Ponto Dos Concursos - Mpu - Apostila Direito Penal - 2010

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ESTA APOSTILA NO PODER SER VENDIDA. TRATA-SE DE UM MATERIAL GRATUITO, CRIADO POR UMA CONCURSEIRA A PARTIR DAS AULAS DO PONTO DOS CONCURSOS.

CONTEDO DA APOSTILA ESTA DE ACORDO COM O EDITAL PASSADO PARA O CARGO DE TECNICO ADMINISTRATIVO DO MPU

NOES DE DIREITO PENALAplicao da lei penal. Crime e Contraveno.

NOOES INTRODUTRIAS AULA 00 NESTA AULA VEREMOS CONCEITOS IMPORTANTES PARA A CORRETA COMPREENSO DOS TPICOS QUE VIRO EM SEGUIDA. ASSIM COMO EM MATEMTICA NO POSSVEL RESOLVER UMA EQUAO DO SEGUNDO GRAU SEM APRENDER A SOMAR, DIMINUIR, MULTIPLICAR E DIVIDIR, AQUI NO SER POSSVEL COMPREENDER TEMAS ESPECFICOS SEM O CONHECIMENTO DE CONCEITOS BSICOS.

APLICAO DA LEI PENALAULA 01 INTERPRETAO DA LEI PENAL LEI PENAL NO TEMPO CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS TEMPO DO CRIME LEI PENAL NO ESPAO LUGAR DO CRIME EXTRATERRITORIALIDADE

DO CRIMECRIME NOES INTRODUTRIAS AULA 02 CONCEITO CLASSIFICAO DOS CRIMES FATO TPICO TEORIA DO TIPO

CRIME ESPCIES AULA 03 CRIME DOLOSO CRIME CULPOSO CRIME PRETERDOLOSO ERRO DE TIPO

CRIME ITER CRIMINIS TENTATIVA DESISTNCIA VOLUNTRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

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AULA 04

ARREPENDIMENTO POSTERIOR CRIME IMPOSSVEL

CRIME ILICITUDE ESTADO DE NECESSIDADE LEGTIMA DEFESA ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL EXERCCIO REGULAR DE DIREITO

Cada aula ser composta de 30 a 40 pginas, com exceo da demonstrativa. Ao trmino de cada encontro apresentarei exerccios comentados a fim de fixar a matria. Sero cerca de 10 a 20 questes por aula, totalizando aproximadamente 150 exerccios no decorrer do curso. Dito isto, vamos comear a subir mais um importante degrau rumo aprovao?

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AULA 0 NOCES INTRODUTRIAS1.1 DIREITO PENAL 1.1.1 CONCEITO De acordo com o autor Jos Frederico Marques, o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqncia, e disciplinam tambm as relaes jurdicas da derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurana e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado. Resumindo, o Direito Penal o ramo do direito pblico que se destina a combater os crimes e as contravenes penais, atravs da imposio de uma sano penal. Aqui surge um primeiro conceito importantssimo, caro aluno, qual a diferena entre crime e contraveno?

CRIME

X

CONTRAVENO

Para encontrar a diferenciao entre estes dois termos to utilizados, devemos recorrer Lei de Introduo ao Cdigo Penal, que dispe em seu artigo 1: Art 1 Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a que a lei comina, isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. Logo, do exposto, podemos resumir: CRIME multa) CONTRAVENO SIMPLES OU MULTA ISOLADAMENTE PRISO PENA DE RECLUSO OU DETENO

(isoladamente, alternativa ou cumulativamente com

Dizemos que o direito penal um ramo do direito pblico por ser composto de regras aplicveis a todas as pessoas e por ter o ESTADO como titular exclusivo do direito de punir. www.pontodosconcursos.com.br 4

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1.1.2 CARACTERSTICAS DO DIREITO PENAL Caro aluno, podemos afirmar que por cominar penalidades o Direito Penal predominantemente repressivo? claro que no. Na verdade, o Direito Penal tem como principal caracterstica a finalidade preventiva, ou seja, antes de punir o infrator, estabelece normas proibitivas e comina penas visando evitar a prtica do crime. Havendo leso ao bem protegido, a sano abstrata, atravs do processo legal, transforma-se em efetiva, atuando sobre o infrator. Continuando com a caracterizao do nosso objeto de estudo, conforme os ensinamentos do renomado autor Magalho e Noronha, o Direito Penal cincia cultural normativa, valorativa e finalista. NORMATIVO VALORATIVO PORQUE O DIREITO POSITIVO TEM COMO OBJETO A NORMA. PORQUE ESTABELECE A SUA PRPRIA ESCALA DE VALORES.

DEFINE QUAL DELITO MAIS PESADO E COMINA SANES MAIS RGIDAS. FINALISTA PORQUE VISA A PROTEO DOS BENS JURDICOS

FUNDAMENTAIS COMO GARANTIA DE SOBREVIVNCIA DA ORDEM JURDICA.

Alm das j citadas caractersticas, podemos ainda dizer que o Direito Penal sancionador, pois no cria bens jurdicos, mas estabelece sanes que tutelam preceitos definidos para outros ramos jurdicos. Exemplo: A constituio garante o direito vida, mas ela fala o que deve acontecer se um indivduo matar algum? ai que surge o Direito Penal, sancionando a conduta. Finalizando, o Direito Penal tem carter fragmentrio, pois no tutela TODAS as condutas. A proteo dada pelo Direito Penal eminentemente subsidiria, pois resguarda apenas as situaes em que a proteo oferecida por outros ramos do Direito no seja suficiente para inibir sua violao, ou em que a exposio a perigo do bem jurdico tutelado apresente certa gravidade. Nesse sentido, posiciona-se o Professor Julio Fabbrini Mirabete: Muitas vezes as sanes civis se mostram insuficientes para coibir a prtica de ilcitos jurdicos graves, que atingem no apenas interesses individuais, mas tambm bens jurdicos relevantes, em condutas profundamente lesivas vida social. Arma-se o Estado, ento, contra os respectivos autores desses fatos, cominando e aplicando sanes severas por meio de um conjunto de normas jurdicas que constituem o Direito Penal. Justificam-se as disposies penais quando meios menos incisivos, como os de

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Direito Civil ou Direito Pblico, no bastam ao interesse de eficiente proteo aos bens jurdicos. O autor Heleno Cludio Fragoso complementa: as leses de bens jurdicos s podem ser submetidas a pena quando isso seja indispensvel para a ordenada vida em comum. Uma nova poltica criminal requer o exame rigoroso dos casos em que convm impor pena (criminalizao), e dos casos em que convm excluir, em princpio, a sano penal (descriminalizao), suprimindo a infrao, ou modificar ou atenuar a sano existente (despenalizao). Desde logo deve excluir-se do sistema penal a chamada criminalidade de bagatela e os fatos punveis que se situam puramente na ordem moral. A interveno punitiva s se legitima para assegurar a ordem externa. A incriminao s se justifica quando est em causa um bem ou valor socialmente importante. Agora, elencando as principais caractersticas, temos:

1.1.3 DIVISES DO DIREITO PENAL Concurseiro, a doutrina apresenta diversas divises do Direito Penal, mas com FOCO NO EDITAL e na ESAF, nem todas so importantes para voc. Desta forma, apresentarei somente as que voc precisa saber. Vamos l: 1. Direito penal comum O direito penal comum abrange as regras penais aplicveis a todas as pessoas, e no s a uma determinada classe, como a dos funcionrios pblicos ou dos militares. A ttulo de exemplo podemos citar a lei n. 11.343/2006 (Lei de drogas). 2. Direito penal especial Aplica-se somente a pessoas que se enquadram em certas condies legalmente exigidas. Podemos citar como exemplos o Cdigo

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Penal Militar e o Decreto-lei 201/67, que trata da responsabilidade dos vereadores e prefeitos. o conjunto de normas em vigor impostas pelo 3. Direito penal objetivo Estado, a cuja observncia os indivduos podem ser compelidos mediante coero. o conjunto de normas que a todos vincula, constituindo um padro de comportamento em razo do qual se dir se uma conduta correta ou incorreta no plano jurdico. o direito que detm o ESTADO de punir o 4. Direito penal subjetivo indivduo que afrontar o Direito penal objetivo. O poder de punir do Estado tambm chamado de jus puniendi. 5. Direito penal material (tambm chamado de substantivo) Penal propriamente dito. 6. Direito penal formal (tambm chamado de adjetivo) Processual Penal propriamente dito. o Direito

o Direito

1.1.4 FONTES DO DIREITO PENAL Neste tpico no iremos nos aprofundar, mas ao menos um conceito bsico necessrio. Fonte, em sentido usual, o lugar de onde provm algo. Desta forma, podemos conceituar fontes do direito penal como o ponto de partida das normas, princpios e preceitos que norteiam este ramo jurdico. Dentre os diversos doutrinadores, a classificao que voc, concurseiro, precisa ter conhecimento a subdiviso das fontes em formais e materiais: 1 - Fontes materiais Aqui estamos tratando de quem ser responsvel pela edio de normas especficas sobre o Direito Penal no nosso Pas. Encontramos esta resposta na Constituio Federal que, em seu Art. 22, I, dispe:

Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; (grifo nosso) Desta forma, caro aluno, podemos afirmar que a nica fonte material do Direito Penal a UNIO, correto??? ERRADO!!! Excepcionalmente, lei estadual (ou distrital) poder tratar sobre questes especficas de Direito Penal, desde que permitido pela Unio por meio de lei complementar, nos termos do Art. 22, pargrafo nico, da Carta Magna. Observe:

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Art. 22 [...] Pargrafo nico. Lei complementar poder autorizar os Estados a legislar sobre questes especficas das matrias relacionadas neste artigo.

Aqui, diferentemente, estamos tratando da forma como as 2 - Fontes formais normas jurdicas so exteriorizadas. No Direito Penal brasileiro temos como fonte formal a lei, que recebe a denominao de fonte imediata. Alm da fonte IMEDIATA, tambm existem fontes MEDIATAS que, embora no vinculem a atuao do Estado, servem de embasamento na atuao Estatal. So elas: Os costumes, os princpios gerais do direito, os atos administrativos, a doutrina e a jurisprudncia. Alguns doutrinadores tratam de outras fontes, mas para voc, caro aluno, que far uma prova da ESAF, so essas as fontes que so de conhecimento necessrio. Podemos resumir o exposto da seguinte forma:

REGRA: UNIO MATERIAIS EXCEO ESTADOS (DELEGAAO POR LC)

FONTES

IMEDIATAS

LEI

FORMAIS 1 COSTUMES MEDIATAS 2 PCP. GERAIS DO DIREITO 3 ATOS ADMINISTRATIVOS 4 DOUTRINA 5 - JURISPRUDNCIA

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1.1.5 PRINCPIOS DO DIREITO PENAL O Direito Penal brasileiro regido por uma srie de princpios, cujo estudo aprofundado e exata compreenso de suma importncia para um bom aprendizado dos assuntos que esto por vir. Segundo o doutrinador Celso Antnio Bandeira de Mello: Princpio , por definio, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposio fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o esprito e servindo de critrio para a sua exata compreenso e inteligncia, exatamente por definir a lgica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tnica e lhe d sentido harmnico. o conhecimento dos princpios que preside a inteleco das diferentes partes componentes do todo unitrio que h por nome sistema jurdico positivo". (grifo nosso)

Dito isto, vamos conhecer aqueles que sero importantes para a sua prova:

PRINCPIO DA RESERVA LEGAL Uma das caractersticas de vital importncia do direito penal brasileiro o chamado princpio da reserva legal, o qual encontra previso no s no Cdigo Penal, mas tambm na Constituio Federal. Observe: Art. 5 (CF) [...] XXXIX - no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal; O princpio da reserva legal no sinnimo do princpio da legalidade, seno espcie. A doutrina no raro confunde ou no distingue suficientemente o princpio da legalidade e o da reserva de lei. O primeiro significa a submisso e o respeito lei, ou a atuao dentro da esfera estabelecida pelo legislador. O segundo consiste em estatuir que a regulamentao de determinadas matrias h de se fazer necessariamente por lei formal Segundo o Professor DAMSIO E. DE JESUS: "(...) O princpio da ou de reserva legal tem significado poltico, no sentido de ser uma garantia constitucional dos direitos do homem. Constitui a garantia fundamental da liberdade civil, que no consiste em fazer tudo o que se quer, mas somente aquilo que a lei permite. lei e somente a ela compete fixar as limitaes que destacam a atividade criminosa da www.pontodosconcursos.com.br 9

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atividade legtima. Esta a condio de segurana e liberdade individual. (...) Assim, no h crime sem que, antes de sua prtica, haja uma lei descrevendo-o como fato punvel. lcita, pois, qualquer conduta que no se encontre definida em lei penal incriminadora.

PRINCPIO DA ANTERIORIDADE Este princpio tem base no j citado art. 5, XXXIX, da Carta Magna e estabelece a necessidade de que o CRIME e a PENA estejam PREVIAMENTE definidos em LEI. Mas e durante o chamado vacatio legis, perodo entre a publicao da lei e a sua entrada em vigor, j pode um indivduo ser punido? A resposta negativa, e para o nosso curso lembre-se sempre de que:

A LEI PENAL PRODUZ EFEITOS A PARTIR DE SUA ENTRADA EM VIGOR. NO PODE RETROAGIR, SALVO SE BENEFICIAR O RU.

PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA Este princpio surgiu com a idia de afastar da esfera do direito penal situaes com pouca significncia para a sociedade. Observe o que o STF diz sobre o tema no HC 92.961/SP 2007:

STF - HABEAS CORPUS: HC 92961 SP HABEAS CORPUS. PENAL MILITAR. USO DE SUBSTNCIA ENTORPECENTE. PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA. APLICAO NO MBITO DA JUSTIA MILITAR. ART. 1, III DA CONSTITUIO DO BRASIL. PRINCPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA [...] A mnima ofensividade da conduta, a ausncia de periculosidade social da ao, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da leso jurdica constituem os requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicao do princpio da insignificncia. [...]

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Mas e se Tcio furta um gro de arroz de Mvio, podemos afirmar que o princpio ser aplicado e, portanto, a tipicidade afastada? A resposta negativa, pois o simples fato de um objeto ter um reduzido valor patrimonial no quer dizer que ele no importante para quem o detm. E se o supracitado gro de arroz tiver sido dado a Mvio por um parente prximo, poucos instantes antes de morrer, no ser valioso para ele? Ok, caro concurseiro, gro de arroz no leito de morte... Realmente peguei pesado, mas acho que agora voc no esquece mais!!! Vamos ver o que diz o STJ sobre o tema:

STJ - HABEAS CORPUS: HC 60949 PE 2006/0127321-1 HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. FURTO DE PULSOS TELEFNICOS. APLICAO DO PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. O pequeno valor da res furtiva (objeto do furto) no se traduz, automaticamente, na aplicao do princpio da insignificncia. H que se conjugar a importncia do objeto material para a vtima, levando-se em considerao a sua condio econmica, o valor sentimental do bem, como tambm as circunstncias e o resultado do crime, tudo de modo a determinar, subjetivamente, se houve relevante leso. Precedente desta Corte. 2. Consoante se constata dos termos da pea acusatria, a paciente foi flagrada fazendo uma nica ligao clandestina em telefone pblico. Assim, o valor da res furtiva pode ser considerado nfimo, a ponto de justificar a aplicao do Princpio da Insignificncia ou da Bagatela, ante a falta de justa causa para a ao penal.

Para finalizar este importante princpio, importante ressaltar que, obviamente, ele no se aplica s aos delitos contra o patrimnio, mas A QUALQUER CRIME. Durante o curso voltaremos a tratar deste tema.

Este princpio interessante e de fcil PRINCPIO DA ALTERIDADE entendimento. Imagine que Tcio, assim como o seu professor de penal, torcedor do Fluminense, e a cada jogo que v na televiso Tcio, desesperado, comea a bater em si e fica todo machucado. www.pontodosconcursos.com.br 11

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Ele poder ser condenado criminalmente por algo? NO, pois segundo o princpio da alteridade ningum pode ser punido por causar mal APENAS A SI PRPRIO.

PRINCPIO DA INTERVENO MNIMA Segundo este princpio, o Direito Penal deve ser utilizado com muito critrio, devendo o legislador fazer uso dele SOMENTE nas situaes realmente NECESSRIAS de serem rigidamente tuteladas. Veja como o STF trata o assunto:

STF - HABEAS CORPUS: HC 92463 RS [...]

O sistema jurdico h de considerar a relevantssima circunstncia de que a privao da liberdade e a restrio de direitos do indivduo somente se justificam quando estritamente necessrias prpria proteo das pessoas, da sociedade e de outros bens jurdicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal no se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor por no importar em leso significativa a bens jurdicos relevantes no represente, por isso mesmo, prejuzo importante, seja ao titular do bem jurdico tutelado, seja integridade da prpria ordem social. [...]

PRINCPIO DA INTRANSCENDNCIA Ningum pode ser responsabilizado por um fato que foi cometido por um terceiro. Tal princpio tem base constitucional. Veja:

Art. 5 [...] XLV - nenhuma pena passar da pessoa do condenado, podendo a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens www.pontodosconcursos.com.br 12

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ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, at o limite do valor do patrimnio transferido; Segundo o STF, O postulado da intranscendncia impede que sanes e restries de ordem jurdica superem a dimenso estritamente pessoal do infrator.

PRINCPIO DO NE BIS IN IDEM jurdico a DUPLA PUNIO.

No admitido em nosso ordenamento

Com base neste princpio, temos a smula 241 do STF que dispe: A reincidncia penal no pode ser considerada como circunstncia agravante e, simultaneamente, como circunstncia judicial. importante citar que no h que se falar em afronta a este princpio quando um indivduo sofre aes penais diversas, por fatos distintos.

************************************************************************************************* RESUMO DOS PRINCIPAIS PONTOS TRATADOS

-PREVENTIVO -NORMATIVO -CARACTERSTICAS DO DIREITO PENAL -VALORATIVO -FINALISTA -FRAGMENTRIO

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-COMUM -ESPECIAL DIVISES DO DIREITO PENAL -OBJETIVO -SUBJETIVO -MATERIAL -FORMAL

-RESERVA LEGAL -ANTERIORIDADE -INSIGNIFICNCIA PRINCIPAIS PRINCPIOS -ALTERIDADE -INTERVENO MNIMA -INTRANSCENDNCIA -NE BIS IN IDEM

******************************************************************************************************* Por enquanto s! Espero encontr-lo(a) em breve na nossa prxima aula. Abraos e bons estudos, Pedro Ivo

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AULA 01 APLICABILIDADE DA LEI PENAL

Concurseiros de todo Brasil, sejam bem vindos!

Hoje trataremos de um tema importantssimo, presente em praticamente todas as provas de direito penal. Estudaremos, com foco na ESAF, como a lei penal aplicada e verificaremos como a banca costuma exigir o assunto em prova. Dito isto, vamos comear! Bons estudos!!! ************************************************************************ 1.1 LEI PENAL 1.1.1 CONCEITO A lei penal a fonte formal imediata do Direito Penal e classificada pela doutrina majoritria em incriminadora e no incriminadora. Dizemos ser incriminadoras aquelas que criam crimes e cominam penas como, por exemplo: Art. 121. Matar algum: Pena - recluso, de seis a vinte anos. Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primrio (que expe a conduta) e um secundrio (que determina a pena):

Diferentemente, as leis penais no incriminadoras so as que no criam delitos e nem cominam penas, e subdividem-se em (citarei s o que importa para sua PROVA): PERMISSIVAS CP. Autorizam a prtica de condutas tpicas. Exemplo: Art. 23 do

Art. 23 - No h crime quando o agente pratica o fato: www.pontodosconcursos.com.br 1

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I - em estado de necessidade; II - em legtima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerccio regular de direito. EXCULPANTES Estabelecem a no culpabilidade do agente ou caracteriza a impunidade de algum crime. Observe: Art. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo, ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio: Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa. [...] 2 - Se o funcionrio concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano. 3 - No caso do pargrafo anterior, a reparao do dano, se precede sentena irrecorrvel, extingue a punibilidade; se lhe posterior, reduz de metade a pena imposta. INTERPRETATIVAS Explicam determinado conceito, tornando clara a sua aplicabilidade. o caso do artigo 327 do CP, que explica o conceito de funcionrio pblico para fins penais: Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica. Resumindo:INCRIMINADORA PRECEITO PRIMRIO + PRECEITO SECUNDRIO

LEI PENAL

PERMISSIVA NO INCRIMINADORA EXCULPANTE INTERPRETATIVA

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1.1.2 INTERPRETAO DA LEI PENAL A palavra interpretao no pertence exclusivamente aos estudiosos do direito. Ao contrrio, empregada com freqncia nos mltiplos ramos do conhecimento e na prpria vida comum. H sempre algum que traduz o pensamento de seus pares, de seus companheiros. E os homens parecem gostar da interpretao, porque mexe com o raciocnio, quebra a monotonia, empolga. fcil, pois, compreender que o significado trivial do termo no sofreria radicais transformaes no campo do direito. Interpretar explicar, precisar, revelar o sentido. E outra coisa no se faz ao se interpretar um preceito legal como medida indiscutivelmente til e necessria. Quando pegamos um livro de Direito Penal, verificamos que existem diversas formas de interpretao das leis penais, tais como: Autntica, judicial, doutrinria, gramatical, etc. Para a sua PROVA, no necessrio o conhecimento das formas interpretativas, mas ser imprescindvel que voc saiba o conceito e as caractersticas da ANALOGIA que, embora no seja uma forma interpretativa, funciona integrando a lei penal. Sendo assim, vamos estud-la: 1.1.2.1 ANALOGIA A analogia jurdica consiste em aplicar a um caso no previsto pelo legislador a norma que rege caso anlogo, semelhante. Por exemplo, a aplicao de dispositivo referente empresa jornalstica a uma firma dedicada edio de livros e revistas. A analogia no diz respeito interpretao jurdica propriamente dita, mas integrao da lei, pois sua finalidade justamente suprir lacunas desta. A analogia se apresenta nas seguintes espcies: Analogia in malam partem aquela em que se supre a lacuna legal com algum dispositivo prejudicial ao ru. Isto no possvel no nosso ordenamento jurdico e desta forma j se pronunciou o STJ e o STF. Observe:

STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 956876 RS 2007/0124539-5 No cabe ao Julgador aplicar uma norma, por assemelhao, em substituio a outra validamente existente, simplesmente por entender que o legislador deveria ter regulado a situao de forma diversa da que adotou; no se pode, por analogia, criar sano que o sistema legal no haja determinado, sob pena de violao do princpio da reserva legal. www.pontodosconcursos.com.br 3

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STF - INQURITO: Inq 1145 PB 19.12.2006 No possvel abranger como criminosas condutas que no tenham pertinncia em relao conformao estrita do enunciado penal. No se pode pretender a aplicao da analogia para abarcar hiptese no mencionada no dispositivo legal (analogia in malam partem). Deve-se adotar o fundamento constitucional do princpio da legalidade na esfera penal. Por mais reprovvel que seja a lamentvel prtica da "cola eletrnica", a persecuo penal no pode ser legitimamente instaurada sem o atendimento mnimo dos direitos e garantias constitucionais vigentes em nosso Estado Democrtico de Direito.

Analogia in bonam partem Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma norma favorvel ao ru. Este tipo de analogia aceito em nosso ordenamento jurdico e desta forma j se pronunciou o STF em diversos julgados:

HC/97676 - HABEAS CORPUS 03/08/2009 Assim, perfeitamente aplicvel a analogia in bonam partem, a fim de extinguir a punibilidade do ru, garantindo-se a aplicao do princpio da isonomia, pois defeso ao julgador conferir tratamento diverso a situaes equivalentes.

1.2 LEI PENAL NO TEMPO A lei penal, assim como qualquer outro dispositivo legal, passa por um processo legislativo, ingressa no nosso ordenamento jurdico e vigora at a sua revogao, que nada mais do que a retirada da vigncia de uma lei. Entretanto, mais propriamente na esfera do Direito Penal, temos diversas situaes em que a revogao de uma lei instaura uma situao de claro conflito que, obviamente, precisa ser sanado. Antes de verificarmos estes conflitos, caro aluno, importante, mas MUITO IMPORTANTE MESMO, que tenhamos em mente que a regra geral no Direito Penal a da prevalncia da lei que se encontrava em vigor quando da prtica do fato, ou seja, aplica-se a LEI VIGENTE quando da prtica da conduta Princpio do TEMPUS REGIT ACTUM Sendo assim, devemos sempre lembrar que:

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REGRA GERAL: A LEI PENAL INCIDE SOBRE FATOS OCORRIDOS DURANTE A SUA VIGNCIA (TEMPUS REGIT ACTUM).TEMPUS REGIT ACTUM: O NOME DO PRINCPIO QUE REGE A APLICAO DA LEI PENAL NO TEMPO. ENUNCIADO: A LEI PENAL INCIDE SOBRE FATOS OCORRIDOS DURANTE A SUA VIGNCIA.

Mas professooor.... Eu escuto falar tanto em retroagir para beneficiar o ru...No esta a regra geral??? A resposta negativa e na pergunta acima temos uma das vrias excees que, a partir de agora, vamos tratar: 1.2.1 NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA Novatio legis incriminadora ocorre quando um indiferente penal (conduta considerada lcita frente legislao penal) passa a ser considerado crime pela lei posterior. A lei que incrimina novos fatos irretroativa, uma vez que prejudica o sujeito. Para exemplificar, imaginemos que criada uma lei para criminalizar o fato de concurseiros ficarem vendo televiso ao invs de estudar para a prova da RECEITA FEDERAL. Essa lei vai poder atingir a minha poca de estudos? Claro que no, pois, com base na Constituio Federal, no retroagir. Art. 5 [...] XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; 1.2.2 LEI PENAL MAIS GRAVE LEX GRAVIOR Aqui no temos a tipificao de uma conduta antes descriminalizada, mas sim a aplicao de tratamento mais rigoroso a um fato j constante como delito. Para esta situao tambm no h que se falar em retroatividade, pois, conforme j tratamos: SE MAIS GRAVE A LEI, TER APLICAO APENAS A FATOS POSTERIORES SUA ENTRADA EM VIGOR. JAMAIS RETROAGIR, CONFORME DETERMINAO CONSTITUCIONAL.

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1.2.3 ABOLITIO CRIMINIS O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata como lcito fato anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminaliza fato que era considerado infrao penal. Encontra embasamento no artigo 2 do Cdigo Penal, que dispe da seguinte forma: Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. No se confunde a descriminalizao com a despenalizao, haja vista a primeira delas retirar o carter ilcito do fato, enquanto que a outra o conjunto de medidas que visam eliminar ou suavizar a pena de priso. Assim, na despenalizao o crime ainda considerado um delito. Segundo os princpios que regem a lei penal no tempo, a lei abolicionista norma penal retroativa, atingindo fatos pretritos, ainda que acobertados pelo manto da coisa julgada. Isto porque o respeito coisa julgada uma garantia do cidado em face do Estado. Logo, a lei posterior s no pode retroagir se for prejudicial ao ru.

Coisa julgada a qualidade conferida sentena judicial contra a qual no cabem mais recursos, tornando-a imutvel e indiscutvel.

Entende a maioria da doutrina, inclusive o Supremo Tribunal Federal, que perfeitamente possvel abolitio criminis por meio de medida provisria. Cite-se como exemplo o Recurso Extraordinrio n. 254.818, cujo Relator foi o Ministro Seplveda Pertence.

STF - RECURSO EXTRAORDINRIO: RE 254818 PR Medida provisria: sua inadmissibilidade em matria penal - extrada pela doutrina consensual - da interpretao sistemtica da Constituio -, no compreende a de normas penais benficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de iseno de pena ou de extino de punibilidade.

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Para finalizar, exemplo claro de abolitio criminis em nosso ordenamento jurdico foi o que aconteceu com o adultrio, que desde 2005 no mais considerado crime. 1.2.4 LEI PENAL MAIS BENFICA Imaginemos que Tcio cometeu um delito. Meses depois, aps sua condenao transitada em julgado, a lei penal modificada, tornando-se mais benfica. Para este caso, ela retroagir? Para obter a resposta, caro aluno, voc deve verificar o pargrafo nico do artigo 2 do Cdigo Penal, que dispe: Art. 2 [...] Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado. Para ficar bem claro, vamos aplicar o regramento legal em um caso prtico: Em 2006 tivemos o advento da lei n. 11.343, conhecida como lei de Drogas. At ento, caso determinado indivduo fosse encontrado com drogas, mesmo para consumo prprio, estaria cometendo um crime e poderia, inclusive, ser preso. A nova lei veio despenalizar a conduta, ou seja, hoje, se um indivduo estiver com drogas para consumo pessoal, no pode ser preso. O que fazer ento com aqueles que haviam sido presos? Exatamente isso, ou seja...Abrir as portas para todos eles!!!A RETROATIVIDADE AUTOMTICA, DISPENSA CLUSULA EXPRESSA E ALCANA INCLUSIVE OS FATOS DEFINITIVAMENTE JULGADOS!

Ateno agora, caro aluno, para um importante detalhe. Tratamos que a lei mais favorvel RETROATIVA. Sendo assim, somente podemos falar em RETROATIVIDADE quando lei posterior for mais benfica ao agente, em comparao quela que estava em vigor quando o crime foi praticado. Observe:

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Mas agora imaginemos que Mvio comete um delito sob a gide de uma LEI A. Meses depois uma LEI B revoga a LEI A, trazendo regras mais gravosas ao crime cometido por Mvio. O que fazer neste caso? Para esta situao, em que um delito praticado durante a vigncia de uma lei que posteriormente revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrer a ULTRATIVIDADE da lei. Quando se diz que uma lei penal dotada de ultratividade, quer-se afirmar que ela, apesar de no mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores sua sada do sistema.

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1.2.5 COMBINAO DE LEIS PENAIS Situao curiosa ocorre quando o agente comete o delito sob os efeitos de determinada lei penal que posteriormente vem a ser revogada por outra que lhe mais benfica em alguns aspectos e mais gravosa em outros. Para ficar bem claro, imaginemos que Caio cometeu um ilcito punvel com pena de 2 a 4 anos de recluso e multa. Posteriormente editada uma lei, revogando a anterior, prevendo pena de 5 a 8 anos, mas no trazendo previso de multa. Neste caso, seria possvel retroagir apenas parte da lei a fim de favorecer o ru? A doutrina bem divergente quanto ao tema e isto fica claro nas lies de Fernando Galvo que, com a maestria que lhe peculiar, assim conceitua a combinao de leis penais: Ocorre combinao de leis quando, diante da sucesso de leis no tempo, o julgador utiliza dispositivos de duas ou mais leis para definir situao mais benfica ao acusado. O Cdigo Penal no menciona a possibilidade de combinao das leis, o que equivaleria a construir uma lei distinta das demais. No cabe ao julgado a tarefa de criar leis, e sempre houve discordncia na doutrina sobre a possibilidade da combinao. Entre os clssicos, Hungria e Anbal Bruno repudiaram a possibilidade da combinao das leis. J Frederico Marques e Basileu Garcia defendiam a possibilidade da combinao com base no princpio da equidade. (in Direito Penal, parte geral, 2 edio, Editora Del Rey, 2007, p.95) No se pode desconsiderar do supra texto o destaque do fato de, efetivamente, no haver previso legal da combinao de leis. Entretanto, e principalmente na seara do Direito Penal, imperioso reconhecer que a interpretao dos institutos previstos no Cdigo Penal deve ser permeada, mais do que em qualquer outro ramo do direito, pelos ditames da justia, da igualdade e da interveno mnima.

PELO PRINCPIO DA INTERVENO MNIMA, O DIREITO PENAL DEVE SE ABSTER DE INTERVIR EM CONDUTAS IRRELEVANTES E S ATUAR QUANDO ESTRITAMENTE NECESSRIO.

Ora, se nem mesmo o constituinte originrio, quando concebeu a redao do art.5, XL, da Constituio Federal, fez qualquer ressalva combinao de leis penais mais benficas, por que no conferir uma mxima efetividade referida norma constitucional e, assim, numa interpretao extensiva, admitir a combinao das leis? No foi outro o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal acerca do tema, em julgado publicado no informativo de jurisprudncia n525, no qual a segunda Turma daquela corte assim se manifestou: www.pontodosconcursos.com.br 9

CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO A Turma, em concluso de julgamento, deferiu, por maioria, habeas corpus impetrado em favor de condenado por trfico ilcito de entorpecentes (Lei 6.368/76, art. 12, c/c art. 29 do CP) para que se aplique, em seu benefcio, a causa de diminuio trazida pela Lei 11.343/2006 - v. Informativo 523. Centrava-se a questo em apurar o alcance do princpio da retroatividade da lei penal mais benfica, em face da nova Lei de Txicos, que introduziu causa de diminuio da pena para o delito de trfico de entorpecentes, mas aumentoulhe a pena mnima. Inicialmente, salientou-se a necessidade de se perquirir se seria lcita a incidncia isolada da causa de diminuio de pena aos delitos cometidos sob a gide da lei anterior, tendo por base as penas ento cominadas. Entendeu-se que aplicar a causa de diminuio no significa baralhar e confundir normas, uma vez que o juiz, ao assim proceder, no cria lei nova, mas apenas se movimenta dentro dos quadros legais para uma tarefa de integrao perfeitamente possvel. Ademais, aduziu-se que se deveria observar a finalidade e a ratio do princpio, para dar correta resposta questo, no havendo como se repudiar a aplicao da causa de diminuio tambm a situaes anteriores. Nesse diapaso, enfatizou-se, tambm, que a vedao de juno de dispositivos de leis diversas apenas produto de interpretao da doutrina e da jurisprudncia, sem apoio direto em texto constitucional. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que indeferia o writ por considerar que extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, e outro preceito de diverso diploma, implicaria alterar por completo o seu esprito normativo, gerando um contedo distinto do previamente estabelecido pelo legislador, e instituindo uma terceira regra relativamente situao individual do paciente. Precedente citado: HC 68416/DF (DJU de 30.10.92).HC 95435/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acrdo Min. Cezar Peluso, 21.10.2008. (HC-95435) (sem grifos no original)

Entendeu o STF que a tarefa de combinao legislativa nada mais do que um exerccio de integrao, perfeitamente possvel em se tratando de tratamento mais benfico ao acusado, principalmente por compreender que a vedao no encontra apoio no texto constitucional. Ainda nas palavras de Fernando Galvo: Ao contrrio, pode-se entender que a possibilidade da combinao das leis extrada do prprio sistema normativo. Se a finalidade da garantia constitucional que impe retroatividade in mellius beneficiar o autor do fato, impedir a retroatividade da parte benfica da lei nova impedir a aplicao do benefcio pretendido pela carta constitucional. Portanto, a combinao das www.pontodosconcursos.com.br 10

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leis soluo acolhida pelo ordenamento jurdico, quando resultar em benefcio para o autor do fato (in obra citada p.96). Desta forma, independentemente de qualquer divergncia doutrinria, a posio que voc deve adotar na sua PROVA a do STF, ou seja:

POSSVEL A COMBINAO DE LEIS PENAIS A FIM DE BENEFICIAR O RU.1.2.6 LEI PENAL TEMPORRIA E LEI PENAL EXCEPCIONAL Caro aluno, vimos at agora que a lei penal retroage para beneficiar o ru. Mas imagine a seguinte situao. Uma lei editada atribuindo penalizao de recluso de 5 a 8 anos para os indivduos que gastem uma quantidade de gua superior a 300 litros por ms durante certo perodo de racionamento. Esta lei entra em vigor em 01 de janeiro de 2010 e termina em 31 de dezembro do mesmo ano. Tcio, no ms de outubro do supracitado ano, durante a vigncia da lei, gasta 500 litros de gua e tal fato s descoberto no dia 29 de dezembro. Para este caso, dar tempo de ele ser condenado? E se for, no dia 1 de janeiro teremos a abolitio criminis? Para responder a estas perguntas e evitar situaes absurdas que tirariam o sentido de determinadas leis, dispe o Cdigo Penal: Art. 3 - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigncia.

LEIS TEMPORRIAS SO AQUELAS QUE TRAZEM EM SEU TEXTO O TEMPO DETERMINADO DE SUA VALIDADE. POR EXEMPLO, A LEI TER VALIDADE AT 15 DE NOVEMBRO DE 2012 - UM PERODO CERTO. LEIS EXCEPCIONAIS SO AS QUE TM SUA EFICCIA VINCULADA A UM ACONTECIMENTO DO MUNDO FTICO, COMO POR EXEMPLO UMA GUERRA. NELSON HUNGRIA CITA A LEI QUE ORDENAVA QUE, EM TEMPO DE GUERRA, TODAS AS PORTAS DEVERIAM SER PINTADAS DE PRETO, OU SEJA, A GUERRA UM PERODO INDETERMINADO, MAS, DURANTE O SEU TEMPO, CONSTITUA CRIME DEIXAR DE PINTAR A PORTA. AO TRMINO DA GUERRA, A LEI PERDERIA EFICCIA.

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As leis excepcionais e temporrias so auto-revogveis, ou seja, no h necessidade da edio de uma outra lei para retir-las do ordenamento jurdico. suficiente para tal o decurso do prazo ou mesmo o trmino de determinada situao. Para que sua aplicabilidade seja plena, o legislador percebeu ser necessria a manuteno de seus efeitos punitivos, ps sua vigncia, aos que afrontaram a norma quando vigorava. Desta forma, podemos afirmar que as LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORRIAS POSSUEM ULTRATIVIDADE, pois, conforme exposto, aplicam-se sempre ao fato praticado durante sua vigncia. O fundamento da ultratividade claro e a explicao est prevista na exposio de motivos do Cdigo Penal, nos seguintes termos: especialmente decidida a hiptese da lei excepcional ou temporria, reconhecendose a sua ultra-atividade. Esta ressalva visa impedir que, tratando-se de leis previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas as suas sanes por expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos processos penais. Esquematizando:

INCIO DA VIGNCIA

ATO CONTRRIO LEI

TRMINO DA VIGNCIA

LEI TEMPORRIA LEI EXCEPCIONAL

PERODO DE VIGNCIA DEFINIDO SITUAO DE ANORMALIDADE

1.3 CONFLITO APARENTE DE LEIS Segundo o autor Cssio Juvenal Faria em seu estudo: "Ocorre o conflito aparente de normas penais quando o mesmo fato se amolda a duas ou mais normas incriminadoras. A conduta, nica, parece subsumir-se em diversas normas penais. Ou seja, h uma unidade de fato e uma pluralidade de normas contemporneas identificando aquele fato como criminoso". www.pontodosconcursos.com.br 12

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Resumindo, o conflito aparente de leis penais ocorre quando a um s fato, aparentemente, duas ou mais leis so aplicveis, ou seja, o fato nico, no entanto, existe uma pluralidade de normas a ele aplicveis. Como diz a prpria expresso, o conflito aparente, pois se resolve com a correta interpretao da lei. A doutrina, regra geral, indica 04 princpios a serem aplicados a fim de solucionar o conflito aparente de leis penais, so eles: 1. SUBSIDIARIEDADE; 2. ESPECIALIDADE; 3. CONSUNO; 4. ALTERNATIVIDADE O conhecimento destes 04 princpios importante para a sua prova e, para lembr-los, observe que juntos formam a palavra SECA!!!

Vamos conhec-los: 1.3.1 PRINCPIO DA ESPECIALIDADE Estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral. Considera-se lei especial aquela que contm todos os requisitos da lei geral e mais alguns chamados especializantes. Exemplo: O crime de infanticdio, previsto no artigo 123 do Cdigo Penal, tem um ncleo idntico ao do crime de homicdio, tipificado pelo artigo 121, qual seja, matar algum. Torna-se figura especial, ao exigir elementos diferenciadores: A autora deve

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ser a me e a vtima deve ser o prprio filho, nascente ou neonato, cometendo-se o delito durante o parto ou logo aps, sob influncia do estado puerperal.

ELEMENTOSCOMUNS

1.3.2 PRINCPIO DA SUBSIDIARIEDADE Subdivide-se em expresso e tcito. Ocorre a subsidiariedade expressa, quando a prpria norma reconhecer seu carter subsidirio, admitindo incidir somente se no ficar caracterizado o fato de maior gravidade. Como exemplo, compete citar o crime de perigo para a vida ou sade de outrem (art. 132, CP): "Art. 132. Expor a vida ou a sade de outrem a perigo direto e iminente: Pena deteno, de 3 meses a 1 ano, se o fato no constituir crime mais grave". (grifei) Como se retira do preceito secundrio do artigo transcrito, somente "se o fato no constituir crime mais grave" que a pena relativa ao delito descrito no art. 132 ser aplicada ao agente. No caso da subsidiariedade tcita, a norma nada diz, mas, diante do caso concreto, verifica-se seu carter secundrio. Exemplo claro o do crime de roubo, em que a vtima, mediante emprego de violncia, constrangida a entregar a sua bolsa ao agente. Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma primria) e o do constrangimento ilegal (norma subsidiria), sendo que o constrangimento ilegal, no caso, foi apenas uma fase do roubo, alm do fato de este ser mais grave. 1.3.3 PRINCPIO DA CONSUNO www.pontodosconcursos.com.br 14

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Conhecido tambm como Princpio da Absoro, um princpio aplicvel nos casos em que h uma sucesso de condutas com existncia de um nexo de dependncia. De acordo com tal princpio, o crime mais grave absorve o crime menos grave. Ao contrrio do que ocorre no princpio da especialidade, aqui no se reclama a comparao abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos, inferindo-se que o mais grave consome os demais, sobrando apenas a lei penal que o disciplina. Mas, como assim? Se tomo, por exemplo, o crime de furto qualificado (art. 155, 4, do Cdigo Penal), no posso, de antemo, dizer que ele sofre consuno, pois que dele, em si, nada se pode aferir quanto at mesmo a sua correspondncia ntima com outro crime. Abstratamente, enfim, impossvel saber se ele , ou no, consuntivo. No entanto, se digo que o agente Tcio, com o intuito de furtar bens de uma residncia, escala o muro que a cerca e, utilizando-se de chave falsa, abre-lhe a porta e penetra em seu interior, subtraindo-lhe os bens e fugindo logo em seguida, posso, com toda a certeza, afirmar que o princpio da consuno se faz presente. Neste caso, o furto qualificado pela escalada e pelo emprego de chave falsa (art. 155, 4, II, 3 figura, e III, do Cdigo Penal) absorve a violao de domiclio qualificada (art. 150, 1, 1 figura, do Cdigo Penal), que lhe serviu de meio necessrio. 1.3.4 PRINCPIO DA ALTERNATIVIDADE Ocorre quando uma norma jurdica prev diversas condutas, alternativamente, como modalidades de uma mesma infrao. Para estes casos, mesmo que o infrator cometa mais de uma dessas condutas alternativas, isto , se, acaso, violar mais de um dever jurdico, ser apenado somente uma vez. comum no Direito Ambiental a norma jurdica determinar vrias modalidades de conduta para a mesma infrao. Por exemplo, o artigo 11 do Decreto 3.179, de 21.9.1999, que regulamenta a Lei 9.605/1998, estabelece: Art. 11. Matar, perseguir, caar, apanhar, utilizar espcimes da fauna silvestre , nativos ou em rota migratria, sem a devida permisso, licena ou autorizao da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: multa de (...). O infrator ser apenado apenas uma vez, ainda que realize diversos comportamentos estabelecidos na norma. Por exemplo, se a pessoa caa e depois mata determinado animal silvestre, sofrer uma reprimenda, a que for cominada infrao. Para ficar bem claro, um outro exemplo: Assim dispe o artigo 193 da Lei 9.503, de 23.9.1997, que institui o Cdigo de Trnsito Brasileiro: Art. 193. Transitar com o veculo em calada, passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refgios, ajardinamentos, canteiros centrais e www.pontodosconcursos.com.br 15

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divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalizao, gramados e jardins pblicos: Penalidade: multa (...). Ao menos em linhas gerais, se a pessoa transita com o veculo na calada, na ciclovia e depois no acostamento, no cometer tantas infraes quantos forem os deveres violados. Trata-se de ilcito administrativo de condutas mltiplas e ele sofrer nica sano em face do princpio da alternatividade. Finalizando este tpico, cabe pela importncia ressaltar:

O CONFLITO DE NORMAS APARENTE, OU SEJA, SEMPRE PODE SER SOLUCIONADO ATRAVS DE UMA CORRETA INTERPRETAO

1.4 TEMPO DO CRIME Caro aluno, imagine que Tcio atira em Mvio no dia 15 de maro de 2009, quando possua 17 anos, 28 dias e 6 horas. Mvio socorrido, levado ao hospital e vem a falecer no dia 03 de abril de 2009, em virtude dos disparos. Neste caso, Tcio poder ser condenado? Perceba que temos a ao ocorrendo em uma data (disparos) e o resultado em outra. Como encontrar a soluo para este questionamento? Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal tem apresentado trs teorias, quais sejam, a teoria da atividade, do resultado e da ubiqidade (mista). Teoria da Atividade O crime ocorre no lugar em que foi praticada a ao ou omisso, ou seja, a conduta criminosa. Ex.: o crime de homicdio praticado no lugar em que o agente dispara a arma de fogo com a inteno de matar a vtima; Teoria do Resultado O crime ocorre no lugar em que ocorreu o resultado. Ex.: o crime de homicdio praticado no lugar em que a vtima morreu, ainda que outro tenha sido o lugar da ao; Teoria da Ubiqidade Tambm conhecida por teoria mista, j que para esta teoria o crime ocorre tanto no lugar em que foi praticada a ao ou omisso (atividade) como onde se produziu, ou deveria se produzir o resultado (resultado). www.pontodosconcursos.com.br 16

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O Cdigo Penal adota claramente, em seu artigo 4, a TEORIA DA ATIVIDADE para determinar o tempo do crime. Observe: Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado Desta forma, fica claro que em nosso exemplo inicial, Tcio no poder ser condenado com base no Cdigo Penal, pois era menor quando da ao do delito. Ser cabvel para o caso as disposies do Estatuto da Criana e do Adolescente. 1.4.1 EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE PARA O TEMPO DO CRIME A adoo da teoria da atividade para a determinao do tempo do crime apresenta algumas conseqncias, dentre as quais as seguintes so importantes para a sua PROVA: 1. Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo do resultado for mais benfica. 2. Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDUTA. Antes de prosseguirmos, necessrio o conhecimento bsico de alguns conceitos:

DICIONRIO DO CONCURSEIRO

CRIME PERMANENTE O CRIME CUJO MOMENTO CONSUMATIVO SE PROLONGA NO TEMPO. EXEMPLO: CP, ART. 148 - SEQUESTRO E CRCERE PRIVADO. CRIME CONTINUADO O INSTITUTO DO CRIME CONTINUADO UMA FICO JURDICA QUE, EXIGINDO O CUMPRIMENTO DE REQUISITOS OBJETIVOS (MESMA ESPCIE, CONDIES DE TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUO E OUTRAS SEMELHANTES), EQUIPARA A REALIZAO DE VRIOS CRIMES A UM S. EXEMPLO: CAIXA DE SUPERMERCADO QUE, DIA APS DIA, E NA ESPERANA DE QUE O SEU SUPERIOR EXERA AS SUAS FUNES NEGLIGENTEMENTE, TIRA PEQUENO VALOR DIRIO DO CAIXA, QUE PODE TORNAR-SE CONSIDERVEL COM O PASSAR DO TEMPO. CRIME HABITUAL CONSOANTE CAPEZ, " O COMPOSTO PELA REITERAO DE ATOS QUE REVELAM UM ESTILO DE VIDA DO AGENTE, POR EXEMPLO, RUFIANISMO (CP, ART. 230), EXERCCIO ILEGAL DA MEDICINA; S SE CONSUMA COM A HABITUALIDADE NA CONDUTA.

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Prosseguindo: 3. Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa ao bem jurdico (Exemplo: extorso mediante seqestro), o tempo do crime se dilatar pelo perodo de permanncia. Assim, se o autor, menor, durante a fase de execuo do crime vier a atingir a maioridade, responder segundo o Cdigo Penal e no segundo o Estatuto da Criana e do Adolescente ECA (Lei n. 8.069/90).

4. Nos crimes continuados em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por lei nova, aplica-se esta ltima a toda unidade delitiva, desde que sob a sua vigncia continue a ser praticado.

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A smula 711 do STF resume os itens 03 e 04. Observe:

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SMULA 711 DO STF A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGNCIA ANTERIOR CESSAO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANNCIA.

5. No Crime Habitual em que haja sucesso de leis, deve ser aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa. 1.5 LEI PENAL NO ESPAO

O Cdigo Penal trata de maneira detalhada da aplicao da Lei Penal no espao e, assim, torna claro para a sociedade onde as normas definidas pelo Legislador Brasileiro sero aplicadas. A REGRA para dirimir conflitos e dvidas a utilizao do princpio da TERRITORIALIDADE, ou seja, aplica-se a lei penal aos crimes cometidos em territrio nacional. Tal preceito encontra-se no Cdigo Penal, observe: Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. H excees que ocorrem quando o brasileiro pratica crime no exterior ou um estrangeiro comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Cdigo Penal adotou o princpio da TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA. Dito isto, vamos esmiuar a regra e as excees: 1.5.1 PRINCPIO DE TERRITORIALIDADE Em termos jurdicos, territrio o espao em que o Estado exerce sua soberania poltica. Para a sua PROVA, caro aluno, voc no precisa saber exatamente o que compreende o territrio brasileiro, bastando apenas o conhecimento do disposto nos pargrafos 1 e 2 do artigo 5, que dispe:

Art. 5 [...]

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1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espao areo correspondente ou em alto-mar. 2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Com base nos supracitados pargrafos, imagine que Ticio, brasileiro, est na Argentina e confere leses corporais graves em um Hermano. Diante de tal fato, Ticio, perseguido por policiais, corre para um navio da marinha de guerra do Brasil e o adentra. Neste caso, Tcio poder ser preso pelos policiais Argentinos? A resposta negativa, pois o navio ser considerado extenso do territrio Brasileiro e no poder ser penetrado peles policiais Argentinos. Agora outra situao... Mvio, Americano, est em um cruzeiro que passar pelas belas praias do Rio de Janeiro. Nas proximidades de Copacabana, Mvio atira em Caio. Diante desta situao, o que fazer? Mvio pode ser preso segundo as leis brasileiras? A resposta positiva, pois, com base no pargrafo 2 do artigo 5, para crimes praticados a bordo de embarcaes privadas estrangeiras, achando-se estas em porto ou mar territorial do Brasil, aplica-se a lei brasileira. Como percebe, as regras so de fcil aplicao, mas o correto entendimento fundamental para sua PROVA. 1.5.2 PRINCPIOS QUE MITIGAM A TERRITORIALIDADE Vimos que o Cdigo Penal adota o princpio da territorialidade temperada ou mitigada por haverem excees ao princpio da territorialidade. Vamos conhec-las: 1.5.2.1 PRINCPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALIDADE Autoriza a submisso lei brasileira dos crimes praticados no estrangeiro por autor brasileiro ou contra vtima brasileira. Este princpio se subdivide em outros dois: 1 Princpio da Personalidade Ativa S se considera a nacionalidade do autor do delito, ou seja, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurdico ofendido, o agente punido de acordo com a lei brasileira. Encontra-se disposto no art. 7., I, alnea d e II, b do Cdigo Penal:

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Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: [...] d) de genocdio, quando o agente for brasileiro [...] II - os crimes: [...] b) praticados por brasileiro; 2 - Princpio da Personalidade Passiva Considera-se somente a nacionalidade da vtima do delito. Encontra previso no art. 7., 3. do Cdigo Penal: 3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior: a) no foi pedida ou foi negada a extradio; b) houve requisio do Ministro da Justia. 1.5.2.2 PRINCPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEO A lei penal aplicada independente da nacionalidade do bem jurdico atingido pela ao delituosa, onde quer que ela tenha sido praticada e independente da nacionalidade do agente. O Estado protege os seus interesses alm fronteiras. Observe o preceituado no Cdigo Penal: Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica; b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico; c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

1.5.2.3 PRINCPIO DA JUSTIA UNIVERSAL

As leis penais devem ser aplicadas a todo e qualquer fato punvel, seja qual for a nacionalidade do agente, do bem jurdico lesado ou posto em perigo e em qualquer local onde o fato foi praticado. www.pontodosconcursos.com.br 21

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A lei penal deve ser aplicada a todos os homens, independentemente do local onde se encontrem. um princpio baseado na cooperao penal internacional e permite a punio, por todos os Estados, da totalidade dos crimes que forem objeto de tratados e de convenes internacionais. Fundamenta-se no dever de solidariedade na represso de certos delitos cuja punio interessa a todos os povos. Exemplos: Trfico de drogas, comrcio de seres humanos, genocdio, etc. Encontra previso no art. 7, II, a, do Cdigo Penal: II - os crimes a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir; 1.5.2.4 PRINCPIO DA REPRESENTAO Segundo este princpio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada quando estiverem em territrio estrangeiro e a no sejam julgados. Est previsto no artigo 7, II, c, do Cdigo Penal: II - os crimes [...] c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados. 1.5.3 LUGAR DO CRIME At agora falamos bastante da territorialidade, mas para sabermos se um delito operou-se no territrio Nacional precisamos aprender como determinar o lugar do crime. Quando falamos sobre o tempo do crime, ou seja, o momento em que o crime cometido, tratamos de trs teorias: ATIVIDADE, RESULTADO e MISTA ou da UBIQUIDADE. Est lembrado? Naquela oportunidade, afirmamos que para definir o momento do crime adotou-se a teoria da atividade. Portanto, tem-se como praticado o crime NO MOMENTO da ATIVIDADE. Aqui, a questo saber ONDE se tem como cometido o delito. O problema o lugar (espao) e no o tempo. Devemos, mais uma vez, para solucionar qualquer conflito, recorrer s trs teorias: TEORIA DA ATIVIDADE O CRIME COMETIDO NO LUGAR ONDE FOI PRATICADA A ATIVIDADE (CONDUTA= AO OU OMISSO).

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CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO TEORIA DO RESULTADO O LUGAR DO CRIME ONDE OCORREU O RESULTADO, INDEPENDENTEMENTE DE ONDE FOI PRATICADA A CONDUTA. TEORIA MISTA (OU DA UBIQIDADE) CONSIDERA, POR SUA VEZ, QUE O CRIME COMETIDO TANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGAR DO RESULTADO.

O Cdigo Penal, ao tratar do tema, dispe: Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. O Cdigo Penal adotou a teoria da ubiqidade, valendo ressaltar que na prpria previso do art. 6 do Cdigo Penal esta includa o lugar da tentativa, ou seja, "...onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado". Busca-se, com a teoria mista do lugar do delito, solucionar o problema dos conflitos negativos de competncia (Dentro do Territrio Nacional) e o problema dos crimes distncia (Brasil - Exterior), em que ao e o resultado se desenvolvem em lugares diversos. Como exemplo, podemos citar o seguinte caso: Imagine que Tcio, residente no Brasil, envia uma carta bomba para um cidado residente na Grcia (vou parar com esse negcio de citar s argentinos), cujo nome Maradona. Maradona, grego, vem a falecer em virtude da carta. Neste caso, segundo a norma penal, o lugar do crime tanto pode ser o Brasil quanto a Grcia. Ou seja, para que o Brasil seja competente na apurao e julgamento de determinada infrao penal, basta que poro dessa conduta delituosa tenha ocorrido no territrio nacional.EXISTEM ALGUMAS SITUAES PARA AS QUAIS NO SE APLICA A TEORIA DA UBIQIDADE, A NICA QUE IMPORTA PARA A SUA PROVA DIZ RESPEITO AOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA, OCORRIDOS NO TERRITRIO NACIONAL QUE, SEGUNDO PACFICA JURISPRUDNCIA, A FIM DE FACILITAR A INSTRUO CRIMINAL E A DESCOBERTA DA VERDADE REAL, SEGUE A TEORIA DA ATIVIDADE.

Sendo assim, imagine que Mvio atira em Caio em So Paulo. Este socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro, onde vem a falecer. Temos, para este caso, a atividade em So Paulo e o resultado no Rio de Janeiro. Pela regra geral, seriam competentes tanto o Juzo do Rio quanto o de So Paulo, MAAAAAS, como neste caso estamos tratando de crime doloso contra a vida, aplica-se a teoria da ATIVIDADE e no da UBIQUIDADE, sendo competente, portanto, o Juzo de So Paulo. www.pontodosconcursos.com.br 23

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1.5.4 EXTRATERRITORIALIDADE Extraterritorialidade a aplicao da legislao penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Conforme j tratamos, justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente lei penal no espao, o princpio da territorialidade mitigada, o que autoriza, excepcionalmente, a incidncia da lei penal brasileira a crimes praticados fora do territrio nacional. A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada e so estas duas espcies que veremos a partir de agora. Apresentarei primeiramente as regras gerais e depois colocarei o que importante em um esquema, a fim de facilitar a assimilao. Observao:NO SE ADMITE A APLICAO DA LEI PENAL BRASILEIRA S CONTRAVENES PENAIS OCORRIDAS FORA DO TERRITRIO NACIONAL. OBSERVE O DISPOSTO NA LEI DAS CONTRAVENES PENAIS:

Art. 2 A lei brasileira s aplicvel contraveno praticada no territrio nacional.

1.5.4.1 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA Como o prprio nome diz, so hipteses em que a lei brasileira aplicada, independentemente de qualquer CONDIO. Encontra previso do art. 7, I do Cdigo Penal, que dispe: Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica; b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico; c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio; d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 1.5.4.2 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

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Relaciona-se aos crimes indicados no art. 7., II, e 3., do Cdigo Penal. Art. 7 [...] II - os crimes: a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados. 3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior: a) no foi pedida ou foi negada a extradio; b) houve requisio do Ministro da Justia. A aplicao da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior se sujeita s condies descritas no art. 7., 2., alneas a, b, c e d, e 3., do Cdigo Penal. 2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies: a) entrar o agente no territrio nacional; b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado; c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio; d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena; Tratando-se de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira subsidiria em relao aos crimes praticados fora do territrio nacional, aqui j descritos. Dito tudo isto sobre a extraterritorialidade, vamos esquematizar:

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CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVOHIPTESES: *CRIME CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DOPRESIDENTE DA REPBLICA. *CRIME CONTRA O PATRIMNIO OU A F PBLICA DA ADMINISTRAO DIRETA OU INDIRETA. *CRIME CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA, POR QUEM EST A SEU SERVIO. *CRIME DE GENOCDIO, QUANDO O AGENTE FOR BRASILEIRO OU DOMICILIADO NO BRASIL.

INCONDICIONADA

CONDIES:*NO EXISTEM O AGENTE PUNIDO PELA LEI BRASILEIRA, AINDA QUE ABSOLVIDO OU CONDENADO NO ESTRANGEIRO.

EXTRATERRITORIALIDADE

HIPTESES: *CRIMES QUE, POR TRATADO OU CONVENO, OBRASIL SE OBRIGOU A REPRIMIR. *CRIMES PRATICADOS POR BRASILEIRO. *CRIMES PRATICADOS EM AERONAVES OU EMBARCAES BRASILEIRAS, MERCANTES OU DE PROPRIEDADE PRIVADA, QUANDO EM TERRITRIO ESTRANGEIRO NO FOREM JULGADOS. *CRIMES PRATICADOS POR ESTRANGEIROS CONTRA BRASILEIROS FORA DO BRASIL, SE, REUNIDAS AS CONDIES: 1-NO FOI PEDIDA OU NEGADA A EXTRADIO; 2-HOUVE REQUISIO DO MINISTRO DA JUSTIA.

CONDICIONADA CONDIES:*ENTRAR O AGENTE NO TERRITRIO NACIONAL *SER O FATO PUNVEL ONDE FOI PRATICADO *ESTAR O CRIME INCLUDO ENTRE AQUELES PELOS QUAIS A LEI BRASILEIRA AUTORIZA A EXTRADIO * NO TER SIDO ABSOLVIDO NO ESTRANGEIRO OU NO TER A CUMPRIDO PENA (CUMPRIMENTO PARCIAL ART. 8 DO CP) *NO TER SIDO PERDOADO NO ESTRANGEIRO OU EXTINTA A PUNIBILIDADE PELA LEI + FAVORVEL

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1.6 CONSIDERAES FINAS 1.6.1 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO Imaginemos que Tcio cometeu um crime contra a vida do presidente Lula em solo argentino e l foi condenado pena de seis anos de recluso, dos quais j cumpriu trs anos. Durante uma rebelio, Tcio foge e consegue chegar ao Brasil. Conforme j vimos, e quanto a isso no deve haver dvidas, a sentena estrangeira no faz coisa julgada no Brasil. Logo, o autor da infrao dever ser novamente julgado. Pensemos que Tcio foi condenado aqui no Brasil a 15 anos de recluso. O que ocorrer com aqueles trs anos j cumpridos? No valero de nada? Claro que valero. E a resposta para este questionamento est no artigo 8 do Cdigo Penal, que, com base no j conhecido princpio do ne bis in idem, dispe: Art. 8 - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas. SENDO ASSIM, CONCLUMOS QUE A PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ATENUA A PENA IMPOSTA NO BRASIL PELO MESMO CRIME, QUANDO DIVERSAS, OU NELA COMPUTADA QUANDO IDNTICAS.

1.6.2 EFICCIA DA SENTENA ESTRANGEIRA A sentena judicial proferida pelo ESTADO com base na sua soberania e confere efeitos no local em que foi decidida. Assim, via de regra, uma sentena judicial Brasileira vale para o Brasil, uma sentena judicial Paraguaia vale no Paraguai, e assim por diante. Contudo, existem determinadas situaes em que decises judiciais de outras naes so recepcionadas pelo estado Brasileiro atravs de sua homologao, mediante o procedimento constitucionalmente previsto, a fim de constitu-la em ttulo executivo com validade em territrio nacional. Encontramos as hipteses de possibilidade de utilizao da sentena estrangeira no art. 9 do Cdigo Penal, que leciona: Art. 9 - A sentena estrangeira, quando a aplicao da lei brasileira produz na espcie as mesmas conseqncias, pode ser homologada no Brasil para: www.pontodosconcursos.com.br 27

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I - obrigar o condenado reparao do dano, a restituies e a outros efeitos civis; II - sujeit-lo a medida de segurana. Pargrafo nico - A homologao depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existncia de tratado de extradio com o pas de cuja autoridade judiciria emanou a sentena, ou, na falta de tratado, de requisio do Ministro da Justia. Diante do que vimos at agora, responda-me...Imagine que Tcio foi condenado a determinada pena do estrangeiro. Esta sentena pode ser homologada e utilizada pelo Brasil, nos termos do art. 9? claro que........NO!!!!! Observe que o artigo 9 s traz duas possibilidades de homologao, que so:

1. OBRIGAR O CONDENADO REPARAO DO DANO, A RESTITUIES E A OUTROS EFEITOS CIVIS. 2. SUJEIT-LO A MEDIDA DE SEGURANA.

A homologao de sentena estrangeira hoje de competncia do STJ (artigo 105, I, i, da CF). Antes da Emenda Constitucional de nmero 45/04, a competncia era do STF. Mas para produzir qualquer efeito sempre precisar de homologao? No, pois h alguns efeitos da sentena estrangeira que independem de homologao. o caso dos requisitos para a extraterritorialidade condicionada (artigo 7, inciso II, c e pargrafo 2, d, do CP) e do reconhecimento da reincidncia (artigo 63 do CP). Art. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Em ambos os casos, a sentena proferida no exterior produzir efeito intramuros (dentro do nosso querido pas), independentemente de homologao pelo STJ.

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1.6.1 CONTAGEM DE PRAZO O artigo 10 do Cdigo Penal trata da contagem do PRAZO PENAL nos seguintes termos: Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum. Vamos analis-lo por partes: Imaginemos que 1. O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo determinado indivduo preso no dia 15 de janeiro, s 23:59h, aps sua condenao a UM dia de priso. Pergunto...Quando ele ser liberado? Ele estar livre s 00:00h do dia 16, ou seja, ficar UM MINUTO preso e isto ser considerado UM DIA. Mas, como assim, professor? S um minuto??? exatamente isso, caro aluno. Como o dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo e, segundo o artigo 11 do Cdigo Penal, no h que se falar em fraes de dia, teremos 1 minuto valendo 24 horas. Observe o disposto no ainda no apresentado artigo 11: Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as fraes de dia, e, na pena de multa, as fraes de cruzeiro. (leia-se real). (grifo nosso)

PARA CLCULOS EM PROVA, IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA: SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAO A DIMINUIO DE UM DIA EM RAZO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEO. DESTA FORMA, SE A PENA DE UM ANO E TEVE INCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTAR INTEGRALMENTE CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.

2. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum No prazo penal, os dias, os meses e os anos so contados de acordo com o calendrio comum, tambm chamado de gregoriano. Os meses so calculados com o nmero de dias caractersticos de cada um deles, e no como um perodo de 30 dias. Assim, se um indivduo preso por um ms em 10 fevereiro, quando ser solto? Em 9 de maro. E se for preso em 10 de maro? Ser liberado em 9 de abril. Bem fcil, concorda?!

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Para finalizar este tpico, faz-se necessrio tecer um importante comentrio. O prazo sempre ter natureza penal quando guardar pertinncia com o jus puniendi, ou seja, a pretenso punitiva do Estado. o caso, por exemplo, da prescrio e da decadncia. Como a sua ocorrncia importa na extino da punibilidade, est relacionada com a contagem de prazo penal que difere do prazo processual, definido no Cdigo de Processo Penal e que, obviamente, no importa para a sua PROVA. 1.6.2 LEGISLAO ESPECIAL Segundo o Cdigo Penal: Art. 12 - As regras gerais deste Cdigo aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta no dispuser de modo diverso. As regras gerais do Cdigo Penal devem ser aplicadas s leis especiais quando estas no tratarem de modo diverso. Assim, as regras gerais do CP tm carter subsidirio. Sero elas aplicadas quando a legislao especial no dispuser de forma diversa. *************************************************************************************************** Companheiros de estudos, Chegamos ao final de nossa primeira aula e agora hora de consolidar os conceitos aqui aprendidos. Este tema questo quase certa em sua prova e, portanto, no deixe pontos pendentes. Releia o Cdigo Penal do artigo 1 ao 12 e pratique com os exerccios. Abraos e bons estudos, Pedro Ivo

O xito na vida no se mede pelo que voc conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou no caminho. Abraham Lincoln

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DA APLICAO DA LEI PENAL Lei penal no tempo Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado. Lei excepcional ou temporria Art. 3 - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigncia. Tempo do crime Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado. Territorialidade Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. 1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espao areo correspondente ou em alto-mar. 2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do crime Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Extraterritorialidade Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica; b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico; www.pontodosconcursos.com.br 31

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c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio; d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados. 1 - Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies: a) entrar o agente no territrio nacional; b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado; c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio; d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena; e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel. 3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior: a) no foi pedida ou foi negada a extradio; b) houve requisio do Ministro da Justia. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8 - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas. Contagem de prazo Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

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EXERCCIOS1. (SERPRO / 2001) Um paciente, vtima de um atropelamento, est internado em um hospital de Buenos Aires, recebendo tratamento mdico de emergncia. Seu estado grave. Deve, pois, tomar determinado medicamento de trs em trs horas, com o que dever se curar. O controle de sua evoluo clnica feito por computador. Um brasileiro, radicado em So Paulo, invade o computador daquele hospital e altera aquela periodicidade para 6 horas. O paciente morre. Pergunta-se: onde foi cometido o crime? A) no Brasil e na Argentina B) s na Argentina C) s no Brasil D) o fato atpico E) em nenhum dos pases GABARITO: A COMENTRIOS: O Cdigo Penal adotou a teoria da ubiqidade. Observe: Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Segundo esta teoria, CONSIDERA-SE, POR SUA VEZ, QUE O CRIME COMETIDO TANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGAR DO RESULTADO.

2. (AFRF / 2002 ) Em matria de Direito Penal, assinale a opo correta. A) Aplica-se a lei brasileira, com prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. B) Para efeitos penais, no se consideram como extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras. C) No se aplica a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando- se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. D) Considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado. www.pontodosconcursos.com.br 33

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E) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, no se aplica aos fatos anteriores ela. GABARITO: D COMENTRIOS: Alternativa A Incorreta Como vimos, o Brasil adota a o princpio da territorialidade mitigada ou temperada. A alternativa contraria o disposto no Cdigo Penal quando trata do tema: Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. Alternativa B do artigo 5. Incorreta A alternativa generaliza e, assim, contraria o pargrafo 1

Art. 5 [...] 1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espao areo correspondente ou em alto-mar. Alternativa C Claramente incorreta. A banca repetiu o pargrafo 2 do artigo 5 colocando a palavra No na frente. Observe: 2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achandose aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Alternativa D Correta Reproduo do artigo 4, que trata do tempo do crime:

Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado Alternativa E Incorreta A lei penal retroage para beneficiar o ru.

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3. (CGU ANALISTA / 2006) A pratica o crime s 23 horas e 32 minutos do dia 27 de novembro. O prazo prescricional comea a fluir: A) no dia 27 de novembro. B) no dia 28 de novembro. C) no dia da instaurao do inqurito policial. D) no dia do oferecimento da denncia. E) no dia do recebimento da denncia. GABARITO: A COMENTRIOS: Como vimos em nossa aula, o prazo prescricional segue a regra do prazo penal. Logo, inclui-se o dia de incio, conforme regra presente no artigo 10 do Cdigo Penal: Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

4. (CGU ANALISTA / 2006) A lei penal aplica-se retroativamente quando: A) a contraveno penal torna-se crime. B) o crime torna-se contraveno penal. C) a pena de deteno torna-se de recluso. D) a pena de multa torna-se de deteno. E) ocorrer a prescrio da pretenso punitiva. GABARITO: B COMENTRIOS: Vimos que a lei penal s retroage para beneficiar o ru. Sendo assim, dentre as alternativas apresentadas, a nica em que temos uma penalizao mais grave passando a um menor a prevista na letra B.

5. (AUDITOR DO TRABALHO / 2003) A entrada em vigor de uma lei posterior que deixa de considerar determinado fato como criminoso exclui: A) somente a punibilidade. B) a ilicitude. www.pontodosconcursos.com.br 35

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C) a imputabilidade penal. D) somente a culpabilidade. E) a ilicitude, a imputabilidade penal e a culpabilidade, conforme o caso GABARITO: A COMENTRIOS: Esta questo ficar mais clara com os conhecimentos que ainda viro, mas desde j importante saber que a aplicao do artigo 2 do CP com relao extino da punibilidade da conduta, ou seja, a ocorrncia de abolitio criminis exclui somente a punibilidade.

6. (PROCURADOR DO BACEN / 2001) Indique, nas opes abaixo, dois princpios contidos no art. 1 do Cdigo Penal: A) da legalidade e da anterioridade B) da reserva legal e da culpabilidade C) da proporcionalidade e da legalidade D) do duplo grau de jurisdio e da reserva legal E) da culpabilidade e do devido processo legal GABARITO: A COMENTRIOS: Vimos os aspectos pertinentes a esta questo, predominantemente, na aula demonstrativa. O artigo 1 do Cdigo Penal preceitua: Art. 1 - No h crime sem lei anterior que o defina. No h pena sem prvia cominao legal. Logo, fica claro e fcil concluirmos que abrange o princpio da LEGALIDADE E ANTERIORIDADE.

7. (AUDITOR-FISCAL / 2007) Na contagem dos prazos penais, A) Inclui-se o dia do comeo. B) Considera-se como termo inicial a data da intimao. C) Considera-se como termo inicial a data da juntada do mandado aos autos. D) Considera-se como termo inicial o dia seguinte ao da intimao. E) Descontam-se os feriados. www.pontodosconcursos.com.br 36

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GABARITO: A COMENTRIOS: Esta questo no apresenta muita dificuldade, pois exige apenas o conhecimento do disposto no artigo 10 do Cdigo Penal, que dispe que o prazo penal inclui no cmputo do prazo o dia do comeo. Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

8. (TCM - RJ / 2008) A organizao no-governamental holandesa Expanding minds, dirigida pelo psiclogo holands Johan Cruiff, possui um barco de bandeira holandesa que navega ao redor do mundo recebendo pessoas que desejam consumir substncias entorpecentes que alteram a percepo da realidade. O prefeito de um municpio decide embarcar para fazer uso recreativo da substncia Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. Na ocasio em que ele fez uso dessa substncia, o barco estava em alto-mar, alm do limite territorial brasileiro ou de qualquer outro pas. Sabendo que a lei brasileira pune criminalmente o consumo de substncia entorpecente e que a maconha considerada pela legislao brasileira uma substncia entorpecente, ao passo que a Holanda admite esse consumo para fins recreativos, assinale a alternativa correta a respeito do crime praticado pelo prefeito. A) nenhum crime B) crime de consumo de substncia entorpecente C) crime de responsabilidade D) improbidade administrativa E) crime contra a f pblica GABARITO: A COMENTRIOS: A regra, segundo o Cdigo Penal, a aplicao do princpio da territorialidade. Logo, no caso apresentado, se o navio, com bandeira holandesa, est em alto mar, alm do limite territorial brasileiro ou de qualquer outro pas, no h que se falar em aplicabilidade da Lei Penal Brasileira.

9. (SEFAZ RO / 2004) Na definio do local onde a ao criminosa desenvolvida, o ordenamento penal brasileiro abraou a seguinte teoria: A) Da inteno www.pontodosconcursos.com.br 37

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B) Da interao C) Da atividade D) Do resultado E) Da ubiqidade GABARITO: E COMENTRIOS: O Cdigo Penal adota a teoria da ubiqidade quando, ao tratar do tema, dispe: Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

10. (MPDF / 2003) Com relao aplicao da lei penal, correto afirmar-se que: A) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se a fatos anteriores ainda no decididos por sentena. B) ningum pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo, preservando-se, no entanto, os efeitos penais da sentena condenatria. C) a lei excepcional ou temporria, decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, perde a sua eficcia, mesmo com relao aos fatos praticados durante a sua vigncia. D) considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado. E) ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra a vida ou a liberdade de governador de Estado brasileiro. GABARITO: D COMENTRIOS: Alternativa A Incorreta A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente ser aplicada ainda que os fatos j tenham sido decididos por sentena penal transitada em julgado. o que prev o artigo 2, pargrafo nico, do CP. Alternativa B Incorreta Trata da abolitio criminis prevista no artigo 2, caput, do CP. Sabemos que a abolitio criminis faz cessar a execuo da pena bem como os efeitos penais da sentena penal condenatria.

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Alternativa C Incorreta A lei excepcional ou temporria continua a reger os fatos ocorridos sob sua vigncia, mesmo depois de auto-revogadas (artigo 3, do CP). Alternativa D Correta De acordo com o artigo 4, do CP, considera-se praticado o crime no momento da conduta (atividade), independentemente de quando vem a ocorrer o resultado. Alternativa E Incorreta Aplica-se a lei penal brasileira, de forma incondicionada, quando praticado o fato no exterior em detrimento da VIDA ou LIBERDADE do Presidente da Repblica e no do Governador de Estado.

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LISTA DAS QUESTES APRESENTADAS 1. (SERPRO / 2001) Um paciente, vtima de um atropelamento, est internado em um hospital de Buenos Aires, recebendo tratamento mdico de emergncia. Seu estado grave. Deve, pois, tomar determinado medicamento de trs em trs horas, com o que dever se curar. O controle de sua evoluo clnica feito por computador. Um brasileiro, radicado em So Paulo, invade o computador daquele hospital e altera aquela periodicidade para 6 horas. O paciente morre. Pergunta-se: onde foi cometido o crime? A) no Brasil e na Argentina B) s na Argentina C) s no Brasil D) o fato atpico E) em nenhum dos pases 2. (AFRF / 2002) Em matria de Direito Penal, assinale a opo correta. A) Aplica-se a lei brasileira, com prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. B) Para efeitos penais, no se consideram como extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras. C) No se aplica a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando- se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Bra