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Projeto de pesquisa para a construção do Trabalho de Conclusão de Curso. Tem como obejtivo investigar possíveis aspectos da formação em valores, na séries iniciais.
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AUTARQUIA EDUCACIONAL DE AFOGADOS DA INGAZEIRA
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE AFOGADOS DA INGAZEIRA
DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
MARIA LUANARA BARROS E SILVA
A EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA ÉTICA: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS A PARTIR DOS ESTUDOS DE JEAN PIAGET
Afogados da Ingazeira
2015
AUTARQUIA EDUCACIONAL DE AFOGADOS DA INGAZEIRA
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE AFOGADOS DA INGAZEIRA
DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
MARIA LUANARA BARROS E SILVA
A EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA ÉTICA: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS A PARTIR DOS ESTUDOS DE JEAN PIAGET
Trabalho apresentado a disciplina Metodologia do Trabalho Acadêmico como requisito de avaliação sob regência do professor Charlington Alves Gomes.
Afogados da ingazeira
2015
SUMÁRIO
PROBLEMA 3
JUSTIFICATIVA 4
OBJETIVOS 5
METODOLOGIA.....................................................................................................................6
DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO 8
HIPÓTESES............................................................................................................................14
CRONOGRAMA....................................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 16
PROBLEMA
A educação é, portanto, um caminho privilegiado para a construção de valores éticos e
democráticos. Diante dos graves problemas sociais e morais presentes na sociedade atual não
se pode pensar em uma educação puramente técnica, esta seria insuficiente para formar
cidadãos capazes de pautar seus pensamentos e suas ações por princípios éticos e morais.
Nessa perspectiva, busca-se respostas a seguinte questão de pesquisa: Como os
professores viabilizam os recursos didático-metodológicos no desenvolvimento de trabalhos
voltados para a formação humana, tendo em vista a construção de personalidades éticas e
autônomas?
JUSTIFICATIVA
A escolha do tema: Educação e formação ética, centra-se na importância de se refletir
sobre uma nova pedagogia face às transformações do mundo contemporâneo. Uma pedagogia
que caminhe na direção da autonomia, que tenha como um dos seus principais objetivos a
formação ética dos alunos, pois é urgente que professores, diretores e coordenadores
entendam que a educação moral é uma necessidade premente nas escolas atuais.
A ética na matéria educativa não tem sido muito valorizada em nossa sociedade e até
mesmo na estrutura de nossas escolas. Sabe-se que de maneira indireta ou direta, os trabalhos
voltados para a formação humana e os métodos utilizados pelos professores, muitas vezes, são
desenvolvidos de forma desarticulada, inconsciente e incipiente. Portanto, na medida em que
a escola vai se tornando um espaço cada vez mais privilegiado para a educação das crianças,
ela terá de se transformar para recepcionar uma nova função social: a de ser, não apenas, um
lugar para escolarização, mas, sobretudo, o da formação humana e o da formação do sujeito
ético.
Contudo, cabe destacar que a importância de desenvolver essa pesquisa centra-se na
relevância científica e social do estudo, uma vez que pode contribuir consideravelmente para
a construção de novas metodologias e estratégias pedagógicas que tragam para o cotidiano das
salas de aula a preocupação com a educação em valores, a busca de soluções para os
problemas da esfera da vida pessoal e social, as possibilidades de discutir os conteúdos
científicos e culturais que são importantes para a formação ética dos educandos.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Investigar possíveis aspectos pedagógicos que conduzem o processo educativo para a
construção da autonomia ética da criança, tendo em vista as teorias da moralidade de Piaget.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Compreender o papel da ética na formação do caráter e da conduta, de forma a
proporcionar às crianças a construção da autonomia;
Conhecer os procedimentos da educação moral segundo Piaget;
Avaliar as possíveis ações pedagógicas que favorecem a construção da autonomia
ética;
Analisar de que forma os educadores estão atuando na formação moral e ética de seus
alunos;
Investigar as interconexões entre a teoria moral de Piaget e a prática pedagógica dos
professores.
METODOLOGIA
A trajetória da pesquisa se dará por meio da abordagem qualitativa, com o intuito de
estabelecer uma maior aproximação com o ambiente de estudo, tendo-o como fonte direta dos
dados para a investigação e compreensão das estratégias e mediações pedagógicas que
contribuem para a formação de uma cultura escolar pautada na construção de valores éticos e
democráticos. Portanto, os dados a serem coletados nesta pesquisa serão descritivos,
retratando o maior número possível de elementos existentes na realidade estudada.
Tendo em vista a construção de conhecimento sobre os aspectos da realidade a ser
investigada, adotar-se-á a pesquisa de campo, pois esta permitirá a obtenção de dados sobre o
objeto de estudo. Assim, será realizado práticas de observação em salas de aula do ensino
fundamental I, para analisar as ações pedagógicas que revelam, de forma explícita, o
posicionamento do educador em situações controvertidas do ponto de vista moral e o seu
comprometimento pessoal com a formação ética das crianças.
Além disso, para fundamentar a temática em estudo e construir hipóteses, de forma a
atingir maior veracidade possível na problemática a ser estudada, se realizará a pesquisa de
cunho bibliográfico, a qual será desenvolvida através de livros e artigos científicos
disponibilizados na internet. A fundamentação teórica será desenvolvida a partir de
abordagens filosóficas, das literaturas atuais sobre psicologia, sociologia e educação moral,
lastreando-se principalmente nas obras de grandes estudiosos que discutem o tema como
Piaget, Yves De La Taille, Kant, Durkheim, Nichesth, entre outros.
As técnicas de pesquisa que poderão viabilizar a obtenção dos objetivos pretendidos
são:
Estudo bibliográfico- Na pesquisa teórica será feito o estudo das principais obras de
Jean Piaget, assim como de outros autores que abordam o tema; durante a investigação
dos referenciais teóricos serão utilizados fichas de leitura que facilitarão a organização
das informações obtidas, além de permitir o fácil acesso aos dados fundamentais para
a construção do trabalho;
Observação- As observações serão realizadas nas salas de aula de ensino regular, com
a finalidade de conhecer e investigar os possíveis aspectos da mediação pedagógica
nos trabalhos voltados para a dimensão ética e moral das crianças. Dessa maneira, será
elaborado, antes da observação, um mapa para registrar e descrever os fenômenos que
interessam a temática em estudo.
Questionário e entrevista semiestruturada- Para discutir a proposta de trabalho
propriamente dita e a relevância da ética como tema transversal na educação, será
elaborado um questionário aberto que dê enfoque a aspectos da atuação profissional e
às ações pedagógicas adotadas pelos docentes; além disso, será feito uma entrevista
semiestruturada que terá como sujeito professores do ensino fundamental I, com a
finalidade de obter informações acerca das suas concepções e práticas.
DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO
Chauí (1997), define que o termo ética se origina do sentido grego Ethos, que
significa, caráter, índole natural, temperamento. A ética enquanto filosofia moral ancora-se na
intencionalidade da ação, na reflexão, e problematização dos valores morais. Portanto, viver
sob parâmetros éticos, na opinião da autora, requer a autonomia da vontade e integridade nas
relações coletivas.
Pensar a moralidade hoje é uma tarefa complexa e um pouco arriscada, porém é uma
aventura cada dia mais urgente e necessária. O estudo da ação ética na matéria educacional
deve ser inseparável na discussão sobre a vida justa. Viver uma vida justa é a finalidade do
sujeito considerado moral, aquele que toma decisões deliberadamente, que conhece a
diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e injusto, enfim, aquele que busca
uma vida digna pautada em valores éticos, visando sempre o bem comum.
De acordo com o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ética trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta predefinida. É preciso, portanto, ter claro que não existem normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A ética é um eterno pensar, refletir, construir. E a escola deve educar seus alunos para que possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos para pensarem e julgarem. (2000, p.50)
Nessa perspectiva, o tema ética tornou-se central na reflexão pedagógica da
atualidade; as escolas, os professores almejam uma educação para a cidadania, para a paz, a
autonomia ética, o respeito mútuo, a cooperação, a justiça e a solidariedade. A educação,
nesse contexto, é um caminho privilegiado de intervenção, com condições de atuar ativamente
na construção de valores éticos e democráticos por parte dos agentes sociais, objetivando, por
fim, uma vida virtuosa, justa e feliz. No entanto, os professores, ainda, encontram-se
“perdidos” na construção de um trabalho voltado para a formação humana. A ética e a moral,
portanto, ficam limitadas a um mero plano teórico-conceitual, pois os educadores não têm
consciência da implicação prática desses dois termos como opções pedagógicas.
Para se aproximar deste campo interdisciplinar e multifacetado, optou-se por uma
reflexão sobre a ética, tendo em vista as teorias da moralidade de Jean Piaget1. De fato, Piaget 1 Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça no dia 9 de Agosto de 1896 e faleceu em Genebra em 17 de setembro de 1980. Foi um grande biólogo, epistemólogo e psicólogo, estudou a evolução do pensamento até a
não é um educador no sentido de ser um autor que se debruçou sobre questões relativas à
pedagogia. Entretanto, nos deixou alguns pensamentos sobre o tema que, por sua vez,
refletem na realidade educacional nos dias atuais e que são objetos de estudo de muitos
pesquisadores, sociólogos, psicólogos e pedagogos.
No campo da moralidade Piaget trouxe uma grande contribuição com seus estudos
sobre o desenvolvimento do juízo moral na criança. Com base em suas pesquisas
epistemológicas vários escritos expuseram seus pensamentos e suas ideias a respeito de
educação intelectual e moral. As duas obras que marcaram a carreira do epistemólogo, no
âmbito da moralidade, foram: Os procedimentos da educação moral e O juízo moral na
criança2, sendo a última uma obra completa sobre a moralidade infantil, onde o autor relata
todas as suas experiências, os aspectos metodológicos utilizados na pesquisa, bem como os
resultados adquiridos.
As teorias da moralidade foram construídas a partir de um estudo empírico, com a
finalidade de investigar o desenvolvimento da consciência moral da criança até a sua vida
adulta. Com esse objetivo, Piaget e seus colaboradores, realizaram a observação de jogos
infantis, dialogaram com um grande número de crianças das escolas de Genebra e de
Neuchâtel, e com elas discutiram e conversaram a respeito dos problemas morais. Foi assim
que o pesquisador desenvolveu suas teses sobre a forma pela qual as crianças constroem e
reconstroem as regras sociais e morais da sociedade em que vivem.
A partir de suas pesquisas e reflexões sobre a moralidade infantil, Piaget constatou que
há nas crianças duas morais, uma seria a moral da coação; a outra a moral da cooperação. Em
sua obra Os procedimentos da educação moral, podemos analisar os seguintes conceitos
dados pelo autor:
A moral da heteronomia e do respeito unilateral parece corresponder à moral das prescrições e das interdições rituais (tabus), próprias das sociedades ditas “primitivas, nas quais o respeito aos costumes encarnados nos anciões prima sobre toda manifestação da personalidade. A moralidade da cooperação, ao contrário, é um produto relativamente recente da diferenciação social e do individualismo que resulta do tipo “civilizado” de solidariedade. (PIAGET, 1930, p.9)
adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Como epistemólogo, investigou o processo de construção do conhecimento. 2 O juízo moral na criança, datada de 1932, é considerada a obra mais marcante de Jean Piaget sobre o problema ético. O livro resultou de longa pesquisa, com vários colaboradores. Nele, o método clínico, típico dos trabalhos de Genebra, toma feição especial, que marcará a pesquisa subsequente nessa área: pequenas histórias envolvendo conflitos de ordem moral são relatadas aos pequenos, em seguida convidar a dar suas opiniões e a emitir juízos de valor sobre os eventos.
As duas tendências morais definidas pelo autor fazem parte do processo de
desenvolvimento do juízo moral do indivíduo e que a evolução de uma sobre a outra
dependerá das relações sociais e do meio o qual a criança ou o adulto estão submersos.
Portanto, com base nos conceitos de Piaget, a moral da heteronomia é externamente orientada,
ou seja, é através da relação de coação que o sujeito respeita as regras sociais que lhes são
impostas, deixando ser governado por outrem. A outra tendência moral é a da autonomia ou
da cooperação que é internamente orientada. Quando o indivíduo decide certas regras, normas
e age de acordo com um princípio ético por vontade própria, independentemente das relações
externas e das consequências que estas podem causar, ele estará sendo autônomo.3
A autonomia ética, diz Piaget, é uma conquista possível para todos nós seres humanos,
porém é algo que deve ser construído e a educação seria, portanto, o caminho privilegiado
para formar uma personalidade autônoma. Corroborando com o que Piaget coloca em sua
obra, Kant faz a seguinte afirmação:
A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aparelhada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guie toda a humana espécie a seu destino. (1999, p.19)
Analisando esse trecho, podemos dizer que Kant reconhece o valor e a importância da
educação no progresso do homem. Os seres humanos precisam ser educados, uma vez que
somos seres inclinados à liberdade e, portanto, precisamos passar por um processo educativo
para polir a brutalidade que se faz presente em todos nós. O autor afirma, também, que a
espécie humana nasce com disposições para o bem e que elas não estão prontas. Tais
disposições só podem ser desenvolvidas através de uma sólida formação ética.
Ainda sobre o pensamento kantiano, é válido colocar uma afirmação feita pelo o autor
em sua obra Sobre a pedagogia: “Não se deve educar as crianças segundo o presente estado
da espécie humana, mas segundo um estado melhor, possível no futuro, isto é, segunda ideia
de humanidade e da sua inteira destinação.” (KANT, 1999, p.22). Para o filósofo, as novas
gerações devem pensar a educação sempre como um ideal e não limitar-se a realidade vigente.
Isto significa que nós, educadores, devemos orientar a educação tendo em vista um melhor
estado da espécie humana no futuro. Todavia, faz-se necessário levar em consideração o que a
3 A palavra autônomo vem do grego: autos (eu mesmo, si mesmo) e nomos (lei, norma, regra). Aquele que tem o poder para dar a si mesmo a regra, a norma, a lei é autônomo e goza da autonomia ou liberdade. Autonomia significa autodeterminação.
humanidade já produziu, pois é dever do educador aproximar o aluno da cultura e do saber
historicamente construído.
Tendo como base os princípios da pedagogia kantiana e relacionando-os com a
realidade a qual estamos vivendo, não podemos pensar em uma educação mecânica, esta seria
insuficiente para a construção de personalidades autônomas aptas à cooperação. Precisa-se,
então, pensar em um modelo educacional que não se limite a nenhuma dimensão particular,
mas que inclua todas as facetas humanas, bem como a aprendizagem ética que cada uma delas
supõe. Segundo Puig (2010), a aprendizagem ética pressupõe quatro tópicos que devem fazer
parte da conduta humana: aprender a ser, aprender a conviver, aprender a participar e
aprender a habitar o mundo.
A ideia de ética definida por Piaget é a da reciprocidade; o sujeito só alcança a
autonomia ética a partir da interação com outros indivíduos e essa interação não pode
acontecer de forma unilateral, nem coercitiva. No seio familiar, é possível perceber um
modelo educacional baseado na coerção e no respeito unilateral da criança pelos pais o que,
por sua vez, contribui para a heteronomia.
Mesmo numa educação liberal, nas relações sem coação entre pais e filhos, é claro que se pode introduzir cada vez mais, com o desenvolvimento, o respeito mútuo (...); mas é muito difícil fazer a criança esquecer que, no pano de fundo, há sempre a autoridade que pode reaparecer, mesmo se há esforços para fazer esquecer. Há sempre um fundo de respeito unilateral porque há uma óbvia desigualdade de fato. (PIAGET4, apud Yves De La Taille, 1999, p.154)
Na família, a heteronomia é inevitável. De um lado, porque a entrada da criança no
mundo moral a obriga passar por essa fase, uma vez que para alcançar a autonomia faz-se
necessário vivenciar a moral heterônoma a qual é externamente orientada, onde agimos
pensando nas consequências externas. De outro, porque a própria estrutura familiar, com sua
hierarquia, define os papéis: os que mandam (pais) e os que obedecem (filhos).
Pensemos agora na escola, enquanto instituição socializadora e pluricultural: ela não
pode limitar-se a reproduzir a mesma assimetria que acontece no seio familiar. Nas salas de
aula, as crianças devem ser estimuladas para a cooperação, porque é a partir da relação entre
iguais que é possível passar da fase heterônoma para a autonomia. A educação, nesse
contexto, é um caminho privilegiado para trabalhar as dimensões éticas e morais do indivíduo.
Para isso, as instituições de ensino precisam estar comprometidas com a formação dos
educandos, propondo práticas que levem ao respeito mútuo, recíproco e simétrico.
4 PIAGET, J. Les relations entre l’affectivité et l’ intelligence dans le développement mental de l’ enfant. Paris, Centre de Documentation Universitaire, 1954.
Nesse sentido, para formar uma nova geração que seja capaz de sentir, agir de modo
justo, solidário e honesto, não basta apenas reproduzir ideias e conteúdos de um modelo
educacional conformista. As escolas, hoje, não podem apenas escolarizar, sua função social
vai além das “quatro paredes da sala de aula”. Vale dizer, que o papel da escola não pode
limitar-se unicamente aos conteúdos técnicos e científicos. Por essa razão, a reflexão sobre as
diversas faces da conduta humana deve fazer parte dos objetivos maiores da escola, uma vez
que esta também é responsável pela formação ética e moral dos alunos. Dessa maneira, na
construção da autonomia da consciência, o professor, enquanto mediador e facilitador da
aprendizagem, não pode realizar uma prática educativa longe de uma rigorosa formação ética.
A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita à distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética (...) É por isso que transformar a experiência em puro treinamento técnico é amesquinhar que há de fundamentalmente de humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 1996, p.16)
Freire, em sua obra Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica
educativa, nos apresenta a ética como uma das principais exigências no exercício educativo.
Seria impossível, na sua opinião, educar sem uma rigorosa formação ética. Para isso,
precisamos de professores formadores que se envolvam com a educação, respeitando a
natureza humana e mostrando aos seus alunos o verdadeiro caminho para alcançar uma vida
justa e feliz.
Partindo do pressuposto de que ensinar exige ética, pode-se dizer que a figura do
professor na sala de aula é uma grande influência para o aluno, no que diz respeito à sua
maneira de se comportar diante das situações controvertidas do ponto de vista moral, os
métodos pedagógicos utilizados para direcionar as atividades que valorizam o trabalho
coletivo, bem como a sua forma de se relacionar com os alunos. Estes seriam, portanto, alguns
fatores que possibilitam o aluno a desenvolver a autonomia ética.
Piaget afirma que a criança desenvolve a consciência moral a partir de “métodos
ativos” e não por um modelo de educação tradicionalista o qual defende Durkheim.
Do ponto de pedagógico, por consequência, onde veríamos, na “escola ativa”, o self-government e a autonomia da criança, o único processo de educação levando à moral racional, Durkheim defende uma pedagogia que é um modelo de educação tradicionalista e conta com métodos fundamentalmente autoritários, apesar de todas as restrições que impôs, para atingir a liberdade interior da consciência. (PIAGET, 1994, p.254)
A pedagogia moral de Durkheim fundada na autoridade prioriza a disciplina como o
único caminho para levar a criança a desenvolver o juízo moral. Para o sociólogo, formar
cidadãos autônomos e livres é dever da família, da escola e das demais instituições sociais.
Para isso, a educação precisa passar, primeiramente, pela moral unilateral, isto é, quando as
regras são recebidas de fora e impostas por meio da coação adulta; a criança só alcançará a
moral da cooperação através da autoridade.
Piaget concorda com Durkheim quando diz que para alcançar a autonomia é preciso
que a criança passe pela moral heterônoma, porque em uma das fases do desenvolvimento
moral é natural que isso aconteça. Porém, valoriza a “escola ativa” que baseia-se na ideia de
que os conteúdos a serem ensinados à criança não devem ser impostas de fora, mas
redescobertas pela criança por meio de uma investigação e de uma atividade espontânea.
Portanto, a escola constitui um meio próprio para que as experiências morais sejam realizadas
pelas crianças.
Contudo, as reflexões de Piaget sobre a educação moral são bem vindas para o cenário
educativo porque mostra como as crianças ainda em tenra idade desenvolvem a moralidade. A
partir das reflexões piagetianas podemos, também, apender como é possível construir um
ambiente de cooperação e de solidariedade, tão necessários para o desenvolvimento do juízo
moral da criança. Portanto, entende-se que são as ações pedagógicas que conduzem o
processo educativo; por isso, a educação moral e a formação ética enquanto construções
dialógicas, dependem de uma pedagogia da autonomia, no sentido de que esta proporcione
situações que levem os alunos a interagir e conviver com os outros, num sistema de
cooperação e reflexão crítica.
HIPÓTESES
Tendo em vista o desenvolvimento da moralidade infantil como um fator que depende
das relações externas ao indivíduo, faz-se necessário que o professor crie um ambiente de
aprendizagem cooperativo, onde as experiências coletivas favoreçam e estimulem o educando
a desenvolver a autonomia ética. Para isso, os recursos didático-metodológicos devem ser
viabilizados, de forma que o professor construa uma prática pedagógica que inclua todas as
facetas humanas. Uma prática que considere os principais âmbitos da experiência individual e
social do indivíduo, bem como a aprendizagem ética que cada um deles supõe. Nesse sentido,
é preciso criar situações de aprendizagem que busquem garantir aos alunos o
desenvolvimento das capacidades necessárias à construção de um conhecimento pautado em
valores éticos e democráticos. Tais situações devem ser, portanto, captadas e refletidas pelos
alunos.
Assim, existem vários caminhos que possibilitam o trabalho a ser realizado na escola:
a discussão sobre os dilemas existenciais presentes na esfera da vida pessoal e social; a
utilização do diálogo como um instrumento de comunicação coletiva de ideias na busca para a
solução de problemas; a elaboração de projetos pedagógicos que busquem tratar as diversas
áreas e temas transversais, incluindo a ética; proporcionar atividades coletivas para que os
alunos possam enfrentar os conflitos do grupo; evidenciar os conteúdos atitudinais presentes
nas outras disciplinas e, por fim, buscar modelos educativos dialógicos, pautados nos valores
da democracia, da justiça e solidariedade. Estas são possíveis ações pedagógicas que precisam
ser articuladas com a família e com a comunidade na qual vive a criança, de forma que tais
preocupações não fiquem limitadas ao espaço escolar.
CRONOGRAMA
ATIVIDADES 2015.2 2016.1 2016.2
Pesquisa bibliográfica X X
Organização das fichas de leitura X
Leitura do artigo: Os procedimentos da educação moral de Piaget
X
Pesquisa de campo: realização das observações nas salas de ensino regular
X
Leitura do livro: “o juízo moral na criança” Piaget X
Realização dos métodos para a recolha de dados (Questionários e entrevistas semiestruturadas)
X
Escolha dos tópicos e subtópicos para construção do trabalho
X
Elaboração teórica do 1º capítulo do TCC X
Leitura dos livros: Educação moral (Émile Durkheim) e Sobre a pedagogia (Piaget)
X
Pesquisas de artigos e livros que abordam a temática em estudo
X
Construção dissertativa do 2º capítulo X
Leitura dos livros: Nos labirintos da moral (Cortella e Yves de La Taille) e Construção da personalidade moral (Puig)
X
Desenvolvimento temático do 3º capítulo X
Redação final X
Análise do trabalho elaborado X
Apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso X
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia – São Paulo – SP: Editora Ática, 1997.
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LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente.13.ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MARTÍN GARCIA, Xus. As sete competências básicas para educar em valores/ Xus Martín García, Josep Maria Puig; [revisão técnica Valéria Amorim Arantes; tradução Óscar Curros]. - São Paulo, 2010.
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