POR QUE RAZÃO HAVEMOS DE SER MORAIS - SENTIDO DA VIDA - RACHELS

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  • 8/4/2019 POR QUE RAZO HAVEMOS DE SER MORAIS - SENTIDO DA VIDA - RACHELS

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    Trabalho de Psicologia

    erea Projecto

    Elaborado por:Daniel Jernimo, n5 12B

    Diana Pintus, n8 12BFbio Santos, n10 12B

    Ins Fernandes, n11 12B

    Agrupamento Sousa Martins

    Escola Secundria com 2 e 3 ciclos Professor Reynaldo dos Santos

    Prof: Lus Rodrigues

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    12 Captulo

    Por que razo havemosde ser morais?

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    Uma lenda conta-nos a histria de Giges, um pastor que achou umanel numa fenda. Giges descobriu que ficava invisvel quando girava oanel no seu dedo. Podia ir onde quisesse e fazer o que lhe apetecessesem medo de ser descoberto.Ento, Giges invadiu o palcio real, onde seduziu a rainha, assassinou

    o rei e se apoderou do trono, tornando-se assim rei de todo oterritrio.

    Glucon conta a histria de Giges para dar um exemplo de como ocomportamento imoral por vezes pode ser vantajoso para o agente.Ao infringir as regras morais, tornou-se rico e poderoso.

    Por que razo haveremos de dizer a verdade se mentir no forvantajoso?

    O anel de Giges

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    A moralidade traz-nos entraves que podem desagradar-nos. Glucon diz tambm que todos nos comportaramoscomo Giges se pudssemos escapar impunemente. Noseria difcil apresentar razes que mostrassem que Giges no

    deveria ter roubado e assassinado o rei, de modo aconquistar o trono. Roubar tirar coisas que no nospertencem e o assassnio inflige um mal terrvel a vtimasque no o merecem.

    fcil explicar por que razo no devemos mentir. Mentir

    prejudica as pessoas. Podemos admitir que respeitar a vida ea propriedade das pessoas certo. Podemos reconhecer quedizer a verdade e ajudar as pessoas certo.

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    A questo de Glucon : por que razo haveremos de nosimportar com fazer aquilo que certo? Por que razo nohaveremos de ignorar isso e viver como nos apetece?

    Temos de mostrar que viver moralmente do nossointeresse. Por vezes, no fcil. Pode ser bom para ns queoutras pessoas vivam eticamente.

    Ser possvel mostrar que, aceitar restries morais realmente do nosso interesse? Tudo depende de comoentendermos exactamente a moralidade e a fonte dasobrigaes morais.

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    Uma ideia comum a de que viver correctamente consiste emobedecer aos mandamentos de Deus. De acordo com esta concepo,Deus definiu as regas a que temos de obedecer e ir recompensaraqueles que o fizerem, castigando os que no o fizerem. Os virtuosospassaro a eternidade no paraso, enquanto os perversos iro para oinferno. A longo prazo, a virtude compensa.

    Podemos distinguir: a Teoria dos Mandamentos Divinos enquanto perspectiva geral datica a tese de que Deus compensa a virtude.

    Analisemos a teoria geral:A Teoria dos Mandamentos Divinos diz-nos que uma aco ser

    moralmente certa o mesmo que uma aco ser ordenada por Deus.

    Como que conhecemos os mandamentos de Deus?

    tica e religio

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    H pessoas que afirmam ter comunicado com Deus e que se dispema transmitir as suas instrues a todos, mas no merecem confiana.Ouvir vozes pode ser um sintoma de esquizofrenia ou de megalomania.As pessoas, ao lerem as escrituras, prestam ateno quilo que apoiaas perspectivas morais que preferem e menosprezam o resto. Porexemplo, podem citar a passagem do Levtico que condena a

    homossexualidade, mas ignorar a passagem que probe ter relaessexuais com mulheres menstruadas.

    O facto de Deus dizer que algo errado aquilo que o torna errado.Scrates aceitava que os Deuses existiam e que podiam dar instrues.Temos ento de distinguir duas possibilidades: ou os Deus tm boasrazes para as instrues que do ou no as tm. Se no as tm, osDeuses so como tiranos que exigem que faamos isto e aquilo semque haja uma boa razo para o fazermos. Se, pelo contrrio, os Deusestm boas razes para as suas instrues, tem de existir um padro aque eles prprios recorrem quando decidem o que nos ho-de exigir.

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    No se pode conceber o facto de as aces serem certas ouerradas. Podemos sempre perguntar por que razo os Deusesordenam aquilo que ordenam, a resposta a esta questomostrar por que razo as aces certas so certas e as aceserradas so erradas.O mesmo se pode dizer dos textos sagrados. Nada pode sermoralmente certo ou errado. Por exemplo, a Bblia diz que nodevemos mentir sobre os nossos semelhantes.

    Ser que esta uma regra arbitrria que Deus nos impe semqualquer razo?

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    No. Mentir causa prejuzos e viola aconfiana que os outros tm em ns, e mentirsobre os outros insulta-os e prejudica-osinjustamente. Do mesmo modo, podemosperguntar por que razo se condena ahomossexualidade. Se no existem razesindependentes para a homossexualidade ser

    errada, ento a condenao Bblica injustificada.Se Deus pune a conduta errada, temos boas

    razes para agir moralmente. Esta ltima ideiaimpressionou Kant, transformando-a numargumento a favor da existncia de Deus.Segundo Kant, se Deus no existisse, oUniverso moralmente incompleto, pois avirtude no ser recompensada e a perversono ser punida, pelo que conclui que Deustinha de existir.

    Mesmo os grandes filsofos podem cometero erro de pensar que algo verdade porque

    seria bom que fosse verdade.

    Fig.1 Kant

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    Os benefcios da vida em sociedade ultrapassam os prazeres daconvivncia. A cooperao social torna possveis inmeras coisas, noentanto, numa sociedade onde haja cooperao mtua s pode existirse adoptarmos determinadas regras de comportamento. Entre elas:

    Sem o pressuposto de que as pessoas diro a verdade, nohaveria razo para as pessoas prestarem ateno ao que osoutros dizem. Sem obrigao de cumprir promessas, no poderia haverdiviso do trabalho (Os trabalhadores, por exemplo, nopoderiam esperar ser pagos) Sem garantias contra a agresso, o assassnio e o roubo,

    ningum poderia sentir-se seguro.Podemos entender a moralidade como o conjunto de regras a que

    as pessoas racionais concordaro obedecer, para seu beneficio mtuo,na condio de outras pessoas tambm lhes obedecerem.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    O contrato social

    Se Deus no existe, o que acontece tica?

    Temos de perceber a tica como umfenmeno humano.

    Thomas Hobbes foi o primeiro que se

    dedicou ao estudo da tica. Sups quebom e mau so nomes que damos scoisas de que gostamos e de que nogostamos. Desta forma, quando duaspessoas gostam de coisas diferentes, podemconsiderar boas e ms coisas diferentes. No

    entanto, somos todos muito parecidos nanossa constituio psicolgica fundamental.Somos essencialmente criaturas motivadaspelo interesse pessoal de querer viver, viverto bem quanto possvel. A tica surgequando as pessoas percebem o que tm defazer para viver bem.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.2 Thomas Hobbes

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    Teoria do Contrato Social

    Dissolve o mistrio da tica (viver moralmente no uma questo de obedincia s ordens, uma questo defazer aquilo que torna possvel a vida em sociedade). A moralidade pode ser racional e objectiva mesmo queno existam factos morais. (Mesmo que no existamfactos morais, o raciocnio leva a estas concluses). D-nos forma de determinar quais so os nossos

    deveres ticos. No faz suposies muito fortes sobre a naturezahumana.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Segundo a teoria do contrato social, a nica finalidadede um sistema moral tornar possvel que as pessoasvivam individualmente, sem esquecer a cooperaosocial. No devemos dizer s pessoas que tipo de vida

    devem viver. A teoria leva-nos tambm a chegar concluso de que devemos comportar-nos de formaaltrusta.

    Se no h um Deus para nos castigar, por que razohaveremos de nos incomodar a fazer aquilo que certo,especialmente quando isso no vantajoso para ns?

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    A resposta pergunta que vantajoso para ns viver numasociedade em que as pessoas se comportam moralmente. Noentanto, surge um problema.

    O problema do oportunista

    Um oportunista algum que beneficia da cooperao semcontribuir para ela. Se a tica na sua maioria um sistema decooperao social, existiro oportunistas sujeitos quebeneficiam do facto de viverem numa sociedade cheia denormas ticas, mas que no as respeitam.

    Por que no haveremos de ser oportunistas? Por que razo nohaveremos de infringir secretamente as normas qu andoprecisarmos de o fazer, se pudermos escapar impunemente?

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    Cada um de ns tem uma boa razo para encorajar as outraspessoas a obedecer s regras sociais. No queremos apenas encorajaros outros a no nos assassinarem. Queremos tambm uma situaoem que ningum possa escapar impunemente se nos assassinar. Mas,ao faz-lo, criamos uma situao em que ns tambm no podemos

    escapar impunemente se assassinarmos algum.Em primeiro lugar, usamos o poder da lei para impor regras contra oassassnio, o roubo e outras ofensas graves; mas nem todas as regrassociais so adequadas para uma imposio legal.

    Em segundo lugar, este raciocnio mostra que temos uma razo paraquerer um ambiente social em que as pessoas no possam escaparimpunemente depois de terem infringido as regras. Mesmo quefossemos capazes de concretizar este milagre social, continuaramossem dizer por que razo haveremos de obedecer s normas morais sepudermos infringi-las impunemente.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Moralidade e benevolnciaUm dos aspectos mais significativos da teoria

    do Contrato Social que cada pessoa podeestar motivada para participar no acordo deobedecer s regras sociais devido ao seuinteresse pessoal. Parece evidente que os sereshumanos tm alguns sentimentos altrustas.Preocupamo-nos com a nossa famlia e com osmembros do nosso grupo.

    Tal como Hobbes, David Hume pensava queas nossas opinies morais eram expresses dosnossos sentimentos, mas no julgava que osnossos sentimentos eram simplesmenteindividualistas. Acreditava que tnhamos

    sentimentos sociais - sentimentos que nosligavam a outras pessoas e que nos levavam aimportar-nos com o seu bem-estar. Hume dizque avaliamos o certo e o errado pelosverdadeiros interesses da Humanidade.

    Esta perspectiva ficou conhecida por

    Utilitarismo.ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.3 David Hume

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    UtilitarismoOs utilitaristas dizem que h um principio que resume todos osnossos deveres morais. O principio moral fundamental o de quedevemos fazer aquilo que produza os maiores benefcios possveispara todos os que sero afectados pela nossa aco.

    Este princpio uma combinao de trs ideias: Ao determinar o que fazer devemos seguir-nos pelasconsequncias das nossas aces devemos fazer aquilo queter o melhor resultado. Ao determinar que consequncias so melhores, devemos dar

    maior importncia aos benefcios e aos prejuzos que serocausados devemos fazer aquilo que cause maiores benefciose menores prejuzos. Supe que o bem-estar de cada indivduo to importantecomo o de outro qualquer.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    O Utilitarismo ignorava as noes religiosas ditas normais.De acordo com os utilitaristas, o fim da moralidade no estavarelacionado com a obedincia a Deus ou com o acesso aoparaso a sua finalidade era apenas tornar a vida nesteMundo to confortvel e feliz quanto possvel. Devido a isto,alguns crticos condenaram o Utilitarismo por ser umadoutrina indiferente a Deus. Ento, Stuart Mill respondeu: Aquesto depende da ideia que formmos do carcter moral daDivindade. Se for verdadeira a crena de que Deus deseja,acima de todas as coisas, a felicidade das suas criaturas, e quefoi este o propsito da sua criao, a utilidade, alm de noser uma doutrina alheia a Deus, mais profundamentereligiosa do que qualquer outra.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    O Utilitarismo invertia muitas ideiasmorais tradicionais. Bentham defendeu,por exemplo, que no podamos entendero sistema de justia criminal da formatradicional, como uma maneira de fazer osdepravados pagarem pelos seus actosperversos. A resposta social ao crimedeveria ento conter trs vertentes:

    Identificar e lidar com as causas docomportamento criminoso; Informar os infractores individuais e

    transform-los em cidadosprodutivos; Punir as pessoas na medida em queisso fosse necessrio para evitarsituaes semelhantes.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.4 Bentham

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    Segundo os utilitaristas, nem a raa, nem o sexo, nem a classe socialafectam o estatuto moral de um indivduo.

    Por fim, o Utilitarismo era controverso porque no tinha uso pararegas morais absolutas. Os utilitaristas seguiam regras tradicionais noentanto, sempre que infringir uma regra tivesse melhores resultados

    para todos os afectados, deveramos faz-lo.Os moralistas cristos afirmavam que a masturbao era um mal,mas, do ponto de vista do princpio da utilidade, esta pareceinofensiva. O Utilitarismo implica que, se uma actividade torna aspessoas felizes sem que algum seja prejudicado, no pode ser errada.Para alm disto, afirma que o nosso dever moral promover afelicidade geral.

    Por que razo haveremos de fazer isso?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Mill faz-nos relembrar o desafio de Glucon quando escreve:Sinto que estou obrigado a no roubar ou assassinar, a no trair ou

    enganar, mas por que razo estarei obrigado a promover a felicidade geral?Se a minha prpria felicidade reside noutra coisa, por que no podereipreferir essa outra coisa?

    Mill pensa que h apenas uma razo possvel para aceitar este ouqualquer outro padro moral. A sano interna da moralidade tem de serum sentimento na nossa mente.Assim, sendo a sano ltima de toda a moralidade um sentimentosubjectivo que existe na nossa prpria mente, pe-se a questo qual a

    sano desse padro especfico? qual podemos responder a mesma quea de todos os outros padres morais os sentimentos conscienciosos dahumanidade.O tipo de moralidade que aceitarmos depender ento da natureza dosnossos sentimentos.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Imparcialidade

    O Utilitarismo tem implicaes que esto em conflitocom a moralidade tradicional. Os utilitaristas acreditamque temos um dever moral muito amplo de ajudar asoutras pessoas. Os defensores da Teoria do ContratoSocial negam isso.

    Por exemplo, estamos a pensar gastar 1000 num

    tapete novo. Deveremos fazer isso ou existem outrasalternativas?

    Uma alternativa dar o dinheiro a uma agncia desolidariedade, como por exemplo, a UNICEF. Todos osanos morrem milhes de crianas do terceiro Mundodevido a doenas evitveis, visto que no h dinheirosuficiente para fornecer as vacinas, os medicamentos,as vitaminas e a hidratao oral de que elasnecessitam. Ao dar dinheiro UNICEF podemosproporcionar cuidados mdicos extremamentenecessrios.Ou seja, no h dvida de que devemos dar o dinheiro UNICEF em vez de comprar o tapete novo, pois osmedicamentos ajudaro muito mais as crianas do queo tapete nos ajudar.

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    Fig.5 Logtipo Unicef

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    Se a moralidade se baseia num acordo entrepessoas, o que dir o acordo sobre ajudar outraspessoas?

    Depende de essas pessoas estarem ou no emposio de nos ajudar ou prejudicar.

    De acordo com tal ponto de vista no teramosqualquer razo para aceitar um dever geral eauxiliar crianas de outros pases. Jan Narveson,defensor da Teoria do Contrato Social, escreveu:Se a moralidade racional, tem de responder aacordos entre pessoas. Isto d-nos uma razopara concordarmos em no maltratar os outrosenquanto perseguimos os nossos interesses;respeitar a propriedade dos outros e atribuirdireitos civis amplos; mas no necessariamentepara nos desviarmos muito do nosso caminho demodo a ajudar pessoas que no conhecemos ecom as quais podemos no nos importar.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.6 Jan Narveson

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    E quanto a dispensar os meios para tornar inesquecvel a festa deaniversrio da sua filha de modo a salvar uma dzia de estranhos nooutro lado do Mundo?

    Ela pode ser muito mais importante que os estranhos que estodo outro lado do Mundo.

    Teremos ou no o dever de ajudar estranhos?

    Suponha-se que h dois botes. Se carregar no boto A, possoproporcionar uma festa inesquecvel minha filha; se carregar noboto B, posso salvar a vida de uma dzia de estranhos. Millacredita que os nossos sentimentos conscienciosos tm dedeterminar as nossas obrigaes, e acreditaria que no podemosaceitar a hiptese de se carregar no boto A.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Todos nos preocupamos mais connosco, com a nossa famlia ecom os nossos amigos do que com estranhos. Mas, alm desentimentos, temos capacidades racionais, o que nos permiteperceber que, tambm os estranhos se preocupam da mesmaforma com eles prprios, com a sua famlia e com os seus amigos.

    Portanto, se somos semelhantes em todos os aspectosrelevantes, ento no h justificao para algum considerar osseus interesses mais importantes.

    Cada um de ns tem de reconhecer que, de um ponto de vistamoral, todos temos a mesma importncia, incluindo os estranhos

    de outros pases que no tm capacidade de nos ajudar ouprejudicar.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    ConclusoPodemos chegar a concluses diferentes sobre aquilo que a moralidade

    exige de ns prprios. Ainda assim, a questo de Glucon continua acolocar-se: por que haveremos de fazer o que certo se nada tivermos aganhar com isso?

    No se pode resolver o problema tico do oportunista . As pessoas podemsempre escapar impunemente com algum mau comportamento. Resta-nosbasear-nos naquilo que Mill designa por sentimentos conscienciosos dahumanidade. Podem existir pessoas em que esses sentimentos sejamfracos. Temos de admitir ento que, se as pessoas puderem praticar o malimpunemente e caso no se preocupem com os efeitos das suas aces nas

    outras pessoas, nada as ir deter ou impedir de praticar o mal. Podemosrecordar-lhes todas as razes pelas quais as suas aces so erradas, masessas razes mostraro apenas que a aco errada. Para impedir aspessoas de as realizarem, preciso que elas se importem com essas razes.Cada um de ns tem de decidir que tipo de pessoa quer ser.

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    13 Captulo

    O sentido da vida

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    O problema do ponto de vistaEm 1826, John Stuart Mill ficou

    obcecado com a ideia de que a sua vidaera absurda. Tinha aquilo a que

    podemos chamar correctamente umobjectivo na vida. Que era ser umreformador do mundo. Mas Mill

    perdeu a confiana.Acabou por acreditar que, mesmoque conseguisse tudo o que queria, issono o tornaria feliz. O meu estado de esprito era deentorpecimento [ ] parecia j no ter

    por que viver Este sentimento prolongou-se duranteum ano, enquanto, Mill, continuava aviver o seu dia a dia como se nadafosse.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.7 Stuart Mill

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    Um dia ao ler sobre a reaco de um jovem morte doseu pai, um sentimento de comoo invadiu o seu corpo.A partir desse momento sentiu que o seu amor vidaestava de volta.

    A questo do sentido da vida encarado como um

    problema prtico e levanta-se quando as pessoas estodeprimidas, quando perderam o gosto pela vida ouquando as coisas no correm como planeado.No entanto, o sentido da vida um problema real quepode colocar-se mesmo quando as pessoas no esto a

    sofrer de um estado de esprito alteradoPara Stuart Mill, a questo era saber como ser feliz. Umassunto diferente, mas que est ligado com esta questo, saber se existe algo pelo que valha a pena viver.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    No entanto, o sentido da vida um problema realque pode colocar-se mesmo quando as pessoas noesto a sofrer de um estado de esprito alterado.Para Stuart Mill, a questo era saber como ser feliz.Uma questo diferente, mas que est ligada com esta, saber se existe algo pelo que valha a pena viver.

    O problema do sentido da vida resulta de um choqueentre dois pontos e vista que so naturais e inevitveis

    Por um lado, cada pessoa ocupa um ponto de vistapessoa a partir do qual a sua vida e os seus projectos

    tm um elevado grau de importncia.As pessoas importam-se com os filhos, com oemprego, com a possibilidade da sua equipa ganhar ocampeonato.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Por outro lado, tambm so capazes de sair doponto de vista individual e de olhar para as coisas poruma perspectiva impessoal. Do Ponto de vista douniverso a nossa vida tem pouca importncia.

    A diferena no podia ser maior. Do ponto de vistapessoal, quem somos e o que fazemos algoextremamente importante. Mas para o universosomos insignificantes.

    Como haveremos de entender isto ?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Como disse Thomas Nagel: Ao vermo-nos a partir de

    fora, consideramos difcil

    levar a srio a nossa vida.Esta perda de convico, e atentativa de a recuperar, o

    problema do sentido davida.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.8 Thomas Nagel

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    FelicidadeOs antigos filsofos supunham que a

    melhor vida e a vida feliz eram a mesmacoisa. Aceitavam que a felicidade consistianuma vida de razo e virtude. Epicuro sugeriuuma vida simples, evitando sofrimento eansiedades. Os esticos acrescentaram queum homem sbio no podia permitir que asua felicidade dependesse de coisas fora doseu controlo, como a riqueza, a sade, boaaparncia ou a opinio dos outros.

    Epicteto um grande professor estico deu oseguinte conselho aos seus estudantes No

    peam que as coisas ocorram segundo avossa vontade; faam com que a vossavontade seja que as coisas ocorram comoocorrem de facto, e tero paz.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.9 Epicteto

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    Consideremos por exemplo, a ideia de quea riqueza no traz felicidade. Quando Ronald Inglehart comparou os nveis de riqueza depases diferentes com aquilo que as pessoasdesses pases dizem sobre a sua satisfaocom a sua vida, descobriu que as pessoas

    dos pases mais ricos no so mais felizes doque as dos pases mais pobres. Dentro depases especficos, encontrou a mesmaausncia de relao: as pessoas que tmmais dinheiro no so mais felizes do que asoutras. As pessoas afectadas pela pobreza

    tendem a ser menos felizes do que aquelesque possuem o suficiente para viver, maspara aqueles que esto acima dos nveis dapobreza o dinheiro adicional poucadiferena faz.

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.10Ronald Inglehart

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    O psiclogo David Myers observa queQuando se ultrapassa a pobreza, ocrescimento econmico suplementar no melhora significativamente onimo dos seres humanos.

    Quando se fala de pessoas quesofrem desastres, existemsemelhanas. Aquelas pessoas que sopor natureza felizes, ao sofrerem umdesastre, mesmo que baixe os seusnveis de felicidade, recuperaro

    depressa.

    Ento o que tornar as pessoasfelizes? Se no a riqueza ou a sade,o que ser?

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.11 David Myers

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    Estudos realizados mostram que vrios factorescontribuem para isso. Um desses factores o controlopessoal, ter controlo sobre a prpria vida e destino, oupelo menos crer-se que se tem esse controlo, torna aspessoas mais felizes. Ter boas relaes com amigos efamiliares tambm essencial para a felicidade. Outrofactor bastante importante ter um trabalhocompensador.

    Num certo sentido, a felicidade sustenta-se a si prpria,uma vez que as pessoas felizes tendem a comportamentos

    que as mantm felizes. As pessoas felizes so maisoptimistas. Tm tambm maior tendncia para preferirrecompensas de longo prazo a satisfaes imediatas,ganhando com isso por ser uma boa estratgia.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Podemos ento pensar que, para sermos felizes,precisamos de controlar a nossa vida, fazer amigos eprocurar trabalho com sentido, mas h umproblema. Se valorizarmos estas coisas apenasenquanto meio para a felicidade, acabaro por nonos fazer felizes. No podemos procurar a felicidadedirectamente. Em vez disso, temos de valorizar osamigos e o trabalho por si. A felicidade ser entoum efeito colateral bem-vindo.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Stuart Mill, afirmou ter aprendido esta lio com a suadepresso:S so felizes (pensei) aqueles que fixam a sua mentenum objecto que no a sua prpria felicidade, como a

    felicidade dos outros, o aperfeioamento da humanidadeou mesmo alguma arte ou actividade, perseguindo-o nocomo meio, mas como fim ideal em si. Tendo outra coisaem vista, encontram a felicidade pelo caminho [ ]Pergunte a si prprio se feliz e deixar de o ser. A nicahiptese tratar, no a felicidade, mas outro fim que lheseja exterior, como propsito da vida.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Morte

    A noo de que, numsentido mais amplo, mesmouma vida feliz absurdacostuma ser apoiada por duas

    ideias. Uma delas que vamosmorrer inevitavelmente; eoutra que o universo nos indiferente.

    Que atitude deveremos terem relao nossamortalidade?

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.12 Morte

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    Isso depende do que julgamos que acontece quandomorreremos. Algumas pessoas acreditam que iroviver para sempre no paraso. A morte, portanto, como mudar para uma casa melhor. Aparentemente,Scrates tinha esta atitude, mas a maior parte daspessoas no a tem.

    A morte, pode ser, pelo contrrio, o fim permanenteda nossa existncia. Se assim for, a nossa conscinciaextinguir-se- e ser o nosso fim. Algumas pessoasparecem presumir que a existncia uma condiomisteriosa difcil de imaginar.

    Perguntam Como ser estar morto?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    No conseguimos imaginar porque ofacto de estar morto ser como nada.

    Se a morte o fim da nossa existncia,que atitude devemos ter relativamente aisso?

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    Odiamos a ideia de morrer eestamos dispostos a fazer quasetudo para prolongar a nossavida. Porm, Epicuro disse queno devemos ter medo damorte, j que quando tivermosmortos no existiremos e, noexistindo, nada de mal poderacontecer-nos. Conclui Epicuroque a pessoa sabia no receara morte. Acreditava que, aoeliminar o medo da morte, estasreflexes filosficas podiamcontribuir positivamente para anossa felicidade durante a vida.

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    Fig. 13 Busto Epicuro

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    H alguma verdade nisto. Esta perspectiva ignora apossibilidade de a morte ser algo mau por constituiruma privao enorme. A morte algo mau porquepe fim s coisas boas da vida, deixando no sujeito anoo de que depois da sua morte a histriahumana continua, mas no continuar a fazer partedela. isso que faz que o sujeito no queira morrer eque o argumento de Epicuro irrelevante.

    Mas ser que o facto de ir morrer torna a vidaabsurda? Afinal, diz-se, o que interessa trabalhar,fazer amigos e constituir uma famlia se acabaremospor deixar de existir?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Temos de distinguir o valor de uma coisa dasua durao. Uma coisa pode ser boa enquantodura, mesmo que no v durar para sempre.

    Enquanto controlaram o Afeganisto, os Talibdestruram inmeros monumentos antigos. Foiuma estratgia porque esses monumentos erammaravilhosos, e o facto de serem vulnerveisno os tornava menos valiosos. Tambm a vida

    humana pode ser maravilhosa, mesmo quetenha de terminar.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    A religio e o universo indiferente

    Do ponto de vista doUniverso, diz-se que avida humana no tem

    importncia.Como poderemos

    atribuir algum sentidoaquilo que fazemos?

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.14 Universo

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    Uma forma de superar este problema adoptar oponto de vista religioso segundo o qual o universo nonos indiferente. As grandes religies monotestasensinam que Deus criou o universo para nos dar umacasa, e o nosso destino viver para sempre consigo. Avida humana no , portanto, uma partcula absurda nahistria do universo.

    Deixando de parte a questo de saber se a histriareligiosa verdadeira: supondo que verdadeira. Uma

    perspectiva religiosa oferece, sem dvida, uma forma deentender o sentido da vida.

    Mas como faz isso ao certo?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Por um lado, h a possibilidade de as nossas vidasterem sentido porque deus tem um plano para ns.Podemos considerar a nossa vida mais absurda namedida em que uma fora exterior dite os termos emque podemos viver.

    Por outro lado, h a possibilidade de as nossas vidasterem sentido porque somos os objectos do amor deDeus. Em vez de o universo nos ser indiferente, oCriador do universo preocupa-se muito connosco.

    Por fim, do ponto de vista religioso, a vida humana concebida como um aspecto permanente do universo,e no como uma fase passageira.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    A morte superada. Uma vida eterna pode ser absurda seexcluir tudo o que torna a vida digna de ser vivida. Aomesmo tempo, uma vida breve pode estar cheia de coisasque a tornem digna de ser vivida. Por isso, a durao no fazsentido.

    O objectivo destas observaes mostrado que aperspectiva religiosa no nos ajuda da forma mais bvia.

    O que falta o compromisso do prprio crente religioso,que escolhe aceitar o seu papel de filho de Deus e adopta aforma de vida que isso implica. A sua vida passa a ganharsentido com essas coisas que valoriza (plano que Deus tempara si, o amor de Deus e o resto) no entanto, temos dedistinguir duas ideias:

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    1. A ideia de que o compromisso religioso pode darsentido nossa vida;

    2. A ideia de que s o compromisso religioso podedar sentido nossa vida.

    A primeira ideia pode ser verdadeira mesmo que asegunda seja falsa. A segunda ideia muito mais forte.

    Ser que a ideia mais forte verdadeira?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Por vezes, as pessoas supem que afirmaes como Sem Deusa vida no tem sentido so verdadeiras, ignorando apossibilidade de existirem outros tipos de compromisso quepodem dar sentido vida. Como diz Stuart Mill Podemos tercomo objectivo ser reformadores do mundo. Nesse caso, tal

    como o sentido da vida do crente religioso est ligado aos valoresque adopta, a nossa vida ir ganhar sentido com os valoresassociados a essas actividades.

    Se, como Mill, escolhermos o objectivo de ser um reformadordo mundo, teremos ainda de enfrentar o facto de isso ser

    insignificante segundo o ponto de vista do universo. por isso,que somos levados a dizer que sem Deus a vida absurda. Noentanto, o compromisso religioso tem, ao mesmo tempo, umadesvantagem em relao aos outros compromissos: assume quea histria religiosa verdadeira.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    O sentido de vidas particulares

    H uma diferena entre a vida tersentido e uma vida ter sentido.Uma pessoa determina o sentido da

    sua vida adoptando os valores pelosquais ela pensa que vale a pena viver.Pensemos em Scrates, So Francisco,Yogidhi, Jonas Salk, Marilyn Monroe,Mohandas Gandhi, Ruth Graham, BillGates, Agatha Christie, NelsonMandela, Mick Jagger, o nosso vizinhoe o nosso primo favorito.

    Haver um tipo de vida que seja omelhor para todos eles?

    ESPRS: 12B 2009/2010

    Fig.15 Marilyn Monroe

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    So pessoas muito diferentes entre si. Cada uma pode ser admirvel,mas de maneira diferente. No entanto, fcil apresentar uma lista decoisas pelas quais toda a gente pode pensar que vale a pena viver. Porexemplo:

    Relaes pessoas compensadoras: Nada contribui tanto para afelicidade individual como amar pessoas que tambm nos amam.

    Feitos de que podemos orgulhar-nos: Podem ou no estarassociados ao emprego e diferente de ganhar, simplesmente,dinheiro.

    Apreciao esttica: Ler livros, ver filmes, jogar xadrez, ouvirMozart, ver as Montanhos Rochosas, contemplar uma tempestade. Actividades agradveis: Jogar bridge, jogar basquetebol, fazermontanhismo, fazer canoagem em rios , viajar, fazer colchas, cantarno coro da comunidade.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Aprender: Satisfazer a curiosidade pelo mundo, compreendercertas coisas.

    Contribuir para o bem-estar das outras pessoas e dos animaisno humanos: Pensa-se muitas vezes que a vida tica est emconflito com o interesse pessoal, j que exige que abdiquemos debenefcios para bem dos outros.

    Na verdade, h muitas coisas boas na vida, de tal modo que pareceimpossvel que algum pense que no h nada pelo qual valha a penaviver.

    Scrates tinha mulher e filhos. Os seus amigos eram realmente seus

    amigos. Foi um ateniense leal, que lutou pela sua cidade emcampanhas militares. Interessava-se pela arte e pelo desporto. Acimade tudo, Scrates dedicou-se a descobrir a verdade sobre o mundo.Graas a si surgiram pensamentos que ainda hoje so explorados. Nofinal da sua vida, Scrates escolheu morrer em vez de retomar osvalores pelos quais tinha vivido.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    fcil perceber o sentido da sua vida. Ainda assim,tambm fcil ser cptico.

    Dependendo do seu estado de esprito, por vezes aspessoas sentem-se atradas pela ideia de que no h,

    mesmo, nada pelo qual valha a pena viver.O cepticismo parece um resultado de se ver um mundosegundo uma perspectiva impessoal.

    Ser que podemos responder objeco cptica?

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    A nica forma de responder objeco pensar nasdiversas coisas que constam na nossa lista, uma de cadavez, explicar porque razo cada uma delas boa. Podemosver tambm como que as relaes e os feitos pessoais

    contribuem para a felicidade humana. Podemos mostrarque os humanos se interessam pela Natureza, querendoperceber o mundo, e tambm compreender os animaissociais, pelo que contribuir para o bem estar dos outros algo que nos sai instintivamente. Se fizermos tudo o quepodemos fazer a este nvel, poderemos ter feito tudo o que possvel fazer.

    ESPRS: 12B 2009/2010

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    Este raciocnio mostrar que temos razoessuficientemente boas para viver de uma forma e no deoutras. Quando consideramos a humanidade de umaforma impessoal vemos os seres como criaturas quepodem crescer e desfrutar melhor a vida caso sedediquem famlia, amigos e trabalho. No se podiaesperar que criaturas como ns vivessem de outramaneira.