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PRÁTICAS MÉDICAS E DOENÇA PRÁTICAS MÉDICAS E DOENÇA DIARRÉICA AGUDA - ANO DIARRÉICA AGUDA - ANO 2000 2000 José Carlos Hass Neli Maximiniano Olga Suzuqui Vera Lúcia da Silva Franco Faculdade de Saúde Pública-USP Centro de Vigilância Epidemiológica - SES/SP Curso de Especialização em Epidemiologia Aplicada às Doenças Transmitidas por Alimentos Coordenação: Almério de Castro Gomes - FSP/USP Margarida Maria M. B. de Almeida - FSP/USP José Cássio de Moraes - CVE/SP Maria Bernadete de Paula Eduardo - CVE/SES-SP São Paulo, Novembro de 2000

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PRÁTICAS MÉDICAS E DOENÇA PRÁTICAS MÉDICAS E DOENÇA DIARRÉICA AGUDA - ANO 2000DIARRÉICA AGUDA - ANO 2000

José Carlos Hass

Neli Maximiniano

Olga Suzuqui

Vera Lúcia da Silva Franco

Faculdade de Saúde Pública-USPCentro de Vigilância Epidemiológica - SES/SP

Curso de Especialização em Epidemiologia Aplicada às Doenças Transmitidas por Alimentos

Coordenação: Almério de Castro Gomes - FSP/USP

Margarida Maria M. B. de Almeida - FSP/USP

José Cássio de Moraes - CVE/SP

Maria Bernadete de Paula Eduardo - CVE/SES-SP

São Paulo, Novembro de 2000

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1.INTRODUÇÃO

No Brasil são internadas:

30 mil pessoas por intoxicação alimentar 700 mil pessoas por doenças infecciosas e

parasitária com 8 mil óbitos (DATASUS 1997/98)

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Mais de 250 diferentes DTA foram descritas: a maioria causada por bactérias e vírus outras causadas por toxinas ou produtos químicos

Sintomas mais comuns: náusea vômito dor abdominal diarréia

Para identificar o agente etiológico são necessários testes laboratoriais.

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Mudanças no perfil epidemiológico das DTA:

Surgimento de patógenos emergentes e reemergentes

Seqüelas resultantes de potentes toxinas : septicemias aborto infecções localizadas artrites Síndromes (Guillain-Barré e Hemolítico-Urêmica) Morte

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2. OBJETIVOS

Geral: – Conhecer a proporção de solicitação de

coprocultura e parasitológico de fezes feita pelos médicos para os pacientes atendidos com diarréia aguda.

Específicos:– Conhecer as circunstâncias que cercam a

solicitação de exames;– Conhecer o grau de notificação de casos/surtos.

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3. MÉTODO

- TIPO DE ESTUDO: descritivo- Entrevistas com médicos que atendem diarréia

- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:

. Especialidades: Clínica Médica

InfectologiaGastroenterologiaPediatria

. Atendimento direto ao paciente . Atender nos municípios definidos (Botucatu,

Marília e São Paulo - áreas de vigilância ativa do projeto CVE/Ano 2000).

- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO:. Não atendimento direto ao paciente

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- TAMANHO DA AMOSTRA:Critérios para amostragem:

- Para o município de São Paulo: assumido erro de + 5% com base conhecida, com correção de 30%, totalizando 548 médicos para a aplicação do questionário;

- Para Botucatu: 43 médicos (100%);- Para Marília: 58 médicos (100%);

Considerado o tempo curto para realização da pesquisa, estabeleceu-se para o município de São Paulo uma sub-amostra de 112 médicos.

(Utilizado o cadastro de médicos fornecido pelo Conselho Regional de Medicina -CREMESP)

Total a ser pesquisado = 213 médicos

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.FONTE DE COLETA DE DADOS:

- questionário, baseado em instrumento utilizado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção de Atlanta/USA).

. 51 questões

Questões básicas (exemplos):

- Referente ao último paciente com diarréia atendido:

10.13. O Sr. solicitou coprocultura para este paciente?

( )SIM ( )NÃO ( )NÃO LEMBRA

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.10.14. Se o Sr. solicitou coprocultura para este paciente, assinale o motivo (apenas um) que o levou a esta decisão:

( )Duração da diarréia ( )Associação com surto( )Febre ( )Paciente solicitou( )Diarréia com sangue ( )Outro:

Especifique_______( )Dor abdominal( )Desidratação( )AIDS( )Viagem

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.10.17. Se o Sr. não solicitou coprocultura para este

paciente, assinale o motivo (apenas um) que o levou a esta decisão:

( )Solicitação anterior( )Sem febre( )Sem dor abdominal( )Sem diarréia sanguinolenta( )Sem desidratação( )Curta duração( )Sem relação com surto( )O resultado não alteraria o tratamento( )Custo ( )Outro:Especifique_________________

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.10.18.O Sr. solicitou parasitológico de fezes para este paciente?( )SIM ( )NÃO ( )NÃO LEMBRA

10.19 Se o Sr. solicitou parasitológico, associe somente um motivo que o levou a essa decisão:

( )Duração da diarréia ( )Paciente solicitou ( )Tenesmo ( )Sem febre( )Diarréia com sangue ( )Outro:Especifique:_______( )Dor abdominal( )Viagem( )Associação com surto

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12. Quando o paciente atendido refere fazer parte de um surto de diarréia, o Sr. notifica o órgão de vigilância epidemiológica?

( )SIM ( )NÃO ( )ÀS VEZES

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16. Quando o Sr. não especifica o agente na solicitação de coprocultura, acha que o laboratório vai pesquisar:

Salmonella ( )SIM ( )NÃO ( )NÃO SABECampylobacter ( )SIM ( )NÃO ( )NÃO SABEShigella ( )SIM ( )NÃO ( )NÃO SABEVibrio ( )SIM ( )NÃO ( )NÃO SABEE. coli 0157:H7 ( )SIM ( )NÃO ( )NÃO SABEYersínia ( )SIM ( )NÃO ( )NÃO SABEOutro(Especificar____________________)

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Estratégia:- encaminhamento do questionário via correio;- contato telefônico com o médico;- encaminhamento do questionário pela segunda vez,

para os médicos com os quais não foi possível contato telefônico;

- encaminhamento do questionário pela terceira vez para os médicos cujos endereços foram atualizados pelas seccionais da Associação Paulista de Medicina de Botucatu e Marília;

- mais três contatos telefônicos com os médicos que concordaram em participar, mas que ainda não haviam encaminhado o questionário.

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-Dos 62 questionários respondidos:

01 foi por aplicação via telefone

10 via fax

31 via correio

01 via e-mail

19 foram retirados pelos pesquisadores no endereço

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Taxa de resposta de questionários baixa:

São Paulo: 33,8%

Botucatu: 18,6%

Marília: 25,9%

Previsão na definição da amostra: 70% de retorno.

OBS: Pesquisa realizada em Connecticut/USA: 57% de resposta.

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4.2. Resposta sobre internação dos pacientes com diarréia: – taxa de internação - 24,2% dos pacientes atendidos

nos últimos 7 dias devido à diarréia foram hospitalizados.

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55 médicos (88,7%) atenderam paciente com diarréia nos últimos 12 meses e destes 32,7% solicitaram coprocultura para o último paciente com diarréia. A taxa de solicitação de parasitológico foi igual a de coprocultura.

EUA:– Área de Vigilância Ativa: 44% solicitaram coprocultura– Connecticut: 35%

Sim33%

Não62%

Sem Informação5%

4.3. Taxa de solicitação de exames:

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4.4. Taxa de especificação do agente na solicitação de exames:- Especificação do agente etiológico suspeito nas solicitações de exame: 16% dos médicos.

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4.5.Taxa de solicitação de coprocultura para paciente com diarréia sanguinolenta = 67,3%

EUA:– áreas de vigilância ativas: 77%– Connecticut: 74%; 32% para pesquisa para E. coli 0157

SIM68%

NÃO16%

NÃO LEMBRA16%

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Motivo Freqüência %Febre 3 16,64%Associação com surtos 2 11,10%Duração; dor abdominal: viagem 2 11,10%Duração da Diarréia 1 5,56%Diarréia c/ sangue 1 5,56%Desidratação 1 5,56%AIDS 1 5,56%Rotina 1 5,56%Desidratação; intensidade da diarréia 1 5,56%Febre; Diarréia c/ sangue 1 5,56%Dor abdominal; cheiro fétido; muco 1 5,56%Febre; dor abdominal; ass. com surtos 1 5,56%Dor abdominal; febre; desidratação 1 5,56%Desidratação; duração da diarréia: febre; assoc. surto 1 5,56%Total 18 100,00%

OBS: Em Connecticut “duração da diarréia” foi o motivo mais importante.

4.6. Motivos para a solicitação de coprocultura:

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Motivo Freqüência %O resultado não alteraria o tratamento 7 20,58%Não sujeria patogeno 5 14,70%Bom estado geral 4 11,78%Sem diarréia sanguinolenta 4 11,78%Curta duração 3 8,82%Solicitação anterior 1 2,94%Evidência clínica 1 2,94%Sem febre 1 2,94%Sem desidratação 1 2,94%Sem diarréia sanguinolenta; o resultado não alteraria o tratamento

1 2,94%

Sem diarréia sanguinolenta; curta duração; o resultado 1 2,94%Sem diarréia sanguinolenta; sem desidratação; curta duração; sem relação com surto

1 2,94%

Sem febre; sem diarréia sanguinolenta; sem desidratação; custo

1 2,94%

Sem febre; sem diarréia sanguinolenta; curta duração; sem surto; custo

1 2,94%

Sem relac. surto; sem viagem; sem desidratação; o resultado não alteraria o tratamento; curta duração; custo

1 2,94%

Sem relac. surto, sem viagem; sem febre; sem desidratação; não sujeria patogeno; sem diarréia sanguinolenta

1 2,94%

Total 34 100%

4.7. Motivos para não solicitação de coprocultura

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Motivo Freqüência %Duração da diarréia 4 21,06%Dor abdominal 3 15,80%O paciente solicitou 2 10,54%Rotina 1 5,26%Condições ambientais 1 5,26%Sem febre 1 5,26%AIDS 1 5,26%Dor abdominal; diarréia esporádica 1 5,26%História progressiva: nível sócio econômico; evidência clínica 1 5,26%Tenesmo; dor abdominal; ass. com surto 1 5,26%Duração da diarréia; dor abdominal; sem febre 1 5,26%Duração da diarréia; dor abdominal; viagem; sem febre 1 5,26%Outro 1 5,26%Total 19 100%

4.8. Motivos para solicitação de parasitológico

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4.9. Agente que o médico considera que será testado pelo laboratório quando não especificado na solicitação:• 88,7% acha que o laboratório vai pesquisar E. coli

0157:H7• 56,5% acha que o laboratório vai pesquisar

Campylobacter jejuni, Salmonella e Shigella

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4.10.Notificação ao órgão de Vigilância

Notifica Freqüência PercentualSim 17 30,9%Não 28 50,9%Às vezes 10 18,2%Total 55 100%

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5. CONCLUSÕES

Do ponto de vista de saúde pública:– sub-detecção dos patógenos;– sub-notificação de surtos de doenças transmitidas por

alimentos. Continuidade da pesquisa, levando-se em

consideração:– dificuldades encontradas no cadastro de médicos;– dificuldades no contato telefônico;– tempo de realização curto;– dificuldade de retorno de resposta dos médicos– buscar maior taxa de respostas previstas.