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Inspetor de Polícia Português Prof. Pablo Jamilk

Português Prof. Pablo Jamilk · III – No quarto parágrafo, é apresentado o conceito de cultura de segurança, conceito esse que – segundo o autor – falta no Brasil não apenas

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Edital 2017

PORTUGUÊS: 1. Interpretação de texto. Organização textual: relação entre ideias e parágrafos. Identificação de informações literais, de inferências e do ponto de vista do autor. Elementos de coesão textual. Significado contextual de palavras e expressões.

BANCA: FUNDATEC

CARGO: Inspetor de Polícia

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Português

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Sempre que eu converso com algum concurseiro a respeito de Língua Portuguesa, surgem alguns comentários comuns, do tipo: eu até gosto de Português, mas vou muito mal em interpretação de textos. Isso é algo totalmente normal, principalmente porque costumamos fazer algo terrível chamado de “leitura dinâmica”, o que poderia ser traduzido da seguinte maneira: procedimento em que você olha as palavras, até as lê, mas não entende o significado do que está lá escrito. Isso quer dizer, você não associa significados.

O fluxo de leitura deve ser tal que permita ao indivíduo perceber o que os agrupamentos de palavras estão informando. Na verdade, que sentido elas carregam, pois a intelecção será dada ao final da leitura. Digo isso porque toda leitura é o resultado de informações que estão no texto mais informações que o leitor já possui a respeito de determinado assunto.

Para interpretar um texto, o indivíduo precisa de muita atenção e de muito treino. Afinal, você não pode esperar que vá ter o domínio de todos os assuntos sem sequer ter praticado um pouco. Interpretar pode ser comparado com disparar uma arma: apenas temos chance de acertar o alvo se treinarmos muito e soubermos combinar todos os elementos externos ao disparo: velocidade do ar, direção, distância etc.

Quando o assunto é texto, o primordial é estabelecer uma relação contextual com aquilo que estamos lendo. Montar o contexto significa associar o que está escrito no texto base com o que está disposto nas questões. Lembre-se de que há uma questão montada com a intenção de testar você, ou seja, deve ficar atento para todas as palavras e para todas as possibilidades de mudança de sentido que possa haver nas questões.

É preciso, para entender as questões de interpretação de qualquer banca, buscar o raciocínio que o elaborador da questão emprega na redação da questão. Usualmente, objetiva-se a depreensão dos sentidos do texto. Para tanto, destaque os itens fundamentais (as ideias principais contidas nos parágrafos) para poder refletir sobre tais itens dentro das questões.

Há duas disciplinas que tratam particularmente daquilo que compreendemos como interpretação de texto. Falo de Semântica e de Pragmática. A primeira se dirige principalmente a uma análise a respeito do significado das palavras, portanto, é mais literal. Já a segunda se dirige a uma análise de um contexto comunicativo que busca perceber as intenções comunicativas em algum tipo de enunciado.

Então, a depender da banca, pode haver mais questões que envolvam a Pragmática. Mesmo assim, convém atentar para o significado particular das palavras.

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Questão de interpretação?

Como você sabe que uma questão de interpretação é uma questão de interpretação? É uma mera intuição que surge na hora da prova ou existe uma “pista” a ser seguida para a identificação da natureza da questão?

Respondendo a essa pergunta, digo que há pistas que identificam a questão como pertencente ao rol de questões para interpretação. Os indícios mais precisos que costumam aparecer nas questões são:

• Reconhecimento da intenção do autor;

• Ponto de vista defendido;

• Argumentação do autor;

• Sentido da sentença.

Apesar disso, não são apenas esses os indícios de que uma questão é de intepretação. Dependendo da banca, podemos ter a natureza interpretativa distinta, principalmente porque o critério de intepretação é mais subjetivo que objetivo. Algumas bancas podem restringir o entendimento do texto; outras podem extrapolá-lo.

Mudança de sentido na reescrita das sentenças

Há diversas situações em que é possível modificar o sentido de uma expressão com a mudança da ordem das palavras em uma frase. Os principais elementos nesse tipo nesse tipo de análise são:

1. Advérbios.

2. Adjetivos.

3. Pronomes indefinidos.

4. Pronomes possessivos.

Análise do perfil da banca examinadora:

Cultura de segurança

Archimedes Azevedo Raia Jr.

  Nas últimas décadas, o país colecionou sucessos e reveses com o seu trânsito. Dentre os aspectos positivos, podem-se apontar o Código de Trânsito Brasileiro, moderno e austero, a municipalização do trânsito, a melhoria da segurança dos veículos, com cintos de segurança (obrigatórios), air bags e freios ABS (opcionais), computador de bordo e uma nova engenharia do veículo que o torna mais seguro. Ainda, algumas rodovias, principalmente as concessionadas,

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oferecem um padrão de segurança e assistência ao usuário comparável às vias americanas e europeias, embora com um custo elevado.

  Por outro lado, outros fatores ainda deixam muito a desejar: os órgãos gestores carecem de estrutura adequada e de técnicos especializados, faltam políticas de segurança, a fiscalização é insuficiente, alterações no Código o tornam mais brando, a formação de condutores tem grandes deficiências etc. Também é visível o crescimento extraordinário no número de veículos, que fazem uso de espaços viários que não acompanham minimamente aquele crescimento. As ruas, estradas e rodovias são quase as mesmas de 20 ou 30 anos atrás.

  Apesar de tudo, o Estado incentiva efusivamente a aquisição de novos veículos, através de renúncia fiscal e prazos de financiamento a perder de vista. O final de 2009, para muitas cidades e regiões, trouxe também a constatação de um crescimento no número e na gravidade dos acidentes de trânsito, lamentavelmente. Os dados sobre os acidentes são ainda muito pouco confiáveis, em nível municipal, estadual e federal, o que torna muito difícil combater um "inimigo" que não se conhece com clareza.

  Um grande especialista em segurança no trânsito, J. Pedro Correa, que implantou e gerencia no país o maior e mais importante prêmio de segurança no trânsito, aponta que o Brasil não possui uma cultura de segurança. Esse conceito vai além do trânsito; basta ver o comportamento do brasileiro com as questões ligadas a energia elétrica, construção civil, indústria, manutenção dos veículos etc. Sobram ações inseguras a todo o momento. Outro exemplo clássico é o dos passageiros de uma aeronave. Quem se preocupa em ler o cartão disponível no assento, sobre como proceder no caso de pane? Quem se dispõe a assistir com interesse à explanação da comissária de bordo sobre os procedimentos de segurança a bordo?

  Pude presenciar, em países europeus, vários exemplos de comportamento seguro que mostram essa cultura de segurança. Certa vez, em Montet, na Suíça, vi um grupo de crianças correndo pela calçada ao sair da escola. Parei e fiquei observando e registrei em minha câmera. Correram até chegar ao cruzamento e pararam. Do meio deles, saiu um garoto, o guia, que se colocou no centro da via a ser transposta e, com o braço estendido, segurava uma placa de pare para deter o trânsito enquanto o grupo atravessava. Isso foi feito com muita consciência e calma. Após a travessia, como qualquer criança, voltaram a correr e brincar.

  Há que se citar um caso raro no Brasil. Na capital federal é possível atravessar pela faixa de pedestres com muita segurança. Isso foi conseguido através de um grande movimento, do qual participou toda a sociedade brasiliense, que exigiu a redução da acidentalidade viária. Foi uma semente plantada na década de 1990 para que nascesse uma cultura de segurança. A plantinha nasceu, mas ficou raquítica pela falta de rega. O Brasil urge em desenvolver e em implantar com seriedade uma verdadeira cultura de segurança, e toda a sociedade é responsável por isso.

(Extraído de http://www.transitobrasil.org/artigos/doutrina/cultura-de-seguranca. Texto revisado e adaptado para esta prova.)

1. Considere as seguintes afirmações sobre a disposição do assunto do texto.

I – O primeiro parágrafo do texto dedica-se a apresentar os sucessos (linha 01) do trânsito brasileiro; o segundo parágrafo é dedicado aos reveses (linha 01).

II – O terceiro parágrafo acrescenta dados que se somam aos aspectos negativos relacionados ao trânsito no Brasil.

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III – No quarto parágrafo, é apresentado o conceito de cultura de segurança, conceito esse que – segundo o autor – falta no Brasil não apenas no trânsito, mas em vários outrosaspectos.

IV – No quinto parágrafo, o autor dá um depoimento a fim de exemplificar o conceito que empresta nome ao texto e é retomado na conclusão.

Quais estão corretas?

a) Apenas a I e a II.b) Apenas a I e a III.c) Apenas a I, a II e a III.d) Apenas a II, a III e a IV.e) A I, a II, a III e a IV.

Leia o fragmento abaixo, extraído do texto.

... o Brasil não possui uma cultura de segurança. Este conceito vai além do trânsito ... (linhas 21 e 22)

2. Sobre o fragmento acima, são feitas as seguintes considerações. Analise-as.

I – Trata-se do argumento principal do texto.

II – O autor defende que o desenvolvimento de uma cultura de segurança é

responsabilidade de toda a sociedade brasileira.

III – Segundo o autor, a capital federal é um caso raro no Brasil, pois é o único lugar do país, afirma ele, onde nasceu e desenvolveu-se uma cultura de segurança.

Quais estão corretas?

a) Apenas a I.b) Apenas a III.c) Apenas a I e a II.d) Apenas a II e a III.e) A I, a II e a III.

3. Considerando o contexto em que se encontram, os vocábulos austero (linha 02) e efusivamente (linha 14) só NÃO poderiam ser substituídos, respectivamente, por

a) rígido e veementemente.b) severo e energicamente.c) antiquado e cordialmente.d) rigoroso e entusiasticamente.e) exigente e vigorosamente.

4. Assinale a alternativa em que há um fragmento do texto que apresenta sentido conotativo.

a) As ruas, estradas e rodovias são quase as mesmas de 20 ou 30 anos atrás. (linha 13)b) Outro exemplo clássico é o dos passageiros de uma aeronave. (linhas 24 e 25)c) Parei e fiquei observando e registrei em minha câmera. (linhas 30 e 31)

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d) Na capital federal é possível atravessar pela faixa de pedestres com muita segurança. (linhas 36 e 37)

e) A plantinha nasceu, mas ficou raquítica pela falta de rega. (linha 40)

Transição

  Vivemos uma incomparável mudança do perfil etário da população, no qual temos cada vez menos crianças e jovens e cada vez mais idosos.

  Em decorrência, inúmeras outras modificações estão ocorrendo, como novas demandas aos sistemas de saúde, turismo e educação. Esse conjunto de transformações é denominado “transição demográfica” e reflete a importância deste momento para a sociedade atual e para as futuras, as quais terão como desafio a necessidade de uma adaptação de todos a essa nova realidade.

  Obviamente, esse processo acontecerá progressivamente, mas nem por isso deverá ocorrer sem a nossa vigilância e a nossa participação ativa. Haveremos de estar atentos todas as vezes em que se cometerem disparates nesse setor. Vou citar dois exemplos, ocorridos em uma mesma manhã de domingo, para demonstrar quão freqüentes ainda são.

  Diante de uma platéia em êxtase, o locutor, entusiasmado, pergunta aos participantes: “Tem criança aqui?” Milhares de mãos se erguem e, independentemente da idade, as vozes proclamam um sonoro “sim”.

  Em voz ainda mais alta, vem a segunda pergunta: “Tem velho aqui?” As mãos oscilam com o indicador em riste e ouve-se um enfático “não”. Repete-se a pergunta final e aumenta ainda mais o som da resposta. Termina o espetáculo.

  Indignado, fiquei a meditar sobre o episódio. Não há por que duvidar dos bons interesses do animador. Certamente, ele quis mostrar como é revigorante participar ativamente de uma cerimônia como aquela. O que lastimo é a necessidade de condenar a velhice a uma condição indigna, que deve ser banida de um ambiente saudável.

  Foi divagando sobre o ocorrido que resolvi ler a correspondência acumulada na semana. Chamou-me a atenção um convite, sofisticado e colorido, divulgando que, nos próximos dias, ocorrerá o encontro dos adeptos da “medicina antienvelhecimento”. No programa, temas e pesquisadores de grande relevância em meio a um grupo de interesseiros cujo principal objetivo é confundir os incautos, propondo-lhes a fonte da eterna juventude.

  Curiosamente, conheço muitos deles e constato que nem neles mesmos essas mentiras conseguem ser aplicadas. Sua aparência denota que o tempo não os poupa das suas naturais consequências.

  Observei que os fatos se conectam. Se, por um lado, continuarmos a permitir que o processo natural de envelhecimento seja negado e, por outro, aceitarmos as argumentações dos falsos profetas, que apregoam erroneamente que os conceitos da geriatria e da gerontologia sejam usados como medidas “antienvelhecimento”, perpetuaremos o paradigma de que a velhice é uma doença que deve ser combatida com tratamentos caríssimos sem respaldo científico.

  Mas, se nos respaldarmos nas evidências responsáveis, teremos as bases para constituir um grande movimento que marcará uma posição vanguardista na luta “pró- envelhecimento saudável”.

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  Dessa forma, espero que, em breve, possamos ouvir a multidão respondendo à pergunta ‘tem velho aqui?’ com um vigoroso ‘SIM’, de quem, a despeito da idade, goza da plenitude da sua capacidade funcional, ciente das suas características físicas e intelectuais de quem soube envelhecer.

(Adaptado de JACOB FILHO, Wilson. Transição. Folha de São Paulo, Folha Equilíbrio, 27 de março de 2008.)

5. Leia as seguintes afirmações a respeito do texto.

I – O autor inicia o texto apresentando uma hipótese de mudança que possivelmente terá lugar num futuro não muito longínquo.

II – Os dois exemplos citados no texto, do 4º ao 8º parágrafos, são apresentados pelo autor com simpatia, dado o incentivo à eterna juventude que representam.

III – Da leitura geral do texto, depreende-se que o autor defende a valorização de um envelhecimento saudável, em vez da negação de existência dessa fase da vida.

Quais estão corretas?

a) Apenas a I.b) Apenas a II.c) Apenas a III.d) Apenas a II e a III.e) A I, a II e a III.

6. Considere as seguintes sugestões de reordenação de elementos do texto.

I – Troca de posição dos segmentos menos crianças e jovens (linha 02) e mais idosos (linha 02), um pelo outro.

II – Passagem do segmento é revigorante (linha 19) para o final da frase, depois de aquela.

III – Passagem de neles mesmos (linha 27) para o final da frase, depois de aplicadas.

Quais manteriam o significado original das respectivas frases?

a) Apenas a I.b) Apenas a II.c) Apenas a III.d) Apenas a I e a II.e) A I, a II e a III.

Aspectos Culturais de Mato Grosso do Sul

  A cultura de Mato Grosso do Sul é o conjunto de manifestações artístico-culturais desenvolvidas pela população sul-mato- -grossense muito influenciada pela cultura paraguaia. Essa cultura estadual retrata, também, uma mistura de várias outras contribuições das muitas migrações ocorridas em seu território.

  O artesanato, uma das mais ricas expressões culturais de um povo, no Mato Grosso do Sul, evidencia crenças, hábitos, tradições e demais referências culturais do Estado. É produzido com

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matérias primas da própria região e manifesta a criatividade e a identidade do povo sul-mato-grossense por meio de trabalhos em madeira, cerâmica, fibras, osso, chifre, sementes, etc.

  As peças em geral trazem à tona temas referentes ao Pantanal e às populações indígenas, são feitas nas cores da paisagem regional e, além da fauna e da flora, podem retratar tipos humanos e costumes da região.

(Adaptado de: CANTU, Gilberto. Disponível em: http://profgilbertocantu.blogspot.com.br/2013/08/aspectos-culturais-de-mato-grosso-dosul.html)

7. Depreende-se corretamente do texto que a cultura de Mato Grosso do Sul é

a) formada principalmente pela influência da cultura de vários povos migrantes e também pela influência secundária da cultura paraguaia.

b) formada não apenas pela influência da cultura paraguaia, mas também pela influência da cultura dos povos que migraram para essa região.

c) muito influenciada pela cultura paraguaia, mas também o é pela cultura de povos de outros países sul-americanos.

d) fortemente influenciada pela cultura de nações sul-americanas, mas o é também pela cultura de povos de outras regiões do Brasil.

e) reflexo de uma forte influência da cultura paraguaia, e a cultura de outras regiões não a influenciou de forma relevante.

  Freud uma vez recebeu carta de um conhecido pedindo conselhos diante de uma escolha importante da vida. A resposta é surpreendente: para as decisões pouco importantes, disse ele, vale a pena pensar bem. Quanto às grandes escolhas da vida, você terá menos chance de errar se escolher por impulso.

  A sugestão parece imprudente, mas Freud sabia que as razões que mais pesam nas grandes escolhas são inconscientes, e o impulso obedece a essas razões. Claro que Freud não se referia às vontades impulsivas proibidas. Falava das decisões tomadas de “cabeça fria”, mas que determinam o rumo de nossas vidas. No caso das escolhas profissionais, as motivações inconscientes são decisivas. Elas determinam não só a escolha mais “acertada”, do ponto de vista da compatibilidade com a profissão, como são também responsáveis por aquilo que chamamos de talento. Isso se decide na infância, por mecanismos que chamamos de identificações. Toda criança leva na bagagem alguns traços da personalidade dos pais. Parece um processo de imitação, mas não é: os caminhos das identificações acompanham muito mais os desejos não realizados dos pais do que aqueles que eles seguiram na vida.

  Junto com as identificações formam-se os ideais. A escolha profissional tem muito a ver com o campo de ideais que a pessoa valoriza. Dificilmente alguém consegue se entregar profissionalmente a uma prática que não represente os valores em que ela acredita.

  Tudo isso está relacionado, é claro, com a almejada satisfação na vida profissional. Mas não vamos nos iludir. Satisfação no trabalho não significa necessariamente prazer em trabalhar. Grande parte das pessoas não trabalharia se não fosse necessário. O trabalho não é fonte de prazer, é fonte de sentido. Ele nos ajuda a dar sentido à vida. Só que o sentido da vida profissional não vem pronto: ele é o efeito, e não a premissa, dos anos de prática de uma profissão. Na contemporaneidade, em que se acredita em prazeres instantâneos, resultados imediatos e felicidade instantânea, é bom lembrar que a construção de sentido requer

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tempo e persistência. Por outro lado, quando uma escolha não faz sentido o sujeito percebe rapidamente.

(Adaptado de KEHL, Maria Rita. Disponível em: rae.fgv.br /sites/rae.fgv.br/files/artigos)

8. De acordo com o texto, é correto afirmar:

a) Por motivações inconscientes, que remetem à primeira infância, ou de ordem prática, os indivíduos costumam optar pela mesma área de atuação profissional dos pais.

b) O talento para exercer um determinado trabalho está intimamente relacionado à capacidade de ponderar cuidadosamente sobre a escolha profissional.

c) As escolhas profissionais mais apropriadas são aquelas derivadas de motivações latentes no indivíduo desde a infância.

d) As pessoas bem-sucedidas profissionalmente, em sua maioria, creditam o sucesso obtido ao alto nível de esforço e ao empenho com que se dedicam ao trabalho diário.

e) No cenário competitivo da contemporaneidade, para concretizar suas ambições profissionais, o indivíduo, muitas vezes, precisa abrir mão dos ideais utópicos formados na infância.

Tipos de texto – o texto e suas partes;

Um texto é um todo. Um todo é constituído de diversas partes. A interpretação é, sobremaneira, uma tentativa de reconhecer as intenções de quem comunica recompondo as partes para uma visão global do todo.

Para podermos interpretar, é necessário termos o conhecimento prévio a respeito dos tipos de texto que, fortuitamente, podemos encontrar em um concurso. Vejamos quais são as distinções fundamentais com relação aos tipos de texto.

Vejamos um exemplo:

  Ao longo do século XVII, a Holanda foi um dos dois motores de um fenômeno que transformaria para sempre a natureza das relações internacionais: a primeira onda da chamada globalização. O outro motor daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais e culturais era um império do outro lado do planeta − a China. Só na década de 1650, 40 000 homens partiram dos portos holandeses rumo ao Oriente, em busca dos produtos cobiçados que se fabricavam por lá. Mas a derrota em uma guerra contra a França encerrou os dias da Holanda como força dominante no comércio mundial.

  Se o século XVI havia sido marcado pelas grandes descobertas, o seguinte testemunhou a consequência maior delas: o estabelecimento de um poderoso cinturão de comércio que ia da Europa à Ásia. "O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da Europa para fugir do isolamento", diz o escritor canadense Timothy Brook, no livro O chapéu de Vermeer.

  Isso determinou mudanças de comportamento e de valores: "Mais gente aprendia novas línguas e se ajustava a costumes desconhecidos". O estímulo a esse movimento era o

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desejo irreprimível dos ocidentais de consumir as riquezas produzidas no Oriente. A princípio refratários ao comércio com o exterior, os governantes chineses acabaram rendendo-se à evidência de que o comércio significava a injeção de riqueza na economia local (em especial sob a forma de toneladas de prata).

  Sob vários aspectos, a China e a Holanda do século XVII eram a tradução de um mesmo espírito de liberdade comercial. Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia de ações do mundo, criada em 1602 − foi a mãe das multinacionais contemporâneas. Beneficiando-se dos baixos impostos e da flexibilidade administrativa, ela tornou-se a grande potência empresarial do século XVII.

(Adaptado de: Marcelo Marthe. Veja, p. 136-137, 29 ago. 2012)

9. De acordo com o texto,

a) durante os séculos XVI e XVII, os produtos orientais, especialmente aqueles que eram negociados na China, constituíram a base do comércio europeu, em que se destacou a Holanda.

b) a eficiência administrativa de uma empresa comercial criada na Holanda, durante o século XVII, favoreceu o surgimento desse país como um dos polos iniciais do fenômeno da globalização.

c) a atração por produtos exóticos, de origem oriental, determinou a criação de empresas transnacionais que, durante os séculos XVI e XVII, dominaram o comércio entre Europa e Ásia.

d) a China, beneficiada pelo comércio desde o século XVI, rivalizou com a Holanda no predomínio comercial, em razão da grande procura por seus produtos, bastante cobiçados na Europa.

e) apesar do intenso fluxo de comércio com o Oriente no século XVII, as mudanças de valores por influência de costumes diferentes aceleraram o declínio da superioridade comercial holandesa.

Comentário: é preciso verificar que a chave para a interpretação dessa questão repousa na identificação da representação do século descrito no texto e a retomada por sinonímia que a o texto da questão apresenta.

Itens lexicais de ancoragem:

• 1602 - Século XVII.

• Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia de ações do mundo, criada em 1602 − foi a mãe das multinacionais contemporâneas.

O texto dissertativo

Nas acepções mais comuns do dicionário, o verbo “dissertar” significa “discorrer ou opinar sobre algum tema”. O texto dissertativo apresenta uma ideia básica que começa a ser desdobrada em

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subitens ou termos menores. Cabe ressaltar que não existe apenas um tipo de dissertação, há mais de uma maneira de o autor escrever um texto dessa natureza.

Conceituar, polemizar, questionar a lógica de algum tema, explicar ou mesmo comentar uma notícia são estratégias dissertativas. Vou dividir esse tipo de texto em dois tipos essencialmente diferentes: o dissertativo-expositivo e o dissertativo-argumentativo.

Padrão dissertativo-expositivo

A característica fundamental do padrão expositivo da dissertação é utilizar a estrutura da prosa não para convencer alguém de alguma coisa, e sim para apresentar uma ideia, apresentar um conceito. O princípio do texto expositivo não é a persuasão, é a informação e, justamente por tal fato, ficou conhecido como informativo. Para garantir uma boa interpretação desse padrão textual, é importante buscar a ideia principal (que deve estar presente na introdução do texto) e, depois, entender quais serão os aspectos que farão o texto progredir.

• Onde posso encontrar esse tipo de texto: jornais revistas, sites sobre o mundo de economia e finanças. Diz-se que esse tipo de texto focaliza a função referencial da linguagem.

• Como costuma ser o tipo de questão relacionada ao texto dissertativo-expositivo? Geralmente, os elaboradores questionam sobre as informações veiculadas pelo texto. A tendência é que o elaborador inverta as informações contidas no texto.

• Como resolver mais facilmente? Toda frase que mencionar o conceito ou a quantidade de alguma coisa deve ser destacada para facilitar a consulta.

TEXTO 1

“O dia 12 de junho é reservado ao combate ao Trabalho Infantil. A data, designada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2002, e endossada pela legislação nacional, Lei n. 11.542, em 2007, visa chamar a atenção das diferentes sociedades para a existência do trabalho infantil, sensibilizando todos os povos para a necessidade do cumprimento das normas internacionais sobre o tema, em especial as Convenções da OIT 188, de 1973, e 182, de 1999, que tratam, respectivamente, da idade mínima para o trabalho e as piores formas de trabalho infantil.

(Trabalho infantil, Marcelo Uchôa)

10. O texto 1 já permite sua inserção entre os textos de tipo:

a) narrativo;b) descritivo;c) dissertativo expositivo;d) dissertativo argumentativo;e) injuntivo.

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Crescimento da população é “desafio do século”, diz consultor da ONU

  O crescimento populacional é o “desafio do século” e não está sendo tratado de forma adequada na Rio+20, segundo o consultor do Fundo de População das Nações Unidas, Michael Herrmann.

  “O desafio do século é promover bem-estar para uma população grande e em crescimento, ao mesmo tempo em que se assegura o uso sustentável dos recursos naturais” [...] “As questões relacionadas à população estão sendo tratadas de forma adequada nas negociações atuais? Eu acho que não. O assunto é muito sensível e muitos preferem evitá-lo. Mas nós estaremos enganando a nós mesmos se acharmos que é possível falar de desenvolvimento sustentável sem falar sobre quantas pessoas seremos no planeta, onde estaremos vivendo e que estilo de vida teremos”, afirmou.

  No fim do ano passado, a população mundial atingiu a marca de sete bilhões de pessoas. As projeções indicam que, em 2050, serão 9 bilhões. O crescimento é mais intenso nos países pobres, mas Herrmann defende que os esforços para o enfrentamento do problema precisam ser globais.

  “Se todos quiserem ter os padrões de vida do cidadão americano médio, precisaremos ter cinco planetas para dar conta. Isso não é possível. Mas também não é aceitável falar para os países em desenvolvimento ‘desculpa, vocês não podem ser ricos, nós não temos recursos suficientes’. É um desafio global, que exige soluções globais e assistência ao desenvolvimento”, afirmou.

  O consultor disse ainda que o Fundo de População da ONU é contrário a políticas de controle compulsório do crescimento da população. Segundo ele, as políticas mais adequadas são aquelas que permitem às mulheres fazerem escolhas sobre o número de filhos que querem e o momento certo para engravidar. Para isso, diz, é necessário ampliar o acesso à educação e aos serviços de saúde reprodutiva e planejamento familiar. [...]

MENCHEN, Denise. Crescimento da população é “desafi o do século”, diz consultor da ONU. Folha de São Paulo. São Paulo, 11 jun. 2012. Ambiente. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/ambiente.1103277-

crescimento-da-populacao-e-desafi o-do--seculo-diz-consultor-da-onu.shtml>. Acesso em: 22 jun. 2012. Adaptado.

11. No Texto I, Michael Herrmann, consultor do Fundo de População das Nações Unidas, afirma que tratar o crescimento populacional de forma adequada significa:

a) enfrentar o problema de forma localizada e evitar soluções globalizantes.b) permitir a proliferação dos padrões de vida do cidadão americano e rechaçar a miséria.c) evitar o enriquecimento dos países emergentes e incentivar a preservação ambiental nos

demais.d) implementar uma política de controle populacional compulsório e garantir acesso à

educação e aos serviços de saúde reprodutiva.e) promover o bem-estar da população e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais.

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Padrão dissertativo-argumentativo

No texto do padrão dissertativo-argumentativo, existe uma opinião sendo defendida e existe uma posição ideológica por detrás de quem escreve o texto. Se analisarmos a divisão dos parágrafos de um texto com características argumentativas, perceberemos que a introdução apresenta sempre uma tese (ou hipótese) que é defendida ao longo dos parágrafos.

Uma vez feito isso, o candidato deve entender qual é a estratégia utilizada pelo produtor do texto para defender seu ponto de vista. Na verdade, agora é o momento de colocar “a mão na massa” para valer, uma vez que aqueles enunciados que iniciam com “infere-se da argumentação do texto”, “depreende-se dos argumentos do autor” serão vencidos caso se observem os fatores de interpretação corretos.

Quais são esses fatores, então?

• A conexão entre as ideias do texto (atenção para as conjunções)

• Articulação entre as ideias do texto (atenção para a combinação de argumentos)

• Progressão do texto.

Os recursos argumentativos

Quando o leitor interage com uma fonte textual, deve observar – tratando-se de um texto com o padrão dissertativo-argumentativo – que o autor se vale de recursos argumentativos para construir seu raciocínio dentro do texto. Vejamos alguns recursos importantes:

• Argumento de autoridade: baseado na exposição do pensamento de algum especialista ou alguma autoridade no assunto. Citações, paráfrases e menções ao indivíduo podem ser tomadas ao longo do texto. Tome cuidado para não cair na armadilha: saiba diferenciar se a opinião colocada em foco é a do autor ou se é a do indivíduo que ele cita ao longo do texto.

• Argumento com base em consenso: parte de uma ideia tomada como consensual, o que "carrega" o leitor a entender apenas aquilo que o elaborador mostra. Sentenças do tipo todo mundo sabe que, é de conhecimento geral que identificam esse tipo de argumentação.

• Argumento com fundamentação concreta: basear aquilo que se diz em algum tipo de pesquisa ou fato que ocorre com certa frequência.

• Argumento silogístico (com base em um raciocínio lógico): do tipo hipotético - Se...então.

• Argumento de competência linguística: consiste em adequar o discurso ao panorama linguístico de quem é tido como possível leitor do texto.

• Argumento de exemplificação: utilizar casos, ou pequenos relatos para ilustrar a argumentação do texto.

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Exemplo de texto argumentativo:

O voto, além de um direito duramente conquistado, deve ser considerado um dever cívico, sem o exercício do qual aquele direito se descaracteriza ou se perde, afinal liberdade e democracia são fins e não apenas meios. Quem vive numa comunidade política não pode estar desobrigado de opinar sobre os seus rumos. Nada contra a desobediência civil, recurso legítimo para o protesto cidadão que, no caso eleitoral, pode se expressar no voto nulo (cuja tecla deveria constar na máquina de votar). A questão, no caso, é outra.

Com o voto facultativo, o direito de votar e o de não votar ficam inscritos, em pé de igualdade, no corpo legal. Uma parte do eleitorado deixará voluntariamente de opinar sobre a constituição do poder político. O desinteresse pela política e a descrença no voto serão registrados como mera “escolha”, sequer como desobediência civil ou protesto. A consagração da alienação política como um direito legal interessa aos conservadores, reduz o peso da soberania popular e desconstitui o sufrágio como universal.

Léo Lince

O texto narrativo

Em uma definição bem simplista, “narrar” significa “sequenciar ações”. É um dos gêneros mais utilizados e mais conhecidos pelo ser humano, quer no momento de relatar algum evento para alguém – em um ambiente mais formal -, quer na conversa informal sobre o resumo de um dia de trabalho. O fato é que narramos, e o fazemos de maneira praticamente instintiva. É importante, porém, conhecer quais são seus principais elementos de estruturação.

Os operadores do texto narrativo são:

• Narrador: é a voz que conduz a narrativa.

• Narrador-protagonista: narra o texto em primeira pessoa.

• Narrador-personagem (testemunha): nesse caso, quem conta a história não participou como protagonista, no máximo como um personagem adjuvante da história.

• Narrador onisciente: narrador que está distanciado dos eventos e conhece aquilo que se passa na cabeça dos personagens.

• Personagens: são aqueles que efetivamente atuam na ordem da narração, ou seja, a trama está atrelada aos comportamentos que eles demonstram ao longo do texto.

• Tempo: claramente, é o lapso em que transcorrem as ações narradas. Segundo a classificação tradicional, divide-se o tempo da narrativa em: Cronológico, Psicológico e Da narrativa.

• Espaço: é o local físico em que as ações ocorrem.

• Trama: é o encadeamento de ações propriamente dito.

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Exemplo de texto narrativo:

Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.

O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.

O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fabrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo à ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

— O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.

Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:

— Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?

O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

— Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?

Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:

— Da ativa, minha senhora?

E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços, desalentado:

— Da ativa, Motinha! Sai dessa...

Texto extraído do livro "Fernando Sabino - Obra Reunida - Vol.01", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1996, pág. 872.

O texto descritivo

O texto descritivo é o que levanta características para montar algum tipo de panorama. Essas características, mormente, são físicas, entretanto, não é necessário ser sempre desse modo. Podemos dizer que há dois tipos de descrição:

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1. Objetiva: em que surgem aspectos sensoriais diretos, ou seja, não há uma subjetividade por parte de quem escreve. Veja um exemplo:

nome científico: Ginkgo biloba L.

nome popular: nogueira-do-japão

origem: Extremo Oriente

aspecto: as folhas dispõem-se em leque e são semelhantes ao trevo;

a altura da árvore pode chegar a 40 metros; o fruto lembra uma ameixa e contém uma noz que pode ser assada e comida.

2. Subjetiva: em que há impressões particulares do autor do texto. Há maior valorização dos sentimentos insurgentes daquilo que se contempla. Veja um exemplo:

Logo à entrada paramos diante de uma lápide quadrada, incrustada nas lajes escuras, tão polida e reluzindo com um tão doce brilho de nácar, que parecia a água quieta de um tanque, onde se refletiam as luzes das lâmpadas. Pote puxou-me a manga, lembrou-me que era costume beijar aquele pedaço de rocha, santa entre todas, que outrora, no jardim de José de Arimateia... (A Relíquia – Eça de Queirós).

O texto injuntivo

O texto injuntivo está direcionado à “instrução” do leitor, ou seja, busca instruir quem está lendo o texto. O tipo mais comum de texto dessa tipologia é o que apresenta instruções, como manuais, bulas de remédio, receitas, ou mesmo alguns livros de autoajuda. Veja um exemplo de texto dessa natureza:

PANQUECA DE CARNE MOÍDA

INGREDIENTES

MASSA:

• 1 e 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo

• 1 xícara (chá) de leite

• 2 ovos

• 4 colheres (sopa) de óleo

• sal a gosto

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RECHEIO:

• 300 g de carne moída

• 2 colheres (sopa) de cebola picada ou ralada

• 1/2 tomate cortado em cubos

• 1/2 lata de extrato de tomate

• 1 caixa de creme de leite

• sal a gosto

• 400 g de mussarela fatiado

• queijo ralado a gosto

MODO DE PREPARO

MASSA:

1. Bata no liquidificador os ovos, o leite, o óleo, e acrescente a farinha de trigo aos poucos2. Após acrescentar toda a farinha de trigo, adicione sal a gosto3. Misture a massa até obter uma consistência cremosa4. Com um papel toalha, espalhe óleo por toda a frigideira e despeje uma concha de massa5. Faça movimentos circulares para que a massa se espalhe por toda a frigideira6. Espere até a massa soltar do fundo e vire a massa para fritar do outro lado

RECHEIO:

1. Em uma panela, doure a cebola com o óleo e acrescente a carne2. Deixe cozinhar até que saia água da carne, diminua o fogo e tampe3. Acrescente o tomate picado e tampe novamente4. Deixe cozinhar por mais 3 minutos e misture5. Acrescente o extrato de tomate e temperos a gosto6. Deixe cozinhar por mais 10 minutos7. Quando o molho engrossar, desligue o fogo8. Deixe esfriar o molho, acrescente o creme de leite e misture bem9. Quando estiver bem homogêneo, leve novamente ao fogo e deixe cozinhar em fogo baixo

por mais 5 minutos

MONTAGEM:

1. Recheie a panqueca com uma fatia de mussarela, uma porção de carne e enrole2. Faça esse processo com todas as panquecas3. Despeje um pouco de caldo no fundo de um refratário, para untar4. Disponha as panquecas já prontas no refratário e despeje sobre elas o restante do molho5. Polvilhe queijo ralado sobre as panquecas6. Leve ao forno para gratinar, em fogo médio, por 20 minutos ou até que o queijo esteja

derretido

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

• Essa massa também serve para panquecas doces. Basta substituir o sal por açúcar e fazer o recheio de frutas, doces e chocolates. Use sua criatividade!

Extraído de: http://www.tudogostoso.com.br/receita/760-panqueca-de-carne-moida.html

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O texto prescritivo

O texto prescritivo é semelhante ao texto injuntivo, com a distinção de que se volta para uma instrução mais coercitiva. É o que se vê em leis, cláusulas contratuais, normas dispostas em gramáticas ou editais. Veja o exemplo abaixo:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:

PARTE GERAL

TÍTULO I

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Anterioridade da Lei

Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Lei penal no tempo

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Tempo do crime

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Territorialidade

Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de

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propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

A charge

A charge é um tipo de texto caracterizado pela mescla entre o conteúdo imagético (não-verbal) e o conteúdo verbal (linguístico) presente na comunicação. Uma charge pode ser fundamentalmente argumentativa, dado o conteúdo mormente crítico que se observa em suas expressões. Não que isso seja uma obrigação, mas é certamente uma constante nas charges.

Dentre as características mais importantes que devem ser levadas em consideração em uma charge, eis as que mais se destacam:

1. Sua temporalidade: a charge está sempre presa a um contexto temporal.

2. Sua localidade: a charge está sempre presa a um contexto local.

3. Sua temática: há sempre um tema principal que está servindo para a reflexão.

4. A visão do chargista: há uma corrente ideológica que o chargista adota para tecer uma crítica em seu texto.

Exemplo:

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A tirinha

Diferentemente da charge, a tirinha não possui necessariamente um prendimento temporal (muito embora as contemporâneas estejam trabalhando mais como charges sequenciais). As tirinhas são pequenas narrativas que misturam linguagem verbal com linguagem não-verbal. Usualmente, há questionamentos sobre os efeitos de humor que decorrem das quebras de expectativa do penúltimo para o último quadro da tirinha, portanto, é preciso atentar para essas partes principais da pequena narrativa.

É comum que haja um personagem central nessas tirinhas, o qual costuma ser o protagonista das ações do texto. Veja um exemplo:

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O poema

Não, o poema não é uma tipologia em separado. Trata-se de um texto que pode ser narrativo, descritivo, até mesmo dissertativo. O que distingue o poema dos outros textos é a forma de os distribuir e a linguagem que costumam adotar.

Um poema é usualmente escrito em versos. Cada linha do poema é um verso; e, ao conjunto de versos, damos o nome de estrofe. Há poemas com apenas uma estrofe, bem como há

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estudos sobre formatação dos poemas (número determinado de versos e estrofes, tipos de rimas, ritmo estudado em separado). Na maioria das questões de concurso sobre poemas, o questionamento é feito a respeito da interpreção do que está escrito, não se ultrapassa muito esse limite.

É comum que os candidatos com um pequeno histórico de leitura não consigam interpretar um poema. O mais importante é ter contato cotidianamente com esse tipo de texto até compreender as estruturas de interpretação. Na maior parte das vezes o título do texto ajuda a interpretar o poema.

Chegou a hora de ler alguns poemas:

O açúcar – Ferreira Gullar

O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim.

Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos plantaram e colheram a cana que viraria açúcar.

Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

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ProfundamenteManuel Bandeira

Quando ontem adormeciNa noite de São JoãoHavia alegria e rumorEstrondos de bombas luzes de BengalaVozes, cantigas e risosAo pé das fogueiras acesas.

No meio da noite desperteiNão ouvi mais vozes nem risosApenas balõesPassavam, errantes

SilenciosamenteApenas de vez em quandoO ruído de um bondeCortava o silêncioComo um túnel.Onde estavam os que há poucoDançavamCantavamE riam

Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindoEstavam todos deitadosDormindoProfundamente.

*

Quando eu tinha seis anosNão pude ver o fim da festa de São JoãoPorque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempoMinha avóMeu avôTotônio RodriguesTomásiaRosaOnde estão todos eles?

— Estão todos dormindoEstão todos deitadosDormindoProfundamente.

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MOMENTO NUM CAFÉ Manuel Bandeira

Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida.

Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade

Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta.

Nel mezzo del camin… (por Olavo Bilac)

“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigadaE triste, e triste e fatigado eu vinha.Tinhas a alma de sonhos povoada,E a alma de sonhos povoada eu tinha…

E paramos de súbito na estradaDa vida: longos anos, presa à minhaA tua mão, a vista deslumbradaTive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo… Na partidaNem o pranto os teus olhos umedece,Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,Vendo o teu vulto que desapareceNa extrema curva do caminho extremo.”

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminhotinha uma pedrano meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimentona vida de minhas retinas tão fatigadas.Nunca me esquecerei que no meio do caminhotinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminho

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no meio do caminho tinha uma pedra.

Para que se registre: um mesmo texto pode possuir mais de uma tipologia. Caso isso ocorra, será considerado um texto híbrido. Há narrativas com trechos descritivos, assim como dissertações com trechos narrativos etc.

Questão para praticar

(2016 - FCC - TRT - 20ª REGIÃO - Analista Judiciário - Comunicação Social)

Atenção: Leia os versos abaixo para responder à questão.

O Gênio da Humanidade

Sou eu quem assiste às lutas,Que dentro d'alma se dão,Quem sonda todas as grutasProfundas do coração:Quis ver dos céus o segredo;Rebelde, sobre um rochedoCravado, fui Prometeu;Tive sede do infinito,Gênio, feliz ou maldito,A Humanidade sou eu.Ergo o braço, aceno aos ares,E o céu se azulando vai;Estendo a mão sobre os mares,E os mares dizem: passai!...Satisfazendo ao aneloDo bom, do grande e do belo,Todas as formas tomei:Com Homero fui poeta,Com Isaías profeta,Com Alexandre fui rei.(...)

(BARRETO, Tobias. Disponível em: www.escritas.org)

12. Considere as seguintes afirmações a respeito dos versos:

I. O poema destaca, num tom grandiloquente, a forma totalizante como o homem expandiu seus domínios.

II. Ênfase é dada ao espírito materialista do homem, cuja ambição desmedida é a causa da destruição da natureza.

III. A citação de Homero, Isaías e Alexandre se dá em uma gradação que vai do menos ao mais importante, reproduzindo textualmente a evolução das habilidades humanas.

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Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II. b) II. c) II e III. d) I. e) III.

Funções da Linguagem

Um linguista chamado Roman Jakobson desenvolveu uma teoria que tenta explicar um ato comunicativo. A extensão dessa teoria se relaciona com o assunto sobre funções da linguagem.

1. Função referencial ou denotativa: centrada no conteúdo proposicional da mensagem especificamente. Ex.: livro de Biologia, artigo científico.

2. Função poética ou conotativa: centrada na transformação do conteúdo proposicional da mensagem. Ex.: poema, conto, linguagem oral.

3. Função emotiva ou expressiva: centrada no emissor da mensagem no ato comunicativo. Ex.: depoimentos ou testemunhos.

4. Função apelativa ou conativa: centrada no receptor da mensagem no ato comunicativo. Ex.: publicidades.

5. Função fática: centrada no canal utilizado no ato comunicativo. Ex.: introdução de conversas, atos falhos.

6. Função metalinguística: centrada no código utilizado no ato comunicativo. Ex.: livro de gramática, poemas sobre escrever poemas.

Tradução de sentido:

Algumas questões (e essas são as mais “ardidas”) exigem um trabalho com a tradução do sentido do que está escrito em uma sentença. Para compreender isso, a prática é a única saída. Vejamos como isso funciona:

Considerando-se o contexto, o sentido de uma expressão do texto está corretamente traduzido em:

a) diz respeito ao interesse comum = relaciona-se com a vontade geral.b) ingênuos seguidores = adeptos mais radicais.c) é aí que se insere a sua famosa distinção = é aí que se contesta sua célebre equação.d) visão essencialmente pessimista = perspectiva extremamente ambígua.e) corrompem-se irremediavelmente = praticam a corrupção sem remorso.

Considerando-se o contexto, está clara e corretamente traduzido o sentido deste segmento:

a) permitindo que a prudência nos imobilize (2º parágrafo) = estacando o avanço da cautela.

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b) a sabedoria popular também hesita, e se contradiz (3º parágrafo) = a proverbial sabedoria também se furta aos paradoxos.

c) o confiante se vê malogrado (3º parágrafo) = deixa- se frustrar quem não ousa.d) pés chumbados no chão da cautela temerosa (3º parágrafo) = imobilizado pela prudência

receosa.e) orientação conciliatória (4º parágrafo) = paradigma incontestável.

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a) Todavia executo (2º parágrafo) = por conseguinte ajo.b) uma perda estéril (2º parágrafo) = um ônus impróprio.c) imponho-me privações (2º parágrafo) = faculto-me restrições.d) o futuro as resgatará (2º parágrafo) = o amanhã as imputará.e) incerteza que me comprime (2º parágrafo) = dúvida que me constringe.

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a) instrumentos de tortura ou depreciação (1º parágrafo) = meios de aviltamento ou rejeição.b) ritmo mecânico e hipnótico (3º parágrafo) = toque automático e insone.c) alardeia os infernais decibéis (3º parágrafo) = propaga os pérfidos excessos.d) alimentando o círculo vicioso (3º parágrafo) = nutrindo a esfera pecaminosa.e) clássicos que lhe digam algo (4º parágrafo) = eruditos que lhe transmitam alguma coisa.

Muito da interpretação de textos está relacionado com a capacidade de reconhecer os assuntos do texto e as estratégias de desenvolvimento de uma base textual. Para que isso seja possível, convém tomar três providências:

• Eliminação dos vícios de leitura: para concentrar-se melhor na leitura.

• Organização: para entender o que se pode extrair da leitura.

• Conhecimento da tradição da banca: para optar pelas respostas que seguem o padrão comum da banca examinadora.

Vícios de leitura

• Movimento: consiste em não conseguir estudar, ler, escrever etc. sem ficar arrumando algum subterfúgio para distrair-se. Comer, beber, ouvir música, ficar no sofá, brincar com o cachorro são coisas que devem ser evitadas no momento de estudar.

• Apoio: o vício do apoio é péssimo para a leitura, pois diminui a velocidade e a capacidade de aprofundamento do leitor. Usar dedo, régua, papel ou qualquer coisa para “escorar” as linhas significa que você está com sérios problemas de concentração.

• Garoto da borboleta: se você possui os vícios anteriores, certamente é um “garoto da borboleta”. Isso quer dizer que você se distrai por qualquer coisa e que o mínimo ruído é suficiente para acabar com o seu fluxo de leitura. Já deve ter acontecido: terminou de ler uma página e se perguntou: “que foi mesmo que eu li”. Pois é, você só conseguirá se curar se começar a se dedicar para obter o melhor de uma leitura mais aprofundada.

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Organização leitora:

• Posto: trata-se da informação que se obtém pela leitura inicial.

• Pressuposto: trata-se da informação acessada por meio do que não está escrito.

• Subentendido: trata-se da conclusão a que se chega ao unir posto e pressuposto.

Veja o exemplo abaixo:

• Cientistas dizem que pode haver vida extraterreste em algum lugar do espaço.

Desse trecho, pode-se concluir que a vida extraterrestre não é uma certeza, mas uma possibilidade. Se a banca afirmar que certamente há vida extraterrestre, há um erro evidente na questão.

Dicas de organização de leitura

1. Ler mais de uma vez o texto: para ter certeza do tema e de como o autor trabalha com o assunto.

2. Atentar para a relação entre os parágrafos: analisar se há conexão entre eles e como ela é feita. Se há explicação, contradição, exemplificação etc.

3. Entender o comando da questão: ler com atenção o que se pede para responder adequadamente.

4. Destacar as palavras de alerta: palavras como “sempre”, “nunca”, “exclusivamente”, “somente” podem mudar toda a circunstância da questão, portanto elas devem ser destacadas e analisadas.

5. Limitar a interpretação: cuidado para não interpretar mais do que o texto permite. Antes de afirmar ou negar algo, deve-se buscar o texto como base.

6. Buscar o tema central dos textos: é muito comum que haja questões a respeito do tema do texto. Para captá-lo de maneira mais objetiva, atente para os primeiros parágrafos que estão escritos.

7. Buscar a ancoragem das inferências: uma inferência é uma conclusão sobre algo lido ou visto. Para que seja possível inferir algo, deve haver um elemento (âncora) que legitime a interpretação proposta pelo examinador.

Dica final: fique esperto com questões que exigem a tradução do sentido de uma frase em outra, você deve buscar os sinônimos que estão presentes nas sentenças, ou seja, associar os sentidos mais aproximados. Não é para ser o pai dos dicionários, apenas para conseguir identificar relações de sentido e aproximação semântica.

Gabarito: 1. E 2. C 3. C 4. E 5. C 6. D 7. B 8. C 9. B 10. C 11. E 12. D