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LUIZ CARLOS DO ESPÍRITO SANTO MOÇO
Proposta de um Modelo de Avaliação de Desempenho da Instituição de Ensino Superior com enfoque em Indicadores
de Desempenho do BSC – Balanced Scorecard: Caso - UNIARAXA
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS -
MESTRADO
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC /SP
São Paulo 2007
II
LUIZ CARLOS DO ESPÍRITO SANTO MOÇO
Proposta de um Modelo de Avaliação de Desempenho da Instituição de Ensino Superior com enfoque em Indicadores
de Desempenho do BSC – Balanced Scorecard: Caso - UNIARAXA
Dissertação de mestrado apresentada à banca examinadora do Programa de Estudos Pós-Graduados da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Contábeis e Financeiras, sob orientação do Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale.
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS -
MESTRADO
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC /SP
São Paulo 2007
III
Moço, Luiz Carlos do Espírito Santo Moço “Proposta de um Modelo de Avaliação de Desempenho da Instituição de Ensino Superior com enfoque em Indicadores de Desempenho do BSC – Balanced Scorecard:Caso – UNIARAXA”/ Luiz Carlos do Espírito Santo Moço. São Paulo: PUC/SP, 2007. p.219 + anexos Dissertação – Mestrado Bibliografia 1. Avaliação de Desempenho. 2. Gestão das IES. 3. Medição de Desempenho. 4. Balanced Scorecard. 5. I. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
IV
LUIZ CARLOS DO ESPÍRITO SANTO MOÇO
Proposta de um Modelo de Avaliação de Desempenho da Instituição de Ensino Superior com enfoque em Indicadores
de Desempenho do BSC – Balanced Scorecard: Caso - UNIARAXA
Esta dissertação foi julgada e aprovada para obtenção do grau de Mestre em Ciências Contábeis e Financeiras no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Financeiras
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP
São Paulo-SP 2007
BANCA EXAMINADORA ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________
V
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
São Paulo (SP), ____de ___________________ de 2007
Luiz Carlos do Espírito Santo Moço
VI
Dedico este trabalho aos meus pais, Adlon, Rani e Maria da Penha, por me guiarem no caminho da educação, à minha esposa Maria Aparecida, e aos meus filhos Patrícia, Mirian, Luiz Gustavo e Anna Clara, e ao meu neto João Luiz, meus entes preciosos que Deus me concedeu.
A Deus, pela saúde e força para perseverar.
VII
A G R A D E C I M E N T O S
Agradeço ao Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale, pela orientação, apoio e ajuda durante o desenvolvimento e conclusão deste trabalho. À magnífica reitora do Uniaraxa, Professora Maria Auxiliadora Ribeiro, pelo apoio na concessão de bolsa e na flexibilização de meu horário de trabalho, condições sem as quais dificilmente eu teria concluído este curso. Aos colegas do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Financeiras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pelo convívio e suporte nos momentos de dúvidas e reflexão. Aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Financeiras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pelas orientações e explanações valiosas sobre os diversos assuntos apresentados no curso. Ao meu grande amigo, Fernando Cunha, pelo apoio e representação perante à PUC-SP quando da impossibilidade de minha presença, além de orientações nos assuntos gerais. Por fim, agradeço a minha família que soube compreender as restrições de tempo impostas pelo presente trabalho, nos momentos de lazer, e de confraternização.
VIII
RESUMO O presente trabalho propõe um modelo de avaliação com forma de apoio à gestão de uma Instituição de Ensino Superior sem Fins Lucrativos, baseado em indicadores de desempenho, utilizando o BSC – Balanced Scorecard, visando garantir que as estratégias e as ações que delas se desdobrarem estejam alinhadas com a sua missão e visão. Todo este trabalho foi visualizado através de um contexto, onde grandes desafios foram apresentados a partir das últimas décadas para a gestão das organizações em geral. O acirramento da concorrência, entre outros aspectos, têm incentivado cada vez mais estudos e pesquisas a cerca dos modelos de gestão das empresas , incluindo as sem fins lucrativos. E também o mercado de educação superior privada no Brasil tem experimentado forte expansão da oferta, decorrente da percepção de oportunidades de negócio nesta área. Assim, a gestão de Instituições de Ensino Superior em particular, as privadas e sem fins lucrativos, tem representado um desafio para seus gestores. As características dessas organizações exigem a adaptação do modelo de gestão às características de um mercado fortemente concorrencial, regulado pelo Estado e bastante diferenciado. Como ponto inicial do trabalho, partiu-se de uma revisão bibliográfica acerca do tema medição de desempenho. Com o estudo de caso procurou-se a identificação do atual modelo de gestão da instituição, por meio de pesquisas qualitativas e quantitativas. A partir disso foi possível identificar as necessidades da instituição e cruzá-las com os modelos de medição de desempenho estudados. Nesta etapa foi possível relacionar teoria e prática e identificar a metodologia do grupo focado, apartir daí escolher o modelo de medição de desempenho a ser proposto como apoio à gestão. Na sequencia é proposto um modelo de medição de desempenho, baseado no Balanced Scorecard. Foram criadas cinco perspectivas, os objetivos estratégicos e os indicadores de desempenho a eles vinculados. Com a proposição das relações de causa-e-efeito entre os objetivos estratégicos e o Mapa Estratégico da instituição, que permitem alinhar os objetivos às estratégias definidas, foram apresentados os resultados obtidos que serviram de base para o cumprimento do objetivo deste trabalho. Palavras chaves : Sistema de medição de desempenho, Gestão estratégica, Avaliação de desempenho, Indicadores de desempenho , Balanced Scorecard , Gestão de IES
IX
ABSTRACT The aim of this work is to propose an evaluation model as a way to support the management of a non profit higher education institution, based on the indicators of performance, by using the BSC – Balanced Scorecard, aiming to guarantee that the strategies and the actions which they unfold from are lined up with its mission and vision. This whole work was visualized through a context where big challenges were presented in the last decades for the management of organizations in general. Strong competition, among other factors, has motivated studies and researches about business management models for companies, including the nonprofit ones. The market related to private higher education in Brazil has experienced a strong offer expansion as a result of the perception of business opportunities in this area. Therefore, the management of higher education institutions represents a challenge to their directors, in particular the management of the private and nonprofit ones. The characteristics of such institutions demand the adaptation of the management model to the characteristics of a very competitive and distinct market regulated by the government. The starting point of this work was the review of the bibliography about the performance measurement theme. Through case study, quantitative and qualitative researches, the current management model of the institution was identified. From this point on, it was possible to identify the necessities of the institution and compare them with the performance measurement models studied. At this stage, it was possible to relate theory and practice and identify the methodology of the group on focused and choose the performance measurement model to be proposed as a management support. It was proposed a performance measurement model based on Balanced Scorecard. Five perspectives were created and the strategic objectives and the performance indicators were linked to them. With the proposition of the cause and effect relations between strategic objectives and the Strategic Map of the institution, which allow us to line up the objectives with the definite strategies, we presented the results, which served as a basis for the fulfillment of the objective of this work. Keywords: Performance Measurement System, Strategic Management, Performance Evaluation, Evaluation Indicators, Balanced Scorecard, IES Management.
X
SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 001 1.1 Tema do Trabalho 006 1.2 Detalhamento do Problema 009 1.3 Justificativa do Trabalho 009 1.4 Objetivos do Trabalho 012 1.5 Limites do Trabalho 013 1.6 Metodologia do Trabalho 014 1.7 Estrutura do Trabalho 016 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 018 2.1 Medidas Balanceadas de Desempenho no Contexto da Gestão Estratégica 018 2.2 Medidas e Indicadores de Desempenho 064 2.2.1 O Modelo de Rummler e Brache – ótica de processos 066 2.2.2 O Modelo de Hronec – quantum performance 070 2.2.3 O Modelo Kaplan e Norton – Balanced Scorecard 074 2.2.4 Análise Comparativa dos Modelos Estudados 082 CAPÍTULO 3 – GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR 3.1 Planejamento e Gestão Estratégica 084 3.2 Ensino Superior e Instituições de Ensino Superior 093 3.3 Entidades Sem Fins Lucrativos 106 3.4 Gestão de Instituições de Ensino 122 3.5 O Plano de Desenvolvimento Institucional 127 CAPÍTULO 4 – ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DE GESTÃO
CASO – UNIARAXA. 146 4.1 Descrição da Instituição – Breve Histórico 146 4.2 O Atual Modelo de Gestão do Centro Universitário do Planalto de Araxá – Uniaraxa 152 4.3 Avaliação do atual modelo de gestão – pesquisa qualitativa 159 4.4 Avaliação do atual modelo de gestão – pesquisa quantitativa 162 4.5 Definindo o Modelo de Medição de Desempenho mais Adequado à Instituição em Estudo 164
XI
CAPÍTULO 5 – PROPOSTA DO MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA IES – UNIARAXA 166
5.1 Avaliação de Desempenho das Instituições de Ensino Superior 166 5.2 Definição do Método de Construção do Balanced Scorecard 167 5.3 Construindo o Balanced Scorecard Específico da Instituição em Estudo. 169 CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA
FUTUROS TRABALHOS 195
6.1 Considerações Finais 195 6.2 Recomendações para Futuros Trabalhos 196 REFERÊNCIAS 198 APÊNDICE A – Pesquisa Qualitativa 205 APÊNDICE B – Pesquisa Quantitativa 206 APÊNDICE C – Protocolo de Estudo de Caso 207 ANEXO A – Organograma da Instituição 208
XII
RELAÇÃO DE FIGURAS Página Figura 2.1 – Os ambientes que condicionam o processo de gestão estratégica
nas organizações 019 Figura 2.2 – Modelo de gestão estratégica subordinada a eixos estratégicos 024 Figura 2.3 – Pirâmide da performance de Mcnair, Lynch e Cross. 025 Figura 2.4 – Modelo do scorecard de Maisel 026 Figura 2.5 – As dimensões do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton 028 Figura 2.6 – Os vetores e os indicadores da dimensão de aprendizagem e
Crescimento. 032 Figura 2.7 – Estratégias, processos internos e agentes interessados. 034 Figura 2.8 – Os vetores e indicadores da dimensão de clientes 036 Figura 2.9 – Medição dos temas financeiros e estratégicos 039 Figura 2.10 – A teoria Z na Halifax 042 Figura 2.11 – A estratégia do Metro Bank 043 Figura 2.12 – Os modelos de aprendizagem e comunicação nas organizações 050 Figura 2.13 – Indicadores de tendência de scorecard pessoais nos diferentes
níveis da organização 051 Figura 2.14 – O feedback 360 e o BSC – diretrizes comuns 053 Figura 2.15 – Orçamento operacional x Orçamento estratégico 056 Figura 2.16 – Orçamento tradicional x Orçamento no contexto do BSC 057 Figura 2.17 – Elementos do modelo de gestão no contexto do BSC 058 Figura 2.18 – O mapa estratégico do sistema do Condado de Fulton,
nos EUA. 062 Figura 2.19 – O atingimento das estratégias através dos processos 066 Figura 2.20 – Visão clássica da organização e as “lacunas”. 067
XIII
Figura 2.21 – O impacto da estratégia sobre os componentes de uma organização 070 Figura 2.22 – Dimensões da medição de desempenho – quantum performance 071 Figura 2.23 – Modelo quantum de medição de desempenho 072 Figura 2.24 – Balanced Scorecard – Perspectivas 075 Figura 2.25 – Perspectivas do BSC e medidas genéricas de desempenho 076 Figura 2.26– Balanced Scorecard – como estrutura para a ação estratégica 077 Figura 2.27 – Perspectiva do cliente: medidas genéricas 079 Figura 2.28 – Impacto das medidas genéricas na participação de mercado
para a empresa. 079 Figura 2.29 – A perspectiva dos processos internos – cadeia de geração
de valores. 081 Figura 2.30 – Relação de causa-e-efeito do BSC 082 Figura 2.31 – Característica dos modelos estudados 083 Figura 3.1 – Modelo descritivo de gestão 125 Figura 4.1 – Valores instituições – Art. 2º do Estatuto 154 Figura 5.1 – Roteiros dos modelos de implementação do BSC apresentados 168 Figura 5.2 – Fluxo de implantação do modelo proposto 169 Figura 5.3 – Relações de causa-e-efeito propostos para a instituição 192 Figura 5.4 – Mapa estratégico proposto para a instituição 193
XIV
RELAÇÃO DE TABELAS Página Tabela 1.1 – Educação básica – matrículas no Brasil: 1995 – 2010 (em mil) 003 Tabela 1.2 – Ensino Superior – evolução do numero de matrículas 1995-2002 004 Tabela 1.3 – Ensino Superior – evolução do número de instituições de educação
superior 1991-2002. 007 Tabela 1.4 – relação das IES da Região de Abrangência do UNIARAXA – 2006 007 Tabela 1.5 – Ensino superior – percentual do número de concluintes em relação
ao número de alunos que ingressaram quatro anos antes 1991-2002 008 Tabela 4.1 – Cursos de Graduação – matrículas em 2006 116 Tabela 4.2 – Pós – Graduação – matrículas em 2006 116 Tabela 4.3 – Região de abrangência do UNIARAXA 117 Tabela 4.4 – Tabulação do questionário da pesquisa quantitativa 128 Tabela 4.5 – Relação entre necessidades da empresa e modelos estudados 129 Tabela 5.1 – Perspectivas e temas estratégicos 145 Tabela 5.2 – Scorecard proposto para a instituição 147 RELAÇÃO DE SIGLAS BSC Balanced Scorecard CONSEPE Conselho Superior de Ensino e Pesquisa ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes IES Instituição de Ensino Superior INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais MEC Ministério de Educação e Cultura PDI Plano de Desenvolvimento Institucional SINAES Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior
1
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Gerir uma organização sem método, planejamento e controles sempre foi sinônimo de
problemas futuros. Isso é devido aos inúmeros desafios para a gestão das organizações
em geral que se apresentaram nas últimas décadas, ocasionados pelas grandes e rápidas
mudanças nos cenários políticos, econômico e social que se introduziram nas variáveis no
dia-a-dia dos executivos, diminuindo-lhes sensivelmente a margem de erro.
Uma forte exposição das fragilidades das organizações foi realçada pelos diversos
fenômenos da economia. Isso ocorreu principalmente devido a abertura das economias
dos diversos paises, principalmente a do Brasil, em particular. As organizações passaram
a enfrentar desafios gerados dentro de seus próprios paises, paralelamente a este processo
de alcance mundial.
A evolução da legislação de proteção ao consumidor, no Brasil, tem influenciado
o seu comportamento, o que resulta num perfil de cidadão mais exigente, informado e
consciente de seus direitos. Não foram apenas os processos produtivos e as relações
comerciais que se alteraram em curto espaço de tempo, mas também o comportamento do
consumidor. A organização que, de melhor forma e com mais agilidade, adaptar-se a esta
nova realidade, passará a ter maiores condições de sobreviver.
Estabelecer estratégias competitivas de curto, médio e longo prazos é um fator de
sobrevivência . Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), estratégia é um plano,
ou algo equivalente – uma direção, um guia ou curso de ação para o futuro. Os mesmos
autores definem estratégia como sendo também um padrão, ou seja, consistência de
comportamento ao longo do tempo. Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), ambas
as definições são válidas, pois as organizações desenvolvem planos para o futuro,mas
também extraem padrões do passado.
Nesse contexto, as entidades sem fins lucrativos, embora com objetivos distintos
das organizações empresariais, também fazem parte do novo ambiente marcado pela
competitividade e necessidade de informação, buscando apropriar-se de novas
metodologias gerenciais.
As entidades sem fins lucrativos, assim como as demais organizações, devem
buscar cercar-se de informações estratégicas, uma vez que os relatórios contábeis
2
tradicionais não acompanham o cumprimento da missão nem o atingimento dos objetivos
e metas organizacionais (PETER 2001:12).
Essas entidades, mesmo não tendo como finalidade primária a obtenção do lucro,
necessitam ter sustentabilidade e viabilidade financeira, ao mesmo tempo em que buscam
cumprir a missão para a qual foram criadas, seja ela social ou filantrópica.
O setor de educação superior no Brasil, afetado por esta realidade, de maneira
bem clara, visto que, nos últimos anos, vem sendo submetido a um grande processo de
transformação, no qual se observam mudanças quantitativas e qualitativas.
As Instituições de Educação Superior (IES) privadas foram fortemente afetadas
por estas transformações na economia. Por terem suas receitas quase que exclusivamente
dependentes das mensalidades cobradas dos seus alunos, passaram a experimentar a
lógica do mercado principalmente após a estabilização da economia em 1994, período
que passou a exigir melhor gestão do negócio educação sem a possibilidade de repassar
custos de forma automática aos consumidores.
Diante disso, as IES privadas buscaram alternativas de aumento de receita real
através da ampliação da oferta de cursos, criação de novos cursos de graduação e de pós-
graduação, prestação de serviços e de parcerias com entidades públicas e privadas, como
também procuraram reduzir custos e despesas com a adoção de uma administração mais
eficiente.
Nos últimos anos, houve um aumento significado do número de vagas no ensino
superior, determinado principalmente pela pressão de demanda decorrente da expansão
do ensino médio.
A tabela 1.1 apresenta dados do Ministério da Educação e Cultura – MEC /
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Anísio Teixeira – INEP,
relativos ai ensino médio brasileiro.
3
Tabela 1.1 – Educação básica – matrículas no Brasil: 1995-2010(em mil)
Percebe-se um crescimento de 88,59% no número de matrículas entre 1995 e
2002 para o ensino médio. Na mesma tabela pode-se perceber que, pelas projeções do
INEP, há a expectativa de uma forte expansão do ensino médio até 2008, o que determina
efetivo reflexo na demanda por vagas no ensino superior. A mesma tendência observa-se
na tabela 1.2, na qual se apresenta a evolução histórica do número de matrículas no
ensino superior.
Tabela 1.2 – Ensino superior – evolução do número de matrículas 1995-2002
No mesmo período (1995-2002), houve um incremento de 129% no número de
matrículas na rede privada e 50% na rede pública. Este cenário, de aumento da demanda
por vagas na rede privada, aliado a uma menor oferta relativa da rede pública, em função
de menores percentuais de aumento de matrículas em relação à rede privada, apresenta
oportunidades ao setor privado de educação superior, mas também desperta a atenção de
diversas empresas de outros países para o mercado brasileiro de educação superior.
Em recente artigo da Revista de Negócios Exame, uma reportagem, cita diversos
grupos internacionais de educação que estão com planos de investir no Brasil. Destaque é
4
dado ao Apollo Group, maior grupo empresarial de ensino dos Estados Unidos, com
150.000 alunos e 160 Campi.
O Apollo Group faturou 770 milhões de dólares no ano de 2001 e apresenta um
valor de mercado de 7,2 bilhões na bolsa de valores Nasdaq1.
Segundo Lopes (1999), universidades são organizações que desenvolvem uma
lógica distinta das demais organizações. Para o autor, a principal atividade de uma
organização educacional, é a formação e a disseminação do conhecimento através de
práticas educativas e, por isto, estas organizações exigem práticas de gestão específicas e
que atendam as demandas de suas comunidades internas e externas.
Na gestão de organizações educacionais, devem ser consideradas algumas
características específicas que as diferem das demais organizações. Estas características,
muitas vezes, impedem que a gestão estratégica destas organizações, quando possuem,
tenha um método definitivo com objetivos claros e amplamente divulgados para os seus
empregados.
Decorre daí a origem de muitos problemas de gestão das IES, principalmente nas
privadas. Muitas destas instituições adotam como estratégia de gestão, tão somente o
acompanhamento dos indicadores financeiros tradicionais e o atendimento às exigências
legais, mais especificamente as exigências das avaliações instituições determinadas pelo
Ministério da Educação e Cultura (MEC).
A gênese da avaliação institucional em universidades brasileiras remonta à década
de 90. Segundo Lopes (1999), a crise do financiamento do ensino público, principalmente
no ensino superior obrigou o MEC, em conjunto com a comunidade universitária, a
debater a necessidade de avaliações instituições nas universidades brasileiras.
Esta avaliação tinha como objetivo tornar a gestão universitária, principalmente a
sem fins lucrativos, menos amadora, e buscando assim fundamentar as solicitações de
recursos, prestar contas à sociedade e, ao mesmo tempo, rebater as críticas do
desperdício.
Nesta mesma década, foram estruturados e implantados o Programa de Avaliação
Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB), o Exame Nacional de Cursos
(ENC), chamado de provão e as Comissões de Especialistas (Ces).
5
Atualmente, a avaliação das IES se dá através do Sistema Nacional de Avaliação
do Ensino Superior – SINAES, que avalia: a) as instituições de ensino; b) os cursos de
graduação; e c) o desempenho dos estudantes. Estas avaliações se dão através da auto-
avaliação, avaliação externa, exame nacional do desempenho dos estudantes (ENADE) e
instrumentos de informação (censo e cadastro).
A importância da avaliação dos cursos de graduação e, conseqüentemente, das
Instituições de Ensino Superior, tem se tornando relevante a partir do momento em que o
resultado destas avaliações pode definir orçamentos, no caso das IES públicas, definir
mercado, no das instituições privadas, ou até determinar o fechamento de um curso ou até
da instituição, tanto para IES públicas quanto privadas.
O grande desafio que se impõe é como os gestores de organizações de educação
privadas conseguirão atender a todas estas exigências qualitativas e, ao mesmo tempo,
obterem resultado econômico nas organizações que dirigem.
A gestão de uma organização passa pela definição de estratégias que devem
atender aos fatores críticos do negócio e também prospectar caminhos para a ampliação e
qualificação das atividades desenvolvidas. O processo de tomada de decisão deve estar
embasado em informações relevantes e que permitam avaliar as relações de causa-e-
efeito relativas às decisões tomadas.
As especificidades de uma IES não impedem que a mesma adote uma
metodologia de gestão que lhe permita um processo decisório baseado em critérios que
considerem as suas características e que, ao mesmo tempo, as pondere com indicadores
claros e precisos relativos à sua missão como organização de ensino.
Comparativamente a uma organização industrial ou comercial, as instituições de
ensino fazem parte de uma cadeia de produção. Pelas características dos que produzem,
estas organizações, segundo os anais da Conferencia Mundial sobre o Ensino Superior da
Unesco (1998), estão situadas na origem de uma cadeia de suprimentos, dedicadas ao
fornecimento do saber.
É neste cenário que o presente trabalho abordará o estudo de um modelo de
medição de desempenho, baseado em indicadores, que possa dar suporte ao processo
decisório e a melhoria da gestão de uma IES privada, sem fins lucrativos, que oferece
cursos de nível superior.
6
1.1 Tema do Trabalho
A utilização de modelos de medição de desempenho como apoio à gestão para
uma Instituição de Ensino Superior, foi escolhida como tema deste trabalho, devido à sua
importância, principalmente, para as instituições de Ensino Superior sem fins lucrativos.
Embora tenham obtido destaque no cenário mundial pela sua intensa participação
no atendimento às necessidades da sociedade, as entidades sem fins lucrativos ainda
apresentam problemas gerenciais para os quais não têm conseguido soluções efetivas.
A restrição de recursos e a diversidade de suas atividades são fatores que
dificultam a utilização de tecnologias de gestão adotadas amplamente por organizações
com fins econômicos, tornando relevantes estudos que busquem contribuir para melhorar
o processo de gestão dessas entidades.
Em relação à educação superior privada, ela tem experimentado uma expansão
significativa nos últimos anos. A tabela 1.3 apresenta os números dessa expansão.
Percebe-se que, em dez anos, mais do que dobrou o número de instituições de educação
superior no país. Essa expansão é decorrente da forte demanda pelo ensino superior no
período.
Outra característica revelada pelo Censo de Educação Superior publicado pelo
MEC, em 17 de outubro de 2003, é que 58% dos alunos da educação superior estão
matriculados em cursos noturnos. Este fenômeno reflete uma realidade sócio-econômica
no Brasil, qual seja: cada vez mais os alunos da educação superior trabalham
paralelamente a realização do curso, donde pode-se concluir que esse perfil de aluno
custeia seus próprios estudos, sendo extremamente sensível ao preço do serviço, e
podendo em segunda instância , considerar a qualidade , relacionada ao custo-benefício ,
um diferencial na sua escolha.
7
Tabela 1.3 – Ensino superior – evolução do número de instituições de educação superior 1991-2002
A tabela 1.4 apresenta as IES localizadas na região de abrangência do
UNIARAXA, considerando o número total aproximado de alunos matriculados em 2006.
Pode-se observar que levando em consideração a população, estimada em 303.000
habitantes, e a quantidade de IES da região de abrangência do UNIARAXA, conforme
tabela 1.4, que este posicionamento nos permite delinear que o cenário competitivo no
setor de educação superior é extremamente acirrado na região considerada.
Como resultado, há uma crescente disputa pelos clientes (alunos) capacitados a
pagar pela sua formação. A elevada competição no setor torna necessária a adoção de
estratégias, não só de captação (ingresso) de alunos, mas também de sua permanência na
educação superior.
Tabela 1.4 - relação das IES da Região de Abrangência do UNIARAXA - 2006
Nome da Instituição UF Categoria Matrículas Administrativa
1 Centro Universitário de Patos de Minas - Unipam MG Privada 4.800 2 Universidade de Uberaba-Uniube MG Privada 11.000 3 Centro Universitário do Triangulo - Unitri MG Privada 9.800 4 Universidade de Franca - Unifran SP Privada 11.000 5 Centro Universitário de Formiga – Unifor-MG MG Privada 2.800 6 União Educacional Minas Gerais - Uniminas MG Privada 3.800 7 Centro Universitário do Cerrado Patrocínio - Unicerp MG Privada 1.600 8 Universidade Pres. Antônio Carlos -UNIPAC-Uberlandia MG Privada 5.000 9 Universidade Federal de Uberlândia - UFU MG Federal 13.140 10 Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXA MG Privada 3.150
8
O Centro Universitário do Planalto de Araxá está inserido em região onde o nível
de oferta do ensino de 3o grau é amplo e diversificado. Algumas instituições, pela
longevidade aliada à qualidade do trabalho, tornaram-se tradicionais (UNIUBE); outras
exercem maior atração por serem públicas (UFU – FEU – Faculdade de Medicina de
Uberaba) – a gratuidade no contexto econômico atual, é fator da maior importância e há
as recém implantadas, isoladas (São Gotardo) ou campus avançado da UNIPAC (Campos
Altos, Ibiá e Pedrinópolis). Pela ausência de opções de cursos – normalmente a
implantação destes deu-se para atender à obrigatoriedade legal de habilitação em nível de
3o grau para os docentes de Educação Infantil e 1o ciclo do Ensino Fundamental, não há
absorção de demanda significativa nos municípios citados – a procura pelo UNIARAXA
continua, embora, haja pouca demanda reprimida para a maioria dos cursos.
Um parâmetro importante também para ser avaliado neste contexto, conforme a
tabela 1.5, é o percentual de alunos que concluem a educação superior. Percebe-se que,
nos últimos anos, a retenção média dos alunos permaneceu estável, sendo 65,7% em
média para as publicas e 57,6% para as privadas. Essa informação, juntamente, com as
demais, deve ser levada em consideração na análise do ambiente e do mercado de ensino
superior no Brasil.
Tabela 1.5 – Ensino superior – percentual do número de concluintes em relação ao
Número de alunos que ingressaram quatro anos antes 1991-2002
9
1.2 Detalhamento do Problema
Dado o contexto atual, e considerando o ambiente competitivo em que as instituições
encontram-se inseridas, as questões que envolvem o problema da IES em estudo são:
a) o modelo atual de gestão permite que a IES tenha informações baseadas em
indicadores, que possibilitem tomar decisões que garantam que seu desempenho
esteja alinhado às suas estratégias?;
b) o modelo atual de gestão existente na IES permite a geração de informações a
todos os níveis de decisão da instituição?;
c) um modelo de gestão baseado na avaliação de desempenho poderá ser aplicado à
IES em questão, para que a mesma tenha sucesso na implantação do seu Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) ?
1.3 Justificativa do Trabalho
Uma forte expansão nos últimos anos, tem sido experimentado pelo sistema de
ensino superior privado. O aumento da competitividade verificado no setor tem vindo a
reboque dessa expansão. Em virtude desse aspecto, as IES têm suas posições de mercado
e rentabilidade ameaçadas pela concorrência natural que está se implantando no setor.
É preciso estar atento ao presente e inovar para poder competir e sobreviver no
futuro. O mundo globalizado dos negócios já não permite mais que os gestores possam
descansar sobre os ganhos do passado.
Para Carvalho (1997, p.142) “sobreviverão e vencerão as instituições que forem
melhores administradas, voltadas ao mercado a que se servem, utilizando-se de todos os
recursos disponíveis”.
Segundo Tachizawa e Andrade (2001), a importância de indicadores no processo
moderno de gestão universitária, depende de medições, informações e análises. As
medições precisam de uma decorrência da estratégia da instituição de ensino, abrangendo
os principais processos, bem como os resultados.
10
Para Muller (2000), as informações necessárias para a avaliação e melhoria do
desempenho incluem, entre outras, as relacionadas com o cliente, o desempenho dos
produtos, as operações, o mercado, a concorrência, os fornecedores, os funcionários e os
aspectos financeiros.
Barros (2003, p.2) afirma que:
[...] estamos com um dilema muito bem colocado [...] De um lado a escola como
instrumento de educação e formação – que é uma visão tradicional [...] uma visão
que todos nós gostamos. Por outro lado vemos a educação como negócio e a
escola como instrumento empresarial.
No mesmo documento, Barros (2003, p.2) afirma:
As questões de gestão do projeto acadêmico ou didático-pedagógico de uma
escola normalmente tem sido planejadas e executadas de forma não integrada com
as questões de gestão organizacional, gerando a falsa hierarquia de que o
acadêmico-pedagógico é superior aos aspectos organizacionais (considerados
como meio), tendo por resultado uma perigosa dicotomia e sectarismo, que
fragilizam a organização e sua capacidade de sobrevivência no marcado [...].
A profissionalização dos gestores e da gestão da educação é uma real necessidade
nas organizações de ensino, sendo, em conjunto com a qualidade do projeto pedagógico,
fatores críticos de sucesso para o negócio. Questões, como mercado, lucro e negócio, são
conceitos que ainda não são bem compreendidos nas IES. Porém, o mercado não
distingue o setor de atuação e nem a natureza das empresas; a ineficiência na gestão
cobrará seu preço.
Na mesma trilha, reforçando a necessidade de uma gestão voltada para o
planejamento e definição de estratégia, destaca-se o artigo 13 da Conferencia Mundial
sobre o Ensino Superior da Unesco (1998, p.31):
A gestão e o financiamento da educação superior requerem o desenvolvimento de
capacidades e estratégias apropriadas de planejamento e análise de políticas [...] a
fim de garantir uma gestão devidamente racionalizada e o uso efetivo e
11
financeiramente responsável dos recursos. As instituições de educação superior
devem adotar práticas de gestão com uma perspectiva de futuro que responda às
necessidades dos seus contextos. Os administradores da educação superior devem
ser receptivos, competentes e capazes de avaliar permanentemente, por meio de
mecanismos internos e externos, a eficiência dos procedimentos e regulamentos
administrativos.
Podemos considerar que o tema é relevante:
a) por proporcionar análise e avaliação do modelo de gestão da IES foco de estudo;
b) por proporcionar uma análise e avaliação da metodologia de alguns modelos de
avaliação de desempenho existentes;
c) pelo aumento da competitividade do setor educacional privado, tornando
necessária uma gestão mais eficiente e eficaz;
d) pela necessidade de definir um modelo de gestão que permita que a IES foco de
estudo possa avaliar constantemente se as suas estratégias estão alinhadas com
seus objetivos.
Podemos considerar que o tema é oportuno:
a) pois a instituição recentemente passou por uma fase de transição/ajustes que
resultou na re-adequação da estrutura administrativa e pedagógica, com vistas ao
credenciamento como Centro Universitário.
b) pela forte competição no mercado de educação superior privada, gerada pela
expansão da oferta de novos cursos;
c) pelo comportamento dos clientes (alunos) que, em conseqüência da conjuntura
econômica do país, buscam cada vez mais serviços com qualidade e menor custo.
12
Podemos considerar que o tema é viável:
a) pois a IES apresenta estrutura organizacional definida, com lideranças capacitadas
e envolvidas no plano de expansão.
b) Porque a IES já apresenta seu PDI, que equivale para o MEC ao planejamento
estratégico, elaborado e aprovado;
c) Pelo apoio da Reitoria da IES para a realização do estudo e compromisso para a
validação da proposta apresentada.
Considerando-se as questões expostas, conclui-se que o tema abordado no
presente trabalho é relevante, oportuno e viável, como contribuição para o
aperfeiçoamento do modelo de gestão dessas entidades com o auxílio de ferramentas
gerenciais modernas e sistemas de avaliação de desempenho amplamente utilizados em
organizações com objetivo de lucro, apresentando resultados altamente satisfatórios,
prestando-se a serem adotados em entidades sem fins lucrativos.
1.4 Objetivos do Trabalho
Neste momento será traçado o objetivo principal e os objetivos específicos desse
trabalho.
Propor um modelo de apoio a gestão para uma instituição de educação superior,
privada, sem fins lucrativos, é o objetivo principal desse estudo. Baseado em indicadores
de desempenho com vistas a garantir que as estratégias e as ações que delas se
desdobrarem estejam alinhadas com sua visão estratégica.
Faz-se necessário o atendimento de alguns objetivos específicos, a fim de atingir o
objetivo geral, a saber:
a) Identificar a metodologia de alguns dos modelos de medição de desempenho mais
difundidos.
b) Estudar e compreender o PDI existente na IES, identificando a missão e visão da
Instituição, seus objetivos estratégicos e seu modelo de gestão.
13
c) Identificar quais dos modelos estudados podem auxiliar a instituição no
atingimento de sua visão e de seus objetivos estratégicos.
1.5 Limites do Trabalho
A pesquisa apresenta limitações determinadas pela própria natureza do seu
desenvolvimento a fim de atingir os objetivos propostos.
O PDI da instituição não é objetivo deste trabalho, no sentido de ser questionado e
nem avaliado, já que o mesmo foi elaborado no ano de 2003 e aprovado pela Reitoria e
pelo CEE (Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais), embora se constituindo
numa importante e completa base de informações para a elaboração do mesmo.
As estratégias da instituição já estão formuladas pelo Plano de Desenvolvimento
Institucional, não sendo objeto deste trabalho, avaliar as existentes e nem apresentar
novas.
O modelo proposto foi desenvolvido para uma instituição que já se encontra em
fase de posicionamento no mercado, se preparando para um futuro crescimento e sua
manutenção, e conta também com um processo de reestruturação já definida e
implementada, não sendo objetivo deste estudo questionar a atual qualificação dos
colaboradores da organização.
A aplicação deste modelo em outras organizações não faz parte do escopo deste
trabalho, já que foi desenvolvido baseado na realidade e com dados da organização
analisada.
O Sistema Nacional de Avaliação de Ensino Superior (SINAES) e o Sistema de
Avaliação do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais (CEE-MG), não será
objeto de discussão e análise, por considerar-se que os sistemas são aceitos e aplicados na
instituição em estudo.
Por fim, a limitação imposta pelo tempo impede que as perspectivas propostas,
bem como os indicadores de performance desenvolvidos, possam ser devidamente
aplicados até o encerramento da pesquisa, pois não será possível implantar e validar o
modelo proposto.
14
1.6 Metodologia do Trabalho
Em um conceito amplo, método, segundo Lakatos e Marconi (1991), é um
instrumento básico que tem por objetivo ordenar o pensamento em sistemas, traçando
ordenadamente os procedimentos realizados pelo cientista para o atingimento de um
objetivo.
A pesquisa parte de uma dúvida ou problema. Para Cervo e Bervian (1983), a
aplicação do método científico à pesquisa permite a busca da resposta ou solução da
dúvida ou problema. Assim, a pesquisa constitui-se na atividade que tem por objetivo a
solução de problemas.
A pesquisa, segundo Silva e Menezes (2000), pode ser classificada, quanto à sua
natureza, em básica e aplicada. Neste trabalho, a pesquisa, quanto à sua natureza, será
aplicada, pois é dirigida à geração de conhecimentos orientados à solução de problema
específico.
Quanto à abordagem, para os autores, a pesquisa pode ser classificada em
quantitativa e qualitativa. Neste trabalho, a pesquisa será tanto qualitativa quanto
quantitativa, pois serão tratados dados qualitativos, depoimentos e comparações, e ao
mesmo tempo serão utilizados dados quantitativos, tais como questionários etc.
Segundo Gil (1994), a pesquisa é também classificada, quanto aos objetivos gerais
como pesquisa exploratória, descritiva e explicativa. Neste trabalho, o objetivo da
pesquisa tem caráter exploratório por tratar o problema com maior visibilidade com vista
a auxiliar na construção de hipóteses.
Quanto aos procedimentos da pesquisa, Gil (1994), apresenta a classificação como
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, levantamento,
estudo de caso, pesquisa ex-post-facto, pesquisa ação e pesquisa participante. Neste
trabalho, o procedimento utilizado o estudo de caso.
Segundo Yin (2001, p. 34), o estudo de caso é uma das várias formas de se fazer
pesquisa social empírica ao investigar-se um fenômeno atual dentro de seu contexto de
vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e
na situação em que múltiplas fontes de evidência são usadas.
15
Na busca de subsídios para transformar grupos em equipes, o método de pesquisa
utilizado para este trabalho pode ser definido como um estudo de caso de natureza
quantitativa e qualitativa. Para Kitay e Callus (1998 in Roesch, 1999), o estudo de caso é
especialmente apropriado para pesquisar motivos, relações de poder ou processos que
envolvem o entendimento de interações complexas.
Yin (2001, p. 34), afirma que uma das aplicações para o uso do estudo de caso
como estratégia de pesquisa é que “a estratégia de estudo de caso pode ser utilizada para
explorar aquelas situações, nas quais a intervenção que está sendo avaliada não apresenta
um conjunto simples e claro de resultados”.
A pesquisa procurou identificar, em situação real, pontos importantes que
poderiam servir de subsídio para a apresentação de sugestões que respondam ao objetivo
da mesma.
Yin (2001) ressalta que o protocolo é uma das principais táticas para aumentar a
confiabilidade da pesquisa de estudos de casos e destina-se ainda a orientar o pesquisador
ao conduzir o estudo de caso. Para um protocolo estar completo ele deve conter quatro
grandes seções (YIN, 2001): visão geral do projeto do estudo de caso, procedimentos de
campo, questões do estudo de caso e guia para o relatório do estudo de caso.
Visão geral do projeto do estudo de caso: consiste em relatar os objetivos
principais da pesquisa e leituras complementares sobre os tópicos.
Procedimentos de campo: aqui são relatados os planos e estratégias que foram
utilizadas pela pesquisador para a coleta de dados.
Guia para o relatório do estudo de caso: este guia, normalmente, não é
apresentado nos projetos de pesquisa e para este estudo, não foi considerado necessário,
uma vez que o relato obedece a normas de uma dissertação.
A metodologia empregada é orientada, principalmente, por um protocolo de
estudo de caso mostrado no Apêndice C, onde se fornece uma visão geral da pesquisa,
apresentam-se os objetivos, e descrevem-se as etapas de desenvolvimento, as questões do
estudo de caso, os procedimentos de campo, os critérios de análise e a delimitação da
pesquisa.
O foco do método a ser usado é:
16
a) no estudo do histórico da instituição que será foco do estudo de caso, para melhor
entendimento e caracterização de sua realidade;
b) na revisão da literatura para que o autor possa conhecer modelos de medição de
desempenho e suas aplicações no ambiente da educação superior. Para isto serão
estudados três métodos de medição de desempenho: o modelo de Rummler e
Brache (1994) – ótica dos processos; o modelo de Hronec (1994) Quantum
Performance e o modelo de Kaplan e Norton (1992, 1993, 1996, 1997) Balanced
Scorecard;
c) no estudo de caso para confrontar a teoria com a prática, através da entrevista e
aplicação de questionários aos principais gestores da instituição;
d) na proposição de um modelo de medição de desempenho que garanta que a IES,
foco de estudo, tenha seu desempenho alinhado à estratégia.
1.7 Estrutura do Trabalho
O estudo está estruturado em cinco capítulos. No primeiro, é apresentado o tema,
a identificação do problema, os objetivos, bem como a justificativa e a metodologia
utilizada para a execução do trabalho, assim como os limites deste trabalho.
No capítulo dois, é apresentada a fundamentação teórica, destacando-se os
diversos conceitos e aprofundamentos teóricos de gestão, gestão de instituições de
ensino, estratégias, ensino superior, entidades sem fins lucrativos, PDI – Plano de
Desenvolvimento Institucional, modelos de medição de desempenho, principalmente o
BSC – Balanced Scorecard.
No terceiro capítulo, é apresentado o estudo de caso, onde a instituição de ensino
superior, objeto do estudo é caracterizada e situada no mercado de ensino. São
apresentadas sua forma de gestão, estrutura, missão, visão e as estratégias. Nesse
capítulo, são identificadas as necessidades da instituição com relação ao seu modelo de
gestão e a medição do seu desempenho. Ainda neste capítulo, o modelo de gestão da IES
foco de estudo é confrontado com os modelos de medição de desempenho estudados.
Através da metodologia do grupo focado. Finaliza-se o capítulo com a identificação do
modelo de medição de desempenho como mais adequado para a instituição.
17
No quarto capítulo, é apresentada a estruturação do modelo de medição de
desempenho, com a definição do método a ser seguido e a proposta de construção de um
modelo baseado no Balanced Scorecard. Sugere-se um quadro de indicadores
balanceados, as relações de causa e efeito entre estes indicadores e o Mapa estratégico e
com objetivo de alinhar o desempenho da organização à sua estratégia.
No quinto capítulo, são apresentadas as considerações finais e recomendações
para futuros trabalhos.
18
CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Medidas Balanceadas de Desempenho no Contexto da Gestão Estratégica
Perez Jr. (2001, p.289) afirma que uma empresa se transforma naquilo que ela
consegue medir. Isto significa que o sucesso das organizações depende essencialmente da
construção de uma adequada tábua de indicadores corporativos de desempenho e do seu
eficaz monitoramento. A mensuração de desempenho evidencia se as organizações estão
caminhando na direção de seus objetivos, com o consumo adequado de recursos, e
atendendo de forma efetiva ao seu público, à sua clientela.
Para Kaplan e Norton (1997, p.7), "as melhorias de desempenho exigem grandes
mudanças, e isso inclui mudanças nos sistemas de medição e gestão utilizados pelas
empresas". Para os criadores do Balanced Scorecard, as medidas financeiras tradicionais
que somente evidenciam o desempenho obtido no passado não poderão garantir a gestão
competitiva e centrada em competências que o ambiente competitivo e globalizado está a
impor às organizações.
O ambiente competitivo global, vivenciado de forma mais intensa desde o início
da década passada, tem sido marcado pela ocorrência de eventos com alto poder de
impacto sobre as organizações. Hunger e Wheelen (2002, p.43) propõem que o ambiente
em que operam as organizações pode ser categorizado em três camadas distintas: o
ambiente interno, o ambiente setorial e o ambiente social.
O ambiente interno é composto dos elementos que formam a identidade das
organizações, como a cultura e a estrutura organizacional, que dão maior ou menor
fluidez à ação das diversas áreas operacionais. No ambiente setorial posicionam-se os
agentes que estão no raio de alcance da interlocução direta com a organização, como
colaboradores, credores, acionistas, fornecedores, concorrentes e clientes. Já o ambiente
social configura uma visão ampliada do ambiente setorial, em que a organização passa a
ser influenciada por um conjunto das forças econômicas tecnológicas, político-legais e
sócio-culturais.
19
A figura 2.1 evidencia, considerando esta segmentação dos diferentes ambientes
com os quais interage a empresa, alguns dos eventos estratégicos verificados e seus
impactos sobre as organizações.
Figura 2.1 - Os ambientes que condicionam o processo de gestão estratégica nas organizações Fonte: Adaptado a partir de Kaplan e Norton (1997, p.4-5)
O conteúdo da figura 2.1, registra alguns dos eventos que têm mobilizado as
organizações e empresas na implementação de novas estratégias em busca da
competitividade, especialmente nos últimos vinte anos. Apenas para tomar como
exemplo a questão da inovação, muitas empresas sobreviveram por anos a fio à custa de
subsídios e reservas de mercados garantidos pelos governos. A desregulamentação e a
abertura da atividade econômica, entretanto, têm exposto tais organizações à exigência de
novas competências para sustentar e angariar posições competitivas em seus mercados.
Conforme Kaplan e Norton (1997, p.7), a sobrevivência das organizações em um
ambiente extremamente competitivo, de alta tecnologia e centrado em competências, não
20
pode prescindir das necessárias mudanças nos sistemas de mensuração e nos modelos de
gestão adotados pelas organizações.
O conjunto de impactos da "era da informação e do conhecimento" sobre o mundo
das organizações tem determinado esta transição da exclusividade dos tradicionais
indicadores de medição financeira para sistemas que ajudem as organizações a gerenciar
novas competências e a obter resultados neste novo ambiente.
Dos indicadores tradicionais de desempenho às propostas de Balanceamento
A aferição de desempenho nas organizações visa orientar as decisões a serem
tomadas pelos gestores, na perspectiva do cumprimento da missão organizacional, seja de
uma célula, de um departamento, de um projeto, ou mesmo de toda a corporação.
Conforme Pereira e Nagano (2002, p.112), "a função objetivo do modelo de decisão do
gestor deve corresponder à otimização do resultado estratégico e econômico das
operações [...] em um determinado período de tempo (curto prazo) [...] ou[...] pelo maior
período de tempo (longo prazo)".
Para Padoveze (1997 apud CAVALCANTI, 2004, p.29), os indicadores de
desempenho ajudam a entender como a organização está se comportando, além de
contribuir para a análise de tendência dos acontecimentos, permitindo que os gestores
efetuem as correções necessárias.
A definição de um modelo para mensurar e avaliar o desempenho estratégico deve
contemplar a aferição de indicadores de curto prazo que mobilizem ações imediatas
(inadimplência de um determinado segmento de clientes, por exemplo) e de indicadores
de médio e longo prazo que preparem a organização para os desafios futuros (ampliação
dos negócios em um determinado nicho de mercado, por exemplo).
Além disso, um modelo de mensuração de desempenho que atenda aos requisitos
dos desafios caracterizados na figura 2.1 deve obediência ao princípio descrito por
Atkinson et al (2000, p.626), segundo os quais "um gerente não deve ser responsável
pelas receitas, custos, investimentos ou outros fatores fora do seu controle". Assim,
acompanhamento e controle devem situar-se no limite das efetivas responsabilidades dos
agentes.
21
Os requisitos até agora descritos não têm encontrado soluções adequadas nos
mecanismos tradicionais de mensuração. Conforme Campos (1998 apud PESSOA, 2000,
p.162), os sistemas de medição de desempenho ainda são, na maioria das empresas,as
mesmas medidas financeiras tradicionais de 50 anos atrás. Tais medidas concentram-se
na história de ações passadas nas organizações e não fornecem, de forma isolada, a
orientação para as tomadas de decisão em um ambiente competitivo e nem a
possibilidade de gerenciamento estratégico que amplie o comprometimento e a
responsabilização dos agentes.
Assim, os indicadores financeiros tradicionais cumprem apenas parte do papel de
evidenciar desempenho como suporte ao alcance de melhores resultados futuros.
Limitada ao registro basicamente dos ativos tangíveis, a Contabilidade isoladamente não
responde à necessidade de monitoramento e acompanhamento das organizações para
gerar valor de forma sustentável.
Kaplan e Norton (2000, p.12) registram que "a economia de hoje, na qual os
ativos intangíveis se tornaram a principal fonte de vantagem competitiva, exige
ferramentas que descrevam os ativos com base no conhecimento e as estratégias criadoras
de valor, construídas a partir desses ativos". Interessa ao gestor, para garantir a
performance atual e futura, aprimorar a capacidade de execução e mensuração de
vantagens diferenciais, criadoras de valor.
Os indicadores financeiros tradicionais são, nesta perspectiva, retardatários, pois
não fotografam as vantagens diferenciais de uma organização para produzir e gerar valor
nem promovem a avaliação da qualidade de execução da estratégia empresarial para o
cumprimento da missão da organização.
As abordagens do controle na gestão do desempenho
A questão da adequação dos sistemas de mensuração remete ao mérito e
adequação dos mecanismos de controle praticados pelas organizações. Para Rhoden e
Henkin (2004,p.4), há que se desenvolver um sistema de mensuração de desempenho que
promova o equilíbrio, servindo de guia para as tomadas de decisão, e como adequada
22
ferramenta de controle. Quanto a esse tema, é importante que se faça uma distinção
fundamental no campo do gerenciamento estratégico: o controle por tarefa e o controle
por resultado.
O controle por tarefa caracteriza-se pela definição prévia de práticas e
procedimentos esperados, executados pela repetição e reforço, com a conformidade nos
processos organizacionais a cargo dos colaboradores. Segundo Atkinson et al (2000,
p.584), este sistema aplica-se àquelas organizações que estão sujeitas às exigências legais
rigorosas e específicas, ou devem impor ambiente ostensivo à inibição da prática de
fraudes. Nestes casos é imperativo o acompanhamento rigoroso do padrão de trabalho das
pessoas e a conformidade dos procedimentos.
O controle por resultados, por sua vez, "enfoca a motivação dos funcionários em
perseguir os objetivos da empresa" (ATKINSON et al, 2000, p.585). Nesse sistema o
desempenho é diretamente acompanhado e pode ser alterado não apenas em decorrência
da conformidade procedimental, mas de decisões tomadas em cada nível da organização.
Ainda quanto aos sistemas de controle, Olve, Roy e Wetter (2001, p.15- 17)
evidenciam as principais fragilidades do que chamam de "Controle de Gerenciamento
Tradicional":
a) as informações financeiras tradicionais (custos, receitas e lucratividade) informam o
resultado das ações passadas, não caracterizando necessariamente as exigências atuais da
organização;
b) o controle financeiro tradicional provoca tomadas de decisão, focadas no curto prazo,
como corte de investimentos em P&D e em treinamento;
c) os relatórios financeiros tradicionais dão suporte às necessidades mais imediatas dos
acionistas, mas não aos interesses dos funcionários (por um sentido em seu trabalho) ou
da comunidade (pela evidenciação de ações parceiras em favor da coletividade).
Com os controles por resultado, ao contrário do sistema de controle tradicional, o
acompanhamento é efetuado com a recuperação das informações que forneçam suporte às
escolhas estratégicas dos gestores. O monitoramento do desempenho, neste padrão,
propicia adequação de procedimentos e correção de rota em benefício da organização e
de seus usuários.
23
Modelos de balanceamento em suporte à gestão estratégica
A questão estratégica deve subordinar todo o tratamento e discussão sobre
sistemas de mensuração de desempenho, pois é inócuo elaborar e recuperar indicadores
com refinamento estatístico que não sirvam à depuração da performance estratégica das
organizações. Esta discussão, segundo Lauretti (2003, p.61), "pressupõe a existência de
dois pilares: onde estamos e onde queremos chegar, unidos por uma ponte chamada
estratégia".
O conceito de estratégia como definição de meios para o alcance de objetivos é
oriundo basicamente da definição associada a operações militares. Barcellos (2002, p.40)
lembra que a valorização deste conceito mais operacional deriva dos elementos
específicos característicos deste tipo de operação, como limitação de recursos,
coordenação remota das ações, incerteza e natureza beligerante das contendas.
Cabe mencionar Drucker (2001, p.42), segundo o qual o papel da estratégia nas
organizações é converter a "teoria do negócio" em desempenho. Para Peter Drucker essa
"teoria do negócio" é dada por um conjunto de hipóteses acerca do negócio (qual o
negócio, quais os objetivos, quais são e como reagem os clientes, qual o padrão de
aferição de resultados). A aplicação da estratégia a uma determinada "teoria do negócio"
implica testar se a teoria é adequada ou se é necessária sua redefinição.
A aplicação da estratégia requer adequados mecanismos de aferição de
desempenho. Para Drucker (2001, p.56), é imperativo equilibrar resultados imediatos
com o sucesso de longo prazo e a sobrevivência da empresa. Esse autor confirma sua
adesão aos indicadores balanceados de desempenho que devem ser observados pelas
organizações, ao escrever que "o desempenho terá de ser medido em termos não
financeiros para que tenha significado para os trabalhadores do conhecimento e gere
'compromisso' por parte deles" (DRUCKER, 2001, p.57).
Ao tratar a questão da mensuração do desempenho como parte do ciclo estratégico
nas organizações, Hunger e Wheelen (2002, p.9) propõem a integração dos momentos de
análise, formulação, implementação e avaliação estratégica, como demonstrada na figura
3.
24
Figura 2.2 – Modelo de gestão estratégica subordinada a eixos estratégicos Fonte: Adaptado de Hunger e Wheelen (2002,p.9)
A modelagem da figura 2.2 tem ressonância nas observações de Kaplan e
Norton(2000, p.85), segundo os quais a estratégia é um passo de um processo
contínuo,iniciado com a definição da missão e traduzido em ações que lhe dêem apoio,
que se desenvolve e evolui no tempo para enfrentar as mudanças impostas pelo mundo
real.
É inadequado admitir a execução do controle sem conexão com a formulação
estratégica, por meio de indicadores que não possam traduzir com precisão as escolhas
estratégicas. Sem esta exigência de conexão dos indicadores com a estratégia, nada mais
haveria senão um amontoado de indicadores financeiros, números normalmente vazios e
ininteligíveis para a maior parte dos interessados (stakeholders) nos resultados e no
sucesso das organizações.
Além de Kaplan e Norton com seu BSC, outros autores propuseram a elaboração
de scorecards e sistemas de mensuração de performance que evidenciassem o
balanceamento de curto e longo prazos, de indicadores financeiros e não financeiros, e de
atenção aos diversos interessados nas organizações (como acionistas, funcionários e
comunidade).
K. Eric Sveiby propôs na Suécia, em 1986, uma pioneira abordagem sobre a
gestão do conhecimento (VINEGLA, 2005, p.8), com seu Monitor de Ativos Intangíveis.
O Intangible Assets Monitor (IAM) trata dimensões simétricas às que seriam propostas
com o BSC anos depois. Sveiby retratou que os indicadores não financeiros nas
organizações deveriam ser evidenciados sob a perspectiva da estrutura externa (clientes),
da estrutura interna (processos) e da capacidade dos recursos humanos (aprendizagem e
crescimento).
25
Mcnair, Lynch e Cross propuseram em 1990 uma pirâmide da performance
(OLVE; ROY; WETTER, 2001, p.23), cuja base é formada pelas áreas operacionais,
responsáveis pelo cumprimento dos processos de forma a garantir qualidade e controle de
desperdícios. No nível seguinte da pirâmide os sistemas operacionais tornam-se
determinantes para o alcance de medidas estratégicas intermediárias como satisfação do
cliente e produtividade. Mais próximo ao topo da pirâmide estão as unidades de negócios,
onde os clientes (dimensão mercado) e os acionistas (dimensão financeira) determinam o
foco da organização (VINEGLA,2005, p.2), vértice da pirâmide representado pela
própria missão, conforme figura 2.3. Nesse modelo os objetivos fluem de cima para baixo
e as medidas fluem de baixo para cima.
Figura 2.3 – Pirâmide da performance de Mcnair, Lynch e Cross Fonte: Adaptado de Olve, Roy e Wetter (2001, p.24)
Esse modelo atende ao requisito de relações de causa e efeito que caracteriza,
regra geral, os scorecards. Sua inspiração, no entanto, a partir das premissas da qualidade
total e engenharia industrial, resulta numa relevância desproporcional dos processos em
relação a outras dimensões e indicadores.
Maisel, em trabalho de 1992, propõe um scorecard como o descrito na figura 2.4,
com um ciclo de medidas em quatro dimensões para alcançar os objetivos estratégicos:
recursos humanos, processo comercial, cliente e finanças, em modelo basicamente
similar ao de Kaplan e Norton (VINEGLAS, 2005, p.5). Maisel insiste, entretanto, em
usar uma perspectiva específica para os recursos humanos, onde são medidos fatores
como treinamento, desenvolvimento de produto, competências essenciais e cultura
corporativa (OLVE; ROY; WETTER, 2001, p.21).
26
Figura 2.4– Modelo do scorecard de Maisel Fonte: Adaptado de Olve, Roy e Wetter (2001,p.22)
Conforme relatam Olve, Roy e Wetter (2001, p.24), Adams & Roberts publicaram
em 1993 o modelo de Progresso Efetivo e Medição de Performance (PEMP), consistindo
basicamente no acompanhamento do resultado corporativo em quatro áreas: medidas
externas (relativas aos clientes e mercados), medidas internas (destinadas a avaliar a
eficácia e eficiência de processos), medidas de alto a baixo (destinadas a monitorar o
gerenciamento da mudança e a própria estratégia) e medidas de baixo para cima (focadas
no acompanhamento do grau de empowerment e liberdade de ação dos colaboradores).
Conforme Miranda et al (2002 apud CAVALCANTI, 2004, p.42), em 1994
Bogan e English propuseram um sistema de mensuração baseado no modelo de input
processamento-output, com foco na satisfação do cliente e considerando medidas de
ativos intangíveis como a informação. Ainda segundo Miranda et al (2002), Czarnecki
propôs em 1999 o que chamou de modelo típico de mensuração de desempenho, com
foco em medidas de qualidade, produtividade e tempo de ciclo,que objetivava cobrir o
escopo mais representativo do desempenho da maioria das empresas investigadas.
27
A despeito do mérito desse conjunto de abordagens, a modelagem do Balanced
Scorecard, proposta por Norton e Kaplan, popularizou-se de forma mais efetiva entre as
empresas, especialmente no decorrer da última década. Após as constatações dos estudos
iniciados em 1990, os autores sintetizaram suas conclusões no artigo "The Balanced
Scorecard - Measures that Drive Performance", publicado pela Harvard Business Review.
Em seu trabalho, posteriormente complementado com livros publicados em 1997,
2000 e 2004, os criadores do BSC desafiam as organizações a superar as medidas
financeiras tradicionais, ampliando o escopo de mensuração e gestão para os fatores e
dimensões que as dirigem para o sucesso futuro.
O balanceamento de indicadores de desempenho com o Balanced Scorecard
A proposta de indicadores balanceados, segundo Kaplan (199_, p.28),
"complementa as medidas financeiras com medidas operacionais da satisfação do cliente,
processos internos e atividades de inovação e aperfeiçoamento da organização - medidas
operacionais que impulsionam a futura performance financeira". As dimensões do
Balanced Scorecard traduzem as diferentes abordagens que se conectam e impactam de
forma sensível o cumprimento da estratégia da organização.
Conforme Rhoden e Henkin (2004, p.5), o diferencial do BSC de Kaplan e Norton
reside na integração de perspectivas, com indicadores balanceados que cobrem toda a
organização.
Para Olve, Roy e Wetter (2001, p.10), o controle do gerenciamento estratégico
proposto por meio do Balanced Scorecard combina as medidas de resultados tradicionais
(financeiras) com as medidas relativas aos condutores de performance.
A visualização proposta pelo BSC é de que as ações executadas e resultados
alcançados a cada dimensão alimentam a cadeia de valor, contribuindo para o
atingimento dos resultados de outras dimensões. As distintas dimensões atuam assim
como condutores das condições para o alcance dos resultados globais da organização,
como demonstrado por meio da figura 6.
28
Figura 2.5 – As dimensões do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton Fonte: Elaboração a partir dos diversos contextos de Kaplan e Norton (1997)
A dimensão de aprendizagem e crescimento traduz a capacidade de aprendizagem
da organização e refere-se ao acúmulo de ativos intangíveis (inovação e aprendizado) que
mobilizarão a capacidade futura da empresa de criar valor. No painel de indicadores do
Balanced Scorecard esta dimensão pode conter, por exemplo, o tempo de maturação de
novas idéias até o amadurecimento e transformação em novos serviços e produtos, a
capacidade de aperfeiçoamento de produtos e processos internos e a qualidade e potencial
do capital humano da organização.
A dimensão de processos internos contempla os processos críticos da organização,
com a identificação das medidas que é preciso superar e que tenham impacto sobre a
satisfação do cliente, com redução de custos, elevação de receitas e redução do nível de
sujeição aos riscos operacionais. Há processos internos críticos em distintas áreas da
organização, como, por exemplo, na produção (tempo de ciclo) e vendas (entrega e pós-
venda).
A dimensão clientes atesta a capacidade que a organização tem de ser percebida
satisfatoriamente como geradora de valor, por meio de metas relativas ao cumprimento
de prazos, qualidade, atendimento e prática do preço justo, sob a perspectiva do cliente.
Na dimensão financeira, os indicadores podem ser agrupados naqueles
relacionados à própria sobrevivência da organização no curto prazo (fluxo de caixa), ao
29
êxito do negócio (receita operacional) e à prosperidade esperada pelos acionistas
(participação no mercado e retorno sobre o patrimônio líquido).
A seguir serão discutidas de forma mais detalhada as dimensões do BSC, com
destaque para os componentes de cada perspectiva na lógica do balanceamento de
indicadores proposto por Kaplan e Norton.
Dimensão de aprendizagem e crescimento
O ambiente de agressiva competitividade, marcado pelos avanços tecnológicos e
redução das distâncias entre culturas e mercados, impõe notáveis desafios à gestão do
desenvolvimento humano nas organizações. Torna-se premente a sistematização da
educação e treinamento corporativos como base para a formação das lideranças que
tomarão, a cada novo ciclo, o leme das instituições e organizações no turbulento espaço
social e econômico em que interagem governos, empresas e sociedade civil. Caberá a
estas lideranças efetuar a transição sustentável das organizações para a economia do
conhecimento.
A economia do conhecimento pressupõe a gestão das competências para gerar
valor nas organizações. Para Crawford (1994, p.21), o conhecimento é "a capacidade de
aplicar a informação [...] a um resultado específico". A transformação da informação em
conhecimento pressupõe a capacidade de fazer conexões, estabelecer relações de causa e
efeito, conferir premissas e estabelecer modelos.
Este ambiente aponta para um conceito diferenciado de organização:
São organismos vivos que competem, colaboram e, em conjunto, criam uma rede de outras empresas. Movem-se e se transformam em fluxos de receitas diferentes, pelos quais podem agregar valor, extrair lucro e mudar as regras da concorrência de setores industriais inteiros. (REICH, 2002, p.183).
A nova economia do conhecimento gradualmente passou a demandar um conjunto
de competências e talentos que o mercado não tinha em estoque para oferecer. Nas
últimas décadas do século passado, a reviravolta no mercado de trabalho foi claramente
evidenciada, como atesta Crawford (1994, p.36):
30
Manufatura pesada [...] está sendo substituída por manufaturas de tecnologia avançada [...] e pelos serviços que requerem conhecimentos profundos como finanças, comunicações, saúde, educação, direito, processamento de dados e entretenimento. Nas duas décadas entre 1970 e 1990 aproximadamente 90% dos novos empregos criados nos Estados Unidos foram nas áreas de processamento de informações e serviços de conhecimentos.
No ambiente da economia do conhecimento, o elemento humano é o vetor
determinante do sucesso das organizações, sendo requerido esforço e cuidado das áreas
de recursos humanos no tratamento e desenvolvimento do capital humano. Conforme
Crawford (1994, p.44), "o único caminho para os trabalhadores da sociedade do
conhecimento manterem suas habilidades e conhecimentos e atuarem [...] como capital
humano é se comprometendo com um aprendizado contínuo e vitalício".
Há um paradoxo da função de recursos humanos nas organizações ao tratar o
elemento humano ora como "recurso", ora como "comunidade de aprendizagem", como
discutem Evans, Pucik e Barsouk (2002, p.12): "these swings reflect the underlying
tension between views of the organization as a "market", in which people are resources,
and as a "community", in which people are team members and assets"
A relevância da dimensão de aprendizagem e crescimento no modelo do BSC de
Kaplan e Norton resulta da visualização de que os recursos humanos da organização
devem ser considerados como uma comunidade de aprendizagem que forma uma rede
corporativa de relacionamento com fornecedores, clientes e demais stakeholders. Esta
rede deve ampliar-se para além dos muros da companhia, uma vez que os elementos
críticos para a competitividade da organização são gerados, em boa parte dos casos, fora
da estrutura formal da organização.
O tratamento da dimensão de aprendizagem e crescimento na proposta de
balanceamento de indicadores deve considerar:
a) o vetor da inovação, com a subversão do que se sabe hoje, por meio de saltos
organizacionais e a construção de um novo saber que forneça as respostas da organização
para os desafios futuros;
b) o vetor da sustentação, com a evolução gradual e retro-alimentação do conhecimento
corporativo.
31
Ao comentar o papel da gestão no tratamento da questão da aprendizagem
organizacional, Argyris (2002, p.113) reforça que "o principal requisito da liderança [...]
são os relacionamentos diários, pessoais, para criar meios para o conhecimento ser
gerenciado, a fim de ser válido e poder transformar-se em ação".
Defende, assim, a necessidade de uma cumplicidade positiva entre as pessoas, que
as direcione para o atingimento dos resultados corporativos com um alto nível de
satisfação e reconhecimento profissional.
Crawford (1994, p.127) já atestava a mudança no perfil dos gerentes na nova
economia do conhecimento, apontando para o papel de educador e facilitador com a
responsabilidade de criar um ambiente fértil para o desenvolvimento pessoal. Esta
transformação no papel dos gestores e colaboradores das organizações evidencia a
relevância da dimensão da aprendizagem e crescimento do BSC.
Kaplan e Norton (1997, p.133) reconhecem especialmente o novo papel dos
funcionários nas organizações:
As idéias que permitem melhorar os processos e o desempenho para os clientes cada vez mais emanam dos funcionários da linha de frente, que se encontram mais próximos dos processos internos e dos clientes da organização [...] Essa mudança exige grande reciclagem dos funcionários para que suas mentes e capacidades criativas sejam mobilizadas no sentido dos objetivos organizacionais.
A descrição da performance da organização no âmbito do aprendizado e
crescimento pode ser evidenciada no modelo descrito na figura 2.6:
32
Figura 2.6 – Os vetores e os indicadores da dimensão de aprendizagem e crescimento Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997, p.135 e 2000, p.106)
O BSC nesta dimensão deve contemplar fundamentalmente a gestão do capital
intelectual da organização. Os objetivos, além dos detalhamentos específicos de cada
organização, devem contemplar a necessidade de garantir a retenção de talentos e a
sustentação dos aumentos de produtividade, resultantes por sua vez do grau de satisfação
e motivação dos colaboradores.
Os indicadores da dimensão de aprendizagem e crescimento podem ser
exemplificados a partir de ações de base voltadas para:
a) a competência dos colaboradores: investimento em treinamentos, melhorias sugeridas
pelos funcionários, percentual de funcionários com nível superior;
b) a infra-estrutura de tecnologia: investimento em tecnologia da informação,
investimento em pesquisa, investimento no apoio a novos produtos;
c) o clima organizacional: índice de motivação, rotatividade dos empregados,
absenteísmo, número de candidatos a emprego na organização.
Em cada organização devem ser definidos com clareza, os objetivos, indicadores e
metas para a aprendizagem e crescimento, considerando os significativos desafios já
discutidos. Importa visualizar com clareza as conexões das ações a serem empreendidas
para o cumprimento da missão da organização, sob pena de que esta dimensão não seja
33
relegada ao descrédito de ações superficiais e meramente "cosméticas" das áreas de
recursos humanos.
Dimensão de processos internos
A proposta do Balanced Scorecard para a dimensão de processos internos não
resulta de um mero olhar sobre os tradicionais indicadores de sobrevivência operacional
como tempo, qualidade e produtividade.
Segundo Kaplan e Norton (1997, p.98), "os sistemas tradicionais de medição de
desempenho visam ao controle e à melhoria dos centros de responsabilidade e
departamentos existentes". Essas medidas não financeiras despertam a atenção dos
gestores que tentam melhorar a qualidade, reduzir tempos de ciclo e aumentar a produção
e a produtividade, reduzindo os custos de seus processos de negócios.
A questão é que a exclusiva atenção a essas medidas, desconectada dos interesses
estratégicos da organização, não terá poder de gerar "vantagens competitivas distintas e
sustentáveis" (KAPLAN, NORTON, 1997, p.99). A proposta do Balanced Scorecard para
a dimensão de processos internos é de contribuição à cadeia geradora de valor para
clientes, fornecedores e sociedade.
A partir da dimensão de aprendizagem e crescimento, a adequada gestão do
capital humano e organizacional resulta na obtenção de valor a partir dos elementos da
dimensão de processos internos, a seguir especificados:
a) processo de inovação, em que a organização garante, por meio da pesquisa e
desenvolvimento, a capacidade de desenhar soluções que atendam aos requisitos de seu
mercado atual ou de novos mercados visualizados ou nichos identificados;
b) processo de gerenciamento do cliente, com o desenvolvimento de soluções e serviços
além da entrega, como manutenção e assessoria, que caracterizam o que se convencionou
chamar de pós-venda;
c) processos operacionais, nos quais são buscados o tratamento eficiente dos recursos,
redução de custos e dos tempos de ciclo;
34
d) processos regulatórios e sociais relativos ao tratamento das questões ambientais e
trabalhistas, como segurança e saúde no trabalho, além daquelas relativas à
responsabilidade social corporativa.
Kaplan e Norton (2004, p.195) evidenciam a relevância desse último elemento da
dimensão de processos internos em função de seus impactos sobre a imagem das
organizações e sobre sua capacidade de gerar valor:
Além de apenas cumprir as normas e realizar as expectativas locais, as empresas excelentes nos processos críticos regulatórios e sociais conseguem melhorar sua reputação perante os clientes e investidores, além de atrair e reter empregados valiosos que se orgulham do papel de suas empresas na melhoria do meio ambiente, do local de trabalho e da comunidade.
Ao determinar objetivos, indicadores, metas e ações relacionadas à melhoria dos
processos internos, as organizações estarão disciplinando uma agenda que atende aos
requisitos de valor de diferentes agentes interessados na organização.
Treacy e Wiersema (apud KAPLAN; NORTON, 2000, p.99) aprofundam esta
visualização dos processos internos como catalisadores de valor, a partir das estratégias
de diferenciação que podem ser adotadas pelas organizações, como especificado na
correlação detalhada na figura 2.7.
Figura 2.7 – Estratégias, processos internos e agentes interessados Fonte: elaboração a partir de Kaplan e Norton (2000, p. 104)
Assim, se estiver focada em determinada estratégia de diferenciação, a
organização terá maior atenção aos processos que compõem a cadeia de valor decorrente
daquela estratégia. Por exemplo, se uma organização determinar para si uma estratégia de
35
diferenciação de customização de seu atendimento e aproximação com seu cliente, deverá
concentrar-se em adequar e ajustar de forma criteriosa seus processos de gerenciamento
de clientes, como cadastro, call-center e pós-venda.
Entre os indicadores que podem ser utilizados pelas organizações para mensurar o
alcance de seus objetivos na dimensão de processos internos, Olve, Roy e Wetter (2001,
p.348-349) listam alguns exemplos de medidas que podem ser utilizadas: entregas no
prazo, tempo de espera, melhoria na produtividade, impacto ambiental no uso de um
produto, tempo médio de tomada de decisão e contratos preenchidos sem erro, entre um
conjunto de outros indicadores passíveis de adequação ao BSC de cada organização.
Dimensão de clientes/mercado
A dimensão de clientes na formatação proposta pelo BSC consolida a proposta da
cadeia de valor visualizada na dimensão de processos internos. Nesta dimensão é
requerido que a organização, antes mesmo de definir vetores e indicadores essenciais,
identifique seu mercado. Esta não é uma definição que dependa de uma ferramenta de
suporte estratégico como o BSC, mas deve estar contida nas premissas e definições do
planejamento estratégico da organização.
No processo de formulação estratégica as organizações devem proceder à escolha
sobre o que fazer (e o que não fazer) e para quem fazer (ou para quem não fazer). Porter
(apud KAPLAN; NORTON, 2000, p.102) reflete sobre a criticidade destas escolhas:
A estratégia torna as escolhas sobre o que não fazer, tão importantes quanto as escolhas sobre o que fazer. De fato, estabelecer limites é outra função da liderança. As decisões sobre os alvos a serem visados pela empresa em termos de um grupo de clientes, variedades e necessidades são fundamentais para o desenvolvimento da estratégia. No entanto o mesmo se aplica às decisões sobre não atender a outros clientes ou necessidades e não oferecer certas características ou serviços. (grifo do autor)
Uma vez tomada a decisão sobre o segmento de mercado a ser explorado, o
Balanced Scorecard serve de apoio e suporte ao desenho dos vetores de atribuição de
valor pelos clientes e à construção dos indicadores desta dimensão.
36
A proposta de valor a ser consolidada pela organização deve considerar seus diferenciais
competitivos e seu posicionamento no mercado. Cabe, quando for o caso, que se proceda
a eventuais ajustes nas dimensões anteriores (aprendizagem e processos internos), para
que sua resultante dê suporte à geração de valor no mercado que tenha sido especificado
no planejamento estratégico.
O desenho da dimensão do cliente, pode ser considerado a partir de vetores
essenciais da proposta de valor para o cliente (atributos dos produtos e serviços,
relacionamento com o cliente e imagem/reputação), conectados com os indicadores
essenciais de resultados na dimensão clientes, como visualizado na figura 2.8.
Figura 2.8 – Os vetores e indicadores da dimensão de clientes Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997,p.72)
Os vetores especificados na base da figura 2.8 são determinantes da obtenção da
satisfação dos clientes. Além dos atributos dos produtos e serviços, o padrão de
relacionamento estabelecido com a clientela e o intangível representado pela imagem e
conceito da organização são condutores da medida de satisfação dos clientes. A
satisfação determina a retenção dos clientes com a continuidade do relacionamento
estabelecido e é motivadora da atração de novos clientes e conquista de novos mercados.
Já as medidas de retenção e captação de clientes propiciam, a médio prazo, a ampliação
da lucratividade por cliente e a participação de mercado da organização.
37
Os vetores de base na dimensão do cliente podem ser destacados em função de
determinada característica do mercado. Num determinado mercado, por exemplo, a
geração de valor pode decorrer essencialmente do vetor de relacionamento com os
clientes (no segmento de prestação de serviços de consultoria financeira), enquanto
noutro tipo de mercado os atributos dos produtos serão determinantes na proposta de
valor para os clientes (por exemplo, no ramo de restaurantes fast-food).
Num ou noutro caso, a elaboração do BSC deve obedecer às definições
mercadológicas definidas no planejamento estratégico e à estratégia de diferenciação
adotada pela organização.
Dimensão financeira
A dimensão financeira está a jusante das demais dimensões propostas no
Balanced Scorecard, uma vez que totaliza os efeitos das ações adotadas nas demais
dimensões. Conforme Kaplan e Norton (1997, p. 49), "os objetivos financeiros servem de
foco para os objetivos e medidas das outras perspectivas do scorecard".
Kaplan e Norton sustentam o suporte das demais dimensões para a consistência e
longevidade dos resultados da dimensão financeira (1997, p.49):
Qualquer medida selecionada deve fazer parte de uma cadeia de relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro. O scorecard deve contar a história da estratégia, começando pelos objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-os [...] aos processos financeiros, dos clientes, dos processos internos e, por fim, dos funcionários e sistemas, a fim de que, a longo prazo, seja produzido o desempenho econômico desejado.
A cadeia de relações de causa e efeito, construída com o BSC possibilita a
visualização das conexões entre as dimensões. A partir de uma adequada gestão do
capital intelectual e humano na organização, espera-se obter melhorias e inovações
implementadas no âmbito dos processos internos. Processos que resultam em efetiva
agregação de valor contribuem para a manutenção e conquista de mercados e clientes.
Clientes satisfeitos e fidelizados voltam a fazer negócios e influenciam a conquista de
novos mercados. Um sólido posicionamento de mercado resulta, a médios e longos
prazos, na obtenção de indicadores satisfatórios no âmbito econômico-financeiro.
38
Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p.125) lembram que os resultados econômico-
financeiros estão associados às preferências estratégicas adotadas pelas organizações:
a maioria das empresas [...] se apresenta como uma carteira de atividades cujo modelo econômico (rentabilidade, fluxos de caixa etc.) é diferente de um negócio para o outro. Quando às rentabilidades de médios e longos prazos das atividades existentes parece insuficiente [...] a empresa deve considerar a possibilidade de diversificar-se. (grifo dos autores)
De acordo com os autores citados, os objetivos financeiros devem estar
vinculados aos objetivos estratégicos. A identidade estratégica da organização, descrita
em sua missão, visão, valores e objetivos, deve ser claramente comunicada em todos os
níveis da organização, orientando as iniciativas de sustentabilidade econômico-financeira.
Conforme Kaplan e Norton (1997, p.50), "ao iniciarem o desenvolvimento da
perspectiva financeira [...] os executivos das unidades de negócios devem identificar as
medidas financeiras adequadas à sua estratégia".
É adequado registrar, quanto à dimensão financeira, a classificação proposta por
Pereira (2001, p.205), quanto ao desempenho operacional e ao desempenho financeiro. A
organização, em sua operação, consome recursos escassos, que têm valor econômico.
Espera-se que a produção de bens e serviços decorrente do manejo destes recursos gere
valor superior aos custos incorridos, produzindo resultado positivo. Já o desempenho
financeiro resulta da gestão da liquidez, dos prazos de pagamento e recebimento, da
captação e aplicação de recursos, com o confronto, na apuração dos resultados, das
receitas e despesas financeiras.
No âmbito da dimensão financeira do BSC, deve ser tratado o conjunto de
medições de natureza estritamente financeira, como o grau de liquidez, ou de natureza
essencialmente econômica, como a lucratividade por ação.
Como já colocado, a dimensão financeira deve subordinar-se à estratégia e às
características do negócio. Para Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p.131), "o conjunto das
atividades da empresa deve constituir uma carteira suficientemente equilibrada em termos
de fluxo de caixa". Assim, em função dos diferentes estágios dos negócios de uma
organização, há que se optar por estratégias singulares, como aquisição ou
desinvestimento de negócios, verticalização ou horizontalização da produção.
39
Para Kaplan e Norton (1997, p.50), os objetivos financeiros podem ser
categorizados em função dos diferentes estágios de um negócio em seu ciclo de vida,
dentro das organizações, como destacado na figura 2.9.
Figura 2.9 – Medição dos temas financeiros e estratégicos Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997,p.55)
Os negócios em fase de crescimento devem gerar altos percentuais de crescimento
das vendas e da receita gerada. Já os negócios em fase de sustentação devem registrar
lucratividade, remunerando adequadamente os investidores, com satisfatórios retornos
sobre o capital investido e manutenção de seus mercados.
Finalmente, negócios em fase mais adiantada devem gerar saldos positivos de caixa para
a organização, reduzindo sua necessidade de capital de giro, pois não justificam mais
investimentos significativos.
40
A segmentação proposta por Kaplan e Norton é indicativa sobre quais objetivos
financeiros cumpre definir em função dos distintos estágios de vida das organizações.
Eventualmente elementos de natureza conjuntural podem forçar negócios em fase de
colheita a reforçar investimentos, mas não seria este o padrão numa seqüência natural do
ciclo de vida dos negócios nas organizações.
Kaplan e Norton (1997, p. 53) propõem três tipos de indicadores para a dimensão
financeira:
a) aqueles relativos ao aumento e mix de receita, apurados a partir do aumento nas
vendas e da qualificação das vendas a partir de mercados estratégicos para a organização;
b) indicadores relativos à redução de custos e aumento de produtividade, fundamentais
para as organizações em fase de sustentação, que carecem de garantir a competitividade
com a melhoria da eficiência;
c) aqueles pertinentes à eficiente, eficaz e efetiva utilização dos ativos, dos quais o
retorno sobre os investimentos é o indicador por excelência.
O BSC em sua dimensão financeira deve contemplar as características e estágios
em que se encontram as organizações, evitando que esta dimensão seja construída de
forma genérica com o suporte dos tradicionais indicadores registrados nas demonstrações
contábeis.
Relações de causa e efeito e indicadores de tendência e resultado
Apenas distribuir os elementos de mensuração de desempenho entre as diversas
dimensões não é suficiente para estabelecer o monitoramento do cumprimento dos
objetivos estratégicos. Pode resultar num exercício em vão se não houver clareza da rede
de conexões entre as ações, seus indicadores e a identidade estratégica das organizações.
Estas conexões devem estar especialmente evidenciadas entre os indicadores não
financeiros e os financeiros, evitando que o BSC se transforme num mero balanço
alternativo de medidas não financeiras.
41
A partir do BSC devem ser descritas as conexões entre as variáveis e os indicadores, pois
toda medida selecionada é parte de uma cadeia de relações de causa e efeito que
comunica o significado da estratégia (KAPLAN; NORTON, 1997, p.156).
Para Kaplan e Norton (1997, p.154), "os observadores devem ser capazes de olhar
o scorecard e enxergar mais além, a estratégia que está por trás de seus objetivos e
medidas". Para Olve, Roy e Wetter (2001, p.199), "as medidas usadas devem cobrir, de
modo suficiente, os aspectos do negócio que estão incluídos nas estratégias e nos fatores
críticos do sucesso".
Os autores citados propõem, noutras palavras, que não sejam simplesmente
amontoados os indicadores das diferentes dimensões, mas seja visualizada a conexão e a
sinergia entre os indicadores que conduzem à hipótese estratégica definida. Esta hipótese
da estratégia traduz-se no texto da própria missão da organização, e segundo Kaplan e
Norton (2004, p.10):
a) equilibra forças contraditórias, como o investimento em ativos intangíveis, que gera
retornos de longo prazo, e a necessidade de ajuste em custos no curto prazo;
b) está fundada em criação de valor para os clientes, definidos em função dos nichos
escolhidos e identificados no planejamento estratégico;
c) resultam da criação de valor a partir dos processos internos críticos, que determinam o
aumento da produtividade e a preservação do funcionamento da organização.
O teste da hipótese estratégica é feito com base nos mapas estratégicos, que
alinham as dimensões de resultados em relações de causa e efeito entre os objetivos
detalhados em cada dimensão. Para Kaplan e Norton (2004, p.14),
o mapa estratégico, ajustado à estratégia específica da organização, descreve como os ativos intangíveis impulsionam melhorias de desempenho nos processos internos da organização que exercem o máximo de alavancagem no fornecimento de valor para os clientes, acionistas e comunidades.
Esta seqüência lógica é evidenciada pelo caso da Teoria Z, citado por Olve, Roy e
Wetter (2001, p.222-223), sobre o scorecard construído pela empresa Halifax. De acordo
com o relato dos gestores desta organização, o BSC foi apropriado como modelo de
controle e acompanhamento de performance a partir da visualização registrada na figura
2.10:
42
Figura 2.10 – A teoria Z na Halifax Fonte: Olve, Roy e Wetter (2001,p.222)
O exemplo da Halifax remete para a conclusão de que os indicadores e medidas
guardam uma sugestiva relação de causalidade que, uma vez evidenciada e comunicada,
pode produzir efeitos concretos na aferição dos resultados para a organização.
O Balanced Scorecard utiliza, nas dimensões propostas, indicadores genéricos de
resultados (lagging indicators), que são facilmente reconhecidos, pois refletem o
cumprimento de metas definidas para os objetivos estratégicos em cada dimensão.
É requerido, entretanto, que um BSC consistente evidencie igualmente bons
indicadores de tendências (leading indicators), ou vetores de desempenho, que
comunicam o caminho a ser percorrido para o alcance dos resultados.
Kaplan e Norton (1997) chamam de indicadores de ocorrência o que Olve, Roy e
Wetter (2001) denominam de indicadores de resultado. Já o que os criadores do BSC
chamam de indicadores de tendência, Olve, Roy e Wetter chamam de condutores da
performance. Os vetores de desempenho, indicadores de tendência ou condutores da
performance refletem a singularidade da estratégia, conforme Kaplan e Norton (1997,
p.156).
São medidas como tempo de ciclo, taxas de defeito por peças, nível de
participação de determinados mercados na carteira de negócios, entre outros, que
demonstram os segmentos de mercado em que a unidade de negócios optou por atuar, os
processos internos que serão determinantes de sua competitividade e os objetivos de
aprendizagem para a construção de valor para os clientes.
Já os indicadores de resultados refletem o agregado das metas comuns de
diferentes estratégias nas distintas dimensões. Estes indicadores prestam-se normalmente
43
a comparações da organização com seus competidores e com os dados agregados de seu
setor de atividade, como exemplificado na figura 2.11.
Figura 2.11 – A estratégia do Metro Bank Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997, p.159 e p.162)
Conforme Kaplan e Norton (1997, p.156), um bom Balanced Scorecard deve
conter uma equilibrada combinação de medidas de resultado (ou indicadores de
ocorrência) e vetores de desempenho (indicadores de tendência).
Os mapas estratégicos devem preservar este equilíbrio, para que não sejam
cometidos equívocos de atenção exacerbada a um indicador de tendência (como
ampliação da variedade de produtos oferecidos) que termine por não resultar numa
efetiva melhoria do indicador de ocorrência/resultado (como efetivo aumento da receita).
Por outro lado, não é adequado que haja pressão sobre uma única medida de
resultado (redução de custos, por exemplo) que desvirtue a prática das unidades de
negócios (que passariam a constranger sua capacidade operacional) para cumprir a
medida de ocorrência, comprometendo o resultado global.
44
O exemplo da figura 2.11 traduz as relações de causa e efeito entre as dimensões
do BSC de uma instituição bancária, com as conexões que promovem a tradução da
estratégia por meio das ações e suas medidas (indicadores) de ocorrência e tendência em
cada dimensão.
O modelo de gestão estratégica com o Balanced Scorecard
A questão crucial do processo de gestão estratégica não parece residir na
dificuldade das organizações de determinarem "o que fazer", mas de levarem a cabo a
implementação de seus objetivos consignados no Planejamento Estratégico.
Kaplan e Norton (2004, p.6) estimam que em 70% dos casos que compuseram
seus estudos entre as empresas americanas, o fracasso das organizações não é decorrente
de uma má formulação estratégica, mas sim de uma má execução. Becker, Huselid e
Ulrich (2001, p.58) confirmam este entendimento, afirmando que "é muito mais fácil
desenvolver uma estratégia adequada quanto implementá-la com eficácia".
A execução estratégica, por sua vez, não pode ser dissociada do modelo de gestão
utilizado pelas organizações. Para Teles e Vartanian (1998 apud OLIVEIRA, PEREZ JR
e SILVA),
o modelo de gestão, que, de forma explícita ou não, sempre existe numa empresa, é constituído de princípios permanentes que orientam a atuação dos gestores, procurando potencializá-la. O ponto de partida do modelo de gestão é logicamente, o conjunto de crenças e valores dos donos ou principais executivos da empresa.
Essa definição sugere que o modelo de gestão tem sua gênese em boa medida
determinada pelos elementos comportamentais na organização e pelos princípios
oriundos de sua liderança. Para Parisi (2001, p.270), o modelo de gestão equivale à
Constituição ou Carta Magna para uma organização, ou seja, o padrão, a orientação
máxima quanto aos procedimentos corporativos e especialmente o processo de tomada de
decisões. Guerreiro (1989 apud PARISI, 2001, p.270) defende que o modelo de gestão
deve assegurar:
- redução do risco do empreendimento no cumprimento da missão [...];
- estabelecimento de uma estrutura de operação adequada [...];
45
- orientação geral dos esforços por meio [...] de uma filosofia de trabalho que crie
atitudes construtivas;
- adoção de um clima motivador e o engajamento de todos, principalmente
dos gestores, em torno dos objetivos da empresa e de suas atividades;
- aferição se a empresa está cumprindo sua missão ou não [...] e se o que
não foi (feito) está sendo corrigido ou aperfeiçoado;
- o conhecimento do comportamento das variáveis relativas aos ambientes
externos e internos e suas tendências [...]
A lista proposta confere ao modelo de gestão uma significativa importância para
garantir alguma estabilidade interna diante da instabilidade do ambiente em que operam
as organizações.
Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 200), há barreiras associadas ao modelo de
gestão que obstruem a efetiva implementação da estratégia: a) incapacidade dos gestores
em traduzir a sua visão estratégica em elementos executáveis por sua base operacional; b)
dissociação das estratégias corporativas das metas relativas a departamentos, times e
indivíduos; c) estratégias dissociadas das políticas de alocação de recursos e d)
fragilidade dos mecanismos de avaliação e revisão do desempenho pelos gestores, para
obtenção do necessário feedback estratégico que reoriente e reposicione os objetivos,
metas e planos táticos/operacionais.
As quatro barreiras mencionadas relacionam-se a alguns dos elementos críticos do
modelo de gestão das organizações e derivam dos sistemas gerenciais tradicionais que as
organizações utilizam para comunicar a estratégia, alocar recursos, definir e avaliar metas
e fornecer e obter feed-back estratégico. Para superar estas barreiras, Kaplan e Norton
(1997, p.200) sugerem a integração do BSC a um novo sistema de gestão estratégica.
Noutras palavras, propõem ajustes no modelo de gestão nas organizações, como
conseqüência da implantação do BSC.
Os seguintes elementos críticos do modelo de gestão constituem-se nos
pressupostos deste trabalho e relacionam-se às quatro barreiras citadas:
a) o compartilhamento da visão estratégica e a apropriação da identidade estratégica
pelos colaboradores;
46
b) a avaliação de desempenho, nos âmbitos corporativo, departamental e individual,
alinhados à estratégia corporativa;
c) o processo de elaboração e execução orçamentária e o seu grau de vinculação aos
objetivos estratégicos; e
d) o comprometimento da gestão com a identidade estratégica ( visão, missão, objetivos
).
Cada um destes elementos será a seguir discutido, sob a perspectiva de sua
integração ao BSC e a sua importância para a efetividade das organizações no
cumprimento de sua missão e validação de suas hipóteses estratégicas.
O BSC como base para o alinhamento estratégico nas organizações
Estudo comparativo conduzido por T. Stewart (1999 apud KAPLAN; NORTON,
2000, p.230) apontou que, em organizações com bom desempenho, 67% dos funcionários
têm boa compreensão das metas gerais, contra apenas 33% dos empregados nas
organizações com mau desempenho. Segundo o mesmo estudo, nas organizações com
bom desempenho, 26% dos gerentes foram considerados comunicadores altamente
eficazes, enquanto nas organizações com mau desempenho nenhum gerente foi
considerado um eficaz comunicador.
Estes dados evidenciam a importância do processo de comunicação como
combustível para que os demais elementos do modelo de gestão sejam posicionados e
alinhados a serviço da estratégia e dos resultados nas organizações. O diagnóstico de
Daniela D'ambrosio (1999 apud OLIVEIRA, PEREZ JR e SILVA, 2002, p.153-154)
entre empresas brasileiras que faturam entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões, sobre a
questão do alinhamento estratégico, é igualmente crítico:
a visão de futuro e o planejamento estratégico, quando existem, ficam na cabeça da alta administração, que não consegue transmitir tais conceitos, aos subordinados [...] 5% da alta administração dessas empresas [...] não sabe traduzir a mensagem da presidência, [...] a visão de futuro da empresa; 14% da média gerência não entende o planejamento estratégico da empresa e 48% têm uma compreensão mediana; no nível operacional, 38% dos operários não têm idéia de quais sejam as metas futuras da organização, sendo que 43% têm uma vaga noção do que se trata.
47
As organizações devem identificar e alocar as competências essenciais ao
cumprimento de sua missão e visão estratégica, descrevê-las com clareza e viabilizar
ações que gerem a prontidão dos recursos humanos para o exercício eficaz destas funções
estratégicas.
Para Kaplan e Norton (2004, p.218), a "prontidão estratégica é semelhante à
liquidez - quanto mais alto o nível de prontidão estratégica, maior a rapidez com que os
ativos intangíveis contribuirão para gerar caixa". Não basta contar com as melhores
competências e com a qualidade do capital humano. É fundamental que estas
competências sejam aquelas adequadas e alinhadas com os objetivos estratégicos e a
expectativa de resultados ao longo da cadeia de valor.
Ainda Kaplan e Norton (2004, p.218) defendem que a prontidão estratégica
somente se converte em valor tangível quando os processos internos promovem a criação
de níveis mais elevados de receita e lucro. Não basta apurar a excelência da dimensão de
aprendizagem e crescimento pelo estoque de competências instaladas na organização,
mas sim pela adequação destas competências às funções estratégicas da organização. Este
alinhamento dos ativos intangíveis com a execução da estratégia não pode prescindir de
uma ação direcionada e focada no processo de comunicação da identidade estratégica da
organização, como assevera Claus Möller (2002, p.105):
É claro que deverá existir uma "visão" da empresa irresistível e suficientemente interessante, da qual todos queiram fazer parte... você deverá também criar ferramentas específicas para implantar a visão. Será preciso nomear facilitadores ou itens indispensáveis para propiciar a mudança [...] a fim de manter o ritmo e trabalhar a favor de sua implantação.
A questão da comunicação da estratégia é o elemento crítico por excelência para a
obtenção do alinhamento estratégico dos ativos intangíveis, com destaque para o capital
humano. Para Kaplan e Norton (2000, p. 231) as empresas deveriam divulgar o BSC
internamente de forma tão intensa e entusiasmada como qualquer programa de
comunicação destinado aos clientes, investidores e fornecedores.
A questão do teor da comunicação com os funcionários é crítica nas organizações.
É fundamental que os elementos da identidade estratégica da organização sejam pautados
junto a todos os colaboradores e conectados com as metas departamentais e pessoais.
Conforme Kaplan e Norton (1997, p.208):
48
Para obter o máximo benefício, a equipe executiva deve compartilhar sua visão e estratégia com toda a empresa, bem como os principais atores externos. Comunicando a estratégia e vinculando às metas pessoais, o scorecard cria entendimento e um comprometimento compartilhado entre todos os integrantes da organização.
É imprescindível que possam ser visualizadas pelos colaboradores as conexões e
as relações de causa e efeito às quais seu desempenho está atrelado em cada dimensão do
scorecard. Kaplan e Norton (1997, p.214) lembram a necessidade de que não se abra mão
de uma intensa comunicação corporativa, a despeito do fato de que:
algumas organizações [...] optam deliberadamente por não comunicar aos funcionários o Balanced Scorecard [...] por entenderem que eles foram bombardeados nos últimos 5 ou 10 anos por todo tipo de programas de visão e mudanças e, por isso, tornaram-se descrentes e indiferentes aos pronunciamentos da cúpula sobre mais um modismo gerencial destinado a transformar radicalmente a organização...
Esta resistência não deve ser utilizada como desculpa para que o modelo de gestão
das organizações deixe de contemplar uma clara e eficaz estratégia de comunicação
interna, porquanto "a comunicação organizacional e o programa de educação não devem
ser apenas abrangentes; é indispensável também que sejam periódicos" (KAPLAN;
NORTON, 1997, p.211).
A comunicação corporativa deve evitar o modismo, constituindo-se em agenda de
aprendizagem organizacional com ânimo de permanência, insumo vital para o sucesso da
implementação estratégica em todos os níveis da organização.
Assim atestam Becker, Huselid e Ulrich (2001, p.54) sobre a prática da
comunicação corporativa:
Esclarecer a estratégia da organização, em termos exatos, exige prática. O aspecto crucial é expressar os objetivos da empresa de maneira que os empregados compreendam seu papel e a organização saiba como medir seu sucesso com base em tais parâmetros.
Um frágil processo de comunicação estratégica pode produzir a anomalia descrita
por Argyris (2002, p.110) como incompetência habilidosa, em que um indivíduo
habilidoso consegue produzir apenas o que é pretendido, num senso de auto preservação
49
que constrange o real aprendizado organizacional. Neste contexto o indivíduo freia sua
competência diante dos elementos da realidade que limitam a sua atuação.
Para Becker, Huselid e Ulrich (2001, p.167), o desempenho dos recursos humanos
nas organizações está calcado na necessidade de que os funcionários compreendam como
seu trabalho contribui para a implementação bem sucedida da estratégia. Sem foco, a
motivação e as habilidades dos colaboradores serão inúteis no longo prazo, provocando a
dispersão e desperdício dos ativos intangíveis na organização.
Para evitar esta dispersão, as áreas de recursos humanos nas organizações devem
alinhar suas práticas à estratégia de negócios, conforme Becker, Huselid e Ulrich (2001,
p. 66). Estes autores reforçam a necessidade de que as áreas de RH identifiquem e
reforçem as capacidades ou recursos essenciais relativos a pessoal, tais como
produtividade ou satisfação dos empregados, conectando sua relevância ao negócio da
organização.
Argyris (2002, p.105) propõe que as organizações executem o "modelo de duas
voltas" de comunicação e aprendizagem organizacional demonstrado na figura 2.12. Com
esse modelo, seria viabilizada a fluidez do processo de comunicação e feedback
estratégico, a partir do qual a organização se retro-alimenta e aprende com suas próprias
práticas e experiências, ajustando conexões, metas e objetivos estratégicos.
50
Figura 2.12 – Os modelos de aprendizagem e comunicação nas organizações Fonte: Elaborado a partir de Chris Argyris (2002, p.105)
A implantação do BSC nas organizações torna-se ainda mais efetiva a partir da
adoção de um modelo de comunicação e aprendizagem como o proposto por Argyris, em
que as pessoas são partícipes do processo de construção e revisão da estratégia,
comprometendo-se criticamente para validar a hipótese estratégica contida na missão de
suas organizações.
Avaliação de desempenho nas organizações a partir do BSC
A implementação da estratégia requer clareza e sistematização do processo de
comunicação corporativa. Adicionalmente, é essencial que a estratégia corporativa seja
traduzida em desempenho das unidades de negócios e dos colaboradores. Conectar o
desempenho dos colaboradores ao desempenho departamental e corporativo é desafio que
pode ser facilitado pelo uso do próprio BSC.
51
Para Becker, Huselid e Ulrich (2001, p.134), é necessário que as organizações
compreendam e mensurem adequadamente as relações causais que associam a
performance de seus recursos humanos com o desempenho global da organização. Para
esses autores, devem ser construídos indicadores que evidenciem consistentemente os
resultados individuais e evidenciem seu contributo para o resultado global.
Como exemplo, Becker, Huselid e Ulrich (2001, p.147) referem-se ao "Índice de
Envolvimento dos Empregados" criado pela GTE a partir de pesquisa interna que mede o
comportamento estratégico dos colaboradores:
A GTE descobriu que um aumento de 1% no EEI (employee engagement index)
resultava em aumento de quase 0,5% no grau de satisfação dos clientes com os serviços.
Em outras palavras, [...] testou explicitamente a hipótese de que os comportamentos dos
empregados são indicadores antecedentes indiretos de resultados estratégicos cruciais
(participação no mercado).
A proposta de balanceamento pode ser útil à visualização das conexões das metas
pessoais e departamentais com as metas corporativas. O exemplo da figura 2.13 apresenta
os diferentes níveis de indicadores individuais que são considerados para a dimensão de
clientes da empresa Mobil NAM&R:
Figura 2.13 – Indicadores de tendência de scorecard pessoais nos diferentes níveis da organização Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2000,p.263)
A elaboração de scorecards individuais (como os esboçados na figura 2.13)
associados aos quadros de indicadores corporativos possibilita a visualização e
acompanhamento, pelos colaboradores em cada nível, de sua efetiva contribuição para a
estratégia da organização. Conforme Kaplan e Norton (1997, p.230), "indivíduos
intrinsecamente motivados internalizam as metas organizacionais e se esforçam para
alcançá-las, mesmo quando não estão explicitamente vinculadas a incentivos
financeiros".
52
A motivação intrínseca dos recursos humanos nas organizações reside na
visualização de sua capacidade de contribuir para o alcance dos objetivos. Reconhecer
seu esforço e compreender como este esforço se conecta com os objetivos estratégicos
são passos que traduzem o envolvimento e comprometimento dos colaboradores com a
estratégia corporativa. Conforme Olve, Roy e Wetter (2001, p.276), "as informações
sobre a performance são necessárias [...] para permitir que os próprios empregados
avaliem o progresso deles [...] Para um empregado, ver seu próprio progresso é uma
recompensa em si".
Em um exemplo de caso brasileiro citado por Rezende (2003, p.135), o modelo de
gestão do desempenho adotado no Banco do Brasil destina-se a integrar objetivos
organizacionais e o desenvolvimento profissional do empregado, com destaque para a
contribuição aos resultados organizacionais, o estímulo ao desempenho excelente, a
vinculação dos objetivos do empregado aos de sua unidade e do Banco, o estímulo ao
auto-desenvolvimento e a evolução do desempenho individual.
O feed-back individual realizado especialmente com os ocupantes de funções de
natureza estratégica serve como instrumental de avaliação e base para o diálogo sobre o
desenvolvimento da carreira destes colaboradores na organização. Essas avaliações
podem proporcionar aos indivíduos compreensão mais nítida de seus objetivos,
competências e desempenho, além de propiciarem a elaboração de um plano de ação para
o futuro desenvolvimento pessoal.
A aferição de performance individual com apoio na avaliação de múltiplas fontes
(ou avaliação 360 graus) tem sido cada vez mais adotada como suporte nos processos de
recursos humanos nas organizações. Neste processo, o indivíduo tem sua performance
avaliada pelos superiores, por seus pares e eventuais subordinados, além de elaborar sua
auto-avaliação.
A figura 2.14 destaca a similaridade de diretrizes relacionadas à aplicação da
avaliação 360 graus e à implantação do BSC, evidenciando tratar-se de processos que,
uma vez aplicados, podem reforçar-se mutuamente com informações e resultados.
53
Figura 2.14 – O feedback 360 e o BSC – diretrizes comuns Fonte: Elaboração a partir de subsídios de Estudo Teams Inc. (2002, p.124)
A despeito da convicção de que o funcionário motiva-se pela visualização de sua
contribuição ao atingimento das metas corporativas, Kaplan e Norton (1997, p.226)
destacam que a remuneração deve, de alguma forma, estar associada a este esforço: "para
que o scorecard gere mudança de cultura, a remuneração deve estar ligada à realização
das metas [...] A questão não é se, mas quando e como a vinculação deve ser feita".
Olve, Roy e Wetter (2001, p.147) compartilham deste entendimento, quando
discutem que em um sistema de bonificação é importante que as medidas escolhidas
sejam consideradas adequadamente. Chamam a atenção para que a vinculação de
vantagens pecuniárias ao cumprimento de metas sejam consistentes e inequívocas em
relação à estratégia corporativa, evitando a concessão de vantagens e benefícios
despropositados. Já Lantelme (1999 apud CAVALCANTI, 2004, p.24) registra a
necessidade de que seja criada uma cultura de medição de desempenho que possibilite a
vinculação ao sistema de avaliação e recompensa dos recursos humanos.
O risco decorrente da vinculação da remuneração ao desempenho é que os
indicadores sejam ajustados às conexões mais aparentes, mas nem por isso corretas. Por
exemplo, o esforço de prospecção realizado por executivos da área de vendas está
conectado com o resultado das vendas, mas não no curto prazo. O esforço de captação e
ampliação dos negócios com clientes atuais somente seria visualizado após a maturação
54
do esforço do tempo presente. A tendência natural seria, no entanto, vincular vantagens
pecuniárias variáveis em função das vendas efetivamente realizadas, ainda que a
organização se beneficie, no médio prazo, do esforço realizado hoje pela equipe de
prospecção.
Kaplan e Norton (1997, p.229) defendem que "os executivos deveriam ser
remunerados por suas capacidades, iniciativas e capacidade de tomar decisões, elementos
que somente terão poder de impactar resultados a médios ou longos prazos". Para Olve,
Roy e Wetter (2001, p.146), o scorecard deve servir para dar visibilidade aos esforços de
longo prazo, devendo ser recompensados os esforços promissores de venda desde o
início.
A apropriação do BSC pelos gestores e funcionários não pode prescindir de que
sejam elaborados mecanismos de vinculação do desempenho individual ao desempenho
corporativo, sob pena de o Balanced Scorecard transformar-se, no médio prazo, em item
de pauta apenas da cúpula das organizações.
Execução orçamentária orientada para a estratégia com o suporte do BSC
Para Kaplan e Norton (1997, p.248), o esforço de elaboração dos mapas
estratégicos e da qualificação das relações de causa e efeito e elaboração de indicadores
em cada uma das dimensões do BSC não tem sido suficiente para garantir a alocação dos
recursos orçamentários e financeiros para as ações e iniciativas estratégicas.
O fato é que, por mais inspiradoras que sejam a visão, missão e objetivos
estratégicos, por mais adequadas que sejam as conexões desenhadas nos mapas
estratégicos e por mais que os colaboradores e a liderança da organização estejam
investidos do compromisso com as iniciativas estratégicas, inclusive por meio do uso de
BSCs individuais, o caráter imperativo determinado pelas metas e volumes descritos no
tradicional orçamento anual determinam o que será feito e com quanto será feito.
Esta supremacia do orçamento tradicional resulta da facilidade com que o mesmo
é acompanhado em curtos períodos de tempo, de forma direta e objetiva. Ou seja, torna-
se prevalente a ferramenta que está à mão - o orçamento tradicional - ainda que a
55
ferramenta que impulsionará a empresa para o futuro - o Balanced Scorecard - tenha sido
satisfatoriamente elaborada.
No caso da Chem-Pro, fabricante de produtos industrializados à base de
polímeros, descrito por Kaplan e Norton (1997, p.252-253), alguns passos foram
seguidos para reorientar as prioridades do orçamento de capital, em função dos dados
consignados no BSC. Todos os programas de orçamento de capital e despesas
discricionárias foram identificados, e somente os que apoiavam uma iniciativa estratégica
foram mantidos (com esta medida, 40% dos programas elencados foram eliminados).
Numa segunda rodada somente os que impactavam os objetivos estratégicos listados no
BSC foram mantidos (mais 10% dos programas originais foram eliminados).
Hope e Fraser (apud KAPLAN; NORTON, 2000, p.292) descrevem criticamente
o procedimento de execução orçamentária tradicional:
O orçamento tradicional promove a centralização das decisões e da responsabilidade, converte o controle financeiro em evento anual de outono, absorve recursos significativos em toda a organização e atua como barreira à sensibilidade e agilidade em relação ao cliente.
São importantes os esforços de previsão de receitas, investimento, custos,
margens de contribuição, lucratividade e rentabilidade, entre uma série de outras medidas
que normalmente compõem o orçamento empresarial. A questão levantada relaciona-se à
fragilidade da conectividade do orçamento com o planejamento estratégico das
organizações. Como atestam Kaplan e Norton (1997, p.257), o planejamento estratégico
de longo prazo deve estar vinculado ao orçamento operacional de curto prazo, para que a
ação vincule-se à visão.
Kaplan e Norton (2000, p.293) chamam esta aproximação do longo para o curto
prazo de "procedimento de descida", e sugerem os seguintes passos para o trajeto das
questões "macro" para as ações e metas de curto prazo:
a) escrever a estratégia nos termos das conexões causais e dimensões financeiras e não
financeiras do BSC;
b) definir metas distendidas para cada indicador, referentes a tempos futuros específicos;
c) identificar iniciativas estratégicas em cada uma das dimensões do BSC e necessidades
de recursos (humanos, materiais, financeiros) para suportá-las e
56
d) aprovar e alocar os recursos, monitorando a execução e os resultados de cada etapa.
As iniciativas estratégicas devem ainda ser especificadas em rubricas de controle
em separado, que permitam o adequado monitoramento e avaliação das iniciativas
estratégicas destacadas no Balanced Scorecard. As distinções entre o orçamento
operacional e o orçamento estratégico são destacadas na figura 2.15.
Figura 2.15– Orçamento operacional x Orçamento estratégico Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2000, p.301-305)
Para Lunkes (2002, p.57), as organizações devem implantar um novo sistema
orçamentário, que esteja integrado à estratégia geral da empresa. Segundo este autor, os
seguintes passos devem ser seguidos: relacionar estratégia e o orçamento, ampliar sua
gama de informações, construir um sistema dinâmico de avaliação, integrar o orçamento
à cultura empresarial e torná-lo mais flexível. Noutras palavras, este receituário implica
em traduzir inclusive as medidas não financeiras do BSC por meio da peça orçamentária
(loop estratégico do BSC, segundo Lunkes).
Olve, Roy e Wetter (2001, p.287) discutem os méritos da execução orçamentária à
luz do BSC, em contraposição à rigidez do modelo de execução orçamentária tradicional.
57
Figura 2.16 – Orçamento tradicional x Orçamento no contexto do BSC Fonte: adaptado de Olve, Roy e Wetter (2001, p.287)
O orçamento no contexto do BSC pode fornecer o referencial e a disciplina para
selecionar programas e identificar lacunas onde as iniciativas estratégicas serão valiosas.
A peça orçamentária, à luz do BSC, pode converter-se em efetivo instrumento de gestão
ancorada nos objetivos de longo prazo e de suporte à tomada de decisões no curto prazo,
como sugere a figura 2.16..
Noutras palavras, o orçamento sob a égide do BSC pode vir a transformar-se
numa ferramenta poderosa de execução de curto prazo, ancorada e sustentada nos
objetivos estratégicos de longo prazo da organização.
O comprometimento dos gestores com a estratégia
Os elementos do modelo de gestão, até o momento discutidos, são discriminados
na figura 2.17, em conexões que retro-alimentam e dão efetividade ao uso do Balanced
Scorecard como indutor e catalisador dos elementos do modelo
58
Figura 2.17 – Elementos do modelo de gestão no contexto do BSC Fonte: Elaborado a partir de diversas informações
A partir da definição da visão e objetivos estratégicos e elaboração de indicadores
e metas, cumpre que a organização proceda a intenso processo de alinhamento e
compartilhamento estratégico. A conexão da avaliação de desempenho e da execução
orçamentária à hipótese estratégica do BSC garante sua sustentação e incorporação às
práticas organizacionais. As questões da reflexão estratégica e obtenção de feed-back
pelas lideranças são imperativas para fechar o ciclo virtuoso de execução estratégica a
partir do Balanced Scorecard.
Especialmente os gestores e líderes não devem descuidar-se de manter a
capacidade da organização de continuar pensando estrategicamente. Assim reflete Bennis
(2002, p.38) sobre este temário:
[...] a maioria das organizações não tem tempo suficiente para a reflexão, para repensar o que está acontecendo em seu próprio ambiente empresarial. É assombroso constatar que as organizações e as pessoas que as compõem não contam com uma estrutura feita para a reflexão. É fundamental
59
colocar-se um passo à frente e ter alguma perspectiva sobre o que está acontecendo, especialmente quando os cenários das empresas tornam-se cada dia mais complicados.
A reflexão estratégica nas organizações não pode estar sujeita a eventos anuais de
elaboração de seu planejamento, oportunidade em que, normalmente em regime de
imersão, executivos, gerentes e colaboradores "olham para trás", evidenciando o que deu
errado, e firmam entusiasticamente novos compromissos para o próximo exercício.
As pesquisas conduzidas por Kaplan e Norton (2000, p.24) com as empresas
americanas de sua amostra indicaram que 85% das equipes de gerentes investem menos
de uma hora por mês na discussão e revisão da estratégia. Para transformar a questão da
estratégia em temário periódico nas organizações, Kaplan e Norton (1997, p.262)
advogam que os executivos das organizações precisam receber feedback sobre as
turbulências do mundo competitivo, uma vez que a estratégia planejada talvez já não seja
válida. Citam ainda Mintzberg (1987 apud KAPLAN; NORTON, 1997, p.263) para
registrar o caráter processual da elaboração estratégica:
As estratégias são incrementais e surgem ao longo do tempo, podem ser superadas pela realidade, formulação e pela implementação se confundem, idéias estratégicas podem surgir em todos os setores da organização, a estratégia é um processo.
Os gestores devem revisar sistematicamente a estratégia, o que já será um passo
adiante do foco exclusivo da maioria dos sistemas de análise gerencial que se limitam aos
processos em nível operacional. "É preciso que os gerentes se envolvam num processo de
aprendizado de loop duplo que possibilite o exame dos pressupostos subjacentes à
estratégia" (KAPLAN; NORTON, 2000, p.318).
Esta abordagem equivale ao modelo de aprendizado de duas voltas proposto por
Argyris (2002, p.109), em que "corrige-se o erro uma vez detectado, mas só depois de os
valores inerentes ao modelo serem revistos". Este aprendizado impõe a adaptabilidade e a
flexibilidade, em que líderes e colaboradores questionam e aprimoram os fundamentos, e
não apenas as conseqüências aparentes da estratégia adotada em sua organização.
A recepção de feedback pode se dar por meio dos âmbitos externo e interno da
organização. Segundo Kaplan e Norton (2000, p.326), o feedback externo pode ser obtido
quando da análise de ameaças e oportunidades, traduzidas no contexto de iniciativas,
vetores, indicadores e ações do próprio BSC. Já o feedback interno emerge na medida em
60
que a cultura corporativa da organização pode estar reagindo negativamente à dinâmica
proposta por meio do Balanced Scorecard. Hunger e Wheelen (2002, p.201) lembram a
atenção que gestores e líderes devem ter quanto à tradução dos indícios e mensagens das
reações internas em relação à estratégia:
Embora a cultura da corporação possa ser mudada, muitas vezes isso pode levar muito tempo e exigir muito esforço. Portanto, uma função-chave da gerência é avaliar 1) o que uma determinada alteração de estratégia significará para a cultura corporativa, 2) se será necessária uma modificação da cultura e 3) se os prováveis custos da mudança de cultura fazem com que valha a pena tentá-la.
Ainda que fornecer, receber, processar e dar respostas aos feedbacks fornecidos
pela ambiência interna e pela dinâmica cultural da própria organização sejam processos
dos quais todos os colaboradores possam participar, são responsabilidade fundamental
das lideranças nas organizações.
Para Bennis (2002, p.35), compete ainda aos líderes:
a) apontar a direção e atribuir significado, propósito ao trabalho; cabe à liderança
estimular a organização, por meio do planejamento estratégico, a encontrar e validar sua
identidade estratégica;
b) gerar um clima positivo de confiança, sem posicionar-se como gurus enrustidos,
imprimindo à equipe uma convicção estratégica ancorada nos valores e crenças
compartilhados; e
c) buscar e motivar a construção de resultados.
Para Bennis (2002, p.43), "um grande visionário afastado da realidade será como
um poeta que vive em algum lugar remoto". Ainda que responsável pela inspiração e
motivação permanente de sua organização, a liderança não pode apartar-se da noção de
resultados.
Além do comprometimento com os referenciais estratégicos, cabe aos líderes
gerar o clima organizacional que favoreça a apropriação da estratégia e a multiplicação
do comprometimento crítico e consciente junto aos funcionários.
A aplicação do BSC em organizações sem fins lucrativos
61
Seja como ferramenta de medição estratégica, seja como sistema de gestão, o
Balanced Scorecard tem apelo significativo para organizações sem fins lucrativos, aí
inseridos órgãos e entidades públicas, entidades privadas de natureza para-estatal, além
de organizações filantrópicas e não-governamentais.
Kaplan e Norton (1997, p.188) lembram que nas organizações sem fins lucrativos
"a perspectiva financeira [...] representa uma limitação, não um objetivo [...] Essas
instituições devem limitar seus gastos a quantias orçadas". Destaque-se, entretanto, que a
contenção de despesas não implicará necessariamente (talvez até pelo contrário) o
atingimento dos objetivos (a razão de ser) de determinada organização sem fins
lucrativos.
A lição a ser aplicada nestes casos consiste em considerar a dimensão financeira
como provedora da sustentação das ações. Enquanto nas organizações que devem dar
lucro os objetivos da dimensão financeira são viabilizados pelas demais dimensões, nas
organizações sem fins lucrativos essa dimensão opera como viabilizadora dos objetivos
centrados nos clientes. Segundo Kaplan e Norton (1997, p.189), nestas organizações
"devem ser definidos objetivos tangíveis para clientes e participantes. As condições
financeiras devem desempenhar um papel favorecedor ou inibidor, mas raramente serão o
objetivo básico".
O BSC, neste tipo de organização, pode ser utilizado como uma poderosa
ferramenta de comunicação interna e externa, como sugerem Kaplan e Norton (1997,
p.197):
O scorecard oferece a base lógica para a existência dessas organizações (servir clientes e partes interessadas, além de manter os gastos dentro dos limites orçamentários) e comunicação externa e internamente os resultados e os vetores de desempenho pelos quais a organização realizará sua missão e alcançará seus objetivos estratégicos.
O exemplo da figura 2.18 evidencia os objetivos estratégicos que referenciam o
propósito de longo prazo do Sistema Escolar do Condado de Fulton, suportado na base
pela adequada gestão fiscal (dimensão financeira). Organizações sem fins lucrativos
devem registrar, como no exemplo, objetivos claros e abrangentes, como a redução da
pobreza ou melhoria do meio ambiente.
62
Figura 2.18 – O mapa estratégico do sistema escolar do Condado de Fulton, nos EUA Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2004, p. 441)
Como discutido, neste mapa estratégico há um ajuste no foco do BSC, com a
dimensão financeira sendo colocada na base, destinada exclusivamente à sustentação dos
objetivos estratégicos, por sua vez estreitamente relacionados à dimensão do cliente.
Neste tipo de organização há uma ampliação do conceito de clientes ou de beneficiários
de sua atuação. É o que evidencia o exemplo da figura 2.18, em que, além dos próprios
alunos, os pais e a própria comunidade são diretamente interessados nos resultados da
organização, devendo receber a atenção da gestão, na qualidade de mantenedores de sua
sustentabilidade fiscal.
Conforme Kaplan e Norton (2000, p. 173), nestes scorecards:
os clientes "são guindados ao topo dos mapas estratégicos do balanced scorecard [...] uma vez que, em última instância, a prestação de serviços eficazes aos clientes explica a própria razão de ser da maioria das entidades governamentais e sem fins lucrativos [...] Além disso, também é possível [...] sinalizar a importância de satisfazer aos doadores e aos cidadãos que fornecem financiamento para os serviços prestados pela organização.
63
Cabe registrar o caso analisado pela Balanced Scorecard Collaborative (BSCOL,
2005), em que é evidenciado o gigantesco esforço de alinhamento estratégico para mais
de 1 milhão e quinhentos mil componentes das Forças Armadas norte-americanas.
Conforme este relato, foram desenvolvidos mais de 300 scorecards para as diferentes
unidades, com evidências de melhorias na comunicação, comprometimento e medição de
performance.
Há uma questão adicional a ser considerada quanto à aplicação do BSC em
organizações sem fins lucrativos. É que elas têm a tendência de usar mais indicadores de
produto do que de resultado. Ora porque os indicadores de resultado não estão
disponíveis ou não são recuperados com tanta facilidade, ora porque os indicadores de
esforço (ou de produto) evidenciam a energia dispensada em benefício de seus clientes.
Deixar-se-ia, assim, para a sociedade, por meio de seus representantes a tarefa de avaliar
os benefícios desses produtos em comparação com os custos (KAPLAN; NORTON,
2000, p. 148).
Relatório do Escritório Nacional Sueco de Auditoria (1994 apud OLVE; ROY;
WETTER, 2001, p.317) evidencia a dificuldade com estes indicadores:
Os indicadores são usados quando é difícil medir os resultados de uma operação -
os resultados são difíceis de obter ou são imprecisos, ou a medição requer métodos que
não tenham sido ainda desenvolvidos completamente [...] É essencial que os que usam e
recebem as informações concordem sobre os indicadores e a relevância deles.
As organizações sem fins lucrativos são normalmente acompanhadas por
mecanismos de governança na forma de conselhos com participação multidisciplinar da
sociedade, aos quais deve-se prestar contas. Citando o caso da Boston Lyric Opera,
Kaplan e Norton (2004, p.450) demonstram que o BSC tornou-se uma ferramenta
gerencial para a determinação de prioridades, para motivar os empregados, para o
alinhamento e prestação de contas junto ao Conselho de Administração e para a
solicitação de apoio externo.
Como discutido, o BSC, como ferramenta de mensuração estratégica, pode
cumprir papel fundamental de fortalecimento das condições de sustentação e efetividade
de resultados nas organizações que não têm em sua gênese o objetivo de remunerar o
64
capital de acionistas, mas sim prestar, de forma efetiva, eficaz e eficiente, serviços aos
seus clientes ou beneficiários.
2.2 Medidas e Indicadores de Desempenho
Crias medidas e instrumentos de desempenho padronizados sempre foi um desafio
para a humanidade. Todas as organizações, independente do segmento empresarial em
que atuam, precisam de medidas confiáveis e indicadores que permitam mensurar o
desempenho de suas atividades.
As medidas de desempenho foram estabelecidas nos anos 20 e 30 do século XX,
paralelamente às técnicas de gerenciamento dos sistemas de manufatura (Figueiredo,
2002). Passados mais de setenta anos, os modelos tradicionais de medição de
desempenho, já não respondem mais às necessidades das organizações modernas.
Em um ambiente cada vez mais complexo e competitivo, o aumento da
concorrência, o surgimento de novos métodos de produção, novas tecnologias, novas
formas de organização das empresas, etc, obriga, cada vez mais, que as organizações não
só tenham, mas revisem e atualizem seus sistemas de indicadores de desempenho.
Chiavenato e Cerqueira Neto (2003, p.37) afirmam que “toda a organização
precisa ser transparente e clara nas suas relações com acionistas, clientes, intermediários,
fornecedores, funcionários, comunidade e governo”. Esta condição, de acordo com os
autores, visa apresentar os resultados de suas estratégias e operações de maneira
inteligente e compreensível a todos os parceiros, aliados e concorrentes.
Para Moreira (1996), a medição de desempenho deve estar alinhada com as
estratégias pré-estabelecidas do negócio, de tal forma que faça sentido de um ponto de
vista estratégico. Atingir as estratégias definidas é um dos maiores desafios das
organizações. Como saber se as estratégias serão atingidas? Como saber se as estratégias
definidas levarão ao atingimento da visão da organização? Como podem as organizações
medir o desempenho de suas atividades em um ambiente complexo, dinâmico e
globalizado?
Um sistema de indicadores de desempenho deve permitir que ações corretivas
sejam tomadas quando necessário. Para Chiavenato e Cerqueira Neto (2003, p.69), “um
sistema de medição funciona como um painel de controle para a organização”.
65
Para que as estratégias da organização sejam atingidas, a performance de cada
processo deve ser melhor possível. A avaliação permanente dos mesmos torna-se então
vital para a empresa. Hansem (2001) define processo como sendo um conjunto de
atividades destinado a produzir um bem ou serviço – intermediário ou final, com
agregação de valor ao cliente.
Um processo deve ser visto como uma cadeia de agregação de valores. Pela sua
contribuição para a criação ou entrega de um produto ou serviço, cada etapa de um
processo deve acrescentar valor às etapas precedentes (Rummler; Brache, 1994, p.55).
Hronec (1994, p.5) sustenta que o sistema de medição de desempenho é como
sinais vitais da organização:
Eles informam às pessoas o que elas estão fazendo, como elas estão se saindo e se elas estão agindo como parte do todo. Eles comunicam aquilo que é importante a toda a organização: a estratégia da gerencia do primeiro escalão para os demais níveis, resultado dos processos desde os níveis inferiores até o primeiro escalão e controle e melhoria dentro dos processos.
A figura 2.19 apresenta como ocorre a integração entre estratégia do negócio,
processos, medição de desempenho e satisfação do cliente.
“Medir é importante: o que não é medido não é gerenciado” (Kaplan; Norton,
1997, p.21). Para os autores, as empresas devem utilizar sistemas de gestão e medição de
desempenho derivado de suas estratégias e capacidades.
Este trabalho abordará alguns dos mais difundidos modelos de medição de
desempenho. Os modelos a serem estudados foram escolhidos pelo pesquisador, a partir
do seu conhecimento prévio de cada um, da curiosidade para o aprofundamento da
pesquisa e da disponibilidade de tempo para a realização do estudo com vistas as
principais características de cada modelo. Serão analisados os seguintes modelos:
a) modelo de Rummler e Brache (1994) – ótica dos processos;
b) modelo de Hronec (1994) – Quantum Performance;
c) modelo de Kaplan e Norton (1992,1993,1996,1997) – Balanced Scorecard.
66
Figura 2.19 – O Atingimento das estratégias através dos processos Fonte: Hansen (2001,p.24) A seguir, esses modelos detalhados e comentados. 2.2.1 O Modelo de Rummler e Brache – Ótica de Processos
Para Rummler e Brache (1994), a empresa deve ser analisada como um sistema.
Assim, será possível uma compreensão de todas as atividades desenvolvidas na busca do
melhor desempenho.
Tradicionalmente, as empresas estão organizadas em departamentos e setores.
Cada um realiza suas atividades de forma separada, buscando individualmente dar o
melhor de si.
Alguns departamentos atingem altos índices de desempenho, o que muitas vezes
não traduz o desempenho da organização como um todo.
O modelo tradicional de estrutura das organizações não consegue atender as
exigências do mercado. Lacunas aparecem entre os departamentos, impedindo assim uma
visão do serviço/produto como um todo. A figura 2.20 apresenta, de forma simplificada,
a visão clássica de uma organização e as lacunas existentes entre os departamentos.
67
As lacunas aparecem entre os departamentos da mesma empresa e entre os setores
do mesmo departamento. São como zonas cinzentas dentro da organização. As lacunas
originam-se da não integração dos processos entre os departamentos e setores, resultando
assim na fragmentação e descontinuidade de tarefas e atividades, gerando
descontinuidades e insatisfação de clientes. Estas lacunas acabam por impedir que o
desempenho de um produto/serviço e, conseqüentemente, da organização como um todo,
estejam de acordo com o planejado.
Figura 2.20 – Visão clássica da organização e as “lacunas”
A visão sistêmica da empresa é fundamental para o sucesso do seu desempenho.
Para melhor entendimento do modelo proposto, os autores propõem três níveis de
organização da empresa: nível da organização, nível dos processos e nível do
trabalho/executor.
Nível I – da organização
No nível da organização, é proposta a elaboração do Mapa de Relacionamentos,
no qual os processos dentro e fora da empresa são identificados, o que permite identificar
os espaços entre os quadros do organograma (Rummler, Brache, 1994).
Os mapas de relacionamentos possibilitam: a) entender como cada trabalho é
feito; b) identificar entradas ou saídas inexistentes, desnecessárias, confusas ou mal
68
direcionadas (fios desligados); c) desenvolver relacionamentos funcionais que eliminem
os fios desligados; d) avaliar meios alternativos de agrupar pessoas e estabelecer
hierarquias.
Nível II – dos processos
No nível dos processos, Rummler e Brache (1994) sugerem uma avaliação mais
profunda de como o trabalho é executado na organização. Para isto são avaliadas três
variáveis: a) objetivos do processo, b) projeto do processo e o c) gerenciamento do
processo.
Os objetivos dos processos podem ser externos, movidos por necessidades dos
clientes externos, e podem ser também internos, devendo estar em sintonia com as
necessidades dos clientes internos.
Os processos devem ter caminhos lógicos e serem projetados de acordo com as
demandas dos clientes, mesmo que sejam processos que atendam somente a clientes
internos, o seu objetivo deve estar relacionado ao cliente externo.
Cada função existe para servir às necessidades de um ou mais clientes internos ou
externos. Caso uma função sirva a clientes externos, deve ser medida quanto ao grau em
que seus produtos e serviços atendem às necessidades dos clientes. Caso sirva apenas a
clientes internos, uma função deve ser medida pelo modo como atende às necessidades
daqueles clientes e com base no valor que acrescenta, em última análise, ao cliente
externo. (Rummler, Brache, 1994, p.28)
Nível III – do trabalhador-executor
Por fim, os autores sustentam que no nível de trabalho/executor nenhum processo
na organização terá êxito sem a sua correta execução por parte dos funcionários.
Processos bem definidos e com objetivos claros por si só não garantem sucesso. Para
Rummlet e Brache (1994), nem sempre um processo pouco eficiente e eficaz é resultado
de pouco empenho por parte do elemento humano. As falhas muitas vezes decorrem de
69
problemas no próprio processo. Os autores sugerem que o trabalho seja gerenciado
através de uma visão mais ampla do desempenho humano.
Para a implantação da estratégia e garantia de desempenho da organização, o modelo
de Rummler e Brache (1994) propõe que os três níveis da organização sejam gerenciados
respondendo as seguintes perguntas:
a) Nível I da organização,
-objetivos: quais objetivos específicos do cliente e financeiro vamos estabelecer e
acompanhar? ;
-estrutura: quais ligações internas cliente-fornecedor precisamos para atingir nossa
vantagem sobre a concorrência? ;
-gerenciamento: quantos e que tipos de recursos precisamos alocar para as
diversas funções?
b) Nível II dos processos,
-objetivos: quais os objetivos para os processos que são críticos para obter
vantagem sobre a concorrência? ;
-estrutura: o que fazemos para garantir que nossos processos estrategicamente
críticos estejam funcionando com eficiência e eficácia? ;
-gerenciamento: como garantimos que nossos processos críticos estejam
constantemente gerenciados?
c) Nível III do trabalhador/executor,
-objetivos: quais objetivos de trabalho são mais críticos ao sucesso do processo (e,
por sua vez, à estratégia)? ;
-estrutura: o que estamos fazendo para projetar cada um desses cargos-chave de
modo que eles dêem sua melhor contribuição para o sucesso estratégico? ;
70
-gerenciamento: o que estamos fazendo (feedback, treinamento, incentivos) para
criar um ambiente que suporte cada contribuição estratégica dada ao cargo?
A figura 2.5 apresenta o impacto de uma estratégia claramente definida sobre os
três níveis da organização, segundo Rummler e Brache (1994).
No modelo proposto por Rummler e Brache (1994) a estrutura dos três níveis
contribui de duas formas para estratégia da organização: a) para o desenvolvimento:
responder as perguntas de um a onze (figura 2.21) permite uma análise de todas as
variáveis estratégicas; b) para a implementação: responder às perguntas de doze a
quatorze (figura 6) garante que a visão estratégica torne-se uma realidade organizacional.
Figura 2.21 – O Impacto da estratégia sobre os componentes de uma organização
Fonte : Rummler e Brache (1994,p.102)
2.2.2 O Modelo de Hronec – quantum performance
Hronec (1994) apresenta o modelo denominado Quantum Performance (Modelo
Quantum de Medição de Desempenho) que tem por objetivo fornecer a estrutura
necessária para desenvolver, implementar e utilizar as medidas de desempenho para o
71
gerar desempenho superior da organização. O modelo Quantum Performance, pode ser
visto na figura 2.22.
Figura 2.22 – Dimensões da medição de desempenho – quantum performance Fonte: Hronec (1994,p.17)
No modelo Quantum Performance a criação de valor e serviço são decorrentes das
categorias ou dimensões:
a) qualidade: quantifica a excelência do produto ou serviço;
b) custo: mede a excelência do processo;
c) tempo: quantifica o lado econômico da excelência.
Para Hronec (1994), a excelência é definida pela parte interessada. O relacionamento
entre as três categorias permite otimizar os processos e garantir os resultados de toda a
organização.
O Modelo Quantum de Medição de Desempenho é definido por Hronec (1994) como
a estrutura de indicadores que orientados pela estratégia da organização e com base nas
categorias definidas, permite medir o desempenho de toda a organização.
A figura 2.23 apresenta o Modelo Quantum de Medição de Desempenho.
72
Figura 2.23 – Modelo quantum de medição de desempenho Fonte: Hronec (1994,p.22)
Hronec (1994) propõe que a estrutura de indicadores esteja baseada em quatro
categorias: os geradores (drivers), os facilitadores (enablers), os processos e a melhoria
contínua.
Geradores
Os geradores (drivers) constituem os interessados, as melhores práticas do
ambiente e a liderança. Para o autor, estes são os melhores condutores de um processo de
medição de desempenho.
A estratégia da organização é elaborada com base nestes geradores. Por isso,
todos os indivíduos relacionados com a organização e com algum processo, devem ser
identificados para tem suas necessidades atendidas. Os interessados são identificados por
Hronec (1994) como sendo clientes, empregados e acionistas, pois todos possuem algum
73
tipo de relacionamento com a organização. O ambiente é definido pelo autor como sendo
a concorrência, regulamentações, recursos, etc.
Facilitadores
Os facilitadores (enablers), por meio da comunicação, permitem o apoio
necessário à implementação das medidas de desempenho (Hronec, 1994).
O autor apresenta os facilitadores em quatro categorias: comunicação,
recompensa, treinamento e benchmarking.
Com as medidas de desempenho podem ser comunicadas em toda a organização?
Pelo treinamento. Como a organização pode mudar a forma de as pessoas fazerem as
coisas? Por meio de recompensas. Como as Melhores Práticas podem ser usadas como
alvo no estabelecimento de metas? Pelo benchmarking (Hronec, 1994, p.23)
Processos
Os processos é o terceiro elemento do Modelo. Para Hronec (1994), as metas
geradas através das estratégias, são atingidas através dos processos. Assim, os processos
devem ser monitorados através de medidas de resultado, atividades-chave e a avaliação
constante.
Melhoria contínua
Por fim, Hronec (1994) apresenta a melhoria contínua como um sistema de retro -
alimentação de todo o sistema de medição de desempenho, que garante inovações e
avanços significativos de produtividade e qualidade.
O Modelo proporciona feedback para a melhoria contínua, para o estabelecimento
de novas metas e para o ajuste da estratégia (Hronec, 1994).
74
O objetivo do Modelo desenvolvido por Hronec (1994) é desenvolver medidas de
desempenho com foco em custo, qualidade e tempo, que garantem a geração de valor e
serviço para os interessados.
2.2.3 O Modelo de Kaplan e Norton – Balanced Scorecard
O modelo proposto por Kaplan e Norton (1997) tem por objetivo medir o
desempenho das organizações, com base em um conjunto de medidores de performance
que engloba diversas perspectivas de avaliação do desempenho à luz das estratégias da
organização.
A estratégia, segundo Kaplan e Norton (2000), não é um processo isolado, é parte
da missão da organização que deve ser traduzida em ações alinhadas entre si.
Neste sentido, Kaplan e Norton (1992) apresentam o Balanced Scorecard (BSC),
que se constitui em um modelo de medição de desempenho baseado em quatro
perspectivas que devem ser o foco de desenvolvimento de indicadores de desempenho
para a organização.
Com uma visão clara e estratégias bem definidas, Olve, Roy e Wetter (2001)
afirmam que será possível a organização definir, com base em cada uma das perspectivas,
os objetivos estratégicos, medidas de desempenho, metas e planos de ação. Cada
perspectiva ensejará a definição de um scorecard de indicadores de desempenho, que
complementarmente às medidas financeiras, auxiliarão os executivos a selecionar
indicadores, com foco na visão estratégica.
São quatro as perspectivas apresentadas por Kaplan e Norton (1992, 1993, 1996,
1997), para medir o desempenho das estratégias das organizações:
a) perspectiva financeira;
b) perspectiva dos clientes;
c) perspectiva dos processos internos;
d) perspectiva do crescimento e aprendizagem.
75
A figura 2.24 apresenta como se dá a relação entre a visão e estratégia da organização
e as perspectivas propostas.
Para Kaplan e Norton (1996) o Balanced Scorecard supera a visão tradicional de
medidas financeiras, criando medidas de desempenho para clientes (perspectivas dos
clientes), processos internos (perspectiva interna) e aprendizagem e crescimento
(perspectiva do aprendizado e crescimento).
Para Kimura et al. (1999, p.3), a ênfase excessiva em medidas financeiras pose
“viezar a avaliação de desempenho, haja vista que muitas variáveis presentes no contexto
da empresa dificilmente podem ser apropriadamente traduzidas em termos financeiros”.
Figura 2.24 – Balanced Scorecard – Perspectivas Fonte: Kaplan e Norton (1997,p.10)
A tabela 26 apresenta as perspectivas propostas pelos autores com exemplos de
medidas de desempenho.
76
Figura 2.25 – Perspectivas do BSC e medidas genéricas de desempenho Fonte: Kaplan e Norton (1997,p.44)
O BSC tem o poder de ser mais do que um sistema de medidas. “O verdadeiro
poder do Balanced Scorecard, todavia, ocorre quando deixa de ser um sistema de
medidas e se transforma em um sistema de gestão estratégica”. (Kaplan; Norton, 1997,
p.20).
Neste sentido, o BSC apresenta as seguintes características (Kaplan; Norton,
1996,1997):
a) esclarecer e obter consenso com relação à estratégia;
b) comunicar a estratégia a toda a empresa;
c) alinhar as metas departamentais e pessoas à estratégia;
d) associar os objetivos estratégicos com as metas de longo prazo e orçamentos
anuais;
e) identificar e alinhar as iniciativas estratégicas;
f) realizar revisões estratégicas periódicas e sistemáticas;
g) obter feedback para aprofundar o conhecimento da estratégia e aperfeiçoa-la
O Balanced Scorecard preenche a lacuna existente na maioria dos sistemas gerenciais
– a falta de um processo sistemático para implementar e obter feedback sobre a
estratégia. Os processos gerenciais construídos a partir do scorecard asseguram que a
organização fique alinhada e focalizada na implementação da estratégia de longo prazo.
Assim entendido, o balanced scorecard torna-se a base para o gerenciamento das
empresas na era da informação (Kaplan; Norton, 1997, p.20).
A figura 2.26 apresenta o Balanced Scorecard como estrutura para a tradução da
estratégia em termos operacionais.
77
Figura 2.26 – Balanced Scorecard – como estrutura para a ação estratégica Fonte: Kaplan e Norton (1997,p.12)
Cada uma das perspectivas do Balanced Scorecard é apresentada a seguir.
Perspectiva financeira
“Os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos e medidas das outras
perspectivas do scorecard”(Kaplan; Norton, 1997, p.49).
Dependendo do tipo de organização, as medidas de desempenho financeiro podem
se diferenciar de acordo com a área de atuação, características específicas etc. Mas, para
qualquer organização, as medidas e indicadores de desempenho financeiro apresentam,
segundo Kaplan e Norton (1992),a função de definir o desempenho financeiro da
estratégia, bem como ser a base (meta principal) para os objetivos e medidas das outras
perspectivas.
Os indicadores de desempenho elaborados na perspectiva financeira podem diferir de
organização para organização, dependendo do estágio em que ela se encontra (Kaplan:
Norton, 1992,1997). Os autores classificam o estágio das organizações em três níveis:
a) Crescimento: encontra-se nesta fase, as organizações em estágios iniciais de vida
e que por isso possuem produtos e serviços com considerável potencial de
crescimento. As organizações que estão nesta fase devem medir o consumo de
recursos para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, percentual de
crescimento da receita e do aumento de vendas (para clientes e mercados);
78
b) Sustentação: encontra-se, nesta fase, a grande maioria das organizações que já
estão estabelecidas. Estas empresas devem medir lucratividade de produtos e
serviços, nível de capital investido, retorno sobre o investimento e valor
econômico agregado.
c) Colheita: encontra-se nesta fase, organizações já maduras. São as organizações
que já passaram pelas fases anteriores e, por isso, preocupam-se em maximizar o
fluxo de caixa. Nesta fase, as organizações buscam projetos com retorno rápido, e
devem medir a necessidade de capital de giro e fluxo de caixa operacional.
Perspectiva dos clientes
A perspectiva dos clientes permite à empresa alinhar suas competências genéricas
em relação aos clientes – satisfação, fidelidade e lucratividade – com medidas específicas
de desempenho em segmentos específicos de clientes e mercados à luz da estratégia da
organização. (Kaplan; Norton, 1997).
Para Lãs Casas (1999), todo o esforço organizacional para a produção de produtos
e serviços de qualidade começa com o cliente e se realimenta com seu feedback.
A única forma de administrar uma organização com vistas a maior rentabilidade
possível é através do constante exercício de ouvir o cliente (Whiteley, 1999). Nesta linha,
o autor sugere que a organização deve em primeiro lugar determinar quem deve ser seus
clientes baseados na sua visão.
A seguir, a organização deve conhecer seus clientes identificando suas
necessidades e expectativas (atuais e futuras). E, por fim, o autor sugere que toda a
organização “deve medir cada ação em relação às necessidades e expectativas dos
clientes, e lutarem constantemente de modo a superar essas expectativas” (Whiteley,
1999, p.21).
Para Kaplan e Norton (1993), a segmentação do mercado é necessária. Os clientes
não são homogêneos. Valorizam os atributos dos produtos e serviços de forma diversa de
acordo com suas preferências.
79
Como medidas genéricas de desempenho para a perspectiva dos clientes, Kaplan e
Norton (1997) propõem cinco grupos de medidas apresentados na figura 2.27..
Figura 2.27 – Perspectiva do cliente: medidas genéricas Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997,p.72)
Estas medidas genéricas a todas as organizações devem ser adaptadas às
realidades de cada uma de acordo com o perfil de sua clientela. Na figura 2.28 é
apresentado como estas medidas genéricas podem contribuir para o aumento da
lucratividade e crescimento da organização.
Figura 2.28 – Impacto das medidas genéricas na participação de mercado para a empresa Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997,p.72)
Satisfação dos clientes é um tema que este trabalho não pretende explorar
detalhadamente. Porém, clientes satisfeitos garantem continuidade dos negócios e
manutenção /melhoria da lucratividade (Lãs Casas, 1999; Whiteley,1999; Berry, 2001;
Kotler,2002). Assim, as estratégias devem estar alinhadas com a visão geral da empresa e
por conseqüência sua lucratividade, quem em última instancia garantirá o sucesso da
organização.
80
Perspectiva dos processos internos
Nesta perspectiva, os processos internos devem ser avaliados, de tal forma a
identificar quais os que devem alcançar excelência com vistas a atender os interesses dos
clientes, agregando valor ao produto ou serviço (Kaplan; Norton, 1997; Las Casas, 1999;
McKena,1999; Whiteley,1999).
Kaplan e Norton (1997) afirmam que os objetivos e medidas de desempenho para
a perspectiva dos processos internos são derivados de estratégias explícitas identificadas
com o atendimento das expectativas de clientes e acionistas.
Para atender as necessidades dos clientes, as organizações de forma geral
apresentam uma seqüência de processos que iniciam pela identificação das demandas dos
clientes até a entrega do produto ou serviço final.
Para os autores, estes processos integram uma cadeia de geração de valor
composta de três processos principais: a) processo de inovação, no qual são pesquisadas
as necessidades emergentes e latentes dos clientes e criados os produtos e serviços que
atenderão a estas necessidades; b) processo de operações, onde os produtos e serviços são
efetivamente criados e oferecidos aos clientes; c) processo de pós-venda, ou entrega do
produto ou serviço, que são atividades que agregam valor aos produtos ou serviços
oferecidos aos clientes.
Tradicionalmente, as organizações tem dado atenção especial ao processo de
operações, com atividades de medição de desempenho na busca de redução de custos dos
processos de fabricação do produto ou serviço. Para Kaplan e Norton (1997, p.102), “a
excelência operacional talvez seja apenas um dos componentes, e não o mais decisivo, de
toda uma cadeia de valor baseada na realização dos objetivos financeiros e dos clientes”.
A figura 2.29 permite melhor visualizar a Perspectiva dos Processos Internos.
81
Figura 2.29 – A Perspectiva dos processos internos – cadeia de geração de valores Fonte: Kaplan e Norton (1997,p.110) Perspectiva do aprendizado e crescimento
A perspectiva do aprendizado e crescimento é apresentada como a perspectiva
capaz de identificar a infra-estrutura que a empresa deve ter para gerar o crescimento e as
melhorias de longo prazo (Kaplan; Norton, 1997).
As perspectivas anteriores dizem respeito aos aspectos financeiros, de mercado e
de processos da organização. A intensa competição no mercado exige que as empresas
estejam sempre inovando em seus processos e produtos ou serviços (Kaplan; Norton,
1992).
O constante processo de inovação exige que as empresas estejam preparadas para
o crescimento, e este processo, normalmente, revela lacunas entre as capacidades atuais
da organização e o que será necessário para atingir um desempenho inovador.
Estas lacunas serão atendidas através do investimento das organizações em
capacitação de seus funcionários, no aperfeiçoamento dos sistemas de informação e no
alinhamento dos procedimentos e rotinas organizacionais (Kaplan; Norton, 1997).
Relações de causa-e-efeito
Kaplan e Norton (1997, p.29) afirmam “que o balanced scorecard traduz a visão e
estratégia em objetivos e medidas através de um conjunto equilibrado de perspectivas”. O
Balanced Scorecard deve ser a tradução da estratégia “[...] sob a forma de um conjunto
articulado de medidas que definam tanto os objetivos estratégicos de longo prazo quanto
os mecanismos para alcançar estes objetivos”.
82
O que garante esta característica ao BSC é sua capacidade de mostrar a sequência
lógica de causa-e-efeito dos componentes da estratégia da organização. Esta relação
garante integração das quatro perspectivas a estratégia da organização, já que explicita as
relações (hipóteses) entre os objetivos (as medidas) e as perspectivas.
A figura 2.30 explicita essas relações de causa-e-efeito.
Figura 2.30 – Relação de causa-e-efeito do BSC Fonte: Kaplan e Norton (1997,p.31) 2.2.4 Análise comparativa dos modelos estudados
Para um melhor entendimento de cada um dos modelos estudados, faz-se
necessário à comparação entre eles apresentando suas principais características.
O Modelo de Rummler e Brache (1994) tem enfoque na avaliação e gestão de
processos. Propõe uma visão sistêmica da empresa, estabelecendo a medição de
desempenho em três níveis: organização, processos e atividades. O Modelo considera os
relacionamentos internos e externos da empresa e utiliza como elementos os mapas de
relacionamentos entre os processos, fluxograma e ciclos de melhoria contínua.
83
Hronec (1994) apresenta o Modelo Quantum Performance com objetivo de criar
valor partindo da estratégia da empresa sustentada por categorias de medição: custo,
qualidade e tempo. A proposição da estrutura de indicadores está baseada em quatro
categorias: os geradores (drivers), os facilitadores (enablers), os processos e a melhoria
contínua.
O modelo desenvolvido por Kaplan e Norton (1992) apresenta um quadro
balanceado de indicadores (Balanced Scorecard). Seu objetivo é a geração de valor
através da medição de desempenho de indicadores financeiros e não-financeiros
distribuídos em quatro perspectivas, numa relação de causa e efeito, e associadas à
estratégia e visão da organização.
A Figura 2.31 apresenta uma análise comparativa dos modelos estudados
Figura 2.31 – Características dos modelos estudados
84
CAPÍTULO 3 – GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR
3.1 Planejamento e Gestão Estratégica
A universidade possui perante a comunidade local, regional, nacional..., um papel
diferenciado das indústrias de manufatura ou serviços. A primeira, normalmente sem fins
lucrativos, assume o compromisso do desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão. A
segunda, com raras exceções, possui como principal objetivo, o lucro; para tanto não tem
poupado esforços e bilhões de dólares para alcançá-lo, através de pesquisa,
desenvolvimento tecnológico e estratégias competitivas. Vocabulários como:
planejamento estratégico, concorrência, competitividade e outros, são comuns na
indústria, mas não chegaram (ou chegaram de modo ainda acanhado) às universidades.
A idéia de se planejar uma IES (Instituição de Ensino Superior) com as mesmas
técnicas usadas na indústria, ainda incomoda uma parcela de seu staff, em cima da
discussão de pontos como: não possuímos um produto final, não visamos lucros, temos
filosofias, missão e objetivos bastante claros e diferentes das indústrias.
Porém esta visão não tem se mostrado eficiente, pois nesse início de um novo
milênio, reconhecemos que o ensino superior passou por grandes avanços, de importância
econômica e social, mas que também se encontra em crise em praticamente todos os
países do mundo. Aumentam o número de IES, alunos e cursos, mas aumenta também a
distância que separa países desenvolvidos e países em desenvolvimento em matéria de
ensino superior e pesquisa.
Em virtude destas tendências e dos novos desafios que a universidade brasileira
enfrenta, temos que reformular sua função e sua missão, definir novos enfoques e
estabelecer novas prioridades para o futuro, desencadeando um processo de mudanças e
desenvolvimento.
Deixando de lado discussões como: se produzimos ou não um produto final, ou se
vamos brigar por fatias de mercado. Mas nos preocupando com os objetivos principais
das IES, como seu crescimento em todas as áreas e com o desenvolvimento da educação
superior como instrumento para alcançar um desenvolvimento humano sustentável.
85
Não pretendemos aqui conceituar e mesmo discorrer muito sobre o planejamento
estratégico em si, pois a literatura sobre o assunto é bastante vasta, mesmo porque este
não é o assunto central desse estudo... Somente queremos chamar a atenção a alguns
pontos importantes para as universidades.
a) A metodologia tradicional para o planejamento estratégico é possível de ser implantada
em universidades, porém devem-se levar em consideração que as mesmas são sistemas
complexos e que muitas vezes adaptações individuais serão necessárias.
b) Se a estrutura e a dinâmica podem ser de livre escolha, o mesmo não se pode dizer do
ambiente externo que define a finalidade do sistema. Isto porque a universidade está
inserida no macro-sistema nação e sua missão (ou finalidade) irão depender dos objetivos
nacionais, recursos disponíveis, políticas indústrias, tecnológicas, culturais e educacionais
do país.
c) Deve-se reconhecer que o principal cliente do sistema é a sociedade, e que seus anseios
de eficiência/eficácia devem ser monitorados permanentemente de forma a identificar
desvios entre o almejado e o alcançado.
d) As universidades podem dar início ao planejamento estratégico priorizando algumas
de suas áreas, como por exemplo: ensino de graduação, e evoluindo gradativamente às
outras.
e) Implantar modelo participativo para administrar as mudanças.
f) Transformar o planejamento em administração estratégica.
Embora as universidades sejam apegadas as suas antigas tradições e resistentes à
mudanças, é crescente a diversidade de novas situações em que se deparam, exigindo que
se preocupem com o planejamento a curto, médio e longo prazo de absorção de
inovações e da demanda, experimentando assim grandes transformações.As razões destas
mudanças são tanto externas como internas.
Alguns fatores externos:
- o aumento da demanda social e a necessidade de dirigir-se a uma clientela
mais diversificada;
86
- cortes nos gastos públicos em educação superior, o que tem obrigado os
estabelecimentos a conceber programas e sistemas de classe distintos e
mais rentáveis;
- mudanças nas necessidades do mercado, como reflexo de novos contextos
e como conseqüência da globalização e da reorganização das economias;
- sistemas de avaliação, tanto internos como externos.
Alguns fatores internos:
- o progresso da ciência;
- crescente consciência da necessidade de fomentar as abordagens e
métodos interdisciplinares e multidisciplinares de ensino, pesquisa e
extensão;
- o veloz desenvolvimento de novas técnicas de informação e comunicação,
e suas aplicações cada dia mais numerosas às diversas funções e
necessidades;
- o desenvolvimento da pesquisa;
- a distância entre o ensino e a pesquisa.
Entendemos que o processo de planejamento estratégico dentro de uma IES, deve
ser primeiramente trabalhado a nível de sensibilização e conhecimento dos seus conceitos
e objetivos, para posteriormente não nos depararmos com barreiras corporativas e
reacionárias.
Podemos formar equipes multifuncionais que nos permitem visões de diversos
ângulos da instituição e com estas equipes desenvolver preparação e treinamento em
situações inerentes ao sistema, seguindo-se trabalhos de definição da instituição como um
todo "como se está", "aonde se quer chegar" e "como se está para chegar lá".
A universidade já na sua fundação possui alguns objetivos principais bem
definidos e muitos inerentes aos princípios do ensino superior. Estes objetivos norteiam o
seu processo e podem sofrer modificações ou avanços a procura de novas oportunidades
ou a adaptações a novos tempos.
87
A definição de algumas das etapas fundamentais a serem cumpridas, de acordo
com a Sistemática de Planejamento Estratégico em Universidades, serão discutidas
subsequentemente:
A definição ou estudo das principais tendências, oportunidades e ameaças, bem
como suas implicações, devem ser examinadas em todos os setores do ambiente da
instituição através de:
Ambiente externo: Verificando as ameaças ou oportunidades que estão em seu ambiente
e as melhores formas de evitar ou usufruir destas situações. O olhar a universidade como
um todo e do lado de fora, inclui itens como:aspectos culturais; aspectos sociais, políticos
e econômicos; inserção na comunidade; evolução tecnológica; mercado de trabalho; área
de abrangência; entidades de classe; desempenho institucional; competitividade;
tendências do ambiente.
Ambiente interno: Consiste na verificação dos pontos fortes (positivos) e fracos
(negativos) da instituição. Para posterior decisão em investimento ou desinvestimento em
alguma área, se for o caso.
A análise interna deverá contar com a participação do conselho diretor, reitoria,
corpo docente, corpo discente e área administrativa, que deverá considerar fatores como:
cursos oferecidos e novos cursos; pesquisas desenvolvidas; linhas de pesquisa; eficiência
do ensino, pesquisa e extensão; sistemas de informação; recursos humanos, materiais e
financeiros; tecnologia; estrutura organizacional; imagem institucional.
Ambiente de mercado: A análise de mercado pode ser considerada uma das etapas da
análise externa, mas que merece um detalhamento maior pela sua importância.
Num mundo em rápido processo de evolução tecnológica e globalização, a
universidade precisa competir não só com outras universidades, mas também com um
sistema de informações e pesquisa, formal ou informal existente e emergente. Assumindo
seu papel decisivo no processo de desenvolvimento tecnológico, cultural, social e
econômico da sociedade.
88
As universidades enfrentam a expansão quantitativa (apesar das desigualdades de
acesso), a diversificação de estruturas organizacionais, dos programas e das formas de
estudo e ainda as restrições financeiras. Sem deixar de considerar a distância entre o
saber e a construção do mesmo, ou seja, a relação entre o ensino e pesquisa.
O sistema de avaliação das universidades, ora em implantação, vem reduzir a
margem de subjetividade das avaliações que eram feitas nos cursos de graduação, por
especialistas. Será um dos pontos importantes para o re-credenciamento da instituição
junto ao MEC e servirá como orientação aos estudantes em relação a escolha da
instituição que irá freqüentar.
A qualidade e eficiência da instituição, bem como a autonomia universitária, o re-
credenciamento periódico, a tecnologia nacional, a interação com o governo, a
qualificação de pessoal, a valorização do ensino de graduação, a integração e a
diversificação do sistema, a equidade de acesso, evasão, o crédito educativo, educação a
distância, a superação dos desequilíbrios regionais, a desburocratização, os programas de
fomento a pesquisa e a avaliação institucional. São preocupações a algum tempo dentro
de muitas universidades, que para tanto tem desenvolvido programas de discussão interna
e qualificação de pessoal (docentes e não docentes) e na área da avaliação, além das
avaliações dos programas de pós-graduação realizadas pela CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e pela SESu (Secretaria de Ensino
Superior); ocorre a avaliação institucional, apoiada pelo PAIUB (Programa de Avaliação
das Universidades Brasileiras), fazendo um diagnóstico que deve englobar avaliação
docente, de departamentos, dos cursos de graduação, da administração, de pesquisa, de
extensão e do desempenho operacional da instituição como um todo.
A avaliação institucional é englobada também na análise interna através do
desempenho institucional, buscando o incremento da qualidade.
Macro-ambiente: A análise do macro-ambiente, consiste na identificação de tendências
e/ou “ameaças” a partir de inovações ou desafios causados por fator negativo no meio
ambiente o que poderá levar, na ausência de uma correta administração, a retrocesso, ao
declínio ou a eliminação da universidade, ou com maior probabilidade o enfraquecimento
de algum de seus programas.
89
A universidade frente ao seu ambiente pode assumir duas posições: adaptativa
(onde ocorre a reação após a ameaça se concretizar) ou pró-ativa (onde assume o risco de
tentar mudar as regras do negócio).
Segundo Kotler e Murphy (1981), "nem todas as ameaças merecem a mesma
atenção, devendo os administradores avaliar cada ameaça de acordo com duas dimensões:
1) o seu potencial de gravidade, o qual é medido pela quantidade de dinheiro ou prestígio
que a organização perderia se a 'ameaça' se concretiza; e 2) a probabilidade de
ocorrência".
A análise do macro-ambiente, principalmente em universidades não públicas,
deve se preocupar com: procedência do corpo discente e área de abrangência; projeção da
população estudantil; receptividade do mercado de trabalho aos seus alunos egressos; tipo
de atividades comerciais e industriais da comunidade versus áreas de atuação em ensino,
pesquisa e extensão; análise dos concorrentes.
Sobre análise de concorrentes, Oliveira (1985) observa que “... seu tratamento
deve ser detalhado, pois o produto final irá proporcionar a identificação das vantagens
competitivas da própria empresa e a dos concorrentes”. Deste modo a análise de
informações fidedignas deve nortear o estabelecimento de ações e metas futuras.
Análise de oportunidades: Quando conhecemos os pontos fortes, fracos e mesmo neutros
da instituição, sua estrutura organizacional e o ambiente em que ela está inserida,
podemos definir oportunidades de mercado e áreas de ação importantes nas quais poderá
obter vantagens competitivas.
Segundo Kotler e Murphy (1981). As instituições de ensino superior descobrirão
que é mais fácil fortalecer os programas mais desenvolvidos, apesar do risco de exceder-
se nesse desenvolvimento, ao invés de nivelar as forças existentes. “ Descobrir centros de
excelência e pontos que dêem a universidade a diferenciação, e investir nestes, talvez seja
uma opção inteligente ao invés de dispersar esforços em todos os campos. Pois ser o
melhor em tudo é praticamente impossível.
Na análise de oportunidades a universidade deve levar em conta: áreas de
pesquisa x tecnologia; áreas de ensino x necessidades do mercado e demanda; melhoria
das disciplinas;
90
atendimento a novos mercados (alunos especiais, reingresso, empresas, grupos de
minoria e outros); novos cursos;novos campi; convênios de desenvolvimento
tecnológico; modalidades de acesso pela comunidade.
Adoção de metas, propósitos e estratégias devem ser compatíveis com os recursos
humanos, financeiros e materiais existentes. O desenvolvimento deles pode definir uma
melhor imagem e fortalecer a “ distinta competência “.
Investir em formação e atualização docente, aproveitar melhor os recursos
humanos e materiais existentes, fomentar interdisciplinaridade e multi-disciplinaridade, e
busca de outras fontes de recursos, especialmente para pesquisa são as ações mais
recomendadas neste procedimento.
A análise do ambiente e dos recursos dá subsídio às instituições, com a
possibilidade de avaliar se sua missão, objetivos e metas, que no início de suas atividades
eram claros, continuam sendo com as mudanças no macro-ambiente.
Missão: A “missão da universidade” permeia todas as decisões estratégicas.
Proporcionando a instituição senso de oportunidade, direção, importância e conquista.
Devendo ser escrita pela comissão de planejamento, somente após consulta a comunidade
acadêmica. Uma missão bem definida deve ser orientada pelo mercado, realizável,
motivadora, específica e com visão de crescimento.
Objetivos: A definição de objetivos e metas pode fazer parte do mesmo processo de
definição da missão. Porém os objetivos devem ser mais específicos e de alcance em
menor tempo.
Como os objetivos de uma IES são muitos e existe a dificuldade de trabalhar com
todos ao mesmo tempo, o que também não é aconselhável, esta deverá enfatizar alguns
deles, considerando os outros como limitações. Desta forma os objetivos podem variar de
ano para ano, dependendo da forma como vão se suprindo dificuldades e necessidades.
Metas: As metas possuem um formato mais operacional e são mensuráveis, em um
espaço de tempo determinado. (Ex. aumentar em 10% o número de alunos em um ano).
A formulação de estratégias, consiste em definir estratégias para a consecução das
metas a serem alcançadas. Para melhorias significativas muitas vezes, a universidade
precisa traçar uma estratégia que envolva todas as suas áreas. Dessa estratégia brotarão
inúmeros programas setoriais, mas articulados entre si.
91
Para que esta análise possa ser efetuada é interessante organizar o “ portfolio
acadêmico “, avaliando os atuais programas e a decisão de o que fazer com eles. Após
desenvolver “ oportunidade de produtos/mercado “ que inclui a decisão de quais produtos
novos e mercados a acrescentar.
Portfolio acadêmico: A análise periódica do portifolio, deverá avaliar: programas
acadêmicos, a produção de pesquisas do departamento, o conteúdo das disciplinas e o
fluxograma da instituição. Podendo levar a decisões como: expandir, manter, reduzir ou
eliminar.
Oportunidade produto/mercado: As oportunidades podem ser definidas dentre alguns
itens:
expansão do número de matrículas; expansão geográfica; expansão dos atuais programas;
modificação dos atuais programas para atrair novos mercados; abertura dos programas
existentes ou de novos programas para grupos minoritários (empresas, órgãos
governamentais, 3ª idade e outros);novos programas.
Da organização: A formulação de metas exige estrutura, pessoal e cultura necessários à
uma implementação bem sucedida de cada estratégia.As universidades possuem um
procedimento organizacional difícil de ser mudado, mas com a consciência da
necessidade de crescimento ou mesmo de se manter no mercado deve nortear esta fase do
processo.
Cabe a reitoria definir modos de mudar a cultura da organização através de:
treinamentos de pessoas em cargos chaves, melhoria do corpo docente, melhoria da
prestação de serviços, ações para melhoria do ensino e desenvolvimento da orientação de
mercado.
Banco de dados: Existe um número muito grande de informações que devem ser
analisadas quando do planejamento da instituição, por isso o desenvolvimento de um
banco de dados sobre: alunos, formandos, índices dos cursos e departamentos
(determinados pelo PAIUB), ex-alunos, outras universidades, comunidade, público alvo,
desenvolvimento tecnológico e econômico, e pesquisas de mercado; é de suma
importância para o embasamento de decisões.
92
O planejamento estratégico só é útil se sair do papel, ou seja se for implementado,
acompanhado, avaliado e reestruturado se necessário. Os propósitos podem não ser
totalmente alcançados em um primeiro ciclo, por isto a visão de contínuos resultados de
um plano de ação permite correções de rota e mesmo troca de estratégias, face a um
mercado em constante evolução.
O planejamento estratégico é essencial a sobrevivência da universidade,
assegurando um mínimo de visão global e ação, a partir de uma definição adequada de
suas finalidades (objetivos e metas),coerentes com os objetivos e estratégias nacionais e
com o cenário internacional.
Propicia que a organização otimize os meios para a consecução de suas
finalidades, conte com a participação da comunidade acadêmica e da sociedade na
decisão de onde devem ser alocados os recursos.
93
3.2 Ensino Superior e Instituições de Ensino Superior
Historicamente, o nosso modelo administrativo educacional, tem se caracterizado
no que diz respeito ao ensino fundamental e médio - ou, conforme legislações anteriores,
primário e secundário -, por uma alternância entre a prevalência da descentralização ou
da centralização, de que são exemplos, respectivamente, as Reformas Francisco Campos,
de 1931, e Gustavo Capanema, de 1942.
Já em relação ao ensino superior, entretanto, a tônica histórica tem sido a
subordinação ao governo central, desde a criação do ensino superior profissional em
1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil.
Por ocasião do Ato Adicional de 1834, instaurou-se (...) a dualidade de
competência em relação aos assuntos de educação. As Províncias, em seus respectivos
territórios, ficaram claramente com a faculdade de iniciativa relativamente ao ensino
primário e secundário. A competência do Governo Geral passou a ser entendida como a
de promover, na capital do Império, o ensino de todos os graus, e a de prover o ensino
superior em todo o país (Silva, 1969, p. 195).
Na fase inicial da República, a União renuncia ao monopólio do ensino superior,
dado que a Constituição de 1891 outorgava ao Congresso Nacional a competência de,
privativamente, legislar sobre o ensino superior na capital e declarava facultada aos
Estados ampla autonomia no que se refere ao ensino secundário e superior. Esta situação
começa a ser revertida a partir de 1915, com o final do período de vigência da Reforma
Rivadávia Correia, e se consolida após 1930, segundo Geraldo Bastos Silva, "com a
absoluta preeminência federal sobre todo o sistema nacional de ensino superior e
secundário" (Silva, 1969, p. 229).
A partir da Lei nº 4.024/60 - a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional -, começou a se delinear um modelo federativo da administração da educação
nacional. Nas legislações que a sucederam - Leis nº 5.692/71 e nº 5.540/78 - esse modelo
veio se consolidando num sistema em que o ensino superior ficou sob a tutela da União e
o ensino de 1º e 2º graus a cargo dos Estados. Com a Lei nº 9.394/96, verificou-se uma
ampliação do princípio federativo, aumentando a responsabilidade da administração
municipal na gerência e condução da educação básica da sua população, bem como
94
transferindo para os sistemas estaduais a supervisão e a gerência dos Conselhos Estaduais
de Educação sobre as Instituições de Ensino Superior mantidas pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos municípios.
Independentemente de quem exercia a gerência sobre a educação, a história da
educação superior brasileira ocorreu de uma maneira muito peculiar. No capítulo que se
segue, apresentaremos uma breve retrospectiva de como a educação superior brasileira
veio se estruturando ao longo dos seus quase dois séculos de existência. Nos capítulos
seguintes, examinaremos os conceitos, definições e classificações relativas à organização
da educação e do ensino no País, dos seus níveis e modalidades, entrando finalmente
numa análise mais detalhada da educação superior, sua organização geral, a natureza
jurídica e categorias administrativas das Instituições de Ensino Superior (IES) e de suas
mantenedoras e as formas como as IES, seus cursos e habilitações se constituem
legalmente e como regularizam sua condição de funcionamento.
Ao longo de todo o trabalho, paralelamente aos preceitos jurídicos que amparam e
regulamentam a educação superior, procuramos tecer comentários sobre aspectos que
nem sempre respaldados legalmente, ocorrem na prática do sistema de educação superior
brasileiro.
Organização da Educação Superior
A Educação Superior, de acordo com o artigo 43 da Lei nº 9.394/96, tem como
finalidades:
I. estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo;
II. formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em
setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e
colaborar na sua formação contínua;
III. incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura e, desse
modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;
95
IV. promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicações ou de outras formas de comunicação;
V. suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar
a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos
numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;
VI. estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os
nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com
esta uma relação de reciprocidade;
VII. promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das
conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição.
Para cumprir essas finalidades, a educação superior (LDB, artigo 44) abrangerá os
seguintes cursos (níveis) e programas:
Cursos (níveis)
Seqüenciais, organizados por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência,
sujeitos a autorização e reconhecimento, abertos a candidatos que atendam aos requisitos
estabelecidos pelas instituições de ensino e portadores de certificados de nível médio,
destinam-se à obtenção ou atualização de qualificações técnicas, profissionais ou
acadêmicas ou de horizontes intelectuais em campos das ciências, das humanidades e das
artes. Compreende os:
Cursos seqüenciais de formação específica, com destinação coletiva, conduzindo a
diploma; e Cursos seqüenciais de complementação de estudos, com destinação coletiva
ou individual, exclusivamente para egressos ou matriculados em cursos de graduação,
conduzindo a certificado.
Graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e
tenham sido classificados em processo seletivo.
96
Pós-Graduação, compreendendo os cursos de especialização e outros, abertos a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino.
Extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos, em cada caso,
pelas instituições de ensino.
Ao discorrer sobre o conceito de pós-graduação, o conselheiro Newton Sucupira,
relator do Parecer CFE nº 977, de 13/2/95, ressalta a importância de distinguir entre a
pós-graduação stricto sensu e lato sensu. Em relação à última, afirma "que se constitui
regime especial de cursos" (...) e "conforme o próprio nome está a indicar, designa todo e
qualquer curso que se segue à graduação". E prossegue afirmando que
Normalmente, os cursos de especialização e aperfeiçoamento têm objetivo técnico profissional específico sem abranger o campo total do saber em que se insere a especialidade. São cursos destinados ao treinamento nas partes de que se compõe um ramo profissional ou científico. (...) Mas, a distinção importante está em que especialização e aperfeiçoamento qualificam a natureza e destinação específica de um curso, enquanto a pós-graduação em sentido restrito define o sistema de cursos que se superpõem à graduação com objetivos mais amplos e aprofundados de formação científica e cultural.
Regulamentados pelo Parecer CFE nº 12/ 83 de forma vaga e imprecisa, os cursos
de aperfeiçoamento e especialização conviveram, por longo período, como iguais ou
diferentes, dependendo da interpretação que as IES faziam dessa legislação. Atualmente,
segundo o Parecer CNE/ CES nº 617/99, Cursos de Especialização são cursos oferecidos
a candidatos que tenham concluído curso de graduação, com duração mínima de 360
horas, não computando o tempo de estudo individual ou em grupo sem assistência
docente e o destinado à elaboração de monografia ou trabalho de conclusão de curso.
Podem incluir ou não o enfoque pedagógico e deverão ser ministrados num prazo mínimo
de seis meses, em área específica do conhecimento. Os cursos de especialização, são
objeto também da Resolução CNE/CES nº 3, de 5/10/99 que, ao revogar a Resolução
CFE nº 12/83, extinguiu os cursos de aperfeiçoamento, embora estes ainda constem no
texto da LDB.
Além da definição da LDB, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras15 define os cursos de extensão como o conjunto
articulado de ações pedagógicas, de caráter teórico e/ou prático, presencial ou a distância,
97
planejados e organizados de maneira sistemática, com carga horária definida e processo
de avaliação formal. Inclui oficina, workshop, laboratório e treinamentos.
Programas
Ainda segundo o Parecer CFE nº 977/65, "a pós-graduação stricto sensu
(integrada pelo mestrado e doutorado) é constituída pelo ciclo de estudos regulares em
seguimento à graduação e que visam desenvolver e aprofundar a formação adquirida nos
cursos de graduação e conduzem à obtenção de grau acadêmico".
O programa de pós-graduação brasileiro compreende:
O mestrado, que pode se constituir a etapa preliminar na obtenção do grau de
doutor - embora não constitua condição indispensável à inscrição no curso de doutorado -
ou em grau terminal, com duração mínima de um ano, exigência de dissertação em
determinada área de concentração em que revele domínio do tema e capacidade de
concentração, conferindo o diploma de Mestre;
O mestrado profissional, que é um mestrado dirigido à formação profissional, com
estrutura curricular clara e consistentemente vinculada à sua especificidade, articulando o
ensino com a aplicação profissional, de forma diferenciada e flexível, admitido o regime
de dedicação parcial, exigindo a apresentação de trabalho final, sob a forma de
dissertação, projeto, análise de casos, performance, produção artística, desenvolvimento
de instrumentos, equipamentos, protótipos, entre outras, de acordo com a natureza da área
e os fins do curso;
O doutorado, que se constitui o segundo nível de formação pós-graduada, tendo
por fim proporcionar formação científica ou cultural ampla e aprofundada,
desenvolvendo a capacidade de pesquisa, com duração mínima de dois anos, exigência de
defesa de tese, em determinada área de concentração que represente trabalho de pesquisa,
com real contribuição para o conhecimento do tema, conferindo o diploma de Doutor.
Além do Programa de Pós-graduação, a LDB, no artigo 43, inciso VI, também
menciona os Programas de Extensão, definindo a sua atividade:
98
A extensão, aberta à participação da população, visa à difusão de conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição
universitária.
Complementarmente ao texto da lei, a atividade de extensão também foi definida
no Plano Nacional de Extensão - 1999/200118 como um "processo educativo, cultural e
científico, articulado de forma indissociável ao Ensino e à Pesquisa, e viabiliza uma
relação transformadora entre Universidade e Sociedade".
Organização Acadêmica das Instituições de Educação Superior
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases, no Capítulo IV - Da Educação Superior,
artigo 45, "a educação superior será ministrada em instituições de ensino superior,
públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização".
Nos demais artigos, entretanto, só fazem referência explícita aos entes
"universidades" e "instituições não-universitárias" (artigos 48, 51, 52, 53 e 54). Já o
Decreto nº 2.306/97, que regulamenta a LDB, define, para o sistema federal de ensino, a
seguinte organização acadêmica das instituições de ensino superior:
Universidades - São instituições pluridisciplinares de formação de quadros profissionais
de nível superior e caracterizam-se pela indissociabilidade das atividades de ensino,
pesquisa e extensão. As universidades mantidas pelo poder público gozarão de estatuto
jurídico especial.
Universidades Especializadas - Organizadas por campo do saber, nas quais deverá ser
assegurada a existência de atividades de ensino e pesquisa em áreas básicas e/ou
aplicadas.
Centros Universitários - São instituições pluricurriculares, abrangendo uma ou mais
áreas de conhecimento, que devem oferecer ensino de excelência, oportunidade de
qualificação do corpo docente e condições de trabalho acadêmico.
Centros Universitários Especializados - Deverão atuar numa área de conhecimento
específica ou de formação profissional.
Faculdades Integradas
99
Faculdades
Institutos Superiores ou Escolas Superiores
Centros de Educação Tecnológica - São instituições especializadas de educação
Profissional, públicas ou privadas, com finalidade de qualificar profissionais, nos vários
níveis e modalidades do ensino, para os diversos setores da economia e realizar pesquisa
e desenvolvimento tecnológico de novos processos, produtos e serviços, em estreita
articulação com os setores produtivos e a sociedade, oferecendo mecanismos para a
educação continuada.
Enquanto nos textos legais encontramos referências e definições detalhadas sobre
universidades, centros universitários e centros de educação tecnológica, o mesmo não
ocorre em relação às faculdades integradas, faculdades, institutos superiores ou escolas
superiores. A Resolução CNE/CES nº 3, de 22/6/98 e a Portaria nº 612, de 12/4/99,
referem-se a essas instituições usando a mesma expressão da LDB, isto é, Instituições
Não-Universitárias de Educação Superior, na qual devem ser incluídos os centros de
educação tecnológica.
Talvez, em conseqüência dessa omissão, as expressões Federação de Escolas e
Estabelecimentos Isolados de Ensino Superior, presentes na legislação anterior (Lei nº
5.540/68), ainda continuem sendo muito utilizadas.
Uma outra confusão decorrente da legislação em vigor refere-se às expressões
institutos superiores e escolas superiores. Enquanto na legislação anterior os institutos
eram, na sua maioria, instituições voltadas predominantemente à pesquisa, na legislação
atual também se configuram como instituições de ensino, já que a pesquisa passou a ser
atividade obrigatória apenas nas universidades, opcional nos centros universitários e não
obrigatória para as instituições não-universitárias de ensino superior.
Não conseguimos interpretar, entretanto, se institutos superiores e escolas
superiores são entidades diferentes ou se são expressões diferentes para designar a mesma
entidade, ficando a cargo dos seus criadores decidirem qual delas adotar. Não foi possível
esclarecer essa dúvida, a despeito da cuidadosa verificação da própria LDB e de toda a
legislação em vigor sobre educação superior.
Os Institutos Superiores de Educação, embora não constem da organização
acadêmica definida pelo Decreto nº 2.306/97, são citados nos artigos 62 e 63 da LDB e,
100
segundo a Resolução CNE/CP nº 1, de 30/9/1999, são instituições de caráter profissional
que" visam à formação inicial, continuada e complementar para o magistério da educação
básica", podendo ministrar os seguintes cursos e programas:
a) curso Normal Superior para licenciatura de profissionais para a educação infantil e
séries iniciais do ensino fundamental;
b) curso de licenciatura para a formação de docentes dos anos finais do ensino
fundamental e do ensino médio;
c) programas de formação continuada para atualização de profissionais da educação
básica nos diversos níveis;
d) programas especiais de formação pedagógica, para graduados em outras áreas que
desejem ensinar em áreas específicas das séries finais do ensino fundamental e do ensino
médio;
e) pós-graduação de caráter profissional para a educação básica.
Ainda, segundo a mesma Resolução, esses institutos poderão organizar-se como
instituto superior propriamente dito, como faculdade, faculdade integrada, escola
superior, unidade de uma universidade ou centro universitário ou como coordenação
única de cursos ministrados em diferentes unidades de uma mesma instituição, e contarão
com corpo docente próprio. Vemos, portanto, que os Institutos Superiores de Educação
são entes diferentes dos Institutos Superiores como definidos pelo Decreto nº 2.306/97,
mas, ao mesmo tempo, podem se constituir um deles, ser ou fazer parte de qualquer um
dos tipos de instituições de ensino superior relacionados pelo decreto. É, no mínimo, uma
situação difícil de classificar dentro da estrutura da educação superior no País e, na
prática, deverá provocar problemas de operacionalização.
Categorias Administrativas (Natureza Jurídica) das Instituições de Ensino Superior
Segundo a Constituição Federal, nos artigos 205 e 209, a educação é direito de
todos e dever do Estado e da família e livre à iniciativa privada. Isto enseja que as
instituições de ensino assumam formas diferentes de organização.
101
Nesse aspecto, existem duas expressões legais utilizadas para descrever as formas
de organização das instituições de ensino: enquanto a Lei nº 9.394/96, no seu artigo 19,
discorre sobre Categorias Administrativas para as instituições de ensino dos diferentes
níveis, o Decreto nº 2.306/97, no artigo 5º, fala de Natureza Jurídica para as Instituições
de Ensino Superior do Sistema Federal de Ensino. A primeira, a própria Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, mais geral, aplica-se a todas as instituições de ensino dos
diferentes níveis, enquanto o segundo, mais específico, se aplica às IES do Sistema
Federal de Ensino, ou seja, às IES públicas federais - as chamadas IFES - e às IES
privadas, deixando de fora, portanto, as IES públicas estaduais e municipais. Apesar
dessa precedência hierárquica, Natureza Jurídica vem, entretanto, sendo a expressão mais
utilizada pelas IES, quer do Sistema Federal, quer dos Sistemas Estaduais e do Distrito
Federal.
Atualmente, as IES brasileiras estão organizadas sob as seguintes categorias
administrativas ou formas de natureza jurídica:
Públicas, quando criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público.
Podem ser:
- Federais, quando subordinadas à União, podendo se organizar como:
Autarquias especiais ou
Fundações públicas.
- Estaduais, se mantidas pelos governos dos Estados ou do Distrito Federal e podem
tomar as formas determinadas pelos respectivos sistemas;
- Municipais, as providas pelas prefeituras municipais.
Privadas, quando mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado. Podem se organizar como:
- Particulares em sentido estrito, as instituídas e mantidas por uma ou mais
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, que não apresentem as características dos
itens abaixo.
102
- Comunitárias, as instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na sua entidade
mantenedora representante da comunidade.
- Confessionais, as instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
pessoas jurídicas que atendam à orientação confessional e ideológica específicas e ao
disposto no item anterior.
- Filantrópicas, na forma da lei, são as instituições de educação ou de assistência social
que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloque à disposição
da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem qualquer
remuneração.
Organizações Sociais,quando associações civis sem fins lucrativos ou fundações de
direito privado, mediante qualificação específica de lei, exercem atividades dirigidas à
educação superior (compreendendo o ensino, a pesquisa científica ou, ainda, o
desenvolvimento tecnológico).
As autarquias especiais federais e as fundações públicas federais estão
relacionadas no Anexo 1 ao Decreto nº 2.890, de 21/12/98, inciso VI, artigo 2º,
respectivamente nas alíneas "a" e "b".
De acordo com o Decreto nº 2.306/97 (art. 7º) as instituições particulares em
sentido estrito, com finalidade lucrativa, ainda que de natureza civil, quando mantidas e
administradas por pessoa física, ficam submetidas ao regime da legislação mercantil,
quanto aos encargos fiscais, para-fiscais e trabalhistas, como se comerciais fossem,
equiparados seus mantenedores e administradores ao comerciante em nome individual.
Segundo o Art. 6º do mesmo decreto, as instituições de ensino superior do sistema
federal de ensino, criadas e mantidas pela iniciativa privada, classificam-se pelo regime
jurídico a que se submeteram as pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que as
mantêm e administram: as mantenedoras.
Regime Jurídico das Mantenedoras de Instituições de Ensino Superior
103
São mantenedoras as pessoas jurídicas de direito público ou privado ou pessoas
físicas que provêm os recursos necessários para o funcionamento de instituições de
ensino.
O Poder Executivo é o responsável pela manutenção das instituições públicas de ensino.
As pessoas jurídicas de direito privado, mantenedoras de instituições de ensino
superior, poderão assumir quaisquer das formas admitidas em direito, de natureza civil ou
comercial ou, ainda, poderão se constituir como fundações.
Segundo o seu regime jurídico, as mantenedoras das instituições de ensino
superior do País classificam-se em:
Mantenedoras de Direito Público, que são pessoas jurídicas de direito público, podendo
ser:
- Da administração direta - da União, dos Estados ou DF, dos municípios;
- Da administração indireta - que podem assumir a forma de:
- Autarquias - da União, dos Estados ou DF, dos municípios;
- Fundações - da União, dos Estados ou DF, dos municípios.
Mantenedoras de Direito Privado, que são pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito
privado, podendo ter as seguintes finalidades:
- Com fins lucrativos, de natureza comercial, tomando a forma de Sociedade Mercantil
- Sem fins lucrativos, que podem se organizar sob a forma de:
• Sociedade (civil, religiosa, pia, moral, científica ou literária);
• Associação de utilidade pública;
• Fundação.
Organizações Sociais, que são um modelo ou uma qualificação de organização
pública não-estatal, pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
104
atividades sejam dirigidas, entre outros, ao ensino (fundamental, médio ou superior), à
pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico.
As entidades mantenedoras com fins lucrativos submetem-se à legislação que rege
as sociedades mercantis, especialmente na parte relativa aos encargos fiscais, para-fiscais
e trabalhistas.
As entidades mantenedoras de instituições privadas de ensino superior
comunitárias, confessionais ou filantrópicas não poderão ter finalidade lucrativa.
Ainda de acordo com o disposto no Código Civil Brasileiro, "para criar uma
fundação, far-lhe-á o seu instituidor, por escritura pública ou testamento, dotação especial
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la".
Segundo o entendimento da Consultoria Geral da República, no Parecer R. 007,
de autoria do consultor-geral Dr. Ronaldo Rabello de Brito Poletti, existem três espécies
de fundações:
a) as investidas pelo Poder Público, pessoas jurídicas de direito público, integrantes da
administração em forma semelhante às autarquias;
b) as fundações instituídas pelos particulares;
c) as fundações oficiais ou públicas, pessoas jurídicas de direito privado, cujo instituidor
foi o Estado, através de qualquer uma dentre as pessoas jurídicas de direito público
interno que com ele se reveste no exercício de sua jurisdição (União, Estados e
municípios).
Há outras interpretações de que podem existir fundações públicas ou privadas
entre as criadas pelo Poder Público.
Maiores detalhes sobre a regulamentação em torno das entidades filantrópicas e
sobre a aplicação do conceito de filantropia às instituições educacionais podem ser
encontrados na Medida Provisória nº 1.602, de 14/11/97; no Decreto nº 2.536, de 6/4/98;
na Portaria Interministerial nº 671, de 2/7/98 e nas Resoluções CNAS nºs 31, 32 e 33, de
24/2/99.
105
Qualificada como organização social, a entidade-fundação, a associação ou
sociedade estará habilitada a receber recursos financeiros e a administrar bens e
equipamentos e, inclusive, pessoal do Estado. Em contrapartida, para a formação dessa
parceria, a organização social se obriga a firmar um contrato de gestão com o Poder
Público, por meio do qual serão acordadas metas de desempenho que assegurem a
qualidade e a efetividade dos serviços prestados ao público.
106
3.3 Entidades Sem Fins Lucrativos
Sob a ótica do mercado, as entidades sem fins lucrativos constituem um conjunto
de iniciativas individuais para abraçar os interesses coletivos, democratizando o debate
dos problemas das exclusões sociais, considerando que interesses coletivos usualmente
não correspondem a investimentos lucrativos.
De acordo com Salaman (1998:5), o crescimento das entidades sem fins lucrativos
decorre de várias pressões, demandas e necessidades advindas das pessoas, como
cidadãos, das instituições e até dos próprios governos. Elas refletem um conjunto nítido
de mudanças sociais e tecnológicas, aliado à contínua crise de confiança na capacidade
do Estado.
Conceito
As entidades sem fins lucrativos passaram a desempenhar papel de fundamental
importância para a sociedade brasileira, na medida em que aparecem como sendo parte da
solução para os problemas sociais do desenvolvimento.
A sociedade vem se conscientizando de que precisa participar destas soluções e
muitas organizações têm atuado com propriedade neste sentido. Para superar os desafios
que podem ameaçar sua existência e sua eficiência administrativa, tais entidades devem
acrescentar às suas práticas de gestão novos instrumentos que assegurem o cumprimento
dos seus objetivos institucionais, tais como: trabalhar por meio de redes, criar
mecanismos mais eficazes de controle que possibilitem avaliar o impacto das ações
executadas e ganhar maior visibilidade divulgando o produto do trabalho realizado.
Shim e Siegel (1997) definem entidades sem fins lucrativos como aquelas que
fornecem serviços desejados pela sociedade sem a intenção de lucro, não possuindo ações
ou quotas que possam ser negociadas, além de reinvestirem eventuais superavits. Desta
maneira, não deve haver a distribuição de resultados a qualquer de seus membros ou
colaboradores.
Asseveram ainda que essas entidades são financiadas, ao menos parcialmente, por
isenção tributária.
107
Para a manutenção e desenvolvimento de suas atividades, elas nem sempre
contam com recursos públicos, geralmente insuficientes, levando, obrigatoriamente, a
busca de outras fontes de financiamento de forma a permitir a sua continuidade. Apesar
da grande diversidade de porte, objetivos específicos e recursos econômicos existentes
entre as próprias entidades, é possível identificar características comuns, conforme citam
os autores Shim e Siegel (1997):
a) suprem parcialmente o papel do Estado no atendimento de determinadas necessidades
sociais;
b) foram constituídas pelo interesse social e não econômico, portanto sua missão não visa
superávits, mas a promoção de mudanças sociais;
c) precisam obter recursos para a própria sobrevivência e manutenção das atividades
(estes recursos podem ser públicos e/ou privados), apesar de não visarem superávits;
d) não há qualquer distribuição de resultados aos seus membros ou colaboradores.
No Brasil, as entidades sem fins lucrativos tornaram-se mais competitivas, pois
atendem as lacunas deixadas pelo Estado na prestação de serviços, mas estão enfrentando
o desafio de sobrevivência. Estima-se que existam hoje pelo menos 250 mil entidades
sem fins lucrativos no Brasil. Os gestores entendem como a busca da eficiência e eficácia
na correta utilização desses recursos, incluídos aí os financeiros, organizacionais e
naturais para alcançar os objetivos definidos. Depreende-se daí que essas entidades
também necessitam de dados e informações gerenciais para a sua continuidade e, mais
ainda, que a gerência dessas organizações deve estar estruturada em uma plataforma
profissional e alinhada com as mais modernas técnicas de estratégia que se puderem
aplicar.
Algumas dessas entidades podem ser custeadas pelo Estado, o que, de certa
forma, fazem-nas perder a liberdade de identificar suas necessidades, cumprindo assim
um papel determinado pelo principal financiador. Isso também é motivo para que recaia
sobre essas entidades uma forte pressão para que demonstrem profissionalismo e
eficiência no fornecimento do serviço e no recebimento dos recursos. Essas entidades, ao
108
serem organizadas, devem assumir uma personalidade jurídica, dentre aquelas
reconhecidas na legislação nacional.
Legislação e Personalidade Jurídica
O Código Civil Brasileiro, Lei nº 10.406 de 2002, admite a existência de duas
classes de pessoas: as pessoas físicas ou naturais e as pessoas jurídicas, ou seja,
reconhece o Estado como entes dotados de personalidade (sujeitos de direitos e deveres)
os seres humanos individualmente considerados (pessoa física ou natural), o agrupamento
organizado de pessoas físicas (sociedades e associações) e um patrimônio vinculado a um
objetivo (as fundações).
De acordo com Olak (1996), pode-se dizer que as pessoas físicas têm como
substrato o ser humano, enquanto que as pessoas jurídicas se constituem em uma
construção do direito, advinda de situações criadas pelo agrupamento de pessoas ou pelo
comprometimento de bens a um determinado objetivo. O código civil as divide em duas
classes: de Direito Público e de Direito Privado, sendo as de Direito Público divididas em
duas subclasses: de Direito Público Interno (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios) e de Direito Público Externo (os demais Estados Soberanos). Sabe-se que o
artigo 16 do referido código estabelece que são pessoas jurídicas de Direito Privado, as
sociedades civis, religiosas, científicas, as associações de utilidade pública, as sociedades
mercantis e as fundações.
As pessoas jurídicas de direito privado são divididas em dois grupos
fundamentais: as corporações e as fundações. As corporações têm como fundamento a
reunião de pessoas físicas que são denominadas de associações e sociedades e enquanto
as fundações são aquelas que têm em sua gênese massas patrimoniais. Entende-se a
intenção do código civil em definir as associações civis sem fins lucrativos, as sociedades
e as fundações como prestadoras de serviço público, ainda que sejam pessoas jurídicas de
direito privado. Ao ocorrer o registro de uma pessoa jurídica de direito privado, sendo ela
uma associação ou sociedade, o Estado declara que o conjunto de pessoas físicas que a
compõem passa a ser uma só pessoa, dotada de capacidade para os atos da vida civil,
perseguindo os objetivos comuns aos sócios ou associados, e com vida totalmente
109
independente de cada um deles. Já quando se tratar de fundação, o Estado vai declarar
aquele patrimônio vinculado a um objetivo de interesse social determinado pela vontade
humana e com administração previamente definida uma pessoa independente do
instituidor, dos administradores ou dos beneficiários.
Segundo Marcovitch (1997:121)
"por desempenhar função de interesse público, espera-se que as entidades sem
fins lucrativos cultivem a transparência quanto ao seu portfólio de projetos e,
também, quanto aos resultados obtidos e os recursos alocados”. O diagnóstico
"ex-ante" (planejamento) e a avaliação "ex-post" (o que foi executado) constituem
instrumentos determinantes para o êxito e o apoio a ser obtido em iniciativas
futuras.
Nesse sentido, a preparação de relatórios de avaliação e a sua disseminação
constituem importantes instrumentos de comunicação com a sociedade. Na afirmação
anterior, evidenciam-se claramente pelo menos três elementos caracterizadores de uma
nova postura gerencial e de controle aplicados às entidades sem fins lucrativos:
transparência (accountability), relatórios de avaliação (desempenhos) e instrumentos de
comunicação (relatórios contábeis).
Para Ferrarezi (2002:32), a existência de accountability contribuirá para o
crescimento da credibilidade e da confiabilidade nas entidades sem fins lucrativos. Por
accountability entende-se que é uma obrigação de se prestar contas dos resultados obtidos
em função das responsabilidades de uma delegação de poder.
No Código Civil brasileiro, existiam três formas jurídicas de entidades sem fins
lucrativos: as associações, as sociedades e as fundações. Já no novo Código Civil, em
vigor a partir de 2003, as associações civis e as fundações são as duas únicas formas
jurídicas para designar as entidades sem fins lucrativos. Ambas são classificadas como
pessoas jurídicas de direito privado, apesar de naturezas distintas. O novo texto as difere
claramente das entidades com finalidades lucrativas, agora denominadas sociedades.
Assim, nos termos em que dispõe o artigo 53 do referido Código, as associações são
110
constituídas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos, em que há
direitos e obrigações recíprocas entre os associados. De acordo com o artigo 62, do
mesmo Código, a fundação é criada por um instituidor que fará dotação especial de bens
livres, especificando o fim a que se destina. Somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência. O artigo 981 determina que a sociedade é
constituída contratualmente por pessoas que se obrigam a contribuir reciprocamente, com
bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados.
No Brasil, assim como em outros países, observa-se o crescimento das entidades
sem fins lucrativos, sua atuação direta como agentes de mudanças humanas, cujos
resultados são percebidos através de mudanças de comportamento, condições, visão,
saúde e, acima de tudo, de sua competência e capacidade. Desta maneira, o propósito
maior destas entidades visa o auxílio e o aprimoramento dos indivíduos e,
conseqüentemente, da coletividade.
Com esse crescimento surgiu a necessidade de valorização das entidades que
realmente buscam fins públicos e representam grandes segmentos da sociedade civil e
não somente pequenos grupos, como forma de melhorar esse esclarecimento e essa
monitoração dos recursos com seus parceiros. Através de termos de parcerias e contratos
de gestão, foram criadas pelo Governo Brasileiro duas figuras jurídicas classificadas
como: Organizações Sociais - OSs, criada pela medida provisória 1.591/97, e
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP pela lei 9.790/99, de 23
de março de 1999, que dispõe sobre a qualificação de entidades. Esta lei transforma tais
entidades em parceiras dos órgãos governamentais, tornando-as aptas a realizarem
projetos e atividades decorrentes desses termos de parcerias, com financiamento público,
prestando contas com transparência e publicidade. A qualificação como OSCIP é um
direito da pessoa jurídica, desde que cumpra os rigorosos requisitos do Ministério da
Justiça e esteja apta a dar publicidade à sua movimentação financeira.
Ambas não têm fins lucrativos, são de direito privado, têm objetivos similares,
atuam praticamente no mesmo campo e podem beneficiar-se de recursos públicos.
Entretanto, não se confundem. Aliás, a Lei que trata das OSCIPs é clara ao dizer, em seu
111
artigo 2º, Item IX, que as Organizações Sociais não são passíveis de qualificação como
OSCIPs.
De acordo com a referida Lei em seu artigo 1º, são exigidos três requisitos para
que uma entidade se qualifique como OSCIP:
a) ser pessoa jurídica de direito privado;
b) não ter fins lucrativos;
c) atender seus objetivos sociais e normas estatutárias aos requisitos instituídos pela lei.
Na constituição e formalização de uma entidade sem fins lucrativos, alguns
elementos são fundamentais, quais sejam: Estatuto Social, ata de constituição e registro.
O Estatuto Social é o documento que registra as características e o conjunto de regras de
uma entidade civil sem fins lucrativos.
Ata é o termo de reunião de abertura no qual é relatado o conteúdo da reunião da
Assembléia Geral para escolha do administrador, aprovação das contas, enfim, as
deliberações das entidades. Depois de discutir o propósito, as características e a forma de
administração da associação, os fundadores estão prontos para realizar a Assembléia
Geral de Constituição. Normalmente, a Assembléia é convocada previamente, com pauta,
data, horário e local definidos. É obrigatório o visto de um advogado registrado na Ordem
dos Advogados do Brasil - OAB na ata e no estatuto, caso contrário, a entidade não
poderá ser submetida ao registro.
O registro da entidade é efetuado em cartório e é equiparável ao registro de uma
pessoa física ao nascer: é preciso tornar pública sua existência. As organizações privadas
não lucrativas são registradas no Cartório de Registros Civis de Pessoas Jurídicas. Além
dos pontos comentados, são necessárias outras formalidades para que a entidade possa
exercer suas atividades.
Do ponto de vista fiscal, a regularização da organização junto à Secretaria da
Receita Federal permite o seu registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do
Ministério da Fazenda - CNPJ/MF, o qual possibilita a abertura de conta bancária e prova
a regularidade fiscal de sua existência.
112
Quanto à regularização trabalhista, a entidade, mesmo que não tenha
colaboradores, deve apresentar documentos e informações anuais Relação Anual de
Informações Sociais - RAIS e Guia do Fundo de Garantia e Informações à Previdência –
GFIP. Além disso, se quiser contratar colaboradores, deverá registrar-se no Instituto
Nacional de Seguridade Social - INSS.
O espaço físico a ser utilizado como sede da entidade, também precisa ser
regularizado perante a Prefeitura do Município em que se localiza.
Além dos registros obrigatórios, há também os registros facultativos, vinculados a
certos títulos e qualificações concedidos pelo poder público, a saber: o registro no
Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS; a obtenção das declarações de
Utilidade Pública (em âmbito federal, estadual ou municipal); a obtenção do Certificado
de Entidade Beneficente de Assistência Social - CEBAS e a qualificação como
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP. Nenhum desses títulos e
registros modifica a forma jurídica dessas entidades que continuará a ser uma associação
civil ou uma fundação. De qualquer modo, a concessão de um título ou registro
normalmente exige que o Estatuto Social contenha algumas disposições específicas, que
podem variar a cada caso.
As fundações são constituídas através de Escritura Pública de Fundação e do
parecer do Curador das Fundações (Ministério Público) favorável ao registro, ou seja,
aquelas pessoas que desejam prestar serviços à comunidade, de caráter mais permanente,
com fiscalização mais rigorosa por parte do Estado e cuja administração não possa
modificar o objetivo ou a vontade do instituidor, associando tal desejo a algum
patrimônio livre e desembaraçado que se vinculará ao fim desejado.
Visando a atender as lacunas deixadas pelo Estado na prestação de serviços ou agindo
paralelamente as ações deste, as entidades sem fins lucrativos desempenham atividades
de grande relevância para a sociedade, definindo assim objetivos, finalidades e
características para o desempenho de suas atividades.
Objetivos, Finalidades e Características
113
A responsabilidade da organização, parte do princípio de que esta é um organismo
vivo no ambiente em que atua, provocando alterações, sendo afetada pelas oscilações
ocorridas dentro de um contexto social.
Do ponto de vista sistêmico, essas entidades interagem com o ambiente externo
no qual atuam, denominado sistema econômico e social, e com a sociedade em um
sentido mais amplo. Obtêm desse sistema os recursos (pessoal, materiais, tecnologia, etc.)
utilizados na execução de suas atividades de apoio (administração, manutenção, etc.) e
atividades principais, como: (filantropia, esporte, lazer, religião, cultura, educação,
saúde), gerando, assim, o que se denomina de "produto social", ou seja, pessoas
atendidas. Seus resultados são sempre mudanças em pessoas - de comportamento,
competência, saúde, capacidade, esperanças, cultura, etc. De fato, a entidade cumpre
efetivamente sua missão quando reintegra as pessoas ao sistema econômico e social,
modificando-o.
Encontra-se nos textos do Código Civil, artigo 53, a expressão “fins não
econômicos” como sinônimo de “sem fins lucrativos”. De acordo com Latorre, Larroude
e Ciconello (2003), esta terminologia causou apreensão às entidades, particularmente pela
dúvida se elas poderiam ser confundidas com as sociedades ao desenvolverem atividades
econômicas, comercialização de bens e serviços para obtenção de receitas,
descaracterizando o seu formato associativo e perderiam, dentre outros, o direito aos
benefícios fiscais (imunidades, isenções e incentivos). A partir da diferenciação entre
“fins” e “atividades”, estes mesmos autores afirmam não haver impedimentos desde que
a entidade não distribua os resultados decorrentes entre os associados e os destine à
manutenção dos objetivos sociais.
Esta condição também se aplica às fundações. Olak (1996:45) identifica quatro
principais características dessas entidades:
a) o lucro (superávit) não é a razão de ser, mas um meio necessário para garantir a
continuidade e o cumprimento de seus propósitos institucionais;
b) seus propósitos institucionais, quaisquer que sejam suas preocupações específicas,
objetivam provocar mudanças sociais;
114
c) o patrimônio pertence à sociedade como um todo ou segmento dela, não cabendo aos
seus membros ou mantenedores parcelas de participação econômica no mesmo;
d) as contribuições, doações e subvenções constituem-se, normalmente, nas principais
fontes de recursos financeiros, econômicos e materiais das entidades sem fins lucrativos.
A partir destas características, Olak (1996) definiu as entidades sem fins
lucrativos como instituições com propósitos específicos de provocar mudanças e cujo
patrimônio é constituído, mantido e ampliado a partir de contribuições, doações e
subvenções e de modo algum se reverte para seus membros ou mantenedores.
Segundo Druker (1994:14) “as entidades sem fins lucrativos tem por objetivo
"provocar mudanças sociais", são agentes de mudança humana. Seu produto é um
paciente curado, uma criança que aprende, um jovem que se transforma em um adulto
com respeito próprio; isto é, toda uma vida transformada. Nesse sentido, a mensuração
econômica do resultado social torna-se muito difícil. Aliás, talvez devesse ser utilizado
um outro enfoque da Contabilidade (social, por exemplo) para tratar dessa questão em
particular”.
Para cumprir com seus objetivos, as entidades sem fins lucrativos realizam
investimentos e despesas e procuram meios ou fundos para suprir essas aplicações. A
instituição pode receber doações, fato que deve ser perfeitamente evidenciado no sentido
de dar maior transparência e possibilitar o controle social por parte dos doadores.
Percebe-se, então, a importância da Contabilidade para as entidades sem fins lucrativos
como fonte de informações.
Contabilidade
Como as mudanças sociais, políticas e tecnológicas têm sido significativas a partir
das últimas décadas do século XX e a competitividade tornou-se mais acirrada, a
Contabilidade evoluiu para atender às demandas geradas pela sociedade, seguindo as
tendências e consolidando-se como ferramenta indispensável para a tomada de decisões
nas organizações.
A Contabilidade é definida como um sistema de informação e mensuração. Passou
115
a ser requerida em diversos momentos pelos vários organismos governamentais e não-
governamentais para fornecer-lhes demonstrações contábeis e outras informações por ela
geradas, quer para registros e concessão de certificados específicos quer para fins de
prestação de contas das ações realizadas.
Definir as funções da Contabilidade é uma tarefa difícil, fato que se relaciona com
a rotina das organizações. De acordo com Iudícibus (1996:98), algumas das principais
funções da Contabilidade são: “organizar um sistema de controle adequado às atividades
da organização; registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor
monetário; com base nos registros realizados, elaborar periodicamente quadros
demonstrativos da situação econômica e financeira; analisar esses quadros
demonstrativos e apurar se a organização teve lucro ou prejuízo num determinado
período; acompanhar a execução dos planos econômicos da organização, prevendo os
pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros e alertar para
eventuais problemas; cuidar da relação financeira da organização com terceiros (bancos,
fornecedores, clientes, etc)”.
Ainda segundo Iudícibus (1996:18), vários são os métodos de realizar a
evidenciação contábil, mesmo que tal evidenciação se refira ao quadro de demonstrações
contábeis, citando seis desses métodos, os quais serão agora apresentados:
a) forma e apresentação das demonstrações contábeis;
b) informação entre parênteses;
c) notas de rodapé (explicativas);
d) quadros e demonstrativos complementares;
e) comentários do auditor;
f) relatório da diretoria.
Por desempenharem função de interesse público, são crescentes as exigências para
que as entidades sem fins lucrativos demonstrem transparência (disclosure) e prestem
contas (accountability) à comunidade, assumindo a Contabilidade um papel fundamental
nesse sentido.
116
Segundo (Iudícibus 1996:24) “é oportuno questionar de que forma a
Contabilidade, definida como o método de identificar, mensurar e comunicar informação
econômica e financeira, a fim de permitir decisões e julgamentos adequados por parte dos
usuários”. Podem-se gerar relatórios de modo que estes usuários compreendam as
informações contábeis das entidades sem fins lucrativos, valendo-se das atuais normas
técnicas do Conselho Federal de Contabilidade que, com simples adaptações, são as
mesmas regras aplicadas às organizações.
As entidades sem fins lucrativos não devem, contabilmente, ser confundidas com
as organizações. Os planos de contas, registros, demonstrativos devem atender às
peculiaridades, assim como o estudo do comportamento da riqueza. As entidades sem
fins lucrativos, assim como as organizações, possuem Patrimônio. Na organização, o
registro inicial recebe o nome de “Capital” e nestas entidades recebe o nome de
“Patrimônio Social”, que deve representar a capacidade que a entidade tem de manter-se
no mercado, oferecendo seus serviços à comunidade, com eficiência e qualidade, sem
contudo, comprometer a sua continuidade.
As entidades sem fins lucrativos estão obrigadas à observância das Normas
Brasileiras de Contabilidade. Até a edição da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica
- NBCT, que trata dos aspectos contábeis específicos para entidades sem fins lucrativos,
não havia normatização, ocasionando procedimentos não uniformes, apesar de a
exigência de se observarem os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
A Norma Brasileira Contábil Técnica - NBCT, do Conselho Federal de
Contabilidade – CFC, define as entidades sem fins lucrativos como sendo aquelas em que
o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou
prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit. Percebe-se que
foram citados nessa Norma Técnica dois aspectos fundamentais: não distribuição do
eventual resultado positivo e nomenclatura do resultado apurado. As Normas Técnicas
são de grande significação, especialmente as que tratam do reconhecimento de receitas e
despesas. Nessas entidades, as principais fontes de recursos, como as doações e
contribuições, não guardam relação direta com os custos e despesas.
117
O artigo 9º da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 750/93 institui
que as receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado no período em
que ocorrerem, independentemente do pagamento ou recebimento. Este é o enunciado do
Princípio da Competência. A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica – NBCT, trata
dos aspectos legais específicos das entidades sem finalidade de lucros, em que os
registros contábeis devem evidenciar as contas de receitas e despesas, superávit ou
déficit, de forma segregada, quando identificáveis por tipo de atividade, tais como
educação, saúde, assistência social, técnico-científica e outras, bem como comercial,
industrial ou de prestação de serviços.
Acredita-se ser inadequado criar uma conta de Resultado, pois seria insuficiente
como conceito. Utiliza-se, nestas entidades, a conta Variações Patrimoniais e esta pode
desdobrar-se em outras que acusam as Variações Patrimoniais Aumentativas e Variações
Patrimoniais Diminutivas. Elas decorrem da movimentação ocorrida com o desempenho
da atividade, podendo ser observadas nos procedimentos contábeis dessas entidades.
O Decreto nº 2.536, de 6 de abril de 1998, em seu artigo 4º, exige que as entidades
sem fins lucrativos apresentem as seguintes demonstrações financeiras:
a) Balanço Patrimonial;
b) Demonstração do Resultado do Exercício;
c) Demonstrações das Mutações Patrimoniais;
d) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - D.O.A.R e
Demonstração de Fluxo de Caixa - DFC;
e) Notas Explicativas.
Em relação às notas explicativas, no disposto do inciso VI do artigo 3º, deverão
estar evidenciados o resumo das principais práticas contábeis e os critérios de apuração
total das receitas, das despesas, das gratuidades, das doações, das subvenções e das
aplicações de recursos bem como da mensuração dos gastos e despesas relacionados com
a atividade assistencial.
118
A principal característica do Balanço Patrimonial, enquanto demonstração, é
evidenciar a posição financeira e patrimonial da entidade em determinada data. Para uma
entidade sem fins lucrativos, atende ao mesmo formato e classificação fixados na Lei n.º
6.404/76, apenas contendo alguns ajustes especificados pela NBCT. Algumas adaptações
devem ser feitas e dizem respeito, principalmente, à nomenclatura de algumas contas a
serem utilizadas.
De acordo com a NBCT, a denominação da Demonstração do Resultado (item 3.3
da NBCT) é alterada para Demonstração do superávit ou déficit, que deverá evidenciar a
composição do resultado de um determinado período. Portanto, o resultado do exercício
será denominado superávit ou déficit. Tendo em vista que a preocupação dessas entidades
é maior com as atividades desenvolvidas do que mesmo com o resultado, essa
demonstração é de fundamental importância por evidenciar as ações dos gestores em
termos de volume de recursos obtidos e custos e despesas das atividades.
A mudança é natural, pois, nas entidades sem fins lucrativos, não existe a figura
do resultado financeiro, que pode ser considerado como os lucros ou prejuízos a serem
distribuídos ou suportados pelos detentores do capital em entidades empresariais.
Assim como as outras, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Social, que explica as modificações ocorridas durante o período, tem apenas algumas
modificações com relação à Demonstração do Patrimônio Líquido estruturada pelas
entidades empresariais. Segundo a NBCT a denominação da Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido é alterada para Demonstração das Mutações do Patrimônio Social,
que deve evidenciar num determinado período, a movimentação das contas que integram
o patrimônio da entidade.
Na Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR das entidades
sem fins lucrativos existe apenas a substituição da palavra Resultado pela expressão
Superávit ou Déficit. Percebe-se claramente que o legislador simplesmente determina que
essas organizações elaborem demonstrativos contábeis de acordo com as exigências da
legislação societária e da legislação comercial.
Quando a lei exige a apresentação de demonstração de resultado do exercício,
assume que entidades sem fins lucrativos considerem a diferença entre entrada e saída de
recursos como um resultado econômico, sendo esse apenas um dos exemplos de tentativa
119
de se considerar a Contabilidade como perfeitamente alinhada com a evidenciação
contábil que se exige para as demais organizações.
A estrutura das demonstrações contábeis deve contemplar a maior quantidade de
informações, evidenciando o que for considerado importante para a tomada de decisões e
a prestação de contas, ou accountability, não sendo interessante divulgar informações de
pouca utilidade ou que possam vir a confundir os usuários. A forma de apresentação
destas demonstrações é importante, pois melhora a compreensão e constitui ferramenta
para a gestão e controle social. De acordo com NBCT, devem as demonstrações ser
complementadas por notas contábeis explicativas elencadas:
a) o resumo das principais práticas contábeis;
b) os critérios de apuração das receitas e das despesas, com gratuidades, doações,
aplicações de recursos;
c) as contribuições previdenciárias relacionadas com a atividade assistencial que devem
ser demonstradas como se a entidade não gozasse de isenção;
d) as taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;
e) as informações sobre o tipo de seguro contratados;
f) as entidades educacionais, além das notas explicativas, que devem evidenciar a
adequação das receitas com as despesas de pessoa, segundo parâmetros estabelecidos
pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação e sua regulamentação.
Assim, com essas demonstrações implementadas, poderá o gestor avaliar e
mensurar o desempenho dessas entidades.
Modelo de Mensuração e Avaliação de Desempenho
A base para a eficácia do gerenciamento financeiro das entidades sem fins
lucrativos é a preparação de um planejamento que garanta a otimização dos recursos para
o atingimento dos objetivos, delineando-se respostas para problemas do tipo: manter ou
ampliar as atividades; buscar ou não fontes alternativas de financiamento; comparar a
120
eficácia de diferentes abordagens ou os locais de prestação dos serviços desenvolvendo
métodos de medição.
As entidades sem fins lucrativos devem desenvolver suas atividades baseadas em
um plano de trabalho previamente elaborado, que distinga as atividades essenciais das
não essenciais, detalhando as ações para cumprimento da missão e dos objetivos a que se
propõem, podendo, então, avaliar desempenhos.
Uma ferramenta de grande importância e poder informativo para o plano de
trabalho é o orçamento anual, que deve ser estruturado de conformidade com esse plano,
constituindo-se peça importante, norteadora das atividades das organizações, pois permite
a determinação de metas financeiras e não financeiras e a verificação de seu cumprimento
por parte dos gestores.
O sucesso da gestão financeira dessas entidades, portanto, depende dos seguintes
pontos:
a) preparar um orçamento em conformidade com o plano de trabalho;
b) projetar as receitas e fixar as despesas adequadamente;
c) monitorar o fluxo de caixa;
d) estabelecer padrões de controle dos fundos, caso haja constituído;
e) acompanhar a execução do programa, comparando os resultados projetados com os
realizados;
f) preparar informações que atendam os interesses dos patrocinadores, doadores,
financiadores, comunidade, gestores, dentre outros;
g) prestar contas dos recursos recebidos de organizações.
Utilizando o orçamento como ferramenta gerencial e atendendo aos pontos
citados, as entidades sem fins lucrativos terão condições de criar seu próprio modelo de
decisão.
Modelo de Decisão
121
De acordo com Parisi (apud, CATELLI, 2001:118), gestão é o processo de
decisão, baseado em um conjunto de conceitos e princípios coerentes entre si, que visa
garantir a consecução da missão da organização. Este conjunto de conceitos é chamado
de modelo de gestão ou modelo de decisão.
Ser gestor de uma entidade sem fins lucrativos é uma atividade complexa que
exige muita dedicação e o uso adequado de diferentes habilidades e conhecimentos. É um
grande desafio, porque dependendo da forma com que se lidam com as pessoas e com os
recursos, resultará em um melhor ou pior desempenho.
Ao gerar superávit, essas organizações provêem sua auto-sustentabilidade. Essas
características influenciam na lógica de sua gestão, por isso a importância de um
conhecimento mais aprofundado da realidade e de suas demandas. A gestão é uma função
genérica em todos os tipos de organizações, pois ela é uma das formas encontradas para
ligar o trabalho dos especialistas e manter a organização na direção de sua missão.
Segundo Guerreiro (apud CATELLI, 2001:126), o processo de tomada de decisão,
no nível empresarial, tem uma perfeita correspondência com o ciclo gerencial de
planejamento, execução e controle. As entidades sem fins lucrativos possuem uma
finalidade geral, ou seja, promover melhores condições de qualidade de vida à sociedade.
Estão voltadas a desenvolver estratégias capazes de gerar desempenho superior. Os
gestores percebem que a capacidade de executar estratégias é mais necessária e
importante do que a qualidade da estratégia em si, principalmente na avaliação da
gerência e da corporação.
A estruturação de um plano estratégico é um dos maiores desafios para as
entidades sem fins lucrativos. Entretanto, ainda são poucas as entidades sem fins
lucrativos que podem contar com mecanismos de auto-sustentação. Essas entidades
padecem da falta de uma coerência gerencial e um planejamento estratégico adequado à
sua realidade. As dificuldades são inúmeras, destacando-se, evidentemente, a financeira,
apesar da criatividade na captação de recursos estarem sendo um diferencial positivo na
manutenção de muitas dessas entidades.
122
3.4 Gestão de Instituições de Ensino
Uma organização empresarial, segundo Chiavenato (1993), consiste em um
conjunto de encargos funcionais e hierárquicos, orientados para o objetivo econômico de
produzir bens ou serviços. Para Hall (1984 apud Tachizawa; Andrade, p.45), organização
é:
Uma coletividade com uma fronteira relativamente identificável, uma ordem normativa, escalas de autoridade, sistema de comunicações e sistemas de coordenação de afiliação; essa coletividade existe numa base relativamente contínua em um ambiente e se engaja em atividades que estão relacionadas, usualmente, com um conjunto de objetos.
Organizações produtoras de serviço apresentam características diferentes das
organizações produtoras de produtos. Já as organizações de ensino, que são o foco de
estudo deste trabalho, mais especificamente as organizações de ensino superior,
denominadas de Instituições de Ensino Superior (IES) apresentam características
particulares de gestão devido às suas finalidades.
Para Baldridge (1982 apud Moraes, 2001) os principais objetivos das IES são o
ensino, a pesquisa e a extensão. A dificuldade está em definir o processo decisório da
instituição com vistas a atender estes objetivos complexos com alto grau de incerteza e
conflitos.
Segundo Lanzillotti (1997), é numa instituição de ensino superior que o
conhecimento é gerado, utilizado e preservado, o que caracteriza estas instituições como
organizações especializadas.
Organizações com este perfil costumam apresentar uma inversão na relação entre
administradores e especialistas, relativamente às organizações não especializadas. Para a
autora, isto decorre do fato de serem os administradores responsáveis pelo gerenciamento
das atividades – meio, cabendo aos especialistas a administração das atividades fim.
Lnzillotti (1997, p.31) afirma que:
Convém acrescentar que a influencia desmedida de especialistas no processo de tomada de decisões pode constituir-se em obstáculo para a consecução dos objetivos propostos pela organização, colocando em jogo a sua sobrevivência. Mas, por outro lado, a influencia igualmente excessiva da administração também contribuirá para o não atingimento desses objetivos, muitas
123
vezes impedindo a prática da liberdade acadêmica – resultado da criação e institucionalização do conhecimento.
A complexidade e a natureza das atividades das Instituições de Ensino Superior criam um
ambiente específico, diferente das demais organizações empresariais.
Segundo Fernandes (1998) uma escola é uma empresa prestadora de serviços que
oferece produtos. Para o autor, as instituições de ensino superior oferecem como produtos
os profissionais formados capazes de se inserir no ambiente de trabalho e na sociedade.
Para Hansen (2001a) as Instituições de Ensino Superior ainda relutam em
enfrentar seu posicionamento na sociedade como empresas. Segundo o autor, parece que
algumas instituições de ensino superior tem dificuldades de se encararem como
organizações empresariais. Porém, estas instituições não conseguem fingir dos modelos
de administração/gestão de empresas.
Uma empresa busca, através da venda de produtos ou serviços, o lucro desta
atividade. É a obtenção do lucro que, em última instancia, na visão de Hansen (2001a),
distingue uma empresa tradicional de outras instituições.
A partir desta concepção de empresa, o autor apresenta tipos diferentes de
organizações na área da educação:
a) instituições de ensino empresariais;
b) instituições de ensino estatais;
c) instituições de ensino comunitárias e/ou filantrópicas
As instituições de ensino empresariais são empresas no sentido estrito, já que são
empresas criadas e gerenciadas com o objetivo de obter lucro. As instituições de ensino
estatais são orçamentadas pelo governo (nas três esferas), não apresentam a finalidade de
lucro. As instituições comunitárias caracterizam-se pela finalidade não lucrativa, e muitas
são filantrópicas.
Em todas estas instituições, é possível observar características de gestão específicas.
Para as instituições lucrativas, a gestão está direcionada para a conquista do cliente com
oferta de produtos (custos) atraentes para determinados segmentos de mercado e a
ampliação das margens de lucros é o objetivo maior.
124
Nas IES estatais, é possível encontrar certo desdém pelo mercado. Em muitas destas
instituições, Hansem (2001a) afirma que os trabalhos estão mais voltados para as
demandas internas e interesses de ensino, pesquisa e extensão do que para clientes
potenciais.
Nas instituições comunitárias e/ou filantrópicas, a gestão apresenta-se complexa. Na
concepção do autor, é comum a ausência de critérios claros acerca da própria finalidade
institucional. Em muitas destas instituições há certa mistura dos modelos estatal e
empresarial.
O modelo de gestão adotado pelas IES diferencia-se de acordo com as características
destas instituições e o ambiente em que atuam.
Dias Sobrinho (2003, p. 110) define que a instituição de educação, por sua natureza e
função, é radicalmente diferente de uma empresa do mundo econômico. Para o autor,
uma instituição educativa tem como objetivo:
O desenvolvimento do humano e do social como referencia e finalidade [...], a empresa de mercado tem nos meios o seu fim. A esta basta desenvolver eficazmente os meios para bem cumprir os seus interesses particulares [...] principalmente, aumentar a produtividade, a eficiência, a competitividade, enfim, obter mais resultados práticos quantificáveis, derivados do seu saber-fazer, como expressões concretas do seu lucro.
Para Tachizawa e Andrade (2002), é importante diferenciar as instituições de ensino
de outras organizações. O setor de ensino superior apresenta as seguintes características:
a) não há grande diversidade entre as tecnologias educacionais e de processos
utilizados pelas instituições;
b) há existência de barreiras legais e governamentais à entrada de novas instituições;
c) elevada regulamentação estatal;
d) competição básica, via lançamento de novos cursos;
e) significativo volume de investimentos e de capital para a entrada no setor;
f) pouca diferenciação de produtos.
125
Agrega-se a estas características, uma outra fundamental que é a multiplicidade de
objetivos de uma organização de ensino, devido as suas finalidades múltiplas: ensino,
pesquisa e extensão.
Tachizawa e Andrade (2002) afirmam que há determinadas estratégias e instrumentos
de gestão que são comuns a todas as instituições de ensino. Porém, há estratégias
específicas e instrumentos particulares de gestão que variam de instituição para
instituição. A figura 3.1 ilustra a afirmação dos autores.
Figura 3.1 – Modelo descritivo de gestão Fonte: Adaptado de Tachizawa e Andrade (2001, p.63).
Desta forma, o modelo de gestão adotado pela IES tem por objetivo o atingimento
das estratégias comuns e específicas, através do emprego dos instrumentos de gestão
comuns e específicos de cada IES.
Segundo Chiavenato e Cerqueira Neto (2003), o sistema (modelo) de gestão
estratégica da organização pressupõe que sejam definidas as relações entre as estratégias
e o desempenho pretendido.
Tachizawa e Andrade (2002, p.118) afirmam que um sistema moderno de gestão
depende de medição, informação e análise. Para os autores, “as medições precisam ser
uma decorrência da estratégia da instituição de ensino, abrangendo os principais
processo, bem como os seus resultados”.
O desdobramento das estratégias exige a avaliação do desempenho de cada uma
das ações definidas. Este processo de medida de desempenho garantirá apoio à tomada de
decisão nos diversos níveis da organização, permitindo o acompanhamento de tendências,
126
projeções e relações de causa e efeito, sendo a base para o planejamento, a análise do
desempenho e a melhoria das atividades (Tachizawa; Andrade,2002).
Desta forma as medidas de desempenho visam garantir uma relação de causa e
efeito entre processo e resultados que garantam os resultados esperados das estratégias.
127
3.5 O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)
Com a edição da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, que estabelece a Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), o Ministério da Educação
iniciou um processo de revisão das atribuições e competências da Secretaria de Educação
Superior - SESu, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC, do
Conselho Nacional de Educação - CNE e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa
Educacionais - INEP, objetivando consolidar o trabalho realizado e conferir maior
eficiência e eficácia aos dispositivos contidos na Lei nº 9.394/96.
No contexto desta revisão, constatou-se a necessidade de introduzir, como parte
integrante do processo avaliativo das Instituições de Ensino Superior - IES, o seu
planejamento estratégico, sintetizado no que se convencionou denominar de Plano de
Desenvolvimento Institucional - PDI.
O PDI deverá ser apresentado pela instituição na forma de novo processo no
Sistema SAPIEnS, no momento em que o interessado solicitar ao MEC, por intermédio
do Sistema SAPIEnS, o credenciamento de Instituição de Educação Superior, ou re-
credenciamento periódico de Instituição de Educação Superior, ou autorização de cursos
superiores de graduação, tecnológicos, seqüenciais, ou credenciamento de Instituição
para a oferta de ensino a distância, ou autorização de cursos fora de sede para as
universidades.
Ressalta-se que as Instituições deverão apresentar seus PDI's a cada 5 (cinco)
anos, tendo em vista o período de vigência estabelecido pela legislação vigente.
Como dispositivos legais de orientação à elaboração de PDI, destacam-se:
Lei Nº 9.394/1996 (LDB)
Lei Nº 10.861/2004
Decreto Nº 2.494/1998
Decreto No 3.860/2001
Decreto Nº 4.914/2003
Decreto Nº 5.154/2004
Decreto Nº 5.224/2004
128
Decreto Nº 5.225/2004
Portaria MEC Nº 301/1998
Portaria MEC Nº 1.466/2001
Portaria MEC Nº 2.253/2001
Portaria MEC Nº 3.284/2003
Portaria MEC Nº 7/2004
Portaria MEC Nº 2.051/2004
Portaria MEC Nº 3.643/2004
Portaria MEC nº 4.361/2004
Resolução CES/CNE No 2/1998
Resolução CNE/CP No 1/1999
Resolução CES/CNE Nº 1/2001
Resolução CP/CNE Nº 1/2002 (art.7º)
Resolução CES/CNE No 10/2002
Parecer CES/CNE Nº 1.070/1999
Este documento apresenta um roteiro de apoio às Instituições, com o propósito de
subsidiar a construção de seu Plano de Desenvolvimento Institucional.
Pressupostos Básicos
Para melhor compreensão das diretrizes propostas, faz-se necessário enunciar
alguns pressupostos básicos, a saber:
• Devem integrar os anexos ao PDI, os seguintes documentos: projetos de cursos
previstos para o primeiro ano de vigência de PDI; regimento ou estatuto (ou proposta de),
conforme a natureza da instituição e outros documentos relevantes e complementares ao
PDI, que a IES entenda que devam fazer parte do mesmo.
• A construção do PDI deverá se fazer de forma livre, para que a Instituição exercite sua
criatividade e liberdade, no processo de sua elaboração. Entretanto, os eixos temáticos
129
constantes das Instruções a seguir, deverão estar presentes, pois serão tomados como
referenciais das análises subseqüentes, que se realizarão por comissão designada pela
SESu/MEC e SETEC/MEC para este fim.
• O texto do PDI, deverá ser conciso e claro, contendo dados e informações relevantes
para a análise de mérito da proposta e que permitam também, tanto à IES como ao MEC,
identificar e monitorar o cumprimento das metas institucionais estabelecidas.
Orientação Geral
O Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI, elaborado para um período de 5
(cinco) anos, é o documento que identifica a Instituição de Ensino Superior (IES), no que
diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes
pedagógicas que orientam suas ações, à sua estrutura organizacional e às atividades
acadêmicas que desenvolve e/ou que pretende desenvolver.
A elaboração do PDI deverá explicitar o modo pelo qual o documento foi
construído e a interferência que exercerá sobre a dinâmica da Instituição, tendo como
pressuposto o atendimento ao conjunto de normas vigentes.
É imprescindível, na elaboração do PDI, considerar como princípios, a clareza e a
objetividade do texto, bem como a coerência, de forma a expressar a adequação entre
todos os seus elementos, e a factibilidade, de forma a demonstrar a viabilidade do seu
cumprimento integral.
A recomendação do Plano de Desenvolvimento Institucional, não autoriza, por si,
as IES a implementar a expansão nele prevista, devendo as mesmas, de acordo com os
cronogramas apresentados no PDI, proceder às solicitações que se fazem necessárias,
encaminhando seus pedidos, pelo Sistema SAPIENS.
O Projeto Pedagógico, incluindo denominação de curso e o perfil proposto, deve
ser objeto de avaliação posterior. Com o objetivo de apoiar as Instituições no trabalho de
elaboração do PDI, segue-se um formulário contendo as dimensões que virão a ser
analisadas pela SESu/MEC e SETEC/MEC.
130
1. Perfil Institucional
1.1. Perfil Institucional
• Breve Histórico da IES
• Inserção Regional
• Missão
• Finalidades
• Objetivos e Metas (Descrição dos objetivos e quantificação das metas com cronograma)
• Área (s) de atuação acadêmica
• Responsabilidade Social da IES (Enfatizar a contribuição à inclusão social e ao
desenvolvimento econômico e social da região)
• Políticas de Ensino
• Políticas de Extensão e Pesquisa (Para as IES que propõem desenvolver essas atividades
acadêmicas)
2. Gestão Institucional
2.1. Organização Administrativa
• Estrutura Organizacional, Instâncias de Decisão e Organograma Institucional e
Acadêmico.
• Órgãos Colegiados: atribuições, competências e composição.
• Órgãos de apoio às atividades acadêmicas.
• Autonomia da IES em relação à Mantenedora.
• Relações e parcerias com a comunidade, instituições e empresas (mecanismos
institucionais de interação com o mundo do trabalho e a prática social).
2.2. Organização e Gestão de Pessoal
131
• Corpo docente - composição, políticas de qualificação, plano de carreira e regime de
trabalho.
• Cronograma e plano de expansão do corpo docente, com titulação e regime de trabalho,
m detalhando perfil existente e pretendido para o período de vigência do PDI.
• Corpo técnico/administrativo - estruturação, políticas de qualificação, plano de carreira
e/ou cargos e salários e cronograma de expansão.
2.3. Políticas de atendimento aos discentes
• Formas de acesso, programas de apoio pedagógico e financeiro (bolsas).
• Estímulos à permanência (programa de nivelamento, atendimento psico-pedagógico).
• Organização estudantil (Espaço para participação e convivência estudantil).
• Acompanhamento dos egressos.
3. Organização Acadêmica
3.1. Organização Didático-Pedagógica
Plano para atendimento às diretrizes pedagógicas, estabelecendo os critérios gerais para
definição de:
• Perfil do egresso;
• Seleção de conteúdos;
• Princípios metodológicos;
• Processo de avaliação;
• Práticas pedagógicas inovadoras;
• Políticas de estágio, prática profissional e atividades complementares;
• Políticas e práticas de Educação à Distância (para as IES que propõem desenvolver essa
modalidade);
• Políticas de educação inclusiva (PNE-Portadores de Necessidades Especiais).
3.2. Oferta de Cursos e Programas (Presenciais e à Distância)
132
As Instituições, ressalvada a modalidade de ensino a distância, deverão apresentar dados
relativos ao número de vagas, dimensões das turmas, turno de funcionamento e regime de
matrícula de seus cursos. Informar ainda a situação atual dos cursos (em funcionamento,
em fase de autorização ou de futura solicitação), incluindo o cronograma de expansão na
vigência do PDI conforme detalhamento a seguir:
• Graduação (Bacharelado, Licenciatura e Tecnologia);
• Seqüenciais (formação específica, complementação de estudos);
• Programas Especiais de Formação Pedagógica;
• Pós-Graduação (lato sensu);
• Pós-Graduação (stricto sensu);
• Programas de Extensão;
• Programas de Pesquisa;
4. Infra-Estrutura
• Infra-estrutura física (detalhar salas de aula, biblioteca, laboratórios, instalações
administrativas, sala de docentes, coordenações, área de lazer e outros);
• Infra-estrutura acadêmica (quantificar acervo por área de conhecimento, recursos
tecnológicos, áudio visual, rede de computadores, informatização e outros);
• Adequação da infra-estrutura para o atendimento aos portadores de necessidades
especiais;
• Estratégias e meios para comunicação interna e externa (explicitar os meios de
comunicação utilizados pela IES para atingir a comunidade interna e a sociedade em
geral);
• Cronograma de expansão da infra-estrutura para o período de vigência do PDI.
5. Aspectos Financeiros e Orçamentários
133
• Demonstração da sustentabilidade financeira, incluindo os programas de expansão
previstos no PDI:
- Estratégia de gestão econômico-financeira;
- Planos de investimentos;
- Previsão orçamentária e cronograma de execução (5 anos).
6. Avaliação e Acompanhamento do Desenvolvimento Institucional
• Projeto de Avaliação e Acompanhamento das atividades acadêmicas de Ensino,
Pesquisa e Extensão, Planejamento e Gestão (descrever a metodologia, dimensões e
instrumentos a serem utilizados no processo);
• Formas de participação da comunidade acadêmica, técnica e administrativa, incluindo a
atuação da Comissão Própria de Avaliação - CPA, em conformidade com o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES;
• Formas de utilização dos resultados das avaliações.
7. Anexos
• Projeto pedagógico do (s) curso (s) solicitado (s) para primeiro ano de vigência do PDI
Nota: Os projetos dos cursos aqui elencados, para os quais está sendo solicitada
autorização de funcionamento, embora integrando o PDI, deverão constituir
arquivos específicos anexados em local apropriado, nas Pastas Eletrônicas da
Instituição, no sistema SAPIEnS/MEC.
Com vistas às necessidades de informações que irão dar suporte à análise e à avaliação
feitas pelo SINAES, os dados e informações sobre a IES, constantes do PDI, deverão se
organizar em três níveis hierárquicos: Dimensões, Categorias de Análise e Indicadores,
conforme descrito abaixo:
1. Dimensão 'Organização Institucional'
134
1.1.Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI
Indicadores
· Missão institucional
(Vocação global, Objetivos e Metas da IES)
· Ações institucionais propostas
(Coerência das ações acadêmico-administrativas propostas em função da vocação
global, dos objetivos e das metas da IES)
· Gestão acadêmico-administrativa
(Forma de Administração institucional; Estatuto ou Regimento da IES; Estrutura
organizacional; Estrutura e atribuições dos órgãos colegiados; Estrutura e
atribuições das coordenações de curso; Integração entre gestão administrativa,
órgãos colegiados e cursos; Participação da comunidade universitária nos órgãos
superiores administrativos e acadêmicos; Mecanismos de acompanhamento
sistemático dos objetivos; Estrutura e fluxo do controle acadêmico da IES; formas
de gestão financeira existentes/previstas; descrição e cronograma do processo de
expansão da instituição a ser credenciada, em relação ao aumento de vagas,
abertura de cursos superiores, ampliação das instalações físicas e, quando for o
caso, abertura de cursos fora de sede. Condições de financiamento da IES - fontes
de receita, itens de despesa, condições orçamentárias e cronogramas de execução
financeira/orçamentária; Valor dos encargos financeiros assumidos pelos alunos e
as normas de reajuste aplicáveis durante o desenvolvimento dos cursos; minuta de
contrato de prestação de serviços educacionais a ser firmado entre a mantenedora
e o alunos da mantida, visando a garantir o atendimento dos padrões de qualidade
definidos pelo Ministério da Educação e a regularidade da oferta de ensino
superior de qualidade)
1.2.Projeto pedagógico dos cursos(*) e a articulação das atividades acadêmicas
135
Indicadores
· Existência e implementação de projetos pedagógicos
(descrever plano de implantação e desenvolvimento dos cursos superiores da IES,
de forma a assegurar o atendimento aos critérios e padrões de qualidade para o
corpo docente, infra-estrutura geral e específica e organização didático-
pedagógica, bem como a descrição dos projetos pedagógicos a serem implantados
até sua plena integralização, considerando as diretrizes nacionais de currículo
aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação e homologadas pelo Ministro de
Estado da Educação. Indicar ações que visam a inovação na oferta do(s) curso,
inclusive no que diz respeito a aplicação das diretrizes gerais de currículo
aprovadas pelo MEC
· Processo de elaboração dos projetos pedagógicos e a articulação das atividades
acadêmicas
(registrar participação das coordenações de curso nos projetos pedagógicos dos
cursos; descrever participação dos docentes na elaboração dos projetos
pedagógicos dos cursos)
· Acompanhamento e avaliação dos projetos pedagógicos e das atividades
acadêmicas
(Caso existam ou estejam previstas, relatar as atividades permanentes de pesquisa
(práticas de investigação) e sua articulação com o ensino, as atividades
permanentes de extensão e sua articulação com o ensino, as atividades
permanentes de prática profissional e sua articulação com o ensino, as formas de
participação efetiva dos discentes nas atividades de pesquisa (práticas de
investigação), de participação efetiva dos discentes nas atividades de extensão, de
participação efetiva dos discentes nas atividades de prática profissional; atividades
de pós-graduação articuladas à graduação; as formas de acompanhamento e
supervisão dos projetos pedagógicos dos cursos e das atividades acadêmicas; de
136
avaliação dos projetos pedagógicos dos cursos e da sua articulação com as
atividades acadêmicas - pesquisa, extensão e prática profissional).
1.3. Avaliação Institucional
Indicadores
· Auto-avaliação da IES (existentes ou propostas)
(Descrição de Projeto de qualificação da instituição, contendo, pelo menos, a
descrição dos procedimentos de auto-avaliação institucional, bem como os
procedimentos de atendimento aos alunos, incluindo orientação administrativa,
pedagógica e profissional, acesso aos laboratórios e bibliotecas e formas de
participação dos professores e alunos nos órgãos colegiados responsáveis pela
condução dos assuntos acadêmicos; detalhamento da abrangência do projeto de
auto-avaliação (ensino, pesquisa, extensão e gestão); Ações acadêmico-
administrativas previstas em função dos resultados da auto-avaliação e dos
projetos pedagógicos dos cursos; formas previstas/existentes de participação da
comunidade acadêmica no processo de auto-avaliação da IES; articulação
prevista/existente entre a interpretação dos resultados das avaliações realizadas
pelo MEC e os da auto-avaliação da IES ; existência/previsão de órgão ou
comissão permanente de avaliação na IES).
· Avaliações já realizadas pelo MEC (caso haja)
(Ações acadêmico-administrativas realizadas/previstas em função dos resultados
do ENC/Provão e da Avaliação das Condições de Oferta; resultados
obtidos/esperados)
· Avaliações realizadas por outros agentes externos (caso haja)
(Ações acadêmico-administrativas em função de outras avaliações; resultados
obtidos/esperados)
(*) Observação:
137
Sob o foco do Curso, em lugar da dimensão 'organização institucional', relevante
para evidenciar aspectos referentes à estrutura e funcionamento da Instituição de
Ensino Superior, ressalta a dimensão 'organização didático-pedagógica', cujas
categorias analíticas e indicadores se descrevem a seguir:
1. Organização Didático-Pedagógica:
Na dimensão "Organização Didático-Pedagógica", as três categorias de análise buscam
avaliar a administração acadêmica do curso (a coordenação, a organização técnico-
administrativa e a atenção aos discentes), a proposta do curso em si (sua concepção geral,
o currículo, o sistema de avaliação), as atividades acadêmicas articuladas ao ensino de
graduação (participação dos discentes nas atividades acadêmicas, atividades de prática
profissional, de estágio supervisionado e exigência de trabalho de conclusão de curso de
graduação). Importante é também o projeto de auto-avaliação do(s) curso(s),
considerando se e como contempla as atividades de o ensino e, quando existirem,
também as da pesquisa e de extensão, sendo desejável o envolvimento dos alunos e
professores, e abordando o acompanhamento planejado dos vários aspectos que
envolvem a organização curricular e os eventuais pontos de estrangulamento a enfrentar.
1.1. Administração acadêmica
Indicadores
Coordenação do curso
- Descrição sucinta da política institucional para a coordenação acadêmica de
cursos superiores da instituição; descrição de critérios de escolha do coordenador;
- Definição das atribuições estatutárias ou regimentais para o exercício da função
de coordenador do curso; referência à participação da coordenação do curso em
órgãos colegiados da IES, à existência de colegiado de curso ou equivalente e de
assessoria pedagógica ou equivalente; explicitação da titulação do coordenador do
138
curso, seu regime de trabalho, sua experiência profissional acadêmica, não-
acadêmica e administrativa pregressa, seu potencial interdisciplinar.
Organização acadêmico-administrativa
- Modo de organização do registro e do controle acadêmico; declaração de
existência e modo de funcionamento de órgão(s) colegiado(s) acadêmicos na
instituição; dimensão e forma de composição e de recrutamento do quadro de
pessoal técnico e administrativo;
Atenção aos discentes
- Descrição da política de apoio à participação dos estudantes em atividades de
iniciação científica, de extensão, em eventos; menção à existência de serviços de
encaminhamento profissional, de apoio pedagógico (orientação acadêmica), de
acompanhamento psicopedagógico; facilidades para o acesso às informações do
registro acadêmico; oferta de programas de nivelamento; existência de projeto de
acompanhamento de egressos. Existência de programas de Bolsas de estudo e de
trabalho para alunos.
1.2 Projeto pedagógico do curso
O PDI conterá a descrição da organização dos cursos de graduação e seqüenciais(se for o
caso), previstos para funcionar na IES, considerando as diretrizes curriculares e o
planejamento pedagógico até sua integralização. Deverá explicitar: a indicação de
número de turmas previstas por curso, identificando locais e turnos de funcionamento e
número de alunos admitidos por curso; o elenco de inovações consideradas significativas,
especialmente quanto à flexibilidade de organização dos componentes curriculares, às
oportunidades diferenciadas de integralização do curso, às atividades práticas e estágios;
a existência/previsão de desenvolvimento de materiais pedagógicos; o plano de
139
incorporação dos avanços tecnológicos ao ensino de graduação; a descrição da
organização dos cursos e programas de pós-graduação;
Indicadores
Concepção do curso
- Projeto Pedagógico do Curso; Fundamentação teórico-metodológica do curso;
objetivos do curso; Perfil do egresso.
Currículo
- Explicitar o plano de ensino das disciplinas, do qual constem sua ementa,
súmula dos conteúdos e dimensionamento das cargas horárias; a metodologia de
ensino, atividades discentes, critérios de avaliação e bibliografia básica e
complementar; evidenciar a inter-relação e a integração entre as disciplinas
curriculares e a adequação, atualização e relevância das disciplinas e da
bibliografia indicada.
- Identificar ações inovadoras concernentes à aplicação das diretrizes gerais de
currículo já aprovada pelo MEC.
- Buscar, no plano curricular, a consistência do currículo com a fundamentação
teórico-metodológica do curso, com o perfil do egresso, com os objetivos
declarados do curso, com relação às diretrizes curriculares nacionais.
Buscar a adequação da metodologia de ensino proposta à fundamentação teórico-
metodológica do curso;
Sistema de avaliação
- Projeto institucional de monitoramento e avaliação do Curso
1.3 Atividades acadêmicas articuladas ao ensino de graduação
140
Indicadores
Participação dos discentes nas atividades acadêmicas.
Estágio supervisionado (para Direito: Prática jurídica) e outras atividades práticas
integradas ao ensino teórico.
Trabalho de conclusão de curso.
Atividades de prática profissional (no curso de Direito utilizar Atividades
complementares).
Formas de participação do corpo discente na avaliação dos cursos.
2. Dimensão 'Corpo Docente'
Na dimensão "Corpo docente", as três categorias de análise procuram avaliar os docentes
em si (sua formação e qualificação profissional), as condições de trabalho e de
capacitação que a IES lhes oferece e sua atuação ou desempenho na gestão acadêmica, no
ensino e nas demais atividades acadêmicas da instituição - a pesquisa, a pós-graduação e
a extensão.
2.1.Formação acadêmica e profissional
Indicadores
Titulação (Número de docentes com especialização, com mestrado e com doutorado na
IES e distribuídos por curso)
141
Experiência profissional no magistério superior (Tempo de exercício dos docentes no
magistério superior)
Experiência profissional na área de formação (Tempo de exercício profissional na área de
formação, em áreas afins, em outras áreas; tempo de exercício no magistério do ensino
superior, fundamental ou médio)
Desempenho na função docente (Este quesito pode ser construído por meio de avaliação
discente, de avaliação dos próprios pares docentes da IES e de indicadores como
interdisciplinaridade, participação em coordenação de estágios ou outras atividades
práticas, desenvolvimento de material didático e regime de trabalho).
Adequação da formação (Declarar se os docentes têm formação adequada às disciplinas
que ministram nos cursos; Número de docentes com formação pedagógica)
2.2.Condições de trabalho
Indicadores
Regime de trabalho (declarar número de docentes em tempo integral, parcial e horistas)
Plano de carreira (descrever os critérios de admissão, a política de capacitação e os
critérios de progressão na carreira)
Estímulos (ou incentivos) profissionais (citar os mecanismos de apoio à produção
científica, técnica e cultural e os mecanismos de apoio à participação em eventos)
Dedicação aos cursos
Relação aluno/docente (Número médio de alunos por docente)
142
Relação disciplinas / docente
2.3.Atuação ou desempenho acadêmico e profissional
Indicadores
Publicações (Artigos publicados em periódicos, livros ou capítulos de livros publicados,
trabalhos publicados em anais) (completos ou resumos)
Produções intelectuais, técnicas, culturais e artísticas (Propriedade intelectual depositada
e registrada; Obras técnicas, artísticas e culturais dos docentes; outras produções
(softwares, filmes, vídeos, CD Roms, etc); produções didáticas relevantes)
Atividades relacionadas ao ensino de graduação (Existência/previsão de docentes com
orientação didática de alunos, com orientação de estágio supervisionado, com orientação
de monografia ou trabalho de conclusão de curso, com orientação de alunos em iniciação
científica, com orientação de monitor)
Docentes com orientação de alunos em atividade de extensão, com orientação de alunos
em outros tipos de atividades (PET, bolsa-arte, etc.)
Atuação nas demais atividades acadêmicas (Existência/previsão de docentes envolvidos
com atividades na pós-graduação e/ou com atividades de pesquisa e/ou com atividades de
extensão)
3. Dimensão 'Instalações'
Na dimensão "Instalações", as três categorias de análise procuram avaliar as instalações
gerais da IES, a biblioteca e as instalações especiais, próprias ou específicas do conjunto
de cursos. Embora a biblioteca seja um indicador das instalações gerais, está aqui
143
destacada, para que se permita analisá-la, e, posteriormente, avaliá-la em separado, dada
a sua importância na avaliação da qualidade de qualquer instituição de ensino superior.
3.1.Instalações gerais
Indicadores
Espaço físico (descrição/declaração do número de salas de aula adequadas às atividades
acadêmicas; das condições de salubridade das instalações acadêmicas - espaço,
iluminação, ventilação e acústica; de instalações administrativas apropriadas; Instalações
para docentes - salas de reuniões e gabinetes de trabalho; instalações para as
Coordenações dos cursos; Auditório; Instalações sanitárias - adequação, quantidade e
condições de limpeza e manutenção; Condições apropriadas de acesso e equipamentos
para portadores de necessidades especiais; Plano de expansão física)
Equipamentos (declaração acerca da quantidade e condições apropriadas de acesso dos
docentes, técnicos e alunos aos equipamentos de informática; de recursos audiovisuais e
multimídia; existência da rede de comunicação científica)
Serviços(existência de plano de expansão e atualização dos equipamentos; das condições
de manutenção e conservação das instalações físicas e dos equipamentos)
3.2.Biblioteca
Com relação à biblioteca, o PDI deverá conter indicação do acervo, formas de sua
atualização e expansão, identificando sua correlação pedagógica com os cursos e
programas existentes ou previstos, bem como as obras clássicas, dicionários e
enciclopédias, destacando em especial:
os livros, periódicos acadêmicos e científicos e assinaturas de revistas e jornais; vídeos,
DVDs, CD Roms e assinaturas eletrônicas; a descrição do espaço físico incluindo as
instalações para estudos individuais e em grupo; o horário de funcionamento, pessoal
144
técnico-administrativo e serviços oferecidos, tais como consulta e empréstimo, acesso a
redes, a bases de dados, a outras bibliotecas nacionais e internacionais, a consultas e
leituras eletrônicas.
Indicadores
Espaço físico (Declarar existência de instalações para o acervo; para estudos individuais e
em grupos)
Acervo (descrição do acervo de livros, periódicos, multimídia; do estádio de
informatização, das políticas de expansão e atualização)
Serviços (declarar os dias, horários, condições de funcionamento; existência de serviço
de consultas e empréstimos; quadro de pessoal técnico-administrativo)
3.3.Instalações e laboratórios específicos
Indicadores
Espaço físico (descrição das instalações e equipamentos existentes e a serem adquiridos,
identificando sua correlação pedagógica com os cursos e programas implantados ou
previstos e, quando for o caso, sua disponibilidade para pesquisa; e declaração da política
de expansão e conservação)
Equipamentos (Descrição dos equipamentos de informática existentes, bem como o
acesso a redes e "softwares" disponíveis e informações concernentes a relação
equipamento/aluno; Descrição de inovações tecnológicas consideradas significativas;
declarar a política de uso, aquisição, atualização e manutenção de equipamentos)
Serviços (descrever, inclusive, a política de contratação e de qualificação de pessoal
técnico)
145
Na dimensão "Instalações", as três categorias de análise procuram avaliar as instalações
gerais da IES, a biblioteca e as instalações especiais, próprias ou específicas do conjunto
de cursos. Embora a biblioteca seja um indicador das instalações gerais, está aqui
destacada, para que se permita analisá-la, e, posteriormente, avaliá-la em separado, dada
a sua importância na avaliação da qualidade de qualquer instituição de ensino superior
146
CAPÍTULO 4 - ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DE GESTÃO DO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ–UNIARAXA
Este capítulo apresenta um breve histórico da instituição foco do estudo, seu atual
modelo de gestão e sua avaliação através da realização de uma pesquisa qualitativa e
quantitativa e a definição do modelo de medição de desempenho mais adequado à
instituição.
4.1 Descrição da Instituição – Breve Histórico
No final da década de 60, vários produtores rurais, profissionais liberais e
autoridades constituídas tiveram a idéia de criar uma Instituição de Ensino Superior em
Araxá, cidade com 78.997 pessoas residentes, segundo censo do IBGE de 2000, situada
na região do Alto Paranaíba, interior do estado de Minas Gerais, a 365 KM de Belo
Horizonte e 540 KM de São Paulo. Em 1972 foi criada a Fundação Cultural de Araxá que
teve sua autorização de funcionamento concedida pelo Decreto Presidencial no 72.688,
de 24/08/1973. Estavam assim autorizados os Cursos de Letras, Pedagogia e Estudos
Sociais. Durante os anos 70 e 80 a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araxá –
FAFI, como ficou conhecida, graduou professores, legalmente habilitando-os para o
exercício do magistério. As amplas transformações ocorridas no final da década de 80, e
o término dos embargos do governo federal à abertura de novos cursos superiores,
levaram a novas conquistas e investimentos, originando-se o curso de Matemática, a
Faculdade de Ciências Gerenciais do Alto Paranaíba – FACIGE, iniciando o curso de
Bacharelado em Ciências Contábeis, a Faculdade de Direito do Alto Paranaíba – FADI
com o curso de Bacharelado em Direito; constituindo assim as Faculdades Integradas do
Alto Paranaíba – FIAP. Em 2000, ocorreu a criação da Faculdade de Ciências da Saúde –
FACISA, iniciando com o curso de Ciências Biológicas. Em 14/05/2002, por ato do
Governador de Minas Gerais, através do Decreto no 42.583, as Faculdades Integradas
foram transformadas em Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ, que
passou a oferecer, também, os cursos de Normal Superior, Administração, Sistemas de
147
Informação, Turismo, Gestão de Agronegócios, Enfermagem, Fisioterapia e Educação
Física, além de diversos cursos de pós-graduação lato-sensu.
O Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXA, está localizado em
um único campi, com 69.138,78m2 e 11.777,63m2 construídos, na entrada principal da
cidade, com saídas para as cidades de Uberaba, Uberlândia e Belo Horizonte.
Atualmente, o UNIARAXA possui 3.150 alunos distribuídos em quatorze cursos
de graduação e quatro de pós-graduação, conforme apresentados na tabelas 4.1 e 4.2.
Tabela 4.1 - Cursos de Graduação – Matrículas em 2006
Instituto Curso Alunos
105Pedagogia 82 Matemática 70
Superior de Educação
Normal Superior 38
295
Direito 654 Ciências Contábeis 211 Sistemas Informação 203 Administração 465 Gestão Agronegócios - 146
Ciências Exatas e Humanas
Turismo 55
1.734
Ciências Biológicas 186 Educ. Física 196 Enfermagem 386
Ciências da Saúde Fisioterapia 205
973
TOTAL GERAL 3002
Fonte: PDI - UNIARAXA
Tabela 4.2 – Pós – Graduação – Matrículas em 2006
CURSO TOTAL POR CURSO
TOTAL
GERAL
Contabilidade e Gestão Empresarial 42
Gestão Ambiental e Biodiversidade 36
O Direito na Administração Pública 33
PÓS-GRADUAÇÃO
Orientação Educacional e Psicopedagogia Escolar
37
148
Fonte: PDI - UNIARAXA
148
A biblioteca central ocupa uma área de 654 m2 em espaço adaptado para o seu
funcionamento e tem 16.073 títulos e 30.743 volumes, distribuídos na forma de livros,
periódicos, multimeios, bases de dados, revistas e jornais.
Três laboratórios de informática além de computadores na biblioteca e diversos
quiosques espalhados pelo campi, reúnem quase 150 computadores, em rede, com acesso
à provedoria própria de Internet, para uso exclusivo dos alunos.
Mais de 500 alunos são beneficiados com bolsa carência, de 100%, 50% e 20%,
oferecidas pela Fundação Cultural de Araxá, além de bolsas estágio, estágios
remunerados e financiamento estudantil (FIES).
Em termos regionais, o UNIARAXA, está inserido em região , conforme tabela
4.3 – Região de Abrangência do UNIARAXA, onde o nível de oferta do ensino é amplo e
diversificado. Algumas instituições, pela longevidade aliada à qualidade do trabalho,
tornaram-se tradicionais (UNIUBE); outras exercem maior atração por serem públicas
(UFU – FEU – Faculdade de Medicina de Uberaba) – a gratuidade no contexto
econômico atual, é fator da maior importância e há as recém implantadas, isoladas (São
Gotardo) ou campus avançado da UNIPAC (Campos Altos, Ibiá, e Pedrinópolis).
Pela ausência de opções de cursos – normalmente a implantação destes deu-se para
atender à obrigatoriedade legal de habilitação em nível de 3o grau para os docentes de
Educação Infantil e 1o ciclo do Ensino Fundamental, não há absorção de demanda
significativa nos municípios citados – a procura pelo UNIARAXA continua, embora haja
pouca demanda reprimida para a maioria dos cursos.
Tabela 4.3 – Região de Abrangência do UNIARAXA
MUNICÍPIO Nº DE HABITANTES DISTÂNCIA DE ARAXÁ
ARAXÁ 81.796 _____ CAMPOS ALTOS 13.345 100 KM IBIÁ 21.884 80 KM MATUTINA 3.386 155 KM PATROCÍNIO 76.943 150 KM PEDRINÓPOLIS 4.100 70 KM PERDIZES 12.866 53 KM PRATINHA 3.000 90 KM
RIO PARANAÍBA 15.000 130 KM
SACRAMENTO 21.620 85 KM
SANTA JULIANA 8.157 80 KM
149
SÃO GOTARDO 30.075 130 KM TAPIRA 3.436 57 KM TIROS 7.562 170 KM
Gestores Institucionais
Da Mantenedora: Fundação Cultural de Araxá
Presidente do Conselho Diretor: Luiz Alberto Balieiro – Empresário, Engenheiro e
Administrador de Empresas.
Conselheiros: Benedito Gonzaga Teixeira, José Cincinato de Ávila, Leandro Pereira dos
Santos, Lídia Maria de Oliveira Jordão Rocha da Cunha, Marlene Borges Pereira e Olavo
de Carvalho Júnior.
Diretor Executivo: Amandio José Soares Bastos – Contador
Da Mantida: Centro Universitário do Planalto de Araxá
Reitora: Maria Auxiliadora Ribeiro – Especialista
Vice-Reitora – Lídia Maria de Oliveira Jordão Rocha da Cunha – Especialista
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão – Erli dos Santos – Mestre
Pró-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças – Valter Gomes – Mestre
Diretora do Instituto Superior de Educação – Maria Magdalena de Castro Oliveira –
Especialista
Diretor do Instituto de Ciências Exatas e Humanas – Nilson Vieira de Carvalho – Mestre
Diretora do Instituto de Ciências da Saúde –
Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação – Maria Lúcia Idaló – Mestre
Coordenadora do Setor de Extensão – Lazara do Rosário Carneiro – Especialista
Coordenador do Setor de Pesquisa –
Coordenadora do Curso de História – Azilmar Borges da Silva Martins – Especialista
Coordenadora do Curso de Letras – Luiza Elena de Castro Rios – Mestre
150
Coordenador do Curso de Matemática - Carlos Antonio Silva – Mestre
Coordenadora dos Cursos Normal Superior e Pedagogia – Elisa Antonia Ribeiro – Mestre
Coordenadora do Curso de Administração – Giulianna Fardini – Mestre
Coordenador do Curso de Ciências Contábeis – Naldo Ferreira Alves – Mestre
Coordenador do Curso de Direito – Nilson Vieira de Carvalho – Mestre
Coordenador do Curso de Gestão em Agronegócios – Carlos Manoel de Oliveira –
Mestre
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação – Jorge Luiz Takarashi Hattori –
Mestre
Coordenadora do Curso de Turismo –
Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas –
Coordenador do Curso de Educação Física – Sérgio Cardoso Barcelos – Mestre
Coordenadora do Curso de Enfermagem –
Coordenador do Curso de Fisioterapia – Fabrício Borges de Oliveira – Mestre
Avaliações Externas
Alguns cursos novos ainda não passaram por nenhum tipo de avaliação externa, é
o caso de Gestão de Agronegócios, Turismo, Enfermagem e Fisioterapia. Os cursos que
passaram pelo processo de reconhecimento ou renovação de reconhecimento, onde se
avaliam as condições de oferta, obtiveram na última avaliação os conceitos:
”A” para os cursos de Letras, Normal Superior, Administração, Ciências Contábeis,
Direito, Ciências Biológicas, Educação Física e Sistemas de Informação e “B”para os
cursos de História, Matemática e Pedagogia. Os cursos que passaram pelo Exame
Nacional de Cursos – Provão, obtiveram na última avaliação os conceitos: “A”para o
curso de Ciências Contábeis, “B”para o curso de Letras e “C”para os cursos de História,
Matemática, Pedagogia e Direito.Observa-se que nenhum curso obteve, no último Exame
nacional de Cursos, os conceitos “D” ou “E”que, se repetidos, seriam motivos para des
credenciamento.
Avaliações Institucionais Internas
151
O Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXA possui 2 (dois)
programas que tem como meta avaliar, acompanhar e redirecionar as atividades, visando
a garantir o alcance dos objetivos institucionais, o Programa de Avaliação Continuada –
PAC e o Controle de Qualidade da Graduação.
Programa de Avaliação Continuada – PAC
Este programa objetiva acompanhar, permanentemente, a qualidade dos serviços
prestados pela Instituição, através de uma avaliação semestral, onde professores e alunos
avaliam a si próprios, o desenvolvimento das disciplinas e o desempenho dos demais
setores institucionais. Os resultados da avaliação são divulgados e os problemas
detectados são corrigidos.
Controle de Qualidade da Graduação
A avaliação de Controle de Qualidade dos cursos do UNIARAXA objetiva o
acompanhamento e verificação permanente da qualidade de ensino da Instituição. São
aplicadas provas multidisciplinares sobre os conteúdos ministrados, até o momento então
presente, a todos os alunos da graduação, no mesmo dia e horário, respeitados os turnos
em que se encontram. A avaliação consta do calendário escolar da instituição
configurando uma atividade de ensino. Os resultados permitem traçar um paralelo com os
resultados obtidos nas avaliações regulares feitas por cada professor.
Ações de Responsabilidade Social Desenvolvidas no UNIARAXA
152
4.2 O Atual Modelo de Gestão do Centro Universitário do Planalto de Araxá –
UNIARAXA
A partir da criação do Centro Universitário em 14 de Maio de 2002, iniciou-se na
realidade um novo processo de estruturação da organização, com a indicação, pelo
Conselho Diretor, do Diretor Geral que assumiu as funções com a principal missão de
transformar a Instituição numa referencia no Ensino Superior de Graduação na sua região
de atuação.
O projeto do Centro Universitário foi elaborado por um grupo de trabalho
definido pela Direção Geral e sob sua supervisão. Para atender as exigências do
Ministério da Educação (MEC), foi elaborado o Plano de Desenvolvimento Institucional
(PDI) para o período 2004-2008 1. O documento elaborado passou a ser utilizado pela
instituição como base para o desenvolvimento de suas estratégias.
O MEC exige que o PDI apresente breve histórico da Instituição, sua Missão,
Visão, princípios e o plano de expansão pretendido pela instituição. A Missão do
UNIARAXA está assim definida:
A missão do Centro Universitário do Planalto de Araxá procura atender à
sociedade, indo além do suprimento das suas principais demandas, com a formação de
profissionais qualificados em ambiente acadêmico, com atenção às necessidades
mutantes de mercado, priorizando uma formação que tenha na qualidade o seu
diferencial. Todas as instâncias acadêmicas se mobilizam para o aperfeiçoamento
contínuo das ações, em sintonia com o que se passa no mundo, atentas à modernidade
educacional e – mais importante que tudo – pensando criativamente em soluções que
possam ser implementadas com os recursos disponíveis.
De forma determinada, o UNIARAXA sintetizou, objetivamente, a sua missão
institucional:
“Oferecer ensino de graduação de qualidade, para formar cidadãos e contribuir
com o desenvolvimento regional sustentável.”
A visão do UNIARAXA está assim definida:
153
O Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXA – assume como principal
prerrogativa, a oferta de serviços educacionais para atendimento às demandas sociais
presentes e futuras, consciente de que se desenvolverá a partir da satisfação dessas
necessidades.
Pretende crescer de maneira integrada e com qualidade, além de consolidar sua atuação
nas áreas em que atua regularmente, embora seja uma instituição que tem o
empreendedorismo e a inovação como bandeiras, enfrentando os riscos necessários. Cada
meta atingida desafia à própria superação. O interesse do UNIARAXA é inovar, criar e
ousar, com idéias inteligentes, simples, viáveis em termos econômicos, garantindo o
ensino de qualidade com cursos permanentemente atualizados.
Sua visão de futuro retrata o compromisso com a qualidade, com os resultados, com a
relevância social do seu papel junto à sociedade:
“Ser uma Instituição de referencia, reconhecida pela qualidade de suas ações e
resultados.”
Com relação aos valores institucionais, o Centro Universitário do Planalto de
Araxá tem sua filosofia institucional alicerçada nos seguintes valores:
154
Figura 4.1- Valores institucionais –Art.2º do Estatuto Fonte: PDI - UNIARAXA
Os princípios que norteiam a instituição são apresentados a seguir:
a) a pessoa como centro do processo educacional;
b) a fundamentação ética;
c) a consciência crítico cidadã;
d) o foco permanente na educação;
e) a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;
f) o fortalecimento da identidade institucional: pedagógica, científica, cultural e
comunitária;
g) a autonomia da para a práxis universitária;
h) a visão interdisciplinar;
i) a formação profissional mais bem qualificada;
j) a prestação de serviços comunitários;
k) a identidade com o povo brasileiro e mineiro;
l) a solidariedade internacional;
155
m) o desenvolvimento auto-sustentável.
Além da definição de missão, visão e princípios, o PDI elaborado apresentou o plano
de expansão dos cursos de graduação. Cada curso de graduação, bem como a ordem
cronológica de sua oferta, foi planejado e definido considerando-se a capacidade
instalada da instituição, principalmente com relação a laboratórios, corpo docente e salas
de aula. Assim, os cursos novos podem utilizar, com fácil adaptação e poucos
investimentos, laboratórios específicos e de uso comum, além do aproveitamento de
docentes titulados e carga horária contratada.
A estrutura hierárquica da organização é do tipo top down, composta por um
Conselho Diretor, por uma Reitoria, uma Pró-Reitoria Acadêmica e uma Pró-Reitoria
Administrativa. O anexo A apresenta o organograma do Centro Universitário do Planalto
de Araxá.
O processo de definição das estratégias deriva do Conselho Diretor a partir de sua
visão externa, e a partir da Reitoria com sua visão mais detalhada da instituição.
As estratégias definidas para o período de vigência do PDI (2004-2008), foram
elaboradas a partir da Missão e Visão da instituição e ficaram assim estabelecidas:
a) estratégia 1: Excelência no Ensino, Pesquisa e Extensão;
b) estratégia 2: Qualidade nos serviços prestados;
c) estratégia 3: Inserção social e cidadania;
d) estratégia 4: crescimento sustentável.
A instituição está organizada como abaixo, conforme a estrutura organizacional
definida no Estatuto do Centro Universitário, nos artigos: 5o, 10 a 16 e 35 a 39.
Administração da Instituição de Ensino
a) Reitoria, integrada pela Reitora, Vice-Reitora, Pró-Reitores (de Ensino,Pesquisa e
Extensão e de Planejamento,Administração e Finanças) e Secretaria Geral/Chefia
de Gabinete.
156
b) Assessoria Educacional
c) Assessoria de Comunicação
d) Assessoria Jurídica
e) Diretores de Institutos, integrados pelos Diretores dos Institutos: Superior de
Educação, de Ciências Exatas e Humanas e de Ciências da Saúde.
f) Coordenadores de Cursos, integrados pelos Coordenadores dos Cursos de:
Administração, Ciências Contábeis, Ciências Biológicas, Direito, Educação
Física, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Normal Superior, Sistemas de
Informação, Fisioterapia, Enfermagem, Turismo e Gestão em Agronegócios.
g) Coordenadorias de Setores, integrados pelos Coordenadores de: Estágios e
Práticas Escolares, Monografia, Centro de Apoio e Desenvolvimento Humano,
Extensão, Pesquisa, Empresa Júnior, Núcleo de Práticas Jurídicas e Pós-
Graduação.
h) Secretaria Acadêmica
i) Serviço de Informática
j) Biblioteca Central
Órgãos Colegiados
a) Conselho Universitário, composto pela Reitora, Vice-Reitora, Pró-Reitores (de
Ensino, Pesquisa e Extensão e de Planejamento, Administração e Finanças),
Diretores dos Institutos (Superior de Educação, de Ciências Exatas e Humanas e
de Ciências da Saúde), Dois representantes dos Professores Coordenadores,
Coordenadores (de Pós-Graduação, de Pesquisa e de Extensão), Dois
representantes do Corpo Docente, Dois representantes do Corpo Discente, eleitos
e indicados pelo DCE, um representante da Mantenedora e um representante do
corpo técnico-administrativo.
Órgão de deliberação superior e de supervisão geral, responsável pela
definição da política do Centro Universitário, nos planos acadêmico,
administrativo e financeiro. As decisões são tomadas por maioria simples de
157
votos, exceto nos casos de exigência da maioria de dois terço, prevista no
Regulamento da Instituição.
b) Câmara de Graduação, composto do Pró-Reitor de Ensino e Extensão, Diretor do
Instituto, Professores Coordenadores dos cursos de graduação e seqüenciais, Um
professor, representante de cada colegiado de curso, Dois representantes do corpo
discente, eleitos e indicados pelo DCE e Um representante da Entidade
mantenedora.
Órgão deliberativo máximo do instituto. Reúne-se, ordinariamente, duas
vezes em cada semestre letivo e, extraordinariamente, sempre que convocada
pelo seu Presidente ou a requerimento da maioria de seus membros.
c) Colegiado de Curso, composto pelo Coordenador que o preside, Cinco docentes
que ministrem disciplinas constitutivas das matérias do currículo do curso, eleito
pelos pares e Um aluno regular do curso, eleito e indicado pelo DA.
Órgão deliberativo e consultivo do Curso para orientação e decisão da
política didático-pedagógica nos cursos de graduação e seqüenciais. Reúne-
se, ordinariamente, a cada bimestre letivo, e extraordinariamente, sempre
que convocado pelo Presidente ou pela maioria de seus membros.
d) Câmara de Gestão, composto da Vice-Reitora, Pró-Reitores de (Ensino,
Planejamento), Diretores dos Institutos (Superior de Educação, Ciências Exatas e
Humanas e Ciências da Saúde), Coordenadores de (Extensão, Pós-Graduação e
Informática), Assessorias (Educacional, de Comunicação e Jurídica),
Coordenadores dos Cursos.
Dá suporte às decisões de competência da Reitoria e foi criada por iniciativa
desta, através da Resolução no 001/03. Reúne-se, uma vez por semana,
158
geralmente às quarta-feira, para desenvolver pauta informada com
antecedência, na responsabilidade da Reitoria.
A partir de um diagnóstico, alicerçado pela conjugação de conhecimentos
setoriais e institucionais, necessários para a boa gestão e correta análise do contexto e o
auto-conhecimento, para que o Centro Universitário continue a atender sua missão terá de
aprofundar o seu trabalho, refletindo sobre cinco itens importantes:
1- A retomada da velocidade em captar o conhecimento;
2- As novas formas e os novos meios de adquirir conhecimento;
3- A legitimidade de representação do diploma, por meio da reciclagem dos
alunos;
4- A reaproximação com a sociedade em geral;
5- A universalização do ensino.
Cabem, então, mais investimentos na qualidade, através do desenvolvimento de
políticas, objetivos e estratégias que o transportem para o futuro. E sensibilidade aguçada
para, na oportunidade devida, definir a ação correta.
Assim o Plano de Desenvolvimento Institucional, devidamente implementado,
monitorado e realimentado, é a ferramenta balizadora para esta caminhada.
Apesar dos aspectos relacionados com o monitoramento/avaliação do PDI, onde
são projetadas as metas dentro da realidade institucional/regional, coerentes, factíveis, e
os objetivos e estratégias que orientam a dinamização do planejamento para os próximos
5 anos, e também as ações definidas e priorizadas semestralmente, podemos afirmar que
não há na instituição um processo formal de desdobramento, disseminação e avaliação
das estratégias propostas e conseqüentemente do desempenho da instituição com vistas a
garantir o atingimento de sua Missão e Visão.
Para melhor entender o Modelo de Gestão da instituição em estudo, será realizado
uma pesquisa com as principais lideranças da organização. A pesquisa será desdobrada
em um instrumento qualitativo e com base neste a criação de um questionário
quantitativo.
159
4.3 Avaliação do atual modelo de gestão – pesquisa qualitativa
Objetivando avaliar com mais profundidade o modelo de gestão da instituição e
como se dá o processo de desdobramento e avaliação do desempenho das estratégias, foi
elaborado um questionário com dez perguntas abertas, o qual foi aplicado nos integrantes
do Colegiado da Câmara de Gestão. O APENDICE A apresenta o questionário que será
aplicado.
A pesquisa qualitativa, a ser realizada na forma de entrevista individual, foi
elaborada com o objetivo de melhor entender o modelo de gestão da instituição em
estudo, para ser mais adequadamente investigado por meio de uma pesquisa quantitativa.
“As entrevistas individuais [...] permitem uma sondagem muito profunda e são
especialmente úteis [...] para se conhecer os pontos de vista dos especialistas, uma vez
que proporcionam mais tempo de convívio com cada um deles”(KOTLER, HAYES e
BLOOM, 2002, p.116).
Segundo Kotler, Hayes e Bloom (2002), a pesquisa qualitativa é uma prática
frequente dos pesquisadores durante a realização do estágio exploratório de um projeto de
pesquisa. Para os autores, “as entrevistas destinam-se mais à descoberta de novas
informações qualitativas do que a obtenção de resultados quantificáveis”(KOTLER,
HAYES e BLOOM, 2002.p.115).
As entrevistas são realizadas pelo pesquisador, que mesmo integrando o colegiado
da Reitoria, não responde a pesquisa. Para evitar que a visão administrativa da instituição
deixasse de ser contemplada, optou-se por aplicar o questionário ao responsável pela
Contabilidade da organização, por ser um funcionário com visão sistêmica da mesma e
com mais de cinco anos na função.
O questionário é elaborado na forma de perguntas abertas e é aplicado na forma
de entrevista orientada. Quanto ao procedimento de amostragem, definiu-se pela amostra
não probabilística, e é escolhida uma amostra por julgamento. Esta definição permite ao
pesquisador utilizar sua capacidade de julgamento para escolher os membros da
população que oferecem uma boa perspectiva de oferecer informações relevantes
(KOTLER, HAYES e BLOOM,2002).
160
Desta forma, são entrevistados: Reitora, Pró-Reitor de Planejamento,
Administração e Finanças e o Responsável da Contabilidade. O entrevistador apresenta
para cada entrevistado, conceitos de modelo de gestão, estratégia e de indicadores de
desempenho de acordo com a ordem das perguntas formuladas, com o objetivo de
equalizar os conceitos assim contextualizar as respostas. Cabe ao entrevistador fazer a
apresentação do questionário, os conceitos dos temas em análise, sanar eventuais dúvidas
à cerca das perguntas formuladas e anotar as respostas elaboradas. Não é seu papel
conduzir as respostas.
O questionário a ser apresentado para cada entrevistado está dividido em duas
partes, sendo a primeira com quatro perguntas com o objetivo de identificar como os
entrevistados vêem o Modelo de Gestão e como as estratégias são elaboradas na
instituição. A segunda parte foi composta de seis questões, e buscou identificar se a
instituição utiliza indicadores de desempenho para avaliar o seu modelo de gestão e o
resultado das estratégias criadas.
De acordo com o conhecimento do pesquisador das questões relacionadas à gestão
da instituição, foco do trabalho, e também devido à sua experiência e principalmente em
função do aspecto tempo, o resultado das aplicações dos questionários apresentados a
seguir, é oriundo de suposições e conjecturas em relação aos aspectos da gestão atual e
proposta do modelo para a implementação do Balanced Scorecard.
Cabe ressaltar que esses resultados poderão ser validados ou confirmados, a
posteriori, na efetiva aplicação dos questionários de pesquisa.
Como resultados prováveis das pesquisas qualitativas pode-se destacar que:
a) relativamente às questões 1 e 2, devem indicar que o atual modelo de gestão da
instituição é de forma colegiada, o que facilita a integração entre os setores. As
estratégias são definidas pelo Conselho Diretor e Reitoria, aos colegiados cabe a
operacionalização das estratégias em seus níveis de atuação;
b) nas questões 3 e 4, os entrevistados devem responder não haver na instituição um
processo formal de disseminação e avaliação das estratégias;
161
c) nas questões 5,6 e 7 os entrevistados devem responder que os indicadores de
desempenho utilizados pela instituição são os indicadores econômico-financeiros
e os definidos pelo sistema de avaliação do MEC / CEE. São indicadores
tradicionais, nos caso dos econômico-financeiros ou indicadores já definidos pelo
MEC / CEE, ou seja, não foram indicadores construídos a partir da participação e
necessidades dos entrevistados. O acesso aos indicadores é restrito aos relatórios
mensais (indicadores econômico-financeiros) e aos relatórios das Comissões de
Avaliação do MEC / CEE, quando da realização de avaliações da instituição ou de
cursos;
d) os entrevistados em relação à questão 8, devem responder que a utilização de
indicadores de desempenho é importante como apoio ao processo decisório da
instituição, limitando assim a dependência que a instituição possui da alta direção
(resposta da questão 9)
e) para a questão 10, os entrevistados devem apresentar como sugestão ao atual
modelo de gestão da instituição, a definição (esclarecimento) das estratégias em
todos os níveis da organização. Sugerindo também que as estratégias devem ser
periodicamente avaliadas e questionadas. Por fim, devem afirmar que o maior
desafio é a integração entre os objetivos do negócio (econômicas) com os
objetivos filosóficos da instituição sendo ambos alinhados com as exigências
regulatórias do CEE e do MEC.
Estes resultados previstos orientam a elaboração da pesquisa quantitativa aplicada
através de um questionário fechado, que será discutido no próximo tópico.
162
4.4 A avaliação do atual modelo de gestão – pesquisa quantitativa
A pesquisa quantitativa é elaborada, com dez questões, na forma de questionário
com respostas fechadas. O questionário é testado antecipadamente em uma amostra
modelo integrada por três coordenadores de curso e de setores da instituição. As questões
buscam captar o nível de entendimento (concordância) dos entrevistados acerca do
modelo de gestão, da disseminação e da avaliação das estratégias na instituição.
O critério de escolha da amostra para aplicação do questionário fechado é idêntico
ao definido na pesquisa qualitativa, isto é, será definida uma amostra não probabilística
escolhida por julgamento do pesquisador. A aplicação do questionário se dá nas
principais lideranças acadêmicas e administrativas do Centro Universitário, totalizando
assim um universo de vinte questionários aplicados. O APENDICE B apresenta o
questionário desenvolvido.
Todos os questionários que são aplicados são respondidos e devolvidos. O
resultado das respostas prováveis é apresentado na Tabela 4.4.
De acordo com essas respostas prováveis, pode-se concluir que:
a) as questões 1 e 2 indica que as lideranças a serem pesquisadas não reconhecerão
a existência de um modelo de gestão formalizado que permita o acompanhamento
do desempenho das estratégias definidas;
b) a questão 3 indica que a instituição não deve possuir um processo claro de
disseminação das estratégias;
c) na avaliação da questão 4 se conclui que as lideranças devem entender que as
estratégias estão alinhadas com a Missão/Visão da organização;
d) as questões 5,6,7 e 8 nos permiti concluir que são poucos os indicadores de
desempenho utilizados pela organização, sendo que a maioria dos que devem
responder aos questionários não tem acesso a estes indicadores e não participam
da elaboração dos que são utilizados, mas devem afirmar que a existência de
indicadores de desempenho é importante para avaliar as estratégias da instituição.
163
e) A questão 9 deve indicar que a totalidade dos que devem responder o questionário
entende ser importante a utilização de indicadores de desempenho que apontem as
relações de causa-e-efeito entre eles e as estratégias adotadas;
f) A questão 10 deve apresentar como resultado que para a totalidade dos
respondentes a disseminação e o acesso às informações relativas ao desempenho
da instituição constituem importante ferramenta de gestão para a instituição.
Com base nas informações que devem ser obtidas nas pesquisas a serem realizadas, é
possível identificar as necessidades do atual modelo de gestão da empresa com relação ao
desdobramento e mediação de desempenho de suas estratégias. No próximo capítulo, é
feita a comparação entre as necessidades previstas da organização e as características de
cada modelo de medição de desempenho estudado, com o objetivo de identificar o que
melhor responde às necessidades da empresa.
% Concordância Perguntas 1 2 3 4 5
1- O modelo atual de gestão da instituição permite o acompanhamento pelos gestores?
2- A instituição possui um processo formal de avaliação do desempenho das estratégias?
3- O processo de disseminação das estratégias da instituição garante que as mesmas sejam claramente entendidas por todos os níveis da organização?
4- As estratégias definidas estão alinhadas com a missão e a visão da instituição?
5- A instituição utiliza indicadores de desempenho para avaliar as estratégias definidas?
6- Você tem acesso a estes indicadores? 7- A definição destes indicadores contou com sua participação? 8- Estes indicadores são importantes para a avaliação das estratégias da instituição?
9- Um modelo de gestão com indicadores de desempenho, relações de causa e efeito, avaliação periódica das estratégias e alinhamento com a missão/visão da instituição, pode melhorar o desempenho da instituição?
10- Um relatório periódico, com os indicadores de desempenho da instituição, auxiliaria no entendimento das estratégias e do desempenho da instituição?
Tipos de Respostas: 1- Sim, 2- Sim, concordo totalmente, 3- Não, 4- Não concordo totalmente, 5-Nem sim nem não Tabela 4.4 – Tabulação do questionário da pesquisa quantitativa
164
4.5 Definindo o Modelo de Medição de Desempenho mais Adequado à Instituição em Estudo
Para definir o modelo de medição de desempenho a ser desenvolvido para a
instituição em estudo, faz-se necessário o confronto entre as características de cada um
dos modelos estudados no capítulo dois deste trabalho e as necessidades da organização,
identificadas após as pesquisas realizadas.
Este trabalho comparativo foi feito de acordo com o material informativo sobre
cada um dos modelos de medição de desempenho e o resultado das pesquisas realizadas.
Foi utilizado uma matriz de relação de causa-e-efeito com o objetivo de relacionar
as características de cada modelo de medição de desempenho com as necessidades da
empresa e uma escala de pontuação em três níveis : (1) atende pouco; (3) atende; (9)
atende plenamente, para identificar o grau de relação.
A tabela 4.5 mostra o resultado da avaliação, após a pontuação do grau de relação
entre as características dos modelos e as necessidades da empresa.
Baseado na comparação entre as necessidades previstas da instituição e as
potencialidades dos modelos de medição de desempenho estudados, entende-se que o
modelo Kaplan e Norton (1992,1993,1996 e 1997), denominado Balanced Scorecard,
melhor se adapta para ser aplicado como apoio à gestão desta empresa. Além disso, o
pesquisador conclui que, no seu entendimento, o BSC é um modelo mais flexível, pois
permite que novas perspectivas, além das perspectivas genéricas sugeridas pelos autores,
possam ser criadas e assim atender as especificações da organização.
Tabela 4.5 – Relação entre necessidades da empresa e modelos estudados
165
O BSC permitirá formalizar as estratégias definidas, desdobrando-as nos diversos
níveis da organização através de indicadores de desempenho organizados numa relação
de causa-e-efeito para garantir o alinhamento da visão e missão com as estratégias.
O próximo capítulo apresenta a proposta do modelo de medição de desempenho
das estratégias da organização a partir do BSC para o desenvolvimento de um modelo de
apoio à gestão específico para a organização.
166
CAPÍTULO 5 - PROPOSTA DE UM MODELO DE APOIO DE GESTÃO PARA O
UNIARAXA BASEADO EM INDICADORES DE DESEMPENHO
Após a definição de que modelo de desempenho mais adequado para a instituição,
o Balanced Scorecard, pretende-se neste capítulo definir o método de construção do BSC
e implantar o modelo proposto, construindo as perspectivas, os objetivos estratégicos e
indicadores de desempenho finalizando com a construção do mapa estratégico da
organização.
5.1 Avaliação de Desempenho das Instituições de Ensino Superior
As avaliações das instituições de ensino superior seguem critérios legais definidos
pelo Ministério da Educação. As avaliações iniciam com a criação da instituição
(autorização de funcionamento) e integram todos os níveis de ensino através de
procedimentos que visam a melhoria da qualidade do ensino.
O processo de avaliação é complexo e necessário. Como já foi dito, não é objeto
deste estudo fazer análise crítica ao atual sistema de avaliação vigente (SINAES) e no
caso específico da instituição foco de estudo, o sistema de avaliação do CEE-MG.
Em relação ao SINAES, ele é um marco legal e deverá ser atendido pelas
Instituições de ensino. Neste sentido, a importância da avaliação de desempenho das IES
reveste-se de maior grau de complexidade, pois além de atender a legislação vigente,
deve ser um instrumento capaz de contribuir para o conhecimento da realidade dos cursos
e da instituição, sendo a base para as reflexões sobre o presente e o futuro da organização
e principalmente “sobre o modelo desejado e sobre as estratégias para a construção desse
modelo” (Tachizawa; Andrade,2002, p.252)
A integração do desempenho legal exigido pelo SINAES, através do Ministério da
Educação, como agente regulador, com o desempenho do negócio, exigido pelo mercado,
é o grande desafio para os gestores das IES atualmente. Estabelecer ações que estejam
alinhad as com as estratégias do negócio, bem como, atender às exigências do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior resultará na construção de um modelo de
167
gestão equilibrado fator essencial para o desempenho superior da organização como um
todo.
No caso da Instituição, foco do estudo, em virtude do disposto na Lei Federal no
9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que estabelece que o Conselho
Estadual de Educação de Minas Gerais, é o responsável pelo credenciamento, re-
credenciamento e avaliação das instituições de ensino superior no Estado de Minas
Gerais, está sujeita ao seu processo de avaliação.
O próximo capítulo tratará da apresentação da organização foco de estudo e do
seu modelo de gestão.
5.2 Definição do Método de Construção do Balanced Scorecard
Segundo Kaplan e Norton (1997), as organizações tem características próprias e
por isso,podem seguir seu próprio caminho para a construção do Balanced Scorecard.
Para os autores, o BSC deve começar por uma unidade de negócios, e sugerem um
processo em quatro etapas: a) definição da arquitetura de indicadores; b) consenso em
função dos objetivos estratégicos; c) escolha e elaboração dos indicadores e d) elaboração
do plano de implementação.
Para Olve, Roy e Wetter (2001), o tamanho da organização pode definir por onde
começar a implantação do BSC. Para os autores, “em uma companhia menor,
provavelmente seja melhor criar um scorecard para toda a organização; enquanto em uma
companhia maior e/ou grupo da corporação, talvez sela mais adequado começar com um
ou dois projetos pilotos” (OLVE, ROY e WETTER, 2001,p.47).
Os autores sugerem a implantação do BSC em 11 etapas: a) definição da unidade;
b) estabelecer a visão; c) estabelecer as perspectivas; d) desenvolver a visão de acordo
com as perspectivas; e) identificar os fatores críticos do negócio; f) desenvolver os
indicadores; g) estabelecer o scorecard superior; h) desdobramento do scorecard e
indicadores por unidade da organização; i) formular metas; j) desenvolver um plano de
ação e l) implementar o scorecard.
168
Segundo Walter, Bornia e Kliemman Neto (2002) a metodologia proposta por
Olve, Roy e Wetter (2001) permite uma discussão da estratégia dentro do processo de
formulação do BSC. Já o modelo proposto por Kaplan e Norton (1993,1997) é um
processo de implementação da estratégia, e não de sua formulação. A figura 5.1 apresenta
esquematicamente a diferença entre os dois modelos propostos.
Figura 5.1 – Roteiros dos modelos de implementação do BSC apresentados Fonte: Walter et al.(2002, p.7)
A definição dos fatores críticos de sucesso, previstos na metodologia de Olve,
Roy e Wetter (2001), representa a possibilidade de rediscussão /discussão das estratégias
da organização. Segundo os autores:
[…] o balanced scorecard não é garantia de uma estratégia e visão exitosas, mas a grande força do conceito repousa no processo mesmo de construir um scorecard um processo que é uma forma efetiva de expressar a estratégia e a visão da companhia em termos tangíveis e reunir apoio para ele em toda a instituição (OLVE, ROY e WETTER,2001,p.88).
Não é objeto deste trabalho a revisão das estratégias definidas pela organização
foco de estudo, mas sim identificar o modelo de medição de desempenho mais adequado
a sua realidade com vistas a traduzir a visão da instituição em objetivos estratégicos
correlacionados entre si, que garantam o alinhamento do desempenho da organização à
sua estratégia.
169
Diante do exposto, definiu-se pela utilização do roteiro proposto por Kaplan e
Norton (1993,1997).
Para a construção do BSC foi seguido o fluxo proposto na figura 5.2.
Figura 5.2 – Fluxo de implantação do modelo proposto Fonte: Walter et al.(2002, p.8) 5.3 Construindo o Balanced Scorecard Específico da Instituição em Estudo
A elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do Centro
Universitário do Planalto de Araxá, teve como objetivos principais:
• Aperfeiçoar a estrutura organizacional, visando o desenvolvimento de
processos decisórios e administrativos democráticos e eficazes.
• Apontar o futuro que a instituição almeja e quer construir para si.
170
Para a sua elaboração foi preciso conhecer, analisar conjunturas e tendências, o
ambiente de inserção, pontos fracos e fortes, congruências e divergências de
direcionamento em relação ao macroambiente, diagnosticar e determinar os pontos de
inflexão para a definição e/ou correção de rumos. Desta forma, foi requisitada a
participação de todas as estruturas acadêmicas, com a coordenação de um grupo âncora –
responsável pela sistematização das propostas, após atingir o consenso necessário.
Identificadas a missão institucional, a visão de futuro e os valores para todo o
Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ, foram definidas as metas, os
objetivos e estratégias necessárias para que o planejamento se consolidasse.
Dentro deste processo foram focalizados quatro aspectos principais – que se
entrelaçam e se informam mutuamente – que geraram análise e decisão:
No desenvolvimento deste plano, o Centro Universitário do Planalto de Araxá –
UNIARAXÁ procurou reconstruir o conhecimento explícito em setores da sociedade
brasileira nos quais a concorrência e a necessidade de planejamento se fazem presentes
há várias décadas. A principal bibliografia foi analisada e adaptada às especificidades da
gestão das atividades acadêmicas.
De acordo com a matriz de ameaças e possibilidades (Kotler, 1994), as empresas
educacionais podem encontrar-se em quatro diferentes posições:
Aspectos Acadêmicos: ensino, pesquisa, extensão
Aspectos Ambientais
Aspectos Físicos
Aspectos Organizacionais
171
1. Posição Ideal – forte em termos de grandes oportunidades e fraca em termos
de grandes ameaças.
2. Posição Especulativa – forte em termos de grandes oportunidades e forte em
termos de grandes ameaças.
3. Posição Amadurecida – fraca em termos de grandes oportunidades e fraca de
grandes ameaças.
4. Posição Turbulenta – fraca em termos de oportunidades e forte em termos de
ameaças.
De todo o perfil institucional exposto, pode-se chegar à conclusão de que o
Centro Universitário do Planalto de Araxá encontra-se na posição 1, ou seja, na
Posição Ideal – está forte em termos de grandes oportunidades e fraco em termos de
grandes ameaças.
Cabem, entretanto, mais investimentos na qualidade, através do desenvolvimento
de políticas, objetivos e estratégias que o transportem para o futuro. E sensibilidade
aguçada para, na oportunidade devida, definir a ação correta.
O PDI, documento de referência institucional para a execução das suas políticas de
gestão, resultado do Planejamento Estratégico da Instituição , proporcionou ao
pesquisador , através do diagnóstico apresentado , o conhecimento do conteúdo das várias
diretrizes das ações a serem tomadas , que através das políticas definidas , possibilitaram
o estabelecimento de metas e estratégias necessárias.
A seguir são apresentados as diretrizes e políticas que serviram de base para a
identificação de alguns objetivos estratégicos , assim como os indicadores , metas e
iniciativas estratégicas , necessárias para a proposta do modelo de avaliação.
DIRETRIZES DAS AÇÕES
ACADÊMICAS
• Promover intercâmbio institucional em âmbito nacional.
• Ampliar o ensino de graduação e de pós-graduação lato sensu.
172
• Elaborar e implantar um sistema de acompanhamento e avaliação do Projeto
Pedagógico Institucional (PPI).
• Implantar políticas de educação para portadores de necessidades especiais.
• Produzir conhecimento resultante da experiência e atividades no campo do
ensino,pesquisa e extensão, que considerem a realidade brasileira.
• Estimular atividades cujo desenvolvimento implique em relações multi, inter ou
transdisciplinares e interprofissionais de setores do UNIARAXÁ e da sociedade.
• Promover a estruturação e oferta de educação continuada.
• Promover maior interação dos Institutos.
• Implementar e regulamentar as parcerias com a sociedade, preservando a autonomia.
• Incentivar a presença da comunidade acadêmica nos órgãos de representação
institucional, respeitando seu direito de participação e manifestação.
GESTÃO
• Capacitar servidores docentes e técnicos - administrativos para a gestão acadêmica.
• Promover o crescimento qualitativo do Centro Universitário, estimulando a melhor
dinâmica de funcionamento da Instituição.
• Aprimorar a comunicação social no UNIARAXÁ.
• Manter os fluxos administrativos sistematizados e informatizados, visando a
agilização dos procedimentos e a racionalização dos recursos.
• Incorporar novas tecnologias da informação e da comunicação nos processos de
gestão.
• Estimular a participação e o comprometimento da comunidade acadêmica em todo o
processo de planejamento, organização e gestão institucional.
• Incentivar a participação da comunidade acadêmica em órgãos deliberativos,
conselhos e comissões da sociedade organizada.
• Implementar política de talentos humanos que garanta o desenvolvimento, a
capacitação e o treinamento de pessoal.
• Tornar permanente a avaliação institucional das atividades acadêmicas e
administrativas.
173
• Aprimorar o sistema de geração, captação e sistematização dos dados acadêmicos e
administrativos, permitindo o melhor planejamento e a avaliação continuada dos
produtos e processo.
• Estimular as ações voltadas para a consolidação da Educação à Distância e o
desenvolvimento do uso das tecnologias da informação e da comunicação nos
processos educativos.
SOCIAIS
• Fortalecer ações de assistência voltadas para a comunidade acadêmica.
• Participar das discussões e elaboração das políticas públicas de saúde e promoção
social.
• Consolidar sistema de avaliação das condições efetivas de trabalho na Instituição.
• Desenvolver ações junto aos diferentes setores da sociedade, objetivando ampliar a
integração com o Centro Universitário.
• Contribuir para o processo de consolidação da cidadania.
• Estimular propostas, projetos e ações que visem maior participação da sociedade no
campo da cultura, da arte, da ciência e da tecnologia.
• Desenvolver parcerias com instituições públicas e privadas, objetivando a
operacionalização de programas e projetos voltados à produção do conhecimento
científico, tecnológico, cultural e artístico.
CULTURAIS
• Valorizar o artista através da implementação do título de artista emérito do
UNIARAXÁ.
• Incentivar manifestações culturais nas diversas modalidades nos espaços e ocasiões
favoráveis da IES.
• Implementar política de esporte, lazer e cultura.
• Divulgar o Banco de Talentos em página eletrônica específica da Instituição.
• Montar espaços internos para exposição de obras dos artistas mineiros e nacionais.
174
• Incentivar manifestações culturais nas diversas modalidades e em todos os espaços
disponíveis na estrutura física da IES.
POLÍTICAS
POLÍTICA DE GRADUAÇÃO
É necessário que se tenha clareza de todas as variáveis inerentes ao processo de
ensino-aprendizagem no interior de uma instituição educativa, vinculada a um sistema
educacional e parte integrante do sistema sócio-político-cultural e econômico do país.
Cada um destes segmentos possui seus valores, direções, opções, preferências,
prioridades que se traduzem e se impõem através de normas, leis, decretos, propaganda,
burocracias, ministérios e secretarias. Nesse sentido, reconhecemos que a qualidade
necessária e exigida sofre influências de um conjunto de determinantes que configuram
os instrumentos da educação formal e informal e o perfil do alunado.
É com esse entendimento que a Instituição busca uma Política de Graduação que
corresponda às mudanças exigidas das instituições de ensino superior dentro do cenário
mundial e do país e que demonstre uma nova postura que faça frente às expectativas e
demandas sociais, concebendo um Projeto Pedagógico com currículos mais flexíveis e
atualizados como ferramentas que coloquem em movimento, em ação, as diversas
propostas para a formação do profissional cidadão.
Ao colocar a qualidade como tema central gerador da proposta para o ensino da
graduação, no Centro Universitário do Planalto de Araxá, tem-se por finalidade a
construção de um processo coletivo de articulação de ações voltadas para a formação
competente dos profissionais. Nessa direção, torna-se imprescindível a interação da IES
com a comunidade interna e externa, principalmente, em relação aos demais níveis de
ensino e aos segmentos organizados da sociedade civil.
POLÍTICA DE PÓS–GRADUAÇÃO E PESQUISA
A concepção histórica de universidade não se separa da idéia de uma comunidade
de intelectuais-pesquisadores que produz conhecimento e que, nesse processo, cria,
175
compartilha e difunde o saber; desenvolve processos de organização e inovação
tecnológica e possibilita o progresso e o desenvolvimento social, cultural e econômico.
Uma universidade se atualiza por meio desta capacidade histórica de estar imersa em
condições objetivas dadas, em cada tempo-espaço, mantendo-se fiel à sua natureza e
motivada pela sua vocação primeira: ser um campo de reflexão, de crítica, de descoberta
e de invenção do conhecimento novo, comprometido com a humanização do homem e
com a construção de uma sociedade democrática.
É por isto que a Reitoria, ao objetivar a maioridade da IES na pós-graduação, dará
apoio e incentivo à publicação de livros, revistas especializadas, artigos em periódicos
nacionais e internacionais indexados. Uma maior interação da IES com outras instituições
levará a uma ampliação da respeitabilidade e visibilidade nacional da comunidade
acadêmica da IES. A política de pesquisa, no Centro Universitário do Planalto de Araxá,
por prerrogativa legal, objetiva desenvolver novas metodologias no âmbito da ciência,
incentivar o desenvolvimento de linhas e grupos de pesquisa, proporcionar a melhoria do
desempenho científico e sua articulação com o ensino, a extensão e a pós-graduação,
além de promover a revisão crítica de questões teóricas e /ou práticas pertinentes ao
objeto de análise. A competência investigativa faz parte do perfil do egresso de todos os
cursos do UNIARAXÁ e a infra-estrutura para a iniciação científica apresenta as
condições necessárias para novo salto de qualidade que possibilitará a inserção da IES no
contexto das unidades educacionais de referência.
POLÍTICA DE EXTENSÁO
A extensão universitária, como um processo educativo que se expressa na relação
transformadora da IES com a sociedade, em uma via de mão dupla, busca alcançar a
institucionalização desta ação acadêmica até a possibilidade de sua superação.
A extensão se realiza como prática social e, portanto, será marcada fortemente
pela inserção no contexto social e cultural. Este, por sua vez, está em constante
movimento, em permanente interação com diferentes situações e distintos modos de
produção da existência.
176
A divulgação interna e externa dos produtos acadêmicos, a estrutura estabelecida
institucionalmente e o preenchimento de um espaço próprio, refletirão a extensão
universitária como o instrumento de transformação acadêmica e também de nossa
sociedade.
A política de extensão, assim entendida, transforma em atividades integradas os
projetos acadêmicos e as ações de assistência, bem como outras ações realizadas junto à
comunidade.
POLÍTICA DE CULTURA
O Centro Universitário do Planalto de Araxá é um espaço que, por excelência,
respira e transpira cultura.A concepção de cultura no seu sentido mais amplo, como o
conjunto de práticas e valores que orientam a conduta e as ações dos sujeitos, deve
representar uma alavanca de desenvolvimento individual e social.
A IES assume que há necessidade de expandir a participação artístico-cultural
através de iniciativas que combinem as potencialidades da Instituição com as demandas
da sociedade.
A Instituição deve fortalecer os seus mecanismos de conhecimento e valorização
das culturas regional, nacional e latino-americana, caracterizada pelo pluralismo e
diversidade cultural, atuando como agente cultural.
É fundamental que seja garantida articulação mais ampla da área cultural no
interior da IES, de modo que ela obtenha maior visibilidade e seja instrumento efetivo de
divulgação institucional. Através desta visibilidade o Centro Universitário do Planalto de
Araxá torna disponíveis os bens produzidos, sendo uma forma específica de atender às
demandas sociais, de prestar contas à comunidade e fazê-la perceber a Instituição como
patrimônio cultural público.
POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DOS TALENTOS HUMANOS
Investir no desenvolvimento de pessoas implica em buscar a transformação de
recursos humanos em seres humanos com infinitos recursos. Isto compreende
177
potencializar e desenvolver os indivíduos enquanto pessoas e profissionais para que
busquem além dos limites institucionais a sua própria realização.
Alguns requisitos são imprescindíveis para a definição de uma política de
Talentos Humanos que contemple o desenvolvimento humano na Instituição:
• Visão de futuro – institucional/profissional/pessoal.
• Percepção holística do mundo.
• Respeito a diversidade e pluralidade cultural.
• Crença nos talentos humanos.
• Participação nos espaços políticos.
• Planejamento participativo.
• Formação de líderes/educadores.
POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
Pensar o desenvolvimento institucional passa necessariamente pela definição de
estratégias e ações em duas vertentes principais. A primeira, pela constante necessidade
de busca de novos recursos humanos e financeiros. A segunda, pela utilização adequada e
racional, seja dos novos recursos como dos já existentes na Instituição.
Por outro lado, nenhum dos dois caminhos, que devem ser trilhados
simultaneamente, pode abrir mão de ser perseguido tendo-se como base a missão
institucional, com uma clara definição de prioridades e que passe pela valorização do ser
humano.
Dentro deste contexto, a política de Desenvolvimento Institucional deve sustentar-
se no tripé: Informação, Planejamento e Avaliação. Não isolados entre si, mas articulados
através da elaboração e execução dos mesmos não apenas pela administração superior,
mas também por todos os atores envolvidos no processo.
Sintonizada com este desafio, a Reitoria já vem executando um programa de
potencialização e desenvolvimento do desempenho institucional que tem como premissa
integrar os procedimentos de planejamento, informação e avaliação associando-os ao
desenvolvimento humano.
178
POLÍTICA SOCIAL
A política social consiste em promover a integração da comunidade acadêmica
tratando as questões referentes aos estudantes, aos servidores técnico-administrativos e
aos docentes, de forma conjunta. No espaço da Instituição, que reflete a sociedade como
um todo, convivem os três segmentos que a compõem com as diferenças inerentes a cada
um deles e, acima de tudo, individualidades dentro de um mesmo projeto de educação. A
política social e de assistência na IES busca o desenvolvimento de ações conjuntas com
os segmentos que a compõem permitindo o enfrentamento das fragilidades detectadas,
defendendo e estando alerta quanto aos direitos de cidadania e dignidade.
Os direitos do cidadão devem ser assegurados por uma administração democrática
e participativa, inserida nos princípios e diretrizes da IES. A oferta de serviços e a
assistência são exercícios cotidianos de construção da cidadania plena.
A filosofia e as diretrizes que norteiam a assistência no UNIARAXÁ são
entendidas como instrumentos facilitadores para a viabilização da política educacional,
com interfaces com o ensino, a pesquisa e a extensão. O Centro Universitário, no
desempenho do seu papel de gerador e disseminador de conhecimento, está
comprometido com os avanços sociais a serem alcançados pela sociedade e, portanto,
coloca a assistência prestada como espaço de educação e de construção da cidadania.
POLÍTICA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Administração é a ciência que estuda a melhor forma de interagir os diversos
fatores de produção, pessoas e informações numa organização.
A política de administração geral da IES manter-se-á compartilhada como
determinam o Regimento Geral e Estatuto. Esta política defende a administração
colegiada tendo nos Conselhos Superiores a estrutura adequada para a tomada de
decisões na Instituição.
A instituição, em sua operação, consome recursos escassos, que têm valor
econômico. Espera-se que a produção de bens e serviços decorrente do manejo destes
recursos gere valor superior aos custos incorridos, produzindo resultado positivo. Já o
179
desempenho financeiro resulta da gestão da liquidez, dos prazos de pagamento e
recebimento, da captação e aplicação de recursos, com o confronto, na apuração dos
resultados, das receitas e despesas financeiras.
Possibilitando a criação, instalação e manutenção, de conformidade com a
legislação atinente, estabelecimento de educação superior, pesquisa, extensão, formação
profissional e divulgação científica e cultural.
POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE INFORMAÇÃO
Uma Política de Comunicação Social deve visualizar a realidade e seus reflexos
sobre a Instituição e, ao mesmo tempo, colocar este setor como instrumento das
estratégias que a IES deve adotar para participar do processo de formação da opinião
pública.
O UNIARAXÁ por sua importância no cenário regional, é objeto de uma grande
demanda de seus públicos – vestibulandos, familiares, usuários de seus serviços
(comunidade interna e externa).
Diante disso, deve-se adotar uma postura receptiva, uma política de portas abertas
em relação à imagem pública, visando o fortalecimento de sua imagem institucional.
A consolidação da imagem da Instituição perante a sociedade como uma
instituição de Ensino Superior de qualidade e a veiculação de informações sobre o
conhecimento produzido e as atividades nela realizadas são desafios constantes que
devem ser implementados.
POLÍTICA DE RELAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS
A concretização das relações com o conjunto da sociedade pressupõe
intercâmbio/parcerias com órgãos nos diversos níveis de governo, empresas, associações,
organizações sociais, instituições de pesquisa e de ensino, fundações nacionais, com
vistas à viabilização de projetos e serviços nas diversas áreas do conhecimento.
Esta política visa promover o crescimento qualitativo do ensino, propiciar a busca
e incorporação de novas tecnologias através da pesquisa, além de possibilitar condições à
comunidade acadêmica de conviver e conhecer a diversidade cultural que propicie ao
180
profissional uma preparação cosmopolita consonante com o momento atual de evolução
global.
O roteiro apresentado por Kaplan e Norton (1993,1997) propõe as quatro etapas já
citadas e que são distribuídas em dez tarefas (Figura 5.2). Preliminarmente, a organização
deve obter o consenso da alta administração para a utilização do BSC. Além disso, os
autores sugerem que seja definido um arquiteto, que será responsável pela organização do
projeto, sua filosofia e metodologia. As tarefas indicadas pelos autores são apresentadas a
seguir.
Etapa 1 – Arquitetura do programa de medição:
a) selecionar a unidade organizacional adequada para a aplicação do Balanced
Scorecard;
b) identificar, por entrevistas com gerentes, as relações entre essa unidade e as outras
da corporação, tornando visíveis suas limitações e oportunidades.
Etapa 2 – Definição dos objetivos estratégicos;
a) enviar aos altos executivos daquela unidade material informativo sobre o
Balanced Scorecard e seus objetivos, e depois realizar a primeira série de
entrevistas com eles. Esses contatos servirão para apresentar a nova ferramenta,
tirar possíveis dúvidas e principalmente obter informações importantes para o
processo;
b) sintetizar as entrevistas. O arquiteto e sua equipe preparam uma relação
preliminar de objetivos que serão a base da primeira reunião com a alta
administração e já começam a antever as resistências provocadas pelo Balanced
Scorecard;
c) realizar o primeiro workshop com a alta administração da unidade de negócios em
questão, abordando as quatro perspectivas. Os participantes devem selecionar três
ou quatro objetivos de acordo com cada perspectiva.
181
Etapa 3 – Escolha dos indicadores estratégicos:
a) ainda no workshop, dividir os participantes em subgrupos representantes das
quatro perspectivas. Cada subgrupo deverá identificar os indicadores que mais
mostrarão a intenção que a empresa tem como scorecard e, para cada indicador,
descobrir as fontes de informações necessárias e como usa-las.
b) Realizar o segundo workshop, envolvendo a alta administração, seus
subordinados diretos e um maior número de gerentes de nível médio, para debater
os objetivos e os indicadores experimentais da organização para o scorecard
elaborado pelos subgrupos. No final, deve ser elaborada uma brochura que
transmita as intenções e o conteúdo do scorecard a todos os funcionários da
unidade de negócios em questão.
Etapa 4 – Elaboração do plano de implementação:
a) desenvolver o plano de implementação com os líderes dos subgrupos, com metas
de superação;
b) realizar o terceiro workshop com a alta administração da unidade para validar as
metas de superação propostas pela equipe de implementação e chegar à decisão
final sobre a visão, os objetivos e os indicadores desenvolvidos nos dois primeiros
workshops;
c) finalizar o plano de implementação, integrando o Balanced scorecard ao sistema
gerencial da organização.
IMPLANTAÇÃO PARCIAL DO MODELO PROPOSTO POR KAPLAN E NORTON
Apresenta-se a seguir as etapas propostas no modelo de Kaplan e Norton
(1993,1997), desenvolvido para a IES em estudo.
Etapa 1
182
Esta etapa e as tarefas previstas serão realizadas em reunião do colegiado da
Câmara de Gestão. Será apresentado o roteiro proposto por Kaplan e Norton (1993,1997).
Ficou designado como arquiteto do processo o Pró-Reitor de Administração. O modelo
foi adaptando à realidade da instituição, ou seja, será construído um scorecard para a
organização como um todo.
Etapa 2
Esta etapa será desenvolvida na mesma reunião do colegiado. O arquiteto coordenará
as tarefas previstas. A reunião servirá para sanar as dúvidas sobre a ferramenta proposta,
e realizar entrevista com todos para identificar os objetivos estratégicos e as perspectivas
propostas. Como proposta inicial a ser confirmada pelo grupo, as perspectivas deverão
ser as seguintes:
a) perspectiva legal;
b) perspectiva financeira;
c) perspectiva de clientes;
d) perspectiva dos processos internos;
e) perspectiva do aprendizado e crescimento.
A definição de uma quinta perspectiva, denominada Perspectiva Legal e de
Benefícios, justifica-se por dois motivos:
a) por ser uma empresa sem fins lucrativos, condição que lhe garante algumas
isenções tributárias, o que constitui uma vantagem competitiva econômica e
financeira importante na configuração dos custos dos serviços. A manutenção
dessa condição exige da instituição a observância de uma série de exigências
legais e de caráter social, que podem ser desdobradas em indicadores para o
devido acompanhamento institucional;
b) pela regulamentação na área de ensino superior através do Sistema de Avaliação
do CEE (Conselho Estadual de Educação) de Minas Gerais e do Sistema Nacional
183
de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que são utilizados, tanto a nível
estadual como pelo Ministério da Educação para avaliar a qualidade do serviço
ofertado pelas instituições de ensino.
Para a Perspectiva dos Clientes, foi definido como clientes da instituição os alunos e
as Empresas parceiras de estágio e empregadoras em potencial dos egressos.
Etapa 3
Como aconteceram com as outras etapas, o tempo disponível para a conclusão do
presente trabalho determina que o pesquisador desenvolva também, de forma individual,
as tarefas previstas na etapa 3.
Para Kaplan e Norton (1997,p.324) “[…] o primeiro Balanced Scorecard de uma
organização pode ser criado em 16 semanas”. Segundo os autores, a disponibilidade de
tempo dos participantes do projeto é um dos principais motivos que determinam a
extensão do cronograma do projeto. Por outro lado, a extensão do tempo de trabalho
apresenta vantagens, segundo os autores:
Uma das vantagens de estender o projeto por um período de 16 semanas é que a alta administração terá tempo entre os eventos programados – entrevistas, workshops executivos e reuniões de subgrupos – para considerar e refletir sobre a estrutura evolutiva do Balanced Scorecard e a estratégia, o sistema de informações e, mais importante, os processos gerenciais que ele representará (KAPLAN; NORTON,1997,p.323).
Desta forma, o pesquisador pretende avaliar a validade do roteiro proposto para a
realidade da instituição e sugerir os indicadores de desempenho de cada uma das
perspectivas propostas bem como a relação entre eles, finalizando com a apresentação de
um Mapa Estratégico, que “[…] explicita como cada indicador do Balanced Scorecard se
converte em parte integrante de uma cadeia lógica de causa e efeito que conecta os
resultados almejados da estratégia com os vetores que induzirão a estas conseqüências”
(KAPLAN; NORTON, 2000, p.81).
184
O trabalho desenvolvido será apresentado à alta direção como sugestão para o
desenvolvimento do BSC da organização, que será implementado na etapa 4, fase na qual
os indicadores serão validados com a integração do BSC no sistema gerencial da
organização.
Para elaboração do scorecard, o pesquisador partiu das perspectivas já definidas.
Para cada uma das perspectivas foram estabelecidos os temas estratégicos apresentados
na Tabela 5.1.
Os temas estratégicos definidos para a organização, são decorrentes do
desdobramento das estratégias definidas para o período de 2004-2008.
Tabela 5.1 – Perspectivas e temas estratégicos
Para cada tema estratégico foram definidos, objetivos, indicadores estratégicos,
metas e iniciativas, com vistas a garantir o desdobramento das estratégias em ações que
permitam um desempenho positivo da organização.
O desdobramento destes objetivos em indicadores e metas permite o
acompanhamento sistemático do desempenho em cada uma das perspectivas.
Cabe ressaltar que em conseqüência da limitação imposta pelo tempo, o
desdobramento do objetivo estratégico Atender a Legislação e ao Aspecto de Benefícios
(Perspectiva Legal e de Benefícios), está apresentado de forma resumida, mas com meta
de conceito máximo nos processos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior e da Avaliação do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais.
Assim como no Aspecto de Benefícios, apresentado como meta, cada vez maiores
percentuais possíveis de bolsas e outros benefícios em relação à receita operacional.
Em relação ao desdobramento do SINAES, em suas dez unidades (dimensões)19,
desencadeará uma extensa lista de indicadores estratégicos, metas e iniciativas de devem
ser construídas em conjunto com os integrantes da Comissão Permanente de Avaliação
(CPA), coordenadores de cursos e professores devido a sua forte relação com as
estratégias da instituição.
185
Para exemplificar a complexidade do desdobramento deste objetivo estratégico, é
importante destacar que somente na Unidade de Avaliação 2 – Corpo de Professores são
avaliados: experiência profissional, adequação da formação e titulação. Estes itens
desdobram-se da seguinte forma:
a) Experiência profissional: são avaliados os seguintes aspectos: tempo de
magistério superior, tempo de magistério no ensino fundamental e médio e tempo
de exercício profissional fora do magistério.
b) Adequação da formação: são avaliados os seguintes aspectos: docentes com
formação adequada às disciplinas que ministram; docentes com formação,
capacitação e experiência pedagógica;
c) Titulação: são avaliados os seguintes aspectos: docentes com especialização na
área; docentes com especialização em outras áreas; docentes com mestrado na
área; docentes com mestrado em outras áreas; docentes com doutorado na área e
docentes com doutorado em outras áreas.
Para cada um dos aspectos avaliados é determinado um peso, de acordo com a
importância definida dentro da unidade de avaliação. Desta forma, é possível estabelecer
relações de causa-e-efeito entre todos os aspectos a serem avaliados de cada uma das dez
unidades de avaliação definidas no SINAES. Com isso, é possível identificar quais
aspectos, de cada unidade de avaliação, tem maior peso no desempenho da unidade em
questão o que facilita o seu gerenciamento e atuação direta sobre os aspectos de menor
desempenho.
A Tabela 5.2 apresenta os temas, objetivos, indicadores estratégicos, as metas e as
iniciativas que compõe cada uma das perspectivas propostas. A finalidade da tabela é
permitir a visualização de todas as iniciativas necessárias que devem ser desenvolvidas
para o atingimento de cada objetivo estratégico.
19 Unidades de Avaliação definidas no SINAES: 1) Elementos fundamentais do projeto institucional; 2) Corpo de Professores; 3)
Corpo Discente; 4) Corpo de Servidores técnico administrativo; 5) Currículos e programas; 6) Produção acadêmico-científica; 7)
Atividades de extensão e ações de intervenção social; 8) Infra-estrutura; 10) Gestão e 10) Outros.
186
Tabela 5.2 – Scorecard proposto para a instituição Perspectiva Legal e de Benefícios
Tema Estratégico Atendimento a Legislação e Benefícios
Objetivos Estratégicos
Indicadores Estratégicos
Meta Iniciativas Estratégicas
% da receita operacional aplicada com bolsas de estudo
15% 1- Conceder bolsas de estudos de 50% a 100% para novos estudantes equivalentes a 15% da receita a cada semestre. 2- Remanejar bolsas de estudos dos estudantes reprovados, evadidos e egressos.
AL1- Atender ao aspecto de benefícios
% da receita operacional aplicada em serviços sociais
5% 1- Criar projetos sociais.
AL2- Atender a Legislação do CEE e do SINAES
Conceito avaliação pelo CEE
A 1- Preparar ambiente universitário 2- Avaliar aspectos da avaliação 3- Receber equipe de especialistas
Conceito ENADE por curso
A 1- Preparar estudantes para os exames. 2- Garantir infra-estrutura para estudo. 3- Garantir transporte e alimentação para o local da prova.
Conceito para reconhecimento por curso
A 1- Capacitar coordenadores de cursos e docentes. 2- Capacitar funcionários.
Conceito SINAES A 1- Capacitar coordenadores de curso e docentes. 2- Capacitar funcionários.
Tabela 5.2 – Scorecard proposto para a instituição (continuação) Perspectiva Clientes
Tema Estratégico Valor para o Cliente
Objetivos Estratégicos
Indicadores Estratégicos
Meta Iniciativas Estratégicas
CL1- Retenção dos clientes (alunos)
Evasão semestral Menor que 1,5%
1- Medir relação aluno evadido para toda a instituição.
% alunos recebidos por transferência, re-matrículas, etc.-semestral
Maior que 3%
1- Mediar relação alunos transferidos, re-matriculados, etc para toda a instituição e por curso.
Maior que 1,5 por curso
1- Medir relação aluno/vaga por curso em cada processo seletivo.
CL2- Conquista de clientes
Aluno/vaga no processo seletivo (vestibular)
Maior que 2,0 para toda a instituição
1- Medir relação aluno/vaga para toda a instituição em cada processo seletivo.
187
% satisfação 95% 1- Medir satisfação através do questionário da avaliação interna (semestral) 2- Medir satisfação através de questionários aplicado aos líderes de turma (semestral) 3- Medir satisfação através das mensagens do Fala Conosco (Internet)
% estudantes em estágio através de convênios
20% 1- Medir percentual de estudantes em estágio pelos convênios UNIARAXA/Empresas.
% egressos empregados em até um ano após a formatura
70% atuando na área de formação
1- Pesquisa de empregabilidade com egressos
CL3- Satisfação dos clientes (alunos)
Tempo de atendimento para as solicitações no Protocolo
Menor que 48h úteis
1- Criar protocolo eletrônico 2- Medir tempo de resposta
CL4- Satisfação dos clientes (empresas)
% satisfação empresas conveniadas para estágio
90% 1- Medir satisfação das empresas conveniadas para estágio
Tabela 5.2 – Scorecard proposto para a instituição (continuação) Perspectiva Processos Internos
Tema Estratégico Processos Internos Eficientes
Objetivos Estratégicos
Indicadores Estratégicos
Meta Iniciativas Estratégicas
E-mail para todos os funcionários e professores
100%
Acesso a intranet para funcionários e professores
100%
1- Acesso a computadores para todos os funcionários e professores 1.1- Acesso no local de trabalho (funcionários administrativos, professores tempo integral) 1.2- Salas especiais de acesso: professores tempo parcial e horistas, funcionários de setores de apoio.
Reuniões periódicas do Conselho Universitário
Uma por mês
1- Convocação da Reitoria
Reuniões periódicas da Câmara de Graduação
Uma por mês
1- Convocação do Pró-Reitor de Ensino e Extensão
Reuniões periódicas dos Colegiados de Cursos
Uma por mês
1- Convocação do Coordenador do Curso
Reuniões periódicas da Câmara de Gestão
Uma por semana
1- Convocação da Reitoria
Boletim eletrônico Semanal 1- Elaborado pela coordenadoria de comunicação enviado para o e-mail de todos os funcionários, professores, alunos e instituições parceiras.
PI1- Comunicação interna eficiente
Jornal impresso Bimestral 1- Elaborado pela coordenadoria de comunicação enviado para todos os funcionários, professores, alunos, instituições parceiras e comunidade em geral
PI2- Comunicação externa eficiente
Novos canais de comunicação
Desenvolver canais de
188
comunicação Estudo de Caso automático
1- Redesenhar processos administrativos e acadêmicos para realizar 100% das matrículas com estudo de caso 2- Adaptar projetos pedagógicos 3- Treinamento dos funcionários
Capacidade de resposta dos SI aos departamentos/setores
Matrícula via WEB
1- Redesenhar processos administrativos e acadêmicos para realizar 100% das matrículas via WEB 2- Adaptar projetos pedagógicos 3-Divulgação aos alunos
PI3- Sistemas de Informações adequados à realidade da organização
Processos integrados Sistema integrado
1- Redesenhar processos administrativos e acadêmicos para garantir integração dos mesmos até o limite das potencialidades do sistema atual 2- Treinamento dos funcionários 3- Avaliação do novo sistema
PI4- Conhecimen-to do mercado e do cliente
Pesquisa de mercado Uma Pesquisa semestral
1- Pesquisa com egressos 2- Pesquisa com empresas conveniadas 3- Pesquisa de oferta de outras IES
PI5- Infraestrutura adequada e segura
Legislação acessibilidade Atender a lei no.
1- Projeto de acessibilidade
Tabela 5.2 – Scorecard proposto para a instituição(continuação) Perspectiva Financeira
Tema Estratégico Crescimento Sustentável
Objetivos Estratégicos
Indicadores Estratégicos
Meta Iniciativas Estratégicas
FI1-Crescimento da receita
% aumento por ano 10% 1- Reajustar preços de acordo com a variação do IGP-M 2- Diminuir ociosidade 2.1- Identificar vagas ociosas (por curso, semestre e disciplina) 2.2- Ofertar vagas ociosas para vestibular extra, transferências e ingressos de diplomados 3- Ampliar vagas de cursos com demanda superior à oferta: 3.1- Identificar cursos c/demanda superior a oferta 3.2- Ampliar as vagas destes cursos no processo seletivo (observar legislação do MEC e Conselhos de Classe) 4- Garantir vagas para pedidos de transferência.
% rentabilidade por curso mês
15% 1- Calcular rentabilidade de cada curso: 1.1- Dar feedback para Pró-Reitoria Acadêmica e coordenadores dos cursos
FI2-Rentabilidade
Margem de contribuição por curso/mês
40% 1- Calcular margem de contribuição de cada curso: 1.1- Dar feedback para Pró-Reitoria Acadêmica e coordenadores dos cursos
FI3-Inadimplência % da receita operacional
Menor que 20% ao mês
1- Emissão de relatório mensal de inadimplentes: 1.1- Emissão do relatório no dia 10 de cada mês com envio da 1ª carta de cobrança;
189
Menor que 15% ao semestre Menor que 12% ao ano
Tempo de inadimplência
Menor que 90 dias
1.2- Emissão do relatório no dia 20 de cada mês com envio da 2ª carta de cobrança 1.3- Emissão do relatório no dia 30 de cada mês com remessa de arquivo para empresa de cobrança 2- Controle diário das cobranças realizadas pela empresa (via portal)
Mensalidade adequada à média de mercado
10% menor que mercado
Pesquisa de mercado para comparar mensalidades
FI4- Custo do serviço
% da receita bruta x folha bruta por curso mês
Máximo 70%
1- Carga horária paga x carga horária prevista no Projeto Pedagógico 2- Equivalência tempo integral por curso 3- Valores hora aula de acordo com mercado 4- Controle de reuniões 5- Orçamento de Projetos de Pesquisa e Extensão 6- Avaliar custo de novos cursos e serviços
FI5- Receita de novos cursos e serviços
% da receita bruta com novos cursos (graduação e pós-graduação) e serviços por ano
8% 1- Criar novos cursos ou ênfases em serviços: 1.1- Identificar demandas por novos cursos; a) Avaliar a viabilidade financeira (retorno) de cada novo projeto; b) Avaliar a infraestrutura necessária: salas, laboratórios, acervo; c) Avaliar disponibilidade de corpo docente; 1.2-Observar legislação do MEC e Conselhos de Classe
Tabela 5.2 – Scorecard proposto para a instituição(continuação) Perspectiva Aprendizado e Crescimento
Tema Estratégico Empregado Motivado e Produtivo
Objetivos Estratégicos
Indicadores Estratégicos
Meta Iniciativas Estratégicas
AC1- Retenção dos funcionários
Turnover Quanto menor melhor
1- Medir turnover e suas causas
AC2- Satisfação dos empregados
% satisfação 90% 1- Pesquisa de satisfação dos funcionários; 2- Plano de cargos e salários compatível com a função e mercado; 3- Plano de benefícios; 4- Plano de carreira
AC3- Integração entre departamentos
% processos integrados: vestibular, matrícula, registro acadêmico, protocolo, financeiro e biblioteca
100% até dezembro de 2007
1- Redesenhar processos administrativos e acadêmicos para garantir a integração dos mesmos até o limite das potencialidades do sistema atual; 2- Treinamentos dos funcionários
AC4- Escolaridade dos empregados
Mínimo ensino médio
100% até dezembro de 2007
1- Garantir admissão de funcionários com no mínimo ensino médio concluído; 2- Funcionários contratados sem ensino médio: 2.1- Ingressar no EJA
190
AC5- Qualificação dos empregados nas funções
% dos funcionários com formação para a função
100% 1- Treinamento para a função
AC6- Disponibilidade de TI para funcionários
% de funcionários com acesso a TI necessária a função desempenhada
100% 1- Garantir acesso dos funcionários aos equipamentos e sistemas necessários para o desempenho da função 2- Treinamento adequado
A Integração do Balanced Scorecard à Estratégia – O Mapa Estratégico
O Mapa Estratégico é apresentado por Kaplan e Norton (2000) como sendo uma
arquitetura genérica para a descrição e entendimento da estratégia da organização. A
lógica de causa-e-efeito constitui-se no referencial para a sua construção, pois garante às
organizações que as suas estratégias tenham uma visão “coesiva, integrada e sistemática”
(KAPLAN; NORTON, 2000, p.83).
O Mapa Estratégico permite entender como a estratégia liga os ativos intangíveis
a processos que criam valor, fazendo com que os objetivos de cada perspectiva sejam
“conectados uns com os outros por relações de causa-e-efeito” (KAPLAN; NORTON,
2004, p.34).
Para os autores “essa arquitetura de causa e efeito, interligando as […]
perspectivas é a estrutura em torno da qual se desenha o Mapa Estratégico. A construção
do Mapa Estratégico força a organização a esclarecer a lógica de como a para quem ela
criará valor” (KAPLAN; NORTON, 2004, p.34)
Para o desenvolvimento do Mapa Estratégico, faz necessário definir as relações de
causa-e-efeito entre os objetivos estratégicos, e os Indicadores Estratégicos. A sua
construção seguiu a lógica apresentada por Kaplan e Norton (2004)
Assim, a Perspectiva do Aprendizado e Crescimento garante o capital intangível
necessário para que os processos críticos, definidos na Perspectiva dos Processos
Internos, sejam executados com o máximo de eficiência e eficácia.
Na Perspectiva dos Processos Internos estão identificados aqueles que são
adequados às necessidades dos clientes e que permitirão que a organização crie valor para
os mesmos.
191
Com clientes satisfeitos, há o retorno financeiro desejado para a organização.
Desta forma na Perspectiva dos Clientes estão garantidos os objetivos estratégicos para
este fim.
As Perspectivas Legal e de Benefícios e a Financeira recebem igual posição no
Mapa estratégico e garantem as condições necessárias para o atingimento dos objetivos
econômicos da empresa.
A Figura 5.3 apresenta as relações de causa-e-efeito construídas para a instituição.
Com a construção das relações de causa-e-efeito, é possível identificar as ligações entre
os indicadores estratégicos dentro de cada perspectiva, apresentando assim uma cadeia
lógica entre os resultados esperados da estratégia com os vetores que a induzirão, e assim
construir o Mapa Estratégico.
A elaboração do Mapa Estratégico, apresentado na Figura 5.4, também seguiu a
lógica apresentada por Kaplan e Norton (2004). Estão contempladas as cinco perspectivas
desenvolvidas com objetivos estratégicos conectados uns com os outros, demonstrando
assim a relação de causa-e-efeito entre eles.
Com a formatação do Mapa Estratégico é possível apresentar esquematicamente o
Balanced Scorecard da empresa e, assim, validar o roteiro de criação do BSC proposto
por Kaplan e Norton (1997).
De modo geral, o modelo desenvolvido é satisfatório, pois permite apresentar de
forma clara e objetiva o desdobramento das estratégias da empresa através dos
indicadores de desempenho.
No próximo tópico, são apresentadas algumas considerações sobre o modelo
desenvolvido para a instituição.
192
Figura 5.3 – Relações de causa-e-efeito propostos para a instituição Fonte: Autor
193
Figura 5.4 – Mapa estratégico proposto para a instituição Fonte: Autor
194
Considerações sobre o Modelo Desenvolvido
Para garantir a efetiva implantação do modelo desenvolvido, baseado no roteiro
de Kaplan e Norton (1993,1997), é necessário além das demais etapas, o
desenvolvimento principalmente da quarta etapa do roteiro proposto (plano de
implantação), que não foi contemplada pelo pesquisador, devido às limitações impostas
pelo tempo.
A implantação efetiva do modelo, permitirá a médio prazo, a delegação da gestão
dos indicadores para os diversos setores e departamentos, atingindo assim o objetivo de
desdobramento das ações em todos os níveis da organização.
Deve-se ter clareza que o BSC não tem a pretensão de resolver os problemas da
instituição, mas a sua aplicação permite a indicação de novos caminhos e a mudança de
rumos, pois os indicadores criados para cada objetivo estratégico apresentam forte
relação com as estratégias da instituição.
No próximo capítulo serão feitas considerações finais e recomendações para
futuros trabalhos.
195
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS
TRABALHOS
6.1 Considerações Finais
A identificação do modelo, que é o objetivo principal deste trabalho, deu-se
através da pesquisa bibliográfica referente aos modelos de medição de desempenho
propostos por Rummler e Brache (1994), por Hronec (1994) e por Kaplan e Norton
(1992, 1993, 1996, 1997), através dos quais, procurou-se identificar as principais
características dos citados modelos. Este objetivo consistiu na proposição de um modelo
de apoio à gestão para uma instituição de ensino superior sem fins lucrativos, buscando
contribuir para a melhoria da gestão dessa entidade.
Ao utilizar o estudo de caso, como método de pesquisa, foi escolhido como
empresa foco de estudo, a instituição de ensino superior na qual o autor trabalha, e afim
de melhor conhecer a instituição, foram analisados seus documentos, principalmente o
Plano de Desenvolvimento Institucional e o Projeto Pedagógico, dentre outros. Ao
utilizar a realização da pesquisa qualitativa e da pesquisa quantitativa, procurou-se
identificar o modelo de gestão que foi proposto.
Através das pesquisas realizadas, utilizando questionários abertos e fechados, foi
permitido conhecer o processo de formulação da estratégia da empresa, a sua
comunicação e avaliação, e a partir disso, a necessidade da organização de um modelo de
medição de desempenho para dar apoio à gestão estratégica e operacional que
proporcionasse avaliação contínua através de indicadores de desempenho.
A sistemática do método de estudo de caso, ao permitir um cruzamento entre
teoria e prática, possibilitou identificar a contribuição de cada modelo de medição de
desempenho frente às necessidades da organização. Assim, as principais características
dos modelos de medição de desempenho foram apresentadas, através da metodologia do
grupo focado, aos integrantes do Colegiado da Gestão da instituição e confrontadas com
as necessidades da empresa evidenciadas nas pesquisas.
O modelo proposto por Kaplan e Norton (1992, 1993, 1996, 1997), Balanced
Scorecard, que resultou desta análise, foi identificado como o mais adequado para ser
196
empregado como apoio à gestão da instituição em estudo, pois permite a tradução da
estratégia em ações, o alinhamento das estratégias com a Missão e a Visão, o
acompanhamento, através de indicadores, do cumprimento das estratégias, a construção
da relação de causa-e-efeito entre os indicadores de desempenho e a adaptação às
características da empresa.
Com o intuito de identificar um método de construção do scorecard, que se
adeque à instituição, baseou-se no roteiro proposto por Kaplan e Norton (1997), o qual
está organizado em quatro etapas. Devido às limitações impostas pelo tempo, as etapas 1,
2 e 3 foram desenvolvidas pelo pesquisador, de acordo com o que foi preconizado pelos
autores. Assim, o pesquisador, através do conhecimento e experiências próprias a respeito
da instituição em estudo, projetou resultados e principalmente propôs os objetivos
estratégicos e os indicadores de desempenho, para cada perspectiva, o que permitiu criar
as relações de causa e efeito e o Mapa Estratégico da instituição.
Como conclusão, acreditamos que o Balances Scorecard, reúne as características
necessárias como o modelo de medição de desempenho adequado à instituição de ensino
superior sem fins lucrativos, o UNIARAXA, sendo recomendado validar e implantar
efetivamente a sistemática proposta.
6.2 Recomendações para Futuros Trabalhos
As sugestões a serem apresentadas são em função dos limites deste trabalho e
principalmente das observações do pesquisador durante a realização da pesquisa.
Com o intuito de validar e de implementar a proposta de scorecard apresentada
pelo autor, sugere-se que a sistemática desenvolvida seja primeiramente apresentada aos
demais integrantes da instituição e posteriormente desenvolvida todas as etapas descritas,
a fim de efetivamente implantar a solução proposta.
Também com o intuito de complementar as informações da Perspectiva Legal e de
Benefícios, recomenda-se que as dez unidades de avaliação do SINAES, sejam
desdobradas em indicadores e integradas à referida perspectiva, de forma que os critérios
de avaliação estejam apresentados no scorecard da instituição.
197
Volto a enfatizar que, é de suma importância para a validação do modelo
apresentado como solução, que se desenvolva as quatro etapas (plano de implantação) do
roteiro proposto por Kaplan e Norton (1993,1997), podendo assim ter uma visão mais
ampla das metas de superação propostas.
Outro aspecto importante seria uma revisão do PDI da instituição visando garantir
uma adequada integração com o balanced scorecard, dando possibilidade de uma melhor
estruturação do sistema gerencial da organização.
Finalmente, em virtude do modelo proposto de apoio à gestão da instituição, se
basear no Balanced Scorecard, que além de outras características, se apresenta como um
sistema de informações corporativo, sugere-se a utilização ou desenvolvimento de um
software, baseado numa estrutura de banco de dados, que permita o gerenciamento do
scorecard definido e sua disseminação por toda a organização.
198
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APÊNDICE A – Pesquisa Qualitativa Prezado (a) SR.(a): Este documento representa uma necessidade do trabalho de elaboração de dissertação de Mestrado. O seu objetivo é de servir de instrumento de pesquisa, através de questionário fechado para ser aplicado às demais funções da gestão da instituição. A fim de dar os subsídios e fidelidade necessária para a elaboração do questionário fechado, a sua participação é de fundamental importância. Este instrumento de pesquisa, o questionário, será dividido em duas partes: na primeira parte com quatro perguntas e a segunda com seis. A primeira parte objetiva a identificação da estrutura do modelo atual de gestão e a forma de definição das estratégias do UNIARAXA. A segunda parte objetiva a identificação da forma pela qual o UNIARAXA apresenta a sua avaliação das estratégias atuais do modelo de gestão da instituição. A função de apresentar cada pergunta e a anotação das respostas é do entrevistador (pesquisador). Não cabendo ao referido pesquisador o auxílio eventual para a elaboração das respostas. Perguntas
1) Como é o modelo atual de gestão da instituição? 2) Como são definidas as estratégias da instituição? 3) Como são disseminadas as estratégias na instituição? 4) De que forma são avaliadas a implementação das estratégias propostas? 5) Existe utilização de indicadores de desempenho para a avaliação do
modelo atual de gestão? Se sim, quais? (senão pular para pergunta 8) 6) A definição dos indicadores contou com a sua participação? 7) O acesso aos indicadores é dado a você? Sem sim, quais? Em que
periodicidade? 8) Indicadores de desempenho são importantes para a atividade de gestão da
instituição? Por quê? 9) No modelo atual de gestão da instituição, identifique as carências
/deficiências? 10) No modelo atual de gestão da instituição, o que poderia ser melhorado?
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APÊNDICE B – Pesquisa Quantitativa Prezado(a) SR.(a) Este documento representa uma necessidade do trabalho de elaboração de dissertação de Mestrado. O seu objetivo é de proporcionar a identificação da forma que é o modelo de gestão da instituição e como é sua avaliação, a fim de garantir um desempenho adequado para o atingimento das estratégias definidas de acordo com a Missão e a Visão da instituição. Alguns conceitos com o objetivo de auxílio na compreensão das perguntas, são apresentados no final do documento. Marque um “X” na opção que mais se adapta a sua percepção da realidade da instituição, na resposta das perguntas de um a dez.
Concordância Perguntas 1 2 3 4 5
1- O modelo atual de gestão da instituição permite o acompanhamento pelos gestores?
2- A instituição possui um processo formal de avaliação do desempenho das estratégias?
3- O processo de disseminação das estratégias da instituição garante que as mesmas sejam claramente entendidas por todos os níveis da organização?
4- As estratégias definidas estão alinhadas com a missão e a visão da instituição?
5- A instituição utiliza indicadores de desempenho para avaliar as estratégias definidas?
6- Você tem acesso a estes indicadores? 7- A definição destes indicadores contou com sua participação? 8- Estes indicadores são importantes para a avaliação das estratégias da instituição?
9- Um modelo de gestão com indicadores de desempenho, relações de causa e efeito, avaliação periódica das estratégias e alinhamento com a missão/visão da instituição, pode melhorar o desempenho da instituição?
10- Um relatório periódico, com os indicadores de desempenho da instituição, auxiliaria no entendimento das estratégias e do desempenho da instituição?
Tipos de Respostas: 1- Sim, 2- Sim, concordo totalmente, 3- Não, 4- Não concordo totalmente, 5-Nem sim nem não Tabela 4.4 – Tabulação do questionário da pesquisa quantitativa
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APÊNDICE C - Protocolo de Estudo de Caso Seção Questões Visão geral do projeto Problemática: Aperfeiçoamento do modelo gestão de uma
IES sem fins lucrativos com o auxílio de um sistema de avaliação de desempenho.
Objetivo geral do estudo: Proposta de um modelo de apoio à gestão para uma IES sem fins lucrativos, baseado em indicadores de desempenho.
Objetivos específicos: (1) identificação da metodologia de alguns dos modelos de medição de desempenho mais difundidos. (2) Estudar e entender o PDI existente na IES, identificando a missão e visão da instituição, seus objetivos estratégicos e seu modelo de gestão. (3) Identificação quais dos modelos estudados podem auxiliar à instituição no atingimento de sua visão e de seus objetivos estratégicos.
Leituras importantes: Bibliografia para a fundamentação teórica e o PDI da Instituição, objeto do estudo de caso.
Procedimentos de campo Levantamento de documentos ( atas de reuniões,
informações do RH, informação acadêmicas e financeiras, documentos do PDI, avaliações de desempenho)
Observação direta e observação-participante Entrevistas individuais e em grupo Questões do estudo de Conforme o Apêndice A – Pesquisa Qualitativa, Apêndice
B – Pesquisa Quantitativa e o roteiro para entrevistas, visando responder a questão problematizadora mencionada acima e satisfazer aos objetivos gerais e específicos do estudo.
Análise e avaliação das respostas dos questionários,
Tabulando-as, para a proposta do modelo de avaliação. ( BSC , mapa estratégico e relações de causa e efeito )
Guia para o relatório de Do estudo de caso Não apresentado neste estudo, por não ser necessário,
Uma vez que o relato obedece as normas de uma dissertação
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ANEXO A – Organograma da Instituição CONSELHO UNIVERSITÁRIO
REITORIA
Assessoria de Comunicação
Assessoria Educacional
Assessoria Jurídica
PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO, ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Setor Extensão
Setor Pesquisa
Setor de Pós-Graduação
Secretaria Acadêmica
Biblioteca
Serviço Financeiro Contábil
Serviços Gerais
Serviço de Informática
Instituto Superior de Educação
Instituto de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Exatas e Humanas
Câmara de Graduação
Câmara de Graduação
Câmara de Graduação
Diretoria
Diretoria
Diretoria
Coord. História
Coord. Letras
Coord. Matemática
Coord. Normal Superior
Coord. Pedagogia
Coord. Ciências Biológicas
Coord. Educação Física
Coord. Enfermagem
Coord. Fisioterapia
Coord. Administração
Coord. Ciências Contábeis
Coord. Direito
Coord. Sist. de Informação
Coord. Turismo
Colegiado Colegiado Colegiado
Colegiado Colegiado Colegiado
Colegiado Colegiado Colegiado
Colegiado Colegiado Colegiado
Colegiado Colegiado