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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO COMUNICAÇÃO SOCIAL: JORNALISMO Emanuelle Tronco Bueno Marianna Antunes Ruchiga PROJETO DE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA I Laços na maturidade: um documentário sobre a Casa do Idoso Marino Lovato Orientadora: Rosana Cabral Zuculo

Projeto de Comunitária I

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Emanuelle Bueno e Marianna Antunes

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANOCOMUNICAÇÃO SOCIAL: JORNALISMO

Emanuelle Tronco BuenoMarianna Antunes Ruchiga

PROJETO DE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA ILaços na maturidade: um documentário sobre a Casa do Idoso Marino Lovato

Orientadora: Rosana Cabral Zuculo

Santa Maria, RSNovembro/2010

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA COMUNIDADE

O projeto será desenvolvido no Município de Restinga Sêca, localizado na região

central do Estado do RS. A cidade interiorana possui, segundo dados atualizados do IBGE,

15.885 habitantes e está inserida na Quarta Colônia. Há maioria de descendentes italianos e

alemães no município, o que reflete também na realidade da instituição descrita a seguir e

onde o trabalho será executado: a Casa do Idoso Marino Lovato. A instituição não-

governamental atende 14 idosos, entre eles, homens e mulheres.

Fundada em Fevereiro de 2005, com apenas um hóspede, ela está localizada na Rua

Oswaldo Aranha, perto da estação de trem. A Casa não possui estrutura hospitalar, apenas

ampara os idosos com cuidados básicos. Aqueles que necessitam de maior atenção são

encaminhados para o hospital público da cidade.

Como o ambiente físico é pequeno são abrigados poucos idosos, e, portanto, o cuidado

afetivo se dá de forma satisfatória. Os 10 funcionários do local desempenham funções

diversas, ou seja, toda a equipe está treinada para dar banho, comida ou cuidados gerais.

A coordenadora da Casa, Ana Maria Borges de Borges dirige a instituição e é a única

responsável pelas finanças. Iracema Beatriz Leão e Regina Helena Santos Rodrigues são

responsáveis pela cozinha. Rosa Miguelina Oliveira, Daiana dos Santos Resende da Costa,

Teresa Lopes Paim, Cláudia Lopes Paim e Verônica Silveira fazem serviços de limpeza,

organização da casa e são responsáveis pela rouparia. A enfermeira Glaura Borges Potter e a

técnica de enfermagem Marcilene Machado são as únicas profissionais da saúde trabalhando

na Casa.

O local possui uma estrutura antiga, comprada e cedida pela Prefeitura Municipal de

Restinga Sêca. Os cinco quartos abrigam cerca de três idosos, exceto o quarto masculino, que

hospeda sete homens. O hóspede mais jovem da Casa tem 68 anos e o mais velho 96.

Entretanto, a faixa etária predominante na Casa está em torno dos 75 anos de idade. Todos os

moradores permanecem no local em tempo integral, somente o mais novo é levado até à igreja

a pedido do mesmo. Desta forma, podemos afirmar que a Casa constitui uma comunidade,

pois segundo R. M. Maclver & C. Page (1973) apud Peruzzo (2006 p. 9), “o que caracteriza

uma comunidade é que a vida de alguém pode ser totalmente vivida dentro dela”.

Cada morador da Casa possui características próprias e peculiares. Uma das idosas só

se comunica em alemão, e mesmo que entenda o português, só consegue ser compreendida

por uma das funcionárias que também fala seu idioma. Existem idosos que só se comunicam

por gestos e outros que estão debilitados e, por isso, não conseguem mais se fazer entender.

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Segundo a coordenadora da Casa, a maioria das famílias vai visitar os idosos, mesmo

que, algumas, com pouca frequência. Para sair da entidade, os familiares do morador precisam

assinar um termo de responsabilidade, já que na casa eles possuem uma rotina definida e

controlada, além de tomarem medicação com supervisão dos funcionários.

A cozinha é ampla e fechada após encerrar o expediente das funcionárias responsáveis,

portanto, os idosos dispõem de uma geladeira acessível com frutas e refrescos fora dela. Eles

possuem atendimento 24 horas e muitos se utilizam do “sininho” para solicitar algo.

As salas de estar e de jantar são equipadas com televisores e assentos confortáveis,

móveis estes, todos doados pela comunidade. O lazer fica completo com a pequena área verde

presente do lado de fora da casa. Nos quartos não há roupeiro, portanto a rouparia é bem

organizada em estantes com nome de dois idosos que ainda reconhecem seus pertences.

O banheiro é adaptado e amplo para um maior conforto e independência dos

moradores, pois cinco deles são cadeirantes. Os remédios, maior gasto da casa, são

armazenados na enfermaria junto com os aparatos médicos. O objetivo geral da casa é se

aproximar ao máximo daquilo que chamamos de “lar”.

Uma dificuldade do local é encontrar voluntariado na área da saúde. A fisioterapia é

reservada às famílias dos idosos que podem pagar pelo serviço. Para ter atendimento médico,

é necessário levá-los até o posto municipal ou, em caso de extrema necessidade, solicitar que

o médico se desloque até a Casa.

Parte da comunidade restinguense contribui ativamente com a instituição, visto que, há

grande quantidade de roupas e toda a mobília da Casa provém de doações. Além disso,

recentemente, foi realizada uma reforma para a construção da lavanderia no local, totalmente

executada pelos moradores. O piso e diversos materiais de construção também foram doados

pela população.

Na rotina da Casa, em horário de verão, a partir das 6h, enquanto os funcionários

fazem a limpeza dos cômodos, é realizada a higiene pessoal de todos os moradores.

Aproximadamente às 8h, é servido o café da manhã e às 11h o almoço. Após a refeição, os

idosos se recolhem para descansar até às 15h. O lanche da tarde é servido às 16h e a janta às

19h.

São repassados, pela Prefeitura Municipal, anualmente, 25 mil reais à Casa. Dos 14

moradores, dois deles têm melhores condições financeiras e, por isso, pagam dois salários

mínimos por mês para a instituição. Os demais contribuem com 510 reais, valor

correspondente a um salário mínimo. Para arrecadar mais fundos à instituição, são

promovidos, esporadicamente, eventos. Dentre eles, a Feijoada de Agosto, que acontece todos

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os anos. Porém, o maior lucro se dá com pedágios realizados no município, pois não há gastos

extras.

2. JUSTIFICATIVA

O projeto Laços na maturidade: um documentário sobre a Casa do Idoso Marino

Lovato, faz parte das disciplinas de Comunicação Comunitária I e II. Os idosos que vivem na

Casa possuem grande afeição pelo lugar e por seus companheiros. O documentário visa

mostrar a união existente entre eles e a satisfação que sentem em viver lá.

Ao se depararem com a solidão que se apresenta nesta fase da vida, muitos deles

tendem a procurar um lugar de apoio, onde, ao mesmo tempo, recebem cuidado e amor. Além

disso, podem desfrutar desta etapa com atividades, conversas, eventos e sem monotonia.

Desta forma, devemos ressaltar a importância do “comunitário”, que contribui, até

mesmo, segundo Peruzzo (2002), no processo de elaboração e re-elaboração de culturas

populares, auxiliando na formação da cidadania. A autora ressalta a característica de construir

e reconstruir valores, própria da participação popular.

“A participação popular é algo construído dentro de uma dinâmica de engajamento social mais amplo em prol do desenvolvimento social e que tem o potencial de, uma vez efetivada, ajudar a mexer com a cultura, a construir e reconstruir valores, contribuir para maior consciência dos direitos humanos fundamentais e dos direitos de cidadania, a compreender melhor o mundo e o funcionamento dos próprios de comunicação de massa.” (PERUZZO, 2002, p. 16).

A mobilização da comunidade restinguense para contribuir com a Casa é aparente.

Sempre que alguma reforma é necessária a população doa materiais e também executa o

trabalho de forma conjunta. Grupos como o Lions Clube, Rotary e Amor à Vida, mobilizam a

cidade para ajudar a instituição com as despesas.

Muitos restinguenses possuem certos pré-conceitos com a Casa, julgando de maneira

precipitada o local como um lugar de “descarte” e considerando que os idosos sejam mal

cuidados. Através do documentário será possível transformar opiniões errôneas, mostrando a

realidade, ou seja, o que realmente acontece na Casa.

O grupo utilizará documentário para tentar retratar de forma fiel e impactante o

verdadeiro sentimento dos moradores e a realidade em que vivem.

Literalmente, os documentários dão-nos a capacidade de ver questões oportunas que necessitam de atenção. Vemos visões (fílmicas) do

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mundo. Essas visões colocam diante de nós questões sociais e atualidades, problemas recorrentes e soluções possíveis. O vínculo entre o documentário acrescenta uma nova dimensão à memória popular e à história social. (NICHOLS, 2005, p. 27)

O documentário a ser produzido, segundo Nichols (2005), é de representação social.

Os documentários de representação social são o que normalmente chamamos de não-ficção. Esses filmes representam de forma tangível aspectos de um mundo que já ocupamos e compartilhamos. Tornam visível e audível, de maneira distinta, a matéria de que é feita a realidade social, de acordo com a seleção e a organização realizadas pelo cineasta. Expressam nossa compreensão sobre o que a realidade foi, é e o que poderá vir a ser. Esses filmes também transmitem verdades, se assim quisermos. Precisamos avaliar suas reivindicações e afirmações, seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos, e decidir se merecem que acreditemos neles. Os documentários de representação social proporcionam novas visões de um mundo comum, para que as exploremos e compreendamos. (NICHOLS, 2005, p. 26-27).

Cabe salientar a afirmação de Penkala (2008), que discorre sobre a prática jornalística

documentária: “a maior garantia de veracidade de um documentário é a prova de que alguém

(um sujeito jornalista, um cinegrafista, etc.) esteve presente diante dos acontecimentos”.

A partir da execução do projeto, a Casa do Idoso Marino Lovato poderá ser vista como

um “lar”. Já que, segundo Nichols (2005), “a voz do documentário é a maneira especial de

expressar um argumento ou uma perspectiva”. E, além dos moradores se enxergarem no

vídeo, como parte do projeto, eles serão apresentados à comunidade restinguense, e

vinculados, dentro do possível, à mídia regional.

A afirmação de Nichols “nos documentários encontramos histórias ou argumentos,

evocações ou descrições, que nos permitem ver o mundo de uma nova maneira” reforça o

poder que este documentário poderá ter, substituindo pré-julgamentos por afirmativas

verdadeiras e autênticas sobre uma realidade julgada erroneamente.

3. OBJETIVO GERAL

O grupo pretende produzir um documentário para televisão sobre a Casa do Idoso

Marino Lovato.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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- Através do documentário televisivo visamos registrar e mostrar para a comunidade a

realidade em que a instituição se encontra;

- Revelar a existência de laços de união entre os moradores e funcionários da Casa;

- Destacar os vínculos dos idosos com a instituição, assim como o comprometimento

da equipe que trabalha no local;

- Dar visibilidade à Instituição que necessita de mais voluntários.

4. METODOLOGIA

Pretende-se atrair e integrar o público através de uma produção audiovisual, com

participação dos idosos e a exibição deste documentário para a comunidade.

Os principais procedimentos a serem executados são:

1) Coletar opiniões e ouvir histórias dos moradores e funcionários da Casa

2) Captar imagens e depoimentos

3) Editar o vídeo

Para a exibição do documentário para a população, o grupo pretende organizar um evento

no município, em que será cobrado um valor simbólico de entrada e a importância arrecadada

será revertida para a Casa do Idoso Marino Lovato.

Uma filmadora e aparatos tecnológicos serão utilizados para a produção do documentário.

Para Nichols, (2005), os instrumentos utilizados em uma produção audiovisual são

importantes para revelar uma realidade.

Os instrumentos de gravação (câmera e gravadores) registram impressões (visões e sons) com grande fidelidade. Isso lhes dá valor documental, pelo menos no sentido de documento como algo motivado pelos eventos que registra. A idéia de documento é aparentada à idéia da imagem que serve como índice daquilo que a produziu. (NICHOLS, 2005, p. 64).

A técnica utilizada será a entrevista, que, para Lage (2008), pode ter três definições

diferentes.

A palavra entrevista é ambígua. Ela significa:a) Qualquer procedimento de apuração junto a uma fonte capaz do diálogo;b) Uma conversa de duração variável com personagem notável ou portador

de conhecimentos ou informações de interesse público;c) A matéria publicada com as informações de interesse para o público.

(LAGE, 2008, p. 73).

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Serão selecionados para participar do documentário, apenas idosos com capacidade de

comunicação clara. Os demais idosos aparecerão em imagens feitas do dia a dia da Casa.

Todas as etapas serão realizadas em conjunto pela dupla. Desde a execução das

entrevistas; captação de imagens até a organização do evento para a exibição do vídeo. A fase

de edição precisará de auxílio de profissionais capacitados.

5. CRONOGRAMA

MÊS ATIVIDADE

Novembro 2010 Visita à comunidade e planejamento do projeto

Dezembro 2010 Entrega e defesa do projeto

Março 2011 Execução do documentário televisivo

Abril 2011 Execução da parte escrita e termino do documentário televisivo

Maio 2011 Edição do documentário televisivo

Junho 2011 Entrega e defesa do projeto

6. REFERÊNCIAS

DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. São Paulo: Editora Campus,

2003. P. 315-331

LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio

de Janeiro: Editora Record, 2008. P. 73

NICHOLS, Bill Introdução ao documentário. São Paulo: Papirus Editora, 2005. P. 26-73

PENKALA, Ana Paula. Notícias de um documentário particular. Os sentidos de real em um

documentário brasileiro. In Em questão: POA. v.14, n.1, (p. 75-88) 2008. Disponível em

<http://www.seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/viewArticle/3141/3753>. Acesso em

23 nov. 2010.

PERUZZO, Cicília M. K. Comunicação Comunitária e Educação para a Cidadania.

Brasília: INTERCOM, 2006. Disponível em

<http://www.unifra.br/professores/downloads.asp?prof=rosana&prf=rosana>. Acesso em 23

nov. 2010.