of the technique. In the laboratory analysis, we compared the clinical runtime and fidelity of the flowable injection technique with the silicone matrix technique (p=0,018). The occlusal plastic obtained clinical execution time significantly decreased and remained more faithful to the proportions of healthy tooth. For the clinical case, we selected a female patient, 30 years old, in the Dental Clinic of Meridional Faculty -IMED, Passo Fundo, RS, showing wear in the cervical and incisal region of ten maxillary elements. After completion of the case, the analyzed technique achieved excellent cosmetic and functional results.

Key Words: full-mouth rehabilitation, worn occlusal dentition, permanent dental restoration, composite resin

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. ...…………………………………………………...................…...........................20

Figura 2. ...…………………………………………………...................…...........................21

Figura 3. ...…………………………………………………...................…...........................21

Figura 4. ...…………………………………………………...................…...........................22

Figura 5. ...…………………………………………………...................…...........................23

Figura 6. ...…………………………………………………...................…...........................23

Figura 7. ...…………………………………………………...................…...........................27

Figura 8. ...…………………………………………………...................…...........................28

Figura 9. ...…………………………………………………...................…...........................29

Figura 10...…………………………………………………...................…...........................30

Figura 11...…………………………………………………...................…...........................31

Figura 12...…………………………………………………...................…...........................31

Figura 13...…………………………………………………...................…...........................31

Figura 14...…………………………………………………...................…...........................32

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Figura 17...…………………………………………………...................…...........................35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 9

2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................... 11

3 OBJETIVOS................................................................................................

19

4 METODOLOGIA E RESULTADOS............................................................ 20

5 DISCUSSÃO.............................................................................................. 36

6 CONCLUSÃO... ........................................................................................ 40

REFERÊNCIAS.....................................................................................................

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ANEXOS/APÊNDICES.......................................................................................... 44

ARTIGO CIENTÍFICO............................................................................................ 45

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1 INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, a reabilitação oral tem sido o tratamento recomendado para

pacientes afetados por erosão generalizada grave. No entanto, um conceito restaurador

compreendido à reabilitação oral tradicional pode ser demasiadamente agressiva para

estes pacientes, onde quase todas as coroas dentárias são afetadas, além disto, a

maior parte destes pacientes são jovens (HAYASHI et al, 2007). Graças à melhoria das

técnicas adesivas, as indicações para coroas diminuíram e abordagens mais

conservadoras podem ser propostas para preservar a estrutura do dente (VAILATI ;

BELSER, 2008a).

Embora tratamentos adesivos tenham simplificado tanto os procedimentos

clínicos quanto laboratoriais, restaurando com efetividade estes casos, ainda

permanece um desafio devido à grande quantidade de destruição dental existente

(VAILATI; BELSER, 2008a). A plástica oclusal foi desenvolvida ao buscar-se um

método de reabilitação oclusal que primasse e pela mínima invasividade, além disto,

tem como proposta reabilitar a anatomia e os contatos dentários utilizando apenas

resina composta (PALMIERI FILHO; LIMA, 2011).

Esta técnica é considerada inovadora e foi desenvolvida na Europa pelos autores

Vailati e Belser (2008a), sendo intitulada: técnica de três passos. No Brasil, esta técnica

foi aderida e modificada recentemente, recebendo o nome de plástica oclusal

(PALMIERI FILHO; LIMA, 2011). Tal inovação chamou a atenção de muitos

profissionais das áreas de dentística, prótese fixa, entre outras, devido aos seus

benefícios e facilidades, sendo ela realizada a partir de uma matriz que facilita e torna

mais precisa a confecção da restauração conforme o planejado no enceramento, além

do custo-benefício em se restaurar uma grande quantidade de elementos com resina

composta ao invés de cerâmica.

A plástica oclusal também tem por vantagem facilitar a tarefa do Cirurgião

Dentista durante o planejamento e execução de uma reabilitação adesiva em

reabilitações orais totais, utilizando o conceito da técnica de três passos. Durante o

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primeiro passo, uma avaliação estética é realizada para estabelecer a posição do plano

de oclusão. No segundo passo, quadrantes posteriores do paciente são restaurados

com uma maior dimensão vertical. Finalmente, a terceira etapa restabelece a orientação

anterior. Estas três etapas permitem que o clínico e o técnico de laboratório possam

interagir constantemente, a fim de alcançar o resultado estético e funcional mais

previsível. Desta forma, o cirurgião dentista pode transformar uma reabilitação oral total

em uma reabilitação por quadrantes (VAILATI ; BELSER, 2008abc).

Devido à relevância desta técnica recente e inovadora e pela escassez de

trabalhos publicados na literatura, é importante que mais estudos sejam realizados e

publicados na comunidade acadêmica, a fim de avaliar a execução e os resultados

estéticos, funcionais e de longevidade da mesma.

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2 REVISÃO DE LITERATURA Com o objetivo de facilitar o planejamento e execução de uma reabilitação oral

com técnica adesiva, um conceito inovador foi desenvolvido pelos pesquisadores Vailati

e Belser (2008a), a técnica de três passos. Esta técnica consiste em três passos

laboratoriais, que são alternados com três passos clínicos, permitindo que o cirurgião

dentista e o técnico de laboratório possam interagir constantemente para atingir a

estética mais previsível e resultado funcional.

Vailati e Belser (2008a) ilustraram o primeiro passo da técnica de três o passos

em detalhes, explicando todos os parâmetros clínicos que devem ser analisados antes

de iniciar o tratamento. Durante esta etapa, foi realizada a avaliação estética, para

estabelecer a posição do plano de oclusão, realizando a moldagem dos pacientes,

confecção dos modelos em gesso, montagem dos modelos em articulador e

enceramento dos elementos posteriores. O artigo apresentou casos de pacientes com

destruições dentais generalizadas severas. O primeiro paciente foi um homem de 45

anos, afetado por refluxo gástrico, demonstrando erosão dentária em todos os

elementos. A segunda paciente foi uma mulher de 27 anos com severa corrosão de

todos os elementos dentais. O terceiro paciente foi um homem de 27 anos, com

histórico de refluxo ácido gástrico. Na opinião dos autores, o diagnóstico inicial é

demorado, mas não deve desencorajar o cirurgião dentista, uma vez que a participação

do paciente neste processo de tomada de decisões é extremamente valiosa. Este

passo permitiu que os pacientes pudessem visualizar o resultado final antes do início do

tratamento, servindo tanto para tranquiliza-los quanto para ajuda-los a aceitar

tratamentos mais abrangentes.

Os autores Vailati e Belser (2008b) publicaram a segunda etapa da técnica,

explicando todo o processo de laboratório e passos clínicos necessários para restaurar

os quadrantes posteriores com um esquema oclusal definido em um aumento da

dimensão vertical oclusal (DVO). Este estudo é um relato de caso de diversos pacientes

com erosão generalizada grave. O artigo apresentou, além de pacientes jovens, um

paciente do sexo masculino com idade avançada, 60 anos de idade, afetado por erosão

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dental generalizada. Durante anos, o paciente sofria de refluxo esofágico gástrico e na

fase que se encontrava, uma reabilitação total era inevitável, apesar da perda avançada

das estruturas dentais e da idade, todos os dentes ainda eram vitais. O objetivo desta

técnica é o de restaurar temporariamente uma dentição comprometida a uma nova

Dimensão Vertical de Oclusão (DVO) sem prejudicar a vitalidade dental. Para tal, foram

realizadas restaurações de resina composta nos elementos posteriores para

reestabelecer a DVO do paciente. Após, os dentes anteriores puderam ser restaurados

facilmente, utilizando novamente técnicas exclusivamente adesivas. Uma vez que os

contatos anteriores e um guia anterior foram reestabelecidos, foi realizada a

substituição das resinas compostas provisórias posteriores. Segundo os autores, devido

à presença dos compósitos posteriores provisórios, a reabilitação oral pôde ser

planejada de acordo com uma abordagem de quadrantes isolados. A restauração de

um paciente por quadrantes tem enormes vantagens práticas para o paciente e o

cirurgião dentista, uma vez que menos equipamentos são necessários, menos injeções

de anestésicos são aplicadas simultaneamente e, após a oclusão estar reestabelecida

e estável, os pacientes se sentem confortáveis durante toda a fase de tratamento ativo

até a entrega das restaurações finais.

Vailati e Belser (2008c) publicaram, o terceiro artigo relatando em detalhes a

terceira e ultima etapa da técnica, onde reestabeleceu a orientação anterior dos

pacientes. A nova abordagem clínica de reabilitação adesiva para o tratamento de

erosão dentária avançada generalizada consiste exclusivamente de onlays no

quadrante posterior e restaurações adesivas de porcelana no quadrante anterior. Nos

últimos anos, muitos pacientes sofrendo de desgaste dental severo foram tratados por

estes pesquisadores, ainda em fase experimental, de acordo com essa abordagem.

Estes pacientes demonstraram o sucesso da técnica, que basicamente apresenta a

preparação do dente com mínima invasividade e manutenção de sua vitalidade. Deste

modo, a técnica de três passos comprovou atingir a máxima preservação da estrutura

do dente e o mais previsível resultado estético e funcional.

A estética dental tornou-se um tema popular entre todas as disciplinas em

odontologia. Quando uma mudança estética é prevista para a aparência dos dentes de

um paciente, o cirurgião dentista deve ter uma abordagem lógica de diagnóstico, que

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resulta em um adequado plano de tratamento. Spear et al. (2006) descreveram uma

abordagem interdisciplinar para o diagnóstico e o tratamento de estética dentária

anterior. Os autores praticaram diferentes disciplinas em odontologia: atendimento

restaurador, ortodontia e periodontia. O diagnóstico odontológico interdisciplinar,

iniciou-se com a estética, mas englobou estrutura, função e biologia para alcançar um

resultado ótimo.

Os autores Song et al. (2010) relataram o caso de uma paciente do gênero

feminino, de 77 anos de idade, que tinha perda de guia anterior, desgaste severo de

dentição e redução de dimensão vertical de oclusão. O desgaste severo dos dentes

anteriores facilita a perda de orientação anterior, que protege os dentes posteriores de

desgaste durante o movimento excursivo. O colapso de dentes posteriores também

resulta na perda de plano de oclusão normal e a redução da dimensão vertical. Para o

tratamento, a sobreposição oclusal splint foi utilizadda após a decisão de aumentar a

dimensão vertical por marco anatômico facial e medição fisiológica. Uma vez que a

compatibilidade da nova dimensão vertical tinha sido estabelecida, a restauração

provisória fixa e a reconstrução permanente foi realizada. Este caso relata que um

resultado clínico satisfatório, alcançado pela restauração da dimensão vertical com uma

melhora na estética e função dos dentes.

Calixto, Bandeca e Andrade (2011) relataram a importância do enceramento

diagnóstico no tratamento restaurador indireto. O objetivo do estudo foi mostrar, através

de casos clínicos, a previsibilidade no tratamento restaurador indireto por meio do

enceramento diagnóstico. O enceramento diagnóstico trata-se de uma reprodução em

cera realizada a partir de um modelo de estudo. Esta técnica tem como finalidade

observar em três dimensões a reprodução da forma final dos dentes, ajudar

visualmente a realização do preparo dental e demonstrar ao paciente a forma final dos

dentes antes de iniciar o tratamento obtendo a máxima previsibilidade. Para tal, um

exame clínico detalhado foi realizado, aplicando- se sequências de fotografias, modelos

de estudo e radiografias, para avaliar as necessidades básicas antecedentes aos

procedimentos reabilitadores estéticos. Após, foi realizado o enceramento diagnóstico,

que é uma etapa fundamental para se ter previsibilidade e sucesso no resultado

estético final, sendo o primeiro contato que o paciente tem com o tratamento proposto.

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O trabalho demonstrou que o enceramento diagnóstico é uma valiosa ferramenta dentro

da filosofia atual de excelência estética no tratamento restaurador indireto, sendo que

permitiu redefinir a morfologia dental de maneira individual para o paciente, obtendo

previsibilidade do tratamento. A partir dele foi possível executar um ensaio restaurador

(mock-up), confeccionar provisórios (diretos com resina composta ou indiretos com

resina acrílica/bis-acrílica) e peças definitivas (em cerâmica) seguindo o mesmo padrão

de anatomia propostos no enceramento.

Os autores Palmieri e Lima (2011) desenvolveram, a partir da técnica de três

passos, a plástica oclusl. Este processo reabilitador consiste nos seguintes passos:

diagnóstico oclusal, projeto de reabilitação, instalação da reabilitação oclusal e a

avaliação dos resultados. No artigo citado, o diagnóstico oclusal foi realizado a partir de

análise dos modelos de gesso montados em articulador com o auxílio de um arco facial

e de um registro maxilo-mandibular em relação central, com a finalidade de identificar

os padrões de toques e os motivos de sobrecargas oclusais. Estes dados, somados aos

achados do exame clínico (dores e ruídos articulares, fadigas e espasmos musculares,

hipersensibilidade dentinária, fraturas dentárias) e ao exame imagiológico (perdas e

condensações ósseas, lesões endodônticas, bolsas periodontais), permitiram estimar o

papel exercido pelos contatos oclusais no desenvolvimento e no estadiamento do

processo patológico. A partir dos achados no articulador, foi realizado o projeto de

reabilitação. O enceramento nos modelos em gesso foi iniciado pelos caninos

inferiores, este foi considerado o ponto de partida da reconstrução. Após a definição da

anatomia e posição dos quatro caninos, a reconstrução em cera partiu para os

incisivos. Na sequencia, os outros elementos dentais foram encerados aos pares:

primeiros pré-molares inferiores e superiores, segundos pré-molares e assim em diante

até que todos os dentes planejados foram reconstruídos, ocluindo e desocluindo. Após

os dentes prontos, a plástica oclusal foi iniciada. Modelos com o enceramento oclusal

foram duplicados em fôrmas a vácuo de acetato, que foram prensadas para servirem de

máscaras-molde da reabilitação. Neste momento, duas consultas de longa duração

foram agendadas. Na primeira consulta, a aplicação das resinas com auxilio da

máscara-molde seguiu os passos do enceramento. Os quatro caninos foram

reconstruídos inicialmente. Após, os incisivos inferiores e primeiros molares inferiores

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passaram pela remodelação. Na segunda consulta, a reconstrução dos incisivos e

primeiros molares superiores foi realizada. Para completar a reconstrução, consultas de

menor duração foram realizadas. Uma vez completada a reabilitação, novos modelos

de gesso foram obtidos e nova montagem em articulador foi feita. Os ajustes

necessários foram realizados simultaneamente nos modelos e na própria boca do

paciente. Ao final, uma placa oclusal mista de acetato e resina foi confeccionada e

instalada. Os primeiros casos, com três anos de acompanhamento, foram julgamos

bem sucedidos pelos autores. O método de reabilitação oclusal plástica demonstrou

sucesso e encontra-se em ascensão pelos profissionais da área, sendo que os

cirurgiões dentistas procuraram soluções menos invasivas para males que costumam

afligir pacientes por toda a vida.

Os autores Vailati e Belser (2011) descreveram novamente a utilização da

técnica de três passos em um relato de caso de um paciente do sexo masculino, de 30

anos. Sua queixa principal era a deterioração da porção anterior dentes. O paciente

havia fraturado significativamente as bordas incisais ao longo dos últimos sete anos. O

exame clínico revelou que o paciente tinha erosão dental grave e generalizada,

envolvendo tanto os dentes anteriores quanto os posteriores. Todos os dentes estavam

vitais. O paciente não utilizada placa oclusal, e ele não havia ainda relacionado seu

problema dentário à erosão dental devido à problemas gástricos. A avaliação gástrica

realizada para estabelecer a etiologia da erosão dentária confirmou a presença de

refluxo gástrico, e o paciente iniciou um tratamento médico com a finalidade de findar

este problema. As lesões que o paciente apresentava era, consideradas classe IV,

sendo que a dentina palatina foi amplamente exposta e a perda de comprimento clínico

das coroas era, de mais de dois milímetros, enquanto o esmalte facial e a vitalidade

pulpar ainda eram preservadas. Nestes casos, princípios minimamente invasivos devem

ser priorizados para a reabilitação oral de indivíduos jovens afetados por grave erosão

dentária. Se estes dentes forem restaurados por métodos convencionais na odontologia

(por exemplo, coroas) teria exigido terapia endodôntica eletiva e aumento de coroa

clínica. Para preservar a vitalidade da polpa, seis facetas de resina composta palatais e

quatro facetas de cerâmica faciais foram confeccionadas. Os dois objetivos principais

do artigo citado foram alcançados: o mínimo preparo do dente e a preservação da

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vitalidade do dente, mostrando que a intervenção precoce e minimamente invasiva é

uma solução, mesmo para pacientes muito jovens, afetados pela erosão dental.

O tratamento restaurador de dentições severamente desgastadas, geralmente é

indicado para substituir a estrutura dentária deficiente, sendo que o avanço da

destruição do dente é um limiar para o tratamento, que tem como objetivo melhorar a

função oral e a aparência dos dentes. Porém, em casos de severa perda da estrutura

dental, realizar um tratamento altamente estético e, ao mesmo tempo, minimizar a

remoção de estrutura dentária, podem apresentar um desafio protético. O artigo dos

autores Fradeani et al. (2012) apresentam uma abordagem de tratamento protético

minimamente invasiva utilizando o material cerâmico dissilicato de lítio total cerâmico

para a reabilitação estética de uma dentição gravemente gasta. O trabalho é um relato

de caso de um paciente do sexo feminino, 38 anos, com diagnóstico de Síndrome de

Sjögren. A técnica utilizada foi o procedimento protético de mínima invasividade

(minimally invasive prosthetic procedure - MIPP). Primeiramente é realizado o aumento

da dimensão vertical, sendo que o espaço interoclusal ganho auxilia a reduzir o preparo

dos dentes, permitindo manter a profundidade, a sua estrutura e vitalidade. O segundo

passo é o preparo minimamente invasivo dos dentes, objetivando reduzir estrutura

dentaria, para criar uma área desobstruída, onde serão criadas restaurações com

espessura não superior à 0,8 a 1.0 mm, visando preservar mais superfícies de esmalte

dentário. O terceiro passo é a restauração dos dentes posteriores com dissilicato de lítio

com espessura reduzida (0,8 a 1,0 mm), como coroa completa, sem acréscimo de

porcelana. O ultimo passo foi a colocação das restaurações de maneira adesiva. Os

autores relataram que a técnica MIPP foi proposta neste caso de dentição severamente

desgastada com o objetivo de substituir a estrutura dentaria com a menor quantidade

de trauma para a dentição já estruturalmente comprometida. O aumento da dimensão

vertical proporciona menor remoção da estrutura do dente e permite a criação de

espaço com mais estabilidade, que podem ser utilizados para o material de

restauração. A preservação da estrutura dentária, preservando esmalte, demonstrou

fornecer força de resistência suficiente, mesmo na presença de uma espessura

reduzida do material de cerâmica monolítica. Porém, estudos de longo prazo usando

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materiais de dissilicato de lítio com espessura mínima devem ser realizados avaliando

desgaste e fratura, para entender melhor o potencial desta técnica.

Chekhani et al. (2013) ilustraram uma abordagem misturando dois sistemas de

cerâmica, um à base de dióxido de zircônio e outro a base de dissilicato de lítio. A

paciente do sexo feminino de 48 anos de idade possuía perda de dimensão vertical em

uma dentição incompleta. Ela sofria de dor crânio-mandibular e desejava uma

reabilitação estética. O tratamento protético foi iniciado em uma condição para aliviar a

dor crânio-mandibular, após a correção da dimensão vertical com uma placa oclusal, ao

longo de quatro meses. O tratamento ocorreu sem complicação técnica ou biológica.

Após 24 meses do tratamento, o paciente foi reavaliado e demonstrou-se altamente

satisfeito e livre de dor.

Jain et al. (2013) relataram a reabilitação oral de um paciente com reduzida

dimensão vertical usando restaurações de metalo-cerâmica. O paciente era do sexo

masculino, de 45 anos de idade, com severo desgaste dental, tendo como queixa

principal que ele não podia comer nada, porque seus dentes eram gastos demais, eram

hipersensíveis e tinha uma aparência pouco estética. Paciente não tinha histórico

médico relevante. O exame intra-oral revelou uma perda generalizada da estrutura do

dente que foi maior nos dentes anteriores superiores e posteriores inferiores. O

paciente não apresentou desordens temporomandibulares, mas havia discrepância

entre a oclusão cêntrica e posição máxima intercuspidação foi encontrada quando foi

orientada a relação cêntrica (RC) com a técnica bimanual. O estudo citado utilizou

enceramento de diagnóstico em articulador, afirmando que este procedimento pode

fornecer informações importantes para a avaliação de opções de tratamento, e ressalta

que a alteração da dimensão vertical de oclusão deve ser conservadora e não deve ser

alterada sem uma análise cuidadosa.

Baseado em um caso clínico, o estudo de Pacheco et al. (2014) relatarou um

protocolo para confecção da técnica Indireta-Direta para “Coroas Leves” de resina

composta. O paciente era do gênero masculino, 28 anos, relatando insatisfação com a

estética do sorriso. Após anamnese e exames clínico e radiográfico, verificou-se que o

paciente apresentava sorriso com exposição de molar superior direito ao molar superior

esquerdo, linha do sorriso média e diastemas generalizados. Também observou-se

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exposição incisal demonstrando deficiência no comprimento dos incisivos centrais

superiores. Ainda, o paciente possuía desgaste dental mecânico por atrição, causada

pelo bruxismo, ocasionando perda de dimensão vertical, o qual acarretou perda

anatômica das restaurações oclusais dos dentes posteriores e frequentes dores de

cabeça. Após obtenção do protocolo fotográfico e planejamento digital, o tratamento

reabilitador proposto foi: confecção do mini-jig estético para análise do restabelecimento

da DVO, cirurgia periodontal para correção do contorno gengival e confecção de coroas

leves pela técnica indireta-direta com resina composta. Essa técnica prioriza a

confecção laboratorial de facetas estendidas por palatal e, posterior cimentação

intraoralmente e finalização com a confecção das faces proximais com matriz metálica

bicôncava pré-formada. A técnica se destacou pelo conservadorismo, maior área de

adesão, minimização do estresse emocional (do profissional e paciente), menor tempo

clínico e excelência nas caraterísticas ópticas.

A zircônia também é um material utilizado para a reabilitação oral (NAM;

TOKUTOMI, 2015). No artigo citado, a zircônia foi utilizada para a confecção de

próteses em paciente com necessidade de completa reabilitação oral, com dentição

severamente desgastada com perda de dimensão vertical da oclusão. A zircônia tem

sido utilizada clinicamente em odontologia restauradora por mais de uma década.

Devido ao desenvolvimento de novas técnicas e da tecnologia deste material, a zircônia

vem sendo utilizada para restaurar as porções anteriores e posteriores dos dentes em

próteses e implantes dentários para próteses fixas. O trabalho citado relata o caso de

uma paciente do sexo feminino, com 67 anos de idade, apresentando desgaste

generalizado dos elementos dentais, dificuldade de mastigação e articulação e

gengivite generalizada, que foi associada com as fraturas dentárias, mal oclusão e mal

fabricação das restaurações provisórias que a paciente possuía. O tratamento com

zircônia em dentes com desgaste foi bem sucedido, porém, nota-se que o desgaste

necessário é relativamente maior que em preparos minimamente invasivos. Houve a

recuperação da dimensão vertical oclusal e o material foi considerado apropriado para

este tipo de tratamento, demonstrando boa resistência e retenção.

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3 OBJETIVOS

1 - Avaliar a técnica plástica oclusal em manequim odontológico, analisando:

- a execução da técnica em comparação com a técnica de restauração direta

muralha.

- o tempo de execução da técnica.

- a fidelidade da técnica com o enceramento diagnóstico.

2 - Avaliar a técnica plástica oclusal em caso clínico, analisando:

- a viabilidade e aplicação da técnica em paciente.

- os resultados finais da técnica.

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4 METODOLOGIA E RESULTADOS 4.1 ENSAIO EM MANEQUIM ODONTOLÓGICO

O estudo laboratorial foi realizado no Laboratório de Prótese da Faculdade

Meridional-IMED, Passo Fundo, RS. Todos os procedimentos descritos a seguir foram

realizados pelo mesmo operador (medidas estatísticas, cronômetro, preparos e

restaurações). Foram utilizados dois manequins odontológicos (Prodens) com dentes

íntegros. Os dentes analisados neste trabalho foram: 13, 12, 11, 21, 22 e 23. Os

manequins foram separados em dois grupos: A e B. O grupo A foi submetido à técnica

de plástica oclusal e o grupo B foi submetido à técnica da muralha. Previamente, os

dentes íntegros foram demarcados em 6 pontos, um ponto de orientação foi marcado

1mm acima da coroa, na vestibular, palatina, mesial e distal, 3mm abaixo deste ponto

foi marcado o ponto ”a”, 3mm abaixo do ponto “a” foi marcado o ponto “b” e 3mm abaixo

do ponto “b” foi marcado o ponto “c”, o mesmo na distal e mesial, com pontos “d”, “e” e

“f” (figura 1), nos quais foram realizadas aferições das medidas iniciais dos dentes com

paquímetro digital. Após as aferições, os dentes do grupo A foram moldados com

silicone de adição transparente (Zhermack) (Figura 2), para a confecção da máscara-

molde. O grupo B foi moldado com silicone de condensação (Zhermack) apenas na

face palatina, para a confecção da muralha. Após, os dentes de ambos os grupos

sofreram desgastes de aproximadamente 1,0 mm com broca diamantada 2215 nas

faces vestibular, mesial, distal e incisal (figura 3).

Figura 1: Marcações de seis pontos, os quais foram aferidos com paquímetro digital. Sendo os

pontos: “a”, “b” e “c”, vestíbulo-linguais “e” “d”, “e” e “f”, disto-mesiais.

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Figura 2: Moldagem para máscara-molde em silicone de adição transparente (A e B). Máscara-

molde (C). Confecção de canaletas incisais para injeção de resina (D).

Figura 3: Dentes após desgastes nas faces vestibulares, mesiais, distais e incisais.

4.1.1 TÉCNINCA DA PLÁSTICA OCLUSAL EM MANEQUM ODONTOLÓGICO

Inicialmente, foram realizadas canaletas na máscara-molde com o auxílio de

brocas com pontas diamantadas 1014 (Figura 2D), Estas canaleta foram realizadas nas

A

B

C

D

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incisais de cada dente, a fim de obter uma abertura para a passagem da ponta da

seringa do material restaurador.

A técnica foi realizada de forma individual em cada dente. Os dentes adjacentes

foram isolados com fita teflon (Amanko) e o dente em que a técnica foi realizada

recebeu condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 30 segundos em esmalte e 15

segundos em dentina, após lavagem com água e secagem com ar, aplicou-se o

sistema scotchbond (3M-ESPE), primer em dentina e adesivo em dentina e esmalte

com microbrush e foi fotopolimerizado por 20 segundos (Figura 4). O guia de silicone de

adição transparente (máscara-molde) foi cuidadosamente posicionado no manequim e

sua adaptação foi verificada. Como material restaurador, foi utilizada a resina Filtek

Z350 flow (3M ESPE), o qual foi injetado entre a máscara-molde e o dente pela

canaleta da matriz com pressão, da cervical até a incisal (Figura 5A). Após todos os

espaços entre a matriz e o dente serem preenchidos pelo material restaurador (Figura

5B), o material foi fotopolimerizado por 20 segundos na face vestibular (Figura 5C), 20

segundos na incisal (Figura 5D) e a matriz de silicone foi removida. Mais uma vez, foi

realizada a fotopolimerização por 20 segundos (Figura 5E). Os excessos de resina

foram removidos com o auxílio de uma lâmina de bisturi número 12.

Figura 4: Dente recebendo condicionamento adesivo e dentes adjacentes isolados.

O tempo de confecção de cada dente foi cronometrado com cronômetro digital

durante a etapa em que a máscara molde foi posicionada na arcada até a ultima

polimerização da resina. Após, os dentes foram marcados novamente nos 6 pontos e

medidos com paquímetro digital, no sentido vestíbulo-lingual e disto-mesial.

Os dentes receberam polimento e acabamento com brocas diamantadas para

acabamento F e FF (KG Sorensen), discos de lixa flexível (Sofilex – 3M ESPE), pontas

abrasivas em sequência decrescentes com três diferentes granulações (Ultradent) e

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polidas com disco de feltro (FGM). O tempo de polimentos e acabamentos foi

cronometrado com cronômetro digital.

Figura 5: Realização da técnica plástica oclusal em manequim odontológico.

Figura 6: Fotos finais das técnicas plástica oclusal (B) e técnica Muralha (C).

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4.1.2 TÉCNINCA DA MURALHA EM MANEQUM ODONTOLÓGICO

A técnica foi realizada de forma individual em cada dente. Os dentes adjacentes

foram isolados com teflon e o dente em que a técnica foi realizada recebeu

condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 30 segundos, após lavagem por 30

segundos e secagem com ar, aplicou-se adesivo com microbrush e foi fotopolimerizado

por 20 segundos. O guia de silicone de condensação previamente confeccionado foi

posicionado na palatina do manequim contendo uma fina camada de material

restaurador, delimitando a incisal. Como material restaurador, foi utilizada a resina

Opalis (FGM) dentina e esmalte cor A2. Após a fotopolimerização da camada palatina

com o auxílio da muralha, os demais incrementos foram inseridos a mão livre pela

técnica incremental (BARATIERI et al, 2010).

O tempo de confecção de cada dente foi cronometrado com cronômetro digital a

partir da colocação da muralha de silicone na arcada. Após restaurações realizadas, os

dentes foram marcados novamente nos 6 pontos e medidos com paquímetro digital.

Os dentes receberam polimento e acabamento da mesma forma que o grupo A,

relatada anteriormente. O tempo de polimentos e acabamentos foi cronometrado com

cronômetro digital.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

Foi calculada a diferença de medida em cada ponto de análise entre o formato

original dos dentes e o formato após restaurados. E as diferenças entre as técnicas

foram comparadas para incisivos centrais, laterais e caninos.

As diferenças para os dentes caninos e incisivos centrais foram comparadas pelo

teste estatístico de Mann-Whitney devido à variação dos dados não permitir análise

pelo teste t-student, o qual pôde ser aplicado apenas em incisivos laterais.

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Os resultados numéricos da alteração de dimensão em cada elemento,

comparando as técnicas restauradoras pelo programa Sigmastat, podem ser

observados nas tabelas 1, 2 e 3, para incisivos centrais, laterais e caninos,

respectivamente. Para os três grupos de dentes, a técnica da muralha levou a maior

alteração dimensional quando comparada com a técnica da plástica oclusal, porém a

diferença estatística foi observada apenas nos dentes incisivos centrais (p=0,018).

Tabela 1. Resultado estatístico para comparação entre alteração de dimensões de

incisivos centrais. (p= 0,018) ), N= número de pontos.

Grupo N Mediana (mm)

25% 75%

Plástica 14 0,230 0,08 0,38 Muralha 14 0,495 0,22 0,80

Tabela 2. Resultado estatístico para comparação entre alteração de dimensões de

incisivos laterais. (p= 0,124), N= número de pontos.

Grupo N Media (mm) Desvio padrão

Plástica 14 0,232 0,150 Muralha 14 0,377 0,241

Tabela 3. Resultado estatístico para comparação entre alteração de dimensões de

caninos. (p= 0,190) ), N= número de pontos.

Grupo N Mediana (mm)

25% 75%

Plástica 14 0,195 0,09 0,32 Muralha 14 0,360 0,13 0,68

Quanto ao tempo de execução, a técnica plástica oclusal se mostrou vantajosa

ao comparar-se com a técnica muralha, conforme tabela 4. Analises de percentagem

demonstraram que a plástica oclusal diminuiu significativamente o tempo clínico de

execução, sendo que os incisivos centrais obtiveram 93,75% na diminuição do tempo,

os incisivos laterais obtiveram 93,19% na diminuição do tempo e os caninos obtiveram

93,88% na diminuição do tempo. Os tempo de polimentos e acabamentos foram

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semelhantes entre as duas técnicas avaliadas, porém a plástica oclusal obteve tempo

reduzido.

Tabela 4 Média dos dentes analisados. Grupo A: plástica oclusal, Grupo B: Muralha.

Grupo Dente Tempo técnica Polimentos e acabamentos

A Incisivo Central 3min8seg 13min47seg

A Incisivo Lateral 2min59seg 9m42seg

A Canino 3min11seg 13m37seg

B Incisivo Central 48min18seg 16min15seg

B Incisivo Lateral 38min13seg 12min58seg

B Canino 49min19seg 16min15seg

4.2 CASO CLÍNICO

O caso clínico foi realizado na Clínica Odontológica da Faculdade Meridional-

IMED, Passo Fundo, RS, onde foi selecionada uma paciente de 30 anos, do gênero

feminino, que apresentava desgaste nas cervicais, incisais e oclusais de dez elementos

dentais superiores. A mesma foi informada sobre a participação neste estudo, leu e

concordou com o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE, Apêndice 1).

4.2.1 DIAGNÓSTICO OCLUSAL

Inicialmente, foram realizadas fotos extraorais e intraorais, conforme preconiza o

planejamento digital estético Digital Smile Design (DSD) (COACHMAN et al., 2012).

(Figura 7), aonde pode-se observar que existia desgaste na cervical dos elementos

anteriores superiores e dos posteriores inferiores, além de apresentar desgaste nas

incisais de todos os elementos anteriores. Também foram analisados movimentos de

lateralidade e protrusão, aonde pôde-se avaliar que a paciente apresenta contato em

canino, porém no final do movimento não, sobrecarregando os laterais, tocando os

dentes do lado de balanceio e terminando em função em grupo, tanto em lateralidade

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para a direita quanto para a esquerda (Figura 8). A paciente selecionada foi moldada

com Silicone de Adição (ExpressXT, 3M ESPE). A partir da moldagem foi realizado um

modelo de gesso tipo IV (Durone, Herodent) (Figura 9). O diagnóstico incisal/oclusal foi

realizado a partir da análise dos modelos de gesso montados em um articulador semi-

ajustável (A7 Fix, Bioart) com auxílio DSD para simulação de formato estético e

posicionamento dos dentes.

Foto 7. Documentação fotográfica inicial da paciente.

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A)

B)

C)

D)

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Foto 8. (A) Máxima intercuspidação habitual. (B) Movimento de Protrusão. (C) Movimento de lateralidade para o lado direito. (D) Movimento de lateralidade para o lado esquerdo.

Foto 9. Molde e modelos para estudo.

4.2.2 PROJETO DE REABILITAÇÃO

Esta etapa foi baseada na técnica da plástica oclusal (VAILATI ; BELSER, 2008

a, b, c) (PALMIERI FILHO; LIMA, 2011). O projeto de reabilitação foi feito a partir de

análise digital pelo programa DSD, sendo constatado que há necessidade de

intervenção nos elementos superiores: 15, 14, 13, 12, 11, 21, 22, 23, 24, e 25, para o

reestabelecimento de tecidos dentais cervicais e incisais, devolução de volume

vestibular e remodelamento dental (Foto10).

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Foto 10. Planejamento digital pelo programa Digital Smile Design.

A reconstrução em cera nos modelos em gesso foi realizada pelo laboratório de

Prótese Odontológica Calgaro, Curitiba PR, seguindo os padrões recomendados pelo

planejamento DSD (Figura 11). A partir do enceramento, foi realizado o mock-up em

resina bisacrílica, momento em que a cirurgiã dentista e a paciente analisaram o projeto

da reabilitação dental. Após análises de movimentos de protrusão e lateralidade,

constatou-se que o movimento de guia canino em lateralidade foi devolvido à paciente e

a estética foi considerada satisfatória (Figura 12).

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Figura 11. Enceramento diagnóstico.

Figura 12. Mock-up com resina bisacrílica.

Figura 13. (A) Movimento de protrusão. (B) Movimento de lateralidade para o lado direito. (C)

Movimento de lateralidade para o lado esquerdo.

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4.2.3 EXECUÇÃO CLÍNICA

Anteriormente à execução clínica do projeto, cuidados prévios foram realizados,

como: cáries, destruições coronárias eliminadas e preenchidas por resinas e realização

de clareamento de consultório feito com o clareador a base de peróxido de hidrogênio a

35% Whiteness HP Blue (FGM) (PALMIERI FILHO; LIMA, 2011).

Estando os dentes prontos para o início da plástica oclusal, o modelo superior

com o enceramento foi moldado com silicone de adição Elite Transparent (Zhematck)

para servir de máscara-molde da reabilitação, com auxílio de molderia vernes (Figura

14).

Figura 14. Confecção da máscara-molde.

Na primeira consulta, a aplicação da resina flow Filtek Z350 (3M ESPE) com

auxilio da máscara-molde seguiu os passos anteriormente citados no tópico 4.1.1

(Figura 15). Como preconiza a técnica da plástica oclusal (PALMIERI FILHO; LIMA,

2011), primeiramente os dentes posteriores foram reabilitados em máxima

intercuspidação habitual (MIH). O toque bilateral simultâneo e os deslizes para

lateralidades da mandíbula foram testados, ajustes oclusais necessários foram

realizados e os dentes receberam acabamentos e polimentos conforme citado no tópico

4.1.1.

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Figura 15. Passo a passo da técnica plástica oclusal, executada no elemento 22.

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Figura 16. Fotos finais do tratamento.

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Figura 17. (A) Movimento de protrusal. (B) Movimento de lateralidade para o lado direito. (C) Movimento

de lateralidade para o lado esquerdo.

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Na segunda consulta, foi realizada a reabilitação dos elementos anteriores

(Figura 15). Movimentos de protrusão foram testados e ajustes necessários foram

realizados em MIH (Figura 17). Após reabilitação de cada dente, os mesmo receberam

polimento e acabamento, como citado anteriormente (PALMIERI FILHO; LIMA, 2011).

Ao final da consulta, foi realizado o registro fotográfico final do caso clínico, revelando a

naturalidade e harmonia do tratamento (Foto 16).

5 DISCUSSÃO

Dentro da filosofia atual de excelência estética no tratamento restaurador

dentário, o restabelecimento de um sorriso harmônico constitui um desafio para a

odontologia restauradora conservadora (PACHECO et al, 2014).

Os elementos dentários ântero-superiores têm papel fundamental na estética

dental, para tal, existem diferentes possibilidades de tratamentos para obtenção de um

sorriso mais natural e expressivo (SONG, et al. 2010) (PALMIERI ; LIMA. 2011)

(VAILATI ; BELSER. 2011) (FRADEANI, 2012) (CHEKHANI et al. 2013) (NAM;

TOKUTOMI, 2015). Contudo, o paciente deve receber informações sobre os "prós e

contras" das diferentes filosofias de tratamento, de modo que eles possam escolher

quando e como tratar seus dentes afetados (VAILATI et al., 2012).

O aprimoramento da técnica do condicionamento ácido em esmalte e dentina e a

eficiência dos sistemas adesivos, aliados ao constante desenvolvimento das resinas

compostas e as suas excelentes propriedades físicas e ópticas, possibilitaram ao

cirurgião dentista realizar restaurações em dentes anteriores nas mais diversas

indicações clínicas com segurança, eficiência e preservação da estrutura dental sadia

(NETTO; REIS, 2011).

Contudo, durante o planejamento estético, enceramento diagnóstico e a etapa

restauradora, pressupõe-se que os elementos básicos: forma e cor, sejam

reestabelecidos (PACHECO et al, 2014). Neste ponto, o enceramento diagnóstico é

uma ferramenta de grande importância. Trata-se de uma reprodução em cera realizada

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a partir de um modelo de estudo, e tem como finalidade observar a reprodução da

forma final dos dentes em três dimensões, ajudar visualmente a realização do preparo

dental, demonstrar ao paciente a forma final dos dentes antes de iniciar o tratamento

obtendo a máxima previsibilidade. Além disto, permite que haja uma interação entre o

técnico do laboratório de prótese e o dentista até chegar ao resultado esperado pelo

paciente (CALIXTO, et al, 2011).

Segundo Palmieri Filho e Lima (2011) o método de reabilitação plástica oclusal

parece ser um caminho certo na odontologia restauradora, sendo que prima pela

previsibilidade do tratamento. Corroborando com os resultados observados nas Tabelas

1, 2 e 3 deste trabalho, que demonstram que o tratamento com a plástica oclusal em

manequim odontológico manteve fidelidade às proporções dos dentes íntegros de

forma superior à técnica muralha. O mesmo foi observado no caso clinico (Figura 16),

em que as proporções e formatos dentais foram mantidos conforme o enceramento

diagnóstico. Com isto, é possível que o paciente saiba como será o resultado final de

seu caso no momento em que prova o mock-up, não gerando surpresas desagradáveis

ao paciente no resultado final.

Outro agravante na técnica restauradora direta é solucionar problemas estéticos

em trabalhos de alta complexidade, que envolvam mudanças de sorriso. Nestes casos

existe um grande desafio pelo tempo clínico prolongado, pelo estresse físico e

emocional do paciente e pelo alto rigor da habilidade exigida do profissional

(DECURCIO, et al., 2013). Neste ponto, foi avaliado o tempo de execução clínica da

técnica apresentada em comparação com a técnica muralha (Tabela 4), demonstrando

que a plástica oclusal otimiza o tempo de confecção da restauração em

aproximadamente 90% em comparação com a técnica muralha. Desta forma, a plástica

oclusal deve ser considerada uma forte alternativa na solução de problemas estéticos

de alta complexidade, já que mantém as proporções de forma e estética e é realizada

em um curto período de tempo clínico.

Além da estética, o diagnóstico oclusal é de suma importância. É realizado a

partir da análise dos modelos de gesso montados em um articulador com o auxílio do

DSD (BOHNER et al, 2016) ou de um arco facial e de um registro maxilo-mandibular.

Para reabilitar o paciente, é importante identificar os padrões de toques e os motivos de

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sobrecargas oclusais/incisais. Estes, devem ser somados aos achados do exame

clínico, como dores e ruídos articulares, fadigas musculares, fraturas dentárias e

hipersensibilidade dentinária e do exame imagiológico, como lesões endodônticas e

perdas e condensações ósseas. Desta forma, pode-se estimar o papel exercido pelos

contatos oclusais no desenvolvimento e no estadiamento de algum processo patológico

que o paciente acomete ou possa acometer (LYTLE, 1990).

No presente caso clínico, a paciente relatou que possuía sensibilidade dentinária

em quase todos os elementos superiores e inferiores devido às lesões cervicais. Em

exame clínico, foi constatado que o elemento 22 era escurecido e possuía lesão

cervical significativa em relação às demais lesões presentes, bem como no elemento 34

(Foto 7). Foram avaliados movimentos excursivos da paciente e constatou-se que a

mesma possuía contato prematuro de incisivos laterais juntamente com função em

grupo ao realizar movimentos de lateralidade de ambos os lados, além de toque nos

dentes de balanceio, porém, mais acentuados entre os elementos 22 e 34 (Foto 8).

Estas lesões foram consideradas leões cervicais não cariosas (LCNCs) (KINA et al.,

2015), tendo como fatores primários a associação da má oclusão devido às ausências

de guia canino e aos hábitos de apertamento dentário diurno e noturno, ao consumo de

ácido proveniente da dieta e à abrasão pela escovação (hábitos relatados pela paciente

em anamnese).

Ao realizar-se o enceramento diagnóstico, além do remodelamento dental, foi

reestabelecida a função oclusal das guias excursivas anteriores de lateralidade e de

protrusão. Durante a realização do mock-up, as guias excursivas foram testadas em

boca e constatou-se que os guias caninos foram reestabelecidos (Figura 13), os

mesmos testes foram feitos após restaurações definitivas (Figura 17).

Segundo Kina, et al, 2015, inúmeros são os benefícios do tratamento restaurador

das LCNCs, como a melhoria da estética dental, diminuição ou eliminação da

sensibilidade térmica, higiene oral, impacção alimentar, prevenção de danos pulpares,

aumento da resistência do elemento dentário, paralisação do desgaste da lesão pelo

processo de abrasão por escovação e através da erosão ácida. Entre as opções de

materiais restauradores a autora citou as resinas compostas associadas aos sistemas

adesivos, que permitem a confecção de restaurações sem a necessidade de retenções

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mecânicas adicionais, ou seja, sem desgaste dental, corroborando com o método

restaurador minimamente invasivo proposto pelo presente trabalho.

Neste trabalho, no momento da técnica oclusal, a resina flow foi a escolhida

como material restaurador por ser um método associado ao sistema adesivo, não

havendo necessidade de realizar desgastes dentais e da facilidade de trabalho no

momento da inserção entre a máscara-molde e o dente. Além disto, a resina flow possui

boa estabilidade e aparência estética (BRAGA, et al., 2010).

Braga et al. (2010) avaliaram três resinas compostas, um cimento de ionômero

resino-modificado e um compômero em restaurações de LCNCs, quanto ao efeito de

bebidas ácidas e da escovação. O estudo destes autores constatou que a resina flow

apresenta menores alterações no peso e rugosidade após erosão e abrasão em

comparação com os demais compósitos restauradores testados. As resinas compostas

flow, apesar de possuírem quantidades de carga semelhantes aos compósitos de

micro-partículas (partículas de carga entre 0,04 e 4μm), apresentam a vantagem de não

possuir os aglomerados pré-polimerizados, que muitas vezes se deslocam da matriz,

resultando em maior rugosidade superficial. Todavia, alguns estudos mostram que

resinas flow têm propriedades mecânicas inferiores à das resinas microhíbridas e de

micropartículas (ATTAR et al., 2003).

É importante relevar que alguns fatores podem influenciar em falhas nas

restaurações de LCNCs, tornando o tratamento restaurador destas lesões um dos

maiores desafios clínicos. Os fatores associados às falhas restauradores podem estar

relacionados com a limitada ou até mesmo ausência de retenção micromecânica, sua

localização na região cervical dos dentes, presença de dentina esclerótica na maioria

das lesões, disponibilidade das estruturas de esmalte e dentina, oclusão dental,

tamanho e as diferentes formas das lesões (KINA et al., 2010). Sabendo destes

agravantes, os pacientes sujeitos à técnica devem ser avaliados periodicamente,

devendo-se estudar a hipótese do uso de algum dispositivo para proteção noturna.

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6 CONCLUSÃO

A técnica plástica oclusal em manequim odontológico, em comparação com a

técnica de restauração direta com muralha de silicone, obteve tempo de execução

clinico significativamente diminuído e manteve maior fidelidade quanto às proporções

do dente hígido.

O caso clínico realizado com a técnica da plástica oclusal se mostrou viável para

a execução em paciente, obtendo os resultados estéticos de cor, brilho, textura,

acabamentos e polimentos ótimos bem como os resultados funcionais de contatos

oclusais, interproximais, guias caninos, fonética e adaptação.

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7. REFERÊNCIAS

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