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Mundialização e Direitos do Homem : desafios e limites Professor Pierre Tap e Dra. Ana Barbeiro Instituto Piaget

Professor Pierre Tap e Dra. Ana Barbeiro Instituto Piagetpierretap.com/ppt/social/pt14b.pdf · Direitos do Homem e Trabalho social O Trabalho Social seria uma imensa perversão se

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Mundialização e

Direitos do Homem :

desafios e limites

Professor Pierre Tap e Dra. Ana BarbeiroInstituto Piaget

Direitos do Homem e Trabalho social

O Trabalho Social seria uma imensa perversão se não se fundasse na defesa implícita e

explícita dos direitos da pessoa, por princípio, mas também pela ajuda e pelo

acompanhamento... Tradução prática e solidária desta defesa.

Se a mundialização implica abusos no que respeita aos direitos da pessoa, em que se torna

o trabalho social nesta «desalocalização profissional e cultural? »

Mundialização, terrorismo, universalidade dos Direitos do Homem

São realidades que é preciso saber gerir entre os Estados e os povos

Mensagem do Secretário Geral M. Kofi Annan, no dia dos Direitos do Homem,a 10 de Dezembro de 2002:

A reconfiguração das relações internacionais a que assistimos actualmente, tanto entre os Estados como entre os povos, não tem

precedentes na história.

1. A mundialização

2. O espectro do terrorismo internacional

3. O reconhecimento cada vez mais generalizado da universalidade dos Direitos do Homem

Dependem todos desta transformação, que só será gerível se a nossa visão do mundo nos ajudar a encontrar um novo equilíbrio.

Um dos legados mais importantes do século XX é um conjunto de regras internacionais – sobre a acção humanitária, o estatuto dos refugiados, a justiça penal e os Direitos do Homem – que, se forem bem compreendidas e bem aplicadas colectivamente, são de natureza a proteger o indivíduo contra a injustiça, a arbitrariedade e os atentados aos aspectos mais elementares da sua segurança.Demasiadas vezes, estas regras são esmagadas; demasiadas vezes, as leis nacionais servem para cobrir com um véu de legitimidade os atentados aos direitos fundamentais da pessoa e às liberdades públicas.

Ora o princípio do primado do direito retira a sua

força do seu âmbito e aplicação universais e do

seu enraizamento nos direitos fundamentais de

todos os seres humanos.

É um princípio que se aplica aos fortes e aos fracos e que tanto os Estados grandes como os pequenos têm o dever de fazer respeitar. É também o meio mais eficaz de combater a criminalidade e o terrorismo e o melhor garante da segurança e da liberdade de todos.

A mundialização,

no sentido geral do termo, constitui ao mesmo tempo o processo e o resultado do processo segundo o qual fenómenos de diversas ordens (económicos, ecológicos, políticos, sociais e culturais) tendem a adquirir uma dimensão planetária.

A mundialização económica e financeira, onde os efeitos do processo são particularmente sensíveis, realizou-se em três fases :

1. desenvolvimento considerável das trocas comerciais ao longo dos últimos decénios,

2. investimentos directos.

3. a « globalização », caracterizada pela organização de redes de produção transnacionais, graças à associação da informática e das telecomunicações, e à circulação instantânea da informação.

O fenómeno, que não se reduz, portanto, a uma internacionalização acentuada, tende a esvaziar de sentido a noção de mercado interior cativo e contribui para a « deslocalização », quer dizer, a externalização das actividades produtivas.

Da Antimundialização (Movimento) à Altermundialização

Os manifestantes reunidos em Seattle no momento em que se iniciava a assembleia geral da Organização Mundial do Comércio, a O.M.C., em

Novembro de 1999, puseram em marcha um ciclo de mobilização que se desenvolve sobre todo o planeta.

Desde então não há cimeira ou conferência internacional importante – F.M.I., G7-G8, cimeira europeia, forum de Davos, etc. –, que não seja

acompanhada de manifestações e de conferências paralelas.

A noção de « mundialização » tal como é entendida (pelos anti ou os alter-) reenvia às formas actuais do capitalismo (neo-liberalismo), incluindo os seus aspectos políticos , de tal forma estão ligados às mutações do capitalismo, à abertura dos mercados, à posição hegemónica adquirida pela potência americana e ao papel das instituições internacionais, – O.M.C., F.M.I. ou Banco Mundial –, os quais são os seus vectores.

As ONGs e a mundialização, que perspectivas depois de Seattle ?

Sobre a cena da mundialização, eis que chegam as ONG !

Em poucos anos, desde a Conferência do Rio em 1994 às grandes manifestações em Seattle, uma nova etiqueta, a das ONGs (Organizações Não Governamentais), impôs-se sobre a cena internacional. A mundialização impõe-se como uma tendência pesada, dominante a partir dos anos 80. Ela modifica as relações entre os Estados e os actores económicos, grandes empresas multinacionais e mercados financeiros.

Apenas algumas grandes associações fazem ouvir a sua voz e fazem eco das resistências e das reticiências em relação à corrente dominante. São criticadas, mas ao mesmo tempo são procuradas…

Façamos caminho juntosRelatório do Comité de exame das directivas II

Adoptado pela Oitava Assembleia do Conselho Ecuménico das Igrejas

Harare, Zimbabwe, 3-14 de Dezembro de1998 III. A mundialização

A mundialização não é apenas um facto económico. É uma questão cultural, política, ética e ecológica….

Os Tipos de Mundialização

1. A mundialização ecológica

2. A mundialização técnica

3. A mundialização económica

4. A mundialização financeira

5. A mundialização social e cultural

6. A mundialização política

Os Tipos de Mundialização

1. A mundialização ecológica: crescimento demográfico,recursos naturais, catástrofes técnicas(Marés negras, Seveso, Chernobyl,..), epidemias e endemias(Sida, cancro, etc.) .. A moblização ecológica mundial como resposta…;

2. A mundialização técnica : transportes e comunicações, técnicas de produção e de comercialização: técnicasde pagamento, de crédito..;

3. A mundialização económica: management geral, capitalismo liberal, divisão do trabalho, investimentosdeslocalizados, alianças, produtividade e rentabilidade;

4. A mundialização financeira : aceleração do fluxo de capitais,desregulações, riscos de câmbio, taxas de juros.

5. A mundialização social e cultural

Mundialização demográfica: lugares de vida e migrações, sobrepovoamento urbano.

Mundialização dos sistemas de relações: Das estruturas de proximidade (en recuo) às comunidades de intenção: socialização international, Internet, .., tardia, temporária e instável

Mundialização dos modos de vida : trabalho, consumo, lazeres, turismo.

Mundialização cultural: ciências e técnicas, nuclear, genética, informática, linguagens, opiniões, ideias e valores.

6. A mundialização política Do Estado-Nação às relações internacionais... Pax americana (ordem e lei do mundo.. Cf. Império

Romano) A mundialização dos terrorismos em reacção à negação

de existência e das identidades das minorias. ONU, OTAN Democracia interna (governance) Valores : rejeição dos totalitarismos (nazismo, fascismo,

estalinismo) .. O Indivíduo no centro dos valores sociais... Diálogos e compromissos, democracia multipartidária, apelo à solidariedade internacional, gestão pacífica dos diferendos.

Pluralismo e dialoguismo

Os paradoxos da mundialização

Concentrações >---< Desertificação Acumulações>----< Deslocalizações Uniformidade >---------< Diversidade Unidade >---------------< Uniformidade Mundialização>----< Americanização Línguas identitárias>--< Língua única Mundialização>---< Cultura de si

Mundialização>---< Cultura de si

A mulher egípcia: entre a pressão islamista e a modernidade

CAIRO 7 de Março (AFP) - Na vanguarda do mundo árabe para a melhoria da condição feminina na primeira metade do último século, a mulher egípcia

sofre a pressão islamista desde há vinte anos, ao mesmo tempo que tenta fazer crescer os seus direitos numa sociedade conservadora.

O véu islâmico generalizou-se na rua. Raparigas apenas chegadas à puberdade são constrangidas a usá-lo sob a pressão social.

Símbolo desta conquista do espaço público pelo signo religioso islâmico: a neta de Hoda Chaaraoui (« égérie »/inspiradora do movimento feminista egípcio, que tinha renunciado publicamente ao véu em 1921, após ter

conduzido a primeira manifestação feminista em 1919 contra a ocupação inglesa) começou a usar o hijab.

Numerosas assalariadas do sector terciário (bancos, serviços, publicidade, comunicação, seguros) apresentam-se no escritório, frequentemente ao volante de um automóvel, com os cabelos cobertos.

Nas universidades o número de estudantes que usam o hijab aumentou durante os dois últimos decénios. Estas jovens, muito activas, por vezes militantes, estão na origem de manifestações contra a lei que interdita o véu islâmico nos estabelecimentos escolares públicos Franceses.

As mulheres, que representam 49% da população de acordo com o último recenseamento, viram o seu número recuar no Parlamento durante os últimos anos. Elas representam actualmente 2,4% dos deputados na Assembleia do povo e 5,7% na Assembleia da Choura (Senado). E o governo tem apenas dois ministros mulheres.