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Proibição da poligamia
como forma de
discriminação étnica
Mariana Aveiro
Nº001542
Raça e etnia
•teve a sua origem no grego ethnikos
•diz respeito a um grupo étnico, que é
constituído por uma comunidade humana
definida por afinidades linguísticas que
segundo E.Balibar, provém principalmente da
família que constitui uma das principais
instituições;
•a nível cultural também encontramos
afinidades como a nacionalidade, a filiação
tribal e a religião; e ainda temos de ter em
conta as semelhanças genéticas.
• característica que une um determinado grupo
e que o torna distinto, ao mesmo tempo, dos
demais grupos e da sociedade em que está
inserido. Podemos então dizer que se trata de
um “apego a uma cultura de origem,
relativamente à qual os indivíduos têm algum
poder de escolha, o que já não acontece
quando se pensa na raça” (Saint-Maurice,
1994: 33)
•o conceito de raça desassocia-se
do de etnia por abarcar factores
morfológicos como:
• a cor de pele;
• a constituição física;
•estatura
•isto é, diz respeito a uma serie de
características físicas atribuídas a
um determinado grupo sendo de
certa forma uma marca
indestrutível e como tal definitiva.
Tipos de problemáticas que os grupos étnicos se deparam ou quais
os tipos de discriminações com que nos defrontamos quando abordamos este
tema.
Os grupos étnicos frequentemente estão associados a uma “condição social despriviligiada, a um padrão de
comportamentos e de valores contrastantes com a cultura envolvente” (Machado, 1992).
De forma geral, os indivíduos pertencentes a grupos étnicos sofrem inúmeras dificuldades de
integração devido a vários factores :
•baixos níveis de formação escolar;
• insucesso escolar que acaba por fomentar situações de exclusão económica e sociocultural;
•a participação na vida política também se afigura diminuta e por vezes mesmo nula;
•baixa qualificação profissional, o que leva a situações de assalariamento em profissões mal remuneradas,
revestindo-se por vezes, de formas de trabalho ocultas.
• Existindo um elevado número de situações de clandestinidade legal e laboral, segundo F. Luís Machado,
“uma grande parte dos membros das minorias étnicas tem hoje uma posição semimarginal face ao sistema de
emprego, sendo diminuta a sua pertença nos sectores industriais garantidos”
Discriminação étnica assenta em três dimensões
Social
•desigualdades sociais como a
precariedade das condições
de vida e inserção
socioprofissional, que
maioritariamente se insere em
segmentos periféricos do
mercado de trabalho
Cultural
•Religião;
•valores e crenças
religiosas:
•a língua:
• o estilo de vida; as
tradições culturais;
•práticas culturais;
• as relações de
parentesco
Politica
•organização interna
da comunidade e face
ao exterior, a
autoridade interna, o
associativismo e a
participação política.
.
Um aspecto fundamental que não pode deixar de ser mencionado a propósito do tema da
discriminação, é a questão dos direitos humanos
principio basilar da protecção do indivíduo.
Os Direitos do Homem passaram a ter uma real importância após 1945-1948, altura em que os
Estados tomam consciência das fatalidades e desumanidades vividas durante a 2ª Guerra Mundial, levando-os
a criar a Organização das Nações Unidas (ONU). Foi através da Carta das Nações Unidas, assinada a 20 de
Junho de 1945, que os povos exprimiram a sua determinação
«em preservar as gerações futuras do flagelo da guerra; proclamar a fé nos direitos fundamentais do
Homem, na dignidade e valor da pessoa humana, na igualdade de direitos entre homens e mulheres, assim
como das nações, grande e pequenas; em promover o progresso social e instaurar melhores condições de
vida numa maior liberdade».
Assim, a 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Os direitos humanos
enfrentam na cena internacional vários desafios.
Como a sua universalidade colocada pelo pluralismo cultural
A existência dos direitos humanos torna-se tão relevante na medida em que o Homem passa a ter
um papel mais central:
•passa a ser visto à luz do direito de uma forma totalmente distinta do que era até então. Deixa de ser um
simples membro de uma classe ou grupo social para passar a ser visto como individuo, ser único e irrepetível,
cujo sentimento de pertença não poderia ser senão para a humanidade inteira.
•Apesar disto, os direitos continuam a ser entendidos como direitos naturais, inscritos na natureza humana e
reconhecidos a cada homem pelo simples facto de ele ser homem, assim sendo, os direitos naturais passaram a
ser direitos individuais, porque a sua referência deixou de ser o homem integrado socialmente para ser o
indivíduo independente e emancipado.
A Declaração universal dos direitos humanos
existência de um rol de direitos básicos
Deveriam de ser respeitados e adoptados por todas as civilizações independentemente da sua cultura através do
“reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis”.
•artigo 1º “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”.
•Artigo 2º: “Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem
distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem
nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção
fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou
território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania”.
•Artigo 7º: “Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a
protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal
discriminação.”
•Artigo 16º: 1. “A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição
alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. “O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.”
Objectivo
3. “A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à
protecção desta e do Estado”.
Artigo 18º:“Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e
de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção,
assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em
comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
pelos ritos.”
Objectivo primordial da DUDH:
•todos os indivíduos fossem iguais em direitos e que não existissem qualquer tipo de
discriminação, procurando-se desta forma “um ideal comum partilhado” – ou que
deveria ser -partilhado por todos os povos
Artigo 13º CRP
“1.Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei"
2. "Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer
direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução,
situação económica, condição social ou orientação sexual".
A reter:
•todo e qualquer tipo de discriminação é proibida à luz dos direitos fundamentais
dos indivíduos, porém, não nos podemos esquecer que esta DUDH foi realizada
tendo em conta a realidade do Ocidente, assim sendo, teremos de analisar se a
mesma é aceite e respeitada da mesma forma nos países do Oriente.
•Desde logo, podemos afirmar que não, por exemplo, a civilização islâmica
adoptou uma concepção muito própria do que são os direitos humanos,
justificando a sua adaptação interna em função da diversidade cultural.
A Poligamia
• É um contrato de casamento celebrado entre mais do que duas pessoas.
•Actualmente, ainda existem culturas do Oriente que aceitam a prática da mesma, sendo exemplo disso o
caso do Islão, cujo costume é regulamentado pelo Alcorão, escritura muçulmana e pela lei Islâmica a
Sharia, contudo impõem alguns limites à poligamia.
um homem só pode ter até um máximo de 4 mulheres e tem de conseguir tratá-las de igual forma sem qualquer
tipo de discriminação, contribuindo deste modo para que se reforçasse a instituição da poligamia
“... podereis desposar duas, três ou quatro das que vos aprouver, entre as mulheres. Mas, se temerdes não
poder ser equitativos para com elas, casai, então, com uma só.” (Alcorão 4:3).
•Através da leitura deste excerto verificamos que não é permitido ao muçulmano diferenciar as suas esposas em
relação ao sustento e despesas, tempo dedicado e outras obrigações dos maridos. O Islão não permite que um
homem se case com outra mulher se não as tratar de forma equitativa.
O ordenamento Jurídico Português define o casamento como sendo:
“um contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma
plena comunhão de vida” (artigo 1577º C.C).
Primeira diferença :
1. Portugal apenas é admitido o casamento entre duas pessoas e não mais.
2. Islão pode-se celebrar o casamento entre um máximo de 4 pessoas
As mulheres são consideradas como inferiores em relação ao homem, não podendo, portanto, beneficiar dos
mesmos direitos que assistem aos homens
A discriminação passa por diversos aspectos:
•as mulheres muçulmanas não são livres para escolher os seus maridos, e não podem em caso algum contrair
matrimónio com um não muçulmano
•Os maridos assumem a tutela das mulheres e estas devem mostrar-se merecedoras daquela tutela sendo
obedientes
•As mulheres têm de aceitar como natural a poligamia dos seus maridos, contudo, para a mulher apenas
existe a possibilidade de praticarem a monogamia
Assistimos aqui a uma ideia oposta à do ocidente no que toca à forma como o casamento deve
ocorrer, isto é, temos a ideia de que um casamento deve ser celebrado com base no amor, no respeito e na
confiança mútuas o que aqui é inteiramente contrariado.
Instituição do casamento
elemento de profundas desigualdades entre homens e mulheres, algo com que não nos deparamos se
examinarmos atentamente o nosso ordenamento jurídico
Desde logo, reconhecemos no artigo 13º da CRP o princípio da igualdade, que tem como finalidade
afirmar que a lei tem de ser aplicada do mesmo modo a todos os seus destinatários (aplica-se a lei “sem
olhar a quem”).
•O casamento é visto como um acordo entre duas pessoas feito segundo as determinações da lei e
dirigido ao estabelecimento de uma plena comunhão de vida entre eles, podemos então dizer que o
casamento é uma instituição que deve ser exclusiva (art.1601º), isto é, nenhum dos cônjuges pode fazer
igual acordo com uma terceira pessoa enquanto o anterior vigorar.
“Os cônjuges estão reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, fidelidade, coabitação,
cooperação e assistência” (artigo 1672º Código Civil).
Divórcio no mundo Islâmico
Homem
•Pode sem qualquer restrição, obter
a dissolução do casamento, através
do repúdio das esposas, bastando
para tal dizer “eu quero o divórcio”,
•tempo de espera que dura 3
períodos menstruais para que seja
certificado que a mulher não está
grávida.
• O direito do marido ao divórcio é
visto como uma forma de respeito
pela esposa, que tem todo o direito a
não permanecer num casamento
quando não for amada.
Duas realidades distintas
Mulher
• só podem pedir o divórcio contra a vontade do
seu marido quando se verifiquem as condições
especificadas na lei, portanto não basta a
vontade, tem de existir também uma decisão
judicial.
•Caso existam filhos menores, a guarda cabe
aos pais, pelo que é a eles que é confiado o
exercício do poder paternal se a mãe não for
muçulmana nem sequer existe a possibilidade
de esta participar na educação do filho, sendo-
lhes retirado logo que atinjam uma idade que
lhes permita compreender a religião.
Divórcio segundo o Ordenamento Jurídico Português
O divórcio pode ser concedido de três formas:
1. Divórcio judicial - lei nº 61/2008; art. 1773º, nº2; 1778º - A e 1794 Código Civil
2. Divórcio por mútuo consentimento - Dec.– Lei nº272/2001, de 13/10, com as rectificações do D.R. nº 278,
de 30/11/2001, e alterações introduzidas pelo Dec.-Lei n 324/2007, de 28/09, e a lei nº 61/2008, de 31/10.
3. Divórcio sem consentimento de um dos cônjuges - a) do art.1781 C.C.
Ambos os cônjuges tem o direito de pedir a qualquer altura o divórcio e de igual
modo