12
 2 Principio do Trabalho Virtual (PTV) 2.1.Continuo com microestrutura  Na teoria que leva em consideração a microestrutura do material, cada  partícula ainda é representada por um ponto P, conforme Figura 1. Porém suas  propriedades cine máticas são d efinidas sob um ponto de vista micros cópico. Neste  ponto de observação, o ponto P passa a ser definido como um contínuo de  pequena exte nsão C(P) ao redo r do ponto P. Um contínuo micromórfico de primeira ordem é obtido através do deslocamento u’ i  no ponto P’ em C(P) e é expresso através da expansão de Taylor até o primeiro grau, de coordenadas x’ i  em P’, conforme equação 1.  j ij i i  x u u ' '     ·······························································································································1 O significado desta consideração é claro, consegue-se descrever o movimento relativo de vários pontos da partícula ao assumir que a deformação é homogênea dentro do volume da partícula C(P). O tensor de segunda ordem ij    é composto de parte simétrica e anti- simétrica, conforme e quação 2 e proposto seg undo [35]. A primeira c orresponde ao tensor d e microdeformaç ão, equação 3, e a s egunda parcela ao tensor de microrrotação, equação 4.    P    U    C      R    i   o      C   e   r    t    i    f    i   c   a   ç    ã   o    D    i   g    i    t   a    l    N       0    5    1    0    7    4    1    /    C    A

Principio Do Trabalho Virtual

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Trabalho Virtural

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  • 2Principio do Trabalho Virtual (PTV)

    2.1.Continuo com microestrutura

    Na teoria que leva em considerao a microestrutura do material, cada

    partcula ainda representada por um ponto P, conforme Figura 1. Porm suas

    propriedades cinemticas so definidas sob um ponto de vista microscpico. Neste

    ponto de observao, o ponto P passa a ser definido como um contnuo de

    pequena extenso C(P) ao redor do ponto P.

    Um contnuo micromrfico de primeira ordem obtido atravs do

    deslocamento ui no ponto P em C(P) e expresso atravs da expanso de Taylor

    at o primeiro grau, de coordenadas xi em P, conforme equao 1.

    jijii xuu '' 1

    O significado desta considerao claro, consegue-se descrever o

    movimento relativo de vrios pontos da partcula ao assumir que a deformao

    homognea dentro do volume da partcula C(P).

    O tensor de segunda ordem ij composto de parte simtrica e anti-

    simtrica, conforme equao 2 e proposto segundo [35]. A primeira corresponde

    ao tensor de microdeformao, equao 3, e a segunda parcela ao tensor de

    microrrotao, equao 4.

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  • 32

    x1

    x2

    P

    C(P)

    Contnuo Macroscpico

    Microcontnuo

    x1

    x2Eixos Locais

    Eixos Cartesianos Globais

    x1

    x2

    P

    C(P)

    Contnuo Macroscpico

    Microcontnuo

    x1

    x2Eixos Locais

    Eixos Cartesianos Globais

    Figura 1 Representao esquemtica do contnuo clssico e microcontnuo.

    ][)( ijijij 2

    )''''(21

    )( jiijij uu 3

    ijjiijij uu )''''(21

    ][ 4

    No contnuo clssico, que pode ser caracterizado como um contnuo

    generalizado onde o comprimento caracterstico da partcula nulo, apenas possue

    tensor deformao e rotao macroscpica, correspondendo respectivamente

    parcela simtrica e anti-simtrica, conforme equaes 5, 6 e 7.

    ][)( ijijij 5

    )(21

    )( jiijij uu 6

    ijjiijij uu )(21

    ][ 7

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  • 33

    Os tensores de macro e micro deformaes no so grandezas objetivas,

    significando que suas grandezas variam em relao ao movimento de corpo

    rgido. Como h necessidade de que estas grandezas sejam objetivas para a

    formulao das leis constitutivas, ento definido um tensor relativo:

    ijijij 8

    Este tensor relativo corresponde diferena entre o tensor de macro

    deformao e rotao e o tensor de micro deformao e rotao, conforme alguns

    exemplos na Figura 2 [12].

    Tambm definido um tensor relativo de terceira ordem, pelos mesmos

    motivos explanados acima. Este define a variao do tensor de segunda ordem ij ,

    tanto da sua parcela simtrica quanto da anti-simtrica, ou seja, o gradiente

    referente rotao e deformao microscpica, conforme equao 9 e Figura 3.

    ijkijkx 9

    O contnuo generalizado de Mindlin [35] assume que a partcula C(P) sofre

    microdeformaes homogneas. As condies cinemticas deste contnuo so

    representadas em associao com a energia gerada e os seguintes tensores, para o

    trabalho virtual das foras internas: o tensor convencional, denominado de Cauchy

    ( ij ), o tensor microscpico ( ijS ) e o tensor duplo ( ijk ). Ser agora definido um

    tensor, denominando de tensor total ( ij ), para representar o continuo

    generalizado, seja do ponto de vista macroscpico ou macroscpico e

    microscpico, conforme equao 10. Para o trabalho virtual das foras externas de

    massa e superfcie, existem foras: a fora de massa ( if ) e a fora de superfcie

    ( iT ), ambos referentes ao tensor total, a fora dupla da massa ( ij ) e a fora dupla

    de superfcie ( ijM ), ambas referentes ao tensor duplo.

    ijijij S 10

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  • 34

    22

    x2

    x122

    2d

    x1

    x2

    222 udx

    222 d

    22

    x2

    x122

    2d

    x1

    x2

    222 udx

    222 d

    x2

    x1

    x1

    x2

    21u

    21

    12

    2d

    2121

    x2

    x1

    x1

    x2

    21u

    21

    12

    2d

    2121

    x2

    x1

    x1

    x2

    12u

    12

    12u

    12

    2d

    1212

    x2

    x1

    x1

    x2

    12u

    12

    12u

    12

    2d

    1212

    Figura 2 Representao fsica do tensor relativo de segunda ordem ij

    [12].

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  • 35

    111

    211

    121

    221

    )(21

    121211

    111111 x

    211211 x

    121121 x

    221221 x

    )(21

    121221 xx

    111

    211

    121

    221

    )(21

    121211

    111111 x

    211211 x

    121121 x

    221221 x

    )(21

    121221 xx

    )(21

    121211 )(21

    121221 xx )(21

    121211 )(21

    121221 xx

    Figura 3 Representao dos gradientes relativo de rotao e/ou deformao

    micromrfica e das tenses duplas conjugadas ao gradiente [12].

    2.2.Principio DAlembert

    O princpio afirma que a soma das diferenas entre as foras agindo em um

    sistema S e as derivadas no tempo dos momentos do sistema ao longo de um

    deslocamento virtual consistente com os vnculos do sistema, zero, conforme

    equao 11.

    0)( iiii

    i umF 11

    Onde:

    iF so as foras aplicadas;

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  • 36

    iu o deslocamento virtual do sistema, consistente com os vnculos;

    mi so as massas das partculas do sistema;

    i so as aceleraes das partculas do sistema;

    iim representa a derivada temporal do momentum linear da i-sima

    partcula.

    Considere a lei de Newton para um sistema de partculas. A fora total sobre

    cada partcula :

    iiiT mF 12

    Onde:

    iTF so as foras totais agindo no sistema de partculas;

    iim so as foras inerciais resultantes das foras totais.

    Movendo as foras inerciais para o lado esquerdo da equao e

    considerando o trabalho virtual, W, realizado pelas foras totais e inerciais juntas

    atravs de um deslocamento virtual do sistema, temos:

    0)( iiii

    iT umFW 13

    que zera pelo fato de as foras totais sobre cada partcula serem nulas.

    Separando as foras totais em foras aplicadas, iF , e foras de vnculo, iC ,

    temos:

    0)( iiiii

    i umCFW 14

    Se deslocamentos virtuais arbitrrios so assumidos em direes ortogonais

    s foras de vnculo, ento as foras de vnculo no realizam trabalho. Tais

    deslocamentos so ditos serem consistentes com os vnculos. Isto leva

    formulao do princpio de d'Alembert, que afirma que a diferena entre as foras

    aplicadas e as foras inerciais para um sistema dinmico no realiza trabalho

    virtual:

    0)( iiii

    i umFW 15

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  • 37

    2.3.PTV do Contnuo Generalizado

    Aqui introduzirar-se- o conceito bsico de trabalho e deslocamento virtual

    ao se considerar uma pequena partcula rgida onde foras atuam. A partcula se

    encontra em equilbrio, ento a resultante das foras atuantes so nulas. Caso se

    deseja movimentar esta partcula para uma nova posio, uma fora adicional

    requerida, ento o sistema de foras originais ser modificado. Agora considerar-

    se- um deslocamento virtual definido como um deslocamento arbitrrio que no

    afeta o sistema de foras atuante na partcula. Em outras palavras, o deslocamento

    virtual um deslocamento ficticio e durante a aplicao de cada fora na partcula

    permanece constante em magnitude e direo. Para um deslocamento infinitesimal

    as foras devido ao deslocamento so pequenas e podem ser negligenciadas

    quando comparadas com as foras atuantes, ento as vezes o deslocamento virtual

    pode ser considerado como um deslocamento infinetisimal. Apesar de que por

    definio no necessariamente o deslocamento virtual seja infinitesimal [8].

    Foras e tenses no so aplicadas diretamente, mas sim o trabalho virtual

    que estas geram para determinado tipo de deslocamento virtual. Mais

    precisamente, para um sistema S num dado tempo, um deslocamento virtual

    definido por um vetor , que corresponde a um campo de velocidade virtual. O

    deslocamento virtual u representado por um espao vetorial U cujos elementos

    so u . O sistema de foras que se quer considerar definido pela aplicao

    continua de U R ou

    W L (u ) 16

    W um nmero real e corresponde ao trabalho virtual produzido por um

    sistema de foras num campo vetorial U precisa ser um espao vetorial topolgico

    para garantir a continuidade de L (u ).

    Assim como a velocidade real, a virtual definida em funo de um

    sistema. O campo de velocidades do mesmo movimento virtual em dois diferentes

    sistemas difere somente do campo de velocidade referente ao movimento de corpo

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  • 38

    rgido, o qual define um espao vetorial C. Assumi-se que C ser sempre

    subespao de U.

    As diversas foras que atuam no sistema mecnico sero subdivididas de

    maneira clssica, de duas formas: foras externas, que representam o efeito

    dinmico em S devido interao com outros sistemas que no fazem parte de S,

    e foras internas, que representam o efeito que um subsistema (Si) de S realiza em

    outro subsistema (Sj) e vice-versa.

    Quando um volume est sob a ao de um sistema de cargas, foras internas

    so geradas neste. O comportamento do volume, tal como deformaes, ou falha,

    est relacionado com a distribuio de foras internas, que por sua vez est

    relacionado s foras externas. As foras externas so divididas em dois grupos:

    foras de massa e foras de superfcie. Caso um plano imaginrio passe atravs do

    volume como apresentado na Figura 4, e na parte I tem as foras F1 e F2 (foras

    externas) e na parte II atuam as foras F3 e F4 (foras externas), o corpo est em

    equilbrio pois as foras que atuam na parte I se anulam com as que atuam na

    parte II. Porm esta fora est distribuda ao longo do plano que passa pelo

    volume, que corresponde fora mdia definida como [2]:

    AFFmedia

    17

    Dai tem-se o conceito de que a tenso (fora interna) no ponto A

    corresponde a variao de fora por unidade de rea quando a rea tende a zero,

    conforme equao 18.

    dAdF

    AF

    A

    0

    lim 18

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  • 39

    I

    IIF1

    F2

    F3

    F4

    F

    A

    I

    IIF1

    F2

    F3

    F4

    F

    A

    Figura 4 Foras de Superfcie Externas e Foras Internas [2]

    importante notar que a definio de trabalho virtual das foras internas

    tem que respeitar ao axioma apresentado.

    Axioma do trabalho das foras internas: O trabalho virtual das foras

    internas que atuam no sistema S para o determinado deslocamento virtual uma

    grandeza objetiva, entende-se que o trabalho ser o mesmo em qualquer que seja o

    sistema onde se observa o movimento virtual. Isto quer dizer que para qualquer

    campo de velocidade referente ao movimento de corpo rgido o trabalho das

    foras internas ser nulo.

    Como j dito o trabalho virtual nulo, j que as foras se anulam, ento por

    isto a partcula esta em equilbrio, conforme equao 19.

    0 IE WWW 19

    O trabalho virtual interno correspondente a energia de deformao

    absorvida pela partcula devido ao trabalho virtual externo realizado pelas foras

    externas. As foras internas atuantes num meio analisado sob o ponto de vista

    macroscpico e microscpico so as seguintes: tenses de Cauchy ( ij ), ou

    tenses macroscpicas, tenses microscpicas ( ijS ), ou tenses relativas e

    segunda tenso microscpica ( ijk ), ou tenso dupla, que um tensor de terceira

    ordem. O tensor macroscpico convencional simtrico, ou seja, jiij

    . Ento

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  • 40

    o trabalho virtual interno, de um meio que ocupa um volume V e uma fronteira

    pode ser expresso da seguinte maneira:

    dVxSW ijijkijijijV

    ijI )( 20

    Substituindo na equao 20 a equao 5 at equao 9 tem:

    dVSuSW ijkijkijijiV

    jijijI }){( 21 Aplicando a integrao por partes:

    dnnuSdVSuSW kijijkiiijijijijkkijiV

    jijijI }){(})(){(

    22

    Onde in uma normal unitria apontado na perpendicular da fronteira .

    O trabalho virtual das foras internas pode ser dividido em trabalho virtual

    devido as foras internas de massa e devido as foras internas de superficie,

    conforme equao 23 at equao 25.

    IIV

    I WWW 23

    dVSuSW ijijkkijiV

    jijijIV })(){( 24

    dnnuSW kijijkiiijijI }){( 25

    O passo seguinte introduzir o trabalho virtual das foras externas, que

    pode ser dividido em trabalho virtual devido as foras externas de massa e devido

    as foras externas de superficie, conforme j definidas anteriormente. Suas

    equaes se encontram apresentadas abaixo.

    EEV

    E WWW 26

    dVufW ijijiV

    iEV )( 27

    dMuTW ijijiiE )( 28

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  • 41

    O ltimo passo aplicar o principio do trabalho virtual equao 19.

    Assume-se que iu e ij escolhidos de modo que estes sejam nulos fora do

    volume. Dai, na soma dos trabalhos virtuais, somente a integral de massa

    permanece, a qual nula para qualquer valor de iu e ij . Como consequncia

    bvia, podemos igualar diretamente os coeficientes do trabalho virtual devido as

    foras externas e internas de massa. Separando a parcela do tensor total e do

    tensor duplo teremos as duas equaes de equilbrio conforme equao 29 e

    equao 30.

    0)( ijijji Sf 29

    0 ijkkijij S 30

    Novamente o mesmo vlido para o trabalho virtual devido s foras

    externas e internas de superficie, j que iu e ij so valores arbitrrios.

    Separando a parcela do tensor total e do tensor duplo teremos as duas condies

    de contorno naturais conforme equaes 31e 32.

    iijiji nST )( 31

    kijkij nM 32

    Na teoria de Mindlin [35], tanto iu quanto ij so independentes e por

    isto suas condies de contorno essenciais podem ser aplicadas de maneira

    independente, j que o problema totalmente desacoplado. O mesmo vlido

    para as condies de contorno naturais, podem ser aplicadas de maneira

    independente. Difcil conhecer as condies de contorno ditas como no

    clssicas ij e ijM , fato que no impede a utilizao da teoria de Mindlin [35], j

    que se pode simplesmente apenas prescrever as condies de contorno ditas como

    clssicas, no reconhecendo que isto seja o ideal, ou que represente o problema de

    fato. Como ser visto mais adiante, algumas das teorias que tomam em

    considerao a partcula no tem suas condies de contorno desacopladas, ou

    seja, iu e ij dependem um do outro, como o caso, por exemplo, da teoria do

    2 gradiente [36], [37] e [38] e da teoria das tenses-momento [39]. Fato este que

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  • 42

    por muitas vezes impede que tais teorias sejam utilizadas na engenharia, j que

    estas condies de contorno nem sempre so conhecidas. Esta uma vantagem da

    Teoria de Cosserat, pois apesar das condies de contorno no serem

    desacopladas, estas so de mais fcil interpretao e compreenso fsica.

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