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ESTREIA Já nas salas TÍTULO ORIGINAL The Amazing Spider-Man REALIZAÇÃO Marc Webb ELENCO Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Denis Leary, Martin Sheen, Sally Field DURAÇÃO I36 min. ENREDO Criado pelos seus tios Ben (Sheen] e May (Field], Peter Parker (Garfield) é um jovem do secundário que tem problemas com os colegas e um fraquinho por Gwen Stacy (Stone]. Ao decidir investigar o desaparecimento dos pais, Peter encontra-se com Curt Connors (Ifansl, antigo colega do seu pai e uma aranha radioativa. (Rhys Ifan), também conhecido por The Lizard. O resultado desta mistura encontra-se ainda rodeado por algumas cenas de ação muito bem conseguidas e um bom enredo focado na humanização das personagens e interpretações bastante sólidas, especialmente por Andrew Garfield e Emma Stone. Os geeks (especialmente os virados para a ciência) são vistos de maneira muito diferente pelo comum dos mortais desde a versão de Parker interpretada por Tobey Maguire há dez anos. Os programadores informáticos do Facebook, da Apple ou da Google dominam o mundo, A Teoria do Big Bang é a série mais popular nos Estados Unidos e a Comic-Con tem uma grande importância para a indústria do entretenimento. No entanto, o Parker de Andrew Garfield continua a ser o estereótipo do nerd que leva com bolas de basquetebol na cara, tem o seu cacifo barrado por casais aos beijos e tem um cubo de Rubik "resolvido" no quarto. A diferença é que, desta vez, é dotado em técnicas de skate e tem um cabelo fixe. Webb investe algum tempo no passado de Parker (apresenta-nos os seus pais), transformando a sua determinação para desvendar o mistério no qual está envolto o desaparecimento dos seus pais num dos principais elementos do filme. Esse mesmo elemento é apresentado e rapidamente posto de parte semelhança da obsessiva procura pelo assassino do seu tio), sem que grandes explicações sejam dadas. As raízes da história continuam as mesmas - aranha radioativa, Tio Bcn, início da luta contra o crime -, no entanto, este filme consegue encontrar cores diferentes e, por vezes, mais interessantes para a mesma tela. A mordida da aranha é algo mais natural e de que Peter mal se apercebe, ao contrário do plano fechado sobre a aranha a ferrar os dentes na sua mão no filme de Raimi. Desta vez, Peter apercebe-se dos seus poderes através de algumas sequências cómicas (partir um despertador, apertar um tubo de pasta de dentes com demasiada força), em contraste com a cena do primeiro filme onde Tobey Maguire apanha um avião de papel graças ao seu Sentido de Aranha. No filme de 2002, a primeira luta com o rufia Flash é algo desajeitada, com Parker a desviar-se um pouco casualmente dos golpes de Flash até que lhe dá um forte soco. Em 2012, Parker é um pouco mais agressivo ao humilhar o seu némesis no campo de basquetebol, divertindo-se ao fazé-10. Até o discurso de Tio Ben é ligeiramente diferente e levou, certamente, os argumentistas a consultarem O Grande Livro dos Sinónimos para transformarem a mítica expressão "com grande poder vem uma grande responsabilidade" noutra cujo significado é exatamente o mesmo. Curt Connors é o vilão de O Fantástico Homem- Aranha. Ao procurar um meio de regenerar membros humanos, Connors transforma-se em The Lizard, um lagarto gigante que reduz a sua dor ao falar consigo próprio (bem ao estilo de Grcen Goblin) e ao montar um laboratório num esgoto com o objetivo de "curar" a Humanidade. O conceito de um homem tão concentrado em praticar o bem ao ponto de não conseguir distingui-lo do mal é deveras interessante Webb não utiliza a mesma extravagância visual de (500) Dias; apesar de viver do fantástico, este é um ambiente mais real. Para além do cameo de Stan Lee (o melhor até ao momento), cheio de comédia >

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ESTREIA Já nas salas

TÍTULO ORIGINAL The Amazing

Spider-Man

REALIZAÇÃO Marc Webb

ELENCO Andrew Garfield, Emma

Stone, Rhys Ifans, Denis Leary,

Martin Sheen, Sally Field

DURAÇÃO I36 min.

ENREDO Criado pelos seus tios Ben

(Sheen] e May (Field], Peter Parker

(Garfield) é um jovem do secundário

que tem problemas com os colegas

e um fraquinho por Gwen Stacy

(Stone]. Ao decidir investigar o

desaparecimento dos pais, Peter

encontra-se com Curt Connors

(Ifansl, antigo colega do seu pai

e uma aranha radioativa.

(Rhys Ifan), também conhecido

por The Lizard. O resultado desta

mistura encontra-se ainda rodeado

por algumas cenas de ação muito

bem conseguidas e um bom enredo

focado na humanização das

personagens e interpretaçõesbastante sólidas, especialmente porAndrew Garfield e Emma Stone.

Os geeks (especialmente os

virados para a ciência) são vistos

de maneira muito diferente

pelo comum dos mortais desde

a versão de Parker interpretada

por Tobey Maguire há dez anos.

Os programadores informáticos do

Facebook, da Apple ou da Googledominam o mundo, A Teoria do Big

Bang é a série mais popular nos

Estados Unidos e a Comic-Con

tem uma grande importância

para a indústria do entretenimento.

No entanto, o Parker de Andrew

Garfield continua a ser o estereótipodo nerd que leva com bolas de

basquetebol na cara, tem o seu

cacifo barrado por casais aos beijos

e tem um cubo de Rubik "resolvido"

no quarto. A diferença é que, desta

vez, é dotado em técnicas de skate

e tem um cabelo fixe. Webb investe

algum tempo no passado de Parker

(apresenta-nos os seus pais),transformando a sua determinação

para desvendar o mistério no qualestá envolto o desaparecimentodos seus pais num dos principaiselementos do filme. Esse mesmo

elemento é apresentado e

rapidamente posto de parte (àsemelhança da obsessiva procura

pelo assassino do seu tio), sem que

grandes explicações sejam dadas.

As raízes da história continuam

as mesmas - aranha radioativa, Tio

Bcn, início da luta contra o crime

-, no entanto, este filme consegueencontrar cores diferentes e, porvezes, mais interessantes para a

mesma tela. A mordida da aranha é

algo mais natural e de que Peter mal

se apercebe, ao contrário do planofechado sobre a aranha a ferrar

os dentes na sua mão no filme de

Raimi. Desta vez, Peter apercebe-sedos seus poderes através de algumas

sequências cómicas (partir um

despertador, apertar um tubo

de pasta de dentes com demasiada

força), em contraste com a cena do

primeiro filme onde Tobey Maguire

apanha um avião de papel graçasao seu Sentido de Aranha. No filme

de 2002, a primeira luta com o rufia

Flash é algo desajeitada, com

Parker a desviar-se um poucocasualmente dos golpes de Flash

até que lhe dá um forte soco.

Em 2012, Parker é um poucomais agressivo ao humilhar o seu

némesis no campo de basquetebol,divertindo-se ao fazé-10.

Até o discurso de Tio Ben

é ligeiramente diferente e levou,

certamente, os argumentistasa consultarem O Grande Livro

dos Sinónimos para transformarem

a mítica expressão "com grande

poder vem uma grande

responsabilidade" noutra cujo

significado é exatamente o mesmo.

Curt Connors é o vilão de

O Fantástico Homem- Aranha.

Ao procurar um meio de regenerarmembros humanos, Connorstransforma-se em The Lizard,um lagarto gigante que reduz

a sua dor ao falar consigo próprio(bem ao estilo de Grcen Goblin)e ao montar um laboratório num

esgoto com o objetivo de "curar"

a Humanidade. O conceito

de um homem tão concentrado

em praticar o bem ao ponto de jánão conseguir distingui-lo do malé deveras interessante

Webb não utiliza a mesma

extravagância visual de (500) Dias;

apesar de viver do fantástico, este

é um ambiente mais real. Para além

do cameo de Stan Lee (o melhor até

ao momento), cheio de comédia >

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e energia, a realização é mais sólida

e menos espetacular. Chegadafinalmente a altura de Parker vestir o

seu fato, temos um Homem-Aranhasarcástico que lança teias

descontraidamente e com estilo e quebate em rufias apenas por diversão,

voltando um pouco às origens

e ao estilo irreverente de Stan Lee

e Steve Ditko, que esteve ausente

na versão de Raimi. O regressodos lançadores de teia (Raimi brincou

com a mitologia da personagemao pôr as teias a serem lançadasde fornia orgânica, diretamentedas suas veias, como resultadoda mutação de Parker) pode ser um

regresso à tradição, mas é também

uma maneira desesperada parademonstrar a inteligência de Peter.

A mistura entre o prático baloiçar

(veja o Aranha a correr na lateral

de camiões) e as sólidas animações

em CG consegue capturar muitobem o ambiente que a arte de MarkBagley transmite na série Ultimate.No entanto, à medida que o filme

avança, as cenas de ação tornam-semenos impressionantes. O resgatenum carro em chamas resulta

muito melhor do que a batalha final.

Não ajuda o facto de Webb não ter a

mesma queda natural de Raimi para a

espetacularidade. Existe também um

momento em que a cidade se junta

para ajudar o nosso herói , que nos

devia dar vontade de aplaudir, mas

que acaba por ser um pouco vazio.

Mas o pilar mais forte de

O Fantástico Homem-Aranhaé a tocante e bastante credível

relação entre Peter e Gwen.

Existem filmes essencialmente

juvenis que não nos proporcionam as

já habituais conversas embaraçosas

nos corredores da escola tão bem

conseguidas como as que Garfielde Stone nos oferecem. Desde estarno quarto de Gwen até ao receio de

conhecer o seu pai, chefe da polícia(Leary), passando pela dificuldade

em comer peixe cozido no jantarem casa da sua "namorada", Petervai reagindo de maneira diferenteàs varias situações. Garfield, que tem28 anos, apesar de não parecer, provaser um mestre da inadaptação social,

com um total domínio em situaçõesdesastrosas. As cenas silenciosas

com a Tia May de Sally Field (menosirritante que a versão de RosemaryHarris) e Martin Sheen são tambémmomentos muito fortes no filme.

Isto tudo significa que o tempo

que Parker leva até vestir o fatode Homem-Aranha pela primeiravez (e é bastante) é passado sem queo espetador se sinta aborrecido porainda não ter visto o super-herói.

A par dos confrontos de Kirke Picard (Picard), Alien e Aliens

(Alicn), Cantina Band e The MaxRebo Trio (taco a taco), o debate

geek sobre o confronto de Mary Jane

e Gwen Stacy como o verdadeiro

amor de Peter Parker continua,mas Emma Stone coloca uns pesosa favor de Gwen. Um dos momentosmais engraçados de Gwen é a

conversa que ela tem com o seu paisobre chocolate quente. Este c umdos raros momentos em que as

personagens de um filme baseado

em BD falam de algo para alémdo enredo, e O FantásticoHomem-Aranha prova que deviam

fazê-lo mais vezes. IF

VEREDICTOCom grandes interpretaçõesde Garfield e Stone, 0 Fantástico

Homem-Aranha é um raro

exemplo de um filme de BD

que explora melhor a relaçãoentre as personagens do queo super-herói. Pode não chegarao nível de Os Vingadores, masé um bom filme que se encontra

capaz de viver confortavelmentecom a era Raimi. ••*

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