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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Projecto de Bioengenharia
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
Andreia Filipa Fonseca da Silva
Mestrado Integrado em Bioengenharia Ramo de Engenharia Biomédica
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
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“A genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração.”
Albert Einstein
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Projecto de Bioengenharia
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
Orientador:
Prof. Doutor João Manuel R. S. Tavares
Departamento de Engenharia Mecânica
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Co-Orientador:
Isa C. T. Santos
Programa Doutoral em Líderes para Indústrias Tecnológicas
Programa MIT|Portugal
Porto, Fevereiro 2011
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
iv
Agradecimentos
A Autora gostaria de agradecer ao Professor João Manuel R. S. Tavares, pela disponibilidade e
apoio concedido durante a realização deste trabalho.
Gostaria de agradecer a disponibilidade, ajuda e suporte concedida pela Mestre Isa C. T.
Santos, aluna do Programa Doutoral em Líderes para Indústrias Tecnológicas – Programa
MIT|Portugal.
Gostaria de agradecer ainda a disponibilidade e auxílio do Professor João Claro,
Departamento de Engenharia Industrial e Gestão.
Gostaria, ainda, de agraciar a constante disponibilidade e empenho do professor Artur
Cardoso.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
v
Sumário
Actualmente, o papel da análise do movimento humano baseado na ciência da reabilitação,
bem como em tratamentos de saúde permite determinar limitações funcionais e incapacidades
associadas às mais variadas doenças. Para além da área clínica, a biomecânica do desporto surge
como uma área em expansão. Esta tem como objectivo o estudo do movimento do corpo humano
em actividades desportivas de modo a optimizar a performance, identificando meios para alterar
padrões de movimento humano, aperfeiçoando o desempenho em determinados desportos.
Com este projecto pretende-se dimensionar uma clínica de análise biomecânica do
movimento humano, na zona metropolitana do Porto, capaz de realizar análises a pessoas com as
mais variadíssimas doenças, onde uma análise do movimento e postura seja capaz de auxiliar
activamente a escolha dos tratamentos adequados dos pacientes, bem como a realização de
análises desportivas com a finalidade de aprimorar a performance dos atletas.
Para o sucesso do projecto, foram delineadas 4 fases: uma fase de pesquisa e levantamento
dos requisitos necessários quer para o espaço quer para o equipamento, bem como a
apresentação das soluções mais viáveis; uma de design da clínica tendo em conta todos os
requisitos, testes e processos necessários de modo a garantir a sua exequibilidade; uma fase que
especifica os aspectos necessários para a validação da clínica assim como o estabelecimento de
possíveis parcerias; por último foi realizada a demonstração da viabilidade do projecto bem como
a criação de um plano de contingência financeiro para a clínica.
Segundo este estudo a criação da clínica requer um investimento inicial de 744 827.8€, e terá
um custo anual de 21 2000€. Para um período de 5 anos apresenta um Valor Actual Liquido de
641 835.6€, o que torna o projecto rentável financeiramente e consequentemente a sua
implementação é aconselhável.
Este projecto terá um impacto directo na área da saúde pública e privada, nomeadamente no
melhoramento de diagnóstico, bem como numa optimização e ajuda de diversos tratamentos de
doenças e melhoramento da performance desportiva.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
vi
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................... 1
2. Espaço e localização para implementação da clínica .................................................................. 4
2.1. Introdução ........................................................................................................................... 4
2.2. Teoria do conceito e restrições de design ........................................................................... 5
2.3. Levantamento de localizações............................................................................................. 9
2.4. Análise de trade-offs .......................................................................................................... 10
3. Equipamento ............................................................................................................................. 14
3.1. Introdução ......................................................................................................................... 14
3.2. Teoria do conceito e restrições de design ......................................................................... 15
3.2.1. Análise visual da marcha ................................................................................................. 15
3.2.2. Marcadores associados a sistemas de vídeo ................................................................... 16
3.2.3. Electromiografia .............................................................................................................. 18
3.2.4. Plataformas de força ....................................................................................................... 20
2.2.5. Plataformas de pressão ................................................................................................... 21
3.3. Levantamento das principais marcas de equipamento..................................................... 22
3.4. Trade-offs e Equipamentos aconselhados......................................................................... 24
3.4.1. Sistemas de vídeo ............................................................................................................ 25
3.4.2. Plataformas de força ....................................................................................................... 26
3.4.3. Plataformas de pressão ................................................................................................... 28
3.4.4. Sistemas Electromiografia ............................................................................................... 31
3.4.5. Softwares ......................................................................................................................... 34
4. Desenho da clínica ..................................................................................................................... 37
4.1. Introdução ......................................................................................................................... 37
4.2. Requisitos ambientais ........................................................................................................ 37
4.3. Requisitos de instalação .................................................................................................... 38
4.4. Requisitos de teste ............................................................................................................ 39
4.5. Desenho ............................................................................................................................. 40
5. Validação clínica e possíveis parcerias ...................................................................................... 44
5.1. Introdução ......................................................................................................................... 44
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
vii
5.2. Validação necessária ......................................................................................................... 44
5.3. Protocolos com entidades ................................................................................................. 45
6. Análise de projecto de investimento ......................................................................................... 48
6.1.Introdução ............................................................................................................................... 48
6.1.Principais critérios de análise de investimento ....................................................................... 48
6.3.Análise de investimento .......................................................................................................... 49
7. Plano de contingência ............................................................................................................... 53
7.1. Introdução .............................................................................................................................. 53
7.2 Plano de Contingência Económico .......................................................................................... 53
8. Conclusões ................................................................................................................................. 55
9. Referências ................................................................................................................................ 56
Anexo I ............................................................................................................................................... 58
Anexo II .............................................................................................................................................. 59
Anexo III ............................................................................................................................................. 60
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
viii
Índice de Figuras
Figura 1: Locais pré escolhidos para a localização da clínica. ............................................................. 9
Figura 2: Esquema de aplicação de um sistema EMG num laboratório de análise de marcha. São
apresentados: sistema de análise do movimento baseado em marcadores retro-reflexivos,
plataforma de força para mensuração de reacção do solo, dispositivo portátil que fixa a unidade
de um sistema de rádio-telemetria EMG (adaptado de [12]). .......................................................... 19
Figura 3: Representação esquemática de uma plataforma de força (de [15]). ................................ 21
Figura 4: Resultados de medições de pressão estáticas a) e dinâmicas b). ...................................... 22
Figura 5: Output oferecido pelo software associado à plataforma de pressão emed®-m da Novel
Electronics (de [27]). .......................................................................................................................... 30
Figura 6: Eléctrodos reutilizáveis desenhados pela marca Delsys e compatíveis com todos os seus
modelos de recolha electromiográfica. Aspecto exterior dos eléctrodos (a) e constituição (b) (de
[29]). .................................................................................................................................................. 32
Figura 7: Planta do Laboratório de análise de marcha: recepção (1), sala para análise de dados (2),
sala de reuniões (3) casas de banho (4), balneários (5), balneário utilizadores primários (6),
laboratório de análise clínica (7) e laboratório de análise desportiva (8). ........................................ 41
Figura 8: Layout do laboratório de análise clínica (de [36]). ............................................................. 42
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
ix
Índice de Tabelas
Tabela 1: Dimensões necessárias para a avaliação de determinados desportos [3]. ......................... 7
Tabela 2: Fabricantes de equipamento para análise de marcha (adaptado de [10, 18-21]). ........... 23
Tabela 3: Sistemas para análise de movimento Humano a partir de imagem [22-24]. .................... 25
Tabela 4: Plataformas de força para análise de movimento e postura [18, 25, 26]. ........................ 27
Tabela 5: Plataformas de pressão usadas para obtenção de dados cinéticos e cinemáticos [20, 27,
28]. ..................................................................................................................................................... 29
Tabela 6: Sistemas de recolha electromiográfica [21, 29, 30]. ......................................................... 31
Tabela 7: Consequências de fugas de corrente para o ser Humano (de [35]). ................................. 39
Tabela 8: Preços oferecidos pela clínica. ........................................................................................... 51
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
x
Lista de Abreviaturas e Siglas
ADSE – Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado;
AMI – Assistência Médica Internacional;
EMG – Electromiografia;
EMPS – Estrutura de Missão Parcerias Saúde;
ERS – Entidade Nacional de Saúde;
HID – Descargas de Alta Intensidade (High Intensity Discharge);
IPO – Instituto Português de Oncologia;
IR – Infravermelho (Infrared);
ISO – Organização Internacional de Uniformização (International Organization for Standardization);
LED – Díodo Emissor de Luz (Light-Emitting Diode);
PT ACS – Portugal Telecom Associação de Cuidados de Saúde;
PSP – Polícia de Segurança Pública;
RTP – Rádio Televisão Portuguesa;
SAMS – Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários;
SAMS SIB – Sindicato Independente da Banca;
SNS – Sistema Nacional de Saúde;
TIR – Taxa interna de rentabilidade;
TRC – Tempo de recuperação de capital;
VAL – Valor actual líquido;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
xi
Glossário
Biomecânica – Ciência que estuda a estrutura e a função dos sistemas biológicos, utilizando métodos da mecânica.
Cinemática – Estudo do movimento do corpo em relação ao tempo ou padrão e à velocidade do movimento.
Cinética – Estudo das forças associadas ao movimento do corpo.
Deslocamento – Comprimento de uma linha entre dois pontos e a direcção em que é realizado.
Dinâmica – Ramo da Mecânica que estuda os sistemas em movimento, nas quais a aceleração está presente
Distância – Comprimento de uma linha entre dois pontos.
Distrofia – Nome dado a um desenvolvimento inadequado ou inesperado de um órgão, assim como qualquer alteração do estado nutricional de um indivíduo.
Doença – Distúrbio das funções de um órgão ou do organismo como um todo que está associado a sintomas específicos.
Equilíbrio – Capacidade de controlar a estabilidade.
Estabilidade – Resistência à alteração do equilíbrio.
Estática – Ramo da Mecânica que estuda os sistemas que estão em estado de movimento constante, isto é, em repouso ou em movimento com uma velocidade constante.
Força – produto da massa do corpo pela sua aceleração.
Impacto – Colisão caracterizada pela acção de uma grande força num curto intervalo de tempo.
Impulso – Expressão mecânica do tempo em que uma força de uma dada intensidade actua num corpo.
Inércia – Tendência para um corpo manter o seu estado de repouso ou, movimento rectilíneo e uniforme.
Massa – Quantidade de matéria que compõe um corpo.
Momento – Produto da massa de um corpo pela sua velocidade de deslocamento
Movimento – Variação de posição espacial de um objecto ponto material ou ser Humano no decorrer do tempo.
Pressão – Quantidade de força que age sobre uma dada área.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
1
1. Introdução
A análise clínica de marcha pode ser definida como a medição, o processamento e a
interpretação sistemática de parâmetros biomecânicos, que caracterizam a locomoção humana e
facilitam a identificação de limitações no movimento de modo a identificar procedimentos
adequados de reabilitação [1]. Actualmente, a análise clínica da marcha é um passo fundamental
no tratamento médico de muitas doenças e disfunções.
A área primordial para aplicação de avaliações clínicas de marcha é a área ortopédica
(nomeadamente em amputados que utilizam próteses) mas, cada vez mais, se fazem avaliações
clínicas de marcha para estudo de outras patologias como poliomielite, paralisia cerebral,
esclerose múltipla, artrite reumatóide e distrofias musculares [2]. Estas análises são de grande
relevância e auxiliam activamente a escolha de tratamentos adequados para pacientes que
possuem as referidas patologias.
Para além de avaliações clínicas, a biomecânica do movimento intervém também noutras
áreas do conhecimento, como por exemplo a biomecânica desportiva. A biomecânica desportiva
pode definir-se como a ciência, que, utilizando conhecimentos e métodos da mecânica e novas
tecnologias, se dedica ao estudo da prática desportiva com o propósito de melhorar o rendimento
e preservar a saúde dos atletas.
No desporto, a análise do movimento é realizada de modo semelhante a outras áreas, sendo
comum investigar os aspectos biomecânicos de movimentos corporais considerando dados
cinéticos e cinemáticos em simultâneo, ou seja através de uma abordagem multidisciplinar. Este
tipo de análises tem dois objectivos fundamentais: por um lado, melhorar a performance dos
atletas de alta competição, através da optimização dos movimentos e técnicas. e por outro evitar
a sobrecarga das estruturas biológicas envolvidas. Além disso, uma análise que permita a
optimização de equipamentos de desporto pode ajudar a aumentar o desempenho e reduzir as
cargas críticas sobre o corpo humano. Assim, este tipo de análise também é importante para
melhorar os equipamentos desportivos utilizados por atletas, tanto de alto rendimento como
praticantes de desporto recreativo. Pesquisas nesta área incluem, por exemplo, optimização de
calçado desportivo para diferentes modalidades bem como revestimentos de piso para desportos
de pavilhão ou outdoor [3].
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
2
Actualmente, e devido ao aumento considerável da esperança média de vida, análises
biomecânicas do movimento humano são importantes para melhorar a qualidade de vida da
população idosa, bem como para detectar e corrigir precocemente erros de postura e em
movimentos corporais em idades jovens.
Idealmente, toda a população deveria realizar uma análise biomecânica do movimento,
independentemente da sua condição, pois até as pessoas consideradas saudáveis podem possuir
desvios na sua postura e marcha, que se detectadas precocemente, podem ser corrigidas
atempadamente diminuindo ou anulando mesmo as suas consequências no futuro. Deste modo, a
implementação de consultas de rotina bem como a inclusão desta especialidade no Sistema
Nacional de Saúde (SNS) poderiam contribuir não só para a melhoria e auxílio na escolha de
tratamentos apropriados para doenças relacionadas com o movimento, mas também como
prevenção de complicações ao nível da locomoção e da postura. Em suma, análises biomecânicas
do movimento poderão contribuir para uma melhoria de qualidade de vida da população.
O objectivo prioritário deste projecto é o planeamento de uma Clínica de Análise Biomecânica
do Movimento Humano, a ser instalada na zona metropolitana do Porto, através da análise das
soluções mais viáveis para cada uma das exigências associadas, tanto de carácter técnico como
logístico.
Os utilizadores primários da clínica serão profissionais da área da Fisioterapia, Bioengenharia
e Medicina, que trabalharão na clínica e que deverão proceder a análises com finalidade clínica
mas também com finalidade de investigação. Já os utilizadores secundários serão os pacientes que
venham a realizar avaliações na clínica, tanto com finalidade médica como desportiva, mas
também outros possíveis clientes que possam necessitar de serviços esporádicos da clínica, como
para testes de materiais e equipamentos.
A clínica deverá possuir dois tipos de serviços: avaliação biomecânica do movimento com
finalidade clínica e avaliação biomecânica do movimento com finalidade desportiva. Para cada um
dos casos as seguintes análises serão realizadas:
• Exame físico, incluindo a amplitude de movimento e teste de força;
• Captura do movimento através de vídeo;
• Análise de movimento tridimensional, proporcionando informação temporal e espacial,
cinemática e cinética;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
3
• Análise electromiográfica com o fornecimento de dados relativos à actividade muscular
dos músculos envolvidos na marcha Humana; e
• Recolha estática e dinâmica dos dados de pressão plantar.
Com este documento, o leitor tem acesso a informação relevante quer a nível de
equipamento, quer a nível de espaço, e também relativamente a especificações técnicas
necessárias para desenvolver um laboratório que prima pela qualidade e proficiência. É
apresentado o plano de viabilidade do projecto, considerando uma localização específica bem
como equipamentos e softwares adequados, dentro dos disponíveis no mercado. Inclui também
uma proposta de desenho estrutural tendo em conta os equipamentos e o local escolhido para o
funcionamento da clínica.
Assim, de modo a abordar todos os temas fundamentais para o dimensionamento da clínica,
este relatório foi dividido em 8 capítulos.
No capítulo 2 será apresentado, segundo as restrições e assunções necessárias, as
características do espaço para a implementação da clínica, bem como uma área geográfica para a
implementação da mesma.
No capítulo 3 vai ser realizado um levantamento dos equipamentos e softwares disponíveis
no mercado na área em questão. Tendo em conta restrições de design, trade-offs e características
dos produtos, vão ser apresentadas as soluções comerciais consideradas mais vantajosas.
De seguida, no capítulo 4, será apresentado o desenho da clínica projectada (com a inclusão
da localização dos equipamentos, tendo em conta as dimensões e características do local), bem
como os requisitos de instalação, teste e ambientais que a clínica terá de possuir, de modo a
fornecer um serviço de qualidade. Estes requisitos devem ser todos respeitados de modo a
permitir a validação da clínica, apresentada no capítulo 5, onde serão abordados os tipos de
validação necessários, bem como entidades com as quais se deveria proceder à realização de
protocolos.
No capítulo 6 será apresentada uma análise de investimento para o projecto de modo a
conferir a viabilidade financeira do mesmo, sendo apresentado de seguida, no capítulo 7, um
plano de contingência a aplicar caso ocorram problemas financeiros na clínica.
Por último, no capítulo 8, apresentar-se-ão as conclusões deste projecto.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
4
2. Espaço e localização para implementação da clínica
2.1. Introdução
A localização da clínica, as características do espaço bem como os serviços oferecidos são
características determinantes para o êxito da mesma. Estes três aspectos podem contribuir de
modo determinante para o sucesso da clínica ou o seu insucesso.
Sendo a localização da clínica um ponto-chave para o seu sucesso, esta deve ser edificada
num local com boas acessibilidades tendo em conta três critérios: transportes públicos, acessos
rodoviários e locais de estacionamento. Com o cumprimento destes critérios, garante-se uma
logística ímpar e atractiva para a escolha da clínica por parte do cliente quando necessitar de um
serviço oferecido pela clínica.
Também o espaço, a organização e acessibilidades internas da mesma são factores
fundamentais para o sucesso da clínica. Tratando-se de uma clínica de análise biomecânica do
movimento a acessibilidade do espaço, bem como a organização do mesmo devem ter em conta
que uma percentagem dos utilizadores da clínica serão pessoas com limitações de movimento,
logo o espaço tem que ter total acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e estar
desenhado de modo à sua movimentação no interior da clínica se realize de modo natural, sem
problemas de logística.
Por fim, todas as especificações e requisitos de espaço devem ser tidos em consideração, de
modo aos resultados obtidos pela clínica sejam os mais fidedignos possíveis.
Nesta secção do projecto, tendo em vista a escolha da melhor localização e espaço para a
clínica, serão apresentadas algumas condicionantes teóricas relativas ao espaço e localização da
clínica. De seguida será realizado um resumo das localizações e dos espaços que se enquadram
nos requisitos apresentados. Por fim realizar-se-á uma análise dos trade-offs tendo em conta as
características dos espaços, e proceder-se-á à escolha final do local para a fixação da clínica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
5
2.2. Teoria do conceito e restrições de design
O objectivo desta secção é demonstrar quais os requisitos funcionais e técnicos para a
construção de um laboratório de análise de movimento optimizado. Assim, esta secção dará
especial ênfase às propriedades de construção, bem como a restrições espaciais para integrar
dispositivos de medição de alta precisão.
De modo a desenvolver uma clínica de análise de movimento que contenha as especificações
necessárias para análise clínica e desportiva, é apresentada uma série de discriminações relativas à
construção do espaço [3] para padronizar os diferentes aspectos de instalação. Esta lista inclui
requisitos de espaço (por exemplo, dimensões do espaço, as vias de circulação, piso preferido,
altura da sala), requisitos técnicos (fonte de alimentação, por exemplo, redes de dados,
temperatura, ventilação e controlo de humidade) e normas de segurança especiais.
Antes de mais, qualquer espaço de saúde deve ser projectado em torno da necessidade de
assegurar que o cuidado ao paciente é realizado de forma efectiva, integrada e Humana [4]. O
paciente é o ponto central de qualquer unidade de saúde, devendo estas apresentar todas as
funcionalidades que permitam um atendimento de excelência aos pacientes.
Actualmente, o projecto de qualquer tipo de edifício tem de respeitar o Decreto-Lei nº
163/2006 de 8 de Agosto, que especifica as Normas técnicas para melhoria da acessibilidade das
pessoas com mobilidade condicionada. Este decreto é de extrema importância, pois o seu
cumprimento conduz a que pessoas com mobilidade reduzida tenham livre acesso, seguro e
confortável a todos os pontos relevantes da sua estrutura activa.
Para a realização deste projecto, merece especial atenção as normas a que os edifícios estão
sujeitos, nomeadamente:
• Dimensões mínimas dos espaços de entrada que permitam uma zona de manobra para
rotação de 360º;
• Largura mínima de corredores de 1.2 m;
• Existência de pelo menos uma instalação sanitária que satisfaça as normas técnicas no que
se refere ao espaço livre para rotação e equipamento (barras de apoio);
• Dimensões mínimas dos vãos de porta e características dos puxadores e fechaduras;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
6
• Características das escadas, se estas existirem.
Para além do decreto de lei que especifica as normas técnicas para a melhoria da
acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada, também é fundamental ter em conta o
Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de Novembro que apresenta a legislação sobre segurança contra
incêndios em edifícios. É necessário ter em conta que a clínica é um edifício tipo V, segundo a
classificação de edifícios e recintos, seguindo assim as especificações e condições indicadas para
este tipo de edifícios.
Por fim, embora ainda não haja legislação específica para clínicas ou laboratórios de análise
biomecânica de movimento (vulgo análise de marcha), aconselha-se o seguimento dos Decreto-Lei
nº 445/88 de 5 de Dezembro e Decreto-Lei nº 95/95 de 9 de Maio, que estabelecem as regras a
que deve obedecer a instalação de equipamento médico pesado, definindo critérios de
programação e distribuição territorial.
O desenho do laboratório de análise biomecânica de movimento humano deve permitir um
uso multifuncional. Este é um aspecto relevante tanto na análise de movimento com fins
terapêuticos como para a análise de movimento na ciência desportiva. Para este último deve ser
possível recriar diferentes ambientes desportivos de modo a minimizar a influência do ambiente
laboratorial. Consequentemente, requisitos de espaço para diferentes desportos devem ser
considerados. Além disso as condições climatéricas do laboratório devem ser facilmente
controláveis, de modo a recriar o ambiente a estudar. Assim as condições climatéricas devem ser
ajustáveis, com ventilação suficiente de ar fresco e com variações na temperatura externa e
humidade [3].
Na fase de construção da clínica é importante envolver todos os utilizadores primários que
irão posteriormente utilizar os laboratórios de análise de movimento. A partir destes os sistemas
de medição utilizados devem ser definidos. Para permitir medições de alta precisão e elevada
funcionalidade é necessário criar condições especiais de construção. A estreita colaboração entre
investigadores, clínicos, arquitectos, engenheiros e exemplos de utilizadores tipo (por exemplo,
através da colaboração com associações que incluam potenciais pacientes) é uma mais-valia para
inter-relacionar conhecimentos de modo a uma privilegiada construção ou reforma do edifício
onde se vai localizar a clínica. Para assegurar a comunicação entre todos os grupos de trabalho
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
7
deverá existir um entendimento das diferentes terminologias técnicas. Numa situação ideal, uma
pessoa com sólida formação científica de análise de engenharia, pesquisa, circulação e tecnologia
de habitação deverá coordenar o processo de planeamento e realização dos laboratórios.
A fase mais importante da construção do laboratório de análise do movimento é a fase de
planeamento preliminar. Aqui quaisquer decisões sobre o laboratório tais como o local, o tamanho
e a capacidade de análise serão determinadas. Na fase seguinte a documentação de construção, as
principais exigências de construção como trabalho de base, os fundamentos e estrutura do local,
materiais utilizados bem como o tipo de piso têm que ser determinados. Além disso, a tecnologia
de habitação em sistemas de alimentação, iluminação, aquecimento, refrigeração e ventilação,
incluindo redes de dados devem ser definidas.
Com base na optimização matemática do movimento uma sala para avaliação desportiva
deve ter as seguintes dimensões: 30 m de comprimento, 15 m de largura e 6 m de altura. Estas
medidas permitem a inclusão de diversas práticas desportivas no mesmo espaço, Tabela 1.
Tabela 1: Dimensões necessárias para a avaliação de determinados desportos [3].
Desporto Cumprimento x largura (m) Altura (m) Salto Cavalo 25x2 3m Salto Comprimento 15x15 -- Futebol 10x10 -- Andebol 10x10 -- Basquetebol 10x10 -- Barras assimétricas -- 6 Barras em altura -- 6
A sala para avaliação clínica padrão deve ter 10 m de cumprimento; a largura deverá ser tal
que permita que um indivíduo efectue cerca de 8 passos, dos quais 2 ou 3 em cima de plataformas
de pressão e de força.
No que diz respeito à engenharia de edifícios, existem alguns aspectos específicos para a
edificação de laboratórios de análise biomecânica de movimento que devem ser levados em
consideração. Para a edificação das salas, mais precisamente do solo, deve-se usar uma camada
inicial de cimento armado de alta densidade (7 g/mm3), que posteriormente deverá ser recoberta
por outra camada de cimento. Estas camadas devem ligar-se directamente a terra firme por 1.0 m
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
8
de cimento armado. É importante que estas especificações sejam seguidas de modo a eliminar as
vibrações induzidas por impactos produzidos nas plataformas e outros equipamentos,
principalmente na sala de análise desportiva. As camadas de cimento anteriormente referidas
devem ser cobertas por uma camada de um material de cimento epoxi combinado.
As faces laterais das plataformas devem ser de madeira e cobertas com pedaços de
enchimento de diferentes tamanhos para permitir várias posições de montagem das plataformas.
No que diz respeito à pintura da sala, a cor laranja proporciona um bom contraste óptico
tanto para preto, como para branco. Assim, se a sala possuir esta coloração pode-se trabalhar com
os sistemas de marcadores para captura de movimento existentes bem como sistemas markerless
que funcionam apenas para sujeitos usando roupas escuras [3].
Em laboratórios de análise desportiva para garantir que não haja vibrações nas câmaras
provenientes dos equipamentos desportivos, estes últimos devem ser instalados de modo
independente.
Para qualquer laboratório de biomecânica as câmaras de vídeo para captura do movimento
devem ser montadas nas paredes. Porém, quatro fixações suplementares para as câmaras deverão
ainda ser colocadas no tecto.
De modo a minimizar distracções durante a fase de captura de movimento, nenhum material
reflector ou mesmo superfícies irregulares devem fazer parte das paredes ou do chão. Assim, os
sistemas de refrigeração bem como as entradas de ar condicionado devem ser colocados no tecto
e não nas paredes.
Na sala de análise clínica de marcha deve-se incluir uma barra para suporte ao movimento
das pessoas com mobilidade reduzida.
O posicionamento das fontes de iluminação deve ser definido de modo a permitir a geração
de luminosidade suficiente e homogénea no laboratório. Para evitar interferências entre a
frequência das lâmpadas (por exemplo quando se realizam descargas de alta intensidade (HID)) e
das câmaras de vídeo de alta velocidade, devem ser usadas lâmpadas incandescentes.
Adicionalmente devem ser instalados holofotes para aumentar a luminosidade, de modo a obter
sequências de imagem com a melhor qualidade possível. Os holofotes devem ser montados em
pantógrafos para assim se ajustar a sua altura sempre que necessário. Por fim, a localização das
diferentes tomadas (sistemas de alimentação e rede de dados) deve estar relacionado com os
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
9
locais onde os aparelhos e equipamentos de análise de marcha vão ser colocados. Além disso, as
distâncias máximas entre tomadas de um mesmo sistema não devem ser superiores a 2.0 m [3].
2.3. Levantamento de localizações
Uma boa localização é cada vez mais uma vantagem que as organizações devem explorar.
Uma má escolha pode arruinar um negócio que tenha todos os requisitos para ter sucesso. Hoje
em dia não conta só o facto de se apresentar um bom leque de produtos e serviços, os clientes
querem locais acessíveis e de preferência que não os obrigue a efectuarem grandes desvios das
suas rotas habituais.
Como já foi referido, um local com boas acessibilidades deve conter um bom leque de
transportes públicos, bons acessos rodoviários e locais de estacionamento.
Assim, a edificação da clínica num grande centro urbano poderá permitir o enquadramento
dos três critérios acima referidos. Até à data não é conhecido nenhum centro médico que ofereça
o serviço idealizado para esta clínica na zona metropolitana do Porto. Deste modo, três locais
dentro da zona urbana do Porto onde seria vantajoso a edificação da clínica seriam zona da
Boavista, Baixa do Porto, nomeadamente zona da Av. Dos Aliados e Rua de Santa Catarina e, por
último, área Circundante ao Hospital de S. João e IPO (Instituto Português de Oncologia) (Figura 1).
Figura 1: Locais pré escolhidos para a localização da clínica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
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Todos os locais referidos possuem boas acessibilidades e transportes, porém o
estacionamento pode ser um problema. Assim, é necessário ter em conta este aspecto e adicionar
à clínica estacionamento privado.
Qualquer um dos três lugares indicados oferece os requisitos de acessibilidade já
especificados. Outros factores terão ainda de ser levados em consideração para a escolha final da
mesma. Esses mesmos factores bem como a escolha da localização final da clínica vão ser
realizados na subsecção seguinte.
2.4. Análise de trade-offs
A clínica dimensionada neste projecto foi pensada para possuir serviço de avaliação clínica do
movimento humano e também avaliação biomecânica desportiva. Assim, para ser possível
fornecer estes dois serviços a clínica deverá ser constituída por:
• Uma sala para análise desportiva do movimento;
• Uma sala para análise clínica biomecânica;
• Balneários para troca de roupa por parte dos pacientes (utilizadores secundários);
• Balneário para os médicos, técnicos e fisioterapeutas (utilizadores primários) da clínica;
• Uma sala para tratamento de dados;
• Casas de banho adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida (de referir que estas
têm a vantagem de poderem ser utilizadas por pessoas com mobilidade reduzida e
pessoas sem problemas de mobilidade);
• Recepção e respectivos corredores de ligação das salas.
Tendo em consideração as dimensões teóricas apresentadas na secção 3.2, a clínica terá que
possuir uma dimensão aproximada de 750 m2: 450 m2 para a sala de avaliação desportiva; 100 m2
para o laboratório de análise clínica biomecânica; 20 m2 para cada casa de banho; 25 m2 para a
sala de tratamento de dados; 25 m2 a sala de reuniões; 30 m2 para os balneários dos usuários
primários e secundários; e os restantes 80 m2 para recepção e respectivos corredores da clínica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
11
Assim é necessário analisar qual das três localizações apresentadas na secção 3.3 poderá ser a
mais indicada para a localização da clínica. Além disso, deverá ser analisada se é preferível fundar
a clínica num edifício já existente ou edificar uma clínica num edifício a construir para o efeito. Por
fim, é preciso fixar quais os casos clínicos e desportivos que a clínica pretende estudar de modo a
aprimorar algumas características de espaço e desenho da clínica bem como a escolha do
equipamento. Após a análise de todos estes aspectos será viável produzir o desenho final da
clínica.
Das três zonas indicadas (Boavista, Baixa do Porto, Hospital S. João), o preço dos imóveis não
é um factor de decisão, pois este não difere consideravelmente nas três zonas. Porém, a zona da
Boavista já possui algumas instituições de saúde privadas como é o caso do Hospital Militar,
Hospital Privado da Boavista, Medicil, Clipóvoa e Serviço Médico de Imagem Computadorizada
(SMIC), sendo vantajoso a edificação da clínica nesta zona, pois nenhuma destas clínicas possui
serviço de análise de marcha e este já é um local de referência para tratamento médico privado.
No entanto, a construção de um edifício com 7500 m2 revela-se complicado pois esta é uma
zona já bastante edificada e não inclui locais para um novo edifício com as características
pretendidas. A aquisição de um espaço já edificado com estas dimensões na zona da Boavista
poderia ser uma alternativa viável, porém através de pesquisas efectuadas revelou-se que não
existem locais com as dimensões pretendidas nesta zona para venda, ou mesmo aluguer.
A projecção da clínica na Baixa Portuense sofre exactamente dos mesmos inconvenientes que
os apresentados para a zona da Boavista.
A zona circundante ao Hospital S. João e IPO do Porto é uma zona onde se encontram alguns
terrenos disponíveis nos quais seria possível a construção da clínica idealizada, porém no que diz
respeito às dimensões da mesma também neste local é complicado encontrar um espaço já
construído para implementação da clínica.
Deste modo, a opção mais viável para a localização da clínica parece ser a zona circundante
ao Hospital S. João.
Segundo já foi referido, encontrar um edifício já construído que contenha as dimensões
necessárias para a clínica é complexo. A construção de um edifício de raiz parece ser o mais
apropriado. Se tivermos em consideração todas as restrições de construção apresentadas na
subsecção 3.2, como o modo com o solo deve ser preparado, o facto de as condutas de ar
condicionado terem que ser construídas de modo a saída de ar de cada sala ter de se localizar no
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
12
tecto, entre outras restrições de design, todos estes factores corroboram que a construção de um
edifício de raiz para a edificação da clínica e não a adaptação de um espaço já existente é a melhor
solução. A adaptação de um edifício seria um processo bastante exaustivo e certas propriedades
da estrutura do edifico já não poderiam ser alteradas e poderiam por em causa a qualidade das
medições efectuadas pela clínica devido a vibrações da estrutura.
Por último, é necessário definir os serviços que a clínica deverá fornecer de modo a aprimorar
alguns aspectos do espaço.
No que diz respeito à avaliação clínica de marcha, pacientes com doenças como poliomielite,
paralisia cerebral, esclerose múltipla, artrite reumatóide e distrofias musculares, bem como
análise de amputados e pacientes que utilizam dispositivos médicos como próteses e ortoteses
serão incluídos nos utilizadores secundários da clínica. Adicionalmente, e como já foi referido,
qualquer pessoa poderá recorrer a este serviço para obter o seu perfil biomecânico do movimento
e postural.
Relativamente à avaliação biomecânica desportiva é desejável incluir diversos desportos
como desportos com bola, diferentes vertentes de atletismo, ginástica de aparelhos e desporto de
luta como Karaté, Judo e Taekwondo. Assim, os seguintes desportos vão ser incluídos nas
medições a realizar pela clínica:
• Futebol;
• Andebol;
• Voleibol;
• Badminton;
• Ténis;
• Ténis de mesa;
• Corrida;
• Salto em altura;
• Barras paralelas;
• Barras assimétricas;
• Anéis;
• Salto cavalo;
• Barra;
• Karaté;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
13
• Judo; e,
• Taekwondo.
De referir que estes foram os desportos realizados em pavilhão ou desportos de interior
encontrados na bibliografia nas quais se realizam análises biomecânicas do movimento [3, 5, 6].
De realçar o facto de ser necessário que a sala para avaliação desportiva tenha uma altura
mínima de 6 m para a inclusão de análise de ginástica de aparelhos, o que tendo em conta que se
concluiu que a construção da clínica de raiz é a opção mais viável, este é um aspecto relativamente
fácil de implementar e que deve ser levado em consideração no desenho da mesma.
Em conclusão, e após a reflexão de uma série de variáveis, foi decidido que a clínica vai ser
edificada de raiz num edifício novo construído para o propósito para satisfazer todas as restrições
de design e da estrutura. A localização escolhida para a construção do edifício foi a zona adjacente
ao Hospital S. João pois é uma zona privilegiada no que respeita ao acesso e possui terrenos
disponíveis para a edificação de um novo edifício com as dimensões pretendidas para a clínica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
14
3. Equipamento
3.1. Introdução
Uma clínica de análise biomecânica do movimento, que prima pela qualidade e proficiência,
deve ser composta por um conjunto de equipamentos sofisticados, precisos e exactos, conectados
entre si por meio de computadores que analisam, de maneira tridimensional, a posição dos
diversos segmentos do corpo durante a marcha. Para além dos dados dinâmicos, devem também
ser analisados dados estáticos, de modo a obtenção do máximo de variáveis cinéticas e
cinemáticas.
No dimensionamento de uma clínica para avaliação do movimento e postura a escolha do
material e equipamentos a adquirir é um passo fundamental. Todas as medições e testes a realizar
terão como base o equipamento escolhido, e consequentemente a precisão, a velocidade de
obtenção de dados, a compatibilidade entre equipamentos e softwares bem como as
características dos equipamentos que constituem a clínica são factores que devem ser levados em
consideração no processo de aquisição do material.
Tendo como finalidade a escolha do equipamento a adquirir pela clínica neste capítulo serão,
primeiramente, apresentados os princípios teóricos adjacentes a algumas técnicas e
equipamentos normalmente utilizados em análise de marcha. De seguida será realizado um
apanhado das principais marcas que possuem hardware e software disponíveis no mercado para
análise biomecânica Humana. Serão apresentadas algumas restrições de design a que os
equipamentos devem obedecer bem como uma análise de trade-offs. Finalmente, realizar-se-á a
escolha de alguns hardwares e softwares que, devido às suas características, foram considerados
ideais para integrarem a constituição de equipamentos da clínica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
15
3.2. Teoria do conceito e restrições de design
A análise clínica da marcha é uma área em contínua evolução no que toca a técnicas e
equipamentos que auxiliem a sua análise. Porém, existem determinadas técnicas que são usadas
já há várias décadas e que continuam a ser as principais e mais usadas nesta área, como é o caso
da análise visual da marcha, a electromiografia, os sistemas de marcadores associados a sistemas
de vídeo, plataformas de força, plataformas e palmilhas de pressão [2, 7, 8].
Sendo estes os equipamentos base de um laboratório de análise de marcha, considera-se
necessária uma explicação do conceito em que cada um deles se baseia bem como o modo como
cada um se processa. De seguida são apresentados os conceitos inerentes a cada uma destas
técnicas.
De realçar que todos estes equipamentos devem obedecer à norma internacional IEC 60601-1
denominada “General requirements for Basic safety and essential performance” relativa a
equipamentos médicos eléctricos.
3.2.1. Análise visual da marcha
A análise de marcha visual é o método mais antigo nesta área. No entanto, este é o método
mais complicado e versátil que existe, e sofre sérias limitações: é transitório, o olho Humano não
está programando para observar eventos de alta velocidade, só é possível a observação de
movimentos e o mais importante é que estes são dependentes das capacidades do observador. A
análise visual da marcha é um método subjectivo e a qualidade da análise está sempre
dependente das capacidades do observador. Este tipo de análise pode ser feito directamente ou
através de imagens de vídeo [9].
Os parâmetros que normalmente são avaliados através deste método são:
• Tempo de ciclo ou cadência;
• Velocidade.
• Comprimento de passada;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
16
A cadência pode ser definida como o número de passos por minuto, e é obtida através da
contagem do número de passos individuais dados num minuto. O tempo de ciclo é o período
necessário para completar um ciclo de marcha. A velocidade pode ser medida através da medição
do tempo que um sujeito demora a percorrer uma distância conhecida. O comprimento de
passada pode ser determinado de dois modos: através de medição directa ou através de medição
indirecta com base na velocidade e no tempo de ciclo.
3.2.2. Marcadores associados a sistemas de vídeo
O sistema de marcadores associado a câmaras de vídeo é usado para a obtenção de dados
cinemáticos. Os sistemas cinemáticos são usados em análise de marcha como modo de registo da
posição e orientação dos segmentos do corpo, dos ângulos das articulações e das velocidades e
acelerações angulares e lineares correspondentes [9].
Baker [7] refere que os marcadores associados a câmaras de vídeo é uma das técnicas mais
importantes em análise de marcha. Embora os princípios básicos sejam os mesmos dos sistemas
originais nesta área recentemente esta técnica sofreu grandes avanços, especialmente em termos
de velocidade, precisão e confiança. O número de câmaras, mas também a sua qualidade são
também um factor chave para as melhorias processadas.
Os sistemas de vídeo utilizam mais do que uma câmara de vídeo para seguir e monitorizar os
marcadores luminosos colocados em posições anatómicas específicas. Os marcadores podem ser
infravermelhos (IR) com díodos emissores de luz (LEDs), usados em sistemas de marcação activa,
ou formas sólidas cobertos com fita adesiva reflectiva, usados em marcação passiva. Estes
sistemas acompanham as coordenadas horizontais e verticais de cada marcador através de cada
câmara. Em sistemas 3D, o software calcula as coordenadas 3D de cada marcador com base nos
dados 2D a partir de duas ou mais câmaras e da localização conhecida de cada câmara. Em geral,
duas ou mais câmaras são necessárias para obter a localização dos marcadores, pois alguns
marcadores, em determinados movimentos, ficam ocultos. Para obter movimentos 3D, cada
segmento do corpo deve ser definido por, pelo menos, três marcadores [6].
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
17
Os sistemas de marcadores activos, possuem marcas LED, que permitem saber
automaticamente a localização de cada marcador em cada momento. Uma vantagem deste
método é o facto de não ocorrer fusão dos marcadores, por isso os marcadores podem ser
colocados juntos. Estes sistemas têm a desvantagem de exigir mais equipamentos na sua
implementação.
Os sistemas de marcas passivas têm a vantagem dos marcadores utilizados serem reflectores
de luz, não necessitando de cabos eléctricos ou baterias na sua utilização. Os díodos emissores de
luz à volta de cada câmara enviam pulsos de radiação infravermelha, que são posteriormente
reflectidos de volta a lente (da câmara), a partir dos marcadores. As lentes possuem filtros IR e
sistemas de threshold, que identificam os marcadores mais brilhantes e suprimem a informação
dos objectos menos brilhantes.
Os sistemas actuais permitem o acesso aos dados de modo praticamente instantâneo. Devido
à sua natureza passiva, a trajectória de cada marcador deve ser identificada com uma etiqueta e
ser monitorizada ao longo de todo o ensaio [10, 11]. O uso de marcadores em conjunto com os
sistemas de vídeo permite obter a posição absoluta de um segmento no espaço ou a posição
relativa de dois segmentos justapostos. Estes dados podem ainda combinar-se com os valores de
reacção do solo, estimativas de massa de casa segmento, momentos de massa de inércia e
também com as velocidades e acelerações de cada segmento e articulação de modo a avaliar os
momentos das articulações e também a energia associada a rotações instantâneas das
articulações.
Uma área na qual se tem assistido a um grande desenvolvimento nos últimos anos é a área
das tecnologias computacionais utilizadas para obtenção e tratamento dos dados cinéticos e
cinemáticos. Na realidade, as soluções comerciais de hardware e software existentes praticamente
eliminaram os problemas como a identificação e rastreamento de marcadores, removendo assim
o principal problema do uso de marcadores passivos. Actualmente, um indivíduo pode ser sujeito
a um sistema de marcadores e caminhar sobre uma passadeira calibrada, enquanto os marcadores
são automaticamente controladas, e os cálculos são realizados. Os ângulos das articulações
resultantes das medições estão disponíveis poucos minutos depois de serem obtidos [7, 11].
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
18
3.2.3. Electromiografia
A electromiografia (EMG) pode ser definida como a medição da actividade eléctrica gerada
através de contracção muscular. Como o EMG mede a actividade eléctrica (e não mecânica) não
pode ser utilizado para distinguir contracções concêntricas, isométricas ou excêntricas,
considerando-se todas as contracções do mesmo tipo. Assim a relação entre a actividade medida
através do EMG e a força de contracção está longe de ser simples.
Existem três métodos para registar o EMG: eléctrodos de superfície, eléctrodos de rede fina e
eléctrodos de agulha. Na análise de marcha, o EMG é normalmente obtido com o sujeito em
andamento [9]. Tendo em conta todos os aspectos relacionados com os tipos de eléctrodos
disponíveis, os eléctrodos de superfície são, de longe, os mais utilizados [12].
O maior problema desta técnica é o facto de ser semi-quantitativa, e por isso dar uma
indicação menor da força de contracção dos músculos individuais. Outro problema associado a
esta técnica é o facto de ser difícil obter resultados satisfatórios para um sujeito em andamento.
Tal facto depende das características do equipamento utilizado, bem como das capacidades do
operador na selecção dos locais de gravação e fixação de eléctrodos, para minimizar a resistência
da pele e artefactos de movimento. O sinal EMG é geralmente processado para fornecer uma
indicação visível da actividade muscular [9].
Carlo Frigo [12] explica que a maioria dos sinais mioeléctricos são obtidos através de uma
configuração bipolar de 8-12 conjuntos de eléctrodos, conectados a um pré-amplificador
posicionado a poucos centímetros do ponto de contacto (Figura 2). As conexões entre o
equipamento portátil e a unidade receptora (ligada a um computador e a software apropriado)
são realizadas através de cabos, fibra óptica ou radiotelemetria. Para todos os casos, antes da
transmissão de sinal, devem ser realizados procedimentos específicos de condicionamento de
sinal como a amostragem de dados, conversão analógico-digital, multiplexação e codificação.
Após este tratamento, a análise do sinal é realizada através de software apropriado.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
19
Figura 2: Esquema de aplicação de um sistema EMG num laboratório de análise de marcha. São
apresentados: sistema de análise do movimento baseado em marcadores retro-reflexivos, plataforma de
força para mensuração de reacção do solo, dispositivo portátil que fixa a unidade de um sistema de rádio-
telemetria EMG (adaptado de [12]).
A escolha dos eléctrodos deve ser feita tendo em conta os músculos que vão ser alvo de
avaliação. Existem critérios a ter em conta aquando da escolha dos eléctrodos: a acessibilidade, o
volume e a localização do músculo a ser analisado. Músculos profundos são mais difíceis de
analisar com eléctrodos de superfície. Também é importante referir o tamanho relativamente
grande dos eléctrodos de superfície que pode ser vantajoso para a recolha de dados de grandes
músculos, mas tornam-se menos adequados para a obtenção de dados de músculos mais
pequenos, devido à baixa selectividade e da possível interferência de sinais provenientes de
músculos adjacentes [12].
Para a obtenção dos dados é necessário ter em conta vários factores como a preparação da
pele, o local de colocação dos eléctrodos, a orientação dos eléctrodos, bem como ter em atenção
que cada eléctrodo está a recolher apenas informação de um único músculo. Uma preparação
adequada da pele, com a utilização de álcool para remoção da superfície sebácea e abrasão de luz
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
20
para reduzir a camada de queratina da pele, bem como uma localização correcta do eléctrodo é
fundamental. É necessário ter em conta que durante o movimento, o volume de tecido contráctil
pode alterar o local do eléctrodo. Assim os eléctrodos devem ter a mesma orientação das fibras
musculares, embora este aspecto só possa ser estimado aproximadamente, com base na anatomia
muscular global [12]. Tais factores devem ser considerados, porque o seu comprimento leva a uma
redução dos artefactos e consequentemente a obtenção de resultados mais rigorosos.
Simultaneamente com a aquisição do EMG, devem ser obtidos dados cinéticos e cinemáticos,
através câmaras de vídeo, plataformas de força e plataformas de pressão, por isso é importante
ter em conta a obtenção simultânea de todos estes dados, de modo a minimizar os artefactos que
possam advir do uso simultâneo dos equipamentos [2, 7, 12].
Não existe um formato standard para a apresentação dos resultados obtidos por esta técnica;
no entanto o sinal original ou a sua média, a amplitude máxima durante a marcha e a amplitude
máxima durante uma contracção voluntária são normalmente o formato como os resultados são
apresentados. Toda esta informação deve ser cruzada com parâmetros temporais como a
velocidade, cadência, comprimento da passada e distância entre dois passos sucessivos [2].
3.2.4. Plataformas de força
As plataformas de força são uma ferramenta de medição standard de variáveis cinéticas.
Estas plataformas são constituídas por duas superfícies rígidas, colocadas uma em cima da outra,
que estão conectadas por sensores de força. Normalmente, a plataforma(s) é(são) colocada(s) no
chão de modo a que o paciente possa caminhar ou correr normalmente por cima da(s) mesma(s).
As plataformas de força são normalmente rectangulares, possuindo instalados sensores que
registam as forças nas direcções X, Y e Z. Os componentes da força são finalmente obtidos através
de somas algébricas dos valores das forças obtidas através dos sensores individuais [13].
Estas plataformas são normalmente usadas para medir, em três dimensões, a magnitude,
posição e direcção das forças de reacção do solo aplicadas ao pé, durante estudos de marcha e
postura. Os sinais eléctricos de saída são processados de modo a produzir as três componentes da
força, as duas coordenadas do centro de pressão e os momentos em torno do eixo vertical. O
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
21
centro de pressão é o ponto no terreno através do qual uma única força resultante parece agir,
embora na realidade a força total é composta por inúmeros vectores de força pequenas,
espalhadas por uma área finita sobre a superfície de plataforma. Normalmente esta informação é
utilizada como entrada e juntamente com os dados cinemáticos, é utilizada para a realização de
dinâmica inversa, para estimação dos momentos das articulações através de mecânica do corpo
rígido [9, 14].
Embora existam vários tipos de plataformas de força, normalmente os laboratórios usam uma
plataforma convencional, com um design típico de 100 mm de altura, com uma superfície plana
rectangular de dimensões 400 x 600 mm [9], Figura 3.
Figura 3: Representação esquemática de uma plataforma de força (de [15]).
Actualmente, existem dois tipos de plataformas de força: um baseado em transdutores
piezoeléctricos e outro baseado em transdutores de tensão. Sob o ponto de vista da análise de
marcha os dois são similares [16].
2.2.5. Plataformas de pressão
Uma plataforma de pressão consiste num conjunto de transdutores de força, com uma
superfície de área pequena, onde a pressão média é calculada para a área de contacto
(pressão=força/área). Para um número pequeno de áreas de contacto seleccionadas, as pressões
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
podem ser medidas através de sensores individuais. O problema desta abordagem inclui a escolha
dos locais apropriados para os sensores de movimento durante a actividade que está a ser
estudada [17].
Através deste equipamento, é possível realizar testes estáticos e dinâmicos, como pode ser
visto na Figura 4.
Figura 4: Resultados de medições de pressão estática
3.3. Levantamento das principais marcas de eq
Actualmente, existem no mercado várias marcas e modelo
descritos na subsecção anterior. Associados, ou independentem
também disponível um elevado número de softwares que pe
obtidos de modo mais eficiente e eficaz. Na Tabela 2 são apres
disponibilizam soluções comerciais para análise cinética e cine
especificando que soluções (Movimento, Força, Pressão ou EMG)
(b)
(a)22
s a) e dinâmicas b).
uipamento
s dos equipamentos (hardwares)
ente dos equipamentos existem
rmitem o tratamento dos dados
entadas as principais marcas que
mática do movimento Humano,
cada companhia possui.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
23
Tabela 2: Fabricantes de equipamento para análise de marcha (adaptado de [10, 18-21]).
Companhia Pressão Movimento Força EMG Plataforma Palmilhas Vídeo Plataforma Células
de carga
Eléctrodos Aquisição Análise
Superfície Profundidade Wireless Cabos AMTI X X Ariel X Bertec X X B & L Engineering
A X
Bortec A W, FO BTS X A X FO X Charnwood Dynamics
X
Delsys A IOMED A IVM P Kistler X X Konigsberg X FO Market USA SF RD X Motion Analysis
X
Motion Lab Systems
A W X
Musgrave Systems
X
Nicolet Biomedical
P X
Noraxon X W X Northern Digital
X
Novel Electronics
X X
Oxford Metrics
X
Peak Performance
X
Podotech X X Qualisys X Sensor Medies
P
RSscan X X Tekscan X X X Zebris X X P
SF- Sandálias de Força A- Activos P- Passivos RD- Registo de Dados W-Wire FO- Fibra Óptica
Como se pode verificar a partir da Tabela 2, não existe nenhuma companhia que possua os
quatro equipamentos descritos. As empresas tendem a especializar-se num ou dois equipamentos.
Seria vantajosa a existência de equipamentos de alta performance e com as características
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
24
pretendidas de uma mesma companhia, por uma questão de compatibilidade de equipamentos e
recolha simultânea de dados. Porém verifica-se que esse facto não é possível.
No entanto, nos dias que correm já existe uma vasta gama de softwares, alguns deles que
permitem o cruzamento e tratamento de dados de diferentes equipamentos. Assim, a escolha do
equipamento para o laboratório não necessita ser condicionada pela marca ou modelo, mas pode-
se proceder livremente à escolha dos mesmos tendo como finalidade escolher aqueles que
efectivamente possuem melhores características.
Das empresas apresentadas algumas possuem representante em Portugal. No entanto, em
termos de prazo de entrega e manutenção de equipamentos este factor não é preponderante pois
todas oferecem condições semelhantes.
3.4. Trade-offs e Equipamentos aconselhados
Como foi apresentado na subsecção anterior, existem diversas companhias que possuem
soluções para análise biomecânica do movimento.
Para este projecto considerou-se que não seria desejável realizar uma descrição de todos os
equipamentos presentes na Tabela 2 pois alguns deles, devido às suas características, não são
soluções viáveis para incluir na clínica que se está a projectar. Assim, nesta secção são
apresentadas soluções consideradas óptimas para a clínica prevista, apresentando as suas
principais características, vantagens e desvantagens. Decidiu-se apresentar mais que uma solução
sem uma escolha final de um único equipamento para cada técnica, pois entre alguns casos não se
verifica uma clara superioridade de um dos equipamentos em todos os aspectos, sendo várias as
soluções viáveis para equipar a clínica. Um factor que poderia ser relevante como factor de
desempate entre equipamentos com características similares seria o preço do equipamento,
porém como poucas empresas se mostraram disponíveis em fornecer os preços dos seus
equipamentos, este factor não vai ser levado em consideração nesta subsecção.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
25
3.4.1. Sistemas de vídeo
São várias as companhias/marcas apresentadas na Tabela 2 que possuem sistemas de vídeo
para captura de movimento. Para a análise biomecânica do movimento deve-se proceder à
escolha de um sistema preciso e robusto. Aspectos como a dimensão do espaço de seguimento
(2D ou 3D), a mobilidade dos sensores (estáticos ou móveis), a fonte energia, o tipo de sensores
usados, a localização dos sensores, o tipo de movimento a observar (rígido, não rígido ou
articulado) bem como o número de sujeitos a seguir e as aplicações dos sistemas de vídeos devem
ter sido em conta na escolha deste equipamento. Na Tabela 3 são apresentadas as soluções de
equipamento que se consideraram mais vantajosas para seguimento Humano através de captura
de movimento.
Tabela 3: Sistemas para análise de movimento Humano a partir de imagem [22-24].
Fabricante Motion Analysis Oxford Metrics Qualisys Modelo Raptor 4 Vicon T20S ProReflex Frequência de medição
-- -- 1-1000Hz
Gama de medição -- -- 0.2-70m Número de leds 237 -- 3250 Resolução 10000Hz 1600x1280 pixeis 658x500 pixeis Intensidade bit -- 10 bits por pixel 10 bits por pixel Frames por segundo
-- 690 --
Precisão 0.1 -- 0.6
Os sistemas apresentados na Tabela 3 utilizam marcadores passivos, pois estes têm a
vantagem de não necessitarem de cabos eléctricos ou baterias para o usuário, o que voluntária ou
involuntariamente pode levar a alterações da postura do indivíduo.
A série de equipamentos do modelo Raptor da Motion Analysis (California, United States) tem
a vantagem de permitir medições ao ar livre, bem como em ambientes fechados com o mesmo
hardware e software. As câmaras Raptor têm a capacidade de realizar todos os cálculos de
transformação da imagem. A marca refere o facto de se poder trabalhar ao ar livre com luz solar
sem alteração da qualidade das medições quando comparado com as medições em ambiente
controlado (laboratório) mantendo extrema precisão e capacidades em tempo real [22]. Este
equipamento possui recursos em tempo real que permitem que os sujeitos possam ver os
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
26
resultados de captura no mesmo instante em que o indivíduo esteja a executar uma tarefa
específica.
As câmaras T series e T-Series S Edition, da Oxford Metrics (Oxford, United Kingdom)
permitem a captura em praticamente qualquer ambiente. O modelo Vicon T20S oferece uma
combinação única de alta velocidade, precisão e resolução, sendo a melhor em termos de precisão
de toda a série [24].
A companhia Qualysis (Gothenburg, Sweden) apresenta soluções ao nível de hardware e
software para a captura e análise do movimento humano e animal. A solução para análise
biomecânica da marcha é um sistema passivo/activo de captura através de câmaras IR ProReflex,
com uma interface, a Qualysis Analogue Interface, para ligar outro tipo de sensores, inclui um
software Qualysis Track Manager responsável pela captura dos dados 3D e sincronismo dos
sensores e um outro para os cálculos da cinética e cinemática da marcha Visual 3D. Note-se, que o
Visual 3D é desenvolvido pela C-Motion [23]. Os sistemas de captura do movimento da Qualysis
são vendidos juntamente com o Visual 3D.
Como o Raptor 4 é indicado para análises ao ar livre com a mesma precisão que em
ambientes controlados e assegura ter uma grande precisão (0.1) pode ser uma escolha
interessante para a clínica, de modo a esta possuir equipamento que permita análises em locais
ambientes externos. No entanto, a Vicon T20s é a única que indica o número de frames por
segundo (690), que associado às suas outras características parecem demonstrar que é um óptimo
equipamento para captura de movimentos rápidos, como é necessário na análise desportiva. O
equipamento da Qualisys também oferece boas características, porém a sua precisão não lhe é
muito favorável.
Os três equipamentos parecem ter as características necessárias para integrarem a clínica
projectada.
3.4.2. Plataformas de força
Actualmente existem algumas marcas que apresentam modelos de plataformas de força para
serem utilizadas em análise biomecânica do movimento e análise de postura. De entre as
companhias apresentadas na Tabela 1, as principais marcas que comercializam este equipamento
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
27
são a Kistler (Winterthur, Switzerland), a AMTI (Massachusetts, United States) e a Bertec (Ohio,
United States).
Assim, de seguida, e já tendo ocorrido uma pré selecção de quais as plataformas que
realmente podem interessar à clínica, na Tabela 4 são apresentadas as características de 5
modelos das três marcas referidas.
Tabela 4: Plataformas de força para análise de movimento e postura [18, 25, 26].
Marca Kistler AMTI Bertec Modelo 9260AA6 9290AD BP400600 Force-Sensing
Tandem Treadmill
FP4060-07-1000
Dimensões (mm) 600x500x50 920x920x125 600x400 780x660 400x600x75 Gama (kN) 0-5 0-10 -- -- -- Sobrecarga (kN) 8 15 10 -- 5 Histerese (%FSO) <=0.5 <1 0.2 0.2 -- Linearidade (%FSO) <0.5 <=0.5 0.2 0.2 0.2 Frequência (Hz) Fx,y 400
Fz 200 150 Fx,y 300
Fz 380 300 Fx,y 550
Fz 340 Gama de temperaturas suportadas (ºC)
10-50 0-50 -17 a 52 -17 a 52 --
Peso (Kg) 8.6 21.6 32 400 38 Frequência de amostragem (Hz)
-- 500 -- -- --
A plataforma Kistler modelo 9260AA6 foi idealizada para análise de marcha e corrida, análise
de marcha e balanço com uma óptima determinação do centro de pressão (COP) tanto para
movimentos desportivos como para avaliação clínica. Para além destas características é portátil e
com baixos custos de instalação. Quanto ao modelo 9290AD da mesma marca a sua principal
característica é a de possuir alta performance em diagnóstico médico e ser adequada a medições
do sujeito em movimento [26].
Os modelos BP400600 e Force-Sensing Tandem Treadmill da marca AMTI podem ser usados
para análises biomecânicas, de bioengenharia, medicina, ortopedia, avaliação de reabilitação,
próteses, e para uso industrial. Utilizações específicas incluem a análise da marcha, análises de
estabilidade, análises neurológicas, instalação de próteses, performance desportiva, design de
calçado. A plataforma de força BP400600 foi especialmente projectada para a medição de forças
de reacção ao solo. Tem como principais características alta sensibilidade, excelente repetibilidade
e grande estabilidade ao longo da plataforma, o que a torna ideal para pesquisas e estudos
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
28
clínicos. O modelo Force-Sensing Tandem Treadmill consiste numa passadeira onde os indivíduos
podem caminhar ou mesmo correr. Permite a gravação das forças de reacção ao solo (Fx, Fy, Fz) e
momentos (Mx, My, Mz). A sua capacidade de inclinação, bem como o facto de possuir uma
velocidade máxima de 20 Km/h, permite a análise do indivíduo em marcha e em corrida, bem
como em condições de subida, descida e plano [25].
A plataforma indicada da marca Bertec foi desenhada para desenvolver análises de marcha,
de balanço, desportivas, ergonómicas, estáticas e dinâmicas. Este modelo é normalmente utilizado
para uso clínico e investigação em análise de marcha. A marca afirma que o seu design mecânico
inovador, a sua constituição electrónica bem como a qualidade de fabricação tornam esta
plataforma adequada para uso clínico e pesquisa [18].
Todas as plataformas apresentam características necessárias para a clínica. A plataforma
Force-Sensing Tandem Treadmill é essencial para o laboratório de análise desportiva, mais
precisamente para avaliação de corrida. Os restantes quatro modelos apresentam características
que as tornam viáveis para análise clínica e também para análise desportiva, onde não seja
requerido um andamento contínuo por mais de 20 metros por parte do paciente. O modelo
9260AA6 apresenta ainda a vantagem de ser portátil (peso bastante inferior às restantes
plataformas) podendo assim adaptar-se a diferentes locais de modo relativamente rápido, o que
pode ser vantajoso em determinadas situações.
3.4.3. Plataformas de pressão
As plataformas de pressão são, actualmente, elementos fundamentais num laboratório de
análise de marcha. Estas permitem a recolha de dados cinemáticos e cinéticos. Tal como para as
plataformas de força, para as plataformas de pressão seleccionaram-se as três marcas com mais
produtos disponíveis no mercado, e são apresentados os produtos mais relevantes existentes
destas mesmas marcas: a RSscan (Olen, Belgium), a Tekscan (Massachusetts, United States) e a
Novel Electronics (Munich, Germany), Tabela 5.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
29
Tabela 5: Plataformas de pressão usadas para obtenção de dados cinéticos e cinemáticos [20, 27, 28].
Marca RSscan Tekscan Novel Electronics Modelo footscan® 3D 0.5
m plate footscan® 3D 2 m plate
Walkway™ System
MatScan® System
Emed-m
Tamanho (mm)
500x400x8 2000x400x20 2438.4x447.0 -- 610x320
Superfície de sensores activa
480x320 1950x320 -- 435.9x368.8 240x380
Nº sensores 4096 16384 7101 2288 3792 Sensibilidade 0.27-127 0.27-127 -- -- Frequência Máxima (Hz)
500 500 -- -- --
Resolução -- -- 3.9 1.4
As plataformas footscan 3D 0.5 m plate e footscan 3D 2m plate da RSscan são semelhantes
em todos os aspectos, só diferindo nas dimensões. Embora estas sejam as plataformas que estão
tabeladas no site da companhia, a empresa produz o modelo footscan 3D com comprimentos
múltiplos de 0.5 m. As plataformas deste modelo permitem a realização de testes de estabilidade
e movimento, sendo que os testes de estabilidade podem ter uma duração de 3 a 260 segundos,
fornecendo a pressão dinâmica dos pés durante a medição e o deslocamento do centro de
gravidade durante o tempo total de medição [20].
A plataforma de pressão Tekscan Walkway™ System é utilizada em meio clínico para avaliar
determinadas patologias que afectam a marcha e o sistema neuro–músculo-esqueletico como
paralisia cerebral, esclerose múltipla, doença de Parkinson e espasticidade, bem como questões
relacionadas com diabetes, tais como úlceras de pressão. Esta plataforma fornece cálculo
automatizado de um conjunto de parâmetros da marcha, detecta automaticamente qual o pé que
está a ser analisado e rotula o mesmo, fornecendo dados diferenciais entre os dois pés. Tem a
capacidade de calcular o tempo de passada, velocidade, distância e cadência [28].
O modelo MatScan System da Tekscan fornece uma visão biomecânica do pé e fornece as
regiões de pressão plantar elevadas e que não podem ser visualizadas a olho nu. Fornece dados
quantitativos que podem ser analisados para apoio ao diagnóstico e modos de tratamento [28].
A plataforma de pressões emed®-m da Novel Electronics é um sistema electrónico para
registo e avaliação das distribuições de pressão sob o pé em condições estáticas e dinâmicas. Este
equipamento tem associado um software que apresenta os dados de medição em formato HTML e
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
30
podem ser enviados via internet, Figura 5. Estes dados são já apresentados em formato de
relatório, que analisa os parâmetros padrão em várias regiões do pé [27].
Figura 5: Output oferecido pelo software associado à plataforma de pressão emed®-m da Novel Electronics
(de [27]).
A partir da Tabela 5 verifica-se que as plataformas footscan 3D 2m plate e Walkway System
têm um comprimento superior às restantes, o que as torna ideais para avaliação desportiva. No
entanto, o modelo da RSscan possui mais do dobro dos sensores (16384 contra 7101 da
plataforma da Tekscan) o que lhe confere alguma vantagem comercial. A RSscan apresenta ainda a
vantagem de vender plataformas à medida, onde o cliente pode encomendar o tamanho que
pretende (num factor multiplicativo de 0.5 m). Embora a marca afirme que a plataforma da
Tekscan Walkway System seja ideal para avaliar determinadas doenças que afectam a marcha e o
sistema neuromuscular como paralisia cerebral, esclerose múltipla, doença de Parkinson e
diabetes, normalmente não se encontram plataformas com as dimensões desta em laboratórios
de análise de movimento com finalidade clínica. As restantes três plataformas indicadas na Tabela
5 apresentam as dimensões normalmente requeridas de laboratórios para análise biomecânica do
movimento. Todas as marcas apresentam softwares para apresentação dos seus dados, porém o
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
31
software Simi Motion é normalmente utilizado para tratamento de dados obtidos pelas
plataformas das companhias Rsscan e Tekscan.
Todas as cinco plataformas indicadas podem ser integradas na clínica projectada.
3.4.4. Sistemas Electromiografia
A electromiografia é uma técnica amplamente utilizada, pois os seus dados fornecem
informação chave para o entendimento de certas doenças e patologias. Na área desportiva é
fundamental para estudar e aprimorar a performance desportiva bem como para compreender e
estudar quais os melhores movimentos em termos de eficácia e gasto energético.
Na Tabela 6 são apresentados quatro sistemas para recolha de dados electromiográficos, dois
portáteis e dois que só podem ser usados em meio controlado.
Tabela 6: Sistemas de recolha electromiográfica [21, 29, 30].
Marca Delsys Motion Lab Systems
Zebris
Modelo Bagnoli Desktop EMG
System
Myomonitor IV EMG MA300-28
EMG Bluetooth Measuring
System Canais 2, 4, 6, 16 16 16 8 Amplificação global
100, 1000, 100000
1000 V/V 1000 1000
Largura de banda
20-450 Hz 20-450 Hz 10-2000 Hz 7-500 Hz
Correntes de fuga
<100 µA -- <100 µA --
Consumo de energia
5.8 W -- -- --
Threshold de saturação
4.8 V -- 5V
Requisitos da bateria
-- 7.2 V Bateria de
lítio recarregavel
-- 4 Baterias tipo AAA 1.5 V
Duração bateria
-- 4 horas -- --
Atraso Wireless
-- 5 ms -- --
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
A linha Bagnoli™ da Delsys (Massachusetts, United States) oferece uma gama de ferramentas
principais para medições electromiográficas. Construído com tecnologia patenteada, esses
sistemas utilizam sensores inovadores e incluem um conjunto de características concebidas para
tornar as gravações do EMG e de outros dados fisiológicos fáceis e consistentes.
Quanto à linha Myomonitor IV EMG da mesma marca, esta foi projectada para resolver
desafios de mobilidade, sendo uma solução portátil, que oferece gravações de sinal de banda
integral com um transmissor sem fios ou um datalogger autónomo. Devido ao seu baixo peso é a
escolha ideal para crianças e idosos [29].
A marca Delsys tem a vantagem de possuir um novo tipo de eléctrodos que podem ser
adquiridos separadamente, mas que são totalmente compatíveis com as duas linhas de
electromiografia apresentadas. Estes eléctrodos são reutilizáveis (Figura 6) e têm a vantagem de:
• existir em modo diferencial e modo simples;
• não ser necessária preparação com gel;
• possuir interface adesiva favorável para este tipo de medições; e,
• ter um perfil fino e discreto [29].
Figura 6: Eléctrodos reutilizáveis desenhados pela marca Delsys e com
de recolha electromiográfica. Aspecto exterior dos eléctrodos (
(b)
(a)32
patíveis com todos os seus modelos
a) e constituição (b) (de [29]).
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
33
Segundo a marca Motion Lab Systems (Louisiana, United States) o modelo MA300-28 é o topo
de gama dos seus dispositivos electromiográficos, com um total de 28 canais de dados localizados
numa mochila a colocar no sujeito. Com 16 canais de largura de banda total do EMG, 4 canais de
dados auxiliares este sistema pode lidar com uma incrível variedade de usos e configurações [30].
Por fim, o modelo EMG Bluetooth Measuring da Zebris (Isny, Germany) permite a transmissão
de dados para o PC através de Bluetooth, sendo possível a sua observação em tempo real. Porém,
os dados podem ser gravados e posteriormente recolhidos se as medições se efectuarem fora do
alcance do Bluetooth. O seu design permite que o seu transporte e uso sejam fáceis e
confortáveis. Os cabos onde se colocam os eléctrodos são equipados com pré-amplificadores
diferenciais activos que eliminam, em grande parte, as tensões e interferências provocadas pelos
movimentos nos cabos [21].
Dos quatro sistemas indicados, os sistemas portáteis permitem uma maior amplitude de
movimentos e daí serem os mais indicados para análise desportiva. Tendo em consideração que os
sinais EMG se encontram na gama de valores entre os 10-500 Hz [31], todos os sistemas
electromiograficos adquirem sinais nesta gama. O sistema da Motion Lab Systems possui uma
gama de medições entre os 10-2000 Hz, sendo que para o pretendido, a gama de 10-500 Hz é
suficiente.
Como já foi referido, o facto dos equipamentos da Delsys possuírem eléctrodos reutilizáveis
oferece uma vantagem pois não é necessária a aquisição contínua de eléctrodos, que a
curto/médio prazo compensa sob o ponto de vista económico. Estes eléctrodos possuem também
vantagens ambientais, na medida em que não contribuem para a produção de lixo, pois os
eléctrodos convencionais nem sequer são recicláveis. Por questões de higiene estes eléctrodos
devem ser limpos com álcool a 70%, e posterior esterilização através de vapor [29]. Deste modo, a
escolha de um equipamento que possua eléctrodos deste género pode ser uma mais-valia a
médio/longo prazo.
Todos os sistemas indicados excepto o modelo da marca Zebris possuem 16 canais para
recolha de dados o que lhes confere uma configuração que permite a aplicação dos protocolos de
recolha electromiográfica mais utilizados actualmente. Estes protocolos estabelecem a
configuração e localização dos eléctrodos durante a recolha de dados.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
34
3.4.5. Softwares
Embora grande parte das companhias vendam independentemente ou incluído nos seus
produtos os respectivos softwares para tratamento de dados, existem empresas especializadas na
produção de softwares que têm a vantagem de permitir integrar os dados obtidos através dos
diferentes sistemas de recolha. As empresas Simi (Unterschleissheim, Germany) e C-Motion
(Baltimore, United States) [32, 33] apresentam softwares bastante interessantes para o efeito.
A Simi possui um software denominado de Simi motion que permite o tratamento dos
seguintes módulos comuns que estão disponíveis em 2D ou 3D: dinâmica inversa e suporte para
vídeo ou várias câmaras de vídeo de alta velocidade; dados EMG; equipamentos e dispositivos de
medição de pressão.
O Simi Motion foi desenvolvido para uso em Biomecânica, Desporto, Ciência, Neurociência,
Medicina Veterinária, Ciências dos materiais, pesquisas espaciais e muitos outros campos. A
empresa afirma que pode ser usado em todos os casos em que o movimento é um factor
importante.
Todos os seus módulos estão integrados numa interface gráfica fácil e intuitiva para o
utilizador, e também inclui funções tais como relatórios, algoritmos, filtros, e opções de
exportação extensiva.
O Simi Motion suporta a gravação síncrona de um número variado de câmaras normais ou de
alta velocidade. Os dados analógicos adquiridos em simultâneo podem ser automaticamente
sincronizados com a gravação de vídeo. Não obstante, o material de vídeo que foi gravado
anteriormente também pode ser usado. O sistema processa todos os formatos comuns de vídeo e
também sequências de imagens estáticas.
Como permite a integração de dados de diversos equipamentos, e como possui recursos
matemáticos que permitem o cálculo da cinemática inversa, permite obter também os seguintes
dados:
• centros de segmento (local / global);
• centros de articulação (local / global);
• rotações do segmento (local / global);
• rotações de articulação (local / global);
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
35
• binário de resistência (local / global);
• binários musculares (local / global);
• forças externas (local / global);
• binários externos (local / global).
Um grande número de funções matemáticas, como a filtragem (média móvel, passa-baixa,
passa-altas), funções ângulo (ângulo de 3 pontos, ângulo horizontal / vertical), análise de
frequência e cálculos estatísticos oferecem um enorme potencial de investigação.
Todos os resultados podem ser incluídos num relatório personalizado. O programa também
oferece uma grande variedade de recursos de animação (modelo de arames, figuras que
representam o esqueleto) para que os movimentos possam ser visualizados em três dimensões.
Além disso, o centro de gravidade pode ser calculado utilizando vários modelos científicos, tais
como os modelos de Clauser, de De Leva, de Dempster e de Hanavan. Possui ainda um módulo
especial integrado para processamento de dados EMG, o que significa que nenhum software EMG
extra é necessário para pré-filtragem, correcção da linha de base e rectificação de onda completa.
Os dados obtidos e processados por este Software podem ainda ser exportados e guardados em
diversos formatos [33].
O software oferecido pela C-Motion é o Visual3D que está centrado na área da biomecânica
clínica e de pesquisa, mais precisamente reabilitação, neurociência, engenharia, robótica,
desporto (performance, prevenção de lesões, fabricação de equipamentos), ortopedia, próteses,
estudos em animais e avaliações de deficiência. As principais vantagens deste software são:
• É compatível com quase todos os sistemas de captura de movimento e permite
visualização em tempo real;
• Suporta a sincronização e captura de diferentes equipamentos de análise de dados
biomecânicos (plataformas e dispositivos para obtenção de pressão, EMG, EEG, sistemas
de vídeo);
• Os dados podem ser configurados para diferentes superfícies de obtenção de dados;
• Permite a exportação dos arquivos em diferentes formatos;
• Cálculos de centro de pressão e de gravidade;
• Permite o cálculo de dinâmica e cinemática inversa;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
36
• Permite integração com o programa Matlab, de modo a que novos códigos e teorias
possam ser testadas;
• Possui um gerador de relatórios padrão [32].
Como é possível observar os dois softwares indicados têm características que os tornam
igualmente interessantes. Qualquer um deles seria uma opção viável para integração na clínica.
De um modo geral, neste capítulo foram apresentadas as bases teóricas dos equipamentos
indispensáveis para a constituição da clínica, e seguidamente apresentou-se as principais
companhias que apresentam equipamentos para análise biomecânica do movimento. Por fim,
procedeu-se à escolha de um leque de equipamentos, que foram indicados e analisados. De referir
que no que diz respeito aos equipamentos não se procedeu à escolha de um único equipamento
mas a alguns, tendo em consideração que todos eles possuem características que fazem deles
boas opções. Além disso, como a clínica inclui mais do que um laboratório de análise de
movimento, mais do que um equipamento para cada tipo de avaliação vai ser requerido, sendo
que dos equipamentos apresentados uns se adaptam melhor ao laboratório de análise desportiva
enquanto outros ao laboratório de análise clínica.
Em suma, qualquer que seja a escolha dos equipamentos apresentados neste capítulo para a
constituição da clínica, parece ser possível afirmar que a clínica estará equipada com material e
tecnologia de ponta, de modo a produzir análises precisas e de elevada qualidade.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
37
4. Desenho da clínica
4.1. Introdução
O desenho da clínica é um passo importante no seu projecto. Este deve ter um layout
funcional, e como já foi especificado antes, deve possuir todos os requisitos que permitam o livre
acesso e circulação de pessoas com mobilidade reduzida.
Para além dos aspectos referidos nos capítulos anteriores que devem ser tidos em
consideração na construção do desenho da clínica, para posterior construção existem
especificações de instalação, de teste e ambientais que devem ser cumpridas aquando da
construção da clínica. Todas essas especificações vão ser enumeradas e referenciadas nas secções
seguintes.
Assim, após a apresentação dos requisitos de instalação, de teste e ambientais que têm que
ser cumpridos, vai ser apresentado o desenho final da clínica a projectar com este trabalho.
4.2. Requisitos ambientais
Através de uma análise de trade-offs e de restrições de design, foi decidido que a clínica fosse
construída de raiz, num edifício a arquitectar para o efeito. Para além disso, todos os
equipamentos foram escolhidos com base em informação sustentável. Porém as escolhas
realizadas terão um impacto sobre o meio ambiente circundante. De modo a minimizar esse
impacto existe uma série de requisitos ambientais que devem ser respeitados.
Para a realização deste projecto é necessário ter em conta duas fracções de requisitos
ambientais: uma relativamente a construção do edifício e outra relativamente ao equipamento e
seu funcionamento.
Os empreendimentos de construção civil são, actualmente, um dos maiores causadores de
impactos ao meio ambiente. As actividades relacionadas com a construção, operação e demolição
de edifícios promovem a degradação ambiental através do consumo excessivo de recursos
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
38
naturais e da geração de resíduos. Para a construção de edifícios, tal facto ocorre principalmente
pelo grande volume e diversidade de materiais empregues [34]. Assim, os impactos ambientais
vão depender de uma série de factores, entre os quais se encontram as disponibilidades de
recursos naturais e a adequada utilização dos mesmos.
Assim, de modo a assegurar que todos os requisitos ambientais necessários para a construção
de um edifício, em concordância com todos os cuidados e especificações necessárias para a clínica
prevista, a norma ISO 14000 deve ser seguida, pois tem em consideração a protecção ambiental,
prevenção da poluição, cumprimento legal e necessidades socio-económicas. De um modo geral, a
parte 4 da norma que inclui as ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO 14043 e ISO 14048, que
estabelecem todos os aspectos relacionados com o ciclo de vida do edifício devem ser tidas em
consideração.
No que diz respeito aos equipamentos e à utilização dos mesmos, embora neste caso
concreto a aquisição do material é realizada após a sua construção e sem nenhum tipo de
intervenção na sua confecção, de modo a proteger os requisitos ambientais é aconselhável a
aquisição de material que obedeça à norma ISO TR 14062, que estabelece a integração de
aspectos ambientais no projecto e desenvolvimento de produtos.
4.3. Requisitos de instalação
A segurança eléctrica é um factor de extrema importância e deve assegurar a protecção dos
utilizadores da clínica em relação a choques eléctricos e a incêndios produzidos por curto-
circuitos.
Qualquer equipamento eléctrico que entra em contacto com o indivíduo deve ser ou
alimentado por bateria, ou electricamente isolado da rede de energia, seguindo a norma ISO
60601. O isolamento eléctrico pode ser obtido através de transformadores ou isoladores ópticos.
Todos os instrumentos eléctricos no laboratório, quer estejam ou não em contacto directo
com os utilizadores, devem estar eficientemente ligados à terra/massa e a integridade da terra
deve ser verificada regularmente. A resistência do pino terra no cabo de alimentação deve ser
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
39
inferior a 0.15 Ohms. Da mesma forma, a resistência do fio terra na tomada de energia para uma
terra conhecida também deve ser inferior a 0.15 Ohms [10].
Um instrumento isolado, anexado a uma pessoa, não pode possuir correntes de fuga
superiores a 20 microamperes nos cabos que ligam o aparelho ao paciente [10]. É preciso referir
que nem todos os instrumentos a pilhas são automaticamente seguros. As consequências de fugas
de corrente superiores ao valor apresentado podem ser consultadas na Tabela 7.
Considere-se que o indivíduo tem anexado a si um instrumento cuja fonte de energia é uma
bateria e onde os dados das medições devem ser transferidos para um computador. Se a interface
não for isolada electricamente, o pacote deve ser removido antes que o indivíduo esteja ligado ao
computador.
Tabela 7: Consequências de fugas de corrente para o ser Humano (de [35]).
Efeito Homem (75 Kg) Mulher (56 Kg) Consequência
Limiar de percepção 0.4 mA 0.3 mA Nenhuma
Choque doloroso 9 mA 6 mA Espasmo, ferimentos indirectos. Corrente máxima que ainda permite soltar (“let-go”)
Ficar agarrado (músculos contraídos)
16 mA 10.5 mA Possivelmente fatal
Paragem respiratória 30 mA 19 mA Frequentemente fatal
Fibrilação ventricular 100 mA (≥3 s) 67 mA (≥3 s) Possivelmente fatal Requer impulso de desfibrilação
Paragem cardíaca 4 A 4 A Possivelmente fatal Não requer desfibrilação
Queimaduras 5 A 5 A Fatal se for num órgão vital
4.4. Requisitos de teste
Todas as instituições credenciadas de material médico possuem políticas e procedimentos
relativos aos testes e segurança dos instrumentos fabricados nas suas instalações, segundo as
entidades competentes do país onde as empresas estão filiadas. Adicionalmente, existem também
requisitos legais (do país onde os equipamentos vão ser implementados) que os equipamentos
necessitam cumprir.
No entanto, no que diz respeito a empresas de fabricação de instrumentos para um mercado
muito limitado como o da análise da marcha ainda não existem políticas delimitadas e específicas.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
40
Consequentemente, muitas instituições têm as suas próprias políticas. O manual de política de
instalação da empresa deve ser consultado aquando da aquisição do equipamento, com a
finalidade de se verificar o que é e não é permitido e seguro realizar com esse equipamento [10].
Não obstante, e como já foi referido anteriormente neste documento, os Decreto-Lei nº
445/88 de 5 de Dezembro e Decreto-Lei nº 95/95 de 9 de Maio, que estabelecem as regras a que
deve obedecer a instalação de equipamento médico pesado, definindo critérios de programação e
distribuição territorial, devem ser seguidos, dentro da medida do possível.
4.5. Desenho
O desenho projectado para a clínica é apresentado na Figura 7. Este possui um layout
funcional, bem como áreas espaçosas e que respeitam o Decreto-Lei nº 163/2006 de 8 de Agosto.
No laboratório de análise de marcha estão incluídos os locais onde as plataformas de força e
pressão serão colocadas (locais indicados de A - E) e possíveis localizações para as câmaras de
vídeo IR. Na mesma sala, os pontos indicam os locais onde os equipamentos de desporto estão
fixos no solo [3].
O laboratório de análise clínica deverá ter uma constituição semelhante à apresentada na
Figura 8, um layout de um laboratório de análise biomecânica apresentado pela companhia BTS
[36]. Na Figura 8 pode observar-se as posições das câmaras, as plataformas de força e de pressão
que se encontram no centro da sala, uma por cima da outra (por baixo a plataforma de força e por
cima a plataforma de pressão), a secretária que contempla o material informático e o pequeno
armário onde o material electromiográfico é guardado.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
Figura 7: Planta do Laboratório de análise de marcha: recepção (1), sala para análise de dados (2), sa
de reuniões (3) casas de banho (4), balneários (5), balneário utilizadores primários (6), laboratório de anál
clínica (7) e laboratório de análise desportiva (8).
30m
10m
10m
15m
5 4 4 3
1
2
6
8
7
41
la
ise
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
42
Figura 8: Layout do laboratório de análise clínica (de [36]).
Para além dos dois laboratórios, a clínica possui uma sala para análise de dados, pois embora
actualmente os dados sejam adquiridos e processados em tempo real, existe ainda a fase de pré-
processamento dos dados, que pode ocorrer fora do laboratórios de modo a estes estarem
disponíveis para a realização de medições. Idealmente esta sala e os balneários deveriam situar-se
entre os dois laboratórios, porém por uma questão de aproveitamento do espaço não foi possível
colocar estes dois espaços entre os laboratórios. No entanto, como a circulação de dados se pode
processar por intranet a localização actual da sala não interfere no processamento ou circulação
de dados.
Como o seguimento do movimento Humano inclui a colocação de marcas em locais
específicos do corpo, normalmente os pacientes têm restrições de vestuário, tendo que usar
roupa justa ao corpo, sendo que do joelho para baixo é aconselhável que não possuam qualquer
tipo de roupa. Daí a necessidade de existirem 4 balneários individuais para troca de roupa por
parte dos pacientes. De referir que estes devem ser espaçosos para permitir uma completa
movimentação de todos os pacientes, incluído os que possuem mobilidade reduzida e necessitem
de apoios auxiliares para se movimentarem.
Finalmente existem duas casas de banho adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida,
uma sala de reuniões que pode ser utilizada para apresentação dos resultados das análises de
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
43
movimento aos clientes, reuniões entre os utilizadores primários da clínica, entre outros, e um
balneário para os utilizadores primários da clínica.
Com as divisões descritas acima pensa-se que a clínica possui tudo o que é necessário para
providenciar um serviço de qualidade.
Em conclusão, para empreender um edifício, seja com que finalidade for, é necessário ter em
atenção o seu impacto ambiental e tentar que este seja o mínimo possível. Para tal é necessário
seguir uma série de requisitos ambientais para promover o Ambiente no seu estado o mais natural
possível. Após a construção da clínica existem requisitos de teste e de instalação para os
equipamentos que constituem a clínica que devem ser seguidos para assegurar uma clínica segura
sob todos os pontos de vista. Por fim, a planta apresentada para a clínica tem todas as condições e
características necessárias para que nesta se preste serviços de análise e estudo do movimento
Humano.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
44
5. Validação clínica e possíveis parcerias
5.1. Introdução
A implementação da clínica e aquisição do material apresentado anteriormente seria de todo
infrutífera se no final do processo a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) impedisse o
funcionamento da clínica. Para além disso, sem clientes esta entraria em processo de recessão
económica e não teria viabilidade para continuar. De modo a prevenir que estes dois casos
aconteçam, neste capítulo serão relatados os aspectos relacionados com a validação da clínica e
também serão apresentadas algumas instituições de saúde com as quais seria vantajoso
implementar parcerias.
5.2. Validação necessária
Em Portugal existe a Entidade Reguladora de Saúde (ERS), que procede à regulação e
supervisão do sector da prestação de cuidados de saúde, independente no exercício das suas
funções, e cujas atribuições se desenvolvem em áreas fundamentais relativas ao acesso aos
cuidados de saúde, à observação dos níveis de qualidade e à garantia de segurança, zelando pelo
respeito das regras da concorrência entre todos os operadores, no quadro da prossecução da
defesa dos direitos dos utentes [37].
A ERS é a única entidade em Portugal com capacidade e meios legais capaz de acreditar
clínicas de saúde pública ou privadas. No entanto, como já foi referido, ainda não existem
especificações técnicas, publicadas em Decreto de Lei, que sejam necessárias cumprir para a
implementação de uma clínica de avaliação biomecânica.
Não havendo especificações próprias para este tipo de clínicas, existem especificações gerais
para todas as entidades de saúde que devem ser seguidas e que são indicadas de seguida:
• Primeiro, a clínica deve seguir as especificações fornecidas pela Portaria n.º 52/2011
de 27 de Janeiro, que estabelece as regras do registo obrigatório e das suas
actualizações na Entidade Reguladora da Saúde dos estabelecimentos prestadores de
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
45
cuidados de saúde; nomeadamente, hospitais, clínicas, centros de saúde, laboratórios
de análises clínicas, termas e consultórios, bem como os critérios de fixação das
respectivas taxas;
• Como já foi referido anteriormente, deve também respeitar as instruções dadas pelos
decretos de Decreto-Lei nº 163/2006 de 8 de Agosto, o Decreto-Lei n.º 220/2008 de
12 de Novembro, o Decreto-Lei nº 445/88 de 5 de Dezembro e o Decreto-Lei nº 95/95
de 9 de Maio;
• Por fim é aconselhável que a Lei nº 48/90, de 24 de Agosto, que prevê a
regulamentação e vigilância de qualidade por parte do Estado, nomeadamente na
sujeição das unidades privadas de saúde com fins lucrativos a licenciamento seja
seguida. Este diploma legal fixa os requisitos que as unidades de saúde de medicina
física e de reabilitação devem observar quanto a instalações, organização e
funcionamento, e representa um assinalável contributo para a garantia técnica e de
assistência no funcionamento dos estabelecimentos.
5.3. Protocolos com entidades
A criação de protocolos com entidades de saúde, como companhias privadas de saúde e
companhias que oferecem benefícios de saúde a determinado grupo da população, será
totalmente vantajoso de modo a permitir a entrada de novos clientes para a clínica. Tendo em
conta que não existem clínicas privadas na área da análise biomecânica, esta seria a primeira a
providenciar este tipo de parcerias, o que reencaminharia todos os clientes destas entidades de
saúde que necessitassem destes serviços para a clínica projectada.
De seguida é apresentada uma lista de companhias privadas se saúde com as quais seria
benéfico a criação de parcerias:
• Médis;
• AdvanceCare (Açoreana, Axa, Espírito Santos Seguros, Generali, Lusitânia, Real,
Tranquilidade e Vitória);
• Mondial Assistance (Allianz, Saúde Prime, Cruz Vermelha);
• MultiCare;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
46
No nosso país, os funcionários públicos possuem uma série de benefícios e descontos na área
da saúde que se processam através de protocolos realizados entre os serviços que reguem os seus
programas de saúde e entidades de saúde privadas. Algumas dessas companhias são:
• RTP – Rádio Televisão Portuguesa;
• PSP – SAD (Polícia de Segurança Pública);
• PT – ACS (Associação de Cuidados de Saúde);
• SAMS – Quadros (Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários);
• SAMS – SIB (Sindicato Independente da Banca);
• Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos;
• Serviços Sociais de Ministério da Justiça;
• AMI – Assistência Médica Internacional;
• ADSE – Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (Regime Livre);
Entre outros benefícios estas entidades pagam uma parte dos tratamentos e avaliações de
certas especialidades enquanto a outra parte é paga pelos pacientes. A elaboração de protocolos
com estas entidades é uma mais-valia de modo a recrutar mais clientes.
Como a clínica foi projectada para ser construída na zona metropolitana do Porto seria ainda
desejável a criação de protocolos com entidades como as Câmaras Municipais dos Municípios da
zona Norte, como também com o maior número de Clubes e Instituições Desportivas, visto a
clínica fornecer serviço especializado para avaliação desportiva.
Actualmente este serviço médico não entra na lista do SNS. Seria benéfico a sua integração
nos serviços do Sistema Nacional de Saúde e Hospitais públicos, através da criação de protocolos,
de modo a permitir a toda a população o acesso a este tipo de serviços médicos. De referir, que
estes protocolos a desenvolver entre o SNS com a clínica devem obedecer aos Decreto-Lei nº
185/2002 de 20 de Agosto, Decreto-Lei n.º 86/2003, de 26 de Abril e Decreto-Lei n.º 141/2006, de
27 de Julho, sendo que os dois últimos possuem correcções realizadas a certos parâmetros
apresentados no primeiro Decreto-Lei apresentado. Estes decretos estabelecem o Regime Jurídico
das Parcerias em Saúde com Gestão e Financiamentos Privados. O Despacho n.º 1324/2011, de 14
de Janeiro que estabelece orientações, referentes ao processo de extinção da EMPS (Estrutura de
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
47
Missão Parcerias Saúde), de forma a assegurar a continuidade do programa de parcerias público-
privadas no âmbito do Ministério da Saúde também deve ser levado em consideração.
Concluindo, não existem actualmente Decretos de Lei que tenham em consideração a
aprovação/validação de clínicas ou mesmo laboratórios de análise do movimento. No entanto,
existem Leis que devem ser seguidas e cumpridas, de modo a fornecer um serviço de qualidade e
regulamentado.
A criação de protocolos com entidades de saúde públicas e privadas é uma mais-valia para a
clínica de modo a proporcionar clientes à mesma. Estes protocolos devem estar em concordância
com determinados Decretos de Lei, de modo a não cair em nenhuma irregularidade, o que poderia
criar problemas do foro legal à clínica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
48
6. Análise de projecto de investimento
6.1.Introdução
Um projecto precisa de ser financeiramente viável para ser implementado, de modo a que os
recursos financeiros aplicados possam ser recuperados e renumerados adequadamente, durante o
período de vida económico do projecto.
Um projecto de investimento, como o próprio nome indica traduz-se num intenção ou
proposta de aplicação de recursos produtivos escassos, com o fim de melhorar ou aumentar a
produção de determinado(s) bem(s) ou serviço(s) em quantidade ou qualidade, ou de diminuir os
seus custos de produção [38]. Assim, torna-se crucial a análise do investimento idealizado neste
trabalho, de modo a determinar se é viável ou não a sua implementação.
Neste capítulo serão apresentados os principais critérios utilizados na análise da viabilidade
financeira de um projecto e seguidamente será feita a análise da viabilidade financeira da clínica
projectada neste trabalho.
6.1.Principais critérios de análise de investimento
Os métodos de análise de investimentos são métodos de tratamento de informação sobre os
parâmetros de avaliação do projecto que têm por fim permitir ao gestor avaliar o interesse
económico, em termos absolutos, de um projecto, ou comparar, em termos relativos, vários
projectos. Os critérios mais utilizados são:
• Tempo de recuperação de capital;
• Valor actual líquido;
• Taxa interna de rentabilidade.
O tempo de recuperação de capital (TRC) é o período de funcionamento do projecto
necessário para que o somatório dos fluxos de receitas e despesas iguale as despesas de
investimento. Segundo este critério serão inaceitáveis projectos com período de recuperação de
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
49
capital superior ao tempo de vida útil do projecto. Mesmo aqueles que sejam inferiores, mas
próximos do valor da vida útil do projecto, serão inaceitáveis pois não estamos a considerar os
custos financeiros. A aplicação deste critério justifica-se pela sua simplicidade de cálculo e análise,
mas é um critério altamente simplista.
O valor actual líquido (VAL) corresponde ao valor calculado pelo somatório das receitas,
custos de exploração e investimento, actualizados para o momento de arranque do projecto. Há
que calcular o valor actual, em termos financeiros, dos diversos fluxos futuros, supondo uma dada
taxa de actualização correspondente à estimativa do custo de capital. Como regra de decisão,
apenas devem ser aceites projectos cujo VAL seja superior ou igual a zero. Este critério é o mais
utilizado na análise de investimentos mas não se pode esquecer que o seu resultado é afectado,
em grande parte, pela taxa de actualização escolhida e cuja estimativa é bastante complexa.
A taxa interna de rentabilidade (TIR) é o valor da taxa de actualização que torna nulo o VAL.
Neste caso, devemos aceitar os projectos cuja TIR seja superior ao custo de capital. Em termos
relativos, o melhor projecto será aquele que apresentar o maior valor da TIR. A grande vantagem
deste método sobre o VAL é a de que o seu valor não é influenciado pelo valor da estimativa do
custo de capital. No entanto, será sempre necessário estimar esse custo para aplicação da regra de
decisão. A TIR é, assim, especialmente útil para a eliminação de projectos, mas perigosa para
escolher entre projectos alternativos igualmente aceitáveis em termos absolutos [38].
No projecto da clínica em desenvolvimento, vai ser utilizado o VAL para a análise da
viabilidade do mesmo.
6.3.Análise de investimento
Para a realização da análise de projecto de investimento é necessário ter todos os dados que
intervêm financeiramente no projecto. Assim:
1) São necessários os dados de investimento inicial para a construção da clínica (Investimento
Corpóreo), que neste caso são:
• Terreno;
• Edifício:
o Construção do edifício final já com casas de banho equipadas;
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
50
o Pisos adequados;
• Equipamentos necessários:
o Material para análise de movimento Humano;
o Material de recepção;
o Material para Balneários dos utilizadores primários e secundários.
o Material para sala de análise de dados;
o Material para sala de reuniões.
Após o levantamento de preços o valor do Investimento Corpóreo que é necessário realizar
para a construção da clínica é de 744 827.8€ (ver Anexo I)1.
2) É necessário saber o valor monetário absoluto que será gasto anualmente; ou seja, o valor
de custos anuais da clínica. Para tal é necessário incluir os seguintes parâmetros:
• Salários de todos os funcionários, nomeadamente:
o Secretárias;
o Médicos;
o Fisioterapeutas;
o Bioengenheiros;
o Director da Clínica;
• Despesas de electricidade;
• Despesas de água;
• Despesas de limpeza;
• Despesas de manutenção;
• Outras despesas (materiais limpeza e casa de banho, por exemplo).
Para estes dados, os custos anuais da clínica apresentam um valor de 212 000€ (17 667€ por
mês) (Anexo II).
1 A maioria das empresas de equipamento de análise biomecânica não disponibilizou o preço dos seus equipamentos. Porém uma empresa de cada equipamento, excepto para seguimento do movimento Humano, forneceu os preços do seu equipamento. Assim, a análise dos custos de equipamento foi realizada com base nos preços das organizações que os disponibilizaram e que se encontram no lote de equipamentos analisados no capítulo 3, bem como usando valores de [43].
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
51
3) Outro aspecto que é necessário ter em conta será o número de consultas/exames
realizados, bem como o estabelecimento de uma tabela de preços, de modo a se obter o valor
líquido de capital que efectivamente entra nas contas da clínica.
Estabelecendo um horário de atendimento da clínica das 9 às 20h semanalmente e das 9 às
13h ao sábado, e sabendo que cada consulta/avaliação terá a duração de 1h poder-se-á realizar
diariamente, durante a semana 11 análises clínicas e 11 análises desportivas, e ao sábado 4
análises de cada tipo.
Com a Lista de preços apresentada na Tabela 8, obtemos um valor líquido anual de entrada
de dinheiro na clínica de 490 880€.
Tabela 8: Preços oferecidos pela clínica.
Terminologia Preço
Avaliação Clínica 70€
Avaliação Desportiva 90€
De salientar que embora diferentes patologias tenham, por vezes, um grau de complexidade
diferente para a obtenção dos dados, pretende-se que todos os pacientes realizem todo o
processo de análise biomecânica do movimento (exame físico, captura e análise 3D do
movimento, EMG, análise de forças e pressões). Por consequência decidiu-se efectuar o mesmo
preço, independentemente da patologia a ser avaliada, só diferindo os preços da análise clínica da
desportiva.
4) Por fim, para a realização da análise de investimento é necessário ter em conta várias taxas
e um imposto:
• Taxa de juros de amortecimento do Investimento Corpóreo – a taxa de juros de
amortecimento para o Edifício e o Equipamento foi obtida com base no Decreto
Regulamentar n. 25/2009, de 14 de Setembro de 2009, e foi fixado em 5% para o edifício e
14.28% para o equipamento (Aparelhos de laboratório e precisão) [39].
• Taxa de Inflação anual – a adoptada para a análise do projecto foi ser de 2.2% (valor da
taxa anual divulgada para o mês de Dezembro de 2010 pela União Europeia) [40];
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
52
• Taxa correspondente ao investimento em Fundo de Maneio necessária – A finalidade do
Fundo de Maneio é a garantia do equilíbrio financeiro. Tendo em conta que nem todos os
pagamentos das consultas e avaliações efectuadas vão ser realizados na hora, pois no caso
das seguradoras esta possuem sempre um tempo de atraso (no meio industrial é comum o
pagamento das matérias-primas e serviços a 30, 60 ou 90 dias; o Estado costuma pagar a
cerca de 400 dias). Considerando um atraso de 3 meses, e sabendo que neste caso
concreto a ruptura de stocks não impede o normal funcionamento clínica, e que estes
devem ser pagos a pronto, fixou-se o valor de 25% sobre os custos anuais da clínica para o
Fundo de Maneio.
• Taxa de rentabilidade do projecto – apresenta um valor de 6.84%, e foi fixada com base
nos valores apresentados pela New York University, Leonard N. Stern School of Business,
para serviços médicos [41].
• Imposto – define o valor monetário que é necessário pagar às entidades competentes. O
Imposto (taxa efectiva de IRC), fixado em Portugal é de 22,5% [42].
Com os valores de Investimento Corpóreo, Custos anuais, Lucros anuais, Investimento
necessário em fundo de maneio, bem como com a taxa anual de amortização do investimento
corpóreo, e taxa de Inflação anual prevista de 2.2%, o imposto anual previsto para um estudo e
também a taxa de rentabilidade fixada para o projecto, o Valor Actual Liquido ao fim de 5 anos
calculado para este projecto é de 641 835.6€, com uma Taxa Interna de Rentabilidade de 28%
(cálculos fornecidos no Anexo III).
Com o Valor Actual Líquido obtido, pode-se considerar, que através dos dados idealizados
para a Clínica, esta apresenta viabilidade financeira. De referir que os cálculos foram efectuados
assumindo que a clínica terá a mesma afluência de clientes o ano inteiro e que esta será elevada
(melhor dos cenários), ou seja que a clínica funcionará a 100% durante todo o ano. No entanto, foi
calculado o mínimo Valor Anual Líquido de receitas que concede viabilidade à clínica e que é de
303 056€. Este valor corresponde ao funcionamento da clínica a 62% da sua capacidade máxima.
De referir que esta análise foi realizada para 5 anos, prazo de pagamento do Investimento
Corpóreo realizado para a construção da clínica. Embora nos anos que se seguem o Investimento
em fundo de Maneio tenda a aumentar (para esta análise foi de 25%), para manutenção de
equipamentos e possível troca por outros que surgirão e serão mais adequados, já não se realizará
a amortização do Investimento Incorpóreo, por isso os lucros irão seguramente aumentar
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
53
7. Plano de contingência
7.1. Introdução
Um plano de contingência, também chamado de plano de riscos, tem o objectivo de
descrever as medidas a serem tomadas por uma empresa para fazer com que seus processos vitais
voltem a funcionar plenamente, ou num estado minimamente aceitável, evitando assim uma
paralisação prolongada que possa gerar maiores prejuízos a corporação.
Para finalizar este projecto será apresentado um plano de contingência de carácter
económico, que deverá ser aplicado caso a clínica se encontre em declínio financeiro.
7.2 Plano de Contingência Económico
O declínio financeiro da clínica poderá ter origem em dois pontos: escassez de clientes ou
gastos avolumados/despropositados com manutenção e aquisição de equipamento.
Caso ocorra escassez de clientes é necessário repensar o modo de funcionamento da clínica.
Antes de mais deve-se tentar estabelecer novos protocolos com novas instituições, novos
hospitais públicos, hospitais privados que não possuam a especialidade e seguradoras de modo a
impulsionar a entrada de receitas na clínica.
A inserção de novos serviços a prestar pela clínica deverá ser repensado de modo a chamar
novos clientes. No entanto, é necessário pesar os custos/benefícios deste factor, pois novos
serviços levarão à necessidade de novo equipamento e possivelmente recursos, sendo necessário
estudar os benefícios financeiros desta solução.
A subida de preços também poderá ser uma forma de reverter o processo de declínio
financeiro, porém este parâmetro tem que ser bem estudado, de modo a que o aumento dos
preços não seja um factor de perda de clientes.
Caso os factores considerados não sejam suficientes, é preciso reconsiderar se para o número
de clientes existentes é viável o funcionamento de apenas um dos laboratórios de análise
biomecânica do movimento. Se sim, o equipamento de um dos laboratórios poderá ser vendido de
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
54
modo a obtenção de verbas. Deverá optar-se pela venda dos equipamentos do laboratório de
análise clínica (embora estes tenham um valor monetário inferior aos do laboratório de análise
desportiva), pois o laboratório de análise desportiva possui condições para realizar os dois tipos de
análise oferecidos pela clínica, o que não acontece com o laboratório de análise clínica. Se for
necessário poder-se-á recorrer ainda à venda de uma das duas plataformas de pressão e de força
(visto que existem duas de cada) do laboratório de análise desportiva de modo a libertar mais
verbas.
Visto que clínica possui, dois médicos, dois fisioterapeutas e dois bioengenheiros, distribuídos
entre dois laboratórios e uma sala de análise de dados, a falta de clientes e consequente
inutilização de um dos laboratórios torna este número de funcionários excessivo. A diminuição do
número de operários torna-se assim uma opção de contenção de custos necessária por parte da
clínica.
Caso os problemas financeiros da clínica tenham origem em gastos avolumados com
manutenção e aquisição de equipamento é preciso repensar se o equipamento utilizado é o mais
eficaz, ou proceder a troca de equipamento por outros modelos e/ou marcas que a curto/médio
prazo não necessitem de um investimento monetário em manutenção tão elevado como os
existentes na clínica. Esta alteração tem que ter em conta a qualidade de ambos os equipamentos
(o existente e o que o vai substituir) tentando manter os índices de qualidade do serviço
praticamente inalterados.
Em suma, embora as previsões financeiras apontem para o sucesso económico da clínica,
num projecto deste nível podem sempre aparecer condicionantes e aspectos que alterem todo o
seu bom funcionamento. O plano de contingência apresentado deverá permitir uma saída viável
em consequência de um declínio financeiro anunciado.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
55
8. Conclusões
Neste projecto foi realizado um estudo de todos os aspectos relevantes para a elaboração de
uma clínica do movimento Humano.
Foi realizado o levantamento das localizações mais aconselháveis e posterior escolha da zona
circundante ao Hospital S. João e IPO como o espaço ideal para a implementação da clínica. Os
equipamentos mais recomendáveis para equipar a clínica, bem como todas as normas, Decretos-
Lei e especificações técnicas que devem ser respeitados para a sua implementação foram também
analisados e especificados. De referir que todos estes aspectos são fundamentais para a criação de
um serviço de saúde de qualidade e excelência.
Este projecto também apresenta os aspectos legais necessários para a acreditação da clínica e
assim tornar exequível a sua construção, bem como entidades com as quais seria desejável o
estabelecimento de protocolos de modo a obtenção de potenciais clientes para a mesma.
No entanto, o sucesso da clínica passa pela viabilidade económica da sua construção, tendo
em conta os aspectos e assumpções teóricas descritas ao longo do projecto. A análise de
investimento do projecto considerando um período de 5 anos, provou que este é um projecto cuja
sua implementação é financeiramente viável.
Assim, com a informação contida neste documento, o leitor possui a informação necessária
para implementar uma Clínica de análise biomecânica.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
56
9. Referências
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professional bureaucracy. Health Policy, 2005. 74(3): p. 261-281. 5. Acquesta, F.M., Características dinâmicas de movimentos seleccionados do basquetebol.
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto: p. 174-182. 6. Paula, A.H.d., Teoria da análise biomecânica, através da observação visual. Revista Digital
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34. Nascimento, E.A.d., IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS: CONTRASTE ENTRE A NORMA E A PRÁTICA, Edna Almeida do Nascimento: Salvador.
35. referencia_cruzada. 36. BTS. BTS bioengineering. [consultado a 17-02-2011]; Disponível em:
http://www.btsbioengineering.com/. 37. ERS. Entidade Reguladora da Saúde. [consultado a 20-02-2011]; Disponível em:
http://www.ers.pt/. 38. Marques, A., Concepção e análise de projectos de investimento. 1988: Edições Sílabo. 318. 39. PricewaterhouseCoopers. Price WaterHouse Coopers. [consultado a 22-02-2011];
Disponível em: http://www.pwc.com/pt/pt/guia-fiscal-2010/IRC/taxas-depreciacao-amortizacao-fiscais.jhtml.
40. Europeia, C. [consultado a 22-02-2011]; Disponível em: http://ec.europa.eu/index_pt.htm. 41. Stern, N. New York University Leonard N. Stern School of Business. [consultado a 22-02-
2011];Disponível em: http://pages.stern.nyu.edu/~ADAMODAR/New_Home_Page/datafile/wacc.htm.
42. Simões, L., Corte de benefícios agrava taxa efectiva de IRC às empresas. Diário Económico, 2010.
43. Daniela Sofia S. Sousa, J.M.R.S.T., Análise de Soluções Comerciais para Seguimento e Análise da Marcha. 2008, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
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Anexo I Parâmetros Individuais do Investimento Corpóreo do Projecto.
Denominação Preço Observações Terreno
277950€
Preço estabelecido para 850 m2 de terreno (750 m2 necessários mais espaço envolvente) ao preço de 327€ (preço médio do m2 no conselho do Porto
Edifício 300000€ Valor baseado na avaliação de especialista em Engenharia Civil
Equipamento Material Informático
e de gestão 17000€ Computadores, Impressoras e Software de
gestão de recursos Humanos e Clientes Sala de análise clínica
38200€
Inclui: Simi Motion Basic + Capture DV + Data Analysis and Report + Data Force: Force Plate + Data Force: EMG + 3D Kinematics + Inverse Dynamics e Insole Measurements =~ 35000€ 3 DV câmaras + Simi I/O Box = ~ 3200€ (preço obtido em 2008) [43]
Sala de análise desportiva
107677.78€
Inclui: Plataformas de pressão footscan 3D Gait Scientific 0.5m e pressão footscan 3D Gait Scientific 1 m, 2 plataformas de pressão Modelo 9260AA, Sistemas EMG Trigno Hybrid Sensors 16 channels, Myomonitor Wireless EMG 16 channels, Bagnoli Desktop EMG System 16 channels = 93077.78€ (preços indicados pelas marcas) 9 DV câmaras + Simi I/O Box = ~ 96000 € (preço indicado em 2008) [referencia] Material desportivo: rede Voleibol e badminton, cesto basquetebol, barras assimétricas, barras paralelas =~ 5000€ (preço obtido à tabela actual) Nota: só é necessária uma licença de software, e o seu preço já está incluído no preço da sala de análise clínica
Material escritório 4000€ Inclui: secretárias, sofás, mesas, cadeiras, armários e bancos
Total 744827.8€
Projecto de uma clínica de análise biomecânica do movimento
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Anexo II Custos anuais a realizar pela clínica
Denominação Preço Observações Salários
Gestor Financeiro 24000€ Os salários dos médicos foram baseados num estudo sobre o ordenado dos médicos nos diferentes países da Europa, o dos Fisioterapeutas e secretárias pelo preço médio que um fisioterapeuta e uma secretária ganha em Portugal, mas não existem referências onde se encontre o ordenado médio de um Bioengenheiro.
Médico 1 24000€ Médico 2 24000€ Fisioterapeuta 1 13200€ Fisioterapeuta 2 13200€ Bioengenheiro 1 21600€ Bioengenheiro 2 21600€ Secretária 1 7200€ Secretária 2 7200€ Empresa Limpeza 18000€ Electricidade 12000€ Água 6000€ Outras despesas 20000€ Total 212000€
Proj
ecto
de
uma
clín
ica
de a
nális
e bi
omec
ânic
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mov
imen
to
60
An
exo
III
Anál
ise
do p
roje
cto
de In
vest
imen
to
Análise projecto Investimento - Clínica Análise Biomecânica do
Movimento
Ano
0
1
2
3
4
5
Inflação
2.2%
1.03
1.0609 1.092727 1.125509 1.159274
INVESTIM
ENTO
Terreno
2779
50
Edifício
300000
Equipamento
166877.8
Total
744827.8
Amortizações
Terreno
277950
Edifício
5%
15000
15000
15000
15000
15000
Equipamento
14.28%
23830.15 23830.15 23830.15 23830.15 23830.15
Custos
212000
218360 224910.8 231658.1 238607.9 245766.1
INVESTIM
ENTO FUNDO MANEIO
Necessidade
investimento
25%
54590 56227.7 57914.53 59651.97 61441.53
Investimento
54590
1637.7 1686.831 1737.436 1789.559 -61441.5
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
(+)Lucro Liquido
4908
80
505606.4 520774.6 536397.8 552489.8 569064.5
Proj
ecto
de
uma
clín
ica
de a
nális
e bi
omec
ânic
a do
mov
imen
to
61
(-)Amortizações
38830.15 38830.15 38830.15 38830.15 38830.15
(-)Custos
218360 224910.8 231658.1 238607.9 245766.1
Resultado antes de Impostos
248416.3 257033.6 265909.6 275051.7 284468.2
Imposto
22.50%
55893.66 57832.57 59829.65 61886.64 64005.35
Resultado Líquido
192522.6 199201.1 206079.9 213165.1 220462.9
Reconstituição dos Cash-flows
(+) Resultado Líquido
192522.6 199201.1 206079.9 213165.1 220462.9
(+) Amortizações
38830.15 38830.15 38830.15 38830.15 38830.15
(-) Investimento
744827.8
(-) Investimento em FM
Necessidades de FM
48130.65 49800.27 51519.98 53291.28 55115.72
Investimento
48130.65 1669.62 1719.708
1771.3 1824.439 -55115.7
(+) CF Residual
550677
CF
-792958 229683.1 236311.5 243138.8 250170.8 865085.8
WACC
6.84%
CF Actualizados
-792958 214978.6 207022.3 199366.7
192000 621426.5
VAL
641835.6
TIR
28%
TIRM
20%