110
RENATO BARTH PIRES Juiz Federal Mestre em Direito pela PUC/SP Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP PROCESSO CIVIL PREVIDENCIÁRIO À luz do CPC/2015

PROCESSO CIVIL PREVIDENCIÁRIO À luz do CPC/2015 · Valor da causa e dano moral no JEF “(...) . 2. Tendo o valor da causa reflexos na competência do Juízo para a demanda (art

Embed Size (px)

Citation preview

RENATO BARTH PIRES

Juiz Federal

Mestre em Direito pela PUC/SP

Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP

PROCESSO CIVIL PREVIDENCIÁRIOÀ luz do CPC/2015

Proposta de trabalho

Razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF/88).

Cabe aos operadores do Direito dar a sua contribuição para isso.

É claro que nem todos têm interesse em uma rápida solução da causa (basicamente, quem deve ou quem teme)

Quando se litiga contra o Estado, a situação é pior, diante das várias prerrogativas (“privilégios”) processuais: prazos, intimação pessoal, duplo grau de jurisdição, cumprimento da sentença, etc.

Ao litigar contra o Estado, é preciso atuar para contrabalançar esse desequilíbrio

Proposta de trabalho

Isso significa:

– Redigir a petição inicial de forma

tecnicamente correta, com clareza e

objetividade

– Facilitar a compreensão dos fatos e da

controvérsia

– Interpor os recursos adequados

– Enfim, ADVOGAR ESTRATEGICAMENTE

REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Artigo 319 do NCPC.

Por que se exige do advogado redigir uma

petição inicial formalmente apta?

REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

1. O Juízo a que é dirigida.– Competência:

Delimitação da jurisdição

Distribuição racional do trabalho

Especialização

– Erro:

Se incompetência relativa – prorroga se não alegada em preliminar

de contestação (15 dias úteis ou 30 dias úteis para o INSS – art. 65);

Se incompetência absoluta – pode ser alegada em preliminar de

contestação, ou a qualquer tempo, e declarada de ofício – art. 64, §

1º.

– Nos dois casos: juiz ouve a parte contrária e decide “imediatamente”.

1. O Juízo a que é dirigida

Onde localizar critérios de competência?– Constituição Federal

– Leis federais (CPC)

– Leis de organização judiciária dos Estados

– Provimentos dos Tribunais (TJ, TRF, TRT, TRE, etc).

1. O Juízo a que é dirigida

Justiça Federal:

CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:– I - as causas em que a União, entidade autárquica ou

empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

INSS é autarquia federal;

Logo, a maioria das ações previdenciárias será proposta perante a Justiça Federal.

Competência firmada pela qualidade da parte (autarquia federal) – é absoluta – pode ser declarada de ofício e arguida em preliminar de contestação.

1. O Juízo a que é dirigida

Justiça Estadual:– CF, art. 109.

– § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

– § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

– “Competência delegada”: recurso para o TRF.

1. O Juízo a que é dirigida

Justiça Estadual é opção do segurado/assistido.

Observações:

– 1) Opção não pode ser exercida se o autor é domiciliado em cidade que é sede da

Justiça Federal ou de JEF.

– 2) Não pode haver uma “quarta via”: por exemplo, Justiça Federal em outra Subseção

(que não a da Capital).

– Exemplo: segurado domiciliado em Campos do Jordão, que não

tem Justiça Federal, mas integra a jurisdição das Varas Federais

de Taubaté;

– Segurado pode escolher propor a ação na Justiça Estadual em

Campos do Jordão, na Justiça Federal em Taubaté ou na Justiça

Federal em São Paulo – mas não pode propor na Justiça Federal

em São José dos Campos (Súmula 689 do STF)

– TRF3 – pode ser declarada de ofício (alguns julgados).

1. O Juízo a que é dirigida

Acidente do trabalho:

Artigo 109, I, da Constituição: “exceto as de acidente do trabalho” – Justiça Estadual.

Competência absoluta – Juiz declara de ofício.

Recurso para o TJ.

Como saber? Em benefícios por incapacidade (aposentadoria por invalidez, auxílio doença e auxílio-acidente), é necessário identificar a origem da doença e do acidente?

se doença profissional ou acidente do trabalho, Justiça Estadual;

indício: Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT); algumas vezes: só depois da perícia.

1. O Juízo a que é dirigida

Conceito legal de acidente do trabalho e doença profissional: artigos 20 e 21 da Lei nº 8.213/91:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

1. O Juízo a que é dirigida

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

1. O Juízo a que é dirigida

Cuidado: mandado de segurança.

– A competência para julgar o mandado de

segurança firma-se de acordo com a categoria da

autoridade impetrada e de sua sede funcional;

– Matéria previdenciária: autoridade do INSS (chefe

da APS, gerente executivo, etc.) – sempre Justiça

Federal.

– Mesmo se for em acidente do trabalho: STJ:

prevalece a natureza da autoridade sobre a

natureza do direito material controvertido.

1. O Juízo a que é dirigida

PEC 287/2016 (reforma da previdência social):

“Art. 109. [...] I - as causas em que a União, entidade

autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na

condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as

de falência e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do

Trabalho;

§ 3º As causas de competência da justiça federal poderão

ser processadas e julgadas na justiça estadual, quando a

comarca não for sede de vara do juízo federal, nos termos

da lei.

Transfere acidente do trabalho para a JF – amplia a

competência delegada.

E o JEF?

Lei nº 10.259/2001: “Art. 3º Compete ao Juizado

Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar

causas de competência da Justiça Federal até o

valor de sessenta salários mínimos, bem como

executar as suas sentenças”.

Em resumo: todas as causas do art. 109 da CF,

desde que não se encaixem em alguma das

exceções da Lei nº 10.259/2001 ou se tratar de

pessoa que não pode ser parte perante o JEF.

“Até 60 salários mínimos”

Qual salário mínimo? o fixado em lei federal válido para a data da propositura da ação (Enunciado nº 15 do FONAJEF).

Hoje: R$ 56.220,00

Como medir o valor da causa no JEF?

Se obrigações vincendas (futuro): a soma de 12 parcelas não pode ser superior a 60 salários mínimos.

Se obrigações vencidas (passado) e vincendas (futuro): a soma do total, com juros e correção monetária, não pode passar de 60 SM (todas as vencidas e mais 12 vincendas).

Se pedido incluir indenização por dano moral: obrigações vencidas, 12 vincendas e mais indenização.

TRF 3ª Região (alguns julgados): para fixar competência do JEF, considera-se o dano moral em valor até o do dano material:

Valor da causa e dano moral no JEF

“(...) . 2. Tendo o valor da causa reflexos na competência do Juízo para a demanda (art. 3º, § 3º, Lei nº

10.259/2001), bem como na verba de sucumbência e nas custas processuais, não pode o autor fixá-lo ao

seu livre arbítrio. O valor da causa deve corresponder ao proveito econômico perseguido pela parte,

podendo o magistrado, de ofício, com base nos elementos fáticos do processo, determinar a sua

adequação. 3. É certo que, havendo cumulação dos pedidos de concessão de benefício previdenciário e de

indenização por danos morais, os respectivos valores devem ser somados para efeito de apuração do valor

da causa (inteligência do art. 259, II, do CPC). Contudo, a pretensão secundária não poderia ser

desproporcional em relação à principal, de modo que, para definição do valor correspondente aos danos

morais, deveria ter sido utilizado como parâmetro o quantum referente ao total das parcelas vencidas e

vincendas do benefício previdenciário pretendido. 4. Sendo excessivo o valor atribuído à indenização por

danos morais, vale dizer, ultrapassando o valor pretendido o limite equivalente ao total das parcelas

vencidas mais doze vincendas do benefício (inteligência do art. 260 do CPC), é perfeitamente possível que

o Juízo reduza, de ofício, o valor da causa, ao menos provisoriamente, com vistas à fixação da

competência para o julgamento do feito (...) (TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, AI 0034397-46.2012.4.03.0000,

Rel. Desembargador Federal FAUSTO DE SANCTIS, julgado em 20/05/2013, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/05/2013)

Mesmo sentido: AI 00154691320134030000, Rel. RAQUEL PERRINI, TRF3 - OITAVA TURMA, e-DJF3

18.10.2013; AI 00338726420124030000, Rel. SOUZA RIBEIRO, TRF3 - NONA TURMA, e-DJF3 28.02.2013; AI

00142108020134030000, Rel. SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3 04.9.2013.

“Valor da causa” e “valor da condenação”

É possível que, em razão do tempo

decorrente do processamento da ação, o

valor da condenação supere os 60 salários

mínimos.

Qual é a conduta do Juiz? Extinguir? Intimar

o autor para renunciar ao excedente?

“Valor da causa” e “valor da condenação”

Lei nº 10.259/2001:

Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em

julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias,

contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para

a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco

do Brasil, independentemente de precatório.

§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações

ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de

precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a

competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput). (...).

§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1º, o

pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à

parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa

optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista.

“Valor da causa” e “valor da condenação”

5ª Turma Recursal de São Paulo:

“(...) II - VOTO Inicialmente, não há que se falar em incompetência do Juizado Especial Federal, em

razão do valor da causa, pois não há nos autos comprovação de que o montante pretendido pela parte

autora supera o limite de alçada estabelecido no artigo 3°, § 2°, da Lei federal n° 10.259/2001. Note-se

que os conceitos de valor da causa e valor da condenação são inconfundíveis. A Lei nº 10.259/2001

permite expressamente a expedição de precatório no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo

17, § 4º), razão pela qual nada impede que a execução seja realizada em valor superior a sessenta

salários mínimos, conquanto a competência seja limitada a esse valor na data do ajuizamento da

demanda. Tal é, inclusive, o entendimento já pacificado pelas Turmas Recursais: SÚMULA Nº 16 - É

possível a expedição de precatório no Juizado Especial Federal, nos termos do artigo 17, §4º, da Lei nº

10.259/2001, quando o valor da condenação exceder 60 (sessenta) salários mínimos." (Origem

Enunciado 20 do JEFSP)” (Processo 00294956220124036301, Rel. Juiz OMAR CHAMON, e-DJF3

24.5.2013).

No mesmo sentido:

Processo 00184566820124036301, Rel. Juíza FLAVIA PELLEGRINO SOARES, TR3 - 3ª Turma

Recursal - SP, e-DJF3 09.5.2013;

Processo 00095013120064036310, Rel. CRISTIANE FARIAS RODRIGUES DOS SANTOS, TR4 – 4ª

Turma Recursal, e-DJF3 23.5.2013.

A competência do JEF é absoluta:

Lei nº 10.259/2201: “Art. 3º § 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta”.

Consequências:

– Incompetência deve ser alegada em preliminar de contestação;

– Juiz pode declarar a incompetência de ofício (mesmo sem provocação do réu), a qualquer tempo (não preclui).

– Jurisdicionado não pode escolher onde propor (JEF ou Vara), se houver JEF e Vara instalados na cidade de seu domicílio.

Conduta do Juiz: extinção do processo:

– Enunciado nº 24 do FONAJEF: Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1º da Lei n. 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei n. 9.099/95, não havendo nisso afronta ao art. 12, § 2º, da Lei 11.419/06.

– Lei nº 11.419/2006 (informatização do processo judicial). Art. 12. A conservação dos autos do processo poderá ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico. § 1º Os autos dos processos eletrônicos deverão ser protegidos por meio de sistemas de segurança de acesso e armazenados em meio que garanta a preservação e integridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos suplementares. § 2º Os autos de processos eletrônicos que tiverem de ser remetidos a outro juízo ou instância superior que não disponham de sistema compatível deverão ser impressos em papel, autuados na forma dos arts. 166 a 168 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, ainda que de natureza criminal ou trabalhista, ou pertinentes a juizado especial.

Conflito de competência entre JEF e Vara dentro da mesma Região:

– Súmula 428 do STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competênciaentre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

Competência para concessão de liminar e/ou tutela provisória

A concessão de medidas liminares é, obviamente,

do Juízo competente para aquele processo.

Mas a doutrina entende que o “poder geral de

cautela” é inerente à função jurisdicional.

Assim, mesmo o Juiz incompetente pode deferir

medida de urgência destinada a evitar o

perecimento de direito.

Essa medida de urgência pode ser revista, se for o

caso, pelo Juízo competente.

CPC

Art. 64, § 4º: “Salvo decisão judicial em

sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos

de decisão proferida pelo juízo incompetente

até que outra seja proferida, se for o caso,

pelo juízo competente”.

Ressalva importante.

2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Qualificação completa e correta:– Maria Silva é diferente de Maria da Silva;

– Isso é essencial para o pagamento do precatório/RPV: se estiver errado, devolve.

Profissão:– Informação fundamental para os benefícios por incapacidade

(auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente).

2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Domicílio e residência do autor (atualizados): alguns problemas administrativos na implantação do benefício;

– INSS manda uma carta pedindo complementação de algum documento, não obtém resposta e o “sistema” bloqueia o pagamento;

– Perícias domiciliares: (estudo sócio econômico em LOAS);

– Intimações pessoais (para prestar depoimento pessoal, para constituir novo advogado em caso de renúncia).

– Art. 274, parágrafo único, do CPC: Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo [...].

2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

CPF:– Importantíssimo:

– Na JF não se distribui ação sem CPF (indica possíveis ações anteriores, inclusive no JEF);

– Mesmo para incapazes

– Precatório/RPV: CPF inválido ou irregular faz com que a requisição de pagamento seja devolvida;

Se “pendente de regularização”, impede o levantamento dos depósitos judiciais;

CPF do advogado:– Incluir na procuração;

– Precisa ser intimado para apresentar e aí passa o 1º de julho (só em 2019);

– Não recebe honorários (já cheguei a requisitar só do cliente do advogado que, intimado, não informou o CPF)

CNPJ da sociedade de advogados:– Incluir na procuração;

– É possível receber honorários no CNPJ da sociedade – artigo 85, § 14 do CPC

– (inclusive contratuais, com destaque na requisição). – destaque – artigo 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia).

2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Artigo 319.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá

o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a

sua obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de

informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao

disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações

tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

3. O fato e os fundamentos jurídicos dopedido

Teoria da substanciação: a causa de pedir decorre tanto da relação jurídica/conflito de interesses como dos fatos (diferente da teoria da individualização – só os fatos).

Bom advogado: claro, direto e preciso.

É a causa de pedir:– remota: fatos jurídicos.

– próxima: fundamentos jurídicos;

3. O fato e os fundamentos jurídicos dopedido

FATOS:

– Descrever objetivamente o que interessa para a

causa;

ex.: tudo começou quando a mãe do autor, nos idos de

1950, conheceu o então futuro pai do autor....

Não é isso: são os fatos jurídicos

relevantes para a causa.

3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

A descrição dos fatos deve ser um espelho

do direito material.

Comparar requisitos legais para a concessão

do benefício X petição inicial.

3. O fato e os fundamentos jurídicos dopedido

Auxílio doença: requisitos legais – incapacidade temporária para a atividade profissional habitual (mais de 15 dias), qualidade de segurado e carência (quando necessária):

“O autor é segurado da Previdência Social, na qualidade de empregado, como faz prova a cópiada carteira de trabalho anexada (documento nº 2). Foi acometido de síndrome do túnel do carpo nomembro superior direito, como fazem prova o relatório médico e os exames ora juntados (documentos nº3 a 6), doença que é causa de incapacidade para o trabalho, por mais de 15 dias. O autor requereuadministrativamente o auxílio-doença, que foi indeferido sob a alegação de que não haveria incapacidade,o que não corresponde a verdade. A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante dacompressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e oantebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores que sãorevestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provocacompressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo. No caso do autor, a extensão da doençaé causa de parestesias (formigamentos) e dores constantes no membro superior direito, impedindo-o deexecutar tarefas como manipular objetos pequenos. Considerando que o autor exerce o ofício demontador, atuando na linha de produção de uma indústria de aparelhos eletrônicos, não consegueexercer sua atividade profissional habitual. Tendo cumprido a carência legal exigida (12 meses), temdireito à concessão do auxílio-doença”.

3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

– Aposentadoria por invalidez: incapacidade definitiva, para qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, carência e qualidade de segurado.

“O autor, segurado da Previdência Social, foi acometido de insuficiência renal crônica, doença que causou incapacidade definitiva para exercer qualquer atividade laborativa que lhe garanta a subsistência, já que não pode fazer quaisquer esforços físicos e sua sobrevida depende da realização de sessões diárias de hemodiálise. Requereu administrativamente o benefício, que foi indeferido sob a alegação de que ocorreu a perda da qualidade de segurado. Ocorre que a cessação de vínculos de emprego e de contribuições à Previdência Social decorreu, exatamente, da incapacidade para o trabalho, razão pela qual tem direito à aposentadoria por invalidez, já que se trata de nefropatia grave, sendo dispensada a carência”.

3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

– Revisão de tempo de contribuição:

– “O autor requereu ao INSS a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, benefício que foi deferido. Apesar disso, o INSS deixou de computar, como tempo de contribuição, o período trabalhado à empresa XYZ, o que reduziu indevidamente a renda mensal inicial do benefício.

– Revisão pelo teto das Emendas nº 20/98 e 41/2003:

– “O autor é titular de aposentadoria por tempo de contribuição, cuja renda mensal inicial foi fixada no valor correspondente ao teto do salário de benefício; por força das Emendas nº 20/98 e 41/2003, foi elevado o valor desse teto, mas o INSS não aplicou esses novos valores aos benefícios concedidos em datas anteriores, o que se pretende obter”.

– Concessão de aposentadoria especial:

– “O autor é segurado da Previdência Social e requereu administrativamente a aposentadoria especial, que foi indeferida, sob a alegação de falta de tempo de contribuição. Ocorre que o INSS deixou de reconhecer, como especiais, os períodos de trabalho prestados às empresas X, Y, e Z, de tanto a tanto, o que impediu que alcançasse tempo suficiente para a concessão do benefício”.

3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

Fundamentos jurídicos

– 1) Doutrina: não é necessária a referência à norma jurídica que ampara a pretensão (não precisa citar os artigos de lei).

MAS: a citação de artigos de lei e da Constituição Federal é indispensável para RE e RESP.

– 2) Não é relevante a qualificação jurídica que o autor dá ao fato (pode ser mudada pelo Juiz, se achar que é o caso – jura novit curia – livre dicção do direito).

Ex.: o autor afirma que o ato de concessão do benefício foi revogado(na verdade, foi anulado); consequências jurídicas distintas (revoga-se por razões de conveniência e oportunidade; anula-se no caso de invalidade – nulidade ou anulabilidade).

MAS: não custa indicar corretamente a norma jurídica, nem dar a correta qualificação jurídica aos fatos em discussão.

3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

Fundamentos jurídicos

Bom conhecimento do direito material:

Quais são os requisitos legais para ter direito a um determinado benefício?– Auxílio doença: incapacidade para sua atividade profissional habitual por mais de 15 dias, de

natureza temporária, mantida a qualidade de segurado e cumprida a carência – quando for o caso);

– Pensão por morte: qualidade de dependente; óbito do segurado; manutenção da qualidade de segurado na data do óbito; dispensada a carência

– Aposentadoria por idade: idade mínima (65 anos para homens, 60 para mulheres, reduzindo em cinco anos se rural); carência de 180 contribuições; regra de transição do art. 142 da Lei nº 8.213/91; prorrogações da Lei nº 11.718/2008, etc.

– Parece óbvio: mas é preciso demonstrar analiticamente que o cliente tem direito ao benefício;

Revisão: qual é o fundamento jurídico que sustenta a revisão pedida?– erro na concessão do benefício;

– erro na contagem do tempo de contribuição;

– erro no cômputo dos salários de contribuição;

– aplicação de índice diverso do previsto em lei (ex. IRSM de fevereiro de 1994 sobre os salários de contribuição anteriores a março);

– ilegalidade do ato administrativo que estipulou os critérios de reajuste (aplicou índice menor que o legal);

– inconstitucionalidade da lei em que se funda a concessão do benefício.

– Motivo do indeferimento?

Outros exemplos

A incapacidade é

preexistente à

filiação/refiliação ao

RGPS.

A incapacidade sobreveio por motivo de agravamento da doença;

quando se agravou, tinha qualidade de segurado

Indefiro a contagem do

tempo especial porque o

PPP indica uso de EPI

eficaz

O uso do EPI não descaracteriza a nocividade e não retira o direito à

contagem do tempo especial.

Indefiro o auxílio-doença

em razão da falta de

cumprimento da carência

Quando do início da incapacidade, a carência tinha sido cumprida/a

doença que causa a incapacidade dispensa a carência

Indefiro o pedido de

desaposentação, por falta

de amparo legal.

A “desaposentação” é decorrência lógica de um sistema previdenciário

de natureza contributiva, que pode ser deferida mesmo sem previsão

legal expressa.

Indefiro por falta de tempo

de contribuição.

Ilegalidade do ato administrativo, por falta de fundamentação, já que

não especifica qual o período que não foi computado/ o tempo de

contribuição está incorreto

Estratégia de bem advogar

Facilitar o trabalho do Juiz: alguns milhares de processos;

ex.: réplica: processualmente, serve para duas únicas coisa: manifestação sobre questões preliminares ou prejudiciais contidas na contestação (337 e 351) e sobre fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (350)

Evitar só repetir o que está na inicial (solução Ctlr C Ctrl V). – serventuário vai juntar uma petição vazia de conteúdo – demora mais sem nenhum sentido; consome mais papel – frente e verso – ambientalmente correto.

Apontar especificamente os problemas da contestação ou do laudo pericial.

Instruir a petição inicial com prova documental desses fatos;– ex.: reajustes de benefício já concedido: observar a data de início do benefício;

– ex.: revisão da renda mensal inicial do benefício: observar se o critério que se pretende rever alcança o período básico de cálculo;

– ex.: salário de benefício e salário de contribuição; reajuste do benefício em manutenção e revisão da renda mensal inicial;

Estratégia de bem advogar

Outros cuidados: identificar o número do benefício (NB) - facilita a localização e o cumprimento de eventual tutela provisória;

Organização correta e coerente dos documentos; facilita a vida do Juiz;– Inclusive no PJe (“outros documentos 1”, “outros documentos 2” etc. – NÃO!) “I love PDF1”...

– Carta de indeferimento

– Contagem de tempo de contribuição INSS

– PPP Embraer/GM/Prefeitura

– Declaração médica 1

– Declaração psiquiatra

– Laudo ressonância magnética.

– Requerimento de revisão

– Acórdão recurso administrativo (Junta de Recursos)

Art. 425, IV: cópias de peças dos autos declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade

4. O pedido, com as suas especificações

É preciso saber pedir:

Princípio da correlação (congruência ou adstrição) entre a sentença e o pedido (arts. 141 e 492 do CPC):

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que foi demandado.

Se não pedir, o juiz não concederá; isso é muito mais grave e muito mais frequente do que se imagina.

– ex.: pediu o “restabelecimento” do benefício que não foi concedido;

– pediu a concessão do benefício, mas não pediu o pagamento dos valores atrasados (o benefício deveria ter sido concedido lá atrás, quando do requerimento administrativo);

– pediu para não se sujeitar ao recolhimento da contribuição previdenciária, mas não pediu a devolução do que foi pago indevidamente.

– não especificou a data de início do benefício (o juiz fixou a partir da citação ou da propositura da inicial, mas ele era devido desde a data de entrada do requerimento administrativo).

Pode até apelar disso: mas se especificar, o juiz precisa decidir e, se esquecer, embargos de declaração;

4. O pedido, com as suas especificações

“Fungibilidade” do pedido nos benefícios por incapacidade: [...] A concessão de auxílio-doença não se revela como julgamento extra petita,

porque há visível fungibilidade entre aquele e a aposentadoria por invalidez, tendo em vista que ambos os benefícios possuem basicamente as mesmas exigências legais (com exceção do grau e duração da incapacidade) e, presentes os requisitos à concessão de qualquer deles, deve a benesse ser outorgada [...] (APELREEX 00270811620164039999, DESEMBARGADOR FEDERAL DAVID DANTAS, TRF3 - OITAVA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:18/10/2016).

[...] 1. Embora a parte autora tenha pleiteado o benefício de auxílio-acidente, nota-se que o MM. Juiz a quo houve por bem em conceder o benefício de auxílio-doença, atendendo ao princípio da fungibilidade do pedido, de forma a não caracterizar julgamento extra petita, devendo ser concedido o benefício adequado, implementados os requisitos necessários, tendo em vista o caráter social que está presente nesta ação [...]. (APELREEX 0112520520114036140, DESEMBARGADOR FEDERAL NELSON PORFIRIO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/06/2016) .

4. O pedido, com as suas especificações

Cumulação de pedidos:

– Pedidos alternativos: quero A ou B. Estou satisfeito com

qualquer um deles.

– Pedidos sucessivos: quero A e B, mas o acolhimento de

B depende do acolhimento de A.

– Pedidos subsidiários ou eventuais: quero A; se não for

possível, quero B; se não for possível, quero C.

ex.: aposentadoria por invalidez, auxílio-doença ou auxílio-

acidente;

ex.: aposentadoria especial ou aposentadoria por tempo de

contribuição (com contagem de tempo especial, convertido em

comum).

4. O pedido, com as suas especificações

Não precisa pedir: juros, correção monetária e verbas de sucumbência (art. 322, § 1º CPC)

prestações periódicas (art. 323 CPC).

despesas processuais antecipadas (art. 82, § 2º do CPC)

honorários de advogado (art. 85 do CPC).

Juros e correção monetária: se pedir e especificar o critério, provoca uma decisão do juiz a respeito, que faz coisa julgada;

Evita rediscutir a matéria em impugnação ao cumprimento da sentença (só o cálculo, não o critério do cálculo);

Manual de Orientação de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução CJF nº 134/2010.

Art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960, de 29.6.2009 (“Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”).

Incidente a partir de 30.6.2009. – inconstitucionalidade – STF, ADI 4357 e 4425 (Emenda nº 62/2009) –modulação só para correção de precatórios (não para condenações em geral) – 25.3.2015.

Atualização – Resolução CJF nº 267/2013: INPC (benefícios previdenciários) IPCA-E (outras verbas) ou SELIC (tributos) no lugar da TR como correção monetária.

5. Valor da causa

Importante calcular: pode alterar a competência (JEF ou vara

previdenciária);

Em regra: valor das prestações vencidas MAIS doze

prestações vincendas (artigo 292, §§ 1º e 2º do CPC);

Se tiver dano moral – vencidas, 12 vincendas e valor da

indenização;

TRF 3ª: para fixação do valor da causa e competência, dano

moral não pode ser maior do que o valor do benefício requerido

(vencido e vincendas).

5. Valor da causa

[...] 1. Não obstante o valor do dano moral seja, em princípio, estimado pelo autor, se o propósito é o de burlar

regra de competência, é evidente que o juiz pode alterá-lo de ofício, devendo, porém, indicar valor razoável e

justificado. 2. O pedido de condenação por danos morais não pode ser excessivo, deve corresponder ao valor

econômico do benefício pleiteado na ação, daí porque o valor da causa deve ser retificado, restando clara a

competência do Juizado Especial Federal. 3. Agravo interno não provido. (AI 00023472520164030000,

DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA, TRF3 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1

DATA:17/02/2017)

[...] 2. A temática trazida no conflito diz com a possibilidade de alteração de ofício, pelo magistrado, do valor

atribuído à causa no tocante ao pleito de indenização por danos morais. 3. O valor atribuído à causa pode ser

retificado, de ofício, pelo magistrado, não se tratando de julgamento do pleito, mas de correção da estimativa posta

na exordial. 4. Esta Corte Regional vem admitindo a retificação de ofício do valor da causa, relativo à indenização

por dano moral, quando a indicação da parte autora representar visivelmente exagero e prestar-se à violação da

competência absoluta dos Juizados Especiais. 5. Conflito de competência julgado improcedente.

(CC 00266971420154030000, DESEMBARGADOR FEDERAL VALDECI DOS SANTOS, TRF3 - PRIMEIRA

SEÇÃO, e-DJF3 Judicial 1 DATA:16/02/2017)

[...] Como se trata de pedido que engloba prestações vencidas e vincendas, o valor da causa deve ser calculado

conforme o disposto no art. 260 do CPC. 4. No que diz respeito ao dano moral, esta Corte vem se posicionando no

sentido de que o pedido indenizatório, em ações previdenciárias, deve ser razoável, correspondendo ao valor

econômico do benefício almejado, para que não haja majoração proposital da quantia indenizatória, com a

consequente burla à competência dos Juizados Especiais Federais. 5. A cumulação de pedidos (incluindo dano

moral) não pode servir de estratégia para excluir a competência dos Juizados Especiais. 6. Agravo legal a que se

nega provimento (AI 00314496320144030000, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO DOMINGUES, TRF3 -

SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:04/03/2015)

6. As provas com que o autor pretende

demonstrar a verdade dos fatos alegados

Importante especificar;

Parte da doutrina distingue:

1) protesto genérico da inicial (“Art. 319, VI: As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados”);

2) especificação (“Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado”).

É uma especificação guiada por aquilo que for alegado pelo réu.

A distinção não é meramente acadêmica: se as partes são especificamente instadas a indicarem as provas, e não o fazem, ocorreu a preclusão (pode ter indicado anteriormente – nova reflexão com o CPC/2015)

Estratégia da boa Advocacia: especificar “de novo”, se necessário.

7. A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos

essenciais e não for o caso de improcedência liminar do

pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de

mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,

devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de

antecedência. (...).

§ 4o A audiência não será realizada:

I - se ambas as partes manifestarem, expressamente,

desinteresse na composição consensual;

II - quando não se admitir a autocomposição.

– Hipótese não aplicável inteiramente à Fazenda Pública (mesmo certos

direitos indisponíveis admitem composição).

Audiência de conciliação ou mediação

Fazenda Pública: princípio da legalidade

Conciliação e transação mediante autorização normativa

específica:

– Lei nº 9.469/97:

– Art. 1º O Advogado-Geral da União, diretamente ou mediante delegação, e os

dirigentes máximos das empresas públicas federais, em conjunto com o dirigente

estatutário da área afeta ao assunto, poderão autorizar a realização de acordos ou

transações para prevenir ou terminar litígios, inclusive os judiciais.

– § 1º Poderão ser criadas câmaras especializadas, compostas por servidores públicos

ou empregados públicos efetivos, com o objetivo de analisar e formular propostas de

acordos ou transações.

– § 5º Na transação ou acordo celebrado diretamente pela parte ou por intermédio de

procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive os casos de

extensão administrativa de pagamentos postulados em juízo, as partes poderão

definir a responsabilidade de cada uma pelo pagamento dos honorários dos

respectivos advogados.

Audiência de conciliação ou mediação

– Recomendação Conjunta CNJ/AGU/MTPS nº

01/2015.

– Portaria PGF nº 258/2016 (acordo em benefícios por

incapacidade).

– Decreto nº 7.392/2010 (Câmara de Conciliação e

Arbitragem da Administração Federal – CCAF).

– Artigo 10 da Lei 10.259/2001 (conciliação nos JEF’s).

– Artigo 8º da Lei 12.153/2009 (conciliação nos JE’s da

FP).

Audiência de conciliação ou mediação

Portanto: previsão legal que depende de especificação em

regulamento ou ato administrativo.

Mesmo quando admissível, pressupõe a colheita de provas

(perícias, audiência de instrução, etc.).

– Ex: benefícios por incapacidade, pensão por morte (dependência

econômica), aposentadoria por idade rural, etc.

Consequências práticas:

– 30 dias úteis para realização da audiência que será fatalmente infrutífera;

– 30 dias úteis para contestar (prazo em dobro – artigo 183).

Juiz pode dispensar a audiência de conciliação ou

mediação?

Tutela provisória

Razoável duração do processo e

efetividade da jurisdição.

Decisões “liminares”:

– “In limine”: no início (embora possam ser

incidentais – no curso do processo).

– Decisões provisórias;

Espécies de decisões liminares

Cautelar: Acautelatória: finalidade de assegurar o resultado útil do

processo principal; não pode esgotar o objeto do processo (“satisfativas”).

Ex.: suspensão da pensão deferida a outro pensionista, até o julgamento da ação principal.

Tutela antecipada (antecipação dos efeitos da tutela):

É a própria decisão de mérito, mas deferida antecipadamente.

É exatamente o que o juiz daria na sentença

Ex.: a concessão do benefício.

Tutela provisória no CPC/2015

Pode ser:

– Tutela provisória de urgência (arts. 300-310). Pode ser cautelar ou antecipada

Pode ser (em ambos os casos) antecedente ou incidental

– Tutela provisória de evidência (art. 311).

– Art. 297: juiz pode determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória

Tutela provisória de urgência

Requisitos (art. 300)

– “Probabilidade do direito”

– “Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo”

– Tutela provisória de urgência cautelar: resguarda o resultado útil do processo “qualquer outra medida idônea para asseguração do

direito” (301)

– Tutela provisória de urgência antecipada: antecipa os efeitos da sentença de mérito

Tutela provisória de urgência

Juiz pode exigir caução (artigo 300, § 1º) – dispensa se a parte não puder oferecê-la.

Pode ser concedida liminarmente ou após audiência de justificação prévia (§ 2º).

Não será concedida se houver risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão (§ 3º)

Composição dos danos causados pela tutela provisória (artigo 302) – nos próprios autos.

Tutela provisória de urgência

Quer cautelar, quer antecipada, pode ser antecedente (antes do processo) ou incidental (no curso do processo).

Tutela antecipada antecedente (303-304):– Antes do processo principal.

– Inicial simples: requerimento da tutela e indicação do pedido de tutela final, exposição da lide, do direito que se quer realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

– Se tutela concedida: em 15 dias (ou prazo maior fixado pelo juiz), autor deve aditar a inicial, complementando a argumentação e documentos e pede a confirmação da tutela final, valor da causa final. Procedimento comum em seguida (audiência etc.)

– Se não aditar, extinto sem resolução do mérito.

Tutela provisória de urgência

Tutela antecipada antecedente (303-304):– A tutela antecipada antecedente ficará estabilizada se o réu não interpuser agravo

de instrumento (artigo 304).

– Processo será extinto.

– Qualquer das partes poderá demandar para rever a tutela estabilizada, no prazo de 02 anos, contado da ciência da decisão que extinguiu o processo.

Tutela cautelar antecedente (305):– Inicial: indicação da lide e seu fundamento, exposição sumária do direito que se quer

assegurar, perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

– Réu citado para contestar (05 dias) e indicar provas.

– Contestado, segue o procedimento comum.

– Efetivada a tutela cautelar, pedido principal deve ser feito em 30 dias, nos mesmos autos (pode aditar pedido, causa de pedir, outros documentos etc.).

– Com pedido principal, audiência etc.

Tutela provisória de urgência

Fungibilidade da tutela provisória de urgência:

Artigo 305. [tutela cautelar antecedente].

Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303” [tutela antecipada antecedente].

“Mão única” ou “mão dupla”?

Tutela provisória de evidência

Tutela de evidência é outra hipótese de

tutela provisória, mas não depende de

prova do perigo de dano ou de risco ao

resultado útil do processo.

São irrelevantes.

Importante instrumento para efetividade da

jurisdição

Tutela provisória de evidência

Hipóteses (artigo 311).

1) Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório da parte;

2) Quando alegações de fato puderem ser comprovadas apenas

documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos

repetitivos ou em súmula vinculante;

3) Quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental

adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem

de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

4) Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos

fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova

capaz de gerar dúvida razoável.

Decisão liminar: só nos casos 2 e 3. Nos demais, precisa ouvir a parte

contrária

Tutela provisória de evidência

Em matéria previdenciária, podem ser mais frequentes:

1. Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o

manifesto propósito protelatório da parte - caso em que o INSS

sustenta em Juízo entendimento diverso do que consta do Decreto

3.048/99 ou da IN 77/2015.

2. Quando alegações de fato puderem ser comprovadas apenas

documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos

repetitivos ou em súmula vinculante; - caso do EPI em ruído.

4. Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos

fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova

capaz de gerar dúvida razoável (opor prova, não argumentos...).

– casos de aposentadoria especial baseados em PPP ou laudo técnico.

– casos de revisão (normalmente não se defere tutela de urgência – mas

pode deferir tutela de evidência).

Tutela provisória posteriormente revogada

E se a sentença for de improcedência?

CPC: Composição dos danos causados pela tutela provisória (artigo 302) – nos próprios autos.

Mas doutrina e jurisprudência – valores recebidos de boa fé e com caráter alimentar são irrepetíveis.

STJ, AGA 1318361, Rel. Jorge Mussi, DJe 13.12.2010, AGA 1115362, Rel. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 17.5.2010, AGRESP 691012, Rel. Celso Limongi, DJe 03.5.2010.

TRF 3ª Região, APELREE 1999.03.99.084840-6, Rel. Márcia Hoffmann, DJF3 18.8.2011, p. 1207, e a AC 2008.61.22.000901-6, Rel. Walter do Amaral, DJF3 03.8.2011, p. 1678.

Súmula nº 34 da AGU: “Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública”.

STJ, Primeira Seção, RESP 1.384.418, Rel.

Min. Herman Benjamin, DJe 30.8.2013

(...). Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar os segurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada. (...) 4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu para considerar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu. 5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiário adquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (...) 7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito da boa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária. 8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamento recebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível da verba ao seu patrimônio. 9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissa de que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC). 10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal ao Erário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consigne descontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras. 11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolver os valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintes parâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado e incontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefícios previdenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidores públicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213⁄1991. 12. Recurso Especial provido”.

STF:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO RECEBIDO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. DEVOLUÇÃO. ART. 115 DA LEI 8.213/91. IMPOSSIBILIDADE. BOA-FÉ E CARÁTER ALIMENTAR. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 97 DA CF. RESERVA DE PLENÁRIO: INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 15.4.2009. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o benefício previdenciário recebido de boa-fé pelo segurado em virtude de decisão judicial não está sujeito a repetição de indébito, dado o seu caráter alimentar. Na hipótese, não importa declaração de inconstitucionalidade do art. 115 da Lei 8.213/91, o reconhecimento, pelo Tribunal de origem, da impossibilidade de desconto dos valores indevidamente percebidos. Agravo regimental conhecido e não provido (AI 829661 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 18/06/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-152 DIVULG 06-08-2013 PUBLIC 07-08-2013)

STF

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. NATUREZA ALIMENTAR. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já assentou que o benefício previdenciário recebido de boa-fé pelo segurado, em decorrência de decisão judicial, não está sujeito à repetição de indébito, em razão de seu caráter alimentar. Precedentes. 2. Decisão judicial que reconhece a impossibilidade de descontos dos valores indevidamente recebidos pelo segurado não implica declaração de inconstitucionalidade do art. 115 da Lei nº 8.213/1991. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento (ARE 734242 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-175 DIVULG 04-09-2015 PUBLIC 08-09-2015)

Tutela provisória em matéria previdenciária

O “despacho” com o Juiz ou Desembargador

Lei nº 8.906/94:

“Art. 7º São direitos do advogado: (...)

VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada (...)”.

Citação e resposta do réu

Citação:

é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou interessado a juízo para integrar a relação processual (art. 238 do CPC).

Concretização da garantia constitucional do contraditório.

INSS: citação na pessoa do Procurador Chefe da Procuradoria Federal que atua no INSS, ou outro procurador que faça suas vezes (art. 242, § 3º).

Atenção: Chefe da Agência, Gerente Executivo ou outro servidor não estão autorizados a receber citação.

Citação e resposta do réu

Modalidades de resposta do réu:

Caso o réu não reconheça a procedência do pedido (expressamente ou, pelo silêncio, em razão dos efeitos da revelia), a resposta do réu pode ser:

– a) contestação;

– b) reconvenção (na própria contestação);

– c) petição de impedimento/suspeição.

– Exceções?

Prazo para resposta do INSS: dobro (30 dias úteis); art. 183 do CPC – “para todas as suas manifestações processuais”.

Contagem – depende – ver artigo 335 do CPC

Citação e resposta do réu

Contestação:

é o ato que reproduz a contrariedade do réu à demanda promovida pelo autor:

é ônus do réu (não dever; contesta se quiser).

CPC, Art. 336: “Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”.

Citação e resposta do réu

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;– Protocolo no lugar do domicílio do réu (340).

III – incorreção do valor da causa;

IV – inépcia da petição inicial;

V – perempção;

VI - litispendência

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;– Possibilidade de emenda – 338; indicação de quem é parte legítima (339).

XII - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade da justiça [não é mais impugnação].

Citação e resposta do réu

Art. 337. [...]

§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2º Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

§ 3º Há litispendência quando se repete ação, que está em curso;

§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Ônus da impugnação específica

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:

I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II - a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento que a lei considerar da substância do ato;

III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

Citação e resposta do réu

“Toda a matéria de defesa”: concentração dos atos

de defesa (incluindo impugnação valor da causa, à

gratuidade da Justiça, incompetência relativa etc.).

Defesas processuais (condições da ação e

pressupostos processuais) e defesas materiais

(mérito).

Questões prévias – preliminares e prejudiciais

Litispendência e coisa julgada em benefícios por

incapacidade?

Citação e resposta do réu

Ônus da impugnação específica – a ser

interpretada em cotejo com os deveres

processuais de expor os fatos conforme a

verdade e não alegar defesa ciente de que é

destituída de fundamento.

Aplica-se à Fazenda Pública (e ao INSS)?

Alguns: o INSS tutela direitos indisponíveis;– Assim, não pode nem sofrer os efeitos da revelia (art. 345, II, CPC), nem tem o ônus

de impugnar especificamente os fatos narrados na inicial (art. 341, I – não cabe confissão; 392 – não cabe confissão sobre direitos indisponíveis).

– STJ: “Cabe ao réu, nos termos do art. 302 do CPC, manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, sob pena de recair sobre eles a presunção de veracidade. Tal presunção, todavia, não se opera se não for admissível, a respeito dos fatos não impugnados, a confissão (art. 302, I do CPC). O direito tutelado pela Fazenda Pública é indisponível e, como tal, não é admissível, quanto aos fatos que lhe dizem respeito, a confissão. Por esta razão, a condição peculiar que ocupa a Fazenda Pública impede que a não impugnação específica dos fatos gere a incontrovérsia destes” (AGRESP 201000603599, HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe 29.5.2012).

– TRF3: “1. O ônus da impugnação específica dos fatos, consagrado no artigo 302 do CPC não se aplica à Fazenda Pública, versando a controvérsia sobre direitos indisponíveis, no caso, o crédito fazendário” (AC 00386133620064039999, Desembargador Federal MÁRCIO MORAES, e-DJF3 09.8.2010, p. 195).

Aplica-se à Fazenda Pública (e ao INSS)?

Outros: é preciso distinguir o interesse público primário do interesse público secundário (estatal); neste, existe o ônus de impugnar especificamente

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ACOLHIMENTO DO CÁLCULO DA CONTADORIA JUDICIAL. ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. OBSERVÂNCIA DA COISA JULGADA. 1. Por estar em posição eqüidistante das partes, os pareceres elaborados por profissional nomeado pelo Juízo devem prevalecer, quando divergentes, sobre aqueles confeccionados pelas partes, cabendo a estas impugná-los sistematicamente, não sendo suficiente a simples alegação de incorreção. 2. Os honorários advocatícios foram calculados em estrita observância à coisa julgada. 3. Apelação do INSS improvida” (AC 00320878220084039999, Desembargador Federal ANTONIO CEDENHO, TRF3 - Sétima Turma, e-DJF3 07.4.2010, p. 754).

Ônus da impugnação específica

Argumentos:

– O art. 341, parágrafo único, do CPC, exclui

apenas defensor público, advogado dativo e

curador especial.

– “Privilégios” ou prerrogativas processuais não

podem ser interpretados extensivamente, sob

pena de violação ao princípio da isonomia.

– “Paternalismo judiciário” em favor da Fazenda

Pública?

Citação e resposta do réu

Reconvenção (art. 343) É uma ação inversa do réu contra o autor;

O réu formula pedido contra o autor.

“Na contestação” – dispensa de petição apartada – convém destacar.

Ações conexas (“com a ação principal ou com o fundamento da defesa”).

Competência do Juízo para ambas as causas

Identidade de procedimento para ambas.

Julgada na mesma sentença.

Razoavelmente comum nas disputas entre dependentes (ou pretensos dependentes) relacionadas com a pensão por morte;

Ex-esposa e atual esposa, ex-marido e companheiro, ex-companheiro e marido, filhos de casamentos diferentes, etc.

Citação e resposta do réu

Exceções

Desapareceram do CPC 2015.

Agora: petições autônomas para arguir o impedimento e a suspeição (arts. 145 e 146)

Prazo de 15 dias (30 para INSS) conta-se do “conhecimento do fato” que ocasionou o impedimento ou a suspeição - 146.

Se juiz reconhece, encaminha para substituto; se não, autua em separado, expõe suas razões e remete ao Tribunal.

No Tribunal, relator pode receber o incidente com ou sem efeito suspensivo (até que decida, tutela de urgência deve ser requerida ao substituto legal)

Se Tribunal acolher o incidente, estabelece a partir de quando o juiz não poderia ter atuado no processo e anula os atos praticados quando já presente o motivo de impedimento ou suspeição.

Litisconsórcio

Pluralidade de partes

Pode ser ativo (mais de um autor), passivo (mais de um réu)

ou misto/recíproco (mais de um autor e mais de um réu).

Pode ser inicial (formado na propositura da ação) ou ulterior

(formado no curso do processo – “assistência litisconsorcial”).

Pode ser facultativo (não obrigatório) ou necessário

(obrigatório, sob pena de nulidade ou ineficácia).

Litisconsórcio necessário:

– O autor deve requerer a citação, sob pena de extinção (art. 115, parágrafo

único, do CPC).

– Se unitário – nulidade do processo; se simples, ineficácia da sentença em

relação ao litisconsorte (115, I e II).

Litisconsórcio em matéria previdenciária ou assistencial - hipóteses mais frequentes

1) Pensão por morte em que já existe alguém habilitado ao

benefício– O benefício será partilhado – art. 77 da Lei nº 8.213/91 (dependentes da mesma

classe) – ou cancelado (se dependentes de classes diversas – art. 16, § 1º da Lei nº

8.213/91).

– Atual pensionista sofrerá efeitos de eventual procedência do pedido.

– É litisconsórcio passivo necessário (pensionista e INSS).

– E o “pensionista em potencial”?

– Lei nº 8.213, art. 76: “A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta

de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação

posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a

contar da data da inscrição ou habilitação”.

– E o incapaz? – RMI na data do óbito, por interpretação extensiva do art. 103,

parágrafo único da Lei nº 8.213/91, combinado com o art. 198, I, do CC.

Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE -INCAPAZ -

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO - INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO -DECISÃO ANULADA -

RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. 1 - O filho menor incluído na certidão de óbito é dependente do segurado da

previdência na mesma condição da mãe-autora. 2 - A imprescindibilidade da integração dos filhos menores do de

cujus para compor o pólo ativo da lide, em face da previsão contida no inciso I do art. 16 da Lei 8.213/91, e a

consequente obrigatoriedade de intervenção do Ministério Público nas ações em que figurem incapazes, consistem

em obstáculos intransponíveis ao prosseguimento da presente demanda. 3 - Decisão anulada, com a determinação

de retorno dos autos à origem, para que seja intimado o dependente do de cujus, por sua representante legal, para

composição da lide, e, efetivada a necessária intimação do Ministério Público. 4 - Sentença anulada. 5 - Apelação

prejudicada.

(AC , JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1

DATA:05/06/2014 PAGINA:591.)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. PENSÃO POR MORTE. LITISCONSÓRCIO

NECESSÁRIO. NÃO NECESSIDADE. 1. Para o julgamento monocrático nos termos do art. 557, § 1º, do CPC, não

há necessidade de a jurisprudência dos Tribunais ser unânime ou de existir súmula dos Tribunais Superiores a

respeito. 2. Em relação a esposa do falecido e a seus filhos, cuja mãe não seja a parte autora, não há necessidade

do litisconsórcio necessário, pois a existência de mais de um dependente não torna obrigatória a formação de

litisconsórcio necessário para fins de concessão de pensão por morte, tendo em vista a hipótese de habilitação

posterior, prevista no artigo 76, caput, da Lei n.º 8.213/1991. 3. Recurso de Agravo legal a que se nega provimento.

(APELREEX 00016762220094039999, DESEMBARGADOR FEDERAL FAUSTO DE SANCTIS, TRF3 - SÉTIMA

TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:01/03/2013)

Litisconsórcio em matéria previdenciária ou assistencial - hipóteses mais frequentes

2) Pensão por morte em que não há dependentes habilitados:

– Vários pensionistas em potencial.

– Existe “litisconsórcio ativo necessário”?

3) Pedidos subsidiários:

– Integração de salários de contribuição ao cálculo da RMI ou,

subsidiariamente, restituição de contribuições pagas além do devido.

– As contribuições para o custeio da Seguridade Social (artigos 195 e 239

da CF/88) são criadas por lei federal e arrecadadas pela União.

– Administrativamente, a atuação da União se dá por intermédio da

Secretaria da Receita Federal do Brasil (artigo 33 da Lei nº 8.212/91);

em Juízo, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §

3º, da Constituição Federal; artigo 12 da Lei Complementar nº 73/93).

– Logo, há litisconsórcio passivo necessário entre União e INSS

DAS PROVAS

Conjunto de elementos levados ao conhecimento do Juiz para que seja possível resolver a lide.

A Constituição proíbe as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI);

Logo, a contrário senso, é possível falar em um direito fundamental à produção de provas no processo civil, desde que sejam lícitas;

Assim, o indeferimento da produção de determinada prova poderá resultar na violação desse direito fundamental;

CPC, art. 369: As partes têm o direito de empregar os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos, em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

Prova ilícita por derivação ou contaminação: fruits of the poisonous tree (frutos da árvore envenenada).

DAS PROVAS

Provas típicas: previstas expressamente no CPC– ata notarial

– depoimento pessoal

– confissão

– exibição de documentos ou coisa;

– prova documental,

– prova testemunhal

– prova pericial

– inspeção judicial

Provas atípicas: não previstas expressamente na lei, mas admissíveis desde que moralmente legítimas.

DAS PROVAS

Ônus Da Prova

art. 373 do CPC:

a) autor: deve provar os fatos constitutivos de seu direito;– ex.: que preenche os requisitos legais para ter direito a determinado

benefício;

b) réu: fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.

Distribuição “estática” do ônus da prova (critério adotado pelo CPC, como regra).

Cuidado: se não se desincumbir do ônus da prova, o Juiz pode julgar improcedente o pedido, justamente por não terem sido provas os fatos alegados na inicial.

exemplo comum: segurado que, intimado pessoalmente, não comparece à perícia médica e não justifica sua ausência (não acho que seja abandono; é descumprimento do ônus da prova).

DAS PROVAS

Distribuição “dinâmica” do ônus da prova:

– Doutrina mais moderna entende possível que o Juiz, à vista do caso

concreto, distribua o ônus da prova a quem tenha melhores condições de

suportá-lo.

“Art. 373, § 1º. Nos casos previstos em lei ou diante das peculiaridades da

causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o

encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do

fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde

que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a

oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a

desimcumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente

difícil [...]

DAS PROVAS

Distribuição “dinâmica” do ônus da prova em matéria

previdenciária?

– Sim, considerando, no caso concreto, as dificuldades que a parte tenha de

produzir a prova.

– Estratégia da Boa Advocacia: não contar com isso; trazer todas as provas

disponíveis, de preferência com a inicial, de forma a conseguir uma tutela

provisória.

DAS PROVAS

Juiz?

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Muitíssimo utilizados em matéria previdenciária, em que algum equívoco na postulação ou omissão em indicar as provas acaba sacrificando o direito do autor.

Assim, atenção: quando o Juiz converte o julgamento em diligência (isto é, os autos estavam conclusos para sentença) e determina a intimação das partes para especificação das provas, é porque ele não está convicto dos fatos alegados na inicial.

Se insistir em não requerer nenhuma prova, possivelmente a sentença será de improcedência.

“Especificar”: indicar qual é a prova (testemunhal, depoimento pessoal, perícia médica) e justificar a pertinência e/ou necessidade.

DAS PROVAS

Fatos que não dependem de prova Art. 374. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos, no processo, como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Ata notarial

Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem

ser atestados ou documentados, a requerimento do

interessado, mediante ata lavrada por tabelião.

Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som

gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata

notarial.

Depoimento pessoal

É o ato pelo qual as partes comparecem em juízo para serem ouvidas pelo Juiz

Determinado pelo Juiz (“interrogatório livre”) – art. 385, “caput”, parte final, ou a requerimento das partes (primeira parte)

Uma parte requer o depoimento da outra (quer-se obter a confissão).

Intimação pessoal para comparecer, com a advertência de que se presumirão confessados os fatos alegados contra ela se não comparecer ou, se comparecer, se recusar a depor.

Uma parte não ouve o depoimento da outra (só seus advogados);

Pode ser colhido por videoconferência.

Reperguntas: só do advogado da parte contrária (não tem sentido querer a confissão do próprio cliente).

Recusa justificada: fatos criminosos ou torpes que forem imputados ao depoente; casos de dever de sigilo decorrente de estado ou profissão; caso de desonra própria ou de parente próximo.

Confissão

É a admissão em juízo da verdade de um fato que beneficia a parte contrária;

Não é reconhecimento da procedência do pedido ou renúncia ao direito (institutos relativos ao direito em discussão).

Mesmo diante do fato confessado, o Juiz deve verificar se, da veracidade desse fato, decorre o direito alegado pela parte contrária.

Hipótese de dispensa da prova (374, II)

Não vale para direitos indisponíveis – 392 (INSS?)

É irrevogável, mas pode ser anulada se decorrente de erro de fato ou coação (393) – anulação por ação própria, a ser proposta pelo confitente (transmite-se aos herdeiros).

Exibição de documento ou coisa

Ordem judicial para que a parte exiba documento ou coisa sob sua guarda.

Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;

II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;

III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.

Art. 398. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subsequentes à sua intimação.

Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.

Art. 399. O juiz não admitirá a recusa:

I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;

II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;

III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Exibição de documento ou coisa

Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar:

I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 398;

II - se a recusa for havida por ilegítima.

Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.

Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.

Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.

Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:

I - concernente a negócios da própria vida da família;

II - sua apresentação puder violar dever de honra;

III – sua publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação penal;

IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo;

V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição.

VI – houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.

Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI disserem respeito só a uma parcela do conteúdo do documento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.

Exibição de documento ou coisa

Hipótese comum: exibição do processo administrativo de concessão do benefício;

Dica: só pedir se realmente for indispensável e somente se não conseguir administrativamente.

Dá trabalho à Secretaria do Juízo e costuma demorar.

Útil se o processo tiver sido extraviado: o documento é comum e a recusa não é admissível: incide a presunção de veracidade dos fatos alegados

– A petição deve explicar o que se pretende provar: ex.: quero provar que as cópias de CTPS juntadas ao processo administrativo indicavam vínculo de emprego com a empresa X, no período de Y a Z; quero provar que os carnês de pagamento tinham das contribuições de X a Y estavam devidamente recolhidos; quero provar que existe PPP que prova exposição a ruído de 90 dB (A) etc.

Prova documental

É a prova por excelência na grande maioria dos processos previdenciários;

A maior parte dos fatos constitutivos do direito do autor será provada por meio de documentos;

Principalmente: qualidade de segurado e carência;

CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais: vínculos de emprego e contribuições recolhidas.

Extratos do Sistema Plenus: demonstrativo de todos os benefícios requeridos, concedidos ou não;

– dados básicos do benefício (nome, CPF, renda mensal inicial, renda atual, data de início, de cessação, de início do pagamento, de início do benefício anterior, etc.).

– extrato de pagamentos

– identificação de todos os titulares do benefício (todos os pensionistas, por exemplo);

– identificação dos procuradores

– demonstrativo da existência (ou não) de revisão do benefício;

Carta de concessão do benefício, de que constem os salários de contribuição utilizados para cálculo da renda mensal inicial.

Prova documental

Procedimento da 3ª Vara de São José dos Campos – juntada desses extratos de ofício;

Nem todos os Juízes fazem isso: a necessidade intimar o advogado atrasa o processo;

Solução: tentar propor a ação já instruída com esses extratos (obtidos na agência ou na internet).

Outros documentos que, suplementarmente, provam qualidade de segurado e carência: CTPS (presunção relativa de validade dos fatos ali atestados); carnês de contribuição;

Sugestão: atualizar os registros do INSS (facilita para o segurado).

Prova documental

Momento de produção da prova documental:

a) para o autor: com a petição inicial (320 e 434)

b) para o réu: com a contestação (434).

Preclusão? sim (art. 223 CPC): decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar o ato, salvo se provar que não praticou por justa causa.

exceções: documentos novos (ou para provar fatos ocorridos depois da inicial ou contestação, ou para contrapor a documentos produzidos nos autos);

Também: para documentos que só se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis depois (parte deve provar o motivo que a impediu de juntar antes). 435.

Requisição judicial (438), “em qualquer tempo ou grau de jurisdição”

Prova documental

Cópias:

Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais:

I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências ou de outro livro a cargo

do escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;

II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público de instrumentos ou documentos lançados em

suas notas;

III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas

em cartório com os respectivos originais;

IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo advogado,

sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;

V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, desde que atestado pelo seu emitente,

sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem;

VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou particular, quando juntadas aos autos

pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela Defensoria

Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados,

ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração.

§ 1o Os originais dos documentos digitalizados mencionados no inciso VI deverão ser preservados pelo

seu detentor até o final do prazo para propositura de ação rescisória.

§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou de documento relevante à instrução

do processo, o juiz poderá determinar seu depósito em cartório ou secretaria.

Prova testemunhal

é a prova obtida por meio de declarações de terceiros, estranhos ao processo, a respeito dos fatos discutidos no processo.

tem por objeto fatos.

não cabe: para fatos já provados por documento ou confissão; para fatos que só podem ser provados por documentos ou por perícias;

ex.: incapacidade para o trabalho (eventualmente, a aptidão para o exercício de determinada atividade profissional).

Prova testemunhal

Arts. 55, § 3º e 106 da Lei nº 8.213/91

Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado: (...). § 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.

Prova testemunhal

Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de: I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS; IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar; V – bloco de notas do produtor rural; VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor; VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante; VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção; IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural; ou X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.

Súmula 149 do STJ: A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário

CPC

Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova.

Prova testemunhal

O que pode servir de “início de prova material”?– Certidão de casamento, nascimento ou batismo dos filhos, que qualifiquem

o interessado como “lavrador”, “agricultor”, etc. (Súmula 34 da TNU)

– Título de eleitor ou certidão do TRE

– Certificado de alistamento e/ou dispensa do serviço militar obrigatório (ou certidão correspondente)

– Escritura de compra e venda da propriedade rural ou matrícula do imóvel (prova fatos ocorridos ao longo do tempo – compra, transmissão causa mortis, venda)

– Declaração de sindicato (só se “homologada pelo MP – até Lei nº 9.063/95 – depois, pelo “INSS”).

– Ficha de inscrição, carteiras e recibos de pagamento a Sindicato Rural.

– Documentos em nome do pai ou do cônjuge (“do lar”, “doméstica”).

– Documentos relativos à produção agrícola ou pecuária (recibos de sementes, mudas, defensivos, vacinas, etc.)

Prova testemunhal

Sistema de prova tarifada, incompatível com a

tradição do Direito Brasileiro e, em certa medida,

afronta os princípios da persuasão racional e da livre

apreciação das provas.

Admite-se prova exclusivamente testemunhal para

prova de dependência econômica dos pais em

relação aos filhos, para efeito de pensão por morte

(STJ e TNU).

Prova testemunhal

Restrições à prova testemunhal (art. 447):

pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas

de depor (evitar arrolar).

Juiz pode ouvir as impedidas, suspeitas e

menores (não todos os incapazes) “sendo

necessário”; são ouvidas sem o

compromisso de dizer a verdade.

Recusa de testemunhar (art. 448).

Prova testemunhal

Procedimento:

Juiz profere decisão de saneamento e organização (357) designa a audiência e fixa prazo comum em que o rol de testemunhas deve ser depositado (não superior a 15 dias); parte pode arrolar até 10; no máximo 03 para cada fato, o Juiz pode limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

Substituição: só por falecimento, por enfermidade que a impeça de depor ou se mudou de endereço e não for encontrada;

Rol de testemunhas: sempre que possível, nome, profissão, estado civil, idade, número de CPF, número de identidade e endereço completo de residência e do trabalho.

Art. 455. Cada advogado informa ou intima as testemunhas que arrolou, dispensando a intimação do Juízo.

Intimação por carta com AR, que deve ser juntada aos autos com antecedência mínima de 03 dias.

Parte pode se comprometer a trazer a testemunha, independente de intimação, presumindo-se que desistiu em caso de não comparecimento.

Se não intimar, presume-se que desistiu.

Intimação judicial – se frustrada a intimação pelo Advogado, se a necessidade de intimação for demonstrada ao juiz e se for servidor público ou militar (requisição ao superior hierárquico).

Prova testemunhal

Autoridades : 454 (inquirição em residência ou local de trabalho)

Qualificação, perguntas sobre parentesco ou interesse no processo;

Contradita; impugnação baseada na incapacidade, impedimento ou suspeição (457).

Deve ser feita logo após a qualificação, sob pena de preclusão;

Acolhida a contradita, o juiz dispensa a testemunha ou a ouve sem compromisso”.

Perguntas feitas diretamente pelas partes, primeiro a que arrolou, depois parte contrária e MP.

Juiz pode inquirir tanto antes quanto depois

Permite-se a gravação

Testemunhas referidas: podem ser ouvidas, de ofício ou a requerimento das partes.

Acareação

Testemunha tem direito ao pagamento das despesas que teve para comparecer ao ato;

Não perde salário nem tempo de serviço.

Prova pericial

É a prova realizada para propiciar ao julgador o conhecimento de determinado fato do processo, mediante o conhecimento técnico especializado de outrem;

Pode ser exame, vistoria e avaliação.

não cabe: se o fato não depende de conhecimento especial do técnico;

se for desnecessária à vista de outras provas;

se a verificação for impraticável.

Pode ser substituída por “prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade” (inquirição do especialista em audiência).

Juiz nomeia o perito, fixa o prazo para entrega do laudo;

Intima as partes para que, em 15 dias, arguam o impedimento/suspeição do perito, indiquem assistente técnico e apresentem quesitos.

Intimado, o perito deve em cinco dias apresentar proposta de honorários, apresentar currículo e contatos profissionais;

As partes são intimadas sobre a proposta, para manifestação em cinco dias; juiz arbitra o valor e deposita honorários (quem requereu; se de ofício, as partes dividem)

Prova pericial

Perito pode escusar-se ou ser recusado, por impedimento ou suspeição.

Substituição (468).

Quesitos suplementares (468).

Escolha do perito pelas próprias partes (471).

Dispensa da perícia: se juntados pareceres técnicos ou documentos elucidativos que o juiz considerar suficientes

Conteúdo do laudo (473)– Diligências do perito - § 3º

Ciência do local e data do início das diligências (474);

Esclarecimentos em audiência (473, §§ 2º e 3º)

Não adstrição ao laudo (479).

Nova perícia (480)

Inspeção judicial

Inspeção de pessoas ou coisas pelo Juiz, a

fim de esclarecer fato que interesse à

decisão da causa.

Juiz pode ser assistido por perito.

Partes podem assistir, prestando

esclarecimentos e fazendo observações que

reputem de interesse para a causa.

Auto circunstanciado.