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Preço: 2,5 Publicação Bimestral N.º 36 Agosto 2004 Preocupações Ambientais Balanço de Aplicação das Medidas Agro-Ambientais ( do RURIS ) OMC, Organização Mundial do Comércio As futuras ZIF´s, segundo o (ex) MADRP... Produtores Florestais esperam e desesperam... Reforma da OCM do arroz não serve Portugal CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA Destaques Caderno Técnico (no âmbito da Medida 10 do Programa AGRO) OMC É INSTRUMENTO DOS EUA E DA UE PARA DOMÍNIO AGRO-ALIMENTAR MUNDIAL OMC É INSTRUMENTO DOS EUA E DA UE PARA DOMÍNIO AGRO-ALIMENTAR MUNDIAL

Preço: N.º 36 Agosto 2004 Publicação Bimestralarquivo.cna.pt/vozdaterra/16 vtagosto2004.pdf · Porém, assim nivelando, por baixo, as condições de trabalho, os preços e rendimentos

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Preço: € 2,5

Publicação Bimestral

N.º 36Agosto 2004

Preocupações Ambientais Balanço de Aplicação das Medidas

Agro-Ambientais ( do RURIS )

OMC, Organização Mundial do Comércio As futuras ZIF´s, segundo o (ex) MADRP... Produtores Florestais esperam e desesperam... Reforma da OCM do arroz não serve Portugal

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA

Destaques Caderno Técnico(no âmbito da Medida 10 do Programa AGRO)

OMC É INSTRUMENTODOS EUA E DA UE

PARA DOMÍNIO AGRO-ALIMENTAR MUNDIAL

OMC É INSTRUMENTODOS EUA E DA UE

PARA DOMÍNIO AGRO-ALIMENTAR MUNDIAL

UNIÃO EUROPEIAFUNDOS ESTRUTURAIS

EdiçãoCNA – Confederação Nacional da Agricultura

MoradaRua do Brasil, n.o 155 – 3030-175 COIMBRA

Tel.: 239 708 960 – Fax: 239 715 370E-mail: [email protected]

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TítuloVoz da Terra

DirectorJoaquim Casimiro

Director-AdjuntoJoão Dinis

Coordenador dos Serviços Agro-ruraisRoberto Mileu

Coordenador ExecutivoJosé Miguel

Recolha e Organização de Textos e FotosSílvia Ferreira Borges

FotosArquivo da CNA e Engº Miguel Cruz

Colaboradores neste númeroAna Gonçalves, Isménio de Oliveira

e Vanda Santos

Redactores da Separata “Caderno Técnico”Roberto Mileu e João Filipe

PeriodicidadeBimestral

Tiragem10 000 exemplares

Depósito LegalN.o 117923/97

Registo de Publicação ICS123631

Composição, Fotolitos e ImpressãoAT-Loja Gráfica, Lda. – Porto

Os textos assinados são daresponsabilidadedos autores

A CNA está filiada na CPE

Coordenadora Agrícola Europeia

* Este dossier faz parte da Revista Voz da Terra de Agosto de 2004ao abrigo da Medida 10 do Programa Agro

FICHA TÉCNICA ...................................................... 2

EDITORIAL

OMC parece tão longe mas está aqui tão perto ... 3

OPINIÃO

Tentativa de assalto aos Baldios e Floresta ........ 4Reforma da OCM do Arroz não serve Portugal ... 5CNA solidariza-se com Dirigentes Agrícolas Bolivianos 6Mais uma Penalização para Portugal .................. 6

NOTÍCIA

Produtores Florestais esperam e desesperam..... 7APA realiza seminário. ........................................ 8Assuntos em análise na Comissão Europeia e noConselho Agrícola ............................................... 9

NOTÍCIAS CURTAS ................................................. 10

DOSSIER TÉCNICO *

Preocupações Ambientais .................................... 11-26Roberto Mileu

Medidas Agro-Ambientais no Programa RURIS ... 27-42João Filipe

Observatório Legislativo ...................................... 43-44

PLANO DE FORMAÇÃO ......................................... 45-46

RETRATO

D. Maria Salete do Carmo ................................... 47

ENTREVISTA

Sr. Júlio dos Santos Manaia ............................... 48-49

INTERNACIONAL

Chamamento Europeu e Internacional ................. 50

ACTIVIDADES DA CNA E ASSOCIADAS... ................ 51

SUMÁRIO

Í NDICE

CPE

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EDITORIAL

OMC, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO,PARECE TÃO LONGE MAS ESTÁ AQUI TÃO PERTO !...

Bretton Woods, Uruguay Round, Gatt, Blair House, Cancun, Doha, Genebra. São estesos nomes ligados a negociações e tratados internacionais que, nos últimos 40 anos,levaram ao desaparecimento de centenas de milhar de explorações agrícolas familiarese à inviabilização de uma Agricultura com dimensão e rosto humanos.

Nesses distantes lugares geográficos, para as salas misteriosas dos super-protegidosedifícios onde se legitimam (?...) privilégios para uma escassa minoria, e se espezinhamdireitos da esmagadora maioria, só entram “executivos de sucesso” carregados dediplomas das universidades, “doutores” e afins do neo-liberalismo, políticos do “sistema”apesar de ostentarem várias tonalidades políticas. Uns e outros que, em nome dosPovos, vão tecendo a teia dos interesses de uma minoria de multinacionais. Até têm odescaramento de chamar ao “ciclo de negociações de Doha” — que estamos a viver —o ciclo do “desenvolvimento”, quando vai ser um novo ciclo de empobrecimento.

No final do passado mês de Julho, foi então assinada, à pressa, por 147 países, umasérie de acordos no âmbito da OMC, Organização Mundial do Comércio, para as trocascomerciais de bens agro-alimentares. Porém, na prática, são só 25 os “decisores”políticos que determinaram tal acordo sobre a liberalização total — isto é, nada deprotecção aduaneira nas fronteiras — para as trocas comerciais.

Ora, antes de partirem, em Outubro próximo, para a sua (deles...) reforma dourada,os (ex)comissários europeus, Franz Fischler e Pascal Lamy – em representação da UE— quiseram deixar assegurados os interesses das multinacionais da grande agro-indústria e do grande comércio agro-alimentar. Assim, apressaram a assinatura dosacordos em causa de forma a que, repete-se, as multinacionais possam produzir a baixocusto (super-intensivamente) para depois exportarem / importarem praticamente semhipótese de controlo. Lucro máximo !...

Porém, assim nivelando, por baixo, as condições de trabalho, os preços e rendimentos.da Agricultura Familiar e dos Agricultores, em quase todo o mundo.

Esta liberalização, “made in OMC”, vai contra o desenvolvimento sustentável daAgricultura, e vai provocar uma regressão social, económica e ambiental.

Esta “entidade” que dá pelo nome de OMC, Organização Mundial do Comércio, quede tão longe pretende regular o nosso futuro, aqui tão próximo, não tem legitimidade parao fazer. Por isso, os Agricultores ( e não só) protestam, a nível mundial, contra a OMC.

A 10 de Setembro, a Via Campesina e a CPE vão assinalar, com acçõesdescentralizadas contra a OMC, a data em que em Cancun, há um ano atrás, um agricultorcoreano se imulou em protesto contra as negociações que decorriam nessa cidade.

Trata-se de uma questão estratégica, mesmo civilizacional, a defesa de uma Agriculturade tipo familiar, respeitadora do ambiente, da biodiversidade e dos recursos naturais.

“Agricultura fora da OMC” e “Pela Soberania Alimentar dos Povos e Regiões” sãobandeiras da globalização da luta e da esperança.

É preciso unir esforços e seguir por aí !Em conjunto com outros sectores sócio-económicos e com os consumidores em geral.

O Executivo da Direcção Nacional da C N A

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OPINIÃO

Assim se poderá classificar oAnteprojecto de Diploma – apresentadoem Junho pelo ex-MADRP – sobre as“ZIF´s – Zonas de Intervenção Florestal”.

Na verdade, logo após uma leitura atal documento, acode uma pergunta:– mas, afinal, quem é que engendrou epara quê uma “loucura” burocráticadessas ? Ou seja, o parecer fundamentalque se formula é: –rasgue-se essapapelada toda e parta-se outra vez doprincípio !

Simplifique-se e desburocratize-se ! Envolva-se e respeite-se, de facto,a População residente mais proximamenteàs áreas florestais, e suas organizações/estruturas representativas. E definam-se,claramente, os apoios e outros estímulostécnicos e financeiros – específicos – paraquem avançar no terreno com projectos“sustentados” de (re)florestação eprevenção de incêndios. E que sechegue a formas e métodos, muito maisoperativos, de organização e gestão dosprocessos.

Sem entrar nos “detalhes” doAnteprojecto, uma outra questão prévia:– afinal porquê e para quê criar e mantercomplexas e “complicadas” associações– as futuras ZIF´s – se as respectivas áreasgeográficas já estiverem cobertas poroutras associações/organizações dedireito privado (ou não) do sector agro-florestal ? Para gastar tempo e dinheiroem estatutos, em escrituras públicas, emassembleias gerais, com mais e maisdespesas e chatices “para trás e para afrente” ?... Bem, já estamos mesmo a veros proprietários/produtores florestais, dasvastas regiões do minifúndio, a darem-sea essa trabalheira e a essas despesas...

Pelo menos nos casos em que hajaestruturas ligadas ao sector, não bastará

operacionalizar uma ou mais ZIF´s comoum “simples” projecto a candidatar e aexecutar no âmbito associativo dasorganizações/estruturas já existentes ? Com as diferentes entidadesvocacionadas para o efeito, aenquadrarem e a apoiarem, emproximidade, os projectos de criação dasZIF’s, bem como os respectivos “Planos ZIF”e Planos de Gestão Florestal ?

Entretanto, e este é um aspectofundamental, perpassa por todo o vastoarrazoado do Anteprojecto, o objectivo“escondido” de, na prática, pôr em causao direito de decisão, e mesmo depropriedade, dos pequenos proprietários/produtores e dos Compartes dos Baldios.A maior parte das ZIF´s – a implantar-sesegundo a proposta do ex-MADRP – seriao instrumento técnico-jurídico e operativopara promover o assalto de grandesproprietários, de grandes empresas, e dospróprios municípios, aos Baldios e aospequenos proprietár ios/produtoresflorestais.

A voltar à carga semelhante barbaridade– através do agora MAPF, Ministério daAgricultura, Pescas e Floresta – é casopara tocar os sinos a rebate!...

UMA “LOUCA”, MAS PERIGOSA, TENTATIVA DE ASSALTOAOS BALDIOS E À PEQUENA PROPRIEDADE FLORESTAL

Por João Dinis

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OPINIÃO

Por Isménio de Oliveira

(Coordenador da APOR – Associação Portuguesa dos Orizicultores)

REFORMA DA O.C.M. DO ARROZ, NÃO SERVE PORTUGAL

Com um consumo médio, por habitante,de cerca de 14 kg por ano, nós,Portugueses, somos os que mais arrozconsumimos, na Europa. Entretanto,produzimos apenas metade do queconsumimos. Por isso, a produção dearroz, em Portugal, devia ser maisacarinhada e apoiada quer pelo GovernoPortuguês quer pela União Europeia.

Mas não é isso que acontece. A novaReforma da OCM, Organização Comum deMercado, do arroz – que entrou em vigor nomês de Agosto de 2004 – traz muitasnuvens negras para o futuro da produção dearroz no nosso País.

A descida do preço de intervenção, de30 para 15 cêntimos o Kg, irá originar umagrande descida no preço à produção, quenão é compensada pelo aumento nasajudas directas ou no “pagamento único”,aos produtores. Feitas as contas, se oAgricultor receber, por Kg, o preço deintervenção (15 Cêntimos/Kg), perderácerca de 30 Euros por tonelada.

Como é evidente, entre nós, estasalterações vão fazer baixar a rentabilidadeda cultura e, como consequência disso, oabandono de parcelas actualmentecultivadas a arroz.

Mas não são apenas os produtores queirão ter impactos negativos. Também serãofortemente penalizadores os impactos aonível ambiental. Os arrozais, com áreashistóricamente inundadas, servem dehabitat a inúmeras espécies de aves (e nãosó), muitas delas em declínio e de grandeimportância internacional. Existem muitos

estudos científicos que atestam oimportante contributo dos arrozais naconservação da diversidade biológica dafauna.

Não apoiar a cultura do arroz, serádeixar sem apoio um importante patrimóniofaunístico e florístico, e provocar odesaparecimento da planta do arrozenquanto parte integrante do ecossistema.Assim levando ao desaparecimento (e àextinção?) de várias espécies de aves,peixes, anfíbios, crustáceos, mamíferos,plantas, cuja sobrevivência estáintimamente ligada ao ambiente húmidocriado pelos campos de arroz.

Sabemos que as Multinacionais Agro-Alimentares que, na realidade, são quemmanda na Organização Mundial deComércio e, consequentemente, nasOCM’s, estão pouco preocupadas com asituação da orizicultura Portuguesa, assimcomo com os nossos ecossistemas. Masos nossos Governos tinham a obrigação defazer muito mais em defesa dos nossosinteresses. Infelizmente, e mais uma vez,“puseram-se” de joelhos.

Não tenhamos dúvidas: – esta Reformada OCM do arroz não serve os interessesdesta cultura, dos orizicultores Portugueses,do nosso meio-ambiente, do nosso País.

Mas não podemos desistir de lutar e dedenunciar toda esta situação.

Está em causa o futuro dos nossos filhose de uma boa parte da economia agrícolado nosso País.

Portanto, não façamos como os nossosgovernantes. Lutemos !

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NOTÍCIA

No passado dia 13 de Agosto a CNAescreveu ao Presidente da República daBolívia solicitando que intervenha nosentido de pôr fim às detenções ilegais dedirigentes agrícolas Bolivianos.

Na carta, a CNA considera asdetenções dos dirigentes FranciscoCortes Aguilar, Claudio Ramírez e CarmeloPeñaranda, e a forma como o processotem decorrido, um grave atropelo aodireito de defesa e ao direito a umprocesso judicial justo.

CNA solidariza-se com Dirigentes Agrícolas BolivianosA CNA apela ainda à abertura de

inquérito, no seio das autoridades judiciais,que apure as responsabilidades nadeturpação da verdade e na utilização deprovas incriminatórias falsas.

Tal tentativa de criminalização dosmovimentos sociais Bolivianos pôde serconstatada pela Missão InternacionalAgrícola para a Justiça e DireitosHumanos, criada pela Via Campesina,que se reuniu na Bolívia em Junho desteano.

A fábrica de transformação debeterraba sacarina, localizada emCoruche, poderá vir a serencerrada se a proposta dereforma da OCM do Açúcar foraprovada em Bruxelas.

A proposta efectuada peloComissário Fischler reduz aquota Portuguesa de produçãode beterraba para 58.500 Ton,quando o que se esperava eraprecisamente o contrário.

Recorde-se que a fábrica deCoruche construída comfinanciamentos europeus, num total deinvestimento de 100 milhões de euros,apenas atingirá a sua capacidadeprodutiva às 100.000 Ton.

No caso de se concretizar esta reduçãoda quota actual (70.000 Ton), o mesmoseria dizer que o investimento efectuado nafábrica apenas seria utilizado pela metade,com o risco, apontado pelos seusresponsáveis, desta redução comprometera viabilidade económica da mesma.

A somar a isto, há ainda a acrescentarque Portugal tem grandes capacidadespara aumentar a produção nacional debeterraba acima das 70.000 Ton, dado queos terrenos irrigados pelo alqueva

apresentam uma forte capacidadeprodutiva para esta cultura.

Trata-se, pois, de mais um doce--amargo para Portugal oferecido pelo Sr.Franz Fischler que se encontra em final demandato e de mais uma das contradiçõesda Política Europeia que investe dinheiropúblico na construção de infra-estruturas(fábrica de beterraba e Alqueva) e, aomesmo tempo, impõe quotas que impedema rentabilização dos investimentosefectuados.

Dizer ainda que, dentro da proposta dereforma para a OCM do Açucar, encontra--se prevista a redução dos preços pagosà produção em cerca de 37%.

Mais uma penalização para Portugal

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NOTÍCIA

Durante o mês de Julho arderam mais de100 mil hectares de floresta e matos. Umaárea superior aquela que ardeu o anopassado em igual período ! Afinal, só a chuvaextemporânea veio acalmar a situação...

CNA reclama do Governo a declaraçãode “calamidade pública” para as regiõesmais afectadas, em especial para a Serrado Caldeirão e, até, para a Serra daArrábida.

E mal regresse o calorFloresta e Produtores Florestais

vão ficar outra vez à merce das chamas

É preciso que o Governo, e de uma vezpor todas, atribua os meios técnicos efinanceiros necessários para fazeravançar, no terreno, os ainda “congelados”PROF´s, Planos Regionais deOrdenamento Florestal. Com asrespectivas ZIF´s , Zonas de IntervençãoFlorestal (simplificadas) e PGF´s Planosde Gestão Florestal. Sempre em respeitopelos direitos de propriedade e deassociação dos pequenos produtores edos compartes de Baldios.

Que é feito dos milhões de euros obtidosatravés do Fundo Florestal Permanente?

Partindo das previsões iniciais doGoverno, pode-se calcular em cerca de 25milhões de Euros a verba já arrecadada atéagora pelo Fundo Florestal Permanente.Como e onde está a ser aplicada tal verba?

Acontece que só recentementeapareceu a regulamentação específicapara as candidaturas a projectos no âmbitodo Fundo Florestal Permanente, ainda porcima com prazo limite de entrega até dia30 deste mês de Agosto.

CNA reclama desde já o alargamentodeste prazo e a conveniente divulgação daregulamentação do respectivo programa.

Governo parece só ter pressa emfazer avançar o “Fundo Imobiliário de

Investimento Florestal”...

Ao que se sabe, o Governo já “só” estáà espera da aprovação de Bruxelas, parafazer avançar o Fundo Imobiliário deInvestimento Florestal, FIIF, instrumento ditode “de ordenamento e gestão comple-mentar da política florestal”.

Porém, este FIIF está concebido deforma “economicista”, portanto muitovocacionada para acelerar a florestaçãoindustrial e a concentração da propriedadefundiária. Com mais do que previsíveis(más) consequências para o ordenamentoflorestal e para o Mundo Rural.

“Agência para a prevenção e protecçãoda Floresta contra incêndios”

Entretanto a “Agência para a Prevençãoe Protecção da Floresta contra Incêndios “deixa de fora todas as Estruturasrepresentativas dos Produtores Agro-Florestais. O que não se percebe nem seaceita. E também tarda e retarda o “PlanoNacional de Prevenção e Protecção daFloresta contra os Incêndios”...

* (a partir da nota à Comunicação Socialda Direcção Nacional da CNA, de 16 deAgosto de 2004.)

FLORESTA E PRODUTORES FLORESTAISESPERAM E DESESPERAM POR MEDIDAS EFECTIVAS DEPREVENÇÃO DE FOGOS E ORDENAMENTO FLORESTAL*

FLORESTA E PRODUTORES FLORESTAISESPERAM E DESESPERAM POR MEDIDAS EFECTIVAS DEPREVENÇÃO DE FOGOS E ORDENAMENTO FLORESTAL*

NOTÍCIA

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Por Ana Gonçalves

No âmbito do planode formação pro-fissional, integrado noPIF da CNA, a APA –Associação dos Agri-cultores do Porto,realizou no dia 24 deJulho, no Centro Socialdos Compartes doBaldio de Ansiães,Concelho de Amarante,um Seminário com o objectivo de fazer aavaliação da formação profissional realizadae discutir novas perspectivas e estratégiaspara o futuro. Participaram cerca de 400pessoas, grande parte formandos de cursosque a APA realiza desde 1999.

O conjunto de intervenções no Semináriofoi muito rico e suscitou um debate vivo einteressante.

A abertura do Seminário foi feita por AnaGonçalves, da Direcção da APA, que saudouos presentes e introduziu os temas dasintervenções.

Esteve presente o Eng.º António Abreu,Subdirector da Direcção Regional daAgricultura do Entre-Douro e Minho, que fezo balanço da Formação Profissional paraAgricultores na região. A Câmara Municipal deAmarante fez-se representar pelo vereadordo ambiente, Dr. Acácio Magalhães. Sobre asvárias medidas dos programas do III QCA, deapoio ao investimento, falou a Eng.ª SóniaRibeiro da ACEB – Associação para aCooperação Entre Baldios. A análise quefizemos na APA sobre as acções já realizadase as propostas que temos para o futuro foramapresentadas pela Eng.ª Rute Domingues,responsável Pedagógica do Departamento deFormação profissional da associação.

Seguidamente, falou o Professor ArménioMiranda, Presidente do Conselho Directivo doBaldio de Ansiães, que salientou a importânciada Formação Profissional, nas aldeias do interiore de montanha e falou, também, dos problemasque os baldios enfrentam, relacionados com asbrigadas de Sapadores, a falta de apoios do

Estado, a tempo ehoras na prevençãodos fogos.

O encerramentofoi feito por Armandode Carvalho, doExecutivo e daDirecção Nacionalda CNA, que falouda reforma da PAC eda importância da

luta que temos vindo a desenvolver no sentidode pressionar o Governo a apresentarpropostas de regionalização das ajudas e nãoavançar com o desligamento das ajudas daprodução.

No final, no Parque de Lazer da Lameira, foiservido um almoço, seguido de bonsmomentos de convívio abrilhantados peloRancho folclórico infantil da freguesia daAboadela e a Tuna de Ansiães.

Não podemos deixar de salientar os apoiosque a APA teve na organização desta iniciativa:O Sr. João Pinheiro, Presidente da Junta deFreguesia da Aboadela, que arranjou o “espeto”para assar os vitelos, o gerador, o carvão, etc.,levou o rancho infantil e disponibilizou acamioneta para transportar as pessoas para oParque de Lazer; a Elizabete (formanda da APA)que orientou toda a confecção do almoço comuma equipa de mulheres de Ansiães e daAboadela; o Prof. Miranda, que arranjou o vinhoe a cisterna da água, a brigada de sapadores doBaldio de Ansiães que esteve no terreno desdeas 6h da manhã, para podermos fazer o lume;a Sandra e a Isabel do Núcleo da ACEB deAnsiães que estiveram no terreno e deram umaajuda incansável; o Presidente da Junta deFreguesia de Ansiães, que levou a tuna; o Carlosque foi buscar o gerador, os fogões e a carneàs cinco da manhã; os técnicos da APA quetrabalharam durante dois meses na mobilizaçãoe organização do Seminário. Sem estasolidariedade, só possível nas aldeias serranasdo Marão, nunca conseguiríamos, com osparcos recursos que temos, realizar o grandedebate e convívio que foi o nosso Seminário!

APA REALIZA SEMINÁRIO SOBREAVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

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NOTÍCIA

No Passado dia 20 de Julho, aDelegação da CNA em Bruxelas, naspessoas de João Dinis e Vanda Santos,reuniu com a REPER – RepresentaçãoPermanente de Portugal junto da UniãoEuropeia.

Salientamos de seguida alguns, dosvários temas abordados:

I. Desenvolvimento Rural

Vão passar a existir 3 eixos para odesenvolvimento rural:

1- Financiar e promover acompetitividade das exportações agrícolas(15%);

2- Questões ambientais (25%);3- Diversificação e promoção de melhor

qualidade nas zonas rurais (15%).

A percentagem mínima a afectar a cadaeixo pelo bolo nacional de cada país é de7%.

Entre 2007 e 2013 serão afectados88,75 biliões de euros para o FEADER(Novo nome para FEOGA Garantia), dosquais 31,3 biliões serão para as zonas deconvergência (regiões desfavorecidas).

Critérios de distribuição:1- Zonas de objectivo 1;2- Utilização dos programas no

passado;3- Necessidades particulares.

II. Açúcar

Houve uma Comunicação da Comissãoa anunciar uma proposta legislativa para ofim do ano, no seguinte sentido:

- Descer o preço na ordem dos 30%,a partir de 2005 e em 3 anos, com umacompensação de 30% a 40% dadescida;

- Descida das quotas de produção em15%, em 3 anos.

A generalidade dos Estados Membrosconsidera esta proposta de reforma muitoabrupta e exagerada.

III. Rotulagem da Carne Bovina

O Parlamento Europeu irá debruçar-sesobre a questão da Rotulagem da CarneBovina uma vez que o Concelho deMinistros discordou da proposta para quea rotulagem dissesse só “UE”, deixando deindicar o país de origem.

IV. Arroz

Em consequência da Reforma da PAC,a protecção aduaneira ficou na práticareduzida a zero (com a baixa dos preços,baixou a taxa que não era fixa).

Actual proposta para a Taxa Fixa deProtecção Aduaneira:

- 65 euros/tonelada para arrozdescascado;

- 175 euros/tonelada para arrozbranqueado.

(Os EUA não concordam com estaproposta)

V. Informações Genéricas

Para além destes assuntos, foram aindadadas as seguintes informações nodecorrer da reunião por parte da REPER:

1. Vai ser criado um plano Europeuenquadrador da Agricultura Biológica;

2. Lá para o fim do ano seráapresentada uma estratégia florestaleuropeia;

3. No sector das frutas e hortícolas e nasbananas vai haver uma proposta desimplificação de regime, em Outubro.

ASSUNTOS EM ANÁLISENA COMISSÃO EUROPEIA E NO CONSELHO AGRÍCOLA

Por Vanda Santos

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NOTÍCIAS CURTAS

RELATÓRIO DA AGÊNCIA EUROPEIA DOAMBIENTE

Foi divulgado no passado dia 18 deAgosto um relatório da Agência Europeiado Ambiente.

Mais uma vez os especialistas alertampara o aquecimento global do planeta porvia do efeito de estufa provocado pelaacumulação de gases na atmosfera e paraas suas consequências ao nívelplanetário.

O relatório indica ainda que a Europa éa região do mundo que mais tem aquecido.

Estas alterações climáticas terãoinevitavelmente e num futuro que não éassim tão distante, influência na agriculturaque irá ser praticada, nomeadamente nasespécies cultivadas. Para além disso, ainstabilidade do clima, irá, com toda acerteza, tornar ainda mais a agriculturanuma actividade de risco.

ALQUEVA

No passado dia 19 de Agosto os novosMinistros da Agricultura e das Cidades,visitaram a barragem do Alqueva para seinteirarem do andamento das obras,nomeadamente da instalação dos novosperímetros de rega.

Das declarações de Costa Neves e LuísArnaut, uma ideia há que não deixa desurpreender e que é a de consideraremque serão necessários cinco anos para serdefinido o futuro do empreendimento,nomeadamente, a forma de alcançar osobjectivos para os quais foi construída e asua viabilidade.

Não se entende que após décadas doprojecto ser discutido e o seu avançoadiado, que se tratando de uminvestimento desta dimensão (1.800Milhões de Euros) e ainda, se tratando domaior lago artificial da Europa, ainda nãoesteja, há muito, tudo estudado “aomilímetro e ao mililitro”.

PRODUTORES DE TOMATE DESESPERAM

Os produtores de tomate estão em riscode perderem parte das colheitas devido afalta de capacidade das fábricas detransformação em receber a totalidade daprodução em tempo útil. As organizaçõesde produtores acusam as fábricas de nãoestarem a trabalhar na sua máximacapacidade.

A limitação do número de toneladasentregues por cada produtor por dia, temvindo a desesperar os Agricultores que vêmo seu produto em risco de apodrecer naterra.

A área de tomate para indústria temvindo a aumentar nos últimos três anos.

ABANDONO DE TERRAS AGRÍCOLAS

O Ministério da Agricultura estápreocupado com o contínuo abandono dasterras agrícolas e dos espaços florestais ecom as consequências que dai advêm parao Mundo Rural.

Tal é a preocupação, que no site doMAPF está a ser solicitado o contributo dosvisitantes para enviarem ideias sobre aforma de combater este flagelo.

Constituindo este um dos objectivosestratégicos deste Ministério, custa aentender que uma das medidas tomadaspor este novo Governo em relação aoperacionalização da nova Reforma daPAC, venha no sentido de desligar asajudas comunitárias da produção e passara atribuí-las em função do histórico deajudas recebidas por cada Agricultor/Exploração.

Será que é desta forma que o MAPFquer combater o abandono das terrasagrícolas?

A Voz da Terra deixa o seu contributo:– “ A melhor forma de combater os

incultos e o abandono das terras, é mudaras políticas agro-florestais. E com urgência!

Em Portugal, na Europa e no Mundo.”

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CADERNO TÉCNICO

Por Roberto Mileu

Este dossier faz parte da revista Voz da Terra de Agosto de 2004 ao abrigo da Medida 10 do Programa Agro

UNIÃO EUROPEIAFUNDOS ESTRUTURAIS

A intensificação excessiva, o uso e abusode produtos nem sempre seguros nemrecomendáveis e outras causas têmprovocado verdadeiros atentados aoAmbiente.

No Mundo Rural os Agricultores e Famíliasão os primeiros interessados em preservaro Ambiente, nas explorações e nos camposdesde logo porque é lá que vivem e queremcontinuar a viver.

Viver com saúde e em segurança.

São, muitas vezes, eles próprios vítimasdas políticas agrícolas e ambientais que nostêm sido impostas.

A Comissão Europeia não pode ficarinsensível a estes problemas e temmanifestado algumas preocupações.

Mas das preocupações à tomada demedidas práticas, eficazes e que tenhamem conta os interesses dos Agricultores e adefesa do Ambiente vai alguma distância.

De quando em vez sai, em Bruxelas,mais um comunicado, mais uma ou outranorma, mas enquanto a PAC não mudar,enquanto se premiar a intensificação e sepermitirem práticas e métodos nãoaconselháveis, os problemas de fundo nãose resolvem.

O “diagnóstico” está feito, falta é aresolução.

PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS

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CADERNO TÉCNICO

Tendo como fonte a própria Comissãodas Comunidades Europeias, trazemosaqui excertos de uma comunicação daComissão ao Conselho e ao ParlamentoEuropeu, onde está bem expresso oconhecimento da situação e a intenção deintegração das preocupações de carácterambiental na Política Agrícola Comum.

“Actualmente, pode ser estabelecido umconjunto parcial de indicadores paraacompanhar a integração de aspectosambientais na política agrícola comum(PAC). Esse conjunto evoluirá à medida queos indicadores sejam melhorados ecompletados. Estes baseiam-seprincipalmente no trabalhosobre indicadores realizadono âmbito da OCDE, apoiadopor trabalho efectuado peloEurostat, pela AgênciaEuropeia do Ambiente, peloCentro Comum de Inves-tigação e pelo projecto deinvestigação ELISA. Emprincípio, muitos dessesindicadores poderão estaroperacionais de curto a médioprazo, dependendo da colheitaadequada de dados a nívelsubnacional. Para certosdomínios como a gestão dasexplorações, o habitat, aspaisagens e a biodiversidade,a definição de indicadoresoperacionais continua a serum desafio importante.

Para que o potencial dosindicadores possa serplenamente explorado sãonecessárias diversas acçõesessenciais. Estas acçõesincluem o melhoramento dosindicadores existentes, odesenvolvimento de novosindicadores que permitamabranger plenamente odesenvolvimento sustentável, o

melhoramento da capacidade de obtençãode informações, o desenvolvimento de umamaior eficácia ambiental e da classificaçãode agro-ecossistemas, o desenvolvimentode métodos de estimativa dos impactosinternacionais da PAC em maior escala e oreforço da comunicação em matéria agro-ambiental.

O desenvolvimento, a aplicação e oacompanhamento de integração sectorialdesenvolvida pelo Conselho de Agriculturaconstituirão uma prioridade nos próximosanos. É proposto na presente comunicaçãoum quadro para a prossecução dessasacções.

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1. REFORMA DA PAC: A CAMINHO DEUMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

1.1. Integração das preocupações eexigências de carácter ambiental na PAC

1.1.1 Interacção entre a agricultura e oambiente

Historicamente, a agricultura modeloumuitas paisagens europeias ao longo dosséculos, daí resultando ambientes semi--naturais únicos, com uma grande variedadede habitats e espécies que dependem dacontinuação da actividade agrícola. Noentanto, enquanto actividades comerciais,a agricultura e a silvicultura têmessencialmente por objectivo a produção,dependendo da disponibilidade de recursosnaturais. Cada vez mais, o desenvolvimentode actividades comerciais exerce novaspressões ambientais sobre o capital natural.O progresso tecnológico e o desejo demaximizar os rendimentos e minimizar oscustos produziram uma intensificaçãoacentuada da agricultura nos últimos 40anos.

Essa intensificação pode provocar adegradação do solo, da água e do ar. Nasúltimas décadas aumentou a cons-ciencialização da ameaça que aintensificação da agricultura representa paraa paisagem e sua biodiversidade. Por outrolado, essa ameaça é também reforçada

pela marginalização e abandono do uso dasterras agrícolas por razões económicas. Osdiversos desafios decorrentes daintensificação e do abandono da agriculturasublinham a complexidade das relaçõesentre agricultura e ambiente.

1.1.2 Agricultura sustentável

A relação desejável entre agricultura eambiente é bem expressa pelos termos“agricultura sustentável”. A sustentabilidadeé o conceito-chave do 5º programa de acçãoem matéria de ambiente, que se refere aodesenvolvimento sustentável como umdesenvolvimento que responde àsnecessidades do presente semcomprometer a possibilidade de asgerações futuras satisfazerem as suaspróprias necessidades. Isto implica apreservação do equilíbrio global e do valordo capital natural e a consideração a longoprazo dos custos e benefícios sócio--económicos reais do consumo econservação.

Num primeiro nível, uma “agriculturasustentável” implica a gestão dos recursosnaturais de uma forma que assegure a suadisponibilidade futura. Esta definição restritade sustentabilidade vai, em muitos casos,ao encontro do interesse económico dosagricultores.

Uma perspectiva mais ampla desustentabilidade inclui, noentanto, um mais vasto conjuntode aspectos ligados às terras eao seu uso, como a protecçãode paisagens, habitats ebiodiversidade, e objectivoscomo a qualidade da águapotável e do ar. Nestaperspectiva mais ampla, autilização das terras e recursosnaturais para a produçãoagrícola deve ter em conta aprotecção do ambiente e dopatrimónio cultural.

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Por fim, a sustentabilidade deve tambémreflectir as preocupações da sociedadequanto à função social da agricultura, àmanutenção da viabilidade dascomunidades rurais e a um padrão dedesenvolvimento equilibrado.

A agricultura sustentável deve, pois,desempenhar funções de produção,ambientais e sociais. O presentedocumento limita-se, de acordo com omandato do Conselho, aos indicadoresnecessários para avaliar o papel da funçãoambiental da agricultura. Será necessárioprosseguir os estudos para definir uma sériecompleta de indicadores, que deverão incluirindicadores adequados para medir aeficiência ambiental.

1.1.3 Princípios que regem as políticasagro-ambientais

A complexidade das relações entreagricultura e ambiente – processosprejudiciais e benéficos, diversidade decondições locais e sistemas de produção –tem condicionado, no sector, a perspectivada integração. O princípio de “boas práticasagrícolas”, ao qual corresponde o tipo deagricultura que um agricultor razoávelpraticaria na região em causa, é fulcral paraa compreensão dessas relações. Nestabase:

- os agricultores devem, no mínimo,respeitar os requisitos gerais de protecção

do ambiente sem que sejamespecificamente pagos para esse efeito.Isso significa que todos os agricultoresdevem respeitar a legislação em vigor emmatéria de utilização de pesticidas,aplicação de fertilizantes, utilização da águae, quando adequado, as directrizesregionais ou nacionais respeitantes às boaspráticas agrícolas;

- no entanto, sempre que se peça aosagricultores que estes respeitem objectivosambientais que excedam o âmbito das boaspráticas agrícolas e que isso implique custosou perda de rendimentos para o agricultor,a sociedade deverá pagar por esse serviçoambiental.

Esta abordagem baseia-se no princípiodo poluidor/pagador, de acordo com o qualos agricultores suportam os custos até umnível de referência de “boas práticasagrícolas” reflectido nos direitos depropriedade. No entanto, nas zonas rurais,os objectivos ambientais são frequen-temente mais ambiciosos do que as “boaspráticas agrícolas”. Nesses casos, osobjectivos ambientais apenas serãoalcançados se forem adequadamenteremunerados.

É, pois, adequado pagar aos agricultorespara preservarem o ambiente medianterecursos ou factores de produção privadosse, para tal, as suas acções tiverem queexceder o âmbito das boas práticasagrícolas.

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1.2. Questões para o futuro: ambientee comércio, preocupações dosconsumidores, alargamento

A base fundamental do modelo europeureside na natureza plurifuncional daagricultura europeia e no papel que estadesempenha na economia, no ambiente, nasociedade e na preservação da paisagem.Existe, assim, uma necessidade específicade manter a agricultura na Europa e desalvaguardar os rendimentos dosagricultores.

As reformas agrícolas da Agenda 2000são consideradas elementos essenciais nadefinição do mandato de negociação daComissão na próxima ronda daOrganização Mundial do Comércio. Nessasnegociações, a União Europeia deveráprocurar salvaguardar o modelo europeu ebeneficiar de oportunidades nos mercadosinternacionais. Será nomeadamenteimportante salvaguardar a capacidade quea população agrícola activa tem de fornecerbens públicos, nomeadamente no querespeita ao ambiente e à vitalidadesustentada das zonas rurais. Ao mesmotempo, será necessário cumprir plenamentecompromissos internacionais no âmbito deacordos ambientais multilaterais e ter emconta as preocupações legítimas dos paísesem desenvolvimento. Os indicadorespodem desempenhar um papel poten-cialmente importante no desenvolvimentode estratégias adequadas em domínioscomo o das alterações climáticas.

Um sistema de indicadores agro-ambientais robusto e consistente contribuirápara a detecção de problemas ambientaise ajudará a União Europeia a explicar aosseus cidadãos o que está a fazer e o quefalta fazer para promover a agriculturasustentável na Europa e a nível internacional.Ajudará também os parceiros comerciaisda União Europeia a compreender aimportância que a Europa atribui à funçãoambiental da sua agricultura.

Pode dar-se parcialmente resposta àpreocupação crescente dos consumidorescom a segurança, a origem e a qualidadedos produtos agrícolas através de umamelhor informação e maior transparênciasobre as práticas agrícolas. Mais uma vez,este aspecto revestir-se-á nos próximosanos de especial importância no contextointernacional.

Por fim, a política agro-ambiental será,devido ao alargamento, confrontada comdesafios especiais. Um quadro mais clarodas práticas sustentáveis (e nãosustentáveis) na União, bem como umconjunto de indicadores correspondente,ajudará os futuros membros a adaptarem-se ao acervo comunitário. Não deveesquecer-se que a Europa Central e deLeste contém muitas zonas de valor naturalassinalável que poderiam ser ameaçadaspelo abandono das terras ou pelaintensificação desregulada da agricultura.Devem também ser tidos em conta efeitosambientais indirectos similares da PAC empaíses com os quais a União Europeia temacordos de cooperação económicos ou dedesenvolvimento.

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- compreender, acompanhar e avaliar arelação entre práticas agrícolas erespectivos efeitos ambientais benéficos eprejudiciais;

- avaliar em que medida as políticasagrícolas respondem à necessidade depromover uma agricultura compatível como ambiente e comunicá-lo aos responsáveise ao público em geral;

- acompanhar e avaliar no local acontribuição ambiental específica dosprogramas comunitários para a agriculturasustentável;

- cartografar os diversos sistemas agro-ambientais na União Europeia e paísescandidatos, este aspecto é particularmentepertinente para explicar aos parceiroscomerciais da União Europeia aespecificidade do ambiente agrícola naEuropa.

1.3. Avaliação da integração daspreocupações de carácter ambiental naPAC

As reformas empreendidas no âmbito daAgenda 2000 proporcionam um poderosoimpulso para a integração daspreocupações de carácter ambiental napolítica agrícola. A Comissão, os Estados-Membros, as autoridades locais e ascomunidades agrícolas e rurais dispõemagora de uma gama considerável deinstrumentos para porem em prática umaagricultura sustentável. Indicadores agro-ambientais adequados podem ajudar afornecer informações a todos os implicadosna concepção e aplicação das políticas emquestão. Os indicadores devem satisfazerpelo menos cinco critérios. Devem permitira todos os intervenientes na adopção eaplicação de políticas e ao público em geral:

- identificar os principais problemasagro-ambientais que se colocamactualmente na Europa;

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2. O CONTEXTO DA ACTIVIDADEAGRÍCOLA

Contrariamente a muitos outros sectores,na agricultura a intervenção pública directaé mais a norma do que a excepção. Essefacto torna a actividade agrícolaespecialmente sensível às alteraçõespolíticas. As decisões dos agricultores sãofortemente influenciadas pelo apoio aosmercados, pelos pagamentos directos, pelapolítica agro-ambiental e pela legislaçãoambiental. Essas decisões podem aindaser influenciadas pelas políticas relativas àágua e energia ou pelas políticas deplaneamento.

No entanto, as reformas recentes da PACencorajaram uma maior orientação dosagricultores para o mercado, sobretudodevido à redução do apoio aos preços e aodesenvolvimento de nichos do mercado ede produtos de maior valor acrescentado.As decisões em matéria de produção e degestão das explorações são cada vez maissensíveis às variações dos preços dosfactores de produção e dos produtos.

Além disso, desde o final dos anos 50verificou-se no sector uma rápida evolução,ainda que geograficamente desigual, a nívelda tecnologia e das qualificações. Visto queessa mesma evolução caracterizou tambéma agricultura dos países desenvolvidos forada Europa nos quais a agricultura étradicionalmente menos apoiada, umagrande parte da intensificação da agriculturater-se-ia verificado mesmo na ausência daPAC.

As atitudes dos consumidores e dosprodutores modelam cada vez mais aspráticas agrícolas. A evolução dessasatitudes tem uma influência importante naforma como são desenvolvidas as respostasàs preocupações de carácter ambiental,reflectindo-se, por exemplo, na criação deserviços ambientais e de mercados para osprodutos biológicos.

A utilização de melhores práticasagrícolas desempenha um importante papelno melhoramento do nível de segurança equalidade dos alimentos, podendo contribuirpara uma melhor saúde dos agricultores,trabalhadores e consumidores.

A vasta gama de factores contextuaisrevela o papel e limites da política namodelação das actividades agrícolas ecorrespondentes efeitos ambientaisresultantes das medidas da PAC. Acompreensão da importância da evoluçãodos mercados, do progresso tecnológico oudas atitudes permitirá orientar a política deforma a maximizar a sua eficácia.

Uma outra característica da agricultura daUnião Europeia é a que é objecto de umapolítica comum na qual os requisitosambientais estão especificamenteintegrados. A política ambiental faz agoraparte da PAC; a questão essencial é comoavaliar o seu âmbito e eficácia.

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3. A ACTIVIDADE AGRÍCOLAENQUANTO ACTIVIDADE BIOFÍSICA

Uma segunda característica daagricultura é a de que, pela sua naturezabiofísica, faz parte dos ecossistemas locais.Evidentemente, ao procurar transformar anatureza, a actividade agrícola introduz nosistema elementos exteriores, utiliza ouconsome recursos naturais e produz novoselementos físicos ou biológicos. Sãonecessárias informações relativamentepormenorizadas para caracterizar autilização de factores de produção (produtosquímicos, energia e água), o uso das terras/coberto (topologia, práticas culturais epecuárias) e a gestão das exploraçõesagrícolas. Em muitos casos, a agriculturasustentável é o produto de uma misturacorrecta de factores de produção, uso dasterras e práticas de gestão agrícolaadequados às condições locais.

Embora a especificação pormenorizadadas práticas agrícolas ajude a compreenderos processos que regem a sustentabilidadeda agricultura, a nível global é difícil captar adiversidade das práticas agrícolas e dascondições locais. Por essa razão, éespecialmente importante desenvolverindicadores que exprimam as tendências--chave da actividade agrícola: expansão--retirada, intensificação-extensificação,e s p e c i a l i z a ç ã o - d i v e r s i f i c a ç ã o ,marginalização-concentração. Estesindicadores devem estar disponíveis adiversos níveis geográficos, de modo aidentificarem tanto as tendências nacionaisgerais como as concentrações localizadasde práticas. Este tipo de indicadoresajudaria os responsáveis políticos e opúblico a compreender melhor a situação ecaracterísticas do sector de um ponto devista ambiental.

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4. PROCESSOS BENÉFICOS EPREJUDICIAIS PARA O AMBIENTE

A relação entre ambiente e agricultura éespecífica e a natureza dos seus efeitos édistinta da dos outros sectores económicos.A agricultura é de longe o maior utilizadorde terras. Por um lado, certos sistemasagrícolas exercem pressões prejudiciaispara o ambiente e a segurança dosalimentos, através, por exemplo, daacumulação de nutrientes e pesticidas nosolo e na água da compactação e erosãodos solos e da utilização excessiva de águapara irrigação. No entanto, na Europa,grande parte do meio rural altamente cotadoé produto da agricultura e depende dela:sistemas de produção adequados ajudama preservar as paisagens e os habitats, bemcomo uma gama de condições favoráveisa processos ambientais benéficos. Algunsdesses processos podem ser assimsumariados:

Processos

Acumulação de nitratos e outros resíduos minerais,resíduos de pesticidas, salinização, emissões deamoníaco e de metano

Utilização inadequada da água e do solo, destruiçãodo coberto vegetal natural e semi-natural.

Criação/preservação de paisagens, habitats, coberto,preservação da diversidade genética na agricultura,produção de fontes de energia renovávais.

Relação

Poluição do ambiente

Esgotamento de recursosAmbientais

Preservação eMelhoramento do ambiente

O potencial de certos tipos de actividadeagrícola para contribuir significativamentepara objectivos ambientais não deve sersubestimado, sobretudo num contextopolítico favorável. A produção debiocombustíveis pode, por exemplo,contribuir de forma importante paracombater as mudanças climáticas.

O desenvolvimento de indicadores quereflictam tanto os efeitos benéficos como osefeitos prejudiciais da agricultura constituium elemento-chave na definição de umquadro operacional para uma agriculturasustentável.

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políticas ambientais. Uma avaliação eficazdependerá de um enfoque adequado a estenível. Em terceiro lugar, o impacto de muitosprocessos poluentes, empobrecedores oubenéficos, dependerá de característicaslocais específicas, como a geologia, atopografia ou o clima. Por último, umaabordagem local específica permite-nosconsiderar os ecossistemas de uma formaholística e tratar características sistémicas,como a qualidade e a vulnerabilidade.

Um contexto sistémico significativo deindicadores agro-ambientais pode serfornecido pelo conceito de “paisagem comoo espaço cultivado, parcialmente semi-natural, no qual a produção agrícola temlugar e que é caracterizado pela totalidadedas suas características biofísicas,geofísicas e culturais. Esta tipo decaracterização da paisagem tem opotencial de reunir de forma coerente umavasta gama de características locaisespecíficas.

5. ESPECIFICIDADES LOCAIS

Para permitirem o acompanhamento daspolíticas rurais e programas agro--ambientais, os indicadores devem reflectiras características locais específicas e oscritérios que presidem aos programas.Indicadores menos específicos dos locais.Mais facilmente disponíveis, dizem poucosobre os efeitos a nível local. Podem,efectivamente, não indicar evoluçõessignificativas a nível local ou regional.

O desenvolvimento de indicadoresambientais relativos à agricultura exige umaabordagem diferenciada, que reflicta asdiferenças regionais entre as estruturaseconómicas e as diferenças de condiçõesnaturais. Os dados disponíveis,frequentemente muito agregados, podemfornecer informações valiosas, mas podemtambém ser enganadores nalguns domínios,como a biodiversidade ou a qualidade daágua, devido à falta de diferenciaçãoregional.

É, necessária uma abordagem que tenhaespecificamente em conta o local.Primeiramente, essa abordagem forneceum quadro preciso do estado do ambientenuma determinada zona e dos efeitos dasactividades agrícolas locais. Em segundolugar, é, em princípio, a esse nível que aspolíticas agro-ambientais definem as boaspráticas agrícolas, pelo que proporcionasinergias naturais entre programas e outras

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6. AGREGAÇÃO E DIVERSIDADE NOTRATAMENTO DOS IMPACTOS GLOBAIS

Embora se disponha, a nível nacional e daUnião Europeia, de uma série deinformações sobre o impacto da agriculturanos recursos naturais, muitas delas baseiam-se em estimativas e em macro-modelaçãoe não na agregação de informações locais.Deve ser estabelecido um elo muito maisclaro entre os níveis local e global. Esteaspecto é especialmente importante se sequiser situar correctamente a agricultura nocontexto global da poluição e na suainteracção com a economia como um todo.

Em matéria de biodiversidade, habitatse paisagens surgem dificuldades especiaisquando, além do património total deespécies ou habitats naturais, estivermosespecialmente interessados nadiferenciação e diversidade. Os europeusestão ligados às zonas rurais não só porqueestas dispõem de paisagens agradáveis deum ponto de vista estético e de flora e faunaricas, mas também devido à sua grandevariação e à grande diversidade deespécies. A agricultura desempenha umimportante papel na manutenção dessavariação e diversidade.

Os impactos globais devem, pois, reflectiros efeitos cumulativos e os efeitosdiferenciados da agregação da situaçãoambiental de locais específicos. Quanto a esteaspecto, a paisagem (conforme acimadefinida) pode desempenhar um importantepapel na classificação dos diversosecossistemas europeus. Ao ter em contaquestões de vulnerabilidade e qualidade,permite também compreender especialmentequais as áreas em risco ambiental na UniãoEuropeia.

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7. APLICAÇÃO DAS POLÍTICASAGRÍCOLA E RURAL

7.1. Acompanhamento

O n.º 1 do artigo 43º do regulamentorelativo ao desenvolvimento rural determinaque os planos de desenvolvimento ruraldevem incluir “disposições que garantamuma aplicação eficaz e correcta dos planos,incluindo o seu acompanhamento eavaliação”; o nº 2 do artigo 48º do mesmoregulamento prevê que “o acompanhamentoserá realizado através de indicadoresfísicos e financeiros específicos”.

A Comissão apresentou aos Estados-Membros um conjunto de indicadorescomuns, bem como uma estrutura comumpara a apresentação desses indicadores.Dispor-se-á assim de um nível básico deinformações harmonizadas sobre aaplicação das medidas de desenvolvimentorural nos Estados-Membros/regiões –informações que podem ser agregadas anível comunitário. O objectivo final consistena obtenção de uma indicação clara sobreo andamento das medidas aplicadas nosEstados-Membros/regiões, que servirá debase aos relatórios anuais sobre arealização dos projectos.

O regulamento respeitante às regrascomuns para os regimes de apoio directorequer que os Estados-Membros informempormenorizadamente a Comissão dasmedidas tomadas em execução doregulamento, incluindo os casos deincumprimento dos requisitos ambientais. Énecessário harmonizar esse trabalho a fimde produzir indicadores significativos a nívelda União Europeia.

7.2. A Agência Europeia do Ambiente

As questões prioritárias para a AgênciaEuropeia do Ambiente (AEA) são: asemissões, os resíduos, a protecção danatureza, a qualidade do ar, a água, as zonas

marinhas e costeiras, os solos, o coberto,as substâncias químicas, o ruído e oimpacto na saúde. A AEA não trabalhouespecificamente em indicadores agro-ambientais, embora a maior parte do seutrabalho sobre indicadores possa seraplicada a essa área.

A AEA efectua anualmente um relatórioanalítico sobre o estado do ambiente e em1999 apresentará o seu primeiro relatórioanual sobre indicadores. No relatório anualsobre indicadores, a agricultura é incluídanum capítulo sectorial no qual são definidose avaliados sete indicadores diferentes.Esses indicadores baseiam-se essen-cialmente nos dados disponíveis e estãorelacionados com macro-questões.

Os centros temáticos europeus (CTE) daAEA relativos aos solos, natureza,biodiversidade, água, resíduos e cobertofornecem um bom ponto de partida para osubsequente desenvolvimento de uma sériede indicadores agro-ambientais. O CTEpara a conservação da natureza da AEAestá actualmente a desenvolver um sistemaeuropeu de informação sobre a natureza(EUNIS). Nesse âmbito, está a ser criadauma classificação de habitats, sucessora daclassificação CORINE.

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8. ACOMPANHAMENTO DA ESTRATÉGIADE INTEGRAÇÃO PARA O SECTOR

AGRÍCOLA

O desenvolvimento, a aplicação e oacompanhamento da estratégia deintegração sectorial desenvolvida peloConselho de Agricultura constituirão umaprioridade nos próximos anos. A estratégiaestabelece uma série de objectivos. Aoavaliar os progressos efectuados paraalcançar esses objectivos, será importantedispor de informações quantificadas querespondam a questões essenciais:

- Quais as medidas políticas em cursopara melhorar a situação ambiental nosector agrícola?

- Quais os melhoramentos em curso anível das práticas agrícolas?

- Em que medida aumentaram osprocessos ambientais benéficos, como apreservação do habitat, e diminuíram osprocessos prejudiciais, como a poluição?

- Qual o efeito no estado do ambiente?

- Em que medida foram alcançadosobjectivos específicos?

No que diz respeito às medidas políticase às práticas agrícolas, a maior parte dasinformações provirá do acompanhamentodas políticas de desenvolvimento rural, demercado e ambiental. No entanto, essasinformações dependerão do âmbito daspolíticas em questão e da vontade dosEstados-Membros de recolher asinformações adequadas.

9. UTILIZAÇÃO DA PAISAGEM PARACLASSIFICAR OS AGRO-

-ECOSSISTEMAS EUROPEUS

A paisagem permite-nos compreendermelhor as características locais específicase a natureza da interacção entre práticasagrícolas e ambiente. Juntamente cominformações diferenciadas territorialmentesobre forças motrizes e o estado doambiente, a paisagem pode constituir umabase para descrever de uma formarelativamente simples o equilíbrio entre aactividade agrícola e o ecossistema em quese integra. Isso permitiria aos responsáveispela tomada de decisões identificar áreasvulneráveis ou ameaçadas e tomar medidasadequadas e compreender melhor anatureza da ameaça ou vulnerabilidade.Esse tipo de trabalho foi já empreendido poralguns Estados-Membros e poderia seralargado à escala comunitária. Recorrer-se--ia, para tal, às classificações de que osEstados-Membros já dispõem paraapresentar informações de uma formaconcisa e sintética. De um ponto de vistapolítico, encontram-se presentes em grausdiversos na União pelo menos cinco gruposde paisagens:

- paisagens de elevado valor natural ecultural, ameaçadas pela intensificação daagricultura e nas quais a qualidade doambiente depende fortemente de restriçõesrigorosas impostas à actividade agrícola,

- paisagens de elevado valor natural ecultural dependentes da actividade agrícola,ameaçadas pela marginalização daagricultura e nas quais a agriculturadesempenha um papel específico na criaçãode qualidade ambiental,

- paisagens caracterizadas por umaagricultura com recurso moderado afactores de produção e pouco poluidora eesgotadora de recursos, bem como pelomelhoramento de habitats e aumento dabiodiversidade,

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- paisagens caracterizadas por boaspráticas agrícolas intensivas ou extensivasem relação equilibrada com o meio e quepermitem a conservação dos recursosnaturais, da biodiversidade e deecossistemas semi-naturais,

- paisagens caracterizadas porexploração excessiva, poluição eesgotamento de recursos, daí resultandouma deterioração dos recursos naturais, dabiodiversidade e dos ecossistemas semi--naturais.

A médio/longo prazo, o desenvolvimentode um tal sistema proporcionaria um bominstrumento para fornecer informações aosresponsáveis políticos e tornar a integraçãodas preocupações de carácter ambiental napolítica agrícola transparente para o grandepúblico.

10. APROXIMAR AS PREOCUPAÇÕESAGRO-AMBIENTAIS DO CIDADÃO

O estabelecimento de indicadores agro--ambientais constitui uma oportunidadeespecial para empenhar tanto os cidadãosdas zonas rurais como os das zonasurbanas. Juntamente com o aumento dacompetitividade, o papel plurifuncional daagricultura e o aumento de serviçosambientais remunerados publicamentecontribuirão fortemente para garantir aviabilidade de muitas zonas rurais. É, pois,importante que a sociedade em geralcompreenda o que está em causa e tenhaconsciência da qualidade e diversidade doambiente rural europeu.

O papel da agricultura na conservação dapaisagem e do ambiente rural semi- -natural reflecte-se cada vez mais numa sériede iniciativas como a Convenção europeiada paisagem e a estratégia paneuropeiapara a diversidade biológica e paisagística.A especificidade local das actividadesagrícolas está estreitamente relacionada comas preocupações crescentes sobredesenvolvimento sustentável e qualidade dapaisagem a um nível muito local, expressasna Agenda Local 21

.Nos próximos anos deverá assegurar-se

que o desenvolvimento de indicadores agro--ambientais complemente iniciativaseuropeias como a Convenção europeia dapaisagem e a estratégia paneuropeia paraa diversidade biológica e paisagística. Éigualmente importante que o desen-volvimento de indicadores possa serutilizado para melhorar a comunicação e atransparência das políticas da UniãoEuropeia. Para esse efeito poderá sernecessária uma maior participação dasorganizações não governamentais e deagrupamentos de agricultores. É tambémnecessário assegurar que o cidadãoeuropeu seja bem informado, de formaclara, sobre a evolução das relações entreagricultura e ambiente. Para tal, o

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desenvolvimento de indicadores deve teruma base científica sólida que contemple aspreocupações sociais dos gruposinteressados e da sociedade em geral. Porsua vez, esses grupos e cidadãos devemser assegurados de que os indicadores sãodesenvolvidos com base em conhecimentoscientíficos sólidos.

11. DESENVOLVIMENTO DEINDICADORES-CHAVE ESPECÍFICOS

PARA A AGRICULTURA

Uma forma de comunicar as tendênciasgerais a um público mais vasto e aosresponsáveis políticos consiste nodesenvolvimento de um subconjuntoseparado e restrito de indicadores-chavepara o sector. Embora esse conjunto restritonão possa reflectir a complexidade dasrelações entre agricultura e ambiente, podefornecer algumas informações sobrequestões fundamentais se os indicadoresforam seleccionados de uma formaequilibrada. Apresenta-se em seguida umconjunto de indicadores-chave dasprincipais preocupações de carácter agro--ambiental:

Possível indicador-chave

Despesas/área dosprogramas agro-ambientais

Risco de utilização depesticidas (gestãointegrada de pesticidas)

Balanço do azoto

Espécies de aves nas terrasagrícolas

Diversidade paisagística

Factores e respostas queinfluenciam as práticasagrícolas

Práticas agrícolas

Processos prejudiciais ebenéficos

Estado específico decada local

Impacto ambiental global

Questão fundamental

Melhoramento para além doâmbito das boas práticasagrícolas

Utilização racional defactores de produção

Efeitos benéficos superioresaos prejudiciais

Saúde dos ecossistemas

Riqueza dos ecossistemas

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Em comparação com os indicadoresglobais atrás apresentados, uma listarestrita de indicadores-chave deste tipodeve ser utilizada com cuidado. A suautilização não deve exceder os fins paraque foi concebida – nomeadamente darao público algumas informações sobre astendências gerais verif icadas nasrelações agro-ambientais, nomeadamentea nível sub-nacional. Ao apresentar umconjunto tão restrito deve, pois, ter-se ocuidado de sublinhar que o mesmo nãoproporciona um quadro completo dessasrelações.

Propõe-se, assim, que seja testada aexequibilidade de um primeiro conjunto depossíveis indicadores-chave antes de tertomada uma decisão sobre o seu potencialpara desenvolvimento a longo prazo. Quantoà segurança dos alimentos, outrosindicadores possíveis são oscontaminantes, agrícolas e outros, nosalimentos e a qualidade da água na fase deextracção. Indicadores da biodiversidadeque reflictam a biodiversidade no solopodem constituir bons indicadores demudanças rápidas”.

NOTA FINAL

Como se constata, o “diagnóstico” existe.

Falta o mais importante:

� Uma Política Agrícola Comumadequada à Agricultura Familiar e ao MundoRural;

� Uma Política Agrícola Comum queremunere os Agricultores dignamente peloque produzem (preços justos à produção);

� Uma Política Agrícola Comum quepermita e incentive a produção comQualidade e Segurança para o consumidor;

� Uma Política Agrícola Comum que sebaseie nas potencialidades locais eregionais;

� Uma Política de DesenvolvimentoRural com mais meios financeiros;

� Uma Política Agrícola e RuralSustentável que permita aos Estadoscaminhar no sentido da soberania alimentarcom respeito pela Natureza e pelo Ambiente.

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CADERNO TÉCNICO

Enquadramento do RURIS

O Programa RURIS insere-se no quadroda PAC–Política Agrícola Comum navertente do chamado “segundo pilar daPAC” que é o pacote do DesenvolvimentoRural, materializando em Portugal a políticade desenvolvimento rural.

A reforma intercalar da Política AgrícolaComum, reforçou a importância estratégicado Programa RURIS na agriculturaportuguesa, devido ao reconhecimento, pelaEuropa, da sua utilidade no espaço rural, naconservação do ambiente e dabiodiversidade.

O Programa é constituído por quatrointervenções, “As Medidas Agro-Ambientais” (MAA) , “As IndemnizaçõesCompensatórias”, “A florestação de terrasagrícolas” e “A Reforma Antecipada”, quecorrespondem aos objectivos mais globaisda estratégia de desenvolvimento agrícolae rural, que por sua vez se subdividem emobjectivos ainda mais especificos:

Objectivos Gerais

1-Reforço da competitividade económicadas actividades e fileiras produtivas agro-florestais.

2- Incentivo à multifuncionalidade dasexplorações agrícolas.

3- Promoção da qualidade e da inovaçãoda produção agro-florestal e agro-rural.

4- Valorização do potencial específico dosdiversos territórios rurais e apoio ao seudesenvolvimento e diversificaçãoeconómica.

5- Melhoria das condições devida e detrabalho dos agricultores e das populaçõesrurais.

6- Reforço da organização, associação einiciativa dos agricultores e dos demaisagentes do desenvolvimento rural.

BALANÇO DE APLICAÇÃO DA INTERVENÇÃODAS MEDIDAS AGRO-AMBIENTAIS NO PROGRAMA RURIS

Por João Filipe

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Objectivos Específicos

1- Proporcionar um rendimento aosagricultores idosos que decidam cessar assuas actividades agrícolas ou converter osolo a usos não agrícolas.

2- Favorecer a substituição de agricultoresidosos por agricultores que possam,sempre que necessário, melhorar aviabilidade económica das restantesexplorações agrícolas (rejuvenescimento eredimensionamento).

3- Reafectar terras agrícolas a utilizaçõesnão agrícolas de comprovada valiaambiental, quando a sua afectação a finsagrícolas não seja possível em condiçõessatisfatórias de viabilidade;

4- Garantir a continuação da utilização deterras agrícolas em zona desfavorecida.

5- Contribuir para a manutenção de umacomunidade rural viável.

6- Contribuir para a conservação dasingularidade de cada espaço rural(diversidade paisagística).

7- Manter e promover métodos deexploração sustentável que respeitem asexigências de protecção ambiental.

8- Reduzir as assimetrias de rendimentoentre produtores e regiões (coesão social).

9- Redução dos efeitos poluentes daactividade agrícola, designadamente naqualidade da água.

10- Conservação do solo.

11- Contribuir para a preservação dapaisagem e das características tradicionaisdas terras agrícolas.

12- Promover o uso recreativo de espaçosrurais de elevada qualidade ambiental.

13- Contribuir para a conservação emelhoria de espaços cultivados de grandevalor natural.

14- Assegurar a conservação de manchasresiduais de ecossistemas naturais empaisagens dominantemente agrícolas.

15- Proteger a diversidade genética nocontexto dos sistemas agrícolas em queocorre.

16- Aumentar a diversidade e oferta deprodutos florestais.

17- Promover arborizações adequadastécnica e ambientalmente.

18- Contribuir para a reabilitação de terrasdegradadas e mitigação dos efeitos dadesertificação.

19- Reforço da capacidade técnica dosagricultores no domínio da agricultura eambiente.

20- Fomento do associativismo florestal eda eficiência do planeamento daarborização e da gestão florestal através dapromoção de agrupamentos de áreas.

Fonte: PDRU 2000-2006 Portugal Continental.

MEDIDAS AGRO-AMBIENTAIS

Através da Intervenção Medidas Agro--Ambientais consegui-se de alguma formaestimular o crescimento da agriculturabiológica, da produção integrada e daprotecção integrada. As Medidas Agro--Ambientais permitiram a manutenção deum conjunto de sistemas de agricultura comimpactos potencialmente importantes nabiodiversidade, na paisagem e naconservação do solo e da água, garantindoa coerência entre os sistemas apoiados eas características biofísicas naturais daszonas onde ocorrem.

2 29

CADERNO TÉCNICO

Em conjunto com a IntervençãoIndemnizações Compensatórias e como sepôde avaliar pelos objectivos específicos doprograma já apresentados, foi intençãoapoiar o rendimento das exploraçõesagrícolas nas Zonas Desfavorecidas,atenuando os impactos sociais eambientais do seu abandono.

Ao longo deste período de aplicação doPrograma (2000-2003) encontraram-sealgumas dificuldades na aplicação doPrograma, sobre tudo ao nível daIntervenção das Medidas Agro-ambientais.

Em 2003 foram introduzidas alteraçõesna regulamentação do Programa RURIS,com particular ênfase nas Medidas Agro--Ambientais, que procurou responder aalgumas condicionantes encontradas.

O período de apresentação decandidaturas às Medidas Agro-Ambientais(MAA) é definido anualmente por legislaçãonacional.

O atraso que se verificou aquando dapreparação e aprovação da regula-mentação desta Intervenção, bem como oleque alargado de medidas previstas,condicionou a plena operacionalização dasMAA.

Durante o período de aplicação doPrograma, a Intervenção Medidas Agro--Ambientais apresentou níveis de execuçãoabaixo do previsto inicialmente. Para alémdo contexto desfavorável, em termos deexpectativas dos beneficiários, verificou-seque a estrutura de algumas medidas ealguns problemas de gestão da Intervençãotêm condicionado a sua boa execução.

Contudo, a execução intercalar daIntervenção MAA é marcada por resultadosimportantes e positivos no estímulo do modode produção biológico (MPB), da produçãointegrada (PROD INT) e da protecçãointegrada (PROT INT). Estes resultados são

portadores de potencial de transformaçãoe de impactes ambientais importantes. Asmedidas “Sementeira Directa”, “Técnicasde Mobilização Mínima” e “Enrelvamento daEntrelinha de Culturas Permanentes”,importantes pelo seu potencialdemonstrativo, entraram no elenco dasmedidas.

Ocorreram, porém, resultados negativosna execução do Plano Zonal de CastroVerde com a diminuição do número debeneficiários, da superfície abrangida, daqualidade e adequação do compromisso e,como consequência, dos impactes nabiodiversidade, os quais se tinham mantidopositivos, pelo menos até ao final doReg.(CEE) n.º 2078/92. O efectivo nacionalde raças autóctones foi apoiado numafracção significativa, sendo este apoiodecisivo para a manutenção do mesmo.

A Intervenção MAA permitiu apoiar amanutenção de um conjunto alargado desistemas de agricultura com impactespotenciais importantes na conservação dabiodiversidade, da paisagem e do solo.

Na Campanha 2003/2004, assistiu-se auma alteração relevante no modelo degestão inicialmente implementado nasMAA.

As principais alterações que severificaram nos procedimentos associadosao modelo de gestão da Intervenção MAAa vigorar desde a campanha de 2003 são:

- Inclusão das candidaturas às MAA nosistema integrado de gestão e controlo(SIGC);

- Recepção informática das candidaturaspelas AO’s;

- Transferência da responsabilidade dadecisão (DRA) e do pagamento das ajudas(IFADAP) para o IFADAP/INGA.

O quadro seguinte sintetiza osprocedimentos em vigor a partir de 2003.

30

CADERNO TÉCNICO

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar

A recepção das candidaturas é daresponsabilidade das Organizações deAgricultores, tendo os protocolosestabelecidos entre o IFADAP/INGA e asOA, sido alargados às MAA.

Este novo modelo de gestão apresentacomo principais vantagens o facto de terpermitido alguma simplificação no processode candidatura e contratação. De facto, arecepção informática e a inclusão no SIGCpermitiram, por um lado, suprimir umconjunto de procedimentos que envolviamas AO’s e as DRA’s (envio da candidaturaem papel, por parte das OA’s para as DRA’s,para estas procederem ao seu registoinformático e validação, análise deelegibilidade, entre outros aspectos) e que,de certa forma, condicionavam a celeridadedo processo de decisão, com consequentesimplicações ao nível da execução daIntervenção e, por outro lado,facilitar o controlo cruzadodas ajudas.

No caso da contratação,o facto da responsabilidadedo pagamento das ajudaster sido transferida para oIFADAP/INGA permitiuexcluir a necessidade deformalização de um contratocom o beneficiário para aatribuição e pagamento dasajudas, possibilitando destaforma, em condiçõeseficientes de funcionamento(o que nem sempre temacontecido devido àcomplexidade envolvida na

Principais Tarefas

- Recepção e registo informáticodas candidaturas

- Análise de elegibilidade- Controlo e apuramento

Etapa da Candidatura

(1)Recepção daCandidatura

(2)Apuramento/Decisão

Entidades Responsáveis

Organizações deAgricultores

IFADAP/INGA

Quadro 1 – Circuito de funcionamento das MAA (em vigor a partir de 2003)

preparação dos processos de cadacandidatura, nomeadamente, a anexaçãoou exibição de toda a documentaçãoexigida para que o processo sejaconsiderado completo), acelerar o processoentre o apuramento da ajuda e o seupagamento.

Os resultados do inquérito promovidojunto dos beneficiários que apresentaramcandidaturas quer ao Regulamento (CEE)n.º 2078/92 quer ao RURIS, revelam que amaioria dos beneficiários tem a percepçãoque as candidaturas às MAA no RURISencontram-se mais simplificadas (27% dosinquiridos) e uma percentagem significativaconsidera também que o processo é maisrápido e eficiente (22%). No entanto, éopinião generalizada que processo decandidaturas à MAA é muito complexo e queexige muita documentação.

2 31

CADERNO TÉCNICO

Quadro 3 – Forma de Conhecimento da possibilidade de candidatura à IMAA

Programa Reg. 2078/92 Ambos RURIS Total

Nº % Nº % Nº % Nº %

DRA’s ou outros ent. MADRP 2 3.9 8 15.7 0 0 10 6.5

Organizações de Agricultores 45 88.2 42 82.4 43 84.3 130 85.0

Missa 1 2.0 0 0 3 5.9 4 2.6

Outros Agricultores 2 3.9 1 2.0 5 9.8 8 5.2

Não sabe/Não responde 1 2.0 0 0 0 0 1 0.7

Total de inquiridos 51 100 51 100 51 100 51 100

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (Inquérito aos Beneficiários das MAA; tratamento ERENA/CIDEC/CEFAG

organismos, que pela sua natureza,deveriam possuir uma relação de grandeproximidade aos beneficiários e umconhecimento profundo das especi-ficidades de cada um dos territórios ondeactuam.

Refira-se, no entanto, que no caso dealgumas medidas desta Intervenção, asDRA’s (e também as AO’s) têm a seu cargoa elaboração de pareceres técnicos sobredeterminados elementos exigidos noprocesso de candidatura, nomeadamente,planos de exploração e planos de gestão,entre outros, cuja tendência é também seremdispensados por forma a aligeirar o sistema..

No âmbito das MAA, há ainda queassinalar as especificidades em termos degestão do Plano Zonal de Castro Verde. OPlano Zonal de Castro Verde é a únicamedida de aplicação territorial comobjectivos claramente definidos eparametrizados e, como tal, necessita deuma gestão de maior proximidade eadequada a uma determinada realidadeconcreta.

Na Intervenção MAA, é essencialmenteatravés das Organizações de Agricultoresque os beneficiários tomam conhecimentosobre o Programa e da possibilidade deapresentarem uma candidatura às MAA.

Quadro 2 – Diferenças no processo decandidatura entre o Reg. (CEE) nº 2078/92e o RURIS

Programa Total

Nº %

Mais exigente 4 8

Mais simples 14 27

A informatização ajudou muito 5 10

Mais burocracia 5 10

Mais anexos documentação 7 14

Mais rápido/eficiente 11 22

Menos documentos 5 10

Não encontra diferenças 13 25

Não sabe/Não responde 1 2

Total de Inquiridos 51

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (Inquérito aosBeneficiários das MAA; tratamento ERENA/CIDEC/CEFAG)

Apesar das vantagens identificadas, aconcentração da gestão numa entidadecomo o IFADAP/INGA, deveria atribuir-seum papel de maior relevância às DRA’s,sobre tudo no processo, de divulgação, porforma a potenciar a adesão dosbeneficiários, uma vez que, as DRA’s são

32

CADERNO TÉCNICO

AVALIAÇÃO GLOBAL DAINTERVENÇÃO

Além da tardia aprovação do Plano deDesenvolvimento Rural para PortugalContinental (RURIS), a complexidade eelevado número de medidas destaIntervenção (MAA) levou a que a suaaplicação tivesse início apenas em 2001.

Quadro 4 – Medidas Agro-Ambientais

N.º PDRu N.º Relatório Medidas Agro-Ambientais

1.1 11 Luta Química Aconselhada (LQA)

1.2 12 Protecção Integrada (PROT INT)

1.3 13 Produção Integrada (PROD INT)

1.4 14 Agricultura Biológica (AB)

1.5.1 15 Sementeira Directa (SD)

1.5.2 16 Técnicas de Mobilização Mínima (TMM)

1.5.3 17 Enrelvamento da Entrelinha de Culturas Permanentes (EECP)

1.6 18 Sistemas Forrageiros Extensivos (SFE)

2.3 23 Vinhas em Socalcos do Douro (VSD)

2.5.1 24 Hortas do Sul (Alentejo e Algarve) (HS)

2.5.2 25 Sistema Vitícola de Colares (SVC)

3.1 31 Sistemas Policulturais Tradicionais (SPT)

3.2 32 Montados (Azinho e Carvalho Negral) (M)

3.3 33 Lameiros e outros Prados e Pastagens de Elevado ValorFlorístico (L)

3.4 34 Olival Tradicional (OT)

3.5 35 Pomares Tradicionais (PT)

3.6 36 Plano Zonal de Castro Verde (PZCV)

4.1 41 Preservação de Bosquetes ou Maciços Arbustivo/arbóreosde Interesse Ecológico/paisagístico (PB)

4.4 42 Arrozal (A)

5.1 51 Manutenção de Raças Autóctones ameaçadas de extinção(RA)

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (PDRu 2000-2006, Port. Cont.)

2 33

CADERNO TÉCNICO

Durante este período a IMAA teve umaexecução abaixo do previsto inicialmente.O período 2001-2003 incluiu uma mudançade governo com a natural alteração deexpectativas sobre a Intervenção. Nesteperíodo decorreu também a fase final darevisão intercalar da PAC com o movimentode expectativa associado.

Um dos aspectos mais importantes arealçar é a importância das Organizaçõesde Agricultores para a obtenção dosresultados. É através dessas organizaçõesque o Programa em geral e a IMAA muitoem particular se difunde junto dos seusdestinatários, como podemos verificar pelaanálise do quadro 7.

No RURIS foram previstas outrasmedidas (que se indicam no quadroseguinte) que não foram aplicadas duranteo período de execução do RURIS 2000-2003.

Quadro 5 – Medidas Agro-Ambientaisprevistas mas não aplicadas em (2000/2003)

Redução da Lixiviação de Agro-Químicospara os Aquíferos

Qualificação da Envolvente de Aldeias

Qualificação de Espaços Naturais paraUsufruto Público

Banda Ripícola

Margens de Lagoas e Pauís

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (PDRu 2000-2006, Port. Cont.)

A execução intercalar da IntervençãoMAA é marcada por resultados importantese positivos no estímulo do modo deprodução biológico (MPB), da produçãointegrada (PROD INT) e da protecçãointegrada. Estes resultados são portadoresde potencial de transformação e deimpactes ambientais importantes. Asmedidas “Sementeira Directa”, “Técnicasde Mobilização Mínima” e “Enrelvamento daEntrelinha de Culturas Permanentes”,importantes pelo seu potencialdemonstrativo, entraram no elenco dasmedidas.

Por outro lado, ocorreram resultadosnegativos na execução do Plano Zonal deCastro Verde onde diminuiu o número debeneficiários, a superfície abrangida pelocompromisso, a qualidade e adequação domesmo e, como consequência, os impactesna biodiversidade que se tinham mantidopositivos pelo menos até ao final doReg.(CEE) n.º 2078/92.

Apesar de previstos, não entraram emexecução os Planos Zonais para o territórioabrangendo um conjunto de sete ÁreasProtegidas para as quais foram concebidos.

34

CADERNO TÉCNICO

Análise da Execução Física

A avaliação da IMAA utiliza uma base deinformação menos completa e diversificadado que o desejável. Em alguns casos ainformação sobre as candidaturas apuradaspoderá dar uma ideia incompleta darealidade da execução. Assim, correndo orisco de diminuir em alguma medida aclareza da informação, apresenta-setambém uma estimativa das candidaturase das superfícies, baseada nos dados dascandidaturas totais multiplicadas pelosvalores médios por candidatura apurada.

Indicadores de Acompanhamento Norte Centro LVT Alentejo Algarve Continente

*IA1a Nº de beneficiários apurado 43.727

*IA1e Nº de beneficiários estimado 52.489

**IA2a Nº de ha abrangidos apurados 143.471.48 54.441.80 1.995.95 114.395.28 12.713.74 318.018.25

**IA2e Nº de ha abrangidos estimados 161.414.98 65.350.08 2.395.87 15.261.14 15.261.14 381.738.26

**IA3 Nível médio de ajuda p/ ha - • 183.82 200.78 187.85 135.16 135.16 149.05

**IA4 Nível médio de ajuda p/ expl. - • 617.51 717.44 2.272.40 852.83 852.83 774.29

IA5 Despesa pública total - • 116.218.654.00

IA6 Despesa pública FEOGA - • 87.163.991.00

Quadro 6 – Medidas Agro-Ambientais: indicadores de acompanhamento

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (IFADAP/INGA/IDRHa)

* valor aproximado** Estes indicadores de acompanhamento foram calculados com base na informaçãodisponibilizada respeitante à campanha de 2003 (ou seja, 2.ªconfirmação das candidaturas de2001, 1.ª confirmação de 2002 e candidaturas de 2003)

2 35

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CADERNO TÉCNICO

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29

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2 37

CADERNO TÉCNICOQ

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3)

38

CADERNO TÉCNICO

Análise da Execução Financeira

A Comissão Europeia aprovou umaafectação financeira inicial que privilegiousobretudo a Intervenção Medidas Agro--Ambientais, dentro do Programa RURIS,cuja dotação foi de 44,6% do total destePrograma.

Uma das justificações principais doaumento da dotação financeira em relaçãoao Reg. (CEE) nº 2078/92, foi aconsideração da especificidade daaplicação do PDRu e nomeadamente dasMAA nos territórios da Rede Natura 2000.

Quadro 12 – Programação Financeira Inicial do RURIS

Despesa Pública Programada (contribuição da EU e comparticipação nacional) – mil euros

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Total %

R. A. 3.437 5.187 7.120 9.760 12.297 14.800 17.241 69.842 3.8

I. C’s 49.863 70.327 68.773 68.984 71.313 72.307 72.160 473.727 25.9

MAA 132.720 114.271 116.373 115.816 110.620 110.947 114.235 814.982 44.6

FTA 60.627 63.053 64.364 66.311 70.593 72.087 73.157 470.192 25.7

Total ano* 246.647 252.838 256.630 260.871 264.823 270.141 276.793 1.828.743 100

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (Decisão da Comissão Europeia C(2000) 3368 final de 22 de Novembrode 2000)* Não está incluída despesa pública programada com a avaliação

2 39

CADERNO TÉCNICO

Quadro 13 – Programação Financeira revista em 2002

Despesa Pública Programada (contribuição da EU e comparticipação nacional) – mil euros

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Total %

R. A. 3.576 3.978 7.120 9.760 12.297 14.800 17.241 68.772 4.0

I. C’s 0 83.844 68.773 68.984 71.313 72.360 72.160 437.381 25.3

MAA 113.845 85.768 116.773 115.816 110.620 110.947 114.235 767.604 44.4

FTA 48.621 56.721 63.033 64.980 69.263 70.756 71.827 445.201 25.8

Antigas Medidas 812 1.387 1.331 1.330 1.331 1.331 1.330 8.852 0.5

Total ano * 166.854 231.698 256.630 260.870 264.824 270.141 276.793 1.727.810 100

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (Decisão da Comissão Europeia C(2002) 1630 de 21 de Maio de2002)* Não está incluída despesa pública programada com a avaliação

Refira-se que, ao longo do período deexecução, têm vindo a ser feitos algunsajustamentos na programação financeirainicial no sentido da desafectação de verbasem todas as Intervenções (mantendo estas,no entanto, o mesmo peso relativo),decorrentes de algumas dificuldades deexecução por parte das intervenções. Osdois quadros que se apresentam deseguida traduzem as reafectaçõesfinanceiras efectuadas no ano 2002 e 2003.

40

CADERNO TÉCNICO

Quadro 14 – Programação Financeira revista em 2003

Despesa Pública Programada (contribuição da EU e comparticipação nacional) – mil euros

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Total %

R. A. 3.576 3.978 2.707 9.760 12.297 14.800 17.241 64.359 3.8

I. C’s 0 83.844 60.504 68.984 71.313 72.307 72.160 429.112 25.6

MAA 113.845 85.768 96.521 115.816 110.620 110.947 114.235 747.752 44.6

FTA 48.621 56.721 42.637 64.980 69.263 70.756 71.827 424.805 25.4

Antigas Medidas 812 1.387 744 1.400 1.421 1.431 1.770 8.965 0.5

Total ano * 166.854 231.698 203.113 260.940 264.914 270.241 277.233 1.674.993 100

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (Decisão da Comissão Europeia C(2003) 2665 de 16 de Julho de2003)* Não está incluída despesa pública programada com a avaliação

Quadro 15 – Medidas Agro-Ambientais: indicadores de acompanhamento

Ano FEOGA - G Previsto (•) Executado (•) Taxa de Execução (%)

Total 2000 132.720.000 109.329.655 82.38

MAA-RURIS 0 0 0

Reg. 2078/92 132.720.000 109.329.655 82.38

Total 2001 136.256.622 75.729.845 55.58

MAA-RURIS 60.803.464 5.133.327 8.44

Reg. 2078/92 75.453.158 70.596.519 93.57

Total 2002 116.372.875 96.521.199 82.94

MAA-RURIS 66.626.098 49.858.171 74.83

Reg. 2078/92 49.746.777 46.663.027 93.80

Total 2003 96.141.333 80.299.147 83.53

MAA-RURIS 78.326.667 61.227.156 78.17

Reg. 2078/92 17.814.667 19.071.991 107.08

Total 418.490.830 361.879.846 75.16

MAA-RURIS 205.756.228 116.218.654 56.48

Reg. 2078/92 275.734.602 245.661.191 89.10

Fonte: PDRu – Avaliação Intercalar (IDRHa)

2 41

CADERNO TÉCNICO

A reprogramação financeira efectuadaem 2003 representa um corte de cerca de9% do total da dotação inicial prevista.

A execução da IMAA durante o períodoconsiderado (2000/2003) encontra-se abaixodo previsto inicialmente (Decisão C(2000)3368 final), facto que decorre do conjunto derazões detectadas pela análise de eficácia.

Estamos em crer que os efeitosproduzidos pela Portaria nº 1212/2003 emais recentemente pela Portaria nº 360/2004 e ainda pelos ajustes possíveis deconsiderar e sempre referenciados ao nívelda C.A. permitam atenuar esta situaçãoainda durante esta campanha.

Gestão, Acompanhamento eInformação

Um aspecto crítico da gestão prende-secom a morosidade dos processos dedecisão, com consequências negativas emtermos de execução e da atractividade dasIntervenções para os potenciaisbeneficiários. Esta morosidade poderá vira condicionar a eficácia e a prossecuçãodos objectivos do Programa no horizonte de2006. Os dados disponíveis indicam que,os prazos que decorrem desde a recepçãode uma candidatura até à sua decisãoultrapassam largamente os que seencontram definidos nos respectivosregulamentos.

Entre os aspectos que conduzem atempos médios de decisão e pagamentomais prolongados, registam-se osseguintes:

- Existência de procedimentos quegeram ineficiências no processo deanálise das candidaturas;

- Complexidade burocrática dascandidaturas, que resulta da necessidadede apresentação de um conjunto dedocumentos e de pareceres de organismosda Administração;

- Apresentação de candidaturasindevidamente instruídas. Contudo, deve serassinalada a reestruturação ocorrida naIntervenção MAA em 2003 e maisrecentemente para a campanha 2004, queconduziu a uma maior simplificação noprocesso de candidatura e de contratação,bem como a unificação do IFADAP/INGA .

42

CADERNO TÉCNICO

A informação, divulgação e promoção doPrograma tem-se baseado essencialmenteem métodos conservadores, revelando-sealgo ineficaz para atrair os potenciaisbeneficiários. As características dospúblicos-alvo de algumas Intervençõesapontam para a necessidade de se apostarem canais de divulgação distintos daquelesque têm sido utilizados até ao momento, emespecial, em métodos de divulgaçãoassentes nas relações de proximidade emais pró-activos, ou seja, indo ao encontrodas necessidades dos potenciaisbeneficiários e estimulando-os para aapresentação de candidaturas.

A inexistência de um Sistema deInformação único para a gestão do RURIS,neste caso concreto, a não opera-cionalização até ao momento do SIADRU,constitui uma deficiência do modelo degestão e acompanhamento adoptado.Actualmente existem vários sistemas deinformação – geridos por diferentesorganismos – e incompatíveis entre si, emtermos da informação disponível e dasmetodologias de funcionamento utilizadas.

Sugestões de alteração daIntervenção Medidas Agro-Ambientais:

- Aumentar o nível de informação relativaà execução de cada uma das medidas, quepermita conhecer, em qualquer momento, oestado das candidaturas e os valoresdesagregados por unidade administrativa,dentro e fora de territórios relevantes, taiscomo a Rede Natura 2000 e as ZonasDesfavorecidas.

- O estudo do potencial de evoluçãocomparado dos mercados dos produtosprovenientes do MPB, PROD INT e PROTINT, é fundamental para orientar o Programa,pelo que se sugere a obtenção deinformação qualificada sobre esta matéria.

- Simplificação/Desburocratização dealgumas condições de acesso e dacomplexidade burocrática associada àscandidaturas, nomeadamente, a simpli-ficação de alguns aspectos dos formuláriosde candidatura, a supressão danecessidade de solicitação de algunspareceres e a simplificação documental;

- Reforço da promoção e da divulgaçãodo Programa, nomeadamente, através dautilização de métodos de divulgação maispró-activos, mais direccionados em termoslocais e públicos-alvo:

- Em termos quantitativos (aumento donº de Acções);-Em termos Qualitativos (me-lhoramento dos conteúdos, MAA eBoas Práticas Agrícolas, etc.).

- Incrementar a articulação com entidadesque estão relacionadas indirectamente comas MAA como por exemplo:

- Associações que prestam apoiotécnico (Protecção e ProduçãoIntegrada);- Associações detentoras do LivroGenealógico ou Registo Zootécnico;- Organismos Centrais DGPC, DGF,DGV, ICN, ...

Bibliografia:Estudo de Avaliação Intercalar do Plano de Desenvolvimento Rural de Portugal Continental (Dez. 2003)

2 43

CADERNO TÉCNICO

2 43

AGRIS – A Portaria n.º 978/2004 alterao Regulamento de Aplicação daComponente de Apoio à Prestação deServiços Agrícolas e o Regulamento doRegime de Ajudas à Preservação eMelhoramento Genético das RaçasAutóctones, Raças Exóticas e Raça BovinaFrísia, das medidas AGRIS, aprovadosrespectivamente pelas Portarias n.os 49/2001, de 26 de Janeiro, e 1109-A/2000, de27 de Novembro. DR n.º 181, Série I-B, de03 de Agosto de 2004.

Florestação de Terras Agrícolas – ODespacho Normativo n.º 37/2004 altera oDespacho Normativo n.º 83/91, de 5 deAbril, que determina que beneficiem doprémio anual por hectare arborizadoprevisto no Decreto-Lei n.º 81/91, de 19 deFevereiro, as entidades que procedem àflorestação de terrenos agrícolas. DR n.º182, Série I-B, de 04 de Agosto de 2004.

Polícia Sanitária – O Decreto-Lei n.º187/2004 transpõe para a ordem jurídicanacional a directiva n.º 88/407/CEE, doConselho, de 14 de Junho, com a últimaredacção que lhe foi dada pela Directivan.º 2003/43/CE, do Conselho, de 26 deMaio, que fixa as exigências de políciasanitária aplicáveis às trocas comerciaisintracomunitárias e às importações desémen de animais da espécie bovina. DRn.º 185, Série I-A, de 07 de Agosto de 2004.

Leite e Produtos Lácteos – A Portarian.º 1038/2004 altera a Portaria n.º 398/2002,de 18 de Abril, que regulamenta os termosem que é aplicado em Portugal o regimede concessão de ajudas para ofornecimento de leite e produtos lácteos aosalunos dos estabelecimentos de ensino nocontinente e nas Regiões Autónomas dosAçores e da Madeira. DR n.º 190, Série I-B,de 13 de Agosto de 2004.

Medidas Agro-Ambientais – APortaria n.º 1043/2004 altera a Portaria n.º1212/2003, de 16 de Outubro, que aprovao Regulamento de Aplicação daIntervenção «Medidas Agro-Ambientais»,do Plano de Desenvolvimento Rural(RURIS). DR n.º 191, Série I-B, de 14 deAgosto de 2004.

Zoonose e Agentes Zoonóticos – ODecreto-Lei n.º 193/2004 transpõe para aordem jurídica nacional a Directiva n.º 2003/99/CE, do Parlamento Europeu e doConselho, de 17 de Novembro, relativa àvigilância das zoonoses e dos agenteszoonóticos. DR n.º 193, Série I-A, de 17 deAgosto de 2004.

Pesticidas – O Decreto-Lei n.º 205/2004 transpõe para a ordem jurídicanacional a Directiva n.º 2004/59/CE, daComissão, de 23 de Abril, no que se refereaos limites máximos de bromopropilato,e a Directiva n.º 2004/61/CE, daComissão, de 26 de Abril, no respeitanteà fixação de limites máximos de resíduosde certos pesticidas. DR n.º 195, Série I-A, de 19 de Agosto de 2004.

Incêndios – A Portaria n.º 1056/2004define o conjunto de manchas designadaspor zonas críticas. DR n.º 195, Série I-B,de 19 de Agosto de 2004.

Incêndios – A Portaria n.º 1060/2004aprova a zonagem do continente segundoa probabi l idade de ocorrência deincêndio florestal em Portugal continental.DR n.º 197, Série I-B, de 21 de Agostode 2004.

Vinho – O Decreto-Lei n.º 212/2004estabelece a organização institucional dosector vitivinícola. DR n.º 198, Série I-A, de23 de Agosto de 2004.

44

CADERNO TÉCNICO

Este dossier faz parte da revista Voz da Terra de Agosto de 2004 ao abrigo da Medida 10 do Programa Agro44

UNIÃO EUROPEIAFUNDOS ESTRUTURAIS

Grupo Consultivo – 2004/613/CEestabelece a decisão da Comissão relativaà criação de um grupo consultivo da cadeiaalimentar, da saúde animal e dafitossanidade. 6 de Agosto de 2004.

Azeite – O Regulamento (CE) n.° 1432/2004 da Comissão altera o Regulamento(CE) n.° 2366/98 que estabelece as normasde execução do regime de ajuda àprodução de azeite para as campanhas decomercialização de 1998-1999 a 2003-2004 e o Regulamento (CE) n.° 2768/98relativo ao regime de ajuda à armazenagemprivada de azeite. 10 de Agosto de 2004,

Azeitonas de Mesa – 2004/607/CEestabelece a decisão da Comissão quealtera as Decisões 2001/648/CE, 2001/649/CE, 2001/650/CE, 2001/658/CE e 2001/670/CE relativas à concessão de uma ajudapara a produção de azeitonas de mesa[notificada com o número C(2004) 3100]. 17de Agosto de 2004.

Açucar – O Regulamento (CE) n.° 1462/2004 da Comissão altera, para a campanhade comercialização de 2004/2005, omontante máximo da quotização B e o preçomínimo da beterraba B, no sector do açúcar.17 de Agosto de 2004.

Produção Biológica – O Regulamento(CE) n.° 1481/2004 da Comissão altera oRegulamento (CEE) n.° 2092/91 doConselho relativo ao modo de produçãobiológico de produtos agrícolas e à suaindicação nos produtos agrícolas e nosgéneros alimentícios. 19 de Agosto de 2004.

Denominações de Origem Protegida– O Regulamento (CE) n.° 1486/2004 daComissão completa o anexo doRegulamento (CE) n.° 2400/96 relativo àinscrição de determinadas denominaçõesno registo das denominações de origemprotegidas e das indicações geográficasprotegidas (Farinheira de Estremoz eBorba, Domfront, Kiwi Latina, Valle delBelice e Noix du Périgord). 20 de Agostode 2004.

Tabaco – O Regulamento (CE) n.° 1418/2004 da Comissão determina os grupos devariedades de alta qualidade a excluir daaplicação do programa de resgate dequotas no sector do tabaco em rama para acolheita de 2004. 4 de Agosto de 2004.

Stand da CNA na Feira Nacional de Agricultura

Stand da CNA na Feira Nacional de Agricultura

Esta Agricultora fazparte da DirecçãoNacional da CNA desdeDezembro de 2003.Destacou-se na lutapela reabertura doMatadouro de Viseu, e

através da BALFLORA (Secretariado dosBaldios do Distrito de Viseu). Há temposdesabafou com um Dirigente da CNA:– “Como foi que eu andei tanto tempo semme juntar a vós (CNA) !?”.

O seu nome é Maria Salete do CarmoDias, tem 53 anos e é Agricultora “desdesempre”, segundo palavras da própria.Reside em Lobagueira, na Freguesia deCouto de Cima (Viseu), de onde é natural,tendo estudado até à 4º classe.

Enérgica no trabalho, também éimpulsiva quando fala e “sem papas nalíngua”. Na região até a chamam de “Mariada Fonte”...

A D. Salete é casada e mãe de dois filhos.Como afirmou “nenhum deles quis serAgricultor”, um é professor e o outro estudante.

Nos cerca de 5 hectares de áreatrabalhada, esta Agricultora cultiva “de tudoum pouco”. Produz Milho, Centeio, Vinho,Batata, Vitelos, Ovelhas, Porcos, etc. Gostamuito do que faz, porque, citando palavrassuas, “amo a Natureza”. Mas no seu dia-a--dia, na sua lida agrícola o que a cativamais é lavrar a Terra, sendo ela mesma queconduz o tractor.

RETRATORETRATORETRATORETRATORETRATO

A D. Salete ligou-se à CNA porque,segundo afirmou, “... a CNA defende oAgricultor, tem muito mérito por ajudar ospequenos Agricultores e para dizer asverdades ao Governo”. Considera que asituação agrícola do nosso País só estáboa para “os grandes”, que não fazem nadae não cultivam as Terras e está má para “ospequenos” que trabalham arduamente. Porisso, faz questão de estar presente nasmanifestações Agrícolas, para demonstrarque está “descontente com o que oGoverno faz com os Agricultores”.

O pobre Agricultor,É tão pobre e infeliz.Trabalha o ano inteiro,É um escravo do País.

Esta vida é tão ingrata,E até dá que pensar.Cria um vitelo ao ano,E nem o deixam matar!

Onde é que isto vai ter?Onde é que irá parar?Os ordenados na mesma,E a vida sempre a aumentar!

Mas também é capaz de revelar a sen-sibilidade de uma artista verdadeiramentepopular. Nos seus tempos livres MariaSalete dedica-se à escrita de quadras.Tome-se de exemplo as que se seguem:

Por Sílvia Ferreira Borges

RETRATO

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ENTREVISTA

O Sr. Júlio dos Santos Manaia tirou, emMaio de 2003, o curso de Horticultura naADACO (Associação Distrital dosAgricultores de Coimbra), o qual tevegrande utilidade na sua vida.

Trabalhou desde sempre na Agricultura,embora exercesse outra profissão, a detécnico de telecomunicações. Actualmente,está aposentado, daí decidiu dedicar maisdo seu tempo à Agricultura! Juntamentecom a sua esposa, D. Celeste, está doisdias por semana a vender os seusprodutos hortícolas no Mercado Municipalde Coimbra. Actividade que a D. Celestejá exerce à bastantes anos.

O Sr. Júlio Manaia tem uma filha formadaem economia, da qual se orgulha. Comodisse à Voz da Terra, esta por vezes até osajudava a trabalhar na Agricultura, mas elesnão insistiam muito porque “... trabalhar naAgricultura é empobrecer alegremente”!

Quando frequentou o curso deHorticultura disse que aprendeu coisasnovas, mas que também ensinou!

Voz da Terra – Porque é que optou portirar o curso de Horticultura?

Sr. Júlio Manaia – Porque gostava equeria aprender mais coisas que faziamfalta no tipo de vida que estou a executar.

V.T. – O curso foi acessível ou sentiudificuldades?

J.M. – Foi acessível e aprendi bastante.Havia coisas que eu desconhecia e outrascoisas que eu já sabia de há muitos anos.Coisas que eu aprendi com os meus pais,com os meus avós. O curso foi útil, foiagradável e aprendi bastante. Gostei, estoua pôr em prática o que aprendi e dáresultado!

“...estou a pôr em prática o queaprendi (...) e posso dizer que aminha produção de cebolasaumentou este ano...”

V.T. – O que é que mais gostou de aprendere o que é que achou mais complicado?

J.M. – De uma maneira geral nada foicomplicado. O que mais gostei deaprender foram as rotações que eramcoisas que nós desconhecíamostotalmente. Hoje eu posso dizer que aminha produção de cebolas aumentou esteano, porque coloquei em prática coisas quejá sabia por alto mas nunca tinha posto emprática. E posso dizer que este ano tenhouma produção superior, talvez em 20 ou30%, e com um tamanho espectacular. Eapenas com a rotação e o tratamento dalavoura da terra.

V.T. – Que mudanças é que o curso lhetrouxe a nível profissional?

J.M. – Principalmente essa do aumento deprodução. Porque temos melhoresprodutos sem investir em bastantesadubos. Fazer a rotação das culturas naterra é fundamental, tanto na couve, comoem todos os produtos que eu produzo.Todas as hortícolas melhoram se nósprepararmos a terra de outro modo e nãoandarmos sempre a pôr a mesma culturano mesmo sítio.

V.T. – Há quanto tempo trabalha nestaárea?

J.M. – Trabalhei toda a vida na Agricultura,embora fosse empregado. Cheguei a terum posto de leite e vacas, 20 anos (...)Sempre fui horticultor, vendendo no

ENTREVISTA

Sr. Júlio Manaia

Horticultor de CondeixaPor Sílvia Ferreira Borges

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ENTREVISTA

mercado de Coimbra. E intensifiquei aactividade face a me ter aposentado e mesentir com coragem para trabalhar e ser umbocado activo. Continuei e gostei destepasso de aprender (referindo-se ao cursode horticultura). Pena é que não hajammais cursos, especialmente um depesticidas e herbicidas, que seriafundamental. Já agora, uma achega, oscursos deviam ser dados no Inverno e nãono Verão, porque no Verão há muitosafazeres por causa da rega.

“... ninguém nos apoia(...) opequeno agricultor tem quemorrer à míngua!”

V.T. – O que é que produz nesta área?

J.M – Produzo fundamentalmente alface,couve, beterraba de mesa, tudo o que éhortícola. Mas cebola, fundamentalmente,se calhar sou o maior produtor de cebolado distrito de Coimbra. Este ano,possivelmente, produzi alguns 1200 sacosde cebola, a passar. Já não tenho onde aspôr!

V.T. – A Agricultura está, actualmente, aatravessar um período de crise. Já sentiuessa crise a nível pessoal?

J.M. – Nunca vi a situação tão crítica! Nósvamos para o mercado e levamos maispara casa do que vendemos. As pessoasnão têm dinheiro. As pessoas nãocompram! Não vale a pena andarmos acultivar muito porque as pessoas nãocompram! Eu cheguei a trazer três cabazesde cebolas para o mercado e levar quaseos três para casa! Cheguei a ter mercadosde vender duas ou três couves!

V.T. – Na sua opinião, qual seria a soluçãopara esta situação?

J.M. – A solução! Quem devia pôr mãosnisto é o Governo, as Cooperativas!Ninguém põe mãos em nada disto, é sópara os amigos. Porque se nós tivéssemosalguém que nos pagasse os produtos!...Porque se este ano há muita batata e muitacebola não se vendem. No outro ano hápoucas e são caríssimas! Se houvesse umpreço pago, justo que compensasse oagricultor de trabalhar com segurança!Agora veio a chuva, e eu tenho dezenas dequilos de cebolas por apanhar, já sei queparte delas se vão estragar. Se eu agorativesse a quem despachar uma certaquantidade delas o prejuízo não era tãograve. Assim, vejo o trabalho de um ano air todo por água abaixo! E ninguém nosapoia! São capazes de ir apoiar quemcompra uma máquina para ter dentro decasa e andar a passear... (...) O pequenoAgricultor tem que morrer à míngua!Trabalha só por desporto!(...) Acho que os nossos governantes deviamver a coisa mais bem vista e apoiar os querealmente trabalham, e os que têm espíritode iniciativa! Não é apoiar quem tem muitasterras! Têm-nas, mas estão todas aopousio. Compram uma máquina e dizemque o Estado dá-lhes qualquer coisa, e nãoprecisam de andar a amanhar terras, porquesó dão prejuízo. E quem anda a trabalhar nãotem direito a nada. Porque, inclusivamente,eu, grande parte das terras, 50% delas,tenho arrendadas, não são minhas, tenhoque pagar renda ao fim do ano. E nos diasde hoje pagar renda!...

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INTERNACIONAL

Por Vanda Santos

Como já tinha sido anunciado numBoletim anterior, foi publicamente lançada,em Bruxelas, no passado dia 24 de Maio,a Campanha Europeia e Internacionalpor uma outra PAC. Com umaConferência de Imprensa e uma acçãosimbólica frente ao Conselho Europeu.

Em ambas as iniciativas esteve presenteJoão Vieira, em representação da CPE.

CPE e a Via Campesina pretendemagregar à sua volta o maior númeropossível de movimentos, organizaçõesagrícolas e de consumidores em geral, nadefesa da Agricultura Familiar e daSoberania Alimentar.

CHAMAMENTO EUROPEU E INTERNACIONAL:¡MUDEMOS A POLÍTICA AGRÍCOLA DA UNIÃO EUROPEIA!

CNA está envolvida nesta campanhaenquanto membro da CPE –Coordenadora Agrícola Europeia.

“Por ocasião da primeira reunião do Conselho de Ministros da Agricultura da UniãoEuropeia ampliada, as organizações agrícolas da Europa e de outros continentes fazemum chamamento e lançam uma campanha europeia e internacional para mudar de PAC.

Com efeito, a União Europeia comprometeu a sua política agrícola. A PAC perdeulegitimidade tanto a nível europeu como internacional, destrói emprego no mundo rural,deve reorientar-se segundo as necessidades e expectativas dos agricultores e doscidadãos (e não em função das grandes distribuidoras e da agro-indústria, como temacontecido).

Nós, agricultores e agricultoras da Europa,Nós, cidadãos e cidadãs europeus,

Nós, agricultores e agricultoras dos Estados UnidosNós, agricultores e agricultoras da África, América Latina e Ásia,

Nós agricultores e agricultoras do mundo inteiro,

- Declaramos que outra política agrícola europeia, legítima e justa a nível internacional,é possível,- Declaramos que o conjunto dos agricultores(ras) e dos cidadãos/ãs poderá forçaros Governos a mudar de política agrícola,- Declaramos lançar hoje uma campanha europeia e internacional com este objectivo:

Salvemos os agricultores e as agricultorasSalvemos a nossa alimentaçãoSalvemos as nossas paisagens

Salvemos o Planeta!”

Segue um resumo do Apelo Internacional:

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AG

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ACTIVIDADES DA CNA E ASSOCIADAS - AGOSTO

INTERNACIONAIS

PEDIDO DE OFERTAS DE GÉNEROS AGRÍCOLAS

A Direcção Nacional da Confederação Nacional da Agricultura, CNA,de novo apela aos Agricultores e a algumas estruturas ligadas aosector, no sentido de ofertarem Produtos Agro-Alimentares não-perecíveis. Com o objectivo de poderem reverter depois, em fundospara apoiar a actividade associativa da Confederação.

As ofertas podem ser entregues directamente à CNA ou às suasAssociadas Regionais.

Agradecendo desde já.

A Direcção Nacional da CNA

NACIONAIS

Dia 31

Inauguração das Instalações da Secre-taria de Estado da Agricultura, na Golegã.

A representar a CNA estiveram JoãoVieira, Roberto Mileu, António Ferraria eAmândio Freitas.

Dia 27

A Federação dos Agricultores doDistrito de Santarém - FADS realizouuma conferência de imprensa, nos Cam-pos de Vila Franca de Xira. O objectivo foio de denunciar as dificuldades de escoa-mento da produção de tomate, que éagravado com o fecho de algumas fábri-cas ao fim-de-semana.

Amândio Freitas, da Direcção daFADS e da D.N. da CNA, foi o porta-vozdesta conferência de imprensa.

Dias 29 Julho a 06 Agosto

Participação na Assembleia Geral da“The National Family Farmers Coalition”,(Confederação Nacional dos AgricultoresFamiliares), em Albany, no Estado deNova York, nos EUA. Durante estes diastambém se realizaram visitas a diversasexplorações agrícolas de carácter familiare, ainda, a explorações agrícolas intensi-vas de produção de leite, com mais de5000 bovinos.

O Dirigente da CNA, João Vieira es-teve em representação da CPE.

CNACONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA

Rua do Brasil, 155 • 3030-175 COIMBRA • Telf. 239 70 89 60 • Fax 239 71 53 70

Grande Concentração de Agricultores

na Abertura da AGROVOUGA 2004

CNA, Associadas e centenas de Agricultoresjuntaram-se para exigir uma justa aplicação da Reforma da PAC.

10 de Julho de 2004

Mais de 60 tractores desfilaram desde Ovar até Aveiro. Distribuiram leitee produtos hortícolas e apelaram ao consumo dos produtos nacionais.