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Universidade de Brasília DENISE MACHADO BICALHO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: CONSTRUINDO REFERENCIAIS PARA O ESPORTE DA ESCOLA O QUE “ROLA” JUNTO COM A BOLA NA ESCOLA Santa Maria 2007

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Universidade de Brasília

DENISE MACHADO BICALHO

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: CONSTRUINDO REFERENCIAIS

PARA O ESPORTE DA ESCOLA

O QUE “ROLA” JUNTO COM A BOLA NA ESCOLA

Santa Maria

2007

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DENISE MACHADO BICALHO

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: CONSTRUINDO REFERENCIAIS

PARA O ESPORTE DA ESCOLA

O QUE “ROLA” JUNTO COM A BOLA NA ESCOLA

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Profª. Ms. Valmir Beltrame

Santa Maria

2007

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BICALHO, Denise Machado

Programa Segundo Tempo: Construindo referenciais para o esporte DA escola. Santa Maria, 2007.

58 p.

TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.

1. Escola 2. Esporte escolar 3. Educação Física escolar

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DENISE MACHADO BICALHO

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: CONSTRUINDO REFERENCIAIS

PARA O ESPORTE DA ESCOLA

O QUE “ROLA” JUNTO COM A BOLA NA ESCOLA

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:

Presidente: Professor Mestre Valmir Beltrame

Universidade Luterana do Brasil – Campus Santa Maria

Membro: Professora Doutora Marisete Peralta Safons

Universidade de Brasília

Santa Maria (RS), 27 de Julho 2007.

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DEDICATÓRIA

Dedico este relato de experiência aos meus pais, Angela e José Luiz Bicalho, por sempre me servirem de fonte de inspiração e exemplo. Aos meus filhos Felipe, Fernando e Mariana, como incentivo para que sigam seus caminhos com dedicação, determinação e esforço.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte da vida.

Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de especialização à distância.

Ao meu primeiro tutor, professor Marcelo Teles, pelo interesse e as palavras de incentivo.

Ao meu orientador, professor Ms.Valmir Beltrame, pela dedicação, sabedoria, competência e acima de tudo amizade desde o tempo de colega de faculdade.

A estagiária Simone Meurer, companheira fiel e dedicada na aplicação do projeto na escola.

A colega de trabalho e de curso, Loiva Dias, companheira na troca de idéias e de anseios durante o decorrer deste.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental João Belém, através da sua direção, viabilizando e incentivando a adesão do Programa Segundo Tempo na escola.

Em especial a todos meus alunos, de hoje e de ontem, sem os quais teria sido impossível esta caminhada, crescimento, aprendizagem e realização profissional.

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“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho

original”.

Albert Einsteim

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RESUMO

O presente relato de experiência tem como objetivo apresentar as atividades

realizadas no decorrer da execução do PROGRAMA SEGUNDO TEMPO (PST)

desenvolvidas na Escola Estadual de Ensino Fundamental João Belém, Santa Maria, Rio

Grande do Sul. O programa, idealizado pelo Ministério do Esporte apresenta como objetivo

geral o acesso à prática e à cultura do esporte como instrumento educacional, visando o

desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de risco social e foi implantado nesta

escola para proporcionar um espaço onde a prática esportiva seja orientada e de qualidade, e

pela convicção de que a atividade física é essencial e de grande importância na educação

integral dos alunos. O programa envolveu cerca de 200 alunos de 3ªs á 8ªs série, em contra

turno escolar, executado pela coordenadora, professora de Educação Física da escola, com o

auxílio de duas monitoras, estagiárias do Curso de Graduação em Educação Física da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foram ministradas aulas para turmas mistas,

em dois dias da semana, em dois locais diferentes: o pátio da escola e um parque municipal,

distante três quadras da escola. Os alunos tiveram acesso a três esportes coletivos: handebol,

voleibol e futebol de salão e a um esporte individual: atletismo. Na construção de uma nova

pedagogia do esporte, buscou-se o equilíbrio entre dois referenciais: o tradicional e o

inovador, não se limitando ao ensino de gestos técnicos padronizados, repetitivos e

competitivos que compõem o esporte, mas à recreação, à cooperação, à convivência, à

participação, enfim, a sociabilização de uma maneira geral. O trabalho foi direcionado a

estímulos que possibilitem ao aluno movimentar-se livremente, criar, pensar, agir e

estabelecer relações de amizade, destacando como princípio básico, a convivência,

estimulando também reflexões e posicionamento crítico. Como resultados, percebeu-se que

no decorrer das aulas houve uma melhora significativa no desempenho motor em geral, nas

qualidades físicas, na disciplina, na criatividade, na sociabilização e no gosto pela atividade

física entre os escolares envolvidos. Constatou-se que o ensino - aprendizagem das diferentes

atividades teve um papel inovador e social significativo, e concluo que os objetivos traçados a

partir da adesão da escola ao programa foram alcançados.

PALAVRAS CHAVES: 1.Escola 2. Esporte escolar 3. Educação Física escolar

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SUMÀRIO

1. Introdução ........................................................................................................................... 10

2. Descrição da realidade: a cidade, a escola e a comunidade.............................................. 11

3. Referencial teórico .............................................................................................................. 13

3.1 O programa segundo tempo ............................................................................................ 13

3.2 O esporte ......................................................................................................................... 14

3.3 O esporte escolar ............................................................................................................. 17

3.4 O professor de Educação Física ....................................................................................... 18

3.5 Como, para quem, o que e porque ensinar esportes? ....................................................... 20

3.6 Concepções e tendências da Educação Física escolar ....................................................... 21

3.7 O jogo na aula de Educação Física .................................................................................. 24

4. Descrição do programa segundo tempo na escola ............................................................. 26

4.1 Pré-projeto “Educação Física em contra - turno escolar” ................................................... 26

4.2 A aplicação do projeto na escola ...................................................................................... 28

5. Conclusões ............................................................................................................................. 32

6. Considerações finais ............................................................................................................. 34

Referências bibliográficas ................................................................................................. 37

Anexos ................................................................................................................................... 40

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1. INTRODUÇÃO Este relato de experiência é parte do Curso de Especialização em Esporte Escolar,

promovido pelo Centro de Educação a Distância – CEAD da Universidade de Brasília – UNB,

como trabalho de conclusão de curso (TCC).

Tem como objetivo apresentar as atividades realizadas no decorrer da execução do

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO (PST) desenvolvidas na Escola Estadual de Ensino

Fundamental João Belém, Santa Maria, Rio Grande do Sul.

O Programa Segundo Tempo, idealizado pelo Ministério do Esporte no ano de 2004, é

parte da política esportiva do governo federal e apresenta como objetivo geral o acesso à prática

e à cultura do esporte como instrumento educacional, visando o desenvolvimento de crianças e

adolescentes em situação de risco social.

O Programa foi desenvolvido na cidade de Santa Maria e em cidades da região central do

estado do Rio Grande do Sul de duas formas: em parceria com as prefeituras, através das

Secretarias de Educação do município; e outra em parceria com a FUNDERGS, Fundação do

Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul. A escola na qual atuo e onde foi desenvolvido o

Programa, participa como um núcleo da parceria com a FUNDERGS, juntamente com mais 26

núcleos. Minha função dentro deste programa é de coordenadora de núcleo.

Para melhor compreensão de como o trabalho foi realizado, inicialmente apresenta-se uma

descrição do contexto da escola e da comunidade envolvida, apresentando seus aspectos

geográficos, econômicos, culturais, sociais e políticos.

Logo a seguir, faz-se uma breve revisão de literatura abordando a Educação Física

Escolar, onde sustenta-se sua importância, as formas de planejamento, sua organização e

metodologias, a partir da visão de alguns autores.

Continuando, relato a maneira como o trabalho foi desenvolvido, a estrutura

organizacional, funcionamento das aulas, aspectos didático-pedagógicos e minha atuação junto

ao Programa.

Ao final colocam-se considerações em relação ao trabalho realizado junto aos alunos e a

educação física escolar, destacando pontos positivos e negativos, bem como expectativas e

percepções do esporte escolar e do Programa Segundo Tempo.

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2. DESCRIÇÃO DA REALIDADE: A CIDADE, A ESCOLA E A COMUNIDADE. A Escola Estadual de Ensino Fundamental João Belém localiza-se no centro da cidade de

Santa Maria/RS, na Rua José do Patrocínio nº 30.

Santa Maria é uma das mais importantes cidades do Estado do RS; situa-se no centro ou

"coração" do Estado e tem uma população de 243.611 habitantes (censo 2004) . Exerce

importante papel estratégico na defesa do país sendo o 3º maior centro militar; na difusão de

conhecimento, tecnologias e religiões, bem como na distribuição da produção e no comércio

regional. É considerada uma cidade universitária, possuindo oito Instituições de Ensino Superior

(IES). Entre as IES destaca-se a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), fundada em 1960,

pioneira na interiorização do ensino superior do país e bastante ativa na área do ensino federal

médio e superior, representando importante esteio nesta região do país, limítrofe com outros

países do Mercosul, principalmente Argentina e Uruguai.

Além de centro universitário, Santa Maria caracteriza-se também por possuir uma das

maiores redes de ensino do Rio Grande do Sul, contando com aproximadamente 100 Escolas

Municipais, 40 da rede privada e 39 na Rede Estadual de Ensino.

Na rede Estadual de Ensino destacam-se as escolas com grande número de alunos, entre

1500 e 2000, e aquelas localizadas no centro da cidade, que possuem Ensino Fundamental

Completo. Entre estas a Escola Estadual de Ensino Fundamental João Belém, que atende

aproximadamente 600 alunos distribuídos nas séries inicias e nas séries finais, ou seja, da pré-

escola até a 8ª série possuindo um quadro de 57 professores e 15 funcionários.

A comunidade escolar é composta, em sua grande maioria, por alunos de classe média

baixa, oriundos de famílias de operários, ferroviários, comerciários e biscateiros, com algumas

raras exceções.

O espaço físico da escola conta com 14 salas de aula, biblioteca, laboratório de

informática, sala de vídeo, sala dos professores, sala da direção, recepção (vice-direção), sala da

supervisão, sala do SOE (Serviço de Orientação Educacional), sala do XEROX, cozinha,

secretaria, saguão e pátio.

O espaço específico para a prática da educação física escolar é um o pátio de cimento

irregular de 35m de comprimento por 15m de largura. Nesta área encontra-se desenhada uma

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quadra não oficial de voleibol, uma quadra de 12m por 10m, um espaço com um garrafão de

basquetebol e uma cesta não oficial. O pátio fica na entrada da escola e é utilizado também para o

recreio dos alunos, logo, tem uma grande circulação de pessoas.

Distante três quadras da escola existe um parque municipal, chamado Parque Itaimbé, onde

encontram-se quatro quadras poliesportivas sem cobertura, sendo três de cimento e uma de areia.

É neste parque, que na maioria das vezes, desenvolveram-se as aulas de educação física dentro

do Programa Segundo Tempo. A preocupação dos pais e dos professores é constante devido à

existência de rua e trânsito intenso dos dois lados das quadras, com movimento dos mais

variados tipos de pessoas e carros.

Os objetivos que norteiam os trabalhos da escola encontram-se no Regimento Escolar e no

Projeto Político Pedagógico (PPP), onde constam “promover, através da interação escola-

comunidade, a construção da cidadania de forma participativa e solidária, de acordo com os

princípios da integração, fraternidade, bem comum e coletividade, visando uma sociedade justa e

igualitária”.

A escola propõe a metodologia da prática educativa, que busca por meio da dialética e da

prática social conhecer a realidade onde o aluno está inserido e trabalhar o conhecimento já

existente na produção de conhecimento maior, como processo social, coletivo e participativo. A

partir da interdisciplinaridade, a ação pedagógica é desenvolvida buscando a interação dos

diversos temas desenvolvidos e articulação destes com a prática social. A escola, também a partir

disso quer ser formadora de sujeitos críticos e transformadores da realidade.

O Programa Segundo Tempo, oferecido através da FUNDERGS e Coordenadoria Regional

de Educação (8ª CRE), a todas escolas estaduais, foi implantado na Escola Estadual de Ensino

Fundamental João Belém porque era do interesse da direção e da comunidade escolar,

proporcionar um espaço onde a prática esportiva seja orientada e de qualidade, e pela convicção

de que a atividade física é essencial e de grande importância na educação integral dos alunos.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Com a finalidade de organizar e facilitar o entendimento desta revisão bibliográfica, ela foi

dividida nos sete tópicos a seguir:

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3.1 O Programa Segundo Tempo

3.2 O esporte

3.3 O esporte escolar

3.4 O professor de Educação Física

3.5 Como ensinar esportes? Para quem ensinar esportes? O que ensinar dos esportes? E porque ensinar esportes?

3.6 Concepções e tendências da educação física escolar

3.7 O jogo na aula de Educação Física

3.1 O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

O Programa Segundo Tempo idealizado pelo Ministério do Esporte como forma efetiva de

democratizar o acesso à prática esportiva nos estabelecimentos públicos de educação do Brasil e

de tornar verdadeiro o preceito constitucional que define o esporte como direito de cada um, por

meio de atividades esportivas no contra-turno escolar, visa, também, colaborar para a inclusão

social, o bem estar físico, a promoção da saúde e do desenvolvimento intelectual de crianças e

adolescente, principalmente dos que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

(Escobar, 2004).

De acordo com o site do Ministério do Esporte, além de democratizar o acesso à prática

esportiva, por meio de atividades esportivas e de lazer realizadas no contra-turno escolar, tem a

finalidade de colaborar para a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e

desenvolvimento intelectual e humano, e assegurar o exercício da cidadania.

O programa caracteriza-se pelo acesso a diversas atividades e modalidades esportivas

(individuais e coletivas) e ações complementares, desenvolvidas em espaços físicos da escola ou

em espaços comunitários, tendo como enfoque principal o esporte educacional.

Os objetivos do Programa Segundo Tempo, disponibilizados no site, são:

Promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte

Oferecer prática esportiva de qualidade

Garantir o acesso às diversas atividades oferecidas pelo núcleo de esporte

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Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte como instrumento educacional

Despertar a consciência da prática esportiva como atividade necessária ao bem estar individual

e coletivo

Contribuir para o desenvolvimento humano, em busca de qualidade de vida

Contribuir para o processo de inclusão educacional e social

Garantir recursos humanos qualificados e permanentes para coordenar e ministrar as atividades

esportivas

Promover hábitos saudáveis para crianças, adolescentes e familiares

Estimular crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva em torno de práticas

esportivas saudáveis, direcionadas ao processo de desenvolvimento da cidadania

Contribuir para a ampliação da atividade educacional, visando oferecer educação permanente e

integral por meio do esporte

Contribuir para a redução da exposição de crianças e adolescentes às situações de risco social

Apoiar as ações de erradicação do trabalho infantil

Contribuir para a diminuição dos índices de evasão e repetência escolar da criança e do

adolescente

Apoiar a geração de emprego e renda através da mobilização do mercado esportivo nacional

Implementar indicadores de acompanhamento e avaliação do esporte educacional

Obter reconhecimento nacional e internacional do Programa

3.2 O ESPORTE

De acordo com Oliveira (1985), o esporte moderno nasceu com Thomas Arnoldo (1795-

1842), diretor do Colégio Rugby, Inglaterra. Esse surge como líder de um movimento

denominado "cristianismo muscular”, dando ao esporte uma conotação verdadeiramente

educativa. Seu maior mérito foi a integração dos esportes no quadro pedagógico da escola que

dirigia, deixando que os alunos dirigissem os jogos e criassem regras e códigos próprios, numa

atmosfera de fair-play, termo que significa atitude cavalheiresca na disputa esportiva,

respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros. Essas regras, que surgiram

naturalmente da incorporação dos jogos às aulas do Colégio Rugby, logo ultrapassaram os

muros do educandário e foram amplamente difundidas para o povo Inglês.

A relevância dada ao esporte no campo da Educação Física ficou restrita à Inglaterra até

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1939, quando as escolas (alemã, nordica, francesa e inglesa) passaram a sofrer influências

recíprocas.

Segundo Oliveira (1985), o grande humanista francês Pierre de Coubertin, considerado a

figura máxima da história contemporânea do esporte, que inspirado na obra de Thomas Arnold

publicou na França, 'A Educação na Inglaterra’ (1988) afirmava a necessidade de incluir o

exercício físico no sistema francês de educação.

Sua luta, a nível nacional, foi de incluir a prática de esportes nas escolas e a nível

internacional, fazer renascer os Jogos Olímpicos, o grande impulsionador do movimento

esportivo no mundo.

No fim do século XIX, há três linhas doutrinárias de atividade física: a ginástica nacionalista

(alemã), que valoriza aspectos ligados ao patriotismo e à ordem; a ginástica médica (sueca),

voltada para fins terapêuticos e preventivos; e o movimento do esporte (inglês), que introduz a

concepção moderna de esporte e impulsiona a restauração do movimento olímpico, leva à

realização da primeira Olimpíada da Era Moderna em 1896, em Atenas, na Grécia. (Tubino,

1994)

A primeira metade do século passado é marcada por um desenvolvimento lento do esporte.

Duas guerras mundiais (1914/1918 e 1939/1945), a revolução comunista de 1917, o crack da

Bolsa de Nova York em 1929 criam dificuldades em escala planetária para o treinamento de

atletas. Neste quadro de relativo marasmo, a Associação Cristã de Moços (ACM) se destaca nos

Estados Unidos, fomentando novas modalidades esportivas - como o basquete e o vôlei - ou

inovando com as concepções pioneiras de ginástica de conservação. (Tubino, 1994)

Na segunda metade do século XX, notadamente entre 1950 e 1990, o esporte é sacudido por

uma nova realidade. A concepção do "Ideário Olímpico" e sua máxima de "o importante é

competir" saem de cena. A Guerra Fria estimula o uso ideológico do esporte, colocando em

segundo plano o fair play. A simples prática esportiva deixa de ser relevante, pois o que importa é

o rendimento, o resultado. A corrida em busca de recordes e título faz com que organismos

internacionais lancem manifestos denunciando a exacerbação da competição e alertando os

governos para as novas responsabilidades do Estado no que se refere às atividades físicas. Os

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textos destacam a necessidade de garantir à população em geral - e não apenas aos atletas -

condições que levem à democratização do esporte. (Oliveira, 1985)

O grande marco da revisão no conceito de esporte foi o Manifesto do Esporte, editado pelo

"Conseil Internacional d' Education Physique et Sport”, órgão ligado a UNESCO, em 1964.

Foi o primeiro documento que reconheceu que o esporte não compreendia somente o esporte

de alta competição, admitindo a existência de um esporte na escola e de um esporte do tempo

livre (Tubino, 1992:57).

A Carta Internacional da Educação Física e do Esporte da UNESCO, editada em 1978,

apresentou, com grande novidade, o pressuposto do direito de todos as atividades físicas e

esportivas. Essa carta apresenta-se com dez artigos e, já no seu preâmbulo evidencia que foi

formulada para favorecer o desenvolvimento da Educação Física e do esporte a serviço do

progresso humano, e estimular os governos, as organizações não-governamentais, os

educadores, as famílias e os próprios indivíduos a utilizá-los, difundindo-os e colocando-os em

prática. Este documento consolidou a tendência internacional do conceito de esporte, antes

visto somente sob a perspectiva da alta competição, e agora refletindo também o fenômeno da

participação.

De acordo com Tubino (1992), pode-se afirmar que, depois da publicação deste

documento pela UNESCO, o mundo passou a aceitar um novo conceito de esporte. Nesse

contexto renovado, desenvolvido a partir do pressuposto do direito de todas as pessoas,

independentemente de sua condição, muitos tiveram acesso às práticas esportivas. Assim, o

esporte, como um direito de todos, pode ser entendido atualmente pela abrangência das suas

três manifestações: o esporte-educação, o esporte-participação e o esporte-performance. Essas

manifestações representam as dimensões sociais do esporte.

No Brasil, teoricamente a inclusão da Educação Física na escola ocorreu, em 1851, com a

reforma Couto Ferraz. Em 1882, com a reforma realizada por Rui Barbosa, houve uma

recomendação para que a ginástica fosse obrigatória para ambos os sexos e que fosse oferecida

para as Escolas Normais. Todavia, a implantação de fato dessas leis ocorreu apenas em parte, no

Rio de Janeiro (capital da República) e nas escolas militares.

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Efetivamente a partir da década de 20 do século XX que vários estados da federação

começam a realizar suas reformas educacionais e incluem a Educação Física com o nome mais

freqüente de ginástica. (Betti, 1991).

3.3 O ESPORTE ESCOLAR

Sadi (2004), afirmou que o esporte escolar deve proporcionar aos alunos experiências e

vivências corporais em todas, quanto possíveis, modalidades esportivas, tendo como objetivo a

educação total do ser, desenvolvendo assim a criatividade, cooperação, autonomia,

sociabilização, possibilitando a formação de cidadãos responsáveis e críticos, capazes de atuar na

sociedade, promovendo a inclusão social e a aquisição de valores para a vida toda.

Neste raciocínio, defendeu que educadores devem defender o esporte DA escola, em vez do

esporte NA escola. Enquanto o último apenas reproduziria de forma acrítica condutas e princípios

do esporte de rendimento, como a competição exacerbada, a especialização precoce, o ganhar a

qualquer preço, etc.. O esporte DA escola defenderia a construção do esporte possível, com

valores discutidos entre os participantes e com condutas condizentes com esses valores. Nessa

construção do esporte DA escola, o papel do professor é fundamental, a fim de que se posicione

claramente em relação a valores que levem a uma maior participação de alunos, ao

reconhecimento e respeito às diferenças entre eles, à oportunidade de apropriação por parte de

todos, do maravilhoso patrimônio cultural que é o esporte.

Para Pereira (1996) a aula de educação Física na escola deve ser um momento onde o

movimento não seja compreendido somente na sua dimensão mecânica, mas sim, como um

componente na construção da corporeidade do indivíduo que se expressa no/com o mundo; de

participação para todos, onde seja deixado de lado a classificação dos alunos por suas

inabilidades e habilidades esportivas, passando, assim, por uma seleção que privilegie poucos em

detrimento de muitos.

Segundo Pereira:

Devemos pensar em educação, que esteja comprometida com o Homem, e que desta forma, a educação Física encontre-se inserida nesse contexto sendo capaz de participar do processo educativo através de seu objeto específico – MOVIMENTO. Este conteúdo abrange atividades de cultura corporal como a ginástica, o jogo, a dança e o desporto que não terão significado se tratados apenas na sua especialidade técnica. (1996, p 71)

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De acordo com Tubino (1992), o principal equívoco histórico do entendimento do esporte-

educação é sua percepção como ramo do esporte-performance. Nesta percepção equivocada, as

competições escolares, que deveriam ter um sentido educativo, simplesmente reproduzem as

competições de alto nível, com todas as suas características, inclusive com seus vícios,

deformando qualquer conceito de educação. A educação, que tem um fim eminentemente social,

ao compreender o esporte como manifestação educacional, tem que exigir do chamado esporte-

educação um conteúdo fundamentalmente educativo.

3.4 O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Na busca de sua identidade acadêmica, os intelectuais da área definiram o objeto de estudo

da Educação Física, qual seja, o movimento humano e suas implicações para o ser humano

(Manoel 1985). A Educação Física deve preocupar-se em justificar a prática de qualquer

atividade motora e, portanto, de qualquer movimento que envolva o corpo humano interagindo

com o meio.

Logo, a Educação Física deve produzir um conhecimento organizado e comprovado que

permita a qualquer pessoa mover-se de forma especifica ou genética, eficaz ou harmoniosa,

otimizando todas as suas potencialidades (Oliveira, 1983).

Não se concebe mais os cursos de Educação Física formarem profissionais capazes somente

de executar habilidades motoras, reproduzir movimentos e aulas já programadas e improvisadas.

Qualquer leigo, com alguma experiência motora mais ou menos desenvolvida, ou praticante de

uma modalidade esportiva, dará conta disso. Ao contrário, o profissional deve possuir um

repertório de conhecimento que faça compreender o homem em movimento nos variados

contextos em que ele se encontra, entendendo suas fases do desenvolvimento, suas necessidades,

suas limitações, anseios, não se fundamentando somente na prática pela prática.

Assim, concordo com Pellegrini (1988) quando afirma que:

“... a Educação Física como uma profissão deve se apoiar em profissionais que não possuem apenas a habilidade de executar, mas a capacidade de passar essas habilidades a outras pessoas, com o objetivo de levá-las ao pleno desenvolvimento de suas capacidades motoras...” (p. 254).

Mais que isso, o profissional deve proporcionar, através de vivências motoras variadas e

conhecimento corporal, a consciência e o controle do ato motor para a criança, a fim de que o

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mesmo obter autonomia de movimentos frente às diversas situações do dia a dia. Isto significa

que não basta ao profissional saber executar e se apoiar nisso para atuar, pois único beneficiário é

ele próprio. Mas o profissional deve, fundamentado em conhecimento e não somente em suas

experiências práticas, levar a criança a dominar seu corpo em movimento, ser capaz de solucionar

os problemas motores que surgirem em seu cotidiano e educar segundo os princípios éticos de

formação da cidadania.

Para Saviani (1980) “aquilo de que realmente estamos necessitando é de educadores com

uma sólida fundamentação teórica desenvolvida à partir e em função das exigências da ação

educativa nas condições brasileiras” (pg 61). Portanto o trabalho educativo necessita de

educadores capazes de enfrentar os desafios da nossa realidade educacional, contribuindo de

forma crítica, criativa e comprometida com a transformação da realidade social e não apenas um

profissional que reproduza conhecimentos.

Referindo-se à Educação Física Escolar, Krug (1996) salienta que, partindo do pressuposto de

que a qualidade do ensino depende da possibilidade da reflexão sistemática sobre sua prática, o

professor precisa redimensionar seu pensamento e sua ação. Nesta perspectiva, acredita-se que o

professor que atua com reflexão sobre sua ação pedagógica também poderá oportunizar ao seu

aluno a possibilidade de vir a refletir sobre as atividades que pratica na aula de Educação Física e

sobre a importância dos conteúdos que fazem parte desta disciplina e também a relação destes

com a realidade social em que vivem, pois se entende que a atividade do aluno não deve ser vista

apenas como uma prática corporal, sem ser refletida, sem ser pensada, sem ir ao encontro dos

interesses do aluno.

Por meio das palavras de Paes:

A modernidade exige que o profissional de Educação Física compreenda o esporte e a pedagogia de forma mais ampla, transformando-se em facilitador no processo de educação de crianças e jovens. Nesse contexto, é preciso ir além da técnica e promover a integração dos personagens, o que só será possível se essa proposta pedagógica estiver embasada também por uma filosofia norteada por princípios essenciais para a educação dos alunos. (2002, p. 91)

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3.5 COMO ensinar esportes? PARA QUEM ensinar esportes? O QUE ensinar dos esportes? E PORQUE ensinar esportes?

Vivemos em constante busca de uma reflexão sobre quais os melhores métodos para tratar

do desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos: afetivo, motor, social e cognitivo. É

preciso entender que se procura formar indivíduos sãos para o exercício pleno da sua cidadania,

observando a liberdade de participação, pensamento, bem-estar físico, mental e social.

Nas aulas de educação física, para tornar esta educação possível, é de fundamental

importância que se tenha definições claras a respeito dos objetivos que se desejam atingir com o

esporte, para que assim sejam evitados equívocos como, por exemplo, a cobrança exagerada de

resultados sobre alunos ainda em fase escolar. Assim sendo, existe a necessidade de se estruturar

uma proposta pedagógica para o ensino dos esportes, onde devemos considerar quatro aspectos

importantes: Qual a modalidade a ser ensinada? Em que cenário? Quais os personagens desta

prática? Quais os significados de tal modalidade esportiva? Então, cabe a nós, professores de

educação física, responder pedagogicamente as perguntas: COMO ensinar esportes? PARA

QUEM ensinar esportes? O QUE ensinar dos esportes? E PORQUE ensinar esportes? (Souza,

2004).

Se perguntássemos: Como eram realizados os jogos em sua vida escolar? Certamente grande

parte das pessoas iria dizer: Os dois melhores escolhiam a formação dos times — tu pra cá, tu pra

lá... — Quem era o último a ser chamado... o fulano porque era menorzinho ou era um ‘perna de

pau’. Esta é uma visão biologicista, deixando a entender que os heróis do esporte teriam nascido

para tal e os “pernas de pau” não deveriam perseverar por não possuírem talento inato (Freire,

1996).

E hoje? Na prática, o esporte dentro das aulas de Educação Física, não continua sendo

disposto nos mesmos moldes ou, com bem poucas melhorias educativas do que historicamente?

As aulas não são feitas para os craques? FREIRE (1996) fala que o máximo que a escola

conseguiu, quando se aventurou no campo de ensinar esporte na escola, foi repetir o que fazia o

esporte fora da escola, ou seja, segregar, praticar triagem e criar uma hegemonia. Segundo o

autor, os equívocos foram tantos que mesmo professores com boas intenções se perderam em

suas práticas.

Assim era a pedagogia tradicional, tecnicista e excludente. Porque não basta conhecer os

gestos técnicos de cada esporte para que se possa dar uma aula. É preciso, além disso, ter

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conhecimento de técnicas pedagógicas, as etapas onde se deve propor essas pedagogias, visto que

o que norteia e enriquece um trabalho infantil é tentar, através do prazer, fazer com que o aluno

encontre seu maior potencial.

Alcides Scaglia (1999), em sua dissertação de mestrado verificou que na construção de uma

nova pedagogia do esporte, devemos buscar o equilíbrio entre dois referenciais: o tradicional e o

inovador, ou seja, não devemos nos limitar apenas ao ensino de gestos técnicos padronizados e

repetitivos que compõem a modalidade esportiva a ser ensinada (metodológico), mas também é

importante que durante o ensino do esporte propriamente dito, possamos estimular a cooperação,

a convivência, a participação, enfim, a sociabilização de uma maneira geral para que assim o

esporte funcione também como um fator de integração dos alunos durante a aula

(socioeducativo). É preciso ir além do ensino de regras e técnicas do esporte com a finalidade

única da preparação para competições, é preciso educar a sensibilidade, o gosto/prazer pelo jogo,

a criatividade-crítica, o aprimoramento da inteligência tática, a organização coletiva e os sentidos

das competições, um direito de todos e um dever do professor de educação física.

Segundo Piccolo: Ensinar a praticar esporte é preparar o aluno para executar determinadas habilidades por meio da descoberta do prazer de se exercitar. É mostrar diferentes maneiras de aprender um movimento. A ludicidade da proposta pode ser o caminho dessa conscientização. (1999, p.11)

Nós, professores, temos a responsabilidade de preparar os alunos para a cidadania como seres

ativos e participativos nas diversas esferas da sociedade: família, trabalho, associações de classe,

vida cultural e política.

Segundo Libâneo:

O sinal mais indicativo da responsabilidade profissional do professor é seu permanente empenho na instrução e educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo de modo que estes dominem os conhecimentos básicos e as habilidades, e desenvolvam suas forças, capacidades físicas e intelectuais, tendo em vista equipá-los para enfrentar os desafios da vida prática no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da sociedade. (1991, p 86)

3.6 CONCEPÇÕES E TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Os objetivos e as propostas educacionais da Educação Física foram se modificando ao longo

deste último século, e todas essas tendências, de algum modo, ainda hoje influenciam a formação

do profissional e as práticas pedagógicas dos professores de Educação Física.

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No início a preocupação era com os hábitos de higiene e saúde, valorizando o

desenvolvimento do físico e da moral, a partir do exercício; logo veio a formação de uma geração

capaz de suportar o combate, a luta, para atuar na guerra. A Educação Física era uma disciplina

essencialmente prática, não necessitando, portanto, de uma fundamentação teórica que a ela desse

suporte. Entre 1969 e 1979, a ascensão do esporte no Brasil, a idéia central girava em torno

do Brasil-Potência, no qual era fundamental eliminar as críticas internas e deixar transparecer um

clima de prosperidade e desenvolvimento. Este modelo esportivista foi muito criticado pelos

meios acadêmicos, principalmente a partir da década de 1980, embora essa concepção ainda

esteja bastante presente na sociedade e na escola. A partir dai a Educação Física passa a discutir

a necessidade de mudanças, para que seja rompida, ao menos no nível do discurso, a valorização

excessiva do desempenho, como objetivo único na escola. Atualmente existem na área da

Educação Física, várias concepções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o

modelo mecanicista, esportivista e tradicional.

Na abordagem Desenvolvimentista, no Brasil, principalmente nos trabalhos de Tani et alii

(1988) e Manoel (1994), volta-se especificamente para crianças de quatro a quatorze anos e

busca-se nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação

Física escolar. Os autores dessa abordagem defendem a idéia de que o movimento é o principal

meio e fim da Educação Física, ou seja, uma aula de Educação Física não pode ocorrer sem que

haja movimento. Para a abordagem desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao

aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido pela interação entre o

aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos.

A partir da publicação do livro Educação de Corpo Inteiro (1989) de autoria do Professor

João Batista Freire, veio à divulgação das idéias construtivistas da Educação Física, valorizando

as experiências dos alunos e sua cultura, o aluno constrói o seu conhecimento a partir da

interação com o meio, resolvendo problemas. Resgatou-se a cultura de jogos e brincadeiras dos

alunos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, incluídas as brincadeiras de rua, os jogos

com regras, as rodas cantadas e outras atividades que compõem o universo cultural dos alunos. É

inegável o seu valor nas transformações da Educação Física escolar

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Em oposição ao modelo mecanicista/tradicional, discute-se na Educação Física a

abordagem crítico-superadora. Essa proposta tem representantes nas principais universidades do

país e é, também, a que apresenta um grande número de publicações na área. Ela utiliza o

discurso da justiça social como ponto de apoio, tendo recebido na Educação Física grande

influência dos educadores José Libaneo e Dermerval Saviani. Essa pedagogia levanta questões

de poder, interesse, esforço e contestação. Acredita que qualquer consideração sobre a pedagogia

mais apropriada deve versar não somente sobre questões de como ensinar, mas também sobre

como adquirimos esses conhecimentos, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do

resgate histórico. Esta abordagem tem nos alertado sobre a importância de a Educação e de a

Educação Física contribuírem para que as mudanças sociais possam ocorrer diminuindo as

desigualdades e as injustiças sociais, um objetivo que os educadores devem buscar.

Numa abordagem crítico-emancipatória, uma das principais obras já publicadas na Educação

Física é de autoria do Professor Elenor Kunz e intitulada Transformação didático-pedagógica do

esporte. Nesse livro, o autor busca apresentar uma reflexão sobre as possibilidades de ensinar os

esportes pela sua transformação didático-pedagógica, de tal modo que a educação contribua para

a reflexão crítica e emancipatória de crianças e jovens. Para o autor, o ensino nesta concepção

deve ser de libertação de falsas ilusões, de falsos interesses e desejos, criados e construídos nos

alunos pela visão de mundo que apresentam a partir do conhecimento. Kunz defende o ensino

crítico:

O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para a sua vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida através da reflexão critica. (1994, p.31).

O Ministério da Educação e do Desporto, por meio da Secretaria de Ensino Fundamental,

inspirado no modelo educacional espanhol, mobilizou a partir de 1994 um grupo de

pesquisadores e professores no sentido de elaborar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

A abordagem contida nos PCNs é eclética e aponta no sentido de abranger as diferentes

possibilidades da Educação Física na escola, ou seja, a saúde, o lazer e a reflexão crítica dos

problemas envolvidos na cultura corporal de movimento, aspectos relevantes a serem buscados

dentro de um projeto de melhoria da qualidade das aulas. A proposta destaca uma Educação

Física na escola dirigida a todos os alunos, sem discriminação.

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Apesar do grande número de abordagens no contexto da Educação Física escolar brasileira, é

preciso ressaltar que a discussão e o surgimento dessas tendências não significou o abandono de

práticas tradicionais e recreacionistas, muito freqüentes nas aulas.

O que vem sendo observado na prática efetiva do professor de Educação Física nas escolas

é que nem sempre o professor se preocupa com o método no seu planejamento. Ou seja, o

professor trabalha apenas com um rol de conteúdos e não se dá conta da importância do método

para que esse conteúdo possa levá-lo a atingir seu objetivo. É preciso considerar a associação

entre estes elementos, na visão de Libâneo, 1991 “(...) os objetivos, conteúdos, métodos e formas

organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de

garantir aos alunos uma aprendizagem significativa”.

Em pesquisa realizada nas escolas de Santa Maria, Canfield e Jaeger (1994) encontraram

aulas de Educação Física onde o professor concentra o poder de decisão na sua pessoa, dirigindo

totalmente a aula, geralmente trabalhando atividades que não possuem significado para a vida do

aluno, e principalmente exigindo a execução de um gesto perfeito, isto é, um movimento

padronizado.

3.7 O JOGO NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Existem várias estratégias de ensino que podem ser utilizadas no processo ensino-

aprendizagem, entre elas, as brincadeiras, os jogos, os exercícios analíticos, sincronizados,

específicos e de transição.

Uma forma de estratégia importante é a do "jogo possível", que, segundo Paes (2002), possui

um caráter lúdico e ao mesmo tempo pode ser um facilitador para os alunos compreenderem a

lógica técnica-tática dos jogos coletivos.

Sobre o "jogo possível" Paes destaca que : (...)se constitui em um meio que permite aos professores promover intervenções no

processo de educação dos alunos, possibilitando-lhes o aprendizado dos fundamentos e das regras; trabalhando em espaços físicos que possam ser adaptados e com o uso reduzido de materiais, permitindo a integração de quem sabe jogar com quem quer aprender(...)(2002 , p.94-95)

Segundo Freire é necessário buscar uma forma de trabalho que não se afaste da essência do

jogo. Freire (2003) argumenta que os brasileiros aprenderam futebol brincando a partir da prática

do bobinho, do controle, da repetida e da pelada e que as escolinhas de futebol devem deixar as

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crianças brincarem. Segundo esse autor, “o bobinho exercita o passe e o desarme, o controle

exercita o domínio de bola, a repetida ensina a chutar, driblar e defender e a pelada juntam tudo

isso no jogo de futebol”.

O jogo não necessita de material específico, nem de local apropriado, nem da divisão da

turma em meninos e meninas. Jogar, brincar, adaptar, participar e conviver é o objetivo, o meio e

o fim. O que importa são as regras estabelecidas pelo grupo e que estão reunidas em volta de um

mesmo objetivo, em volta de algo que lhes dá prazer, o jogo e que este jogo acrescenta algo em

suas vidas. Este paralelo entre o jogo e a vida é algo muito estudado por vários autores, tal como,

João Batista Freire (1998): ”é jogando que criamos laços de identidade com os outros, formando

comunidades”.

Referindo-se a Educação Física Escolar, Freire (1992) salienta a existência de um rico e

vasto mundo da cultura infantil repleto de movimentos, de jogos, de fantasia, quase sempre

ignorado pelas instituições de ensino, e lamenta que esta gama de conhecimentos não seja

aproveitada como conteúdo escolar. A Educação Física, como disciplina do currículo, e sendo ela

especialista em atividades lúdicas e cultura infantil, desconsidera estas experiências.

Para este autor, as habilidades motoras, desenvolvidas num contexto de jogo, de brinquedo, no

universo da cultura infantil, de acordo com o conhecimento que a criança adquiriu no seu

cotidiano, poderão desenvolvê-la sem a monotonia dos exercícios prescritos em forma de receita

por alguns autores. Para que tenhamos a Educação Física que queremos e que buscamos, é

necessário que o professor considere e valorize esta cultura de movimentos corporais com a qual

a criança chega à escola. “Assim como a linguagem verbal de um professor pode ser

incompreendida em sala de aula, a linguagem corporal também pode sê-lo, se não for referida

inicialmente à cultura que é própria dos alunos garantindo desta forma seu interesse e

motivação”. (Jaeger, 1996, p 63).

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4. DESCRIÇÃO DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO NA ESCOLA

Descreverei a seguir, dividido em duas partes, a forma como o Programa Segundo Tempo

foi desenvolvido na escola.

Na primeira parte apresento o pré-projeto elaborado por mim, como coordenadora do

programa e pelas acadêmicas do Curso de Graduação em Educação Física da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM), Simone Teresinha Meurer e Cinthia Vizzotto Motta, monitoras

remuneradas pelo Programa Segundo Tempo, designadas para a Escola João Belém.

Este Pré-projeto foi elaborado de acordo com as regras gerais do Programa Segundo Tempo a

nível nacional, disponibilizados através do site do Ministério do Esporte,

http://portal.esporte.gov.br/snee/segundotempo/default.jsp.

Na segunda parte exponho a maneira como o projeto foi aplicado na escola.

4.1 PRÉ- PROJETO

“EDUCAÇÃO FÍSICA EM CONTRA - TURNO ESCOLAR” 4.1.1 Justificativa Cientes que a atividade física é essencial e de grande importância na educação integral do nosso aluno, não é de hoje que um maior espaço, tempo e melhores condições para prática da Educação Física é interesse de professores da área da Escola Estadual de Ensino Fundamental João Belém. O Programa Segundo Tempo, veio ao encontro destas necessidades. Por esse motivo, nossa escola está aderindo ao projeto. 4.1.2 Objetivo geral

Oportunizar aos alunos a prática de esportes coletivos e individuais de forma organizada e

orientada.

4.1.3 Objetivo específico

Desenvolvimento das capacidades físicas naturais através do movimento; Estímulo a capacidade de expressão individual por meio de movimentos criativos e

situações de tomada de decisão; Melhoria da aptidão física desenvolvendo as habilidades motoras fundamentais em

atividades de iniciação desportiva; Desenvolvimento da técnica e da tática;

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Incentivo ao espírito de equipe e a socialização; Disciplina e respeito aos colegas, ao professor e as regras.

Estrutura do trabalho

4.1.4 Esportes selecionados Futsal, Voleibol, Handebol e Atletismo. 4.1.5 Alunos atingidos Tendo em vista que os alunos virão à escola no turno inverso, os alunos que terão acesso ao programa são:

- Do turno da manhã: 3ª série, 4ª série, 7ª série e 8ª série. - Do turno da tarde: 3ª série, 4ª série, 5ª série e 6ª série.

4.1. 6 Seleção dos alunos Todos alunos das turmas atingidas receberão um convite conforme o modelo (anexo 1).

4.1. 7 Dias das atividades Segunda-feira e quarta-feira 4.1. 8 Horário

- Manha: 8h às 11h - Tarde: 14h às 17h

4.1. 9 Organização das turmas Os alunos serão agrupados por idade em turmas mistas de em média 30 alunos. 4.1.10 Tempo de duração da aula As aulas terão a duração de 50 min. 4.1.11 Metodologia Os alunos das faixas etárias menores receberão aulas de iniciação aos esportes de forma recreativa. Será dada ênfase ao aspecto lúdico, onde os principais objetivos são desenvolver qualidades motoras, afetivas e cognitivas buscando soluções para as diferentes situações. Os alunos das faixas etárias maiores terão aulas mais específicas e mais abrangentes sobre os esportes selecionados, visando um maior aprofundamento no conhecimento da prática, tanto na técnica quanto na tática.

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As aulas serão alternadas entre os esportes, diversificando a prática e proporcionando o conhecimento de mais de uma modalidade. 4.1.12 Integração Os alunos terão oportunidade de se integrarem num Festival de Jogos a cada final de semestre. 4.2 A APLICAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA

De acordo com os objetivos previstos no Programa Segundo Tempo, que propõe

possibilitar vivências de modo que todos os participantes sejam capazes de aprender e praticar

esportes sem pré-requisitos técnicos, buscando através destes a reflexão crítica e a emancipação

do educando. O Programa Segundo Tempo veio contemplar este interesse, pois esta idéia vem

sendo cultivada pela escola há mais tempo .

As atividades tiveram início no segundo semestre de 2004 e prosseguiram no primeiro

semestre de 2005, finalizando em Julho de 2005.

Através de verba específica para o Programa Segundo Tempo, a FUNDERGS distribuiu 5

bolas de voleibol, 3 bolas de futebol de campo, 5 bolas de futsal, 5 bolas de handebol e 2 bolas de

basquetebol entre os núcleos. Nossa escola foi contemplada com duas remessas de material, uma

no segundo semestre de 2004, no início das atividades do programa e a outra no ano de 2005,

depois que as atividades já estavam em andamento. O material era de qualidade duvidosa, as

bolas não eram oficiais, eram bolas pesadas e costuradas à mão pelo sistema penitenciário.

Contamos com o auxílio das monitoras, estagiárias do Curso de Graduação em Educação

Física da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Simone Teresinha Meurer e Cinthia

Vizzotto Motta, responsáveis pela aplicação do projeto e de agora em diante, citadas como

monitora A e monitora B. Cabia a elas o planejamento e a execução das aulas, sob minha

observação, coordenação e orientação. No início pela falta de experiência e insegurança das

acadêmicas, principalmente da monitora B, fez-se necessário algumas intervenções, onde auxiliei

diretamente na aplicação das aulas.

A monitora “A” trabalhou pela manhã, com quatro turmas: uma de 3ª série, uma de 4ª série,

uma de 5ª série e uma de 6ª série. As turmas eram mistas e em média continham 30 alunos.

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A monitora “B” trabalhou pela tarde, com quatro turmas: uma de 3ª série, uma de 4ª série, uma

de 7ª série e uma de 8ª série. As turmas eram mistas, em média continham 25 alunos nas turmas

de série inicias e 20 alunos nas turmas das séries finais.

Foram ministradas aulas que tinham duração de 50 min e aconteciam em dois dias da

semana, em dois locais diferentes: o pátio da escola (anexo 2) e o Parque Itaimbé (anexo 3). O

fato de o parque localizar-se distante três quadras da escola, causava grande preocupação para os

pais e para a escola. Por este motivo, os alunos menores, das séries iniciais eram buscados na

escola pelas monitoras. Os alunos maiores, das séries finais, dirigiam-se sozinhos para o parque.

Foi necessário realizar uma reunião na escola com os pais para discussão deste problema e para

convencê-los de que seus filhos estavam acompanhados de professor e monitor e que havia

segurança. Esta afirmação é possível porque as aulas de educação física desta escola acontecem

neste parque a mais de 20 anos e a professora coordenadora convive com esta realidade há 13

anos.

Ao final de cada aula, os alunos eram acompanhados pela professora coordenadora até a

escola, onde faziam um lanche. O lanche era preparado pelas merendeiras da escola, com verba

específica para esta finalidade, conforme característica do Programa Segundo Tempo. Esta verba

era mensal e distribuída entre os núcleos desta cidade através da FUNDERGS. A professora

coordenadora e a diretora da escola eram responsáveis pela compra da merenda. O valor

destinado nos possibilitava comprar sucos, bolachas diversas, cremes de morango e baunilha,

leite e achocolatado. Após o lanche os alunos eram liberados das atividades.

A atividade física com os alunos se desenvolveu a partir das modalidades previstas no pré-

projeto: o voleibol, o futebol, o handebol e o atletismo, escolhidas em função do espaço físico e

dos recursos técnicos disponíveis.

Na construção de uma nova pedagogia do esporte, buscou-se o equilíbrio entre dois

referenciais: o tradicional e o inovador, ou seja, não se limitou apenas ao ensino de gestos

técnicos padronizados, repetitivos e competitivos que compõem o esporte, mas a recreação, a

cooperação, a convivência, à participação, enfim, a sociabilização de uma maneira geral para que

o esporte funcionasse também como um fator de integração dos alunos durante a aula. Essa

consciência da cooperação e ajuda mútua foi instigada em nossos alunos com o objetivo de

mobilizá-los para que isto se estabeleça no esporte e na vida.

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Procuramos desenvolver atividades onde todos tivessem condições de participar. Na

aprendizagem dos esportes e nas atividades desenvolvidas nas aulas não supervalorizamos a

técnica, a competição e o treinamento, para não supervalorizar os “bons” e excluir os menos

dotados de habilidades, para que frustrados, não desistissem no meio do caminho, perdendo o

interesse pela falta de sucesso.

Aplicávamos, como exemplo, jogos com exercícios de passe, onde os alunos tinham que

achar soluções para conseguir passar a bola mais rápida e chegar a um determinado ponto. Esta

aula tem uma finalidade muito maior do que se pode imaginar. Nela, os alunos aprendem o passe

em diversas situações: aprendem a passar (habilidade de fundamentação do esporte); aprendem a

cooperar (habilidade social); aprendem a conversar e encontrar soluções (habilidade intelectual).

Desenvolvem o sentido de cooperação, desenvolvem o pensamento lógico, aprendem a enfrentar

e resolver conflitos desenvolvendo diversas habilidades menos aparentes que as aqui

mencionadas mostrando que existe muito mais do que simplesmente parece, por trás de uma bola

que passa de mão em mão ou pé em pé em uma aula de educação física.

Buscávamos nestas atividades o uso de regras elaboradas com a ajuda dos próprios alunos,

conforme a necessidade do momento, Assim em cada aula, havia uma novidade e uma maneira

diferente de jogar (anexo 4).

Pelo exposto, defendemos que os procedimentos pedagógicos para o ensino do esporte, em

seu significado educacional, não podem dar conta somente dos aspectos dos movimentos, da

técnica e da regra. É preciso direcionar também nossas preocupações a estímulos que

possibilitem ao nosso aluno movimentar-se livremente, pensar e estabelecer relações de amizade,

destacando como princípio básico, a convivência.

No ensino tradicional, ao se dividir a prática de um esporte em partes e supervalorizando a

técnica, geralmente colocando os alunos em fila ou outra formação pré-estabelecida, geramos

movimentos mecânicos e poucos criativos, dificultando o entendimento do jogo. Estas situações

limitam o aluno e os distancia da criatividade, do brincar, do divertir-se jogando e torna o

aprendizado monótono e desinteressante, cada vez mais isolado e individualista. Este processo

afasta os menos habilidosos, que frustrados desistem no meio do caminho, perdem o interesse

pela falta de sucesso e afastam-se da aula de educação física. É comum ouvir destes alunos ”eu

não gosto de jogar”, mas quando o professor inova e propõem uma forma recreativa, como num

simples jogo dos 10 passes, por exemplo, estes alunos entram na brincadeira sem se dar conta que

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estão fazendo parte de um jogo. É comum ao final dessas aulas, o aluno sair alegre e feliz,

dizendo: ”que aula legal”. Isso estimulava a volta para a próxima aula, onde um novo “desafio”

era proposto.

Partimos do parâmetro que o esporte escolar será educativo se preservar a ludicidade, a

espontaneidade e a auto-organização dos alunos.

Não queremos dizer desta maneira que em nenhum momento foi praticado o jogo

competitivo de voleibol, o jogo competitivo de handebol, o jogo competitivo de futebol (anexo 5)

e a competição no atletismo. Procurávamos mesclar jogos recreativos e adaptados com o esporte

competitivo e suas regras, alternando da seguinte maneira: no início, na primeira aula da semana

praticava-se o jogo recreativo e cooperativo e na segunda aula o jogo competitivo. No decorrer

das atividades, os jogos cooperativos tiveram uma aceitação muito boa e os jogos competitivos se

tornaram mais raros.

Todas as aulas eram mistas (anexo 6), isto é, meninos e meninas juntos e em alguns

momentos isto foi um problema. Várias maneiras foram utilizadas para integrar os meninos e

meninas nas mesmas atividades e uma boa estratégia foi permitir que em alguns momentos esta

integração não ocorresse. O elemento surpresa foi uma oportunidade de barganhar com os

alunos.

Foi um grande desafio aplicar esta metodologia em todas as turmas, das séries iniciais as

séries finais.

Por não existir na escola um local apropriado para a prática em dia de chuva e nem sala de

aula disponível, a realização do projeto foi dificultada em dias de chuva. Nestes dias os alunos se

reuniam na escola e procurávamos uma sala disponível, na qual tínhamos que adaptar as

atividades, como por exemplo, brincadeiras e jogos de atenção e adivinhação, aula de dança e

aula de interpretação. E pela dificuldade da situação os próprios alunos não compareciam nestes

dias, principalmente os maiores Por este motivo nestes dias tivemos aula com cinco, seis alunos e

houve uma aula em que tivemos somente dois alunos.

Outro aspecto que trouxe dificuldade é a questão do acesso a água potável nas quadras do

Parque Itaimbé. As aulas tinham que ser interrompidas para que as crianças se dirigissem ao

único bebedouro de água. Assim, era preciso um intervalo na aula e os alunos formavam uma

enorme fila e demoravam a retornar para as atividades.

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Reuniões semanais e, com o passar do tempo, quinzenais eram realizadas entre a

coordenadora do projeto e as monitoras para discussão dos conteúdos aprendidos com o curso de

capacitação e de especialização, respectivamente, bem como para avaliar as atividades

desenvolvidas. Foi um grande aprendizado conjunto.

Também aconteceram alguns encontros em âmbito municipal, promovidos pela

coordenadora geral do programa, professora Viviane Fernandes e com os coordenadores dos

outros núcleos, para troca de experiência e para avaliação do andamento do programa na cidade

(anexo 7).

Ao final de cada semestre realizamos um FESTIVAL DE INTEGRAÇÂO na escola, onde

os alunos dos dois turnos tiveram a oportunidade de realizar uma grande integração. Neste

festival os jogos foram organizados nos mesmos moldes que as aulas, não visando a competição e

sim a socialização dos conhecimentos, a integração e a recreação (anexo 8), mostrando que o

jogo se faz “a dois”, sendo diferente “jogar com” o companheiro do que jogar “contra” ele. Essa

ação teve o objetivo de evidenciar o contrário às práticas orientadas pelos valores do esporte de

“alto rendimento” alimentados pela competição, pelo treinamento, pela exclusão da maioria e

pelo vencer a qualquer preço.

Na realização do festival, em algumas atividades, os alunos maiores auxiliaram os alunos

menores, ajudando a organizá-los nas brincadeiras e fazendo com que uma integração efetiva

fosse realmente concretizada, fazendo com que os alunos maiores assumissem algumas

responsabilidades, colocando em prática os valores adquiridos com seus aprendizados (anexo 9).

Como atividade final, antes da paralisação do programa, foi realizado um grande festival

como integração entre os núcleos. Este festival aconteceu no Regimento Malet, um dos quartéis

da nossa cidade e reuniu os cinco núcleos da região central do município. O festival foi

organizado pela coordenadora geral do programa, os coordenadores de núcleo e os monitores e

novamente aconteceu nos mesmos moldes das aulas, jogos cooperativos, recreativos, de

sociabilização e integração sem valor de competição.

5. CONCLUSÕES

O turno da manhã obteve um grande sucesso e atribuo isto a dois fatores Em primeiro lugar

a dedicação da monitora, que por seu interesse, responsabilidade, esforço e competência, se

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ajustou perfeitamente à filosofia do programa, fazendo um excelente trabalho junto às crianças.

Em segundo lugar a idade das crianças. Os alunos de 5ª e 6ª série estão numa idade perfeita para

se dar início a atividades diferenciadas e jogos cooperativos, sem a cobrança da técnica e das

regras, mais direcionados para o lúdico, a sociabilização, a integração e a turmas mistas.

O turno da tarde não obteve tanto sucesso. Os alunos de 7ª e 8ª série, por já estarem

“contaminados’’ com a aula de educação física tradicional e por terem interesses competitivos,

tiveram grande dificuldade de adaptação. A monitora do turno não conseguiu e não teve interesse

em mostrar uma visão diferente do esporte escolar. Isto nos mostra o quanto é importante o nosso

papel de professor frente ao nosso aluno e o quanto temos em nossas mãos a oportunidade de

mostrar e construir uma realidade diferente.

A aceitação pelas turmas mistas foi mais difícil com os meninos, mas com o passar do tempo

e da insistência das monitoras e da coordenadora, estes passaram a perceber que estas aulas eram

possíveis e também interessantes. Mesmo nas atividades recreativas e cooperativas, existiram

momentos que as meninas se sobressaiam, assim como existiram atividades que os meninos as

superavam. Não mascaramos esta realidade e sim as deixamos evidentes, valorizando o que cada

um tem de melhor. Por exemplo, se os meninos costumavam ser mais rápidos e as meninas mais

espertas, incentivávamos a se superarem. Isto criava um clima favorável e uma “competição

saudável”.

Em contra partida, os alunos das séries iniciais de ambos os turnos, tiveram uma

oportunidade ímpar de ter uma aula de educação física de qualidade e orientados por uma

professora habilitada. Digo isto porque, na rede estadual, nas séries inicias, as aulas de educação

física, quando existem, são ministradas pelas professoras regentes de classe, que não

possuem qualificação nem formação para trabalhar a corporeidade, o movimento, as qualidades

físicas básicas e o jogo, conteúdos muito importantes nesta fase escolar.

Alguns fatos causaram alguns transtornos e algumas desistências dos alunos, como

por exemplo: a falta de espaço físico adequado para as aulas em dia muito frios e de chuva; falta

de água para beber nas quadras; a preocupação com a segurança, por parte dos pais por se tratar

de um local público.

Outros problemas dificultaram a execução do programa. A falta de verba e a falta de

sintonia entre as instâncias envolvidas no processo de aplicação do projeto causando desencontro

de informações. A falta de verba para pagamento dos monitores e para compra de merenda

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causou a interrupção das atividades em toda a cidade, por decisão unânime dos núcleos e

orientação do presidente da FUNDERGS, Fundação do Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul.

O apoio da escola ao Programa foi de uma importância significativa, sendo que a direção

e a coordenação pedagógica sempre estiveram a disposição estimulando e acompanhando o

trabalho realizado.

Tivemos pontos muitos positivos, tais como: o festival de jogos interno e entre os núcleos,

uma oportunidade ímpar para os alunos; o aumento do interesse, da participação e da freqüência

dos alunos em sala de aula, principalmente nos alunos da 3ª e 4ª série; a participação no curso de

capacitação para os monitores; o curso de especialização para os coordenadores.

Importante salientar que o curso de especialização foi um grande aprendizado para mim

que saí da faculdade há 20 anos e mesmo o curso de capacitação foi de grande valia para as

monitoras que estão em pleno curso da faculdade.

O término do projeto na escola deixou uma grande lacuna e é sentido pelos alunos,

professores e monitores e esperado o retorno com grande ansiedade. Durante meses os alunos das

séries inicias, perguntavam ansiosos pelo retorno do programa, o que comprova que este atingiu

os objetivos propostos e está fazendo falta na escola.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como professora de Educação Física estou envolvida na construção de uma pedagogia do

esporte, cujo objetivo é ensinar esportes, ensinar bem os esportes e, ao mesmo tempo, ensinar

além dos esportes. O Programa Segundo Tempo veio ao encontro deste objetivo em minha

escola, ocupando nossos alunos no segundo tempo escolar, com um objeto específico de ensino.

Meu compromisso ético como professor aponta para além do esporte, pois, quem ensina, ensina a

viver, prepara para a vida.

Descobri no jogo recreativo a grande possibilidade de criar, inventar, participar, dividir e

crescer junto com os alunos em conhecimento, em afetividade, em alegria, em prazer, em

companheirismo e criatividade, tornando a aula de educação física um palco de ensaio para a

vida.

Até chegar a este conceito sobre o jogo, trilhei um longo caminho. Inicialmente eu usava o

jogo pela brincadeira, pela simples repetição de jogo, anos após ano, turma após turma, sem

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muito pensar, apenas pela comodidade da aplicação e pelo lúdico, sem ter noção do poderoso

instrumento que tinha nas mãos.

A limitação de espaço, um sério problema nas escolas da rede pública municipal e estadual,

não pode servir de desculpa para uma aula dada de qualquer jeito. Muitos professores são levados

a pensar que uma “boa aula” depende de um local adequado e farto material. Na verdade, seria

ótimo se todas as condições fossem perfeitas. Entretanto, a falta de uma quadra não pode impedir

o trabalho do professor, que deve buscar analisar as condições da escola e de suas imediações.

Outro aspecto que costuma limitar algumas metodologias é a falta de material. Nesse caso é

preciso verificar se é possível utilizar material alternativo como, por exemplo, bolas

improvisadas.

Colocar os alunos em fila é uma forma mecânica, repetitiva e distante da realidade do jogo,

embora seja uma maneira cômoda e mais fácil de trabalhar. Mas no que isto contribui para o

entendimento do jogo? Cada aluno terá muito pouco tempo para executar o seu movimento e é

impossível fazer com que os outros fiquem quietos e imóveis esperando a sua vez. A torcida

pelos colegas, sair da fila pra melhor enxergar é inevitável. O que fazer? Parar a aula e organizar

novamente? Onde isto leva? Quais contribuições terão meus alunos para o entendimento do jogo

desta maneira?

É muito importante deixarmos as crianças à vontade, ao agirmos como mediadores entre

ela e o objeto do seu conhecimento. Esta espontaneidade (e, às vezes, até uma imprevisibilidade)

não nos deve assustar nem nos desencorajar. Se nossos objetivos estiverem claros e se

conhecermos esta criança, teremos todas as condições de lidar com as situações que ocorrerem, e

estaremos cada vez mais próximos delas, acompanhando com prazer o ato de construção do seu

conhecimento.

De que vale um fantástico desenvolvimento intelectual se o desenvolvimento motor e

afetivo for pobre? Não importa se o sujeito vai se tornar gênio ou não. Como educador, o que me

interessa é sua vida como cidadão, como indivíduo, sua felicidade, sua liberdade.

Tudo o que é novo ensina. Nossos alunos devem ter liberdade para jogar e nós temos de ter

competência para ensinar. Quando são livres para jogar, aventuram-se, correm riscos, tomam

decisões, constroem novas possibilidades. Mais que ser capaz de criar novas jogadas, novas

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soluções para os problemas do jogo, quem joga livremente aprende uma qualidade indispensável

para a vida, aprende a criar, aprende a conviver, aprende a adaptar, aprende a dividir, enfim

aprende a viver.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Universidade de Brasília/CEAD, 2004. BRASIL. MINISTÉRIO DO ESPORTE. Jogo, Corpo e Escola. Brasília: Universidade de

Brasília/CEAD, 2004. BRASIL. MINISTÉRIO DO ESPORTE. Manifestações dos Jogos. Brasília: Universidade de

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Escolar: monografia. - Brasília: Universidade de Brasília/CEAD, 2005.

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KRUG, Hugo Norberto. Formação de Professores Reflexivos: Ensaios e experiências. Santa Maria: O autor, 2001.

KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994.

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PEREIRA, Sybelle Regina C. Refexões sobre A Educação Física no Processo Educacional. In, CANFIELD, Marta de Salles. Isto é Educação Física. Santa Maria: JtC Editor, 1996.

PESQUISA BIBLIOTECA VIRTUAL. Perspectiva e tendência da relação teoria e prática na educação física. Disponível em: www.portaldaeducaçãofisica.com.br. __________________________. A cidade de Santa Maria. Disponível em : http://www.terragaucha.com.br/imags_sta_maria.htm _________________________. Programa Segundo Tempo. Ministério dos esportes. Disponível em: http://portal.esporte.gov.br/snee/segundotempo/default.jsp PICCOLO, V. Pedagogia dos esportes. Campinas: Papirus, 1999. SADI, Renato Sampaio. et al. Esporte e sociedade. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distância, 2004. SAVIANI, Dermerval. Educação; do senso comum à consciência filosófica. São Paulo, Cortez, 1980. SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003. SOUZA, Solimar S. de. Esporte escolar: novos caminhos. Vitória: CEFD/UFES, 1994. TANI, G. Perspectivas para a Educação Física Escolar. Revista Paulista de Educação Física, V. 5, 1996. TUBINO, Manoel José Gomes. Teoria geral do esporte. São Paulo: Ibrasa, 1987. ________.Esporte e cultura física. São Paulo: Ibrasa,1992.

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________.Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez, 1992. ________.O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 1994.

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A N E X O S

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ANEXO 1

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL JOÃO BELÉM Srs. Pais

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO Com o objetivo de democratizar e incentivar o acesso à prática e à cultura do esporte como

instrumento educacional, visando o desenvolvimento de crianças e adolescentes em contra-turno

escolar, estamos oferecendo aulas semanais, no turno da tarde, na escola e no Parque Itaimbé. As

aulas serão ministradas pelas estagiárias do Curso de Graduação em Educação Física da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Simone Teresinha Meurer e Cinthia Vizzotto

Motta e corrdenadas pela professora de Ed. Física Denise Bicalho. Os alunos terão acesso a aulas

de Vôlei, Futsal, Handebol e Atletismo..

Querendo despertar a consciência da prática esportiva como atividade necessária ao bem estar individual e coletivo envolvendo nossas crianças em atividades saudáveis e educativas no turno da tarde, seu filho está sendo convidado(a) a participar deste projeto.

Contamos com o seu incentivo para o sucesso deste programa na nossa escola. Em caso de adesão ao projeto, devolver esta autorização assinada pelo pai ou responsável.

____________________________ Cortar aqui ________________________________

AUTORIZAÇÂO

Autorizo meu filho(a) _________________________________________ da turma _____

a participar do PROGRAMA SEGUNDO TEMPO.

Nome do pai ou responsável________________________________________________ Telefone __________________

Data de nascimento do aluno ____/____/ 20____

Assinatura ____________________________________________

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ANEXO 2

O PÁTIO DA ESCOLA

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ANEXO 3

O PARQUE ITAIMBÉ

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ANEXO 4

CRIANDO REGRAS E MANEIRAS DIFERENTES DE JOGAR

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ANEXO 5

FUTEBOL NO PARQUE ITAIMBÉ

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ANEXO 6

AULAS MISTAS

MENINAS E MENINOS JUNTOS

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ANEXO 7

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

ENCONTRO MUNICIPAL DE PROFESSORES

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ANEXO 8

ATIVIDADE DE INTEGRAÇÃO NO FESTIVAL DE JOGOS

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ANEXO 9

FESTIVAL DE JOGOS

INTEGRAÇÃO ENTRE ALUNOS MAIORES E MENORES

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