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108 Série Aperfeiçoamento de Magistrados 10 Curso: Processo Civil - Procedimentos Especiais Inventário e Partilha Flávia de Azevedo Faria Rezende Chagas 1 O palestrante, Dr. Sérgio Ricardo de Arruda Fernandes, iniciou sua explanação abordando a abertura da via extrajudicial, prevista na Resolu- ção 35/CNJ 2007 que facilitou o procedimento da Lei nº 11.441/2007 na realização de inventários extrajudiciais. Na resolução supracitada fica clara a livre escolha de tabelião, não se aplicando as regras de competência previstas no Código de Processo Civil. Também deixa livre a escolha sobre a via judicial ou extrajudicial, poden- do o requerente a qualquer tempo desistir da via judicial, para promoção da via extrajudicial. A resolução também informa que as escrituras públicas de inven- tário e partilha são títulos hábeis para o registro civil e não dependem de homologação judicial, para registro imobiliário, transferência de bens, di- reitos e levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial, instituições financeiras, companhias telefônicas, etc) Há uma expressa vedação a fixação de emolumentos em percentual incidente sobre o valor do negócio jurídico, objeto dos serviços notariais e de registro (Lei nº10.169/2000). Portanto, a via judicial somente será obrigatória quando houver testamento ou incapaz. Nas demais hipóteses as partes podem procurar os cartórios extrajudiciais e ter a certidão de in- ventário e partilha ou inventário e adjudicação (único herdeiro). O palestrante afirma que hoje os cartórios não são mais procurados pela questão da gratuidade. Consta na resolução que a gratuidade prevista na Lei nº11.441/07 com- preende as escrituras de inventário e partilhas e prevê que, para a obtenção da gratuidade de que trata a dita Lei nº 11.441/07, basta a simples declaração dos 1 Juíza Titular da 1ª Vara de Família, Infância, Juventude e Idoso da Comarca de Itaboraí.

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  • 108Srie Aperfeioamento de Magistrados 10tCurso: Processo Civil - Procedimentos Especiais

    Inventrio e Partilha

    Flvia de Azevedo Faria Rezende Chagas1

    O palestrante, Dr. Srgio Ricardo de Arruda Fernandes, iniciou sua explanao abordando a abertura da via extrajudicial, prevista na Resolu-o 35/CNJ 2007 que facilitou o procedimento da Lei n 11.441/2007 na realizao de inventrios extrajudiciais.

    Na resoluo supracitada #ca clara a livre escolha de tabelio, no se aplicando as regras de competncia previstas no Cdigo de Processo Civil. Tambm deixa livre a escolha sobre a via judicial ou extrajudicial, poden-do o requerente a qualquer tempo desistir da via judicial, para promoo da via extrajudicial.

    A resoluo tambm informa que as escrituras pblicas de inven-trio e partilha so ttulos hbeis para o registro civil e no dependem de homologao judicial, para registro imobilirio, transferncia de bens, di-reitos e levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial, instituies #nanceiras, companhias telefnicas, etc)

    H uma expressa vedao a #xao de emolumentos em percentual incidente sobre o valor do negcio jurdico, objeto dos servios notariais e de registro (Lei n10.169/2000). Portanto, a via judicial somente ser obrigatria quando houver testamento ou incapaz. Nas demais hipteses as partes podem procurar os cartrios extrajudiciais e ter a certido de in-ventrio e partilha ou inventrio e adjudicao (nico herdeiro).

    O palestrante a#rma que hoje os cartrios no so mais procurados pela questo da gratuidade.

    Consta na resoluo que a gratuidade prevista na Lei n11.441/07 com-preende as escrituras de inventrio e partilhas e prev que, para a obteno da gratuidade de que trata a dita Lei n 11.441/07, basta a simples declarao dos

    1 Juza Titular da 1 Vara de Famlia, Infncia, Juventude e Idoso da Comarca de Itabora.

  • 109Srie Aperfeioamento de Magistrados 10tCurso: Processo Civil - Procedimentos Especiais

    interessados de que no possuem condies de arcar com os emolumentos, ainda que as partes estejam assistidas por advogado constitudo.

    No Estado do Rio de Janeiro, a Lei 3.350 prev hipteses de iseno de emolumentos, mas no h previso de fonte de custeio (ressarcimento) para os cartrios nos casos de gratuidade.

    Em 2009 houve um ato normativo do Tribunal de Justia para nor-matizar os casos de gratuidade e prev a necessidade de ofcio da Defenso-ria Pblica ou deciso judicial para obteno da gratuidade (Ato Norma-tivo 17/2009).

    Na forma do Ato Normativo 17 do TJ/RJ tem que haver deciso, estendendo a gratuidade processual da parte para aquele ato notarial.

    1- Competncia: A competncia do processo de inventrio para julgar aes de imveis situados no Brasil brasileira.

    Dentro do territrio nacional, a competncia territorial a do lti-mo domiclio do morto. Essa competncia relativa.

    Art. 96 do CPC: O foro do domiclio do autor da herana, no Brasil, o competente para o inventrio, a partilha, a arrecada-o, o cumprimento de disposies de ltima vontade e todas as aes em que o esplio for ru, ainda que o bito tenha ocorrido no estrangeiro.Pargrafo nico. porm, competente o foro:I - Da situao dos bens, se o autor da herana no possua do-miclio certo;II - Do lugar em que ocorreu o bito, se o autor da herana no tinha domiclio certo e possua bens em lugares diferentes

    O artigo trata da competncia territorial para julgar aes contra o esplio. A competncia no da Vara em que corre o inventrio, apenas do foro em que o morto morava. No h universalidade de juzo.

    Pode haver preveno do juzo do inventrio para julgar aes en-volvendo o patrimnio.

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    2 - Administrador Provisrio: existe a previso at a abertura do inventrio e nomeao do inventariante.

    Caso haja necessidade de mover ao contra o esplio quando no h inventrio ou inventariante, pede-se a citao da esposa ou companhei-ra, pede-se a citao na pessoa de seu administrador provisrio ou quem estiver na posse dos bens.

    3 - Litisconsrcio necessrio: se h um processo judicial em que #gurar o esplio como parte e o inventariante dativo, no processo alm do esplio, todos os herdeiros sero coautores ou corrus.

    Os herdeiros e sucessores no seriam parte, apenas representantes (art. 12 1 fenmeno da representao processual). O sujeito de direito o esplio.

    4 - Prazo: no h consequncia jurdica para a perda do prazo pro-cessual de 60 dias, porm h a imposio de multa de 10% no imposto de transmisso.

    5 - Rito: os herdeiros podero escolher a via em que se processar o inventrio ( art. 2.015 do CC)

    Art. 1.031 do CPC// arrolamento sumrio// partilha amigvel ho-mologvel.

    Art. 1.036 do CPC- Arrolamento comum.O arrolamento sumrio: art. 1.031 tem caracterstica de juris-

    dio voluntria. No h avaliao de bens, citao de interessados. No h julgamento, apenas homologao da partilha feita por herdei-ros maiores e capazes.

    Arrolamento Comum: OTN - hoje cerca de 20 mil reais. Nesse rito haver declarao de herdeiros e de bens. Poder haver avaliao de bens, citao de interessados etc.

    O que se busca judicialmente a partilha dos bens. Nesse rito no h o lanamento do clculo e o pagamento do imposto.

    No processo de inventrio e partilha h o lanamento do clculo e o pagamento do imposto.

    Alvar: no precisa de inventrio ou arrolamento. Os valores esto previstos na Lei n 6.858 - PIS, PASEP, verbas trabalhistas.

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    1: dependentes habilitados, no h dependncia do rgo previ-dencirio.

    - aps os herdeiros necessrios - restituio de IR- contas-correntes at 500 OTNs e no haja outros bens a inventa-

    riar.

    PREVENO DO JUZO ORFANOLGICODentro do processo de inventrio pode-se pedir o levantamento de

    valores, no havendo necessidade de ingressar com ao de alvar, pois essa ao s pode ser proposta na inexistncia de outros bens. Na existncia de outros bens, basta fazer o requerimento de levantamento de valores por petio nos autos do inventrio.

    Art. 984 do CPC. O juiz decidir todas as questes de direito e tambm as questes de fato, quando este se achar provado por documento, s remetendo para os meios ordinrios as que deman-darem alta indagao ou dependerem de outras provas.

    O artigo quando menciona questes de alta indagao no quer dizer de alta complexidade e sim questes com necessidade de dilao pro-batria.

    Se a complexidade envolver questo de direito, a competncia do ju-zo orfanolgico. Exceo: Habilitao de crdito Art. 1.017 do CPC 1.

    Na existncia de prova literal da dvida, e concordando as partes com a dvida, ser feito o pagamento ou ser separado bem para satisfazer o dbito.

    No havendo concordncia dos herdeiros sobre a dvida, ser reme-tido o processo para as vias ordinrias, por livre distribuio.

    O juiz dever reservar valor para pagar quando a discordncia sobre a dvida for por alegao de quitao.

  • 112Srie Aperfeioamento de Magistrados 10tCurso: Processo Civil - Procedimentos Especiais

    Inventariante

    Art. 990 do CPC.O juiz nomear inventariante:I - O cnjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;II - O herdeiro que se achar na posse e administrao do esplio, se no houver cnjuge ou companheiro sobrevivente ou estes no puderem ser nomeados;III - Qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administra-o do esplio;IV - O testamenteiro, se lhe foi con"ada a administrao do esp-lio ou toda a herana estiver distribuda em legados;V - O inventariante judicial, se houver;VI - Pessoa estranha idnea, onde no houver inventariante judicial.

    O pedido de remoo de inventariante deve ser preferencialmente feito por petio, que ser autuado em apartado, sendo admitida a remo-o ex o#cio.

    Partilha

    o objetivo #nal do processo.Art. 1029 do CPC - A partilha amigvel, lavrada em instrumento

    pblico, reduzida a termo nos autos do inventrio ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada, por dolo , coao, erro essencial ou interveno de incapaz.

    Prazo para anulao da partilha de um ano. Prazo decadencial. A ao anulatria deve ser julgada pelo juzo orfanolgico da parti-

    lha, nos casos de partilha amigvel.A ao rescisria julgada no tribunal e cabvel quando o juiz julga

    a partilha no processo de inventrio. u