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Produção Didática - Pedagógica / Turma PDE – 2016 · 2018. 4. 30. · Produção Didática - Pedagógica / Turma PDE – 2016 Título: Utilização de Histórias em Quadrinhos

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Produção Didática - Pedagógica / Turma PDE – 2016

Título: Utilização de Histórias em Quadrinhos nas Aulas de HistóriaAutor: Aliandro Mendes de OliveiraDisciplina/Área: HistóriaEscola de Implementação doProjeto:

Col. Est. Newton Felipe Albach

Município de Localização daEscola:

Guarapuava

Núcleo Regional de Educação: GuarapuavaProfessor Orientador: Maria Paula CostaInstituição de Ensino Superior: UnicentroRelação Interdisciplinar: Sociologia/Português/ArtesResumo: Este projeto propõe a utilização de

histórias em quadrinhos, que, no caso,serão histórias em quadrinhos de super-heróis produzidas nos Estados Unidosna década de 1960, nas aulas deHistória como fonte para o estudo docontexto histórico no qual as mesmasforam produzidas, analisando questõessociais, políticas, econômicas, entreoutras, objetivando o desenvolvimentode uma consciência histórica nos alunose buscando uma metodologia de ensinoque possa levar a tal objetivo, uma vezque um dos maiores desafiosencontrados pelos professores em salade aula na atualidade é a falta demotivação dos alunos para com omodelo tradicional de educação.

Palavras chave: História; quadrinhos; super-heróis;fontes.

Formato do Material – Didático: Unidade Didática.Público: Alunos da 3ª Série do Ensino Médio

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho traz como proposta pedagógica a ser desenvolvida

no Colégio Estadual Newton Felipe Albach, com os alunos do 3º ano do Ensino

Médio, a utilização de histórias em quadrinhos como fontes históricas para

investigação dos vestígios relacionados ao contexto espaço-temporal em que

foram produzidas, no processo de ensino e aprendizagem nas aulas de

História.

Para o desenvolvimento do projeto, primeiramente, serão trabalhados

textos sobre quadrinhos, com o intuito de familiarizar os/as participantes com o

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tema. Serão dois textos, sendo que, o primeiro trata do surgimento dos

quadrinhos, destacando os principais fatos, em ordem cronológica, que

resultaram no desenvolvimento dessa arte sequencial. O segundo, traz

informações sobre a linguagem própria dos quadrinhos, onde o visual e o

verbal encontram-se conectados na transmissão de mensagens.

Porém, a atividade principal do projeto encontra-se na prática da análise

os quadrinhos, a interpretação dos possíveis vestígios encontrados e as

pesquisas por informações sobre o contexto de sua produção. Apesar de existir

vários gêneros de histórias em quadrinhos (humor, terror, aventura, etc) para o

projeto foram selecionadas apenas quadrinhos do gênero super-heróis. São

quadrinhos publicados na década de 1960 e início de 70 pela editora

estadunidense Marvel, protagonizadas pelo Quarteto Fantástico, Incrível Hulk,

Homem-Aranha, Demolidor, Homem de Ferro, Vingadores, Thor, X-Men e

Pantera Negra.

As atividades propostas nesta unidade didática partem das ideias

históricas prévias dos/das participantes, o que os condiciona na maneira de

compreender e ver o mundo, partindo para a investigação do conhecimento

científico, unindo-os na busca da formação de uma consciência histórica. Desta

maneira, depois de debatido previamente os temas que serão estudados, os

quadrinhos serão lidos e analisados na procura por vestígios, explícitos ou

implícitos, que tragam informações sobre o contexto histórico em que foram

criados e publicados. Em seguida, estes quadrinhos serão confrontados com

outras fontes, trechos de livros e artigos produzidos no mesmo contexto ou que

tratem sobre ele. Dessa forma, através da comparação entre os quadrinhos e o

material disponível com informações sobre a época de sua publicação, busca-

se proporcionar aos participantes do projeto a capacidade de compreender o

processo de construção do conhecimento histórico, através da interpretação e

do questionamento dos vestígios identificados, percebendo a existência de

mais de uma perspectiva para o mesmo tema, superando a prática da mera

repetição do que é transmitido.

Para finalizar, os/as participantes construirão suas próprias histórias em

quadrinhos, as quais, também, serão analisadas pelo grupo.

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Material Didático

1° Encontro: 4h

Nesse primeiro encontro será realizado, através de slides e explanação

oral, a apresentação do projeto (justificativa, fundamentação teórica,

metodologia que será utilizada e cronograma dos encontros) para os/as

participantes. Em seguida, os participantes falarão quais são as suas

expectativas em relação ao projeto.

Também, nesse encontro, será aplicado um questionário com questões

relacionadas aos assuntos abordados no projeto, ou seja, questões

relacionadas às histórias em quadrinhos e aos conteúdos específicos que

serão estudados. Esse questionário servirá para o levantamento das ideias

prévias que os/as participantes trazem consigo acerca dos temas que serão

trabalhos. O diagnóstico, obtido através da análise das respostas do

questionário, servirá para orientar o professor em como ele deve conduzir os

trabalhos.

O trabalho será realizado com alunos da 3ª série do Ensino Médio.

Portanto, supõe-se que nenhum dos conteúdos específicos que irão ser

trabalhados estejam sendo vistos pela primeira vez. Partindo dessa ideia

preconcebida, espera-se que o trabalho possa ser realizado através do

levantamento de debates e discussões, com interpretações e pontos de vistas

diferentes, o que colaborará na construção do conhecimento histórico e a

percepção da existência de mais de uma perspectiva para um mesmo tema.

QUESTIONÁRIO PRÉVIO

01 – Você lê ou já leu histórias em quadrinhos?

( ) Sim

( ) Não

02 – No caso da resposta ser sim, qual o gênero de histórias em quadrinhosvocê prefere?

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( ) Personagens infantis (crianças e animais falantes)( ) Super-heróis( ) Terror( ) Faroeste( ) Personagens aventureiros( ) Outros:____________________________

03 – Você sabe em que país o(s) quadrinhos que você leu foi/foramproduzido(s)?

04 – Você sabe o nome do(s) artista(s) que produziu a história em quadrinhosque você leu?

05 – Você sabe qual foi a editora que publicou a(s) história(s) em quadrinhosque você leu?

06 – Os personagens listados abaixo, podem ser relacionados com quaisdesses conteúdos específicos de História?

a) Quarteto Fantástico:

( ) Civilizações Antigas( ) Idade Media( ) I Guerra Mundial( ) II Guerra Mundial( ) Guerra Fria( ) Movimentos sociais dos anos 60( ) Não pode ser relacionado com nenhum conteúdo

b) Hulk:

( ) Civilizações Antigas( ) Idade Media( ) I Guerra Mundial( ) II Guerra Mundial( ) Guerra Fria( ) Movimentos sociais dos anos 60( ) Não pode ser relacionado com nenhum conteúdo

c) X-Men:

( ) Civilizações Antigas( ) Idade Media( ) I Guerra Mundial( ) II Guerra Mundial( ) Guerra Fria( ) Movimentos sociais dos anos 60( ) Não pode ser relacionado com nenhum conteúdo

d) Home de Ferro:

( ) Civilizações Antigas

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( ) Idade Media( ) I Guerra Mundial( ) II Guerra Mundial( ) Guerra Fria( ) Movimentos sociais dos anos 60( ) Não pode ser relacionado com nenhum conteúdo

08 – Você conhece outro(s) personagem(s), que não tenha sido listado, quepossa ser relacionado com algum conteúdo de História? Em caso de sim, qualpersonagem e qual conteúdo?

Professor/a: estas questões foram elaboradas com base nas histórias emquadrinhos que serão trabalhadas no projeto, fazendo uma ligação com ocontexto histórico em que elas foram publicadas. O objetivo é o levantamentodas ideias prévias dos/das participantes sobre os quadrinhos e sobre oconteúdo específico que será estudado. Porém, é preciso tomar cuidado comos critérios que serão utilizados para a análise do questionário, uma vez queesta análise não pode ser realizada utilizando como único parâmetro o númerode acertos das questões, pois, se um/uma participante acertar uma questãosobre um tema, mas errar várias outras, relacionadas ao mesmo tema, issopode indicar que a resposta trata-se de uma escolha aleatória com um acertoao acaso. Portanto, é necessário analisar o número de acertos dentro de umconjunto de questões que abrangem um determinado tema.

2° Encontro: 4h

Neste encontro, depois de analisadas as respostas obtidas com a

aplicação do questionário, iniciaremos os trabalhos com os quadrinhos. De

início, serão distribuídos, para os/as participantes, dois textos sobre

quadrinhos. O primeiro trata-se de uma síntese com fatos, organizados em

ordem cronológica, relacionados ao surgimento das histórias em quadrinhos. O

segundo aborda a linguagem típica das histórias em quadrinhos, com conceitos

básicos para o estudo do assunto. É importante a realização desse trabalho

introdutório para que os/as participantes se familiarize com o tema, uma vez

que, possivelmente, alguns deles estejam tendo, através deste trabalho, os

primeiros contatos com os quadrinhos.

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Texto 1

Quadrinhos

Não é possível determinar com exatidão o momento na história em

que o ser humano passou a usar a narrativa gráfica (imagens utilizadas para a

transmissão de mensagens) como forma de comunicação. O homem primitivo

já fazia uso de desenhos nas paredes das cavernas para comunicar-se com

seus contemporâneos. As primeiras formas de escrita utilizavam símbolos que

eram diretamente ligados à imagem do que queria se representar, como é o

caso dos hieróglifos egípcios, dos sistemas de escrita japonês e chinês, no

extremo oriente, e de alguns povos que viviam na América pré-colombiana.

Também são exemplos de imagens ordenadas para transmissão de

mensagens as paredes e colunas de templos e tumbas de várias civilizações

do passado, bem como os mosaicos, afrescos, tapeçarias medievais, a “via

crucis” nas paredes de templos católicos.

As histórias em quadrinhos, ou simplesmente quadrinhos, como são

chamadas no Brasil, são conhecidas como comics nos Estados Unidos. Na

França, recebem o nome de bande desinée, bem como, banda desenhada,

em Portugal, mangá, no Japão, fumetti, na Itáilia, tebeo, na Espanha, e

historieta, nos países de língua espanhola da América Latina. Sua origem é

transnacional e transcultural, sendo que sua gênese não é um fenômeno

isolado fruto de uma só cultura, não ocorreu dentro de um só país.

Porém, apesar de não haver um consenso sobre um marco para o início dos

quadrinhos, a maioria dos historiadores utilizam o momento em que é possível

identificar algumas características que definem o gênero como, por exemplo,

os desenhos envoltos por quadros, a diagramação da página, balões de fala,

onomatopeias, personagens regulares e o modo de distribuição.

As condições necessárias para o florescimento dos quadrinhos como

forma de comunicação de massa apresentaram-se nos Estados Unidos do

final do século XIX. Com a evolução do processo de impressão os jornais

populares se tornaram uma fonte acessível de informação e entretenimento,

gerando um enorme mercado disputado em uma verdadeira guerra por dois

grandes empresários: Willian Randolph Hearst, dono do New York Jounal, e

Joseph Pulitzer, do New York World. Foi devido a disputa entre estes dois

magnatas da comunicação que, na busca por novas atrações para cativar o

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público e vender mais que o concorrente, foi publicado, em 1895, no

suplemento dominical colorido que acompanhava o jornal New York Journal,

de propriedade de Pulitzer, o que, segundo o jornalista brasileiro Álvaro de

Moya, pode ser considerado o primeiro personagem fixo das histórias em

quadrinhos: The Yellow Kid/O Menino Amarelo. Criado por Richard Fenton

Outcaut, o personagem era um menino cabeçudo, careca e de orelhas

grandes, vestido com um grande camisolão amarelo no qual eram escritas

mensagens irreverentes. Os balões de fala só passaram a ser usados por

Outcaut depois que ele se transferiu para o jornal concorrente, de propriedade

de Hearst. Portanto, o Menino Amarelo pode ser considerado a transição das

histórias ilustradas para o que se tornou a linguagem própria dos quadrinhos

(MOYA, 1993, p. 18). Também deve-se destacar a colaboração de outro

desenhista estadunidense, Rudolph Dirks, e sua criação Katzenjammer Kids,

publicados a partir de 1897, que no Brasil ficaram conhecidos como Os

Sobrinhos do Capitão que, segundo alguns estudiosos, possuíam roteiros

mais bem elaborados e próximos da dinâmica dos quadrinhos (MENDO, 2008,

p. 15).

Um fator importante para a difusão das histórias em quadrinhos foram

os momentos históricos de crise como, por exemplo, a relação entre a

"quebra" da bolsa de Nova York em 1929, com a consequente diminuição do

poder de consumo da população, e o crescimento da popularidade dos

comics, que passaram a ser uma fonte de fuga psicológica com baixo custo.

As primeiras histórias em quadrinhos eram humorísticas, daí a origem

do termo comics, de cômicos, nos Estados Unidos, com histórias girando em

torno de crianças terríveis. Na década de 20 apareceram os primeiros

quadrinhos de aventura, apresentando detetives destemidos, guerreiros do

passado, naves espaciais, e o maniqueísmo simplista entre vilões e mocinhos.

Muitos destes primeiros aventureiros dos quadrinhos eram adaptações diretas

de personagens dos pulps, revistas baratas impressas em papel de polpa de

celulose nas quais eram publicados contos de aventuras, com temas que

vareavam entre fantasia e ficção científica, e faziam muito sucesso nos

Estados Unidos do início do século XX. Tarzan, Buck Rogers e Conan são

alguns dos exemplos de personagens dos pulps que foram adaptados para os

quadrinhos, onde se tornaram extremamente populares. No final da década de

1930, aparece, como uma variação do gênero aventura, os quadrinhos de

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super-heróis. Para o quadrinista Will Eisner, estes personagens, vestidos com

roupas derivadas da clássica vestimenta dos homens fortes dos circos e,

geralmente dotados de poderes sobre-humanos, onde protagonizavam

histórias que enfocava a vingança e a perseguição, satisfazendo a atração

popular pelo herói que vence mais por sua força do que pela malícia (EISNER,

2005, p. 78).

Os syndicates, agências de distribuição que passaram a gerenciar a

comercialização dos quadrinhos estadunidenses para os jornais, possuem

papel fundamental no processo de massificação das histórias em quadrinhos.

Graças à atuação dos syndicates, os quadrinhos produzidos nos Estados

Unidos passaram a ser distribuídos para jornais de vários países, de vários

continentes, disseminando a cultura e seus valores estadunidenses.

Os quadrinhos, como qualquer outra produção, refletem o tempo e

espaço onde foram produzidos, algumas vezes de forma inconsciente, outras

vezes de forma intencional, apresentando conteúdo altamente ideológico e

utilizados como propaganda de sistemas políticos. Por exemplo, nas decadas

de 1930 e 1940, durante o crescimento do nazifascismo na Europa, e a

consequente II Guerra Mundial, os governos utilizaram o poder da

comunicação dos quadrinhos sobre as massas de acordo com suas

conveniências. Foi um período onde era comum ver nos comics

estadunidenses personagens como Tarzan enfrentando nazistas na África. É

nesta época que aparecem os primeiros super-heróis, como o Superman,

vestido com as cores da bandeira estadunidense e defendendo “a verdade, a

justiça e o estilo de vida americano”, o personagem, criado por dois jovens

artistas judeus, era a resposta ao super-homem ariano, ou Capitão América,

que logo na capa de sua primeira revista aparece dando um soco em Hitler.

No Japão, os heróis dos mangás defendiam os interesses do Império Nipônico

(MENDO, 2008, p. 16-17).

No Brasil, os quadrinhos chegaram através da publicação O Tico-Tico,

da editora O Malho, em 1905. A grande atração de O Tico-Tico era Chiquinho,

um decalque do personagem estadunidense Buster Brown, de Richard F.

Outcault, o mesmo criador do Menino Amarelo. Em 1929, o jornal paulista A

Gazeta lançou o seu suplemento infantil, chamado de A Gazetinha, no qual

publicava quadrinhos. Na década de 30 aparecem as publicações dos

jornalistas Adolfo Aizen, Suplemento Juvenil, O Lobinho, e a revista Mirim (a

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primeira publicação brasileira de quadrinhos no chamado "formato

americano" ,17 X 26 cm), e Roberto Marinho, Globo Juvenil e Gibi. Esta última

obteve tanto êxito que o termo "gibi" passou a ser sinônimo de revistas de

quadrinhos no Brasil. Com exceção de alguns trabalhos de artista nacionais,

estas publicações traziam em suas páginas personagens estadunidenses

(Popeye, Li'l Abner/Ferdinando, O Gato Felix, Dick Tracy, Príncipe Valente,

Flash Gordon, Mandrake, Fantasma, Superman, Batman, etc) popularizando-

os no Brasil.

Os quadrinhos já foram vistos, no Brasil, como uma leitura apenas para

passar o tempo, uma diversão infantil sem nada para acrescentar à cultura.

Houve até quem defendesse que quadrinhos de super-heróis causavam

delinquência juvenil, seguindo a ideia do psiquiatra estadunidense de origem

alemã Fredric Werthan. Apesar de ainda haver resquícios desta visão

preconceituosa, ela está, em muitos aspectos, superada. Quadrinhos são uma

forma de arte, de comunicação e expressão, que podem ser utilizados, e com

grande eficácia, no processo de ensino nas escolas, desenvolvendo a

criatividade, a capacidade cognitiva, o senso crítico e interpretativo. Desde a

década de oitenta os quadrinhos são utilizados em livros didáticos. Com a

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB (Lei

9.394/96), em 20 de novembro de 1996, que trouxe a necessidade da

abordagem de outras formas de linguagem no ensino, os quadrinhos

passaram, de maneira mais consistente, a ser utilizados na educação.

As histórias em quadrinhos são uma forma de linguagem específica,

onde a mensagem é transmitida ao leitor pela integração de dois códigos: o

visual e o verbal. Estes dois códigos, dentro do sistema narrativo das HQs,

não podem ser pensados separadamente.

REFERÊNCIAS

EISNER, Will. Narrativas Gráficas. São Paulo: Devir, 2005.

___________ Quadrinhos e arte seqüencial. 3. ed. São Paulo: MartinsFontes, 2001.

GOIDA; KLEINERT, André. Enciclopédia dos quadrinhos. Porto Alegre:L&PM, 2014.

MAZUR, Dan; DANNER, Alexander. Quadrinhos: História moderna de uma

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arte global. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2014.

MCCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: M.Books doBrasil, 2005.

_______________ Reinventando os quadrinhos: Como a imaginação e atecnologia vêm revolucionando essa forma de arte. São Paulo: M.Books doBrasil, 2006.

MENDO, Anselmo Gimenez. História em quadrinhos: impresso vs. Web. SãoPaulo: Unesp, 2008.

MORRISON, Grant. Superdeuses. São Paulo: Seoman, 2012.

MOYA, Álvaro de. História da história em quadrinhos. 2. ed. São Paulo:Brasiliense, 1993.

_________________Shazam! 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1977.

_________________Vapt vupt. São Paulo: Clemente e Gramani, 2003.

RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2010.

VIANA, Nildo; REBLIN, Iuri Andréas (Org.). Super-heróis, cultura esociedade: aproximações multidisciplinares sobre o mundo dos quadrinhos.Aparecida: Idéias e Letras, 2011.

Texto 2

A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS

Com base no texto de Waldomiro Vergueiro, A linguagem dos

quadrinhos uma “alfabetização” necessária, o qual faz parte do livro Como

usar as histórias em quadrinhos na sala de aula, é apresentado a seguir

algumas definições de conceitos ligados à linguagem dos quadrinhos.

A LINGUAGEM VISUAL

Um dos elementos básicos fundamentais das histórias em quadrinhos é

a imagem desenhada, apresentada em forma de quadros ordenados em

sequência de maneira que transmitam uma mensagem ao leitor.

No ocidente, os quadros são organizados para a leitura no sentido do

alto para baixo e da esquerda para a direita. Nas histórias em quadrinhos

orientais, a leitura é realizada da direita para a esquerda.

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LINHAS DOS QUADRINHOS: As linhas que formam o contorno dos

quadrinhos também possuem sua função informativa:

- Linhas contínuas: indicam que a ação se passa no tempo presente.

- Linhas pontilhadas: podem representar ações ocorridas no passado como,

também, representar delírios ou sonhos. No caso dos dois últimos, podem

também aparecer contornos em forma de nuvens.

METÁFORAS VISUAIS: As metáforas visuais expressam ideias e

sentimentos. São convenções gráficas que podem estar localizadas dentro ou

fora dos balões.

Fonte: desenhos de propriedade de Aliandro M. de Oliveira

PERSONAGENS: As histórias em quadrinhos produzidas pela grande

indústria, geralmente em “série”, costumam ter personagens fixos. Estes

personagens fixos, quase sempre, são retratados usando as mesmas roupas,

a fim de serem facilmente identificados pelos leitores.

- Protagonista: personagem principal. Geralmente, se destaca dos demais

personagens por atributos físicos, sociais ou/e intelectuais.

- Personagens secundários: são personagens de apoio que se relacionam,

todos concorrendo para destacar a atuação do protagonista no

desenvolvimento da história. Geralmente são estereotipados. Ex: a namorada

ou o interesse romântico do protagonista, o amigo ou ajudante do herói, o

antagonista ou vilão que irá se opor ao personagem principal.

(...) é importante lembrar que, sendo um meio decomunicação de massa, muitas histórias em quadrinhostendem a firmar-se em estereótipos para melhor fixar ascaracterísticas de um personagem junto ao público. Este tipo

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de representação traz em si uma forte carga ideológica,reproduzindo os preconceitos dominantes na sociedade. Enão se trata apenas de representar o herói com uma figuraagradável ao olhar e o malfeitor com traços simiescos, mas,às vezes (...), salientar traços ou situações que fortalece avisão estereotipada de raças, classe, grupos, étnicos,profissões etc. Ainda que hoje em dia esses estereótipos jánão tenham a mesma agressividade que tinham no início dosquadrinhos, representações de determinados grupos podemsurgir nas histórias em quadrinhos de forma ostensivamentepreconceituosa. (RAMA, 2014, p. 53)

LINGUAGEM VERBAL

A linguagem verbal vai aparecer nas histórias em quadrinhos para

expressar a fala ou pensamento dos personagens, a voz do narrador e os

sons envolvidos nas narrativas. Também aparecem em elementos gráficos

como cartazes, cartas, vitrines, etc.

BALÃO: o balão é a ligação entre a linguagem visual (imagem) e a linguagem

verbal (palavra). As informações, através dos balões, começam a ser

transmitidas antes mesmo da leitura do que está escrito, através da posição

em que estão colocados os balões. Balões colocados à esquerda, na parte

superior do quadrinho, devem ser lidos antes daqueles colocados à direita e

abaixo. Cada balão possui uma ponta em forma de rabicho que indica quem

está falando.

Fonte: Disponível em <https://pixabay.com/pt/desenhos-animados-quadrinhos-palavra-268493/> Acesso em novembro de 2016.

A linha de contorno do balão também transmitem informações:

- Balões com linas tracejadas: personagem falando em voz baixa;

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Fonte: desenho de propriedade de Aliandro Mendes de Oliveira.

- Balões em forma de nuvens com rabicho em forma de bolhas: significa

que as palavras contidas nele são pensadas, e não faladas, pelo personagem;

Fonte: Disponível em <https://pixabay.com/pt/desenhos-animados-quadrinhos-palavra-268493/> Acesso em novembro de 2016.

- Balões em forma de zig-zag: significa que a voz em tom mais alto ou um

grito;

Fonte: Disponível em <https://pixabay.com/pt/desenhos-animados-quadrinhos-palavra-268493/> Acesso em novembro de 2016.

- Balão com rabicho em zig-zag: representa uma voz oriunda de um

aparelho eletrônico (televisão, rádio, robô, etc);

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Fonte: Disponível em <https://pixabay.com/pt/desenhos-animados-quadrinhos-palavra-268493/> Acesso em novembro de 2016.

- Balão com múltiplos rabichos: representa que vários personagens estão

falando ao mesmo tempo;

Fonte: desenho de propriedade de Aliandro Mendes de Oliveira

LETRAS

O tipo de letra utilizado para compor o texto contido dentro do balão

também transmite mensagens:

- Letras de imprensa maiúsculas: conversa em tom normal. A mensagem é

encerrada com um ponto e exclamação (se for uma afirmação) ou um ponto

de interrogação (se for uma indagação);

- Letras maiores que o normal em negrito: significa que as palavras estão

sendo pronunciadas em um tom mais alto que o normal;

- Letras com o tamanho menor que o normal: tom de voz mais baixo;

- Letras tremidas: representa medo. Se as letras forem maior que o normal,

representa um grito;

- Letras com tipologia diferente: significa que o personagem está falando

em outra língua.

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LEGENDAS: Colocadas na parte superior esquerda do quadrinho, deve ser

lida primeiro. Elas representam a voz do narrador. Legendas com cores

diferentes indicam sucessão de narradores.

ONOMATOPEIAS: Representação de sons através de caracteres alfabéticos.

Geralmente, são grafadas independentes dos balões, com caracteres grandes

e perto de onde ocorre o som representado.

Exemplos de onomatopeias:

- Explosão: BUM!

- Quebra: CRACK!

- Choque: CRASH!

- Queda na água: SPLASH!

- Pingos de chuva: PLIC! PLIC! PLIC!

- Sono: ZZZZZZZZZZ!

- Soco: POW!

- Campainhas: Rring! Rring!

- Metralhadora: Ra-tá-tá-tá!

- Beijos: SMACK!

- Tiro: BANG!

REFERÊNCIAS

EISNER, Will. Quadrinhos e arte seqüencial. 3. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2001.

RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (Org.). Como usar as histórias emquadrinhos na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2014.

3° Encontro: 4h

O objetivo do projeto é o de utilizar histórias em quadrinhos como fontes

históricas, as quais serão analisadas, discutidas com o grupo e comparadas

com outras fontes e com trechos de livros e artigos especializados que tratem

sobre o período estudado. Para isso, foram selecionadas histórias do gênero

super-heróis, publicadas nos EUA, na década de 1960 do séc. XX. O intuito é

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que, ao analisarmos estas histórias, possamos encontrar vestígios que

remetam ao contexto histórico em que foram publicadas e, a partir de

pesquisas a outras fontes e materiais, construir o conhecimento histórico.

A seguir, serão analisados trechos de histórias do Quarteto Fantástico,

do Hulk, Homem Aranha e Demolidor, todas publicadas originalmente na

década 1960, e quais as suas relações com conceitos ligados a esse contexto

histórico como Guerra Fria, Corrida Espacial, Corrida Armamentista e Guerra

Nuclear. Primeiramente, a proposta é de que o/a professor/a verifique as ideias

históricas prévias que os estudantes possuem sobre o tema que vai ser

abordado. Para isso, é necessário que se faça uma breve investigação, com as

questões propostas abaixo, antes da análise da história em quadrinhos.

ATIVIDADES

As atividades consistem em, primeiramente, responder as questões préviasrelacionadas ao conteúdo específico e a história em quadrinho que serátrabalhada. Depois disso, ler as histórias em quadrinhos propostas eresponder as questões para análise, socializando as conclusões com os/asdemais participantes do projeto. Em seguida, ler os outros materiaisdisponíveis (artigos, trechos de livros, etc), que tratam sobre o conteúdoespecífico estudado e que servem para a obtenção de informações sobre ocontexto histórico em que a história em quadrinhos foi publicada, respondendoas questões destinadas para análise dos mesmos. O objetivo é que os/asparticipantes possam perceber, através da interpretação dos vestígiosencontrados, de que maneira esse contexto está refletido nos quadrinhosanalisados. Também, é recomendado a realização das pesquisas sugeridaspara aprofundamento nos temas estudados. Para finalizar, socializarnovamente as conclusões e descobertas com o grupo onde aparecerão aspossíveis diferentes perspectivas.

CONTEÚDO ESPECÍFICO: Guerra Fria/Corrida Espacial

IDEIAS HISTÓRICAS PRÉVIAS

a) O que você sabe sobre o tema Corrida espacial?

b) O que você sabe sobre os super-heróis do Quarteto Fantástico?

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FONTE 1

COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS MARVEL: Origens - A décadade -1960 – Clássicos. São Paulo: Salvat, v. 1, dez. 2015. Mensal. p. 9-22.História: O Quarteto Fantástico (The Fantastic Four).

Publicação original: The Fantastic Four nº 1.

Outras vezes publicada no Brasil: DOIS SUPER-HERÓIS: PríncipeSubmarino e O Incrível Hulk. Rio de Janeiro: Ebal, v. 17, jan. 1969. Mensal;O TOCHA HUMANA. Rio de Janeiro: Bloch, v. 3, jul. 1975. Mensal; CAPITÃOAMÉRICA. São Paulo: Abril, v. 100, set. 1987. Mensal; BIBLIOTECAHISTÓRICA MARVEL: Quarteto Fantástico. Barueri: Panini, v. 1, jun. 2007.

Aqui, analisaremos a primeira história do Quarteto Fantástico, um grupo desuper-heróis formado pelos personagens Reed Richards/Sr. Fantástico, BenGrimm/Coisa, Sue Storm/Mulher Invisível e Johnny Storm/Tocha Humana. Nahistória, o grupo se lança no espaço em uma viagem experimental. Nestaviagem, eles sofrem um acidente envolvendo raios cósmicos ganhandosuperpoderes, passando a atuar como super-heróis.

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) O primeiro quadro, da página 18, traz uma discussão entre Ben e Reed.

Qual é o motivo desta discussão?

2) No segundo quadro (página 18) vemos a interferência de Sue Storm na

discussão. Que argumento ela utiliza para convencer Ben?

3) Esta HQ foi publicada na revista Fantastic Four nº1. Faça uma pesquisa em

sítios/sites especializados na internet e anote os dados sobre esta revista:

3.1) Ano em que a revista Fantastic Four nº1 foi publicada:

3.2) Editora que a publicou:

3.3) País em que foi publicada originalmente:

3.4) Autores da história e país em que nasceram:

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PESQUISA: Pesquise em livros didáticos, artigos de revistas, jornais ou emum sítio/site da internet, um texto que trate, de uma forma sintetizada, comuma linguagem simples e fatos ordenados cronologicamente, sobre a disputaentre a URSS e EUA pela “conquista do espaço”. Em seguida complete asinformações sobre os principais fatos que marcaram a chamada “CorridaEspacial”.

A) Lançamento do primeiro satélite artificial

Ano:

Nome do satélite:

País que realizou o feito: ( ) URSS ( ) EUA

B) Primeiro ser vivo no espaço

Ano:

Espécie lançada:

País que realizou o feito: ( ) URSS ( ) EUA

C) Primeiro ser humano no espaço

Ano:

País que realizou o feito: ( ) URSS ( ) EUA

D) Primeira mulher no espaço

Ano:

País que realizou o feito: ( ) URSS ( ) EUAE) Primeiros seres humanos na Lua

Ano:

Número de homens na missão:

Número de mulheres na missão:

País que realizou o feito: ( ) URSS ( ) EUA

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FONTE 2

Finalmente, se quisermos vencer a batalha que está acontecendo agoraem todo o mundo entre liberdade e tirania, as conquistas dramáticas noespaço que ocorreram nas últimas semanas deve ter deixado claro para todosnós, assim como o Sputnik, em 1957, o impacto desta aventura nas mentesdos homens em todos os lugares, que estão tentando fazer uma determinaçãode qual caminho que devem tomar. Desde o início de meu mandato, osnossos esforços no espaço têm sido em análise. (…) Agora é hora de tomarpassos mais largos, é tempo para um novo grande empreendimentoamericano, é tempo para essa nação assumir um papel preponderante clarona conquista do espaço, que em muitos aspectos pode ser a chave para onosso futuro na Terra. (…) Primeiro, eu acredito que esta nação devecomprometer-se a alcançar a meta, antes que esta década termine, de pousarum homem na Lua e retorná-lo em segurança à Terra. Nenhum projeto doespaço único neste período será mais impressionante para a humanidade, oumais importante para a exploração de longo alcance do espaço, e nenhumserá tão difícil ou caro para realizar. Propomo-nos a acelerar odesenvolvimento da nave espacial lunar apropriada. Propomos desenvolverlíquido alternativo e impulsionadores de combustível sólido, muito maior doque qualquer que tenham desenvolvido até agora(…) Mas em um sentidomuito real, não vai ser um homem a ir à Lua (...), será uma nação inteira. Paratodos nós devemos trabalhar para colocá-lo lá.(...)

Que fique claro que este é um julgamento que os membros doCongresso devem finalmente fazer, que fique claro que eu estou pedindo aoCongresso e ao país para aceitar um compromisso firme para um novo cursode ação, um curso que vai durar por muitos anos e carregar custos muitopesados: 531 milhões de dólares no ano fiscal de 62, um número estimado de7 a 9 bilhões de dólares adicionais ao longo dos próximos cinco anos. Sequisermos ir apenas a meio caminho, ou reduzir nossas vistas em face dadificuldade, em minha opinião, seria melhor não ir.(…)

Creio que devemos ir para a Lua. Mas eu acho que cada cidadão destepaís, bem como os membros do Congresso deve considerar o assunto comcuidado para fazer o seu julgamento, ao qual temos dado atenção ao longo demuitas semanas e meses, porque é um fardo pesado, e não há nenhumsentido em concordar desejando que os Estados Unidos adotem uma posiçãoafirmativa no espaço exterior, a menos que estejamos preparados para fazer otrabalho e suportar os encargos para torná-lo bem sucedido.(…).

KENNEDY, John F.. May 25, 1961: JFK's Moon Shot Speech to Congress. 1961.Disponível em: <http://www.space.com/11772-president-kennedy-historic-speech-moon-space.html>. Acesso em: 27 nov. 2016.

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

O texto acima é uma livre tradução de um trecho do discurso do Presidente

estadunidense John F. Kennedy, para o Congresso do seu país em 25 de

maio de 1961.

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1) Qual a ideia principal que John Kennedy defende no discurso?

2) Que argumentos Kennedy utiliza para convencer o Congresso e o povo de

seu país a aceitar sua proposta?

3) Em sua interpretação, por que era tão importante para Kennedy que sua

proposta fosse aceita? Suas intenções eram humanitárias (alcançar um

progresso para trazer benefícios para toda a humanidade)?

4) Você vê alguma relação entre o discurso do de John Kennedy e a história

em quadrinhos do Quarteto Fantástico analisada?

TEXTOS PARA REFLEXÃO SOBRE O CONTEXTO

TEXTO Nº 1

A URSS de Kruschov, ainda que marcada pelo desconcertantevoluntarismo de seu líder, atingiu na segunda metade dos anos 1950 acondição de potência mundial. O país se recuperara no plano econômico edemográfico do baque sofrido na Segunda Guerra, atingira um relativoequilíbrio nuclear na Europa e ultrapassara os EUA na corrida espacial, aolançar o primeiro satélite artificial (o Sputnik), em 1957, e colocar o primeirohomem em órbita. Moscou superara a fase em que a extrema vulnerabilidadedo país obrigava Stalin a uma atitude apenas reativa e defensiva nas relaçõesinternacionais. Kruschov implementou, ainda que com muitas deficiências,uma diplomacia realmente mundial, com programas de ajuda ao nacionalismodo Terceiro Mundo (embora modestos).

A URSS se percebia como potência e, nos marcos da coexistênciapacífica, se propunha a ultrapassar economicamente os EUA em poucotempo. Kennedy assumiu a Casa Branca herdando certo pessimismoamericano quanto a essa situação, e em três meses sofreu o revés da Baíados Porcos, em Cuba. Urgia uma reação, e o presidente fez construir váriosporta- -aviões nucleares, aumentou consideravelmente o orçamento militarnorte-americano e o efetivo da Otan.

VISENTINI, Paulo G. Fagundes; PEREIRA, Analúcia Danilevicz. História do MundoContemporâneo: Da Pax Britânica do século XVIII ao Choque das Civilizações doséculo XXI. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 168-169.

TEXTO Nº 2

Um tanto inesperadamente, foi na região soviética do globo que aciência se tornou, quando nada, mais política à medida que avançava a

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segunda metade do século. Não por acaso o maior porta-voz nacional (einternacional) da dissidência na URSS seria um cientista, Andrei Sakharov(1921-89), o físico que fora o principal responsável, em fins da década de1940, pela construção da bomba de hidrogênio soviética. Os cientistas erammembros par excellence da nova, grande, educada e tecnicamente formadaclasse média profissional que iria ser a principal realização do sistemasoviético, mas ao mesmo tempo a classe mais diretamente consciente dasfraquezas e limitações do sistema. Eram mais essenciais para o sistema doque suas contrapartes no Ocidente, pois somente eles possibilitavam a umaeconomia, fora isso atrasada, enfrentar os EUA como superpotência. Naverdade demonstraram sua indispensabilidade fazendo com que a URSS poralgum tempo ultrapassasse o Ocidente na mais alta das tecnologias, a doespaço cósmico. O primeiro satélite artificial (o Sputnik, 1957), o primeiro vôoespacial tripulado por homem e mulher (1961; 1963) e os primeiros passeiosespaciais foram todos russos. Concentrados em institutos de pesquisa ou“cidades da ciência” especiais, articulados, necessariamente conciliados ecom certo grau de liberdade concedido pelo regime pós-Stalin, nãosurpreende que as opiniões críticas fossem geradas no ambiente de pesquisa,cujo prestígio social era de qualquer modo maior que o de qualquer outraocupação soviética.

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: O breve século XX 1914-1991. 2. ed. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1995. p. 527.

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) Segundo o texto 1, como estava a economia da URSS nesse período?

Como era o ambiente político nos EUA quando Kennedy assumiu a presidência

e como foi sua atuação para enfrentar a situação?

2) No texto 2, o que Hobsbawm quis dizer quando afirmou que na União

Soviética a “ciência se tornou mais política”, que os cientistas eram a “principal

realização dos soviéticos” e que eram “mais essenciais ao sistema do que suas

contrapartes do Ocidente”?

Professor/a: o propósito da atividade é a identificação, na história, devestígios que refletem a chamada Corrida Espacial, episódio onde as duassuperpotências da época da publicação da história, EUA e URSS, utilizaramos seus avanços científicos e tecnológicos como propaganda deautopromoção para convencer o mundo de qual era o “melhor” sistema políticoe econômico. Espera-se, que ao finalizar a atividade os/as participantespercebam que o fato de os personagens da história analisada se lançaram aoespaço, em uma viagem improvisada, com o objetivo de vencer os“comunistas”(soviéticos), que na mesma época estavam adiantados em seuprograma espacial, está diretamente ligado a essa disputa pelo domínio do

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espaço entre Estados Unidos e União Soviética.

CONTEÚDO ESPECÍFICO: Guerra Fria/ Corrida Armamentista/ GuerraNuclear

IDEIAS HISTÓRICAS PRÉVIAS

a) O que você sabe sobre o tema Corrida Armamentista?

b) O que você sabe sobre armas nucleares?

c) O que você sabe sobre os personagens dos quadrinhos Hulk, Homem-

Aranha e Demolidor?

FONTE 3

COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS MARVEL: Origens - A décadade 1960 – Clássicos. São Paulo: Salvat, v. 1, dez. 2015. Mensal. p. 43-49.

História: A chegada do Hulk (The coming of the Hulk)

Publicação original: The Incredible Hulk nº 1

Outras vezes publicada no Brasil: CAPITÃO AMÉRICA. São Paulo: Abril, v.100, set. 1987. Mensal; GRANDES CLÁSSICOS MARVEL. São Paulo:Mythos, mar. 2006; BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: O Incrível Hulk.Barueri: Panini, v. 1, jun. 2008.

Essa é a primeira história do Hulk. Nela podemos ver como o Dr. Bannersalvou um jovem de um acidente em um campo de testes nucleares, mas foiatingido por uma explosão de radiação de raios gama, transformando-se noHulk, um grande e forte monstro acinzentado.

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QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) Nos três primeiros quadros 4 e 5, da página 45, podemos ver personagens

vestidos como cientistas e um outro como militar. O que está acontecendo no

local onde os personagens se encontram?

2) Nos quadros onde o Dr. Banner está fora da área de proteção para salvar o

jovem (p. 46 e 47), como é a paisagem geográfica?

3) Esta HQ foi publicada originalmente na revista The Incredible Hulk nº1. Faça

uma pesquisa em sítios/sites especializados na internet e anote os dados sobre

esta revista:

3.1) Ano em que a revista Incredible Hulk nº1 foi publicada:

3.2) Editora que a publicou:

3.3) País em que foi publicada originalmente:

3.4) Autores da história e país em que nasceram:

FONTE 4

COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS MARVEL: Origens - A décadade 1960 – Clássicos. São Paulo: Salvat, v. 1, dez. 2015. Mensal. p. 68-74.

História: Homem-Aranha (Spider-Man)

Publicação original: Amazing Fantasy nº 15

Outras vezes publicada no Brasil: HOMEM-ARANHA. Rio de Janeiro: Rge,v. 44, ago. 1982. Mensal; CAPITÃO AMÉRICA. São Paulo: Abril, v. 100, set.1987. Mensal; HOMEM-ARANHA. São Paulo: Abril, v. 92, fev. 1991. Mensal;SPIDER-MAN COLLECTION. São Paulo: Abril, v. 1, jan. 1996. Mensal;BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: Homem-Aranha. Barueri: Panini, v. 1,jul. 2007; OS HERÓIS MAIS PODEROSOS DA MARVEL: Homem-Aranha.São Paulo: Salvat, out. 2014.

Na FONTE 4 temos a primeira história do Homem-Aranha. Nelaacompanhamos como o jovem Peter Parker ganha seus poderes depois de

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ser picado por uma aranha radiativa.

Fonte 5

COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS MARVEL: Origens - A décadade 1960 – Clássicos. São Paulo: Salvat, v. 1, dez. 2015. Mensal. p. 84-207.

História: A origem do Demolidor (The origin of the Daredevil)

Publicação original: Daredevil nº 1.

Outras vezes publicada no Brasil: O DEMOLIDOR. Rio de Janeiro: Ebal, v.1, abr. 1969. Mensal; DEMOLIDOR. Rio de Janeiro: Bloch, v. 1, abr. 1975.Mensal; ALMANAQUE MARVEL. Rio de Janeiro: Rge, v. 1, abr. 1979. Mensal;SUPERAVENTURAS MARVEL. São Paulo: Abril, v. 100, out. 1990. Mensal;BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: Demolidor. Barueri: Panini, v. 1, mar.2009; OS HERÓIS MAIS PODEROSOS DA MARVEL: Demolidor. São Paulo:Salvat, v. 29, mar. 2016.

Na fonte 5, a história é a origem do Demolidor, um super-herói que tem ossentidos ampliados, mas perde a visão, depois de ser atingido nos olhos porum material que caiu de um caminhão que transportava produtos radiativos,logo após salvar um homem cego de ser atropelado.

QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) Estas HQs foram publicadas originalmente nas revistas Amazing Fantasynº15 e Daredevil nº 1. Faça uma pesquisa em sítios/sites especializados nainternet e anote os dados sobre estas revistas:

1.1) Ano em que a revista Amazing Fantasy nº15 foi publicada:

1.2) Editora que a publicou:

1.3) País em que foi publicada originalmente:

1.4) Autores da história e país em que nasceram:

1.5) Ano em que a revista Daredevi nº1 foi publicada:

1.6) Editora que a publicou:

1.7) País em que foi publicada originalmente:

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1.8) Autores da história e país em que nasceram:

2) Você, em sua análise, consegue ver alguma relação entre as históriasapresentadas nas FONTES 3 (Hulk), 4 (Homem-Aranha) e 5 (Demolidor)?

TEXTOS PARA REFLEXÃO SOBRE O CONTEXTO

TEXTO 1

Esses acontecimentos descortinavam-se diante de uma grande corridaarmamentista internacional. Tal paradoxo — de que um acordo de paz naEuropa era formulado ao mesmo tempo que duas Grandes Potências daépoca se armavam até os dentes e se preparavam para a eventualidade deuma guerra termonuclear — não foi tão estranho quanto possa parecer. Aênfase crescente no pensamento estratégico dos EUA e da URSS, no quedizia respeito às armas nucleares e aos mísseis intercontinentais que asdeslanchariam, dispensava os Estados europeus da necessidade de competirnuma arena em que estes não tinham condições de medir forças com osrecursos das superpotências (...). O arsenal nuclear dos EUA cresceurapidamente ao longo dos anos 50. De nove unidades, em 1946, a cinqüenta,em 1948, e 170, no início da década seguinte, o estoque de armas nuclearesà disposição das Forças Armadas norteamericanas chegou a 841, em 1952,antes de se expandir a cerca de 2 mil por ocasião do ingresso da Alemanha naOTAN (alcançaria o número de 28 mil às vésperas da crise com Cuba, seteanos mais tarde). Para transportar essas bombas, a Força Aérea dos EUAcontava com uma frota de bombardeiros B-29 que cresceu, de cerca decinqüenta unidades, no início do bloqueio de Berlim, em 1948, a mais de mil,cinco anos depois; os primeiros bombardeiros intercontinentais B-52começaram a operar em junho de 1955. Diante da grande vantagem da UniãoSoviética em termos de efetivo humano e armamento convencional na Europa,essas armas nucleares transportadas por via aérea haveriam de se tornarcentrais à estratégia de Washington, especialmente depois da ordem secretaexpedida pelo presidente Truman, em 10 de março de 1950, para que seacelerasse o desenvolvimento da bomba de hidrogênio. A decisão de Trumanfoi movida pelo teste que a União Soviética realizou, em agosto de 1949, coma bomba atômica. A distância entre a capacidade nuclear americana e asoviética diminuía: o primeiro teste termonuclear realizado pelos EUA ocorreuno atol de Elugelab, no Pacífico, em 1º de novembro de 1952; o primeiro testesoviético congênere, em Semipalatinsk, foi anunciado passados apenas dezmeses, em 12 de agosto de 1953. Armas nucleares começaram a chegar àAlemanha Ocidental no mês seguinte; em janeiro, Dulles anunciou a políticado “New Look”, de Eisenhower. A OTAN haveria de ser “nuclearizada”: aameaça da utilização de armas nucleares no campo de batalha europeupassaria a integrar a estratégia de defesa da Aliança. Para que a UniãoSoviética acreditasse que o Ocidente, de fato, dispararia contra ela, erapreciso eliminar a diferença entre armas nucleares e convencionais (...).Moscou também estocava armamento nuclear — a partir de apenas cincounidades, em 1950, o estoque chegara a 1.700 no final da década. Mas aênfase principal dos soviéticos era no desenvolvimento de meios detransportar essas armas através do oceano (...), a fim de compensar os planosnorte-americanos para basear armas nucleares na Alemanha, a poucas

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centenas de quilômetros da própria Rússia. (...) Mas é certo que a URSSestava empregando grandes esforços no desenvolvimento de capacidadebalística. O primeiro teste soviético bem-sucedido com um míssil balísticointercontinental ocorreu em agosto de 1957, cinco meses antes dosamericanos. O lançamento do Sputnik, em 4 de outubro de 1957, evidenciou opoderio soviético (para horror dos EUA).89 Armas balísticas — mísseisintercontinentais capazes de lançar ogivas nucleares a partir do interior daURSS e alcançar alvos nos EUA — despertavam em Nikita Kruschev uminteresse especial. Tinham custo mais baixo do que as armas convencionais.Propiciavam a Kruschev boas relações com a indústria pesada e os militares,ao mesmo tempo que recursos podiam ser desviados para a produção debens de consumo. E tinham uma conseqüência curiosa, conforme ambos oslados haveriam de perceber: tornar uma grande guerra bem menos prováveldo que até então. Na teoria, armas nucleares tornavam Moscou e Washingtonmais beligerantes — era importante parecer estar de prontidão e disposto autilizá-las; na prática, as armas os tornavam bem mais contidos. Para osamericanos, tais armas tinham um interesse ainda maior. (…).

JUDT, Tony. Pós-Guerra: Uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro:Objetiva, 2008. p. 257-258.

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) Interprete o que o autor quis dizer quando afirmou que as “duas Grandes

Potências da época se armavam até os dentes e se preparavam para a

eventualidade de uma guerra termonuclear” e que na “teoria, armas nucleares

tornavam Moscou e Washington mais beligerantes (…); na prática, as armas os

tornavam bem mais contidos.” e qual a ligação dessa afirmação com o termo

Guerra Fria (Cold War)?

2) E hoje em dia, o perigo de uma Guerra Nuclear já passou? Por que alguns

países, como EUA, Rússia, Índia e Paquistão, ainda mantém armas nucleares?

Você acha que o Brasil também deveria investir recursos para a produção de

uma bomba atômica?

PESQUISA: O que foi a Crise dos Mísseis em Cuba?

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TEXTO 2

Hulk, vítima da era atômicaO Incrível Hulk nasceu em maio de 1962 da Imaginação de Stan Lee e JackKirby no laboratório das edições Marvel Comics. Robert Bruce Banner, umcientista atômico empregado pelo exército dos Estados Unidos, trabalha nacriação de uma bomba atômica. No decorrer de um teste, ele recebe uma fortedose de raios gama. Seu assistente, que teria podido interromper a carga deradiação, se revela um espião russo encarregado por seu governo de roubaros segredos do engenho explosivo. O Dr. Banner, cujo DNA é profundamentemodificado, permanece na enfermaria até a noite, antes de se transformar nacriatura primitiva de força hercúlea que um guarda designaria como Hulk(“Colosso”).

Os bombardeios de Hiroshima e de Nagasaki, em agosto de 1945, mostraramque a partir daquele momento era possível, nas palavras do filósofo alemãoGünther Anders, “apagar o mundo como se apaga uma lâmpada”. As grandespotências lançaram-se então em uma corrida desenfreada por armamentosnucleares com o objetivo de obter a supremacia tecnológica em caso deguerra De 1945 a 1962, cerca de 450 testes nucleares atmosféricos foram efetuadospelos Estados Unidos, a União Soviética, a França e a Grã-Bretanha, dosquais mais da metade entre 1961 e 1962. A contaminação atmosférica seconfigurou de tal ordem que esse tipo de teste, sob a pressão da comunidadecientífica, seria oficialmente proibido em 1963 (pelo Tratado de InterdiçãoParcial de Testes Nucleares, o qual não foi assinado pela França e pelaChina). Os criadores de Hulk não ignoravam esse clima particularmente angustianterepercutido pelo jornal New York Times. Um artigo de 15 de outubro de 1961fez menção ao aumento da radiatividade ao norte de Nova York e evocou osperigos aos quais os americanos estavam expostos. Em junho de 1962, diantedas manifestações de insatisfação da opinião pública, o governo dos EstadosUnidos reconheceu sua responsabilidade em 40 casos de câncer e 110mutações genéticas observadas em crianças, como consequência dasprecipitações radiativas (...). Durante o período extremamente sombrio do começo dos anos 1960, ossuper-heróis passaram naturalmente à “era da desconfiança e da paranoia”(…).

O Quarteto Fantástico obteve seus poderes dos raios cósmicos (1961), Hulk,de uma dose acidental de radiação (1962), o Homem Aranha, de uma picadade um aracnídeo radiativo (1962), os X-Men, de uma mutação genéticaherdada de seus pais (1963) e o Demolidor (1964), de um contato com dejetosradiativos(…).As vítimas de radiações, que eram legião, constituíam para os criadores daMarvel uma inesgotável fonte de inspiração. (...) Robert Oppenheimer, diretor do Projeto Manhattan, no âmbito do qual foramproduzidas as primeiras bombas atômicas, autorizou o desenvolvimento deum programa de pesquisas concernente aos efeitos do plutônio no corpohumano. Ebb Cade, a primeira cobaia que inaugurou uma série de 18 injeçõesdesse elemento radiativo, era um negro americano vítima de um banalacidente de estrada. Tendo recebido o codinome HP 12 (Human Productnumber 12), ele absorveu, sem ser advertido, 4,7 microgramas de plutônio em

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10 de abril de 1945. Foi o começo de uma sucessão de experiências secretascom pessoas frágeis (até mesmo crianças), a maior parte delas pobres edoentes, nas quais foram injetados trítio, polônio, urânio, rádio, iodo eestrôncio.(…). Robert Bell, professor no Brooklin College, contou que entre 1963 e 1971prisioneiros americanos receberam enormes doses de radiação em seustestículos. Os detentos tiveram de sofrer em seguida uma vasectomia para“evitar a possibilidade de disseminar na população mutações induzidas pelasradiações”. O objetivo de todas essas experiências ocultas era conhecer melhor os efeitosdas difrentes radiações sobre o corpo humano, para o caso de uma guerranuclear. Eles foram as vítimas indiretas da corrida atômica entre as potências.Desde a explosão da primeira bomba atômica da história, em 16 de julho de1945, no deserto do Novo México, militares e também civis do mundo inteiroforam expostos às radiações. O presidente da National Association of AtomicVeterans (Associação nacional de veteranos do átomo), R. J. Ritter, estimouem 195 mil o número de veteranos dos Estados Unidos que receberamradiações no decorrer dos testes atmosféricos realizados entre 1945 e 1962.

(…)

As cidades de Hiroshima e Nagasaki foram ocupadas por “pioneiros” poucodepois das explosões, que fizeram cerca de 230 mil vítimas diretas.Desprezando os riscos a que os participantes se expunham, diferentesprogramas de experimentos humanos foram lançados em 1951, muitos delescom o foco voltado para os efeitos dos flashes (brilho após uma explosão)atômicos sobre a retina. Por ocasião de um teste no estado de Nevada,durante a operação Teapot, em 5 de maio de 1955, o general Stranathanexplicou: “Os homens são o cerne desse teste. Nossa meta é familiarizá-loscom o ambiente de uma explosão atômica”. O espectro de uma guerra nuclearjustificava o envio de tropas ao terreno, de tanques e de aviões em meio ànuvem radiativa, para dissipar a “angústia atômica”.Do lado soviético, 45 mil soldados foram deliberadamente expostos àsprecipitações radiativas de uma explosão em setembro de 1954, enquanto omarechal Zhukov assistia tranquilamente ao espetáculo. (…).É preciso igualmente falar das consequências para a saúde das populaçõesque viviam nas proximidades das zonas de testes. “Mais de um milhão decidadãos do Cazaquistão receberam radiação em decorrência dos 456 testesnucleares atmosféricos realizados pelos soviéticos em Semipalatinsk de 1949a 1989” (...). O instituto médico de Semipalatinsk dispõe de umaimpressionante coleção de fetos malformados. No jornal Le Monde de 4 demarço de 2010 dois cientistas do contingente presente por ocasião do disparofrancês de 1º de maio de 1962 explicaram que centenas, até mesmo milharesde argelinos, “receberam doses radiativas causadoras de graves sequelas, atémesmo mortais”.

A taxa de cânceres nos ilhéus polinésios contaminados pelos testes francesesentre 1966 e 1996 é muito superior àquela da metrópole. Essas vítimas civisou militares jamais foram oficialmente reconhecidas pelo Estado francês,enquanto nos Estados Unidos uma política de transparência foi implementadapelo presidente Clinton desde 7 de dezembro de 1993. Diante de tantasinjustiças, o Incrível Hulk teria muitos motivos para ficar verde.

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HISTÓRA VIVA, ESPECIAL GRANDES TEMAS: super-heróis contam a históriado século XX. São Paulo: Duetto, v. 52, out. 2014. p. 30-35.

QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) O artigo acima faz uma ligação direta entre a criação dos super-heróis Hulk,

Homem-Aranha e Demolidor, entre outros, no início da década de 60, no

século XX, com a Corrida Armamentista e o medo de um possível Guerra

Nuclear. Mas, chama muito a atenção as informações da realização de testes

com seres humanos para saber sobre os efeitos da radiação. Estes testes e o

crescimento do conhecimento científico proporcionado por eles trouxeram

algum benefício para a humanidade? Você já tinha ouvido ou lido em algum

lugar sobre estes testes? Qual a sua opinião sobre as informações contidas no

artigo?

Professor/a: o objetivo das atividades é que os/as participantes do projeto, nofinal das atividades, identifiquem, na história do Hulk, vestígios que remetem àCorrida Armamentista (disputa entre EUA e URSS pelo desenvolvimento dearmas cada vez mais potentes) como o ambiente militar, a paisagem dodeserto, que remete aos testes nucleares realizados na época, o espiãocomunista infiltrado e que acaba causando o acidente com a bomba nuclear.Também, é esperado que consigam perceber, nas três histórias, Hulk,Homem-Aranha e Demolidor, a presença de questões que envolvem radiaçãonuclear e seus efeitos desconhecidos (Hulk é bombardeado por radiaçãogama, Homem-Aranha é picado por uma aranha radiativa e Demolidor éatingindo, nos olhos, por um produto que cai de um caminhão quetransportava produtos radiativos), reflexo do medo de uma possível guerranuclear, um assunto muito comum no contexto em que as histórias forampublicadas originalmente.

4° Encontro: 4h

Nesse encontro serão analisados trechos da história original do Homem de

Ferro, publicada em 1963. Quais são os estereótipos de bem e mal presentes

na história, bem como, uma comparação com o recente filme no sentido de

averiguar quais foram as mudanças e as permanências em relação ao discurso

utilizado. A partir daí, trabalhar a Guerra do Vietnã, e outros conflitos e

situações decorrentes da Guerra Fria, como a Guerra da Coreia e a divisão da

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Alemanha. Ao final, será realizado um paralelo com os conflitos do mundo na

atualidade.

CONTEÚDO ESPECÍFICO: Guerra Fria/Guerra do Vietnã

IDEIAS HISTÓRICAS PRÉVIAS

a) O que você sabe sobre a Guerra do Vietnã?

b) O que você sabe sobre o Homem de Ferro?

FONTE 6

COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS MARVEL: Origens - A décadade 1960 – Clássicos. São Paulo: Salvat, v. 1, dez. 2015. Mensal. P. 80-93.

História: Nasce o Homem de Ferro (Iron Man is Born!)

Publicação original: Tales of Suspense nº 39

Outras vezes publicada no Brasil: HERÓIS DA TV. São Paulo: Abril, v. 100,out. 1987. Mensal; GRANDES CLÁSSICOS MARVEL. São Paulo: Mythos,mar. 2006; BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: O Invencível Homem deFerro. Barueri: Panini, v. 1, maio 2008; COLEÇÃO HISTÓRICA MARVEL: OInvencível Homem de Ferro. Barueri: Panini, v. 3, jun. 2012; OS HERÓISMAIS PODEROSOS DA MARVEL: Homem de Ferro. São Paulo: Salvat, v. 5,abr. 2015.

Essa história conta como o empresário bilionário, inventor e fornecedor dearmas para as forças armadas estadunidenses, é capturado pelos vietcongsnas selvas vietnamitas e consegue fugir construindo uma armadura que otorna superpoderoso, transformando-se no Homem de Ferro.

QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) Na descrição do personagem Anthony Stark, no primeiro e no segundo

quadro, da página 83, temos o seguinte relato: Anthony Stark... rico, bonito,

conhecido como um playboy glamouroso, em constante companhia de

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belas e adoráveis mulheres…/ Sim, Anthony Stark é tanto sofisticado

quanto e um cientista! Um solteirão milionário, que se sente em casa

tanto em um laboratório como na alta sociedade!/ No entanto, este

homem invejado por milhões que aparenta ter tanta sorte… logo se

tornará a mais trágica figura da terra!

Em seguida, na mesma página, somos apresentados ao seu primeiro

antagonista (vilão), um líder vietcong chamado Wong-Chu, que aparece nos

quatro últimos quadros lutando e derrotando os habitantes de um povoado para

dominá-los. Wong-Chu é descrito, no terceiro quadro, com a seguinte

afirmação: O verdadeiro início de nossa história se desfralda a um

hemisfério dali, na selva do Vietnã do Sul, ameaçada por Wong-Chu, o

tirano da guerrilha vermelha!

No último quadro da página, vemos o rosto de Wong-Chu em close-up, onde o

personagem diz a seguinte frase: Acabou! Vamos pilhar o povoado, pois

ninguém pode deter o vitorioso Wong-Chu!

1.1) Lendo a descrição dos personagens, qual a impressão passada do

estadunidense Anthony Stark e do vietnamita Wong-Chu? Eles retratam a

realidade ou são figuras idealizadas?

1.2) Por que o grupo de Wong-Chu é chamado de “guerrilha vermelha”?

2) Onde se passa a ação da história? O que está acontecendo neste lugar?

3) No primeiro quadro, da página 94, vemos três personagens. Dois deles

estão usando trajes militares enquanto, o terceiro, veste trajes civis. No

segundo e terceiro quadros os diálogos dos personagens, que havia começado

no primeiro quadro, continua. Sobre o que eles estão conversando? O que faz

o homem de roupas civis naquele ambiente?

4) Como é a paisagem geográfica onde se passa a ação?

5) Como Stark é capturado?

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6) Os aliados de Stark usam trajes na cor verde, enquanto seus inimigos usam

trajes na cor marrom. Como é a aparência física dos aliados de Stark? Como é

a aparência física dos inimigos de Stark?

7) Anote os dados sobre a revista Tales of Suspense nº39:

7.1) Ano em que foi publicada:

7.2) Editora que a publicou:

7.3) País em que foi publicada originalmente:

7.4) Autores da história e país em que nasceram:

8) Em 2008 foi lançado um filme sobre o Homem de Ferro. O filme custou

milhões de dólares, mas teve grande retorno financeiro, sendo considerado um

grande sucesso. Quais são as principais diferenças e as principais

semelhanças entre a origem do super-herói nos quadrinhos e no cinema? Por

que houve estas alterações na origem do personagem?

PESQUISA: Pesquise sobre a música Era um garoto que como eu amavaos Beatles e os Rolling Stones (C’era un ragazzo che come me amava iBeatles e i Rolling Stones) e responda:

a) Em que ano a gravação original foi lançada?

b) Qual a principal semelhança e a principal diferença entre esta música e ahistória em quadrinhos do Homem de Ferro analisada?

TEXTOS PARA ANÁLISE DO CONTEXTO

TEXTO 1

(…) Sudeste Asiático essa descolonização política sofreu séria resistência,notadamente na Indochina francesa (atuais Vietnã, Camboja e Laos), onde aresistência comunista declarara independência após a libertação, sob aliderança do nobre Ho Chi Minh. Os franceses, apoiados pelos britânicos edepois pelos EUA, realizaram uma desesperada ação para reconquistar emanter o país contra a revolução vitoriosa. Foram derrotados e obrigados a seretirar em 1954, mas os EUA impediram a unificação do país e mantiveram umregime satélite na parte Sul do Vietnã dividido. Depois que este, por sua vez,pareceu à beira do colapso, os EUA travaram dez anos de uma grande guerra,até serem por fim derrotados e obrigados a retirar-se em 1975, depois de

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lançar sobre o infeliz país um volume de explosivos maior do que oempregado em toda a Segunda Guerra Mundial.

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: O breve século XX 1914-1991. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 215.

TEXTO 2

Quando John Fitzgerald Kennedy chegou à presidência, em janeiro de 1961,os Estados Unidos possuíam cerca de 600 conselheiros militares no Vietnã.Seu sucessor, Lyndon Johnson, materializou a chamada “escalada” – ou oenvio de tropas e armamentos para auxiliar o governo sul-vietnamita nacontenção das forças comunistas. Paralelamente, o comando em Washingtonestabeleceu as diretrizes de uma guerra aérea com o objetivo de forçar aslideranças de Hanói a negociar em condições desfavoráveis. Em março de1965, foi desencadeada a Operação Rolling Thunder, uma carga de fogo trêsvezes maior do que a utilizada na II Guerra Mundial. Os comunistas, por suavez, informados dos passos do inimigo, já haviam dado início a um programapara deslocar não só a população de Hanói e Haiphong para áreas do interior,como também as unidades fabris e várias outras instalações vitais para aeconomia do país.Durante os primeiros ataques, tal manobra angariou importantes progressos,comprometendo a essência da estratégia americana. Ao contrário do previstopelos analistas do Pentágono, mas perfeitamente consonante comexperiências históricas semelhantes, os maciços bombardeios aéreos, muitolonge de minar a unidade do país, acabaram por criar laços de solidariedadeentre a população das áreas atingidas, estreitando a relação entre os civis e ogoverno. Conclamados por Ho Chi Minh para enfrentar a maior potência domundo, cerca de 90 mil norte-vietnamitas, entre eles um expressivo númerode mulheres e crianças, trabalharam incessantemente para construir abrigos ereparar instalações e estradas destruídas. Mais uma vez, como ocorrera emmomentos críticos do passado, difundia-se o mito da invencibilidadevietnamita.Apesar do potencial de fogo, logo ficou claro que as ações aéreas nãodecidiriam facilmente a questão, como se pensara no primeiro momento. Aolongo de 1965, enquanto o presidente Jonhson, contrariando as promessas decampanha, enviava ainda mais contingentes militares à Ásia, os vietconguesganhavam terreno com ações rápidas e dispersivas. Diante dascircunstâncias, o comandante americano Westmoreland colocou em cursouma estratégia baseada em ataques realizados por grandes formações detropas, lançadas por helicópteros, apoiados pela artilharia e pela aviação,visando desarticular as bases de ação e destruir a infra-estrutura de apoiocomunista nas aldeias. Denominadas de “Busca e Destruição” (Search andDestroy), chegaram a ocupar, em alguns momentos, cerca de 80% das açõesdos batalhões aliados, atingindo amplamente a população civil, que se voltavacada vez mais contra os americanos.Nos momentos seguintes, os comandantes americanos em Saigon passarama destruir as aldeias, consideradas pontos de sustentação dos vietcongues.Em muitos casos, a população local era arrancada de suas casas e mandada

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para campos de refugiados. A maior parte dessas pessoas acabaria sendotransferida para zonas urbanas, uma estratégia vista como forma eficaz deisolar os camponeses da influência comunista. Uma vez nas miseráveisfavelas das cidades sul-vietnamitas, tais contingentes, invariavelmente,voltavam-se contra a presença americana, tida como responsável peladesagregação das mais sagradas tradições camponesas vietnamitas,notadamente a aldeia (nhá), que possuía significado equivalente à concepçãode nação para os ocidentais. Para estes camponeses, a guerra do Vietnã seriasempre lembrada como a guerra dos Estados Unidos.

AGOSTINO, Gilberto. A guerra dos Estados Unidos. Aventuras na História:Coleção Grandes Guerras: Guerra do Vietnã 1965-1975, São Paulo, v. 2, p.82, out.2004.

TEXTO 3

(...)E a maior potência ocidental, abalada por assassinatos e conflitos raciais,embarcava numa guerra total contra o Vietnã. Até meados da década, osgastos dos EUA com defesa galoparam, atingindo o ponto máximo em 1968.Para a Europa, a Guerra do Vietnã não era questão controversa — eradesaprovada por todo o espectro político —, mas o conflito serviu decatalisador para mobilização popular, em todo o continente, mesmo na Grã-Bretanha, onde foram organizados os maiores protestos da época, emoposição à política norte-americana. Em 1968, a Campanha de Solidariedadeao Vietnã levou às ruas de Londres dezenas de milhares de estudantes, quemarcharam até a Embaixada dos EUA, em Grosvenor Square, exigindo o fimda guerra (e o fim do tíbio apoio que o governo trabalhista britânico oferecia aoconflito).

(…)

O antimilitarismo tinha um lugar especial na agenda de protestos dosestudantes alemães (...). Com o aumento da oposição à Guerra do Vietnã,essa combinação entre passado e presente estendeu-se ao mentor militar daAlemanha Ocidental. A América do Norte (…) havia se tornado o inimigo paraum público muito mais numeroso. Na realidade, atacar a “Amerika” (sic) pelaguerra criminosa travada no Vietnã era quase um modo de substituir adiscussão dos crimes de guerra cometidos pela própria Alemanha. (...). Se osEUA não eram melhores do que o regime de Hitler — se, de acordo com umrefrão da época, US = SS —, então, bastaria um pequeno passo para que aAlemanha fosse tratada como um Vietnã: os dois países tinham sido divididospor forças de ocupação estrangeiras, os dois se viram irremediavelmenteenvolvidos em conflitos de outros povos.

JUDT, Tony. Pós-Guerra: Uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro:Objetiva, 2008. p. 412-423.

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QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) Que informação o texto 1 nos traz sobre a situação política do Vietnã antes

da declaração de sua independência? Como os EUA atuou nesse episódio?

Como acabou?

2) “E a maior potência ocidental, abalada por assassinatos e conflitos raciais,

embarcava numa guerra total contra o Vietnã”. Sobre esta afirmação, a quem o

autor do texto 3 está se referindo como “a maior potência do planeta”? O que o

autor quis dizer com “embarcava numa guerra total contra o Vietnã”? Que

informações sobre a política interna desta potência podemos tirar desse

trecho?

3) Como foram as estratégias de combate adotadas pelos EUA? Estas

estratégias surtiram o efeito esperado? Por que?

4) Como você interpreta a afirmação final do texto 2 que para” estes

camponeses, a guerra do Vietnã seria sempre lembrada como a guerra dos

Estados Unidos”?

5) Segundo o texto 3, como a classe política e civil europeia encarou a atuação

dos EUA na Guerra do Vietnã?

6) O autor, nas últimas linhas do texto 3, afirma que os alemães viam na sua

situação uma certa semelhança com o Vietnã. Ainda no texto 3, autor também

comenta brevemente sobre uma guerra na Coreia. Qual a principal semelhança

entre as guerras do Vietnã e a da Coreia com a situação política da Alemanha

naquele período? E atualmente, estas semelhanças permanecem?

7) A Guerra do Vietnã matou muito mais vietnamita do que estadunidense.

Segundo o sítio/site de notícias BBC Brasil, foram cerca de 58 estadunidenses

para, ao menos, 1,1 milhão de vietnamitas. E mesmo assim, esse conflito é

considerado a maior derrota militar dos EUA até a atualidade. Em sua opinião,

por que isso acontece?

PESQUISA: faça uma pesquisa sobre os termos ligados à Guerra do Vietnã, edepois socialize suas conclusões com os colegas: VIETCONG; AK-47;AGENTE LARANJA.

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Professor/a: o objetivo das atividades realizadas é a de aprofundar o estudosobre o tema Guerra do Vietnã (suas razões políticas e econômicas, econsequências) e a história analisada do Homem de Ferro está diretamenteligada a esses acontecimentos.

FONTE 8

BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: Os Vingadores. Barueri: Panini, v. 2,jul. 2009. p. 160-179.

História: “Quando o Comissário comanda!” (“When the Comisser Camands!”)

Publicação original: The Avengesr nº 18, 1963.

Outras vezes publicada no Brasil: OS VINGADORES. Rio de Janeiro:Bloch, v. 9, nov. 1976. Mensal.

Na história “Quando o Comissário Comanda!” (When the CommissarCammands!), protagonizada pelos Vingadores (Capitão América, GaviãoArqueiro, Feiticeira Escarlate e Mercúrio), os super-heróis estadunidensesenfrentam um “líder comunista” de um país fictício da Ásia.

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) A história começa com um quadro de página inteira que traz o desenho do

vilão lutando contra os heróis (p. 160). Nesse quadro temos algumas

informações sobre o personagem Comissário. Segundo a descrição

apresentada no primeiro quadro, qual era a missão do Comissário? De que

lugar era a equipe de heróis escolhida para enfrentar o Comissário e por que?

2) Em que lugar se passa a história? Como é a aparência física dos habitantes

desse lugar?

3) No quinto quadro da página 164, vemos uma figura vestida com trajes

militares que se dirige às pessoas, com trajes civis. Por que esta figura está

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falando com as pessoas? Qual é a reação das pessoas diante de suas

palavras? Na sequência, o que acontece entre as figuras com trajes militares e

os civis?

4) No quinto quadro da página 165, temos várias pessoas ajoelhadas diante de

uma grande figura. Qual é a cor dessa figura e o que ela projeta sobre as

pessoas ajoelhadas?

5) No primeiro quadro da página 166, o Capitão América recebe uma

mensagem pelo rádio. O que diz esta mensagem? Qual a reação do super

herói diante dela?

6) Qual a reação dos super-heróis Mercúrio e Feiticeira Escarlate apresentada

no sexto quadro da página 167? Qual o argumento que o Gavião Arqueiro

utiliza no oitavo quadro da mesma página?

7) Por que o Comissário levou algumas pessoas para assistir o combate contra

Os Vingadores (6º quadro da página 174)?

8) No 5º quadro da página 179, qual é a localidade citada pelo personagem?

9) Qual é a reação do povo diante da derrota do Comissário, no 7º quadro da

página 179?

10) Nos últimos quadros, quais são os argumentos utilizados pelo Capitão

América?

11) Você viu alguma semelhança entre os vilões apresentados na história dos

Vingadores e os vilões da história do Homem de Ferro?

FONTE 9

ÁLBUM GIGANTE: O Poderoso Thor. Rio de Janeiro: Ebal, v. 1, out. 1967.Mensal. p. 27-39.

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História: O Poderoso Thor enfrenta o Executor (The Mighty Thor vs. theExecutioner)

Publicação original: Journey into Mystery nº 84,1962.

Outras vezes publicada no Brasil: GRANDES CLÁSSICOS MARVEL. SãoPaulo: Mythos, mar. 2006.

Nesta história, temos uma aventura do deus do trovão da mitologia nórdica,Thor, adaptado como um super-herói pela editora Marvel. Nela, Thor enfrentaum ditador “comunista” de um país fictício da América Latina.

QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) No sexto quadro da página 33, podemos ver escrito o nome do lugar onde a

ação se passa. Que lugar é esse?

2) Como é a aparência física dos militares da história?

3) Qual é a proposta que o Executor faz à mulher estadunidense Jane Foster

(sexto quadro da p. 37)?

4) O que o vilão Executor está fazendo diante da derrota de suas tropas no

segundo quadro da página 39?

5) Qual é a reação dos soldados do Executor no final da história?

6) No endereço da internet disponível abaixo, temos um quadrinho da versão

original da história “O Poderoso Thor enfrenta o Executor”, publicada

originalmente na revista Journey into Mystery nº 84. Nela vemos o personagem

Thor destruindo um jato militar. Que símbolo podemos ver estampado no jato

destruído por Thor? <http://3.bp.blogspot.com/-

d5TLA2vRVfA/T6yBJP2DWaI/AAAAAAAAA-U/RC5tmXxan5Y/s640/JIM84+-

+Commie+Smasher+Thor.jpg>

7) Quais são as semelhanças e diferenças entre os vilões da história do

Homem de Ferro (Wong-Chu), dos Vingadores (Comissário) e do Thor

(Executor)?

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PESQUISA:

A) Pesquise sobre o sentido da palavra ESTEREÓTIPO;

B) Pesquise sobre o Decreto nº 52.497, de 1963 e responda as seguintesquestões: Sobre o que tratava esse decreto? Qual presidente o assinou? Deucerto? Quais as razões que o levaram a vigorar ou não vigorar?

Professor/a: o objetivo, ao final das atividades, é que os/as participantesconsigam perceber o discurso maniqueísta, utilizado no período, em torno doestereótipo do comunista ligado ao mal (Wong-Chu; Comissário; Executor),muito comum no contexto em que as histórias foram publicadas.

5° Encontro: 4h

Neste 5º encontro, serão analisadas histórias dos X-Men, publicadas na

década de 1960, e sua ligação com o movimento por direitos civis dos negros

nos EUA naquele contexto. Investigar com os alunos o que era e pelo que

lutava este movimento, realizando um comparativo com a história dos negros

no Brasil. Será, também, abordado a situações das minorias e o preconceito e

como, muitas vezes, os estereótipos são reforçados nestas produções.

CONTEÚDO ESPECÍFICO: Movimento por direitos civis dos negros nos EUA

IDEIAS HISTÓRICAS PRÉVIAS

a) O que você sabe sobre Movimento por Direitos Civis dos negros nos EUA?

b) Oque você sabe sobre os X-Men?

FONTE 10

EDIÇÕES GEP: X-Men. São Paulo: Gep, v. 8, 1969. Mensal. p. 3-25.

História: Entre nós andam… os Sentinelas! (Among us stalk… the Sentinels!)

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Publicação original: The Uncanny X-Men nº 14, 1963.

Outras vezes publicada no Brasil: X-MEN CLASSIC II.São Paulo: Abril, v. 3,set. 1995; BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: Os X-Men.Barueri: Panini, v.2, set. 2008; COLEÇÃO HISTÓRICA MARVEL: Os X-Men. Barueri: Panini, v.3, jul. 2014.

Nessa história o professor Charles Xavier, fundador e mentor do grupo desuper-heróis mutantes X-Men, participa de um debate pela televisão com umantropólogo que defende a segregação entre humanos e mutantes.

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) Nos dois primeiros quadros da página 8, vemos o professor Charles Xavier

lendo um jornal. Sobre o que trata a matéria no jornal traz?

2) Durante o debate na TV, que argumentos são usados pelo professor Xavier?

Como é a reação dos telespectadores?

3) Ainda no debate na TV, quais são os argumentos utilizados pelo Dr. Bolivar

Trask?

FONTE 13

A TEIA DO ARANHA. São Paulo: Abril, v. 65, mar. 1995. p. 56-79.

História: A Irmandade de Mutantes (The Brotehrhood of Evil Mutant)

Publicação original: The Uncanny X-Men nº 4, 1963.

Outras vezes publicada no Brasil: BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL: OsX-Men.Barueri: Panini, v. 1, out. 2007; COLEÇÃO HISTÓRICA MARVEL: OsX-Men. Barueri: Panini, v. 1, jun. 2014; OS HERÓIS MAIS PODEROSOS DAMARVEL: Feiticeira Escarlate. São Paulo: Salvat, v. 34, maio 2016.

Na história, o professor Charles Xavier debate com Magneto sobre aconvivência entre humanos e mutantes. Enquanto Xavier defende umaconvivência pacífica e igualitária, Magneto é partidário de que os mutantes

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reajam com força às agressões sofridas.

QUESTÕES PARA ANÁLISE

1) Dos quadros 3 ao 6, da página 66, sobre o que Charles Xavier e Magneto

estão debatendo?

2) Qual é a ideia defendida por Xavier? Qual é a ideia defendida por Magneto?

FONTE 14

(...)

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos asdificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonhoprofundamente enraizado no sonho americano.Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeirosignificado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serãoclaras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia osfilhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos deescravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi,um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor deopressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um diaviver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas peloconteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistasmalignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras deintervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros emeninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninasbrancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas ascolinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e oslugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e todaa carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul.Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra deesperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentesde nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nóspoderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerarjuntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Esteserá o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantarcom um novo significado.

(...)

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KING, Martin Luther. Discurso de Martin Luther King, Jr na Marcha paraWashingon, 1963: "Eu tenho um sonho". 1963. Disponível em:<http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/ihavedreamr.htm>. Acesso em: 28 nov.2016.

FONTE 15

“Legítima defesa. Já que auto-preservação é a primeira lei da natureza, nósasseguramos o direito dos afro-americanos se defenderem. A Constituição dáo direito a todo cidadão portar armas. Não abriremos mão de nenhum direitoconstitucional. A história de violência impune contra o nosso povo demonstraque devemos estar preparados para nos defender ou continuaremos indefesosante a multidão racista e cruel.”

“Os negros são tolos por se deixar ser surrados sem se defender. (…) Elesdeveriam ter o direito de se defender. Se um cão morde um negro ele devematar o cão. Seja ele um cão de polícia, de caça, etc. Se um cão ataca umnegro que só quer o que o governo diz que é dele, então o negro deve mataresse cão, ou o cão de duas pernas, que joga o cão contra ele.

“Se um negro reage, é chamado de extremista. Como se ele devesse ficarpassivo e amar seu inimigo mesmo que seja atacado. Mas se ele se levanta etenta se defender então ele é chamado de extremista. Quando o povo negroder um passo decidido e considerar seu direito, quando sua liberdade éameaçada, usar qualquer meio necessário para se libertar ou para deter ainjustiça, ele não vai ficar isolado. Eu vivo nos EUA onde existem 22 milhõesde negros contra 160 milhões de brancos. Não estou preocupado em usar oque for necessário para que os negros se defendam, porque então teremosmais brancos do nosso lado do que agora com esse método de amar oinimigo. E, se eu estiver errado, então vocês são racistas (risos). (…) Se umasociedade não impõe sua própria lei porque sua cor da pele é errada, entãoesse povo tem o direito de usar qualquer meio necessário pra fazer a justiçaque o governo não faz.”

X, Malcon. Por qualquer meio necessário: (parte 2 de 2). Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=NLpfZc79na8>. Acesso em: 28 nov. 201

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Fonte 16

(…) Pobreza, discriminação, segregação, linchamento e violência policial – tudoisso caracterizava a vida dos negros dos Estados Unidos nos anos 50.Aproveitando as mensagens de liberdade e prosperidade do discurso oficial eapoiados por seus aliados brancos, negros de todo o país, tanto dos estadosoutrora escravistas do sul quanto dos do norte, construíram o mais importantemovimento da história dos Estados Unidos, o “Movimento por Direitos Civis”.Conferindo à palavra “liberdade” um novo sentido de igualdade ereconhecimento de direitos e oportunidades, conseguiram mudar as relaçõesraciais, políticas e sociais nos Estados Unidos, inspirando outros americanos alutar pelos seus direitos.

Os ativistas negros aproveitaram o contraste entre a realidade dura dasrelações raciais nos Estados Unidos e a imagem democrática que o governoqueria projetar por causa da Guerra Fria. Em 1954, a Suprema Corte proibiu asegregação em escolas públicas e no ano seguinte foram organizadosboicotes contra a segregação nos ônibus no estado do Alabama.

O movimento espalhou-se e produziu líderes como Martin Luther King, umpastor da Geórgia que coordenou a luta por direitos civis por meio dadesobediência civil não-violenta. Orador poderoso, King forjou um discursomarcado pela moral religiosa que combinava a retórica da liberdade com a dajustiça social.

Na esteira do sucesso dos boicotes aos ônibus no Alabama, multiplicaram-seas manifestações contra a segregação em restaurantes, cinemas erodoviárias. O uso de canções e comícios, forjou um forte sentimento decomunidade e abrandou o medo da resposta violenta dos brancos e policiais.O movimento atingiu seu ápice em 1963 com a Marcha pelo Trabalho eLiberdade em Washington, quando King proferiu seu famoso discurso “Eutenho um sonho”.Diante da mobilização, o presidente Johnson foi forçado a sancionar, entre1964 e 1967, diversas leis proibindo a discriminação no emprego, nos serviçospúblicos e nas eleições. As lutas por direitos civis também foram em grandeparte responsáveis pela expansão do Estado de Bem-estar Social nos EUA epela adoção de programas de ação afirmativa iniciados pelos governosfederal, estaduais e até por empresas.

Diante da miséria econômica e dos limites da legislação, ativistas negrosexpandiram suas ações, criticando não somente a discriminação formal, mastambém a exploração econômica. Martin Luther King aos poucos radicalizouseu discurso, combatendo a pobreza e a participação dos EUA na Guerra doVietnã, até ser assassinado em 4 de abril de 1968.Muitos negros abraçaram alternativas políticas ao movimento “respeitável” dedireitos civis. O black power ampliou-se com a popularidade de Malcolm X, umlíder muçulmano que pregava autodefesa contra a brutalidade da polícia, avalorização das tradições afro-americanas e o apoio a movimentosrevolucionários no Terceiro Mundo. O Partido dos Panteras Negras, fundadoem 1968 por universitários na Califórnia, combinou “nacionalismo cultural”,serviços sociais para a comunidade negra e luta militante contra o racismo.Ativistas adotaram tradições africanas, mudando seus nomes e lançandocursos de estudos afro-americanos nas universidades. As estratégias, táticas

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e coragem do movimento negro americano inspiraram sindicalistas, feministas,lésbicas e gays, povos indígenas e imigrantes não só nos Estados Unidoscomo no mundo.

(…)

CHRISPINIANO, José. O outro sonho americano. História Viva, São Paulo, v. 54,p.58, abr. 2008. Mensal

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) Quais as semelhanças e diferenças entre as falas de Martin Luther King e

Malcon X?

2) Por que existia (e ainda existem) tantas pessoas negras nos EUA? Existe

alguma relação com a existência de tantas pessoas negras no Brasil? Você

percebe alguma semelhança entre a situação das pessoas afro-descendentes

nos EUA e no Brasil?

3) Martin Luther King era um pastor cristão protestante. Já, Malcon X era

islâmico. Por que, entre os negros dos EUA, existe esta significativa divisão

entre cristãos e muçulmanos/islâmicos? Entre as pessoas negras do Brasil

também existe esta divisão religiosa?

4) Você vê alguma relação entre os personagens Professor Xavier e Magneto

com Martin Luther King e Malcon X?

FONTE 17

Disponível em <http://zak-site.com/Great-American-Novel/images/103-149/ff119-leopard.jpg> Acesso em novembro de 2016.

História: Three stood together! (sem título em português).

Pulbicação original: Fantastic Four nº 119, ano 1972.

Outras vezes publicada no Brasil: esta história não foi publicada no Brasil.

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O Pantera Negra é considerado o primeiro super-herói negro das histórias emquadrinhos. Sua primeira aparição foi na revista Fantastic Four nº 52,publicada em 1966. O Pantera Negra é T’Challa, príncipe de Wakanda, umafictícia nação africana. Mas, em 1972, na revista Fantastic Four nº 119, aMarvel Comics, editora detentora dos direitos do personagem, resolveu mudaro nome do personagem que passou a ser chamado, do original em inglês,Black Leopard (Leopardo Negro) em vez de Black Panther (Pantera Negra).

PESQUISA:

A) O que era o grupo dos Panteras Negras, na década de 60 do século XX,nos EUA? O que este grupo defendia?

B) Você acha que existe alguma relação entre a atuação dos PanterasNegras, nos EUA, e a mudança de nome do personagem Pantera Negra, nashistórias em quadrinhos, para Leopardo Negro?

Professor/a: o objetivo das atividades propostas no encontro 5 é, através daanálise das histórias dos X-Men, investigar e aprofundar os estudos sobre omovimento por direitos civis dos negros, ocorrido nos EUA na década de1960, no século XX. O que espera-se é que, ao final das atividades, os/asparticipantes reconheçam as evidências que ligam a luta do professor Xavier,bem como seu antagonista Magneto, contra a perseguição e preconceitosofrido pelos mutantes, à luta dos negros contra as leis segregacionistasexistentes em alguns estados dos EUA naquela época. Também, é esperadoque os/as participantes percebam que a mudança do nome do super-heróiPantera Negra, ao desejo da editora Marvel de não ter nenhuma vinculaçãocom o grupo dos Panteras Negras, um grupo negro islâmico que possuía umaforte atuação política-social na época.

6°, 7º e 8º Encontros: 8h

Nestes encontros, os alunos, em grupos, realizarão a criação de histórias em

quadrinhos, desde a criação dos personagens, do roteiro, até os diálogos e

desenhos. Ao final, será realizada a análise destas histórias em quadrinhos

criadas por eles.

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ATIVIDADES

Para essa atividade recomenda-se dividir os/as participantes em grupos de até3 elementos. Não tem problema se algum participante preferir realizar aatividade individualmente. Cada grupo produzirá uma história em quadrinhos.Para isso, seguirão o seguinte roteiro:

Criar um personagem para protagonizar a história. Os/as participantesdeverão pensar em um nome para o personagem, aparência,vestimentas e personalidade. Em seguida, podem ser criadospersonagens secundários, para interagir com o protagonista;

Criar um argumento geral para a história;

Desenvolver um roteiro para a história, determinando as falas, onúmero de páginas e quantos quadros precisarão em cada página;

Confecção da história: Quadros, desenhos, cores (opcional), balões,letras.

Depois de pronta, as histórias serão socializadas com o grande grupo.Nesta socialização, as histórias serão analisadas para tentar identificarevidências explícitas ou implícitas, propositais ou não.

9° Encontro: 4h

No encontro 9, será realizado um novo diagnóstico através da aplicação de

questões propostas objetivando comprovar a aprendizagem histórica

construída pelos estudantes acerca do trabalho com as histórias em

quadrinhos na sala de aula.

ATIVIDADES

Aqui será aplicado novamente um questionário para os/as participantes comquestões relacionadas ao tema do projeto (quadrinhos e o contexto históricoem que foram publicados). O questionário é basicamente o mesmo aplicadoanteriormente, com algumas alterações nas questões como, por exemplo,espaço para escrever abaixo das questões objetivas (opcional). Dessa forma,o professor pode ter um diagnóstico sobre a aprendizagem dos/dasparticipantes, antes e depois do projeto.

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