Upload
felipe-bruno
View
12
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
Estado, religião e casamento entre pessoas do mesmo sexo
Felipe Bruno Martins FernandesPós-Doutorando PPGAS/NIGS/UFSC
Pressupostos:1) o pertencimento religioso e/ou o diálogo com o sagrado
é estruturante de nossa humanidade2 ) defesa, a partir da posição dos direitos humanos, da
“cultura da paz”
Objetivo da Fala:Localizar alguns “eventos” marcantes que definiram a
expansão do evangelicalismo político no governo de frente popular do Partido dos Trabalhadores.
Frente Popular do Partido dos Trabalhadores:É eleita pela primeira vez em 2002, tendo permanecido no governo por duas gestões sob a liderança de Lula e com a terceira gestão em andamento sob a liderança de Dilma.
o evangelicalismo é um fenômeno global que responde ao tipo de “sociedade da insegurança” que se configurou primeiramente nos
contextos ocidentais, expandindo-se pelo mundo. Segundo ela houve um grande investimento da direita nessa modalidade de
pertencimento religioso e este investimento envolveu o apelo às mulheres comuns em mostrar-lhes que os novos movimentos sociais
eram de elite e as desprezavam.
a nova sociedade institucionaliza uma crescente insegurança nas condições de vida da maioria das pessoas. Ela enfraquece as proteções da
seguridade social ao institucionalizar formas mais precárias de trabalho assalariado, incluindo terceirização, trabalho temporário e trabalho não-
sindicalizado, que são mal pagos e não dão direito a benefícios. O resultado é uma grande sensação de insegurança, à qual o cristianismo
evangélico responde.Nancy Fraser
defino como evangelicalismo político a colonização do espaço estatal por representantes do evangelicalismo de direita criando uma situação de permanente contradição
em que se produzem, a partir do literalismo bíblico, “bodes expiatórios” que deverão desestabilizar a harmonia social com vistas a garantir a permanência dos produtores de
modelos de gestão da insegurança no Estado.
Literalismo Bíblico:uma leitura da Bíblia partindo do pressuposto que não há
erros e equívocos na escritura e que é possível compreender e ler o presente de forma descontextualizada
com base nos pressupostos bíblicos
O que vemos hoje no Brasil no meu ponto de vista, é a expansão do evangelicalismo, cuja principal estratégia é o
literalismo bíblico. A novidade, entretanto, não está na presença evangelicalista no Estado, mas em sua “força em
si”.
É em 2007 que o pastor Silas Malafaya, um dos principais opositores à políticas de direitos para LGBTTT na cena
pública, lança seu DVD “Homossexualismo, Aborto e Células-Tronco: A Verdade Que Você Precisa Saber”.
Em 2009-2010 se une à reação evangelicalista contra o “homossexualismo” setores conservadores ligados a
instituições militares, representados pelo deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ).
Nas eleições de 2010 foram centrais os temas de gênero e sexualidade. O aborto e o casamento gay foram pautas centrais cuja contrariedade de quase a totalidade dos
presidenciáveis demonstraram a força política que a reação homofóbica fundada no evangelicalismo.
Apesar de sua primeira ação como presidenta ter sido a retirada dos crucifixos de todas as salas do governo
federal, em fevereiro de 2012 nomeia como Ministro da Pesca o pastor e membro da reação homofóbica
evangelicalista, Marcelo Crivella (PL/Rio). Tal nomeação foi o primeiro sinal diagnosticado pelos movimentos LGBTTT de
cumprimento dos compromissos com setores religiosos.
No dia 25 de maio de 2011, a Presidenta Dilma Rousseff, ex-guerrilheira e militante de esquerda contra a ditadura
militar, suspendeu o chamado “Kit-Gay” (na verdade “Kit de Combate à Homofobia”) dizendo que não é papel do
governo “fazer propaganda de opções sexuais”.
“houve interpretação de que o governo se armava para fazer uma guerra com as igrejas evangélicas. Vim aqui para dizer que
isso não é verdade, não temos de maneira nenhuma essa intenção, pelo contrário, o governo considera as igrejas
evangélicas parceiras e muito importantes. Seria uma loucura fazer uma rede para combater as igrejas evangélicas”.
Gilberto Carvalho
O “sexo” e a “sexualidade” têm sido, dessa forma, um dos eixos organizadores da política brasileira desde as eleições de 2010. Sabemos por experiência política que o tema das
homossexualidades são dos mais vulneráveis à opinião pública, que ora parece “avançar” e ora parece
“retroceder”.