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Quais os procedimentos para otimizar o aprendizado e a evocação de informações? Em 1879, o britânico sir Francis Galton se interessava pela modificação das lembranças pessoais ao longo do tempo, estudando-as com a ajuda de um método de associação de idéias a partir de palavras-índice: evocava-se a primeira lembrança que vinha à mente diante de uma palavra apresentada, e depois se dava essa lembrança (PIOLINO; DESGRANGES; EUSTACHE, 2005). Fazendo essas experiências consigo mesmo, Galton concluiu que o esquecimento é menos o fruto de uma degradação das lembranças em decorrência do tempo que o resultado de um mecanismo dinâmico que se deve à interferência das lembranças da idade adulta sobre aquelas dos primeiros anos de vida. A obra de Galton introduz, assim, o estudo da memória em situações mais próximas da vida cotidiana como a retenção de dados (PIOLINO; DESGRANGES; EUSTACHE, 2005). ... A capacidade e a eficácia da memória só podem ser avaliadas por meio da evocação ou recordação efetiva dos aprendizados prévios, para viabilizar a aplicação dos conhecimentos de modo funcional na solução dos problemas e na criação de novas oportunidades de desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento (KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004). A recordação depende da consolidação ou formação de memórias após a aquisição do conhecimento ou habilidade. Um dos seus aspectos notórios é que a aprendizagem é muito mais lábil pouco depois de sua aquisição do que horas ou dias depois. Então é muito importante entender e aplicar na prátrica as alternativas que otimizem a consolidação das memórias para facilitar a evocação posterior (KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004). Se a informação percebida será ou não lembrada posteriormente dependente de diversos fatores. Os mais importantes que operam juntos no momento do aprendizado são: o número de vezes em que um evento ou fato é repetido, sua importância, o grau em que o indivíduo pode organizá-los e relacioná- lo ao conhecimento que já tinha e a facilidade com que pode relembrar o material após ele ter sido apresentado. Todos esses fatores influenciam a natureza e o grau de codificação que ocorre no momento do aprendizado inicial, assim como quão efetivamente um novo evento ou fato resulta em uma alteração neuronal no encéfalo (SQUIRE; KANDEL, 2003). Lembra-se melhor de um novo material quanto mais completamente processá- lo. Quanto mais razões tiver para estudá-lo, mais gostar do assunto e mais trazer a personalidade por completo para o momento do aprendizado, melhor será a memória. O aprendizado não é automático. Determinadas informações, habilidades, cenas, imagens e momentos são lembrados porque interessam mais. Nesses casos, lembra-se tão bem que espontaneamente engaja-se em codificações profundas e elaboradas, como no ensaio artístico em que lembra-se e recorda-se o evento repetidamente na mente antes de interpretá-lo (SQUIRE; KANDEL, 2003). Os interesses e preferências influenciam a natureza e a intensidade da memória resultante. Em contraste, quando deseja-se especificamente lembrar de uma informação e o aprendizado é intencional em vez de incidental, pode-se aumentar a probabilidade de ter uma memória robusta e duradoura mediante a utilização de processos de codificação elaborados na tarefa de memória. Há possibilidade de arranjar múltiplos episódios de aprendizado ao invés de um, recapitular o material para poder construir,

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Quais Os Procedimentos Para Otimizar o Aprendizado e a Evocação de Informações

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Quais os procedimentos para otimizar o aprendizado e a evocação de informações?

Em 1879, o britânico sir Francis Galton se interessava pela modificação das lembranças pessoais ao longo do tempo, estudando-as com a ajuda de um método de associação de idéias a partir de palavras-índice: evocava-se a primeira lembrança que vinha à mente diante de uma palavra apresentada, e depois se dava essa lembrança (PIOLINO; DESGRANGES; EUSTACHE, 2005).Fazendo essas experiências consigo mesmo, Galton concluiu que o esquecimento é menos o fruto de uma degradação das lembranças em decorrência do tempo que o resultado de um mecanismo dinâmico que se deve à interferência das lembranças da idade adulta sobre aquelas dos primeiros anos de vida. A obra de Galton introduz, assim, o estudo da memória em situações mais próximas da vida cotidiana como a retenção de dados (PIOLINO; DESGRANGES; EUSTACHE, 2005). ...

A capacidade e a eficácia da memória só podem ser avaliadas por meio da evocação ou recordação efetiva dos aprendizados prévios, para viabilizar a aplicação dos conhecimentos de modo funcional na solução dos problemas e na criação de novas oportunidades de desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento (KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004).A recordação depende da consolidação ou formação de memórias após a aquisição do conhecimento ou habilidade. Um dos seus aspectos notórios é que a aprendizagem é muito mais lábil pouco depois de sua aquisição do que horas ou dias depois. Então é muito importante entender e aplicar na prátrica as alternativas que otimizem a consolidação das memórias para facilitar a evocação posterior (KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004).Se a informação percebida será ou não lembrada posteriormente dependente de diversos fatores. Os mais importantes que operam juntos no momento do aprendizado são: o número de vezes em que um evento ou fato é repetido, sua importância, o grau em que o indivíduo pode organizá-los e relacioná-lo ao conhecimento que já tinha e a facilidade com que pode relembrar o material após ele ter sido apresentado. Todos esses fatores influenciam a natureza e o grau de codificação que ocorre no momento do aprendizado inicial, assim como quão efetivamente um novo evento ou fato resulta em uma alteração neuronal no encéfalo (SQUIRE; KANDEL, 2003).Lembra-se melhor de um novo material quanto mais completamente processá-lo. Quanto mais razões tiver para estudá-lo, mais gostar do assunto e mais trazer a personalidade por completo para o momento do aprendizado, melhor será a memória. O aprendizado não é automático. Determinadas informações, habilidades, cenas, imagens e momentos são lembrados porque interessam mais. Nesses casos, lembra-se tão bem que espontaneamente engaja-se em codificações profundas e elaboradas, como no ensaio artístico em que lembra-se e recorda-se o evento repetidamente na mente antes de interpretá-lo (SQUIRE; KANDEL, 2003).Os interesses e preferências influenciam a natureza e a intensidade da memória resultante. Em contraste, quando deseja-se especificamente lembrar de uma informação e o aprendizado é intencional em vez de incidental, pode-se aumentar a probabilidade de ter uma memória robusta e duradoura mediante a utilização de processos de codificação elaborados na tarefa de memória. Há possibilidade de arranjar múltiplos episódios de aprendizado ao invés de um, recapitular o material para poder construir, no contexto do aprendizado, dicas de evocação que provavelmente estarão presentes quando a memória for utilizada mais adiante (SQUIRE; KANDEL, 2003).

Com a exposição anterior entende-se que peritos não têm um dom especial para lembrar-se de detalhes que não sejam significativos para sua área de especialidade (SQUIRE; KANDEL, 2003).Cada especialista deve ter acumulado alterações específicas no encéfalo que facilitam a percepção e análise de situações relevantes de sua área de especialidade. O achado de que peritos têm memória excelente para essas situações deriva naturalmente de sua enorme capacidade de perceber e analisar. Anos de prática mudaram seu encéfalo, que pode depois codificar e processar material relevante mais completamente e em maior detalhe do que o encéfalo de não-peritos (SQUIRE; KANDEL, 2003).Evocar com eficácia a memória de uma temática, objeto e habilidade requer que sejam colocados juntos os diferentes tipos de informações distribuídos ao longo de vários sítios corticais e reunir a informação em um todo coerente. A evocação da memória, entretanto, não é simplesmente a reativação dos vários fragmentos distribuídos que constituem o engrama (SQUIRE; KANDEL, 2003).Quase sempre e é natural que a memória funciona pela extração de um significado, não mediante a retenção de um registro literal daquilo que encontra-se (SQUIRE; KANDEL, 2003).Dependendo da dica ou da parte da lembrança que esteja disponível, pode ocorrer que apenas alguns fragmentos do engrama sejam ativados. Mas se a dica for fraca ou ambígua, pode ser que

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aquilo que foi reativado seja até mesmo diferente do que foi armazenado. O ato de lembrar-se, assim, engrena um processo reconstrutivo, não uma espécie de “registro em vídeo” literal do passado. No final, uma experiência de evocação pode ser tida como precisa e subjetivamente convincente quando é apenas uma aproximação do passado e não de uma reprodução exata (SQUIRE; KANDEL, 2003).Para serem eficientes, as instruções para a evocação, ou dicas, devem ser capazes de reviver a memória, e as dicas de evocação mais eficientes são aquelas que despertam os aspectos mais bem codificados do evento ou dado de que está tentando lembrar (SQUIRE; KANDEL, 2003).A evocação é mais bem sucedida quando o contexto e as dicas que estavam presentes no momento que o material foi aprendido pela primeira vez são os mesmos que o contexto e as idéias presentes posteriormente, quando se está tentando evocar aquela memória. Esse princípio pode ser útil quando aplicado nos trabalhos e nas experiência diárias. Por exemplo, durante o preparo para um exame oral, esse será mais eficiente se tentar explicar o material para outra pessoa em voz alta, em vez de simplesmente tentar lembrar ler o material para si mesmo (SQUIRE; KANDEL, 2003).As pessoas comuns têm melhor memória para generalização, abstração e reunião de conhecimentos em geral, e não na retenção de um registro literal de eventos em particular. Naturalmente esquece-se as particularidades, e, pelo esquecimento, ganha-se a possibilidade de abstrair e reter os pontos principais. A memória normal não está sobrecarregada pelos detalhes individuais e isolados que preenchem cada momento de experiência. Pode-se esquecer os detalhes, mas mesmo assim formar conceitos e gradualmente absorver conhecimento pela adição de lições de diferentes tipos de experiência (SQUIRE; KANDEL, 2003).Embora tipicamente forme memórias de longa duração apenas após treinamentos repetidos a intervalos espaçados, novas informações às vezes fixam-se de modo firme na mente após uma única exposição. Esse aprendizado após uma única exposição é particularmente desenvolvido em alguns raros indivíduos dotados de memória excepcional, sendo exceção difente do que ocorre com a maioria das pessoas como foi descrito (SQUIRE; KANDEL, 2003).Evoção por meio de dicas ocorre como no efeito do priming que é de natureza grandemente perceptiva (SQUIRE; KANDEL, 2003).O priming refere-se a um aperfeiçoamento da capacidade de detectar ou identificar palavras ou objetos após uma experiência recente com eles. Para essa definição, o priming poderia parecer apenas outro modo de falar a respeito da memória declarativa que experimenta-se todo dia. Entretanto, estudos cuidadosos mostraram que o priming é um fenômeno distinto de memória. A característica chave do priming é ser inconsciente. Sua função é melhorar a percepção de estímulos encontrados recentemente, mas não precisam estar conscientes de que a velocidade ou eficiência da percepção foi melhorada (SQUIRE; KANDEL, 2003).Se o priming é independente da capacidade de lembrar conscientemente, então deve envolver sistemas encefálicos outros que o sistema do lobo temporal medial, que é essencial para a memória declarativa. Ademais, os pacientes amnésicos, que apresentam prejuízo na memória declarativa, deveriam ainda ser capazes de um priming de longa duração (SQUIRE; KANDEL, 2003).Assim, o efeito do priming parece depender sobretudo de o observador ter realizado exatamente a mesma operação perceptiva em uma ocasião anterior ou já ter visto o estímulo anteriormente(SQUIRE; KANDEL, 2003).Uma característica notável do priming é que ele pode persistir por um tempo bastante longo, mesmo após uma única experiência, sendo uma vantagem extraordinária para retenção de conteúdos (SQUIRE; KANDEL, 2003).Mas da perspectiva de ser considerado inconsciente, talvez seja desejável que o priming não tenha muita influência sobre a memória declarativa que é consciente (SQUIRE; KANDEL, 2003).Os exemplos mais descritos envolveram priming de desenhos e de palavras. De fato, o priming pode ser demonstrado para quase qualquer estímulo perceptível, como: palavras cuja pronúncia não existe, seqüências de letras sem sentido, objetos visuais estranhos, padrões novos de linhas e material apresentado oralmente. Além disso o priming pode ser observado em testes que requeiram análise do significado (SQUIRE; KANDEL, 2003).Mnemotécnicas são artifícios usados para codificar um conjunto de informações em esquemas mais viáveis e motivadores de fixação e consolidação de memórias para facilitar a posterior evocação a curtos e longos prazos (LANGONI, 2003).Uma vez identificadas as formas de codificação mais eficazes, estas tornam funcionais, úteis e práticas somente com o uso repetido para chegar a colocá-las em ação com rapidez para diferentes formas de aprendizagem (LANGONI, 2003).A maior parte das pessoas em geral não é capaz de desenvolver uma técnica própria para a lembrança de informações ou números. Admitindo-se que esteja disposta a fazê-lo, recorre às técnicas mnemônicas. As mais conhecidas se dividem em duas categorias: mnemotécnicas

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baseadas na codificação, que ensinam a transformar as informações recebidas de modo a facilitar a posterior recuperação; e mnemotécnicas baseadas na organização, que fornecem um esquema cognitivo no qual são inseridas as informações a serem retidas e apreendidas (LANGONI, 2003).Uma mnemotécnica tradicional baseada na codificação é chamada cifra – consoante e permite transformar seqüências de números em palavras ou vice-versa, que, por sua vez, possam ser facilmente traduzíveis em imagens visuais. A cada cifra de zero a 9 é associado um som consonantal e não de vogais com o auxílio de um recurso mnemônico. Por exemplo:Número 1 associa letra T, porque é consoante que lembra este algarismo e a este se relaciona a imagem de TELHA;Número 2 associa a letra N, porque esta letra tem dois traços na vertical e liga-se a imagem de NOÉ;Número 3 associa a letra M, porque esta consoante tem três pernas e correlaciona a imagem de MÃO (LANGONI, 2003).As cifras, oportunamente agrupadas em números, são transformadas em palavras quando se acrescentam, aos correspondentes sons de consoantes, vogais sem valor numérico. “Outros exemplos: ao número 32 pode ser associada palavra “mina”, aos 321, minuto”. Essa técnica, além de funcionar no aprendizado de seqüências de cifras, pode ser útil para aprender datas históricas. Por exemplo, Hitler torna-se chanceler da Alemanha em 1933: a seqüência dos algarismos da data pode ser traduzida em duas palavras: “tapa”, que corresponde a 19, e “múmia”, que corresponde a 33. O passo seguinte é formar uma imagem mental que seja útil para lembrar a data histórica, como “tapa da múmia”. O fato de as palavras associadas a números serem facilmente traduzíveis em imagens permite outras mnemotécnicas para lembrar a seqüência de palavras e os números correspondentes a elas (LANGONI, 2003).As palavras chave, como foram usadas anteriormente: TÉIA, NOÉ e MÃO representam idéias concretas e são codificadas na memória sob a forma de imagens. Então para memorizar uma seqüência de termos lingüísticos ou de conceitos, pode-se fazer isso facilmente, “atrelando” à palavra um ou mais termos que denotam imagens com possibilidade interativa. Para recordar a seqüência dos termos, basta utilizar as palavras-chave como sugestão e recuperar as informações a elas relacionadas (LANGONI, 2003).Na mnemotécnica dos lugares, a estrutura também é organizada por um percurso mental a ser seguido, mas de acordo com uma seqüência prefixada de lugares. A escolha do percurso é individual, por isso os lugares devem ser memorizados antes, sob a forma de imagens mentais (LANGONI, 2003).Suponhamos, por exemplo, que se deve memorizar um texto. Este deve ser primeiramente reduzido a uma seqüência de palavras básicas que representam o seu conteúdo. Cada palavra deve ser, então, associada ao lugar correspondente a primeira palavra ao primeiro lugar, a segunda ao segundo lugar e utilizando-se a mediação das imagens mentais. Os conteúdos do texto serão recuperados quando se percorrer mentalmente o caminho, buscando, em cada lugar, a palavra básica do texto aí “depositada”. Dessa palavra básica pré-fixada passa-se à parte do texto que ela resume (LANGONI, 2003).Lugares e palavras-chave são úteis quando a seqüência de tempo dos conceitos é essencial para uma correta compreensão ou comunicação da informação. Na base de ambas as técnicas existem a pré-memorização de uma seqüência de imagens, associada aos lugares de um percurso fixo ou a uma determinada seqüência de palavras (LANGONI, 2003).Entender o processo da mnemotécnica da associação pode basear-se no fato de muitos psicólogos relatarem que as memórias são armazenadas em redes associativas, que são estruturas cognitivas nas quais os diversos componentes da memória são representados separadamente e encadeados. Para que a memória surja na consciência, a rede associativa precisa alcançar certo nível de ativação, que ocorre em função do número de componentes da memória que são ativados e o peso de cada componente ativado. Aspectos fundamentais da memória terão um peso maior do que as coisas menos importantes. Quanto mais pistas estiverem presentes durante o aprendizado e também durante a recordação, e quanto maior o peso dos componentes da memória ativados pelas pistas durante a rememoração, mais provável será a existência de uma lembrança (LEDOUX,2001).Por isso, muitos autores consideram a memória uma função basicamente associativa, e é útil considerar todas as memórias, com exceção da memória de trabalho, consistentes em processos associativos (KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004).O cérebro também trabalha por ligações. Se não consegue lembrar de um fato, ligá-lo a uma memória significativa ou a última será um ganho para busca do primeiro. É essa a base de todos os sistemas mnemônicos. Umas poucas pessoas são capazes de memorizar vastas quantidades de informações como listas telefônicas inteiras, por exemplo, com o uso de vários truques mnemônicos (CARTER, 2003).Com o uso de técnicas especiais e de muito exercício, é possível adquirir habilidades específicas

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de memória que podem parecer excepcionais, por serem extremamente superiores à média dos considerados normais que fazem mais generalizações do que retenções literais de informações (LANGONI, 2003).Os mnemonistas que são capazes de reter vastas listas de dados literalmente apresentam duas características. Primeira, é que embora suas memórias possam ser boas para um determinado assunto, eles normalmente não têm um conhecimento profundo desse assunto. Segunda, ter uma memória excepcional não é algo agradável, porque o esquecimento é importante no funcionamento intrínseco do processo seletivo de memorização (SQUIRE; KANDEL, 2003).Com técnica e criatividade é possível aprender e aplicar estratégias de mnemotécnicas que permitam melhorar a memória de fixação e favorecer adequada evocação de conteúdos previamente estudados (LANGONI, 2003).É característica marcante das mnemotécnicas baseadas na codificação o uso de palavras para memorizar seqüências de números e de imagens visuais marcantes e pré-fixadas em seqüência para poderem ser relacionadas com novos conhecimentos que precisam ficar retidos algumas vezes em determinada ordem rígida (LANGONI, 2003).Na mnemotécnica da associação a característica principal é codificar palavras em imagens mentais que se formam espontaneamente através de uma técnica associativa, criando histórias muitas vezes estranhas para facilitar as lembranças de determinados dados (LANGONI, 2003).Uma outra explicação possível para alguns tipos de memória excepcional é que a longa prática e o interesse por certos tipos de material, por exemplo, os números, ativam formas de codificação eficazes para uma lembrança posterior. Por exemplo, uma pessoa com prática nos números acha facilmente, em uma seqüência numérica, uma regra para passar de um número para outro, sem a necessidade de recorrer a uma mnemotécnica particular. Portanto, tratar-se-ia de uma espécie de habilidade natural ligada a um interesse particular (LANGONI, 2003).A prática e o uso de mnemotécnicas parecem agir preponderantemente mais sobre a memória recente do à de longo prazo. Com esforço pessoas comuns podem obter os efeitos da prática na memorização. A lembrança indelével, a uma distância temporal, de informações que não são significativas parece requerer algo diferente em termos estruturais (LANGONI, 2003).A memória é, portanto, uma faculdade mental que pode ser melhorada se for colocadas em prática formas eficazes de codificação (LANGONI, 2003).