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BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil . São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1988. CARRARA, Sérgio et al. Gênero e diversidade na escola: trajetórias e repercussões uma política pública inovadora . Rio de Janeiro: CEPESC, 2011. CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002. DIRETRIZES POLÍTICO-PEDAGÓGICAS DO CURSO GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA. In: LIVRO DE CONTEÚDO. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009. FREITAS, Helena Costa Lopes de. A (nova) política de formação de professores: a prioridade postergada. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 Especial, p. 1203-1230, out. 2007. Disponível em http:// www.cedes.unicamp.br. Acesso em 10 de abril de 2014. GATTI, Bernardete A.. Análise das políticas públicas para formação continuada no Brasil, na última década. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, Abril de 2008. GRÖSZ, Dirce M. Representações de gênero no cotidiano de professoras e professores. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Educação. Universidade de Brasília, 2008. LUDKE, M.; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MOSTAFA, Maria. Professores na encruzilhada entre o público e o privado: o curso gênero e diversidade na escola. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós- graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Estado do Rio de Janeiro, 2009. VIANNA, Cláudia. Gênero, sexualidade e políticas públicas de educação: um diálogo com a produção acadêmica. Pro-Posições, Campinas, v. 23, n. 2, Agosto de 2012. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 73072012000200009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 de maio de 2014. WELLER, Wivian; PAZ, Claudia Denis Alves da. Gênero, raça e sexualidade nas políticas educacionais: avanços e desafios. In: XXV Simpósio Brasileiro - II Congresso Ibero-Americano de Política e Administração da Educação, 2011, São Paulo. Cadernos ANPAE, 2011. p. 1-12. Referências Bibliográficas Introdução Metodologia Conclusão Resultados Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta uma proposta de análise da percepção de profes- soras/es do Distrito Federal sobre a influência do curso Gênero e Diversidade na Escola GDE em práti- cas pedagógicas posteriores à participação neste curso, buscando o entendimento de como esta expe- riência foi significada por estes/as profissionais e como os conhecimentos adquiridos foram materializa- dos em suas práticas. O curso Gênero e Diversidade na Escola existe desde 2006 (ano da aplicação de seu projeto pilo- to), fruto da parceria de órgãos de governo (SPM/PR, SEPPIR/PR e MEC), o CLAM/IMS/UERJ e o British Council. Pode ser oferecido como curso de extensão ou especialização pelas universidades públicas por meio da Universidade Aberta do Brasil UAB. Segundo Carrara et al (2011: p. 55) até 2010 o GDE foi ofertado em 26 universidades e 6 estavam em processo de aprovação para oferecê-lo, num total de 32 universidades e 300 polos/municípios por todo Brasil. No Distrito Federal, a quinta edição do GDE está em andamento, com 150 vagas preenchidas. Nas quatro primeiras oportunidades de oferecimento do GDE no DF foram disponibilizadas 580 vagas e 397 professores/as concluíram o curso. Tomamos, como referencial teórico, Vianna (2012), que contabiliza os trabalhos que versam sobre políticas públicas que levam em consideração gênero e sexualidade de 1990 a 2010; Crenshaw (2002), apresentando o conceito de interseccionalidade; Gatti (2008) e Freitas (2007) discutindo concepções de formação continuada no Brasil e Grösz (2008), Mostafa (2009) e Weller e Paz (2011), com trabalhos específicos sobre o GDE. A intenção deste projeto e a natureza do problema de pesquisa nos levou a propor um estudo de cunho qualitativo, entendendo por pesquisa qualitativa aquela que “envolve a obtenção de dados descri- tivos, obtidos no contato do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes” (BOGDAN e BIKLEN apud LUDKE; ANDRÉ, 1986: p. 13). Utilizamos como norte metodológico a análise de conteúdo, que surgiu entre os anos de 40 e 50 do século passado, no jornalismo, e vem sendo aprimorada nas últimas décadas. Ainda que a análise de conteúdo tenha partido, inicialmente, de um viés positivista, focando a quantificação, com o passar do tempo notou-se a utilidade de sua aplicação em pesquisas qualitativas, com o objetivo de inferir sobre a totalidade do conteúdo das mensagens objetos da análise, mais do que mensurar a frequência de apari- ção de palavras num texto. Bardin (1977) define a análise de conteúdo como “[...] um conjunto de técni- cas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descri- ção do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens”. Deste modo, atentamos para algumas fases necessárias à análise de conteúdo, quais sejam: a pré -análise, realizando uma leitura flutuante com o objetivo de gerar as hipóteses e uma primeira tentativa de organização do material; a exploração do material, realizando a codificação, ou seja, um recorte das unidades que serão analisadas e sua posterior categorização e, finalmente, o tratamento dos resultados, buscando o entendimento profundo da mensagem transmitida, isto é, indo além de uma leitura superfi- cial com o intuito de apreender a mensagem transmitida por meio das respostas da forma mais completa possível. Como técnicas de levantamento de dados utilizamos análise documental , focando na produção Gênero e diversidade na escola: trajetórias e repercussões uma política pública inovadora sobre o GDE; revisão bibliográfica, com levantamento do repertório acadêmico sobre o curso e a trajetória das políti- cas públicas de formação continuada de professores/as no âmbito dos temas do GDE e questionário on line com perguntas abertas, aplicado aos/às ex-cursistas das edições concluídas ofertadas pela UnB. O público-alvo deste estudo foi constituído por professoras/es do DF ex-cursistas do GDE. A partir das respostas ao questionário trabalhamos com categorias analíticas que nos permitiram uma análise em profundidade dos dados obtidos. As categorias elencadas foram: opinião sobre o GDE, instrumentalização da prática, busca ou falta de conhecimento/profissionalismo, mudanças na prática, grandes projetos, intolerância/conservadorismo/proselitismo na escola, posicionamento/reação dos/as colegas de trabalho, posicionamento/reação da direção da escola e a categoria outras considerações, que agrupou algumas respostas interessantes numa discussão em separado. Destacamos, abaixo, as questões que apareceram com maior frequência nas respostas, revelando aspectos, a partir da percep- ção dos/as professores/as que participaram deste estudo, que podemos destacar entre as informações obtidas e que se apresentariam como obstáculo ao trabalho com gênero e diversidade na escola: A falta de apoio por parte da direção e colegas de trabalho: vários/as respondentes afirmaram, em questões distintas do questionário, que a falta de apoio institucional ao trabalho com gênero e diversi- dade dificulta o desenvolvimento de projetos nesta área. Vários exemplos foram trazidos: ridiculariza- ção por parte de colegas, descontextualização de práticas, sensação de isolamento, desprezo dos temas da diversidade frente aos que “caem no vestibular” entre outros; A religiosidade enquanto impedimento ao trabalho com gênero e diversidade: alguns respondentes trazem informações que nos colocam frente à religiosidade na escola como entrave ao trabalho com gênero e diversidade. Uma professora aborda a questão do profissionalismo e acreditamos que este seja o ponto central: professores/as devem ter uma formação que permita o entendimento de que suas práticas, independentemente de suas crenças pessoais, têm que estar pautadas no respeito e valorização da diversidade, enquanto princípios do Estado brasileiro. Como exemplo de desrespeito a este preceito, citamos o relato de uma cursista sobre orações realizadas diariamente e impostas a toda a comunidade escolar; Formação precária nos temas da diversidade: os/as ex-cursistas que indicaram que já possuíam uma proximidade com os temas discutidos pelo GDE relatam maior trabalho em sala de aula ou em grandes projetos com diversidade. Já os/as professores/as que afirmaram ter tido um primeiro con- tato com estes temas no GDE se dizem inseguros/as para desenvolver um projeto. Essa situação sugere que o desenvolvimento de uma prática atenta à diversidade racial e sexual e às questões de gênero é mais freqüente quando o/a profissional se sente seguro para trabalhar com tais temáticas, segurança esta advinda do domínio do tema. A formação continuada de professores em gênero, raça e sexualidade é uma realidade no Brasil. As iniciativas que atuam neste sentido estão sendo alvo de estudos que avaliam a influência dos conhe- cimentos adquiridos nestes espaços formativos. Neste trabalho nos debruçamos sobre uma política pública de formação de professores/as, o GDE, que tem um grande alcance e que pode contribuir positi- vamente para a superação de desigualdades oriundas de preconceitos e discriminações. Este trabalho apresentou algumas limitações, que giram em torno do pequeno número de respondentes e da homoge- neidade das respostas. Além disso, apontamos também a dificuldade na obtenção de informações, moti- vada principalmente por nossa distância do campo de pesquisa. Estas limitações, apesar de afetarem a qualidade do resultado final do trabalho, não invalidam as informações surgidas e as análises propostas a partir dos questionários respondidos. Como constatação principal destacamos que o GDE, enquanto política pública de valorização e respeito à diversidade, muitas vezes entra em conflito com os valores que os/as professores/as carre- gam consigo e que este curso, oferecido como formação continuada à distância, não poderá atuar sozi- nho na desconstrução das desigualdades enfrentadas pela escola. É necessário que outras ações sejam tomadas para que o curso se constitua como mais uma instância de combate às desigualdades estabelecidas socialmente. CURSO “GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA”: influência na prática profissional segundo ex-cursistas do Distrito Federal Jaqueline Aparecida Barbosa Mestranda - FE/UFG Universidade de Brasília Universidade Aberta do Brasil Faculdade de Educação Coordenação Programa de Pós-Graduação em Educação Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça / GPPGeR

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  • BARDIN, Laurence. Anlise de Contedo. Lisboa: Edies 70, 1977.

    BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil. So Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1988.

    CARRARA, Srgio et al. Gnero e diversidade na escola: trajetrias e repercusses uma poltica pblica inovadora. Rio de Janeiro:

    CEPESC, 2011.

    CRENSHAW, Kimberl. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminao racial relativos ao gnero.

    Estudos Feministas, Florianpolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002.

    DIRETRIZES POLTICO-PEDAGGICAS DO CURSO GNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA. In: LIVRO DE CONTEDO. Gnero e diversidade na escola: formao de professoras/es em Gnero, Orientao Sexual e Relaes tnico-Raciais. Rio de Janeiro: CEPESC; Braslia: SPM, 2009.

    FREITAS, Helena Costa Lopes de. A (nova) poltica de formao de professores: a prioridade postergada. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 Especial, p. 1203-1230, out. 2007. Disponvel em http:// www.cedes.unicamp.br. Acesso em 10 de abril de 2014.

    GATTI, Bernardete A.. Anlise das polticas pblicas para formao continuada no Brasil, na ltima dcada. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, Abril de 2008.

    GRSZ, Dirce M. Representaes de gnero no cotidiano de professoras e professores. Dissertao (Mestrado). Faculdade de Educao. Universidade de Braslia, 2008.

    LUDKE, M.; ANDR, Marli E. D. A. Pesquisa em educao: abordagens qualitativas. So Paulo: EPU, 1986.

    MOSTAFA, Maria. Professores na encruzilhada entre o pblico e o privado: o curso gnero e diversidade na escola. Dissertao (Mestrado). Programa de Ps- graduao em Sade Coletiva da Universidade de Estado do Rio de Janeiro, 2009.

    VIANNA, Cludia. Gnero, sexualidade e polticas pblicas de educao: um dilogo com a produo acadmica. Pro-Posies, Campinas, v. 23, n. 2, Agosto de 2012. Disponvel em . Acesso em 25 de maio de 2014.

    WELLER, Wivian; PAZ, Claudia Denis Alves da. Gnero, raa e sexualidade nas polticas educacionais: avanos e desafios. In: XXV Simpsio Brasileiro - II Congresso Ibero-Americano de Poltica e Administrao da Educao, 2011, So Paulo. Cadernos ANPAE, 2011. p. 1-12.

    Referncias Bibliogrficas

    Introduo

    Metodologia

    Concluso

    Resultados Este Trabalho de Concluso de Curso apresenta uma proposta de anlise da percepo de profes-

    soras/es do Distrito Federal sobre a influncia do curso Gnero e Diversidade na Escola GDE em prti-

    cas pedaggicas posteriores participao neste curso, buscando o entendimento de como esta expe-

    rincia foi significada por estes/as profissionais e como os conhecimentos adquiridos foram materializa-

    dos em suas prticas.

    O curso Gnero e Diversidade na Escola existe desde 2006 (ano da aplicao de seu projeto pilo-

    to), fruto da parceria de rgos de governo (SPM/PR, SEPPIR/PR e MEC), o CLAM/IMS/UERJ e o British

    Council. Pode ser oferecido como curso de extenso ou especializao pelas universidades pblicas por

    meio da Universidade Aberta do Brasil UAB. Segundo Carrara et al (2011: p. 55) at 2010 o GDE foi

    ofertado em 26 universidades e 6 estavam em processo de aprovao para oferec-lo, num total de 32

    universidades e 300 polos/municpios por todo Brasil. No Distrito Federal, a quinta edio do GDE est

    em andamento, com 150 vagas preenchidas. Nas quatro primeiras oportunidades de oferecimento do

    GDE no DF foram disponibilizadas 580 vagas e 397 professores/as concluram o curso.

    Tomamos, como referencial terico, Vianna (2012), que contabiliza os trabalhos que versam sobre

    polticas pblicas que levam em considerao gnero e sexualidade de 1990 a 2010; Crenshaw (2002),

    apresentando o conceito de interseccionalidade; Gatti (2008) e Freitas (2007) discutindo concepes de

    formao continuada no Brasil e Grsz (2008), Mostafa (2009) e Weller e Paz (2011), com trabalhos

    especficos sobre o GDE.

    A inteno deste projeto e a natureza do problema de pesquisa nos levou a propor um estudo de

    cunho qualitativo, entendendo por pesquisa qualitativa aquela que envolve a obteno de dados descri-

    tivos, obtidos no contato do pesquisador com a situao estudada, enfatiza mais o processo do que o

    produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (BOGDAN e BIKLEN apud LUDKE;

    ANDR, 1986: p. 13).

    Utilizamos como norte metodolgico a anlise de contedo, que surgiu entre os anos de 40 e 50 do

    sculo passado, no jornalismo, e vem sendo aprimorada nas ltimas dcadas. Ainda que a anlise de

    contedo tenha partido, inicialmente, de um vis positivista, focando a quantificao, com o passar do

    tempo notou-se a utilidade de sua aplicao em pesquisas qualitativas, com o objetivo de inferir sobre a

    totalidade do contedo das mensagens objetos da anlise, mais do que mensurar a frequncia de apari-

    o de palavras num texto. Bardin (1977) define a anlise de contedo como [...] um conjunto de tcni-

    cas de anlise das comunicaes visando obter, por procedimentos, sistemticos e objetivos de descri-

    o do contedo das mensagens, indicadores (quantitativos ou no) que permitam a inferncia de

    conhecimentos relativos s condies de produo/recepo destas mensagens.

    Deste modo, atentamos para algumas fases necessrias anlise de contedo, quais sejam: a pr

    -anlise, realizando uma leitura flutuante com o objetivo de gerar as hipteses e uma primeira tentativa

    de organizao do material; a explorao do material, realizando a codificao, ou seja, um recorte das

    unidades que sero analisadas e sua posterior categorizao e, finalmente, o tratamento dos resultados,

    buscando o entendimento profundo da mensagem transmitida, isto , indo alm de uma leitura superfi-

    cial com o intuito de apreender a mensagem transmitida por meio das respostas da forma mais completa

    possvel.

    Como tcnicas de levantamento de dados utilizamos anlise documental, focando na produo

    Gnero e diversidade na escola: trajetrias e repercusses uma poltica pblica inovadora sobre o GDE;

    reviso bibliogrfica, com levantamento do repertrio acadmico sobre o curso e a trajetria das polti-

    cas pblicas de formao continuada de professores/as no mbito dos temas do GDE e questionrio on

    line com perguntas abertas, aplicado aos/s ex-cursistas das edies concludas ofertadas pela UnB.

    O pblico-alvo deste estudo foi constitudo por professoras/es do DF ex-cursistas do GDE.

    A partir das respostas ao questionrio trabalhamos com categorias analticas que nos permitiram

    uma anlise em profundidade dos dados obtidos. As categorias elencadas foram: opinio sobre o GDE,

    instrumentalizao da prtica, busca ou falta de conhecimento/profissionalismo, mudanas na prtica,

    grandes projetos, intolerncia/conservadorismo/proselitismo na escola, posicionamento/reao dos/as

    colegas de trabalho, posicionamento/reao da direo da escola e a categoria outras consideraes,

    que agrupou algumas respostas interessantes numa discusso em separado. Destacamos, abaixo, as

    questes que apareceram com maior frequncia nas respostas, revelando aspectos, a partir da percep-

    o dos/as professores/as que participaram deste estudo, que podemos destacar entre as informaes

    obtidas e que se apresentariam como obstculo ao trabalho com gnero e diversidade na escola:

    A falta de apoio por parte da direo e colegas de trabalho: vrios/as respondentes afirmaram, em

    questes distintas do questionrio, que a falta de apoio institucional ao trabalho com gnero e diversi-

    dade dificulta o desenvolvimento de projetos nesta rea. Vrios exemplos foram trazidos: ridiculariza-

    o por parte de colegas, descontextualizao de prticas, sensao de isolamento, desprezo dos

    temas da diversidade frente aos que caem no vestibular entre outros;

    A religiosidade enquanto impedimento ao trabalho com gnero e diversidade: alguns respondentes

    trazem informaes que nos colocam frente religiosidade na escola como entrave ao trabalho com

    gnero e diversidade. Uma professora aborda a questo do profissionalismo e acreditamos que este

    seja o ponto central: professores/as devem ter uma formao que permita o entendimento de que

    suas prticas, independentemente de suas crenas pessoais, tm que estar pautadas no respeito e

    valorizao da diversidade, enquanto princpios do Estado brasileiro. Como exemplo de desrespeito a

    este preceito, citamos o relato de uma cursista sobre oraes realizadas diariamente e impostas a

    toda a comunidade escolar;

    Formao precria nos temas da diversidade: os/as ex-cursistas que indicaram que j possuam

    uma proximidade com os temas discutidos pelo GDE relatam maior trabalho em sala de aula ou em

    grandes projetos com diversidade. J os/as professores/as que afirmaram ter tido um primeiro con-

    tato com estes temas no GDE se dizem inseguros/as para desenvolver um projeto. Essa situao

    sugere que o desenvolvimento de uma prtica atenta diversidade racial e sexual e s questes de

    gnero mais freqente quando o/a profissional se sente seguro para trabalhar com tais temticas,

    segurana esta advinda do domnio do tema.

    A formao continuada de professores em gnero, raa e sexualidade uma realidade no Brasil.

    As iniciativas que atuam neste sentido esto sendo alvo de estudos que avaliam a influncia dos conhe-

    cimentos adquiridos nestes espaos formativos. Neste trabalho nos debruamos sobre uma poltica

    pblica de formao de professores/as, o GDE, que tem um grande alcance e que pode contribuir positi-

    vamente para a superao de desigualdades oriundas de preconceitos e discriminaes. Este trabalho

    apresentou algumas limitaes, que giram em torno do pequeno nmero de respondentes e da homoge-

    neidade das respostas. Alm disso, apontamos tambm a dificuldade na obteno de informaes, moti-

    vada principalmente por nossa distncia do campo de pesquisa. Estas limitaes, apesar de afetarem a

    qualidade do resultado final do trabalho, no invalidam as informaes surgidas e as anlises propostas

    a partir dos questionrios respondidos.

    Como constatao principal destacamos que o GDE, enquanto poltica pblica de valorizao e

    respeito diversidade, muitas vezes entra em conflito com os valores que os/as professores/as carre-

    gam consigo e que este curso, oferecido como formao continuada distncia, no poder atuar sozi-

    nho na desconstruo das desigualdades enfrentadas pela escola. necessrio que outras aes

    sejam tomadas para que o curso se constitua como mais uma instncia de combate s desigualdades

    estabelecidas socialmente.

    CURSO GNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA: influncia na prtica profissional segundo ex-cursistas do Distrito Federal

    Jaqueline Aparecida Barbosa

    Mestranda - FE/UFG

    Universidade de Braslia

    Universidade Aberta do Brasil

    Faculdade de Educao

    Coordenao Programa de Ps-Graduao em Educao

    Especializao em Gesto de Polticas Pblicas em Gnero e Raa / GPPGeR