12
Práticas financeiras da base da pirâmide: razões para inovar Luciana Aguiar

Práticas financeiras da base da pirâmide: razões para inovar

Embed Size (px)

Citation preview

Práticas financeiras da base da pirâmide: razões para inovar Luciana Aguiar

Geral

Contexto

O publico CDE é pragmático. Apesar de não

dominar os termos técnicos do repertório

financeiro, aprende na prática e cria estratégias

curiosas para lidar com suas questões

financeiras.

Podemos dizer que trata-se de um bricoleur* das

práticas financeiras

* Termo introduzido por Lévi-Strauss (1962), descreve o tipo de pensamento e processo de

simbolização. Em oposição ao engenheiro que cria instrumentos especializados para propósitos

específicos, o bricoleur é um faz tudo, que usa poucas ferramentas e não especializadas para

solucionar uma variedade de propósitos.

Implicações

Perspectiva do economistas

• Racionalidade econômica limitada

(Wildavsky)

• Mais impacientes para exaurir seus

recursos (Irving Fisher)

Realidade BOP

• Baixa escolaridade (CDE com 8, 6 e 4 anos de

escolaridade em média)

• Suas habilidades incluem a capacidade de:

– Resolver problemas

– Fazer contas mentais

– Administrar os gastos

– Economia compartilhada

• Administrar gastos divididos entre

famílias (serviços: TV a cabo, internet)

• Gestão orçamentária feita pelas

mulheres

“The most skilful money managers were on very low incomes, and if they failed to make

ends meet this was often due to lack of money rather than lack of financial capability.”

(Atkinson et al)

Fonte: IBGE, PNAD 2008

Wildavsky, Aaron. A Comparative Theory of Budgetary Process. Boston: Little Brown, 1975. p. 42

FSA. Atkinson et al. Levels of financial capability in UK

Apesar das restrições colocadas pela Baixa escolaridade, O BOP adquiriu

na prática habilidades gerenciais e financeiras interessantes

Realidade BOP

Enfrentam

• Mais incertezas e os efeitos de

suas decisões fazem mais

diferença

• vulnerabilidade

Requer um desafio intelectual e

prático

Implica em várias transações:

• Saber organizar a entrada diferentes fontes de

renda (bicos/membros familiares)

• Otimizar recursos

• Gerenciar e monitorar um cash flow irregular para

não faltar o básico

• Criar estratégias de poupança e consumo a prazo

Existem poucos instrumentos financeiros

disponíveis para administrar a

irregularidade da renda Collins e Murdoch, 2009

Fonte: Collins e Murdoch. Portfolios of the Poor,: how the world´s poor live on $2 a day. Princeton: Rutherford-Ruthven, 2009.

Alta percepção e ansiedade sobre riscos:

• doença

• emergência

• perda do emprego/fonte de renda

Necessidades

3 necessidadesorientam a atividade

financeira CDE

1.Gerenciar o básico: apesar da irregularidade da renda

2. Lidar com o risco: emergências

3.Levantar grandes somas: acumular para garantir grandes

despesas

Combinar diferentes tipos de instrumentos

para atender às suas necessidades: exige um

portfolio complexo Collins e Murdoch, 2009

Fonte: Collins e Murdoch. Portfolios of the Poor,: how the world´s poor live on $2 a day. Princeton: Rutherford-Ruthven, 2009.

Práticas

• Mesmo endividado ou inadimplente, têm uma poupança

• Com poupança, recorrem a empréstimo

• Podem tomar emprestado para poupar

• Com seguro, recorrem à poupança e empréstimo

Há um entendimento particular sobre produtos financeiros

Conceitos e Práticas

Investimento Conceito:

• Pode ser consumo de bens duráveis e

serviços: que podem ser transformados

novamente em dinheiro no futuro

• Exemplo: Casa própria, negócio próprio,

educação dos filhos, carro, geladeira

Prática

• Posse de bens: passaporte para a

integração na sociedade

Poupança Conceito BOP

• Resolve questões de curto prazo

• Utilizada como uma forma de seguro ou conta

corrente

• É diferente daquela que junta grandes

quantias

Prática

• Precisa ser administrada diariamente

• Precisam maximizar a quantia e ter acesso

fácil ao saque

Dívida Conceito

• É inerente à sua condição

• Pode ser confundida com

comprometimento da renda (contas a

pagar)

Prática

• O endividamento excessivo tende se

relacionar mais às emergências

(desemprego, doenças) do que ao

descontrole nos gastos

SeguroConceito

• A vulnerabilidade é grande, mas o

conhecimento sobre produtos é baixa:

complexidade, dificuldade em acionar

Prática

• É importante, mas a conveniência é

fundamental

• Recompensa é valorizada

CréditoUsado para:

• Consumo

• Serviços (escola, saúde)

• Emergência

• Empreender

• Prazo e rapidez (emergência) se

sobrepõem ao valor final (juros)

• As parcelas precisam estar alinhadas

como o cashflow

Conta corrente Conceito

• É um mal necessário

• É mais seguro

• Forma pouco barata transacionar

• Conta salário é mais comum

Prática

• Fazem pequenos depósitos sem

custos transacionais extras

Práticas

Necessidades:

• um cash flow diário

• acumular grandes somas

• liquidez

• regras fáceis

• timing adequado

• baixo valor de depósito

• prêmios mensais

O Produto precisa ser:

• Precificado para caber no bolso

• Desenhado de acordo com :

– o estilo de vida,

– nível de renda

– cash flow do público CDE

Os produtos desenvolvidos precisam dialogar com as práticas específicas do

público CDE

Mecanismos de tecnologia da informação têm papel estratégico para

potencializar o poder de articulação as redes sociais locais e virtuais

São capazes de :

• Reduzir as limitações na rede de pessoas CDE e facilitar seu acesso a instituições

onde podem tomar empréstimo -> diminuindo o custo do dinheiro

• Tornar mais seguro o transporte do dinheiro

• Tornar mais rentável os pequenos depósitos sem custos transacionais extras feitos

por este público

Redes virtuaisCase

Case M-Pesa: Quênia

M-PESA criou um bem sucedido serviço de mensagem de

texto da para transferir dinheiro eletronicamente entre

usuários de celulares

Oferece também um microsseguro com proteção para

fazendeiros contra os problemas de clima

Fonte: Saving and the poor - A better mattress: Microfinance focuses on lending. Now the industry is turning to deposits

The Economist , Mar 11th 2010

Fonte: O Estado de São Paulo/ set 2009

Aline Benavente

Moradora da Vila Carrão, Zona Leste

Revendedora Avon

Com a ajuda de mídias socais como Blog no portal da empresa e Twitter

• Dobrou seu faturamento por campanha

“Vendia R$400,00 por campanha e, no mês passado, vendi R$1mil”• Ampliou sua carteira de clientes

Brasília, Goiás, Porto Alegre, Rio de Janeiro, interior de São Paulo. Até para Angola

• Estratégia:

No blog publico promoções e campanhas.

Envia o pedido por e-mail”

Twitter avisar sobre novidades ou nova promoção.”Tem 150 seguidores no twitter, todos clientes.

• Pagamento: envia o pedido por correio

Exemplo:As redes na Geração de renda

Um

O capital social pode ter um peso maior do que o

capital financeiro, pois potencializa acesso

Em síntese

• O racional e as práticas CDE podem parecer exóticas, mas estão

organizadas dentro de uma lógica pragmática

• As redes sociais potencializam o acesso a informação, renda, bens e

trabalho. Têm um papel estratégico para entender o comportamento

deste público

• A vulnerabilidade e a escassez são princípios orientadores deste

racional

• É preciso ter uma visão mais ampla sobre o portfólio de produtos para o

público CDE voltados não só para micro-crédito, mas sobretudo para

micro-finanças

• É importante entender que o público BOP quer poupar, assegurar,

também tomar emprestado e empreender

[email protected]

www.planocde.com.br

11 3037.7781