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Prof. Henrique Santillo Aula 00 1 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Penal Extravagante para Soldado da PM RS Aula 00 – Tortura (Lei n.º 9.455/97). Legislação Penal Extravagante para Soldado da PM RS Prof. Henrique Santillo

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Aula 00 – Tortura

(Lei n.º 9.455/97).

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Sumário

LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA). 3

NOÇÕES GERAIS 7

CRIME DE TORTURA 8

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) 9

Tortura-castigo 13

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança 15

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão 19

FORMAS QUALIFICADAS 21

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 22

EFEITOS DA CONDENAÇÃO 25

OUTRAS DISPOSIÇÕES 26

LISTA DE QUESTÕES 31

GABARITO 38

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 39

RESUMO DIRECIONADO 58

LEI Nº 9.455/1997 (TORTURA) 62

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Apresentação

Olá, amigo/a!

Caso você não me conheça, sou o professor HENRIQUE SANTILLO do DIREÇÃO CONCURSOS e te

acompanharei durante a sua caminhada rumo à aprovação.

Vamos falar um pouco sobre mim?

Sou advogado pós-graduado em Direito Processual. Graduei-me pela Universidade Federal de Goiás e obtive

aprovação para os cargos de Analista Judiciário dos Tribunais Regionais Eleitorais da Bahia e do Paraná, Oficial de

Justiça Avaliador Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, bem como para Escriturário do Banco do

Brasil, cargo para o qual fui nomeado, tendo optado por não tomar posse.

Neste tempo de muita luta e muito estudo, pude perceber que algumas técnicas de aprendizagem fazem toda a

diferença, dentre elas o estudo direcionado, a resolução de muitas questões e a revisão periódica do conteúdo

estudado.

Logo, vamos juntos desbravar as LEIS PENAIS ESPECIAIS. Aplicarei na sua aprendizagem tudo aquilo que

realmente faz a diferença na sua trajetória rumo à tão almejada aprovação.

Conte comigo para você aprender as leis penais de uma maneira leve e descontraída, com muitos exemplos e casos

concretos durante o seu curso. Abaixo, você poderá ver como organizamos a aula do seu curso de LEGISLAÇÃO

PENAL EXTRAVAGANTE, direcionado especialmente para o concurso de provimento do cargo de SOLDADO

DA BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL!

Na aula de hoje vamos estudar o seguinte tópico: tortura!

Como é a nossa primeira aula, faço questão de deixar claro a você, aluno/a, alguns conceitos que serão

utilizados em outras aulas e que te deixarão mais familiarizados com a disciplina!

Nosso curso foi montado em conformidade com o edital lançado!

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Neste material você encontrará:

Fique à vontade também para me procurar no Instagram ou em meu e-mail. Estarei à disposição para te

atender sempre que for necessário:

Curso completo em VÍDEOteoria e exercícios resolvidos sobre os pontos do edital

Curso completo escrito (PDF)teoria e MAIS exercícios resolvidos sobre os pontos do edital

Fórum de dúvidaspara você sanar suas dúvidas DIRETAMENTE conosco sempre que precisar

@profsantillo

[email protected]

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Como este curso está organizado

Como eu disse há pouco, vamos estudar o conteúdo exigido no edital lançado para o concurso BM RS. Os

tópicos exigidos são os seguintes:

Concurso BM RS

Disciplina: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Conteúdo programático: LEI FEDERAL nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha. Lei n.º 4.898/65

- Regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de

abuso de autoridade. Lei n.º 9.455/97 - Define os crimes de tortura e dá outras providências. Abuso de autoridade

(Lei n.º 4.898/65). 9) Tortura (Lei n.º 9.455/97).

Os tópicos abaixo serão ministrados por outros professores:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. artigos 1º a 5º; 37 e 38; 42 a 50; 142 a 144. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL. artigos 1º a 7º; 46 a 48; 124 a 132. LEI FEDERAL nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – Estatuto

Nacional da Igualdade Racial. LEI ESTADUAL nº 13.694, de 19 de janeiro de 2011 – Estatuto Estadual da Igualdade

Racial. LEI COMPLEMENTAR nº 10.990, de 18 de agosto de 1997 - Estatuto dos Servidores Militares LEI

COMPLEMENTAR nº 10.991, de 18 de agosto de 1997 - Lei de Organização Básica da Brigada Militar LEI

COMPLEMENTAR nº 10.992, de 18 de agosto de 1997 - Plano de Carreira dos Servidores Militares. Decreto nº

43.245, de 19 de julho de 2004 - Regulamento Disciplinar da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul.

Para cobrir estes tópicos, o nosso curso está organizado da seguinte forma:

AULA DATA CONTEÚDO DO EDITAL

00 04/09 Tortura (Lei n.º 9.455/97).

05/09 Teste de Direção

01 15/09 Abuso de autoridade.

02 25/09 Continuação da aula anterior. 10) Uso de algemas (Enunciado n.º 11 da

Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal).

28/09 Teste de Direção

03 04/10 LEI FEDERAL nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha.

05/10 Teste de Direção

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Lei nº 9.455/1997 (crimes de tortura).

Minhas saudações a você, guerreiro/a!

Hoje vamos prosseguir com o estudo da seguinte lei esparsa exigida pelo edital:

✓ Lei nº 9.455/1997 (Crimes de Tortura) Trata-se de um tópico bastante explorado pelas bancas em concursos da área policial.

Bom, considerando a forma o tópico costuma ser cobrado, sugiro que observe bem o retângulo abaixo:

Vamos lá?

O que priorizar?

→ Distinção entre as modalidades do crime de tortura e suas respectivas penas

→Causas de aumento de pena

→Omissão em Tortura

→ Efeitos da Condenação

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Noções Gerais

Você, assim como eu, deve imaginar cenas horripilantes quando lê a palavra “tortura” ...

Os métodos de tortura causam dor e/ou sofrimento ao torturado, sendo aplicados ao longo dos séculos com

diferentes propósitos: como meio de prova, como fator de intimidação, como aplicação de pena ou castigo e até

mesmo para satisfazer o próprio torturador!

Veja só um caso fictício da prática de tortura, extraído do enunciado de uma questão contida na prova para

ingresso na carreira de Delegado Federal, cujo concurso foi promovido e organizado pela banca CESPE:

(CESPE – PF – 2018 – Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois

menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas

conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-

no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura.

Como se trata de um ato totalmente repugnante, a Constituição Federal proibiu expressamente a prática da

tortura, equiparando-lhe a crime hediondo:

Constituição Federal. Art. 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento

desumano ou degradante;

(...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da

tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes

hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se

omitirem;

Veja que a Constituição Federal não definiu nem tipificou conduta que representasse tortura – o que ela fez

foi determinar que o legislador punisse a prática da tortura!

Isso mesmo! A Constituição não criminaliza a conduta, mas “manda” o legislador fazê-lo!

Dito e feito: o Congresso editou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que, em um de seus

dispositivos, tipificou como o crime a prática de tortura contra crianças e adolescentes:

Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a

tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997

Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

§ 1º Se resultar lesão corporal grave: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

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§ 3º Se resultar morte: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Em 1997, entretanto, entra em vigor a Lei nº 9.455/97 – a Lei da Tortura – que, além de revogar o art. 2331 do

ECA e criminalizar a prática da tortura, tipifica a omissão daqueles que deveriam evitá-la ou apurá-la!

Vamos iniciar com uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura contra pessoa menor de 18 (dezoito) anos não mais se encontra previsto no

Estatuto da Criança e do Adolescente.

RESOLUÇÃO:

Item corretíssimo. É isso mesmo! A Lei de Crimes de Tortura também se aplica aos atos de tortura

praticados contra crianças e adolescentes, tendo revogado expressamente o art. 233 do ECA:

Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da

Criança e do Adolescente.

Crime de Tortura

Como havíamos dito, o crime de tortura foi definido pela Lei nº 9.455/97.

Na realidade, como vamos observar, o crime de tortura comporta várias espécies. Leia comigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento

físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave

ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida

de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

1 Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

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§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a

sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante

de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-

las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a

dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Agora vou deixar esses dispositivos bem claros para você, rs.

Vamos à primeira espécie do crime de tortura:

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I)

O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam apenas pela

motivação do agente torturador (dolo específico):

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento

físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Vamos agora analisar o núcleo do tipo do crime do art. 1º, inciso I:

Constranger → o agente obriga a vítima a fazer algo contra a sua vontade, provocando-lhe

sofrimento físico e/ou mental e retirando a sua liberdade de autodeterminação.

Para isso, ele deve se valer de dois meios:

→ Violência (socos, chutes, choques elétricos, chicotadas, afogamento temporário etc.).

→ Grave ameaça (ameaça de morte, de estupro, de lesões etc.)

Quando pensamos em tortura, logo nos vêm à cabeça atos violentos, sanguinários...

Contudo, ATENÇÃO: o crime de tortura pode ser cometido também com o emprego de grave ameaça,

sem o uso da violência, o que caracteriza a tortura psicológica.

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Além disso, o agente deverá constranger a vítima com a finalidade de alcançar um dos seguintes

objetivos, os quais constituem espécies autônomas do crime do art. 1º, II:

A. Para obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa

(tortura-prova) Não importa a natureza da informação que o torturador deseja obter: pode ser pessoal, criminosa, comercial

etc.

Vou te adiantar algo: a consumação do crime de tortura-prova vai ocorrer independentemente do

fornecimento da informação, declaração ou confissão pela vítima ou pelo terceiro.

Infelizmente, essa modalidade de tortura está presente na conduta de alguns agentes policiais – ouso dizer

que seja a modalidade mais praticada desse crime!

Exemplos:

1) Credor chicoteia o devedor para que ele assine um termo de confissão de dívida

2) Policial militar dá choques no suspeito para que ele confesse a prática de determinado crime.

3) Esposa coloca uma arma na cabeça do filho na presença do marido para que ele confesse traição – típico

caso de tortura para que terceiro confesse.

B. Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (tortura para a prática de

crime) Por meio de violência ou grave ameaça, o agente constrange a vítima a praticar algum crime comissivo ou

omissivo.

Exemplos:

1) O chefe de uma organização criminosa tortura um membro para que ele pratique determinado crime.

2) A enfermeira que tortura o colega médico para ele que não preste socorro ao paciente X, inimigo mortal

da profissional da saúde

A vítima NÃO responderá pela prática do crime!

Isso porque o torturador, por meio de coação irresistível, retira da vítima a exigibilidade de conduta

diversa, excluindo a sua culpabilidade.

Veja o que diz o Código Penal:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não

manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

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C. Em razão de discriminação racial ou religiosa (tortura discriminatória)

Nesse caso, o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provoca sofrimento na vítima levado por

sentimento discriminatório, por puro preconceito em razão de sua raça ou de sua religião!

Membros de um grupo racista empregam violência contra uma mulher negra, causando-lhe sofrimento

físico, discriminando-a sob o argumento de que “a raça negra é inferior”.

Ao contrário das outras duas espécies, na tortura discriminatória NÃO se exige a prática de

nenhuma conduta ou omissão por parte da vítima.

A tortura-discriminação não abrange outros motivos, como preferência política, situação

econômica etc.

Disposições comuns aos crimes do art. 1º, inciso I

Os crimes de tortura do art. 1º, inciso I são formais, ou seja, se consumam com a prática do

constrangimento, pouco importando se o agente atingiu o objetivo pretendido!

Como o crime é formal, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo pretendido (obtenção

da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-prova); realização da ação ou omissão

criminosa pelo torturado (tortura-crime); ou do comportamento em razão da discriminação racial ou

religiosa (tortura-discriminatória).

Trata-se de crimes comuns, pois não se exige condição especial do sujeito ativo!

Isso mesmo! Cuidado especialmente com questões que afirmem ser próprio o crime de tortura para

obtenção de informação, declaração ou confissão!

Vimos que ele pode ser cometido tanto pelo particular (inclusive por você!), quanto pelos agentes

públicos – incluindo aí os policiais militares, policiais civis, delegados, juízes, promotores de justiça etc.

Não haverá tortura se o agente obrigar a vítima a praticar CONTRAVENÇÃO PENAL!

Isso porque a lei fala expressamente em ação ou omissão de natureza CRIMINOSA.

Poderíamos cogitar, no caso, a prática do crime de constrangimento ilegal (Código Penal):

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

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Resolva comigo esta questão:

(CESPE – PF – 2009) Julgue os itens seguintes, relativos a crimes de tortura e ambientais.

A prática do crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação religiosa, pois,

sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidadãos.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois se o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provocar sofrimento na vítima

levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em ração de sua raça ou de sua religião,

restará configurado o crime de tortura-discriminação:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Olha só uma questão:

(IBFC – PM/BA – 2017) Assinale a alternativa correta considerando as previsões da Lei federal n°

9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) sobre a pena aplicável no caso da conduta de

constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou

mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.

a) Detenção, de quatro a oito anos

b) Reclusão, de três a oito anos

c) Detenção, de dois a dez anos

d) Reclusão, de dois a oito anos

e) Reclusão, de cinco a dez anos.

RESOLUÇÃO:

A pena prevista para o crime de tortura-prova é de 2 a 8 anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: D

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Veja mais uma questão:

(FCC – MP/PE – 2014 – Adaptado) Quanto aos crimes de tortura, julgue o item abaixo.

Todos são classificados como próprios, segundo expressa disposição legal.

RESOLUÇÃO:

Ainda não vimos as outras modalidades, mas podemos considerar o item incorreto: acabamos de

estudar três modalidades do crime de tortura que não exigem condição especial do sujeito ativo.

São, portanto, comuns os crimes do art. 1º, inciso I, alíneas a, b e c (tortura-prova, tortura para a

prática de crime e tortura discriminatória).

Tortura-castigo

Também chamada de tortura-punição, estamos diante da conduta do agente que, por meio de violência ou

de grave ameaça, tem por objetivo aplicar:

→ Castigo

→ Medida de caráter preventivo (para evitar comportamentos indesejados)

Submetendo pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade a

INTENSO sofrimento FÍSICO ou MENTAL

Veja só:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave

ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou

medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A tortura do art. 1º, II é crime próprio, exigindo condição especial do:

→ Sujeito ativo: só pode ser autor desse crime aquele que tiver a guarda da vítima ou exercer

sobre ela algum tipo de poder ou autoridade, momentâneo ou permanente.

→ Sujeito passivo: por outro lado, só pode ser vítima aquele que está sob a guarda, poder ou

autoridade do sujeito ativo!

Exemplos: o pai contra o filho; o professor contra o aluno, o cuidador de idosos contra o idoso,

tutor contra o tutelado; professor em relação ao aluno, carcereiro em relação ao preso etc.

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O crime de tortura-castigo é caracterizado pelo INTENSO sofrimento físico ou mental.

Se o sofrimento causado for leve ou moderado, devemos considerar a ocorrência de outras figuras

típicas, como o crime de maus-tratos:

Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para

fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados

indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios

de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Mais uma vez: o intenso sofrimento mental causado para fins de aplicação de castigo ou medida

preventiva também configura o crime de tortura-castigo.

Ah, é importante que você visualize as duas elementares dos crimes de tortura do art. 1º:

O dolo específico do crime de tortura-castigo é o animus corrigendi – vontade de aplicar castigo

ou medida preventiva!

Dessa forma, não responderá pelo crime de tortura-castigo o pai que, apenas por sadismo, submete o

filho a intenso sofrimento físico mediante o uso de violência.

Sadismo é uma perversão caracterizada pelo prazer com a dor alheia.

Inciso I

Tortura-prova, Tortura-crime e

Tortura-discriminação

Exige "apenas" sofrimento físico

ou mental

Inciso II

Tortura-castigo

Exige INTENSO sofrimento físico

ou mental

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Vamos a uma questão?

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes

de tortura, julgue o item seguinte.

A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma

refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não

praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos.

RESOLUÇÃO:

Opa! Veja que a conduta da babá se amolda perfeitamente ao crime de tortura-castigo, pois:

Submeteu menor sob sua responsabilidade...

Mediante grave ameaça

A intenso sofrimento mental

Como forma de punição por mau comportamento

Confere comigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item incorreto.

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança

Trata-se da conduta daquele que sujeita o preso ou pessoa que cumpre medida de segurança a

determinado comportamento não previsto em lei, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE

SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei

ou não resultante de medida legal. (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples para a sua

configuração.

Contudo, a presença de alguma finalidade (como o castigo) não desconfigura o crime.

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Ao contrário das outras modalidades de tortura que vimos, NÃO é necessário haver o emprego

de violência ou grave ameaça.

A vítima será submetida a sofrimento físico ou mental pela prática de ato não previsto em lei ou

não resultante de medida legal!

É o caso do carcereiro que submete o preso a cela escura ou solitária ou que deixa o preso sem alimentos

por vários dias.

Além disso, o carcereiro também responderá por esse crime quando colocar o preso em regime disciplinar

diferenciado sem autorização judicial.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora normalmente figurem como autores o

carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do estabelecimento prisional etc.

Contudo, o crime é considerado próprio em relação ao sujeito passivo, que deverá ser sempre pessoa

presa ou sujeita a medida de segurança!

Exemplo: pode ser sujeito ativo desse crime um grupo de presos que submete outro detento, que pertence

à facção rival, a sofrimento físico e mental.

Vamos resolver?

(CESPE – PC/ES – 2011) Com relação à legislação especial, julgue o item que se segue.

No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a

sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de

medida legal, não é exigido, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente,

bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo

objetivo.

RESOLUÇÃO:

É isso aí! O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples de

praticar a conduta descrita no tipo objetivo para a sua configuração:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à

sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

(...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

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Como o meu maior desejo é a sua aprovação, montei um quadro-resumo com as principais características

das modalidades de tortura que estudamos até aqui:

Sujeito Ativo e

Passivo

Meio de

execução

Resultado Finalidade

(Dolo Específico)

Art. 1º, inc I

Crime comum

Qualquer pessoa

Violência ou grave

ameaça

Sofrimento físico

ou mental

a) Tortura-prova

b) Tortura para a prática

de crime

c) Tortura-discriminação

Art. 1º, inc II

(Tortura-castigo)

Crime próprio

Sujeito ativo E passivo

(relação de guarda, poder

ou autoridade)

Violência ou grave

ameaça

INTENSO

sofrimento físico

ou mental

Aplicação de castigo ou

medida de caráter

preventivo

Art. 1º, § único

(tortura do preso)

Crime próprio quanto ao

sujeito passivo, que deve

ser preso ou cumprir

medida de segurança.

Pratica de ato não

previsto em lei ou

em medida legal

Sofrimento físico

ou mental

NÃO exige finalidade

específica

Veja como é importante a compreensão do esqueminha:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de

apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.

RESOLUÇÃO:

É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de

1 a 4 anos de detenção.

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ-

LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Item correto.

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Veja mais uma questão:

(CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética,

seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º

9.455/1997.

Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé

por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já

que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar.

Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou

grave ameaça contra José.

RESOLUÇÃO:

Fica evidente que o agente cometeu o crime de tortura contra o preso, que não exige o emprego de

violência ou grave ameaça para a sua configuração; na realidade, basta a prática de ato não previsto

em lei ou não resultante de medida legal (permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que

pudesse beber água ou alimentar-se).

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à

sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

(...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Professor, ele não cometeu o crime de tortura-castigo?

Não, pois não houve o emprego de violência ou de grave ameaça, elementares desta modalidade

de tortura:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego

de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou

medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

Mais uma questão:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes

de tortura, julgue o item seguinte.

O crime de tortura admite qualquer pessoa como sujeitos ativo ou passivo; assim, pelo fato de não

exigirem qualidade especial do agente, os crimes de tortura são classificados como crimes comuns.

RESOLUÇÃO:

De uma forma geral, o crime de tortura pode ser cometido tanto por particulares como por agentes

públicos, sendo, em regra, comum.

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Contudo, quando a banca coloca no “bolo” os crimes de tortura, no plural, subentende-se que ela

esteja incluindo também as modalidades específicas do crime de tortura-castigo e do tortura do

preso, que exigem uma qualidade especial dos sujeitos ativos e/ou passivos, o que torna a questão

incorreta.

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão

Vimos, bem no comecinho da nossa aula, que a Constituição Federal estabeleceu que responderá também

pela prática da tortura aquele que se omitiu, quando poderia tê-la evitado!

A Lei nº 9.455/97 foi além e determinou o seguinte:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-

LAS ou APURÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

É sujeito ativo do crime de omissão em tortura:

O agente que tinha o dever de EVITÁ-LA (omissão imprópria)

Temos aqui um típico caso de crime comissivo por omissão, em que será responsabilizado

criminalmente o agente que figura na qualidade de garantidor da integridade da vítima e que, sendo

possível, deveria ter agido para evitar a tortura contra ela, mas não o fez.

Exemplo: Eduardo passou a morar com Marilene, que possuía 3 filhas de outro pai.

Eduardo, exercendo autoridade sobre as meninas, passou a lhes aplicar um método de correção cruel,

amarrando-as em uma árvore e queimando partes do corpo com cigarros em brasa.

Mesmo estando a par de toda essa crueldade, a mãe das vítimas deixou de tomar qualquer providência

para evitar o resultado.

Quero que você perceba que Marilene será punida (detenção, de 1 a 4 anos) não por efetivamente ter

praticado ato de tortura, mas por ter se omitido, permitindo que o outro a realizasse!

O agente que tinha o dever de APURÁ-LA (omissão própria)

Nesse caso, o agente ficou da sabendo da tortura, mas “deu de ombros” e, mesmo devendo, não

determinou a sua apuração e investigação.

Exemplo: a mãe de um suspeito relatou ao Delegado de Polícia que um dos agentes lotados na delegacia

praticou tortura contra o seu filho.

Se a autoridade policial tomar conhecimento do fato e não determinar a investigação para a apuração da

prática do crime, ela responderá pelo crime do art. 1º, §2º.

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ATENÇÃO! A omissão em tortura NÃO é crime equiparado a hediondo!

Isso porque a Constituição Federal equiparou a crime hediondo a PRÁTICA da tortura, o que não se

observa no crime do art. 1º, §2º!

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a

prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os

definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os

que, podendo evitá-los, se omitirem;

Resolve pra mim esta questão:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes

de tortura, julgue o item seguinte.

O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que

este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao

torturador.

RESOLUÇÃO:

É isso aí! Muito embora não seja punido com a pena dos crimes de tortura (reclusão, de dois a oito

anos), o delegado estará sujeito à pena do crime de omissão em tortura, cuja pena é mais branda:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre

na pena de detenção de um a quatro anos.

Veja mais uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de

apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.

RESOLUÇÃO:

É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de

1 a 4 anos de detenção.

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ-

LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Item correto.

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Formas Qualificadas

A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de

tortura, tornando-a mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de

reclusão de quatro a dez anos; se resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Professor, quer dizer então que se o agente tem a intenção de tortura e matar, ele vai responder pela tortura

qualificada?

NÃO!

O § 3º é uma forma preterdolosa do crime de tortura!

Isso quer dizer que, nas formas qualificadas pelo resultado, o dolo ou a vontade do agente é de somente

torturar a vítima – as lesões ou a morte decorrem de culpa, ou seja, o agente não as queria!

Se o agente queria praticar tortura como meio de provocar a morte da vítima, ele poderá responder pela

prática do crime de homicídio qualificado pela tortura, cuja pena é bem mais “salgada”: reclusão, de 12 a 30 anos!

CÓDIGO PENAL

Homicídio qualificado

Art. 121 (...) § 2° Se o homicídio é cometido:

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou

de que possa resultar perigo comum;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

TORTURAQUALIFICADA

PELO RESULTADO

Lesão corporal GRAVE ou

GRAVÍSSIMA

4 a 10 anos

(reclusão)

MORTE8 a 16 anos

(reclusão)

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Questão!

(CESPE – TJDFT – 2014 – Adaptada) Considerando a lei de trata da tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme

as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou

gravíssima.

RESOLUÇÃO:

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima será punido a título

de tortura preterdolosa, cuja pena em abstrato é de reclusão, de 4 a 10 anos:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a

dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Item incorreto.

Causas de Aumento de Pena

A Lei de Tortura estabeleceu algumas causas que fazem aumentar a pena de um sexto a um terço:

Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou

maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Dentre essas causas, a do inciso I merece alguns comentários:

Tortura cometida por agente público

Vimos que, de forma geral, não se exige do sujeito ativo do crime de tortura a condição de agente público

– ela será causa de aumento de pena!

É considerado agente público o funcionário público do art. 327 do Código Penal:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora

transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

Quer uma questão? Então toma!

(Instituto AOCP – AGEPEN/CE – 2017) Assinale a alternativa correta acerca do que trata a Lei

9.455/1997 em relação aos crimes de tortura.

a) O tipo legal de tortura aplica-se somente às condutas que causam lesões físicas, não enquadrando

no tipo as moléstias mentais.

b) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

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c) Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será aplicada pela metade,

acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

prazo de 5 (cinco) anos.

d) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave

ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de

caráter preventivo, constitui crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O tipo legal de tortura aplica-se também às condutas que causam moléstias mentais.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: (...)

b) INCORRETA. O crime de tortura não é imprescritível. Lembre-se sempre de que a Constituição

Federal instituiu apenas dois crimes imprescritíveis em nosso ordenamento:

Constituição. Art. 5º XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de

reclusão, nos termos da lei;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem

constitucional e o Estado Democrático.

c) INCORRETA. Por ser mais reprovável, a tortura cometida por agente público faz a pena aumentar

de 1/6 a 1/3.

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público.

d) CORRETA. Perfeito! O enunciado descreveu perfeitamente o crime de tortura-castigo:

Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,

a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Resposta: d)

Mais uma:

(FCC – AGEPEN/BA – 2010) NÃO constitui causa de aumento da pena prevista para o crime de tortura

ser este cometido

a) contra portador de deficiência e adolescente.

b) contra criança, gestante e maior de sessenta anos.

c) mediante sequestro.

d) por agente público.

e) contra pessoa sob custódia do Estado.

RESOLUÇÃO:

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Dentre as hipóteses apresentadas, a única que não aumenta a pena do crime de tortura é a da

alternativa ‘e’ – cometido contra pessoa sob custódia do Estado.

Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60

(sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Resposta: e)

Vamos esquematizar?

Causas de Aumento de Pena

1/6 a

1/3

Cometido por Agente Público

CometidoContra

CRIANÇA

GESTANTE

PORTADOR DE DEFICIÊNCIA

ADOLESCENTE

MAIOR DE 60 ANOS

Cometido Mediante Sequestro

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Efeitos da Condenação

Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura

“sentirá na pele” os seguintes efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a

INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

É muito importante que você memorize o esquema abaixo, pois o §5º é muito cobrado em provas:

É isso aí: a condenação do agente público pela prática de tortura deixa clara a grave violação de seus

deveres funcionais, de forma que a sociedade e o Estado perderam totalmente a sua confiança!

Por esse motivo, além de ser “extirpado” da Administração Pública, a Lei de Tortura ainda estabelece

contra ele a impossibilidade de ocupação de qualquer cargo público (em sentido amplo) pelo DOBRO do

prazo da pena aplicada – policial militar condenado a 6 anos de reclusão por praticar tortura: ele vai perder

o seu cargo e vai ficar proibido de ingressar nos quadros da Administração Pública pelo prazo de 12 anos!

ATENÇÃO! Para o STJ, a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO

AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura!

Sendo assim, não é necessário que o juiz fundamente de forma concreta para que tal efeito seja aplicado!

RECURSO ESPECIAL. PENAL. TORTURA. POLICIAL MILITAR. PERDA DO CARGO PÚBLICO.

EFEITO AUTOMÁTICO. VIOLAÇÃO DOS DEVERES FUNCIONAIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.

RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO. (...) 3. Nos

termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez reconhecida a prática do

crime de tortura, de acordo com a legislação especial aplicável a este delito, a perda do cargo

público é efeito automático e obrigatório da condenação. 4. Embora fosse dispensável na

hipótese, o Juízo de origem fundamentou concreta e pormenorizadamente a necessidade da

imposição da sanção de perda do cargo público em razão da violação dos deveres do funcionário

estatal (policial militar) para com a Administração Pública. (STJ, REsp nº 1.762.112/MT -

2018/0218898-8)

Efeitos da Condenação

PERDA do cargo/emprego/função pública

INTERDIÇÃO para o seu exercício

pelo DOBRO (2x) da pena

aplicada

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Veja só uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

Para que a condenação por crime de tortura possa importar na perda do cargo público, o juiz deve

fazer constar tal efeito na sentença condenatória.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da

condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessário que o juiz o aplique, de forma

fundamentada, na sentença.

Outras disposições

O §6º estabeleceu algumas vedações:

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Bom, esse dispositivo vai ao encontro do que estabelece a Constituição Federal e a Lei de Crimes Hediondos

(não se esqueça de que a prática da tortura é crime equiparado a hediondo):

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de

graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo

e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os

que, podendo evitá-los, se omitirem;

Lei de Crimes Hediondos. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de

entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

Professor, a Lei da Tortura não veda a concessão do indulto...

O STF entende que a palavra “graça”, na Constituição Federal, abrange o indulto!

Confere aí a decisão:

O inciso I do art. 2º da Lei n. 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º,

XLII, da Constituição Federal. III — O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do

qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da

Lei Maior.

STF — HC 90.364, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, public.

30/11/2007, p. 29).

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Além disso, o §7º determina que o condenado por tortura (exceto por tortura imprópria ou omissiva) deverá

iniciar o cumprimento da pena em regime fechado:

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da

pena em regime fechado.

O STF e STJ entendem que não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o

cumprimento da pena em regime fechado.

Assim, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias judiciais para estabelecer o regime inicial de

cumprimento da pena, que poderá ser o aberto, o semiaberto ou o fechado.

DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA.

Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime

prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e dá

outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,

iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário

do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial

fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a

fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do

CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei

8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura,

sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a

mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa

posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a

cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora

não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público,

afasta sua incidência, no todo ou em parte”. De fato, o entendimento adotado vai ao encontro

daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao

Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: “Os órgãos

fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de

inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo

Tribunal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte,

deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c

o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os

mencionados verbetes sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o

estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,

com base apenas na gravidade abstrata do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do regime

de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmula

719 do STF). HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.

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Por fim, temos duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, já que a Lei de Tortura será aplicada

até mesmo a atos de tortura praticados no exterior, desde que:

→ A vítima seja brasileira

OU → O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira

Pelo princípio da territorialidade, a lei brasileira deve ser aplicada aos crimes cometidos no

território nacional.

Contudo, a Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no

Brasil, mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador vem

“passar férias” no Brasil.

Confere:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território

nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Resolve comigo:

(AOCP – AGEPEN/CE – 2017) Assinale a alternativa correta acerca do que trata a Lei 9.455/1997 em

relação aos crimes de tortura.

a) O tipo legal de tortura aplica-se somente às condutas que causam lesões físicas, não enquadrando

no tipo as moléstias mentais.

b) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

Lei nº 9.455/1997

Regime inicial fechado

OBRIGATÓRIO

Jurisprudência dominante (STF e STJ)

Regime inicial fechado

NÃO é OBRIGATÓRIO

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c) Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será aplicada pela metade,

acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

prazo de 5 (cinco) anos.

d) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave

ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de

caráter preventivo, constitui crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O tipo legal de tortura aplica-se tanto às condutas que causam lesões físicas

(sofrimento físico), as que causam moléstias mentais (sofrimento mental).

Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe

sofrimento físico ou mental: (...)

b) INCORRETA. O crime de tortura é INAFIANÇÁVEL e insuscetível de graça ou anistia:

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura ,

o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles

respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

c) INCORRETA. Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será AUMENTADA de

1/6 a 1/3, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu

exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

(...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

dobro do prazo da pena aplicada.

d) CORRETA. A alternativa descreveu o crime de tortura-castigo. Confere aí:

Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de

violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida

de caráter preventivo.

Resposta: D

Veja comigo esta questão para encerrarmos nossa aula!

(FGV – PC/RJ – 2009) Com relação ao crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, analise as afirmativas

a seguir:

I. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

II. Constitui crime de tortura submeter alguém sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a

intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo.

III. O disposto na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido

em território nacional, sendo a vítima brasileira.

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Assinale:

a) se nenhuma afirmativa estiver correta.

b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

RESOLUÇÃO:

Vamos analisar as afirmativas:

I. Isso mesmo! Os condenados por tortura, se agentes públicos, ficam sujeitos a dois efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para

seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

II. Também está correta, pois a grave ameaça e o intenso sofrimento mental configuram a tortura-

castigo, se cometida contra pessoa sob guarda do agente:

Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,

a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

III. Perfeito! A Lei nº 9.455/97 também se aplica aos casos de tortura cometidos no exterior contra

vítima brasileira:

Todas as afirmativas estão corretas.

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Lista de Questões

1. (IADES – PM PA – 2021)

Considere hipoteticamente que dois policiais militares prenderam em flagrante um criminoso pela prática de fato

definido como crime. Durante o transporte até a delegacia, o policial R. N. submeteu o preso, mediante violência,

a intenso sofrimento físico com o fim de castigar o indivíduo por sua conduta. O segundo policial F. S. não

participou dessas ações, mas, mesmo presenciando tudo, não fez nada para evitá-las, deixando que o

companheiro de farda prosseguisse com as condutas violentas.

Com base no exposto e na Lei no 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) O policial R. N., o agressor, não cometeu nenhum crime, pois apenas tinha como fim castigar o preso pelo

respectivo crime.

b) O policial F. S. não cometeu nenhum crime, pois não se envolveu nas ações do seu colega de farda.

c) O policial R. N., o agressor, pode ser condenado pelo crime de tortura, mas terá a sua pena diminuída por ser

policial militar.

d) A condenação de qualquer um dos referidos policiais pelo crime de tortura não poderá, em nenhuma hipótese,

ocasionar a perda dos respectivos cargos.

e) O policial F. S. pode ser condenado criminalmente por ter se omitido em face das condutas do seu colega de

farda.

2. (CRS – PM MG – 2019)

Considerando as disposições trazidas pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e pela Lei nº

9.455/97, a qual dispõe sobre os crimes de tortura, marque a alternativa INCORRETA:

a) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, por eles

respondendo os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

b) É suficiente para que ocorra o crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,

causando-lhe sofrimento físico ou mental.

c) Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

d) A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para

seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

3. (CRS – PM MG – 2018)

Analise as assertivas e marque a alternativa CORRETA, com base na Lei n. 9.455/97 que define os crimes de

tortura.

a) Constitui, também, crime de tortura, constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,

causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa.

b) O crime de tortura é inafiançável, hediondo, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

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c) A condenação pelo crime de tortura acarretará a suspensão não remunerada, até o cumprimento total da pena,

do cargo, função ou emprego público.

d) O condenado por crime de tortura, na conduta comissiva, iniciará o cumprimento da pena em regime

semiaberto sem direito a progressão inicial de regime.

4. (CRS – PM MG – 2017)

Acerca da Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências, marque a

alternativa CORRETA:

a) O crime de tortura é imprescritível, inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) Aquele que se omite em face do crime de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na

pena de detenção, enquanto o agente que comete a tortura incorre na pena de reclusão.

c) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe

sofrimento físico ou mental, com o objetivo de subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel.

d) A condenação acarretará a suspensão do cargo, função ou emprego público por prazo equivalente ao da pena

aplicada.

5. (IDECAN – CBM MG – 2015)

Nos termos da Lei nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura, “submeter alguém, sob sua guarda, poder

ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como

forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo” sujeita-se à pena de

a) detenção e multa.

b) reclusão, de dois a oito anos.

c) detenção, de um a dois anos.

d) prestação de serviços à comunidade.

6. (IDECAN – PM PB – 2015)

Quanto à Lei nº 9.455/1997, é correto afirmar que

a) o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) o crime de tortura é punido com pena de detenção de dois a oito anos.

c) se o crime é cometido por agente público, a pena será reduzida de um terço.

d) se o crime de tortura é cometido mediante sequestro, a pena é acrescida de um terço.

7. (AOCP – PC/ES – 2019)

A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) A pena prevista para o crime de tortura consistente em submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,

com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo

pessoal ou medida de caráter preventivo, é de reclusão de dois a cinco anos.

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b) A pena prevista para aquele que se omite em face de condutas que caracterizam crimes de tortura, quando tinha

o dever de evitá-las ou apurá-las, é de um a três anos.

c) O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena aumentada em

dois terços.

d) O agente público condenado por crime de tortura perderá o cargo, função ou emprego público e sofrerá

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

e) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas é suscetível de anistia.

8. (AOCP – AGEPEN/PA – 2018)

De acordo com a Lei nº 9.455/1997, se do crime de tortura resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,

a pena é de reclusão de

a) quatro a dez anos.

b) seis a doze anos.

c) um a quatro anos.

d) dois a oito anos.

e) seis a vinte anos.

9. (FUNDEP – CBM/MG – 2018)

Analise o caso a seguir.

Um determinado agente público, como forma de obter uma confissão, constrange um adolescente, mediante

emprego de violência, causando-lhe sofrimento físico e mental.

Considerando a situação apresentada e o que prescreve a lei, é correto afirmar que

a) a conduta descrita caracteriza crime de tortura, que, embora inafiançável, é suscetível de graça ou de anistia.

b) o fato de o autor ser agente público é causa de aumento da pena aplicável ao crime descrito.

c) o fato de a vítima ser adolescente não interfere na fixação da pena.

d) a condenação pela prática do crime não acarreta a perda do cargo ou emprego público do agente.

10. (FUNDEP – CBM/MG – 2010)

A condenação de agente público pela prática de crime de tortura pode acarretar

a) a perda do cargo, função ou emprego público.

b) a perda dos direitos políticos.

c) a interdição definitiva de exercício de cargo público.

d) a suspensão do direito de contratar com a Administração Pública.

11. (VUNESP – PC/SP – 2013)

Quanto ao crime de tortura, é correto afirmar que

a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortura não se aplica quando o crime foi cometido fora do

território nacional, mesmo sendo a vítima brasileira.

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b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o tempo da pena em regime fechado.

c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia.

d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão admitidas agravantes ou atenuantes.

e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

dobro do prazo da pena aplicada.

12. (VUNESP – TJM/SP – 2016)

Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, condenado à pena de

reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática do crime de tortura, com resultado morte,

contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo,

função ou emprego público

a) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

b) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada.

c) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena aplicada.

d) desde que o juiz proceda à fundamentação específica.

e) como efeito necessário, mas não automático.

13. (VUNESP – TJ/RJ – 2016)

Maximilianus constantemente agredia seu filho Ramsés, de quinze anos, causando-lhe intenso sofrimento físico e

mental com o objetivo de castigá-lo e de prevenir que ele praticasse “novas artes". Na última oportunidade em

que Maximilianus aplicava tais castigos, vizinhos acionaram a polícia ao ouvirem os gritos de Ramsés. Ao chegar

ao local os policiais militares constataram as agressões e conduziram ao Distrito Policial Maximilianus, Ramsés e

Troia, mãe de Ramsés que presenciava todas as agressões mas, apesar de não concordar, deixava que

Maximilianus “cuidasse" da educação do filho sem se “intrometer".

Diante da circunstância descrita, é correto afirmar que

a) Maximilianus e Troia incorreram, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade

de co-autores.

b) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e

que Troia, porém, não poderá ser responsabilizada, pois não concorreu para a prática do crime.

c) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor,

assim como Troia também teria incorrido no mesmo crime mas com base na omissão penalmente relevante

prevista no Código Penal.

d) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor,

sendo que Troia será responsabilizada pela prática do crime de omissão em face da tortura praticada por

Maximilianus, também previsto na Lei n° 9.455/97, tendo em vista que tinha o dever de evitá-la.

e) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e

que Troia também será responsabilizada pela prática do mesmo crime, porém na condição de partícipe.

f)

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14. (VUNESP – PC/CE – 2015)

O crime de tortura (Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terço se for praticado

a) ininterruptamente, por período superior a 24 h.

b) em concurso de pessoas

c) por motivos políticos.

d) contra mulher

e) por agente público.

15. (VUNESP – PC/SP – 2014)

Marlene, na qualidade de cuidadora de dona Ana Rosa, uma senhora de 77 anos de idade e que necessita de

cuidados especiais, foi filmada, por câmeras colocadas no quarto da idosa, causando-lhe sofrimento físico durante

vários dias, consistindo em puxões de cabelo, beliscões, arranhões, tapas e outras barbáries. Havendo condenação

por crime de tortura, é correto afirmar que Marlene

a) terá sua pena aumentada de um sexto até um terço.

b) durante a execução da pena poderá ser beneficiada pelo instituto da graça.

c) durante a execução da pena poderá ser beneficiada, apenas, pelo instituto da anistia

d) poderá, nos termos da sentença condenatória, iniciar o cumprimento da pena no regime semiaberto.

e) estará sujeita à pena máxima de seis anos de detenção.

16. (VUNESP – AGEPEN/ES – 2013)

Analise as assertivas a seguir:

I. constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela

não manda;

II. submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo;

III. constranger alguém com emprego de grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental em razão de

discriminação religiosa.

À luz da Lei n.º 9.455/97, constitui crime de tortura o que se afirma em

a) I e III, apenas.

b) II, apenas.

c) I e II, apenas.

d) I, II e III.

e) II e III, apenas.

17. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)

No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item.

Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação,

ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina.

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18. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)

Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,

julgue o item que se segue.

A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

19. (FUNIVERSA – SEJUS/DF – 2010)

Policial federal, na sua atividade legal, descobre que criminoso de alcunha Galego participara de assalto à Casa da

Moeda, ocasião em que foram roubados seiscentos milhões de reais. De posse dessa informação, o agente da lei

sequestra o bandido e passa a aplicar-lhe afogamento e choques, desfere-lhe tapas e pontapés, com a finalidade

de obter informações sobre onde escondera o dinheiro. Após conseguir tais informações, franqueia a liberdade a

Galego. Pelos crimes cometidos, a pena a ser aplicada a esse policial

a) corresponde à somatória da pena do crime de tortura mais a majorante do sequestro, acrescida da pena do

sequestro do Código Penal.

b) é a da tortura, com a majorante do sequestro.

c) é a do sequestro, com a majorante da tortura.

d) é a da tortura, com a majorante do sequestro, acrescida da metade.

e) é a da tortura, com a majorante do sequestro qualificado, acrescida, em todo caso, de dois terços.

20. (FUNIVERSA – SEJUS/DF – 2010)

Se, da prática de crime de tortura, resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é

a) de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

b) de reclusão de três a doze anos; se resulta morte, a reclusão é de doze a trinta anos.

c) a prevista para o crime de tortura, além da pena prevista para a lesão corporal ou o homicídio.

d) de reclusão de dez a quinze anos; se resulta morte, a reclusão é de vinte a vinte e cinco anos.

e) de reclusão de oito a dezesseis anos; se resulta morte, a reclusão é de doze a trinta anos.

21. (IADES – SEAP/GO – 2019)

A respeito da Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) A consumação se dá com o emprego de meios violentos, ocasionando sofrimento físico ou mental, englobando,

inclusive, o mero aborrecimento, o qual é apto a configurar o crime de tortura.

b) A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou autoridade entre o sujeito ativo e o passivo.

c) A diferenciação entre a tortura e os maus-tratos é o elemento subjetivo. No crime de maus-tratos, não há o

animus corrigendi, disciplinandi, já no crime de tortura, o agente tem esse ânimo, além de agir com ódio, com

vontade de ver um sofrimento desnecessário, com sadismo

d) O objeto jurídico tutelado pela norma penal no crime de tortura é apenas a integridade corporal e a saúde física.

e) O dolo específico não constitui elementar fundamental para a configuração das modalidades do crime de tortura

previstas no art. 1º da Lei nº 9.455/199.

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22. (FEPESE – AGEPEN/SC – 2018)

Analise as afirmativas abaixo com fundamento na Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1977, que define os crimes de tortura

e dá outras providências.

1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime é cometido mediante sequestro.

2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a doze anos.

3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, iniciará o

cumprimento da pena em regime fechado.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.

b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.

c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

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Gabarito

1. E

2. B

3. A

4. B

5. B

6. A

7. D

8. A

9. B

10. A

11. D

12. A

13. D

14. E

15. A/D

16. E

17. E

18. E

19. B

20. A

21. B

22. C

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Questões Comentadas Pelo Professor

1. (IADES – PM PA – 2021)

Considere hipoteticamente que dois policiais militares prenderam em flagrante um criminoso pela prática de fato

definido como crime. Durante o transporte até a delegacia, o policial R. N. submeteu o preso, mediante violência,

a intenso sofrimento físico com o fim de castigar o indivíduo por sua conduta. O segundo policial F. S. não

participou dessas ações, mas, mesmo presenciando tudo, não fez nada para evitá-las, deixando que o

companheiro de farda prosseguisse com as condutas violentas.

Com base no exposto e na Lei no 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) O policial R. N., o agressor, não cometeu nenhum crime, pois apenas tinha como fim castigar o preso pelo

respectivo crime.

b) O policial F. S. não cometeu nenhum crime, pois não se envolveu nas ações do seu colega de farda.

c) O policial R. N., o agressor, pode ser condenado pelo crime de tortura, mas terá a sua pena diminuída por ser

policial militar.

d) A condenação de qualquer um dos referidos policiais pelo crime de tortura não poderá, em nenhuma hipótese,

ocasionar a perda dos respectivos cargos.

e) O policial F. S. pode ser condenado criminalmente por ter se omitido em face das condutas do seu colega de

farda.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. Epa, “pera” lá! Submeter pessoa sob sua guarda, mediante violência, a intenso sofrimento físico

com o fim de castigar o indivíduo por sua conduta configura o crime de tortura-castigo.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico

ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

b) INCORRETA; e) CORRETA. O policial F.S., que presenciou a prática do crime de tortura e nada fez para evitá-la,

poderá responder pelo crime de tortura-omissão.

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de

detenção de um a quatro anos.

c) INCORRETA. O fato de ser policial militar, ou seja, agente público, faz a pena aumentar de um sexto até um

terço:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

d) INCORRETA. A condenação pela prática do crime de tortura poderá ocasionar a perda do respectivo cargo.

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Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro

do prazo da pena aplicada.

Resposta: E

2. (CRS – PM MG – 2019)

Considerando as disposições trazidas pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e pela Lei nº

9.455/97, a qual dispõe sobre os crimes de tortura, marque a alternativa INCORRETA:

a) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, por eles

respondendo os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

b) É suficiente para que ocorra o crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,

causando-lhe sofrimento físico ou mental.

c) Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

d) A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para

seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

RESOLUÇÃO:

a) CORRETA. De fato, segundo a Constituição Brasileira, a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de

graça ou anistia a prática da tortura, por eles respondendo os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem:

Art. 5º - XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de

entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os

executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

b) INCORRETA. Além de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe

sofrimento físico ou mental, é necessária a presença de um dolo específico, presente nas alíneas a, b ou c do inciso

I, do art. 1º:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

c) CORRETA. De fato, ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

d) CORRETA. Isso aí! A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público

e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Art. 1°, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

dobro do prazo da pena aplicada.

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Resposta: B

3. (CRS – PM MG – 2018)

Analise as assertivas e marque a alternativa CORRETA, com base na Lei n. 9.455/97 que define os crimes de

tortura.

a) Constitui, também, crime de tortura, constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,

causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa.

b) O crime de tortura é inafiançável, hediondo, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) A condenação pelo crime de tortura acarretará a suspensão não remunerada, até o cumprimento total da pena,

do cargo, função ou emprego público.

d) O condenado por crime de tortura, na conduta comissiva, iniciará o cumprimento da pena em regime

semiaberto sem direito a progressão inicial de regime.

RESOLUÇÃO:

a) CORRETA. Constitui o crime de tortura-discriminatória, o constrangimento de alguém com emprego de

violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico

ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

b) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável, equiparado a hediondo, prescritível e insuscetível de graça ou

anistia.

Art. 1º § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

c) INCORRETA. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Art. 1°, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

dobro do prazo da pena aplicada.

d) INCORRETA. De acordo com a Lei de Tortura, o condenado por crime de tortura, na conduta comissiva, iniciará

o cumprimento da pena em regime fechado sem direito a progressão inicial de regime.

Artigo 1º, § 7º - O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime

fechado.

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Resposta: A

4. (CRS – PM MG – 2017)

Acerca da Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências, marque a

alternativa CORRETA:

a) O crime de tortura é imprescritível, inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) Aquele que se omite em face do crime de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na

pena de detenção, enquanto o agente que comete a tortura incorre na pena de reclusão.

c) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe

sofrimento físico ou mental, com o objetivo de subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel.

d) A condenação acarretará a suspensão do cargo, função ou emprego público por prazo equivalente ao da pena

aplicada.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável, equiparado a hediondo, prescritível e insuscetível de graça ou

anistia.

Art. 1º § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) CORRETA. De fato, aquele que se omite em face do crime de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-

las, incorre na pena de detenção, enquanto o agente que comete a tortura incorre na pena de reclusão.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico

ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena

de detenção de um a quatro anos.

c) INCORRETA. Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,

causando-lhe sofrimento físico ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

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d) INCORRETA. A condenação acarretará a suspensão do cargo, função ou emprego público por prazo

correspondente ao dobro da pena aplicada.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do

prazo da pena aplicada.

Resposta: B

5. (IDECAN – CBM MG – 2015)

Nos termos da Lei nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura, “submeter alguém, sob sua guarda, poder

ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como

forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo” sujeita-se à pena de

a) detenção e multa.

b) reclusão, de dois a oito anos.

c) detenção, de um a dois anos.

d) prestação de serviços à comunidade.

RESOLUÇÃO:

A prática da tortura deve ser combatida pelo Estado brasileiro, em todos os Poderes e níveis federativos.

Por representar crime gravíssimo e equiparado a hediondo, já podemos excluir “de cara” as alternativas que

cominam pena de detenção e de prestação de serviços à comunidade, concorda?

Logo, a alternativa ‘b’ é o nosso gabarito, pois estabelece corretamente a pena de dois a oito anos de reclusão

àquele que “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave

ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter

preventivo”:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: B

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6. (IDECAN – PM PB – 2015)

Quanto à Lei nº 9.455/1997, é correto afirmar que

a) o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) o crime de tortura é punido com pena de detenção de dois a oito anos.

c) se o crime é cometido por agente público, a pena será reduzida de um terço.

d) se o crime de tortura é cometido mediante sequestro, a pena é acrescida de um terço.

RESOLUÇÃO:

a) CORRETA. A lei e a Constituição afirmam que o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da

tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo

os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

b) INCORRETA. A pena prevista para o crime de tortura é de dois a oito anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico

ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

c) INCORRETA. Oi?! O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam o crime de tortura terá a

pena AUMENTADA de um sexto (1/6) a um terço (1/3):

Art. 1º, § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

d) INCORRETA. Se o crime de tortura for cometido mediante sequestro, a pena é aumentada de um sexto (1/6) a

um terço (1/3):

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:

III - se o crime é cometido mediante sequestro

Resposta: A

7. (AOCP – PC/ES – 2019)

A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

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a) A pena prevista para o crime de tortura consistente em submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,

com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo

pessoal ou medida de caráter preventivo, é de reclusão de dois a cinco anos.

b) A pena prevista para aquele que se omite em face de condutas que caracterizam crimes de tortura, quando tinha

o dever de evitá-las ou apurá-las, é de um a três anos.

c) O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena aumentada em

dois terços.

d) O agente público condenado por crime de tortura perderá o cargo, função ou emprego público e sofrerá

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

e) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas é suscetível de anistia.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. A pena prevista para o crime de tortura-castigo é de dois a oito anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

(...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento

físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

b) INCORRETA. A pena relativa ao crime de omissão em tortura é de um a QUATRO anos de detenção:

Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de

detenção de um a quatro anos.

c) INCORRETA. O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena

aumentada de um sexto (1/6) a um terço (1/3):

Art. 1º, § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

d) CORRETA. O agente público condenado por crime de tortura sofrerá duas consequências bem “amargas”:

→ Perda do cargo, função ou emprego público

→ Interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do

prazo da pena aplicada.

e) INCORRETA. A lei afirma os crimes de tortura também são insuscetíveis de anistia:

Art. 1º, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Resposta: D

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8. (AOCP – AGEPEN/PA – 2018)

De acordo com a Lei nº 9.455/1997, se do crime de tortura resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,

a pena é de reclusão de

a) quatro a dez anos.

b) seis a doze anos.

c) um a quatro anos.

d) dois a oito anos.

e) seis a vinte anos.

RESOLUÇÃO:

Olha a banca cobrando preceito secundário do tipo penal... Hehe.

A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de tortura,

tornando-o mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se

resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

A questão nos perguntou sobre a pena cominada ao crime de tortura qualificada pelo resultado "lesão corporal

de natureza grave ou gravíssima" que, no caso, será de 4 a 10 anos de reclusão!

Resposta: A

9. (FUNDEP – CBM/MG – 2018)

Analise o caso a seguir.

Um determinado agente público, como forma de obter uma confissão, constrange um adolescente, mediante

emprego de violência, causando-lhe sofrimento físico e mental.

Considerando a situação apresentada e o que prescreve a lei, é correto afirmar que

a) a conduta descrita caracteriza crime de tortura, que, embora inafiançável, é suscetível de graça ou de anistia.

b) o fato de o autor ser agente público é causa de aumento da pena aplicável ao crime descrito.

c) o fato de a vítima ser adolescente não interfere na fixação da pena.

d) a condenação pela prática do crime não acarreta a perda do cargo ou emprego público do agente.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) CORRETA. Perfeito, pois a pena será aumentada de 1/6 a 1/3 se o autor do crime de tortura for agente público.

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Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

c) INCORRETA. Trata-se de circunstância que aumentará a pena do crime de tortura:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

d) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

d) INCORRETA. A condenação pela prática do crime acarreta a perda do cargo ou emprego público do agente.

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro

do prazo da pena aplicada.

Resposta: B

10. (FUNDEP – CBM/MG – 2010)

A condenação de agente público pela prática de crime de tortura pode acarretar

a) a perda do cargo, função ou emprego público.

b) a perda dos direitos políticos.

c) a interdição definitiva de exercício de cargo público.

d) a suspensão do direito de contratar com a Administração Pública.

RESOLUÇÃO:

Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura “sentirá

na pele” os seguintes efeitos:

→ a perda do cargo, função ou emprego público

→ a interdição pelo dobro da pena aplicada para o exercício de cargo, emprego ou função pública

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício

pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

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Resposta: A

11. (VUNESP – PC/SP – 2013)

Quanto ao crime de tortura, é correto afirmar que

a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortura não se aplica quando o crime foi cometido fora do

território nacional, mesmo sendo a vítima brasileira.

b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o tempo da pena em regime fechado.

c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia.

d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão admitidas agravantes ou atenuantes.

e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

dobro do prazo da pena aplicada.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. A Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no Brasil,

mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador se encontrar em local

sob a jurisdição brasileira:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima

brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

b) INCORRETA. O condenado por tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 1º (...) § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime

fechado.

c) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

d) INCORRETA. Como não temos circunstâncias agravantes e atenuantes específicas da Lei de Tortura, serão

aplicadas as previstas no Código Penal!

Efeitos da Condenação

PERDA do cargo/emprego/função pública

INTERDIÇÃO para o seu exercício

pelo DOBRO (2x) da pena

aplicada

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e) CORRETA. A prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição

para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro

do prazo da pena aplicada.

Resposta: D

12. (VUNESP – TJM/SP – 2016)

Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, condenado à pena de

reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática do crime de tortura, com resultado morte,

contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo,

função ou emprego público

a) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

b) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada.

c) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena aplicada.

d) desde que o juiz proceda à fundamentação específica.

e) como efeito necessário, mas não automático.

RESOLUÇÃO:

A prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para o seu

exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Resposta: A

13. (VUNESP – TJ/RJ – 2016)

Maximilianus constantemente agredia seu filho Ramsés, de quinze anos, causando-lhe intenso sofrimento físico e

mental com o objetivo de castigá-lo e de prevenir que ele praticasse “novas artes". Na última oportunidade em

que Maximilianus aplicava tais castigos, vizinhos acionaram a polícia ao ouvirem os gritos de Ramsés. Ao chegar

ao local os policiais militares constataram as agressões e conduziram ao Distrito Policial Maximilianus, Ramsés e

Troia, mãe de Ramsés que presenciava todas as agressões mas, apesar de não concordar, deixava que

Maximilianus “cuidasse" da educação do filho sem se “intrometer".

Diante da circunstância descrita, é correto afirmar que

a) Maximilianus e Troia incorreram, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade

de co-autores.

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b) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e

que Troia, porém, não poderá ser responsabilizada, pois não concorreu para a prática do crime.

c) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor,

assim como Troia também teria incorrido no mesmo crime mas com base na omissão penalmente relevante

prevista no Código Penal.

d) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor,

sendo que Troia será responsabilizada pela prática do crime de omissão em face da tortura praticada por

Maximilianus, também previsto na Lei n° 9.455/97, tendo em vista que tinha o dever de evitá-la.

e) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e

que Troia também será responsabilizada pela prática do mesmo crime, porém na condição de partícipe.

RESOLUÇÃO:

A conduta de Maximiliano (pai) se amolda ao crime de tortura-castigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento

físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Diante dessa situação, a mãe tinha o dever de evitar a conduta criminosa do pai, de modo que incorrerá nas penas

do crime de tortura-omissão:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ-LAS, incorre na

pena de detenção de um a quatro anos.

Temos aqui um típico caso de crime comissivo por omissão, em que será responsabilizado criminalmente o

agente que figura na qualidade de garantidor da integridade da vítima e que, sendo possível, deveria ter agido

para evitar a tortura contra ela, mas não o fez.

Resposta: D

14. (VUNESP – PC/CE – 2015)

O crime de tortura (Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terço se for praticado

a) ininterruptamente, por período superior a 24 h.

b) em concurso de pessoas

c) por motivos políticos.

d) contra mulher

e) por agente público.

RESOLUÇÃO:

Vamos conferir as causas de aumento para os crimes de tortura?

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Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

Dentre as alternativas, a única que representa uma causa de aumento de pena é a e).

Resposta: E

15. (VUNESP – PC/SP – 2014)

Marlene, na qualidade de cuidadora de dona Ana Rosa, uma senhora de 77 anos de idade e que necessita de

cuidados especiais, foi filmada, por câmeras colocadas no quarto da idosa, causando-lhe sofrimento físico durante

vários dias, consistindo em puxões de cabelo, beliscões, arranhões, tapas e outras barbáries. Havendo condenação

por crime de tortura, é correto afirmar que Marlene

a) terá sua pena aumentada de um sexto até um terço.

b) durante a execução da pena poderá ser beneficiada pelo instituto da graça.

c) durante a execução da pena poderá ser beneficiada, apenas, pelo instituto da anistia

d) poderá, nos termos da sentença condenatória, iniciar o cumprimento da pena no regime semiaberto.

e) estará sujeita à pena máxima de seis anos de detenção.

RESOLUÇÃO:

a) CORRETA. Como a vítima possui 77 anos à epoca dos fatos, incidirá a causa de aumento de pena de um sexto a

um terço:

Art. 1º, § 4º: Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

b) INCORRETA e c) INCORRETA. A prática da tortura é crime insuscetível de graça ou anistia:

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

d) CORRETA. A Lei de Tortura (Lei 9455/97) determina o início do cumprimento da pena no regime fechado:

Art. 1º (...) § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime

fechado.

No entanto, no HC 111.840/SP, o STF declarou a inconstitucionalidade do disposto no art. 2º, §1 da Lei 8072/90,

que atinge os crimes de tortura: "É inconstitucional a fixação ex lege, com base no artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei

8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos

no artigo 33 do Código Penal".

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Sendo assim, é plenamente possível que o condenado pela prática do crime de tortura inicie o cumprimento da

pena em regime semiaberto.

e) INCORRETA. O crime de tortura-castigo cometido por Marlene está sujeito à pena máxima de oito anos de

reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico

ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: A/D

16. (VUNESP – AGEPEN/ES – 2013)

Analise as assertivas a seguir:

I. constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela

não manda;

II. submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo;

III. constranger alguém com emprego de grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental em razão de

discriminação religiosa.

À luz da Lei n.º 9.455/97, constitui crime de tortura o que se afirma em

a) I e III, apenas.

b) II, apenas.

c) I e II, apenas.

d) I, II e III.

e) II e III, apenas.

RESOLUÇÃO:

Vamos analisar cada uma das condutas descritas pelos itens:

I. constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela

não manda → INCORRETA. A conduta descrita é tipificada como crime constrangimento ilegal, previsto no

Código Penal:

Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a

capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

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II. submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo → CORRETA.

Temos, aqui, o crime de tortura-castigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico

ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

III. constranger alguém com emprego de grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental em razão de

discriminação religiosa → CORRETA. Temos, aqui, o crime de tortura-discriminação:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: E

17. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)

No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item.

Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação,

ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois a assertiva faz referência ao crime de maus tratos, constante no Código Penal:

Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação,

ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho

excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Resposta: E

18. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)

Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,

julgue o item que se segue.

A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

RESOLUÇÃO:

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Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na

interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Resposta: E

19. (FUNIVERSA – SEJUS/DF – 2010)

Policial federal, na sua atividade legal, descobre que criminoso de alcunha Galego participara de assalto à Casa da

Moeda, ocasião em que foram roubados seiscentos milhões de reais. De posse dessa informação, o agente da lei

sequestra o bandido e passa a aplicar-lhe afogamento e choques, desfere-lhe tapas e pontapés, com a finalidade

de obter informações sobre onde escondera o dinheiro. Após conseguir tais informações, franqueia a liberdade a

Galego. Pelos crimes cometidos, a pena a ser aplicada a esse policial

a) corresponde à somatória da pena do crime de tortura mais a majorante do sequestro, acrescida da pena do

sequestro do Código Penal.

b) é a da tortura, com a majorante do sequestro.

c) é a do sequestro, com a majorante da tortura.

d) é a da tortura, com a majorante do sequestro, acrescida da metade.

e) é a da tortura, com a majorante do sequestro qualificado, acrescida, em todo caso, de dois terços.

RESOLUÇÃO:

Primeiramente, é interessante percebermos que a conduta do policial se amolda ao crime de tortura-prova:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

O fato de Galego ter tido a sua liberdade franqueada pelo policial faz com que as penas do crime de tortura sejam

majoradas de um sexto a um terço, já que o sequestro é uma das causas de aumento para os crimes de tortura:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

Resposta: B

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20. (FUNIVERSA – SEJUS/DF – 2010)

Se, da prática de crime de tortura, resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é

a) de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

b) de reclusão de três a doze anos; se resulta morte, a reclusão é de doze a trinta anos.

c) a prevista para o crime de tortura, além da pena prevista para a lesão corporal ou o homicídio.

d) de reclusão de dez a quinze anos; se resulta morte, a reclusão é de vinte a vinte e cinco anos.

e) de reclusão de oito a dezesseis anos; se resulta morte, a reclusão é de doze a trinta anos.

RESOLUÇÃO:

A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de tortura,

tornando-a mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se

resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Dessa maneira, nosso gabarito é a alternativa ‘a’.

Resposta: A

21. (IADES – SEAP/GO – 2019)

A respeito da Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) A consumação se dá com o emprego de meios violentos, ocasionando sofrimento físico ou mental, englobando,

inclusive, o mero aborrecimento, o qual é apto a configurar o crime de tortura.

b) A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou autoridade entre o sujeito ativo e o passivo.

c) A diferenciação entre a tortura e os maus-tratos é o elemento subjetivo. No crime de maus-tratos, não há o

animus corrigendi, disciplinandi, já no crime de tortura, o agente tem esse ânimo, além de agir com ódio, com

vontade de ver um sofrimento desnecessário, com sadismo

d) O objeto jurídico tutelado pela norma penal no crime de tortura é apenas a integridade corporal e a saúde física.

e) O dolo específico não constitui elementar fundamental para a configuração das modalidades do crime de tortura

previstas no art. 1º da Lei nº 9.455/199.

RESOLUÇÃO:

(a) INCORRETA. Sofrimento físico ou mental não engloba, obviamente, o mero aborrecimento.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

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b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento

físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena – reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por

intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

(b) CORRETA. O crime de tortura-castigo (art. 1º, II) é próprio, exigindo condição especial do:

Sujeito ativo: só pode ser autor desse crime aquele que tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela algum tipo

de poder ou autoridade, momentâneo ou permanente.

Sujeito passivo: por outro lado, só pode ser vítima aquele que está sob a guarda, poder ou autoridade do sujeito

ativo!

(c) INCORRETA. O dolo específico do crime de tortura-castigo é o animus corrigendi – vontade de aplicar castigo

ou medida preventiva!

Dessa forma, não responderá pelo crime de tortura-castigo o pai que, por sadismo, submete o filho a intenso

sofrimento físico mediante o uso de violência.

(d) INCORRETA. O bem jurídico protegido pelo crime de tortura é a integridade corporal e a saúde física e

psicológica das pessoas.

(e) INCORRETA. Os crimes de tortura do art. 1º, II exigem, para a sua configuração, a presença de dolo específico:

a) Tortura para obtenção de informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa

b) Tortura para a prática de crime

c) Tortura-discriminação

Resposta: B

22. (FEPESE – AGEPEN/SC – 2018)

Analise as afirmativas abaixo com fundamento na Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1977, que define os crimes de tortura

e dá outras providências.

1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime é cometido mediante sequestro.

2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a doze anos.

3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, iniciará o

cumprimento da pena em regime fechado.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.

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b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.

c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

RESOLUÇÃO:

Vem analisar comigo cada uma das assertivas?

1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime é cometido mediante sequestro.

CORRETA. O aumento de pena será, de fato, de um sexto a um terço nessa circunstância:

Art. 1º, § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: (...)

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a doze anos.

INCORRETA. A pena para o crime de tortura qualificada pelo resultado morte será de oito a dezesseis anos de

reclusão:

Art. 1º, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte,

a reclusão é de oito a dezesseis anos.

3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

CORRETA. Perfeito! Confere aí:

Art. 1º, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, iniciará o

cumprimento da pena em regime fechado.

INCORRETA. Amigo/a, a banca deu como correta a assertiva acima, pois considerou a literalidade da Lei de

Tortura. Contudo, não se esqueça de que o STF entendeu pela não obrigatoriedade do cumprimento de pena em

regime inicialmente fechado.

Art. 1º, § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º tortura imprópria ou omissão], iniciará o

cumprimento da pena em regime fechado.

Afirmativas 1, 3 e 4 corretas → alternativa ‘c’.

Resposta: C

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Resumo direcionado

Crimes de Tortura

Sujeito Ativo e

Passivo

Meio de

execução

Resultado Finalidade

(Dolo Específico)

Art. 1º, inc I

Crime comum

Qualquer pessoa

Violência ou grave

ameaça

Sofrimento físico

ou mental

a) Tortura-prova

b) Tortura para a prática

de crime

c) Tortura-discriminação

Art. 1º, inc II

(Tortura-castigo)

Crime próprio

Sujeito ativo E passivo

(relação de guarda, poder

ou autoridade)

Violência ou grave

ameaça

INTENSO

sofrimento físico

ou mental

Aplicação de castigo ou

medida de caráter

preventivo

Art. 1º, § único

(tortura do preso)

Crime próprio

Sujeito passivo deve ser

preso ou cumprir medida

de segurança.

Pratica de ato não

previsto em lei ou

em medida legal

Sofrimento físico

ou mental

NÃO exige finalidade

específica

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão

Sujeito ativo

Quem, podendo, tinha o dever de EVITÁ-LA, mas não evita. (omissão imprópria)

Quem, devendo, tinha o dever de APURÁ-LA, mas não apura. (omissão própria)

ATENÇÃO! A omissão em tortura NÃO é crime equiparado a hediondo!

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Formas Qualificadas

Forma preterdolosa do crime de tortura!

Causas de Aumento de Pena

Torturaqualificada pelo

resultado

Lesão Corporal GRAVE ou

GRAVÍSSIMA

4 a 10 anos

(reclusão)

MORTE8 a 16 anos

(reclusão)

Aumento de Pena

1/6 a

1/3

Cometido por Agente Público

CometidoContra

CRIANÇA

GESTANTE

PORTADOR DE DEFICIÊNCIA

ADOLESCENTE

MAIOR DE 60 ANOS

Cometido Mediante Sequestro

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Efeitos da Condenação

Outras disposições

Efeitos da Condenação

PERDA do cargo/emprego/função pública

INTERDIÇÃO para o seu exercício

pelo DOBRO (2x) da pena

aplicada

PRÁTICA DE TORTURA

VEDAÇÕES

FiançaGraça

(*indulto)Anistia

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STJ/STF - É inconstitucional a fixação legal do cumprimento da pena em regime inicialmente

fechado, de forma obrigatória, sem a análise dos parâmetros do art. 33, do CP

Lei de Tortura será aplicada em crimes praticados no exterior, desde que:

→ A vítima seja brasileira

OU → O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira

FECHADO

Regime Inicial

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Lei nº 9.455/1997 (Tortura)

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.