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Escola Estadual Domingos Gonçalves de Mello - Mingote Pré Modernismo no Brasil 1

Pré Modernismo e Vanguardas Européias

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trabalho completo sobre o pré-modernismo e as vanguardas européias.

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Page 1: Pré Modernismo e Vanguardas Européias

Escola Estadual Domingos Gonçalves de Mello - Mingote

Pré Modernismo

no Brasil

Equipe: Rafael Siqueira, Lincon Nogueira, Luara de Oliveira,

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Lucyara de Oliveira e Danielle Alcântara.Série: 3° B Ênfase

Professora: MarisaCaxambu - 2009

Pré Modernismo no Brasil

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“Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.”

IndiceIntrodução 5

Pré-Modernismo 6Momento Historico 7

Caracteristicas 8

Autores Pré Modernistas 9Augusto dos Anjos 10Euclides da Cunha 11

Graça Aranha 12Lima Barreto 13

Monteiro Lobato 14Simões Lopes Neto 15

Raul de Leoni 16

Vanguardas Européias 17A Arte acadêmica colocada em xeque 18

Os primeiros sinais de contestaçâo 18Muito além do Impressionismo 18

A Europa na vanguarda 19Movimentos “rebeldes” se multiplicam 19

A filosofia é o principio de tudo 19

Movimentos da Vanguarda Européia 20Cubismo 21

Futurismo 22Dadaísmo 24

Surrealismo 26Construtivismo 28

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‘Suprematismo 30

Neoplasticismo 31

Conclusao 32

introduçao A realização deste trabalho tem como objetivo mostrar os fatos, ocorrências, conseqüências de um dos períodos da nossa Literatura, o Pré-Modernismo.

Tentaremos mostrar claramente, os fatos e características no que se diz sobre o assunto, e também através da realização deste trabalho, procuraremos tirar o maior proveito para o nosso aprendizado, buscando reunir mais informações

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úteis que sejam utilizadas para que nós possamos aumentar o nosso conhecimento.

Pré-Modernismo

O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos prevalecentes do Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo.

O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um movimento e por isso deve ser encarado como fase.

Não possui um grande número de representantes, mas conta com nomes de imenso valor para a literatura brasileira que formaram a base dessa fase.

O pré-modernismo, também conhecido como período sincrético. Os autores embora tivessem cultivado formalismos e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo perante suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais, incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho para o Modernismo.

Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou grandes jóias como Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.

O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma escola literária, ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.

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‘ Por apresentarem uma obra significativa para uma nova interpretação de realidade brasileira, bem como pelo valor estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes livros - Os sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha - e se estende até o ano de 1922, com a realização da Semana da Arte Moderna.

Momento Historico

Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos grandes proprietários rurais, em substituição a "República da Espada" (governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de São Paulo.

Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.

O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida mais intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal, conhecida como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.

Essas agitações são sintomas de crise na "República do café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.

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Caracteristicas

Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas:

Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras "não poéticas" como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor; a denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo; o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto; os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos; uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.

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Autores

Pré Modernistas

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Augusto dos Anjos (1884/1914)

Formou-se em direito, mas foi sempre professor de Literatura. Nervoso, misantropo e solitário, este possível ateu morreu de forte gripe antes de assumir um cargo que lhe daria mais recursos.

Publicou apenas um único livro de poesias, Eu, mais tarde reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra é cientificista, profundamente pessimista. Sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados por muitos são considerados como sendo de mau gosto, mas caracterizam sua poesia como única na literatura brasileira.

"Já o verme — este operário das ruínas — / Que o sangue podre das carnificinas / Come e à vida em geral declara guerra,"

Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com sonetos e verso decassílabo. Sua visão de mundo e a interrogação do mistério da existência e do estar-no-mundo marcam esta nova vertente poética. Há uma aflição pessoal demonstrada com intensidade dramática, além do pessimismo. Constância da morte, desintegração e os vermes.

"A passagem dos séculos me assombra. / Para onde irá correndo minha sombra / Nesse cavalo de eletricidade?! / Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem? / E parece-me um sonho a realidade."

Obra Principal:

Poesias - Eu (1912)

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Euclides da Cunha (1866/1909)

Exerceu a função de engenheiro civil no meio militar. Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e catedrático em Lógica pelo Colégio Dom Pedro II. Viajou muito e escreveu Os Sertões pela experiência própria de ter testemunhado a Guerra de Canudos como correspondente jornalístico. Envolvido num grande escândalo familiar, foi assassinado em duelo pelo amante da esposa.

Positivista, florianista e determinista, é seu estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis (litoral e sertão).

As passagens a seguir provém de Os Sertões, sendo cada uma de uma parte da obra.

"Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante..." A Terra

"Porque não no-los separa um mar, separam-no-los três séculos..." O Homem

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‘"E volvendo de improviso às trincheiras, volvendo em corridas para os pontos abrigados, agachados em todos os anteparos [...] os triunfadores, aqueles triunfadores memorados pela História, compreenderam que naquele andar acabaria por devorá-los, um a um, o último reduto combatido. Não lhes bastavam seis

mil Mannlichers e seis mil sabres; e o golpear de doze mil braços [...] e os degolamentos, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de canhoneio contínuo; e o esmagamento das ruínas; e o quadro indefinível dos templos derrocados; e por fim, na ciscalhagem das imagens rotas, dos altares abatidos, dos santos em pedaços - sob a impassibilidade dos céus tranqüilos e claros - a queda de um ideal ardente, a extinção absoluta de uma crença consoladora e forte..." A Luta

Obras principais:

Os Sertões (1902) Constrastes e Confrontos (1906) Peru Versus Bolívia (1907) Castro Alves e seu Tempo (1908) À Margem da História (1909) Canudos: Diáro de uma Expedição (1939)

Graça Aranha (1866/1931)

Aluno de Tobias Barreto, seguiu a carreira diplomática depois de ser juiz no Maranhão e no Espírito Santo. Participou ativamente do movimento modernista, como doutrinador. Colaborou na fundação da ABL (mesmo sem ter livro publicado) e da Semana de Arte Moderna de 22, por isso sendo considerado por muitos um modernista. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu logo antes de publicar sua autobiografia, O meu próprio romance, de 1931.

"Milkau estava sereno no alto da montanha. Descobrira a cabeça de um louro de ninfa, e sobre ela, e na barba revolta, a luz do sol batia, numa fulguração de resplendor. Era um varão forte, com uma pele rósea e branda de mulher, e cujos poderosos olhos, da cor do infinito, absorviam, recolhiam docemente a visão segura do que iam passando. A mocidade ainda persistia em não o abandonar; mas na

harmonia das linhas tranqüilas do seu rosto já repousava a calma da madureza que ia chegando."

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‘"Tudo o que vês, todos os sacrifícios, todas as agonias, todas as revoltas, todos os martírios são formas errantes de Liberdade. E essas expressões desesperadas, angustiosas, passam no curso dos tempos, morrem passageiramente, esperando a hora da ressurreição... Eu não sei se tudo o que é vida tem um ritmo eterno, indestrutível, ou se é informe e transitório... Os meus olhos não atingem os limites inabordáveis do Infinito, a minha visão se confina em volta de ti [...] Eu te suplico, a ti e à tua ainda inumerável geração, abandonemos os nossos ódios destruidores, reconciliemo-nos antes de chegar ao instante da Morte..."

Obras principais:

Canaã (1902/romance) Estética da Vida (1921/ensaio) Espírito Moderno (1925/ensaio) A Viagem Maravilhosa (1927/romance)

Lima Barreto (1881/1922)

Nascido de pai português e mãe escrava era mulato e pobre. Afilhado do Visconde do Ouro Preto, conseguiu estudar e ingressar aos 15 anos na Escola Politécnica. Lá sofreu toda sorte de humilhações e preconceitos e, quando estava no 3º ano, teve de trabalhar e sustentar a família, pois o pai enlouquecera. Presta concurso para escriturário no Ministério da Guerra, permanecendo nessa modesta função até aposentar-se.

Socialista influenciado por autores russos, Lima Barreto vive intensamente as contradições do início do século, torna-se alcoólatra e passa por profundas crises depressivas, sendo internado por duas vezes. Em todos os seus romances, percebe-se traço autobiográfico, principalmente através de personagens negros ou mestiços que sofrem preconceitos.

Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca, criticando a miséria das favelas e dos cortiços. Posiciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação recebida pelas mulheres, voltada para o

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‘casamento, e a República com seu exagerado militarismo. Utiliza-se da alta sociedade para desmascará-la, desmitificá-la em sua banalidade.

Seus personagens são humildes funcionários públicos, alcoólatras e miseráveis. Sua linguagem é jornalística e até panfletária.

Triste Fim de Policarpo Quaresma é a obra que lhe garante notoriedade. Antes de falir, o editor Monteiro Lobato publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá e, pela primeira vez, Barreto é bem pago por algum original.

Monteiro Lobato (1882/1948)

Homem de diversas atividades (escritor, editor, relojoeiro, fazendeiro, promotor, industrial, comerciante, professor, adido comercial etc.). Tem por formação Direito e participa de grupos

e jornais literários, entre eles o Minarete.

Torna-se editor com a instalação da Editora Monteiro Lobato, que traz grandes inovações para o mercado editorial brasileiro. Ainda assim, Lobato acaba falido. No ano de 1925, funda a

Companhia Editora Nacional e começa a escrever sua vasta obra de literatura infantil. Isso se dá por decepção com o mundo adulto, por isso começa a investir no futuro do Brasil.

Em 1917, publica no jornal O Estado de São Paulo, o artigo contra a pintora Anita Malfatti (estopim do Modernismo). A Propósito da Exposição Malfatti, expressa uma postura agressiva contra as novas tendências artísticas do século XX, que resultará no seu desligamento dos principais participantes da

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‘Semana de Arte Moderna de 1922. Sua crítica acalorada se dá porque ele não admitia a submissão da cultura brasileira às idéias européias, daí ser chamado de Policarpo Lobato.

Faz campanhas nacionais favor da exploração das riquezas do subsolo: petróleo e minérios. Funda a Companhia de Petróleo do Brasil, acreditando no nosso desenvolvimento e denunciando o monopólio internacional.

Aproxima-se das idéias do Partido Comunista Brasileiro. Controvertido, ativo e participante, Lobato defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado pelas autoridades governamentais) do livro Urupês. Curioso é que, na quarta edição de Urupês, o autor, no prefácio, pede desculpas ao homem do interior, enfatizando suas doenças e dificuldades.

Simoes Lopes Neto (1865-1916)

O Capitão publicou três livros em toda a vida, todos na cidade em que nascera, Pelotas, no RS. Foram eles Cancioneiro Guasca, Lendas do Sul

e Contos Gauchescos. Fez teatro e, apesar de suas obras terem sempre cunho tradicionalista, era um homem de hábitos urbanos.

Acalentava grandes sonhos literários, mas seu reconhecimento só foi póstumo.

"E do trotar sobre tantíssimos rumos; das pousadas pelas estâncias dos fogões a que se aqueceu; dos ranchos em que cantou, dos povoados que atravessou; das coisas que ele compreendia e das que eram-lhe vedadas ai singelo entendimento; do pêlo-a-pêlo com os homens, das erosões, da morte e das eclosões da vida, entre o Blau -

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‘moço, militar - e o Blau - velho, paisano -, ficou estendida uma longa estrada semeada de recordações - casos, dizia -, que de vez em quando o vaqueano recontava, como quem estende no sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca." Contos Gauchescos

"Foi assim e foi por isso que os homens, que quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, chamam-na desde então de boitatá, cobra de fogo, boitatá, a boitatá!" Lendas do Sul

"Findava aqui o calhamaço de que a princípio se falou, quando disse que recebi em certa hora de pleno dezembro, por véspera de Natal, quando eu estava, desesperado, a abanar mosquitos (...) Apenas ao canto da página, a lápis, havia uns dizeres que custei a decifrar, e que eram estes: o 2o. Volume será o dos 'Sonhos do Romualdo'" Casos do Romualdo.

Raul de Leoni (1895-1926)

Foi um autor altamente independente de seu tempo, sem filiações a movimentos literários. Amigo de Olavo Bilac, sua poesia continha muita influência parnasiana, mas também possuía características simbolistas e uma bela simplicidade misturada a preocupações filosóficas.

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Observação

Ensaístas Alberto Torres, Manuel Bonfim e Oliveira Viana produziram estudos que se desdobraram em programas de organização sócio-política. Isto é, não só denunciaram as mazelas do Brasil da época, como também apresentaram soluções a esses problemas.

João Ribeiro passou de poeta parnasiano a crítico literário, sendo um dos primeiros a problematizar a questão da língua nacional. Atacava também a rigidez estética de simbolistas e parnasianos e proclamava a necessidade de destruição dos ídolos caducos.

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Vanguardas Européias

A Arte acadêmica colocada em xeque

Desde as últimas décadas do Século 19, a História da Arte assistia a profundas modificações e rupturas. Os modelos que vinham sendo valorizados desde a época do Renascimento Italiano pelas academias começavam a ser realmente questionados.

Os artistas, acompanhando as mudanças sociais, econômicas, políticas e filosóficas do mundo, passavam a desejar novas expressões artísticas.

O desenvolvimento das vanguardas européias do Século 20 está intimamente relacionado com os artistas da geração anterior, que abriram caminho para as gerações seguintes.

Os Impressionistas, os Pós-Impressionistas e até mesmo os Realistas foram os verdadeiros pioneiros das transformações artísticas que marcariam a arte moderna.

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Os primeiros sinais de contestaçâo

Artistas do final do século, independentemente de pertencerem a qualquer escola, também tiveram influência espantosa sobre a arte moderna.

Destaca-se, em particular, Paul Cézanne e sua obsessão em imprimir objetividade à forma de encarar o mundo. Pode ser considerado o verdadeiro exemplo para a arte moderna, exercendo alguma influência em todos os movimentos e artistas de projeção do século XX.

Georges Seraut (1859 -1891), apesar de ter morrido prematuramente, também é considerado um dos grandes precursores da arte moderna, dando expressão artística à mentalidade científica de sua época, incorporando, por exemplo, estudos de ótica e cor às suas concepções artísticas e adicionando a eles suas refinadas descobertas estéticas.

Muito além do Impressionismo

Van Gogh pode ser considerado uma terceira influência decisiva sobre a arte do século XX. Além dele podem ser colocados Gauguin, Pissaro e Signac.

É importante pontuar que essas influências, às vezes, manifestaram-se pela negação de algum aspecto do trabalho do artista ou mesmo pela compreensão limitada ou desvirtuada de sua obra.

O Século 20, sem dúvida, foi uma época de profundas transformações em todas as esferas da experiência humana e os artistas não podiam manter-se alheio a essas mudanças, o que em parte justifica a profusão de movimentos e ideais artísticos que nele surgiram.

Entretanto, resta a dúvida: todas as mudanças na arte foram realmente típicas desse conturbado período da História ou apenas tivemos mais acesso a cada mínima manifestação artística devido ao desenvolvimento dos meios de comunicação?

De qualquer forma, trata-se de contribuições à História da Arte extremamente marcantes e, apesar do artista e sua criação serem considerados únicos e autônomos, não se pode alienar sua produção do momento histórico e das mudanças de mentalidade que assistimos nesse século.

A Europa na vanguarda

Um dado curioso exemplificando essas tendências maiores que movem uma geração, pode ser o encontro em Paris de praticamente todas as importantes figuras que marcariam as vanguardas, vindos de todas as partes do mundo.

Além de Paris, e em menor escala, apesar da importância, Munique foi outro importante centro vanguardista europeu.

Os Fauves (as Feras), liderados pela figura de Henri Matisse (1869-1954) começaram com uma reação ao divisionismo metódico (ver Neo-Impressionismo) e assumiram características expressionistas.

O Fauvismo pode ser classificado entre os primeiros grupos de vanguarda, pois, apesar da curta duração (1905 a 1908) e da incoerência associada a ele, agrupou e influenciou figuras importantes da arte

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‘moderna, como André Durain (1880-1954), Georges Braque e exerceu influência, por exemplo, sobre Picasso.

Movimentos “rebeldes” se multiplicam

Os expressionistas alemães, agrupados no Die Brücke, Dresdem e Der Blaue Reiter, Munique foram outras importantes influências para a Arte Moderna.

Desse mesmo período é o Cubismo, o Futurismo e posteriormente o Dadaismo e o Surrealismo, os movimentos da vanguarda européia mais conhecidos e que exerceram influência sobre toda a arte do século XX. O Construtivismo, o Suprematismo e oNeoplasticismo, originados principalmente do Cubismo, também foram movimentos importantes do início do século.

A filosofia é o principio de tudo

Um dado curioso dos movimentos vanguardistas do Século 20 é o fato de normalmente terem origem em idéias filosóficas.

Estas idéias podem receber, a princípio, expressão na literatura e poesia, para posteriormente passar às artes plásticas, como é o caso mais específico do Surrealismo e do Futurismo.

Além disso, a popularidade entre os artistas das teorias, que justificavam a arte, também foi grande, como as obras extremamente lidas e comentadas entre os círculos vanguardistas da época: "Do espiritual na Arte", de Kandinsky (1912) e "Abstração e Sentimento" (1908) de Wilhelm Worringer.

Em muito ajudou a formação de grupos que, normalmente. estava relacionada à necessidade de sobrevivência material e a facilidade de transmissão de idéias, uma vez que, apesar de aparentemente expressarem os mesmo ideais, eram constituídos por personalidades e estilos pessoais bastante fortes e distintos.

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Movimentos da Vanguarda Européia

Cubismo

Como movimento, teve vida curta

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‘O movimento cubista começou em 1907 e terminou em 1914, apesar de ter persistido ainda quando os artistas envolvidos abandonaram-no.

Seus principais focos de resistência foram as artes decorativas e arquitetura do Século 20.

Apesar de ser considerado um ato de percepção individual, o movimento possuía coerência. Era inspirado na arte africana (sua "racionalidade") e no princípio de "realização do motivo" de Cézanne.

Geometrização das figuras

A geometrização das figuras resulta numa arte intuitiva e abstrata, derivada da "experiência visual ". Baseia-se essencialmente na luz e na sombra.

Rompe com o conceito de arte como imitação da natureza (que vinha desde a Renascença), bem como com as noções da pintura tradicional, como a perspectiva.

Pablo Picasso definiu-a como "uma arte que trata primordialmente de formas, e quando uma forma é realizada, ela aí está para viver sua própria vida".

Apesar da identificação imediata do cubismo às figuras de Pablo Picasso e Georges Braque, vários outros artistas deram grandes contribuições individuais ao movimento.

Entretanto, devido ao enorme número de artistas que aderiram ao estilo, havia grandes diferenças pessoais estilísticas.

"Casas e Árvores", de Georges Braque, com suas formas geométricas e perspectiva própria, pode ser considerada a obra de origem do movimento.

O cubismo costuma ser dividido em fase analítica - desenvolvida por Picasso e Braque entre 1909 e 1912 - e fase sintética (a partir de 1912).

Entretanto, esses termos não são considerados adequados, uma vez que tentam, baseados em conceitos falhos, estabelecer grandes diferenças estéticas dentro de um estilo em processo de definição e evolução.

"O Jogador de Cartas" e "Retrato de Ambroise Vollard" de Pablo Picasso; "Moça com Guitarra" e "Cabeça de Moça", de Georges Braque; "Paisagem", de Jean Metzinger; "Garrafa e Copo", de Juan Gris; "Cidade" e "Soldado com Cachimbo", de Fernand Léger e "Janela", de Robert Delaunay, podem ser considerados bom exemplos dos diferentes estilos presentes no movimento.

Cubismo na Escultura

A escultura cubista, cujos principais nomes formam Brancusi, Gonzalez, Archipenko, Lipchitz, Duchamp-Villon e Henri Laurens, desenvolveu-se separadamente da pintura, apesar do intercâmbio inicial de idéias-chave.

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‘Entre os escultores, Duchamp-Villon, merece ser citado. É considerado um dos primeiros escultores cubistas e realizou uma tentativa de conceituação da escultura cubista, relacionando-a à arquitetura.

A peça em bronze "O Cavalo", com seu efeito dinâmico, é um bom exemplo de sua obra.

Primeira Guerra Mundial dispersou idealizadores

O fim do movimento cubista deve-se à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em agosto de 1914.

Com efeito, uma boa parte dos artistas desse movimento foi recrutada e partiu para o campo de batalha, extinguindo o Cubismo, enquanto movimento.

Todavia, o estilo permaneceu vivo nas mãos de outros pintores, exercendo forte influência sobre a arte moderna como um todo.

Por suas características abstratas, foi bastante adaptável, inspirando movimentos como o futurismo, o orfismo, o purismo e o vorticismo.

Futurismo

Um envolvimento na política da Itália

O futurismo foi um movimento fundado pelo poeta italiano Fillippo Tomasso Marinetti, que redigiu um manifesto e tentou espalhá-lo em 1909.

MARINETTI (Filippo Tommaso), escritor italiano (Alexandria, 1876 - Bellagio, 1944), iniciador do movimento futurista, cujo manifesto publicou no jornal parisiense Le Figaro (20 de fevereiro de 1909).

Nesse manifesto, já proclamava o fim da arte passada e a ode à arte do futuro (futurismo, daí o nome do movimento).

Com implicações políticas, buscava tornar a Itália livre do peso de sua história e inserí-la no mundo moderno.

A dinâmica é o centro da arte

Ao poeta juntaram-se outros artistas - principalmente poetas e pintores - como Umberto Boccioni (1882 - 1916), Carlo Carrá (1881 - 1966), Giacomo Balla (1871 - 1958), Luigi Russolo (1885- 1947) e Gino Severeni (1883 - 1950).

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‘Em abril de 1910 era lançado um manifesto da pintura futurista, seguido por um manifesto da escultura futurista em 1912 e um livro sobre seus objetivos em 1914 (Pinttura,Scultura Futurista, Milão) os dois últimos escritos por Boccione.

O movimento, a velocidade, a vida moderna, a violência, as máquinas e a quebra com a arte do passado eram as principais metas do futurismo.

Somente a forma e a cor não mais bastavam para representar o dinamismo moderno, como se lê no manifesto de 1910:

«Deve ser feita uma limpeza radical em todos os temas gastos e mofados a fim de se expressar o vórtice da vida moderna - uma vida de aço, febre, orgulho e velocidade vertiginosa.»

Até 1912, as influências maiores na maneira como davam formas artísticas às suas idéias era a dos impressionistas e pós-impressionistas, artistas que já apresentavam certa preocupação em representar o dinamismo.

O mundo moderno e a velocidade

Após 1912, uma exposição em Paris marca a hegemonia da influência cubista sobre a arte do grupo.

Os artistas futuristas deparavam-se com o sério problema de representar a velocidade em objetos parados.

As soluções normalmente foram a representação de seres humanos ou animais com múltiplos membros dispostos radialmente e em movimento triangular.

Forças mecânicas ou físicas eram fontes temáticas bastante freqüentes, em especial nos primeiros trabalhos futuristas.

«Automóvel e Ruído», de Balla ou «O que o Bonde me contou», de Carrá, são bons exemplos desses quadros.

Talvez Boccioni, uma das principais forças do futurismo, tenha sido o artista mais bem-sucedido na representação da velocidade.

«Formas Únicas de Continuidade no Espaço» transmite o efeito de projeção no espaço, diferenciando-se, de acordo com Herbert Read, em História da Pintura Moderna, do vigor dinâmico barroco, por não mais gravitar em torno de si).

A influência das guerras nos movimentos artísticos

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‘A Primeira Grande Guerra Mundial e a morte de Boccioni em 1916, ferido no conflito, foram golpes decisivos no movimento futurista que acabou se dissolvendo.

Entretanto, os futuristas deixaram contribuições importantes para a arte do Século 20, seja no futurismo russo, composto por artistas como Malevitch, ou no dadaismo.

Também teve grande influência para artistas importantes como Marcel Duchamp e Robert Delaunay em

atentá-los para a representação do movimento que acabaria marcando os estilos característicos dos artistas.

De qualquer forma, ambos se situaram entre os pioneiros a chamar a atenção para a nova vida que se punha à frente do a essa nova vida (como as máquinas).

Dadaismo

O vácuo criado pela guerra

O Dadaísmo foi um movimento originado em 1915, em plena 1ª Guerra Mundial, em Zurique (cidade que conservou-se neutra com relação à guerra).

O movimento, que negava todas as tradições sociais e artísticas, tinha como base um anarquismo niilista e o slogan de Bakunin: "a destruição também é criação".

Contrários à burguesia e ao naturalismo, identificado como "a penetração psicológica dos motivos do burguês", buscavam a destruição da arte acadêmica e tinham grande admiração pela arte abstrata.

O acaso era extremamente valorizado pelos dadaístas, bem como o absurdo. Tinham tendências claramente anti-racionais e irônicas.

O objetivo máximo era o escândalo

O Dadaismo procurava chocar um público mais ligado a valores tradicionais e libertar a imaginação via destruição das noções artísticas convencionais.

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‘Acredita-se, ainda, que seu pessimismo venha de uma reação de desilusão causada pela Primeira Guerra Mundial.

Apesar de sua curta durabilidade - no período entre guerras, praticamente havia sido esquecido - e das críticas realizadas ao movimento, fundamentalmente baseadas em sua ausência de vocação construtiva, teve grande importância para a arte do Século 20.

Fez parte de um processo, observado nesse século, de libertação da arte de valores preestabelecidos e busca de experiências e formas expressivas mais apropriadas à expressão do homem moderno e de sua vida.

O Cabaré

Originou-se de um grupo composto por artistas como Tristan Tzara, Hans Harp, Richard Hülsenbeck, Marcel Janko, Hugo Ball e Hans Richter que se encontrava em cafés de Zurique.

A idéia inicial era a realização de um espetáculo internacional de Cabaré que contava com músicas diversas, recitais de poesia e exposição de obras.

A maneira como surgiu o nome do evento é sugestiva: por acaso Ball e Hülsenbeck abriram um dicionário de alemão-francês e acabaram se deparando com a palavra dada, que foi posteriormente adotada pelo grupo e pelo movimento que daí surgiria.

A brochura "Cabaret Voltaire", a inauguração da "Galeria Dada" em 1917 e as revistas "Dada", seguidas de livros sobre o movimento, ajudaram a popularizá-lo.

A arte escrachada dos dadaistas

Sua provocação, ativismo e conceito de simultaneidade (realizar ao mesmo tempo diversas apresentações, como a leitura de poemas distintos) muito deve aos futuristas, entretanto, não possuía o otimismo e a valorização da tecnologia que esse último movimento tinha.

O dadaísmo costuma ser bastante identificado aos ready-mades de Duchamp, como os urinóis

elevados à categoria de obras de arte ou outras proezas do artista, como o acréscimo de bigodes à Mona Lisa.

Os poemas non-sense, as máquinas sem função de Picabia, que zombavam da ciência, ou a produção de quadros com detritos, como Merzbilder, de Schwitters, são outras obras características do dadaísmo.

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‘Além disso, o dadaísmo, desde o começo, pretendia ser um movimento internacional nas artes. Picabia era o artista que acabou por fazer a ponte entre o dadaísmo europeu e o americano, tornando-se, juntamente com Duchamp e Man Ray, uma das principais figuras do dadaísmo forte em Nova York.

A revista "Dada 291" era publicada nessa cidade americana, além de Barcelona e Paris, outras cidades por onde o movimento espalhara-se. Berlim, Colônia e Hanover eram outros importantes focos Dada.

Na Alemanha, o movimento ganhou características mais próximas de protesto social que de movimento artístico.

O dadaísmo forneceu grande inspiração para movimentos posteriores, como o Surrealismo, derivado dele, a Arte Conceitual, oExpressionismo Abstrato e a Pop Art americana.

Surrealismo

O Surrealismo foi um Movimento fundado pelo poeta André Breton que a princípio tinha apenas expressão literária e caminhava ao lado do Dadaismo.

Posteriormente, Breton foi reunindo, em torno de si, artistas plásticos, muitos saídos do movimento Dadá, que já anunciava sua morte nos anos 20.

A ênfase no caráter poético, mesmo quando passou para a pintura e a escultura sempre foi uma de suas principais características. Aliás, segundo alguns críticos, os pontos mais fortes do Surrealismo é mesmo a poesia devido ao forte apelo das imagens na descrição de aspectos subconscientes.

O Surrealismo foi profundamente ligado a uma filosofia de pensamento e ação, em que a liberdade era extremamente valorizada. Apesar de seu ativismo e até incongruência serem bem próximos ao dadaísmo, difere-se deste principalmente por ter uma vocação construtiva que faltava

ao seu antecessor.

Mesmo após ter sido extinto enquanto movimento, muitos artistas prosseguiram realizando suas obras a partir de suas premissas, como Miró, Dali e Hans Arp.

É considerado o movimento mais forte e controverso do período entre guerras, tendo se espalhado pelo mundo inteiro e influenciado várias gerações.

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‘Além da França, foi especialmente forte nos EUA, inspirando, por exemplo, o Expressionismo Abstrato, principalmente pelo fato de que muitos artistas europeus acabaram se refugiar no país durante a Segunda Guerra.

Desde o começo do movimento, Breton pretendia afinar a arte com a política contemporânea. Em 1925, no quinto número da Revista La Révolution Surréaliste, o artista já anuncia a adesão do Movimento ao Comunismo.

O Surrealismo pretendia explorar a força criativa do subconsciente, valorizando um anti-racionalismo, a livre associação de pensamentos e os sonhos, norteado pelas teorias psicanalíticas de Freud.

O automatismo, que buscava lograr o controle da mente racional através da expressão de um pensamento que não passasse por censuras, era uma das técnicas utilizadas pelos surrealistas.

Seguindo a tradição dos demais movimentos do Século 20, o Surrealismo era composto por grandes individualidades, que lhe deram importantes e diferenciadas contribuições.

Seus principais expoentes foram: Hans Arp, Joan Miró, Kurt Schwitters, Marcel Duchamp, Max Ernst, Salvador Dali, André Masson, René Magritte, entre outros.

Além disso, parte da incongruência associada ao movimento, além das diferenças pessoais entre seus vários membros, devia-se a pelo menos duas fortes e contraditórias tendências do Surrealismo.

Uma delas se achava mais próxima ao dadaísmo e era mais niilista, contrária a todos os conceitos de arte tradicional (exemplificada por Marcel Duchamp). Quanto à outra, estava ainda sendo guiada por valores estéticos (que pode ser representada, por exemplo, por Salvador Dali e Magritte).

O alto grau de beleza estética que os trabalhos possuíam também eram considerados, de certa forma, contraditórios ao princípio do acaso e do automatismo como métodos de produção.

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‘O frottage, desenhos a partir de "decalques" sobre superfícies irregulares e a colagem, montagens predominantemente incongruentes, eram alguns métodos utilizados pelos surrealistas para explorar suas potencialidades inconscientes.

Os principais adeptos do primeiro método eram Max Ernst (inventor do método, entre suas obras, "Histoire naturelle", de 1929), Miró e Masson, enquanto expressivos trabalhos de collage foram realizados por Kurt Schwitters e até pelo poeta André Breton.

Uma das muitas provas de que as influências do Surrealismo extrapolaram as fronteiras de um movimento (além da inspiração que forneceu a vários artistas e gerações) pode ser exemplificada por obras de Picasso, como Guernica, bastante próximas das premissas artísticas propostas pelos surrealistas, apesar de ele mesmo nunca ter pertencido ao grupo.

Construtivismo

O "Manifesto Realista"

O construtivismo foi um movimento artístico que nasceu na Rússia em 1913.

De um movimento inicialmente ligado à escultura e à colagem, passou a envolver outras manifestações artísticas.

Seu nome vem do "Manifesto Realista", publicação de 1920 que prega o ideal de se "construir” a arte. A arte deveria refletir o mundo moderno e sua tecnologia, utilizando-se para isso de materiais da indústria, como por exemplo, o plástico.

A utilidade social da arte

O movimento foi fundado por Vladimir Tatlin. Trabalhando ao lado de Alexander Rodchenko, aplicou também os princípios construtivistas à arquitetura.

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‘Relacionava a arte à sua utilidade social. "Monumento para a Terceira Internacional" é uma de suas obras mais conhecidas.

Os irmãos Antoine Pevsner e Naum Gabo (que publicaram o manifesto acima citado), apesar das divergências com o grupo de Tatlin, formavam outro importante foco do movimento.

Esses últimos acreditavam na arte como um valor absoluto e independente. Espaço e tempo deveriam ser as base das artes construtivas.

Inspirado no Cubismo

Com forte inspiração cubista e na pintura de Kandisky (assimilados principalmente através dos irmãos Naum e Antoine), o construtivismo fundia percepção artística a conhecimentos científicos, como potencialidade dos materiais e possibilidades formais.

Esteve intimamente ligado a outro movimento artístico, o suprematismo, fundado pelo pintor Kasimir Malevich (1878 - 1935).

Este, também inspirado no cubismo, era baseado na arte geométrica abstrata. Enfatizava a cor como instrumento de criação de realidade na arte. Dá um extremo valor à emoção, desprezando as idéias da "mente consciente".

Perseguição na Rússia ajuda a disseminação de idéias

As pinturas eram realizadas normalmente em cima de superfícies preparadas. "Branco no Branco", de Malevich é considerado o melhor exemplo de realização do que se propõe o suprematismo.

Chocando-se com o regime socialista soviético, o construtivismo foi condenado e Naum e Antoine deixaram o país.

Esse exílio facilitou a disseminação de suas idéias pela Europa, exercendo bastante influência sobre artistas e movimentos importantes do período, como o Bauhaus e o grupo Stijl.

Tatlin permaneceu na Rússia, associando-se ao teatro, realizando especialmente cenários.

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Suprematismo

Movimento que aconteceu na Rússia, entre os anos de 1915 e 1923, e teve como alguns artistas: El Lissitzky, Kazimir Malevich, Lyubov Popova, Ivan Puni, Aleksandr Rodchenko

Na Última Exposição Futurística de Pinturas: 0-10, organizada por Ivan Puni em Petrogrado em dezembro de 1915, Kazimir Malevich, um artista russo, escolheu esse têrmo para descrever suas próprias pinturas, porque era o primeiro movimento em artes a reduzir a pintura à pura abstração geométrica. Foi também o movimento que mais influenciou o Construtivismo.

Malevich, no seu manifesto "Do Cubismo ao Suprematismo", define o Suprematismo como "a supremacia do puro sentimento", o essencial era a sensibilidade em si mesma, independentemente do meio onde teve origem.

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Neoplasticismo

Neoplasticismo foi a denominação dada pelo artista Piet Mondrian (1872-1944), para um estilo de arte baseado na abstração geométrica, que acabou se tornando uma de suas principais características.

Nascido do cubismo, defendia uma arte construída somente a partir de elementos abstratos, não naturalista e sem pretensões de representar detalhes de objetos naturais.

No Neoplasticismo, pois, de acordo com Mondrian, a arte reduziria a versatilidade da natureza à expressão plástica com relações claras.

A pintura deveria ser realizada a partir de linhas verticais e horizontais e formas retangulares. As cores utilizadas seriam as primárias - o vermelho, o azul e o amarelo - juntas com o branco, o preto e o cinza.

Com sua teoria artística Mondrian pretendia instaurar uma arte anti-individulista, intuitiva, que representasse as características do cosmos ou da harmonia universal.

Mondrian foi bastante influenciado pela filosofia do holandês M. H. J. Schoenmaekers e pela teosofia, elementos que podem ter inspirado suas elaborações neoplásticas.

O livro Do espiritual em arte, em especial popular entre alguns artistas vanguardistas do período, parece ter sido lido por Mondrian na elaboração de suas idéias.

"Composição em Vermelho, Amarelo e Azul", com seus retângulos formados por linhas horizontais e verticais é um bom exemplo da aplicação de sua teoria.

Mondrian e Theo van Doesburg eram ainda os principais líderes do movimento modernista holandês De Stijl, uma das futuras influências do Bauhaus.

Entre os membros do De Stijl, destacam-se os arquitetos Oud, responsável pelo planejamento urbano de Roterdã (1918), Robert Van’t Hoff e Gerrit Thomas.

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Conclusao

Ao realizarmos este trabalho tivemos toda a preocupação de passar a você leitor, as melhores informações que conseguimos adquirir.

Passamos também a ter conhecimento de como a “Arte” é importante em nosso conhecimento, seja literária ou não. Tivemos a chance de aprofundar nossos estudos em literatura e assim estarmos

nos preparando para futuros vestibulares em nossa vida.

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