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Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação
Sociológica, do 1º ano, 2º semestre da Licenciatura em Sociologia sob
orientação do Prof. Dr. Paulo Peixoto.
Por Inês Esteves Martins, NE: 2009112027.
Imagem da capa retirada de:
http://bomdia.news352.lu/images/divers/sociedade/Pobreza_Portugal_n
ews352_big.jpg
“Aplaudem‐se as tolices de um rico
enquanto nem se dá ouvidos às
máximas de um pobre”
Baltasar Grácian y Morales
ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2. DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................... 2
2.1. ESTADO DAS ARTES ............................................................................................... 2
2.1.1 ‐ Pobreza .......................................................................................................... 2
2.1.2 ‐ Pobreza e Exclusão Social .............................................................................. 3
2.1.3 ‐ Desemprego e Pobreza ................................................................................. 4
2.1.4 ‐ Erradicação da Pobreza ................................................................................. 5
2.2. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA ................................................................. 6
3. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DE INTERNET ................................................................. 7
4. FICHA DE LEITURA ......................................................................................................... 8
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 9
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 14
ANEXO I
Página de Internet avaliada
ANEXO II
Texto base para a ficha de leitura
-1
1. INTRODUÇÃO A avaliação por regime contínuo na unidade curricular de Fontes de Informação
Sociológica pressupõe a realização de um trabalho académico. Como é este regime
através do qual pretendo obter aprovação na unidade curricular, escolhi de entre os
temas dados para desenvolver “Pobreza e Exclusão Social”.
Apesar deste ser um tema bastante discutido e já muito trabalhado a sua
actualidade e pertinência são indiscutíveis. Sempre houve pobres, mas desde a
industrialização das sociedades eles são mesmo “pobres”, no sentido de sem‐abrigo,
enquanto no início do século um pobre era apenas um indivíduo que embora tivesse
casa e comida não podia ter acesso a alguns bens, hoje considerados básicos, mas na
altura “luxuosos”. Eram normalmente os criados de grandes proprietários, que
dependiam deste, mas ao fim do dia de trabalho voltavam para suas casas.
A generalização da pobreza está bem presente no discurso de António Guterres
no Seminário Pobreza e Exclusão Social (1999), na qualidade de Primeiro Ministro:
“Vivemos num processo de globalização, de globalização das economias, dos
mercados, da comunicação: e até, porventura das culturas (…) há uma tendência de
globalização da pobreza”. (Guterres, 1999: 169)
Para começar, é necessário verificar o “Estado das Artes”, definindo os
conceitos de pobreza, exclusão social, as origens e as formas de erradicação.
O ponto de partida será então a análise da pobreza, têm pois, que se “designar
os pobres a partir da distância a determinados padrões sociais” (Paugam apud Diogo,
2007: 27).
-2
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. ESTADO DAS ARTES
2.1.1 - Pobreza Apesar das inúmeras definições que existem para este conceito partilham todas
o mesmo fundo, ou seja, viver abaixo de um certo limite. De destacar a noção de
pobres que “saiu” do Conselho de Ministros da CEE‐10 (1974) são pobres:
“os indivíduos ou famílias cujos recursos são tão escassos que os
excluem do modo de vida aceitável”. (apud Costa, 1998: 13)
Embora esta noção não tenha sido dada actualmente, a sua “actualidade”
mantém‐se.
De entre os autores mais conceituados no tema é de referenciar Alfredo
Bruto da Costa, com larga experiência de estudo e investigação no domínio da
pobreza. Para Bruto da Costa (1998), a pobreza é uma:
“situação de privação resultante de falta de recursos”.
Fernando Diogo, sociólogo na área da investigação e análise da pobreza (2007),
define a pobreza como sendo a: “escassez de recursos”. Como se prevê os recursos a
ter em conta nas situações de pobreza são as necessidades básicas como a
alimentação, o vestuário, habitação, educação ou saúde.
A pobreza afecta sobretudo os idosos com baixas pensões e, cada vez mais
grupos étnicos e culturais minoritários.
Estes casos não param de aumentar, mostrando uma tendência que se tem
acentuado nos últimos anos.
-3
2.1.2 - Pobreza e Exclusão Social
Durante muitos anos a pobreza era apenas associada à falta de rendimentos ou
insuficiência de consumos. Assim, são pobres os que se encontram abaixo de um
determinado nível de rendimentos. Mas o conceito de pobreza tem vindo a alargar‐se,
centrando‐se na carência de recursos também de natureza social, cultural, política e
ambiental. Este “novo” conceito compreende uma perspectiva mais recente, que
contempla a natureza social da pobreza, com a consequente degradação das relações
sociais, aproximando‐se do conceito de exclusão social.
Exclusão social é um conceito bastante actual, visto que apenas acerca de 10 anos
começou a ser mais frequente na sociedade.
Segundo (Townsend apud Diogo, 2007: ??):
“ Conceito de “exclusão social” que abarca a noção de “pobreza” e
inclui outras situações que embora não sendo de pobreza, são
caracterizadas por rupturas ao nível das relações sociais”.
Deve portanto relacionar‐se exclusão social com pobreza sendo difícil dar uma
noção de exclusão social sem incluir o conceito de pobreza.
Os diversos autores focados no trabalho assumem a simultaneidade de
relacionar os dois conceitos.
“A compreensão da “pobreza” como forma de “exclusão social”
permitiu associar os dois conceitos.” (Costa, 1998)
“Enfoque que ambos os conceitos [pobreza e exclusão social] têm no
indivíduo”. (Diogo, 2007)
-4
2.1.3 - Desemprego e Pobreza
O aumento da pobreza e da exclusão social tem fortes raízes no desemprego,
principalmente prolongado, que para além dos problemas financeiros provoca a
diminuição dos contactos sociais, do respeito por si próprio e da auto‐estima, levando
a consequências psicológicas como situações de frustração e depressão. Esta ideia
encaixa perfeitamente no juízo de Townsend, de que a exclusão social e pobreza,
incluída, abrange rupturas ao nível das relações sociais.
O desemprego é o responsável pela existência de um novo tipo de pobres, pois
a grande maioria das populações carenciadas estão em idade activa (21‐59 anos). Isto
faz com que a população que deveria contribuir para a Segurança Social esteja a
beneficiar de apoios desta. No entanto, com a eventual redução dos subsídios de
desemprego, a situação de pobreza resultante do desemprego agravar‐se‐á.
Mas é também importante perceber que a nossa sociedade atravessa um
período de mudança social e económica e que a maior parte do desemprego resulta
não só da crise actual, mas igualmente deste processo de adaptação.
-5
2.1.4 - Erradicação da Pobreza
A erradicação da Pobreza é cada vez mais uma constante, sendo o primeiro dos
objectivos do Milénio para o desenvolvimento, emanados da Declaração das Nações
Unidas, adoptada por 189 países em Setembro de 2000: “Eliminar a pobreza extrema e
a fome”.
A decisão de estabelecer o ano de 2010 como Ano Europeu do Combate à
Pobreza e à Exclusão Social (AECPES), pode ser considerado como uma oportunidade
para os países assumirem como dever colectivo, a erradicação da situação de pobreza
e exclusão em que ainda vivem muitos milhares de famílias. Em Portugal existem
várias iniciativas a nível Nacional coordenado pelo Instituto da Segurança Social a
quem cabe organizar a partir de turmas escolares, uma estafeta nacional denominada
“Pobreza e Exclusão: Eu passo!”. Ao longo do iniciativa, serão convidados a correr e a
passar o testemunho pela inclusão várias entidades públicas, bem como instituições.
Também a nível local estão a decorrer não só actividades como também acções de
sensibilização para que as pessoas possam estar mais atentas a esta realidade.
No âmbito deste Ano Europeu Contra a Pobreza e Exclusão Social, cada um dos
meses do ano é dedicado a um tema, sendo de destacar o tema do mês de Maio
“Emprego/Desemprego: Direito a um trabalho digno”.
-6
2.2. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA Após a escolha do tema “Pobreza e Exclusão Social” foi necessário começar a
pesquisa. Para dar início ao processo de pesquisa procurei no catálogo da Biblioteca da
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Utilizei a pesquisa avançada para
obter registos apenas nesta Biblioteca, em material impresso e em Língua Portuguesa.
As palavras‐chave utilizadas foram pobreza, exclusão social e desemprego, conjugadas.
Desta pesquisa obtive 5 resultados, dos quais apenas um me pareceu mais relevante
para o trabalho. A fractura nº2 dos Cadernos Democráticos, intitulada de Exclusões
Sociais (1998), da autoria de Alfredo Bruto da Costa.
Decidi realizar nova pesquisa desta vez apenas com as palavras‐chave pobreza
e exclusão social na Biblioteca Geral. Com esta pesquisa obtive 46 resultados. Dos
quais utilizei no trabalho Actas do Seminário: Pobreza e Exclusão Social – Percurso e
Perspectivas da Investigação em Portugal (1999) e Pobreza, Trabalho, Identidade
(2007) de Fernando Diogo. De entre estes resultados suscitou‐me interesse também o
livro de Pedro Hespanha, É o (des)emprego fonte de pobreza?, mas no dia em que me
desloquei à Biblioteca Geral este não se encontrava disponível e acabei por não o
voltar a procurar.
Na Internet centrei‐me no motor de busca Google, onde tive acesso ao sítio da
Internet dedicado ao Ano Europeu contra a Pobreza e Exclusão Social, que me pareceu
bastante interessante e apelativo, na divulgação do tema.
No motor de pesquisa google, com o descritor de pesquisa pobreza e exclusão
social obtive 536 000 resultados. Dada a extensão de resultados obtidos, recorri ao
google académico, onde, com o mesmo descritor de pesquisa obtive 42 500
resultados.
Recorri também ao Instituto Nacional de Estatística, onde com o descritor de
pesquisa pobreza, obtive 122 resultados, entre os quais estudos e publicações.
-7
3. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DE INTERNET Escolhi como página de Internet a avaliar, a dedicada ao Ano Europeu Contra a
Pobreza e Exclusão Social (2010). Esta página permite não só a partilha de opiniões
acerca do tema bem como a divulgação das várias iniciativas a decorrer não só
localmente mas também a nível nacional. A página destina‐se a todo o tipo de
população.
Encontra‐se em Português em http://www.2010combateapobreza.pt/, estando
o site oficial da União Europeia em Inglês.
O autor da página é uma Instituição Estatal, o Instituto da Segurança Social (ISS)
e que, na minha opinião, tem toda a competência para abordar o tema.
A página tem disponível, na secção contactos, o endereço postal e electrónico
bem como o contacto telefónico do Instituto da Segurança Social.
O URL é relativamente curto e de fácil memorização. A página não dispõe de
motor de pesquisa interna.
As ligações do sítio estão activas e são bastante pertinentes.
A publicidade no site restringe‐se à divulgação de iniciativas a propósito do
AECPES. Esta publicidade encontra‐se no início da página. Quando se pretende
consultar outro tipo de informação esta desaparece, pelo que não prejudica a leitura
de qualquer texto.
Sendo a página destinada a todo o tipo de população apresenta uma
composição clara, e informação exacta e objectiva.
O sítio dispõe de 74 ligações divididas entre ligações nacionais e internacionais.
As referências encontram‐se devidamente citadas.
É uma página atractiva, em que o texto é facilmente legível e as imagens úteis e
interessantes.
Dado o tema do trabalho parece‐me importante este sítio, visto que cobre a
temática em questão.
Globalmente considero a página boa.
-8
4. FICHA DE LEITURA A publicação que serviu de base a esta ficha de leitura intitula‐se Pobreza,
Trabalho, Identidade de Fernando Diogo, publicado em Outubro de 2007 em Lisboa
pela Editora Celta. Esta publicação está inserida na área das Ciências Sociais. O livro
encontra‐se na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra com a cota 8‐(2)‐26‐24‐
49.
O capítulo a ser analisado consta desta publicação e tem como título “Pobreza
e formas conexas de categorização” situado nas páginas 23‐36, lido a 23 de Abril de
2010.
Este capítulo centra‐se essencialmente no Rendimento Social de Inserção (RSI),
como um mecanismo importante para a diminuição da intensidade da pobreza, pois
ajuda as pessoas a reduzirem as suas privações. No entanto este levanta uma série de
problemas de identidade pessoal.
O capítulo está dividido em cinco partes. Na primeira parte, o autor questiona‐
se acerca da relação dos conceitos de pobreza, exclusão social e ainda da estreita
relação que estes dois conceitos têm com o RSI.
Nos pontos seguintes são desenvolvidas as questões inicialmente colocadas
nomeadamente na questão do ser pobre, logo ter ou não direito ao Rendimento Social
de Inserção, uma vez que há pobres que não têm acesso a esta prestação.
Beneficiários do RSI encaram de diferentes formas esta prestação, sendo
muitas vezes este visto como uma desvalorização do indivíduo pela sociedade e
principalmente por si próprio.
Para apoiar as suas reflexões Fernando Diogo recorre a autores como
Townsend, Alfredo Bruto da Costa e Demazière, entre outros.
Este capítulo explora a problemática da Rendimento Mínimo Garantido, na
construção das identidades, principalmente dos pobres e socialmente excluídos.
-9
5. CONCLUSÃO
Ao longo da realização do trabalho apercebi‐me que tudo o que se possa
analisar no que toca ao vasto fenómeno da “Pobreza e Exclusão Social” fica aquém
daquilo que é o “Horror de ser pobre”. Só alguém que viva este drama poderá de facto
fazer passar a ideia do que ele é em si.
A sociedade conhece este problema, pois convivemos diariamente com ele,
mas quando não nos toca a nós é sempre mais fácil ignorar.
Combater a pobreza é um dever de todos e inicia‐se com o desenvolvimento de
novos valores sociais, não nos preocuparmos tanto com nós próprios mas também
com os outros.
A execução do trabalho permitiu‐me uma aproximação do tema (que não é
fácil), e, talvez uma visão diferente do mesmo.
-10
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Livros:
► Guterres, António (1999), “Sessão de Encerramento” in Actas do Seminário:
Pobreza e Exclusão Social (1999), Percursos e Perspectivas da Investigação em
Portugal. Lisboa: CESIS ‐ Centro de Estudos para a Intervenção Social, 169‐172.
► Costa, Alfredo Bruto da (1998), Exclusões Sociais. Lisboa: Gradiva.
► Diogo, Fernando (2007), Pobreza, Identidade, Trabalho. Lisboa: Celta.
2. Internet:
► Instituto da Segurança Social (2010), “Ano Europeu contra a Pobreza e Exclusão
Social”. Página consultada a 21 de Maio de 2010. Disponível em
<http://www.2010combateapobreza.pt/>.
3. Citação:
Grácian y Morales, Baltasar (séc. XVII), “Citador”. Página consultada a 23 de Abril de
2010. Disponível em <
http://www.citador.pt/citacoes.php?Baltasar_Gracian_y_Morales=Baltasar_Gracian_y
_Morales&cit=1&op=7&author=145&firstrec=0>.
5. Imagem da capa:
► Página consultada a 23 de Abril de 2010. Disponível em
<http://bomdia.news352.lu/images/divers/sociedade/Pobreza_Portugal_news352_big
.jpg>.