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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1911 Novembro/2014 Jacobina A produção de hortaliças vem sendo a principal atividade rural do agricultor Jorge Sampaio Oliveira, que ao lado da esposa Lidiane Matos dos Santos e das filhas Joelma de 10 anos e Fernanda de 3 anos, na comunidade Baixa do Couro, município de Jacobina na Bahia, resolveu investir nessa alternativa e mudar sua realidade. A partir dessa produção, a família garante alguns alimentos saudáveis para casa, gera sua renda e luta Produção de hortaliças: gera renda e autonomia para família no campo no dia a dia para continuar a vida no campo. Durante muitos anos, Jorge trabalhou vendendo seu dia em fazendas da região, na maioria das vezes batendo agrotóxicos em malva, mato que impede o crescimento do capim nos pastos. “Já estava tão acostumado com o veneno, que nem sentia mais o cheiro forte, mas quando eu chegava perto de alguém, perguntava logo, você bateu veneno hoje né Jorge?”, relembra. Na busca de trazer o sustento da família, Jorge fazia bico de pedreiro e também plantava umas 6 tarefas de mandioca, beneficiava e comercializava a farinha. Mesmo diante de tantas dificuldades, Jorge sempre resistiu e persistiu em ficar no campo. “Nunca pensei em sair. Tenho 3 cunhados em São Paulo que me chamam direto para ir também, mas não tenho vontade. Meu lugar é aqui. Lá pode até ganhar mais dinheiro, mas eu gosto é da roça, porque é mais sossegado”. Jorge lembra que quando mais novo, na seca de 94, passou um período com os pais e irmãos em uma fazenda de Conceição de Feira/BA. “Só fiquei um ano fora, quando as coisas melhoraram um pouco voltei e não quero sair mais”. ´ “Já que temos que lutar, que seja onde gostamos e queremos viver”, diz Jorge. Segundo ele, com muita luta, estão conquistando o que precisam na comunidade Baixa do Couro, como a energia A família vivendo bem no Semiárido Jorge e Lidiane cuidando da horta

Produção de hortaliças gera renda e autonomia para família no campo

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A produção de hortaliças vem sendo a principal atividade rural do agricultor Jorge Sampaio Oliveira, que ao lado da esposa Lidiane Matos dos Santos e das filhas Joelma de 10 anos e Fernanda de 3 anos, na comunidade Baixa do Couro, município de Jacobina na Bahia, resolveu investir nessa alternativa e mudar sua realidade.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1911

Novembro/2014

Jacobina

A produção de hortaliças vem sendo a principal atividade rural do agricultor Jorge Sampaio Oliveira, que ao lado da esposa Lidiane Matos dos Santos e das filhas Joelma de 10 anos e Fernanda de 3 anos, na comunidade Baixa do Couro, município de Jacobina na Bahia, resolveu investir nessa alternativa e mudar sua realidade. A partir dessa produção, a família garante alguns alimentos saudáveis para casa, gera sua renda e luta

Produção de hortaliças: gera renda e autonomia para família no campo

no dia a dia para continuar a vida no campo. Durante mui tos anos, Jorge trabalhou vendendo seu dia em fazendas da região, na maioria das vezes batendo agrotóxicos em malva, mato que impede o crescimento do capim nos pastos. “Já estava tão acostumado com o veneno, que nem sentia mais o cheiro forte, mas quando eu chegava perto de alguém, perguntava logo, você bateu veneno hoje né Jorge?”, relembra. Na busca de trazer o sustento da família, Jorge fazia bico de pedreiro e também plantava umas 6 tarefas de mandioca, beneficiava e comercializava a farinha. Mesmo diante de tantas dificuldades, Jorge sempre resistiu e persistiu em ficar no campo. “Nunca pensei em sair. Tenho 3 cunhados em São Paulo que me chamam direto

para ir também, mas não tenho vontade. Meu lugar é aqui. Lá pode até ganhar mais dinheiro, mas eu gosto é da roça, porque é mais sossegado”. Jorge lembra que quando mais novo, na seca de 94, passou um período com os pais e irmãos em uma fazenda de Conceição de Feira/BA. “Só fiquei um ano fora, quando as coisas melhoraram um pouco voltei e não quero sair mais”. ´ “Já que temos que lutar, que seja onde gostamos e queremos viver”, diz Jorge. Segundo ele, com muita luta, estão c o n q u i s t a n d o o q u e p r e c i s a m n a comunidade Baixa do Couro, como a energia

A família vivendo bem no Semiárido

Jorge e Lidiane cuidando da horta

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

elétrica e água encanada. “Como a comunidade não tem associação, fica mais difícil conquistar as coisas, mas com determinação aos poucos vamos conseguindo”. Em maio de 2013, após fazer uma capacitação sobre agricultura orgânica, Jorge resolveu se dedicar à produção de hortaliças no quintal de casa junto com a esposa Lidiane, por incentivo de um vizinho, que há mais de 15 anos trabalha com essa produção. “Depois que fiz uma capacitação pelo SEBRAE e vendo a experiência e motivação de meu colega França Paulo aqui ao lado, que trabalha nesse ramo a há anos, me animei. Agora, nossa atividade principal é essa, de onde sai nosso sustento. Eu gosto, porque trabalho para mim mesmo, faço meu horário. Bem mais tranquilo”, expressa Jorge, que ainda cria alguns animais como galinhas, porcos e algumas cabeças de gado,“mas coisa pouca”.

Realização Apoio

Atualmente, são mais de 20 canteiros com produção de hortaliças - alface, coentro, s a l s i n h a , c e b o l i n h a e c o u v e - comercializadas na feira livre do distrito de Paraíso/Jacobina e no município de Capim Grosso. E ainda revende para outras barracas. “A gente vende em 2 feiras na semana, no domingo e na segunda. E o povo parece gostar do produto. Temos uma clientela fiel”, conta Jorge. Para Jorge existem dois grandes desaf ios para produzir horta l iças orgânicas. O acesso à água, pois a fonte de água para regar as hortas é da rede

encanada, que além de ter cloro o custo fica alto. “Como a água tem cloro deixamos descansar em coxos e só depois molhamos as hortas. Essa água tem menos qualidade para produção e o custo é grande”, explica Jorge. Outro desafio são as pragas, que destroem alguns canteiros de produção. “A gente usa alguns defensivos naturais para controlar, como o nim e a urina de vaca, mas quando não resolve a gente muda o canteiro para outro espaço, ai dá certo. Usamos também a cobertura morta que ajuda na adubação e protege a terra do sol”. Jorge e Lidiane estão conquistando uma cisterna-calçadão, tecnologia que guarda 52 mil litros de água da chuva para produção de alimentos, com esperança de fortalecer mais a produção de hortaliças. “Vai ser bom demais quando tiver água da chuva na cisterna, além da qualidade, não vamos ter custo. (...) Nossa vontade é mesmo de fortalecer nossas hortas, porque a quantidade que tem, já é a que damos conta de cuidar”, frisa Jorge.

Produção de coentro

Produção de hortaliças: bela alternativa no Semiárido