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Projeto: Empresa de Confecção do Futuro Entrega 1 Conceituação da Empresa de Confecção do Futuro Florianópolis, Março de 2015.

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Projeto:

Empresa de Confecção do Futuro

Entrega 1

Conceituação da Empresa de

Confecção do Futuro

Florianópolis, Março de 2015.

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Sumário

1. Apresentação do Projeto ................................................................... 5

2. Visão Geral do Conceito da Fábrica do Futuro .................................. 7

3. Desafios na Implantação da Produção em Massa Personalizada ..... 9

3.1 Definição do Espaço de Solução ......................................................... 10

3.2 Definição da Estratégia de Atuação no Mercado .................................. 17

3.3 Assertividade do Consumidor ............................................................. 19

3.4 Padronização dos Tamanhos de Roupa .............................................. 20

3.5 Desenho da Cadeia de Abastecimento ................................................ 24

3.6 Sistema Integrado de Informação ...................................................... 24

3.7 Sistemas de Manufatura Flexíveis/ Reconfiguráveis ............................. 25

4. Sistemas de Manufatura ................................................................. 25

4.1 Sistema de Manufatura Flexível (SMF) ................................................ 25

4.2 Sistema de Manufatura Reconfigurável (SMR) .................................... 29

5. Sistemas de Gestão ......................................................................... 33

5.1 STP – Sistema Toyota de Produção .................................................... 33

5.1.1 JIT – Just-in-Time ........................................................................................ 34

5.1.2 Kaizen .......................................................................................................... 34

5.1.3 Jidoka ........................................................................................................... 36

5.2 Lean ................................................................................................ 38

5.3 Gerenciamento da Qualidade Total (GQT) .......................................... 39

5.4 Técnicas de Gerenciamento ............................................................... 41

5.4.1 Gerenciamento da Rotina ............................................................................. 41

5.4.2 Gerenciamento pelas Diretrizes ................................................................... 41

5.4.3 Gerenciamento para o Crescimento do Ser Humano ................................... 41

6. Iniciativas Convergentes e ferramentas desejáveis ....................... 43

6.1 Manufatura Avançada ou Indústria 4.0 ............................................... 43

6.2 Tecnologia de Informação e Comunicação .......................................... 48

6.2.1 ERP .............................................................................................................. 48

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6.2.2 MES ............................................................................................................. 49

6.2.3 Sistemas de Rastreabilidade ......................................................................... 49

6.2.4 Plant Information Management Systems (PIMS) ........................................ 51

6.2.5 O desafio da Intercambiabilidade................................................................. 52

6.3 Softwares Específicos ........................................................................ 53

6.3.1 Programas de Modelagem 3D ...................................................................... 53

6.3.2 Programas de Gerenciamento da Vida do Produto ...................................... 54

6.3.3 Equipamentos de Digitalização e Medição Corporal Automática ............... 56

6.3.4 Avatares Personalizados............................................................................... 62

6.3.5 Provador Digital ........................................................................................... 64

7. Avanços Tecnológicos em Confecção .............................................. 66

7.1 Sistemas para Armazenagem Automática ........................................... 66

7.1.1 Sistema Automático de Armazenamento e Recuperação............................. 67

7.1.2 Carrosséis Horizontais ................................................................................. 68

7.1.3 Carrosséis Verticais ...................................................................................... 69

7.2 Impressão em Tecido ........................................................................ 70

7.3 Automatização da Costura ................................................................. 72

7.4 Movimentadores e manipuladores ...................................................... 79

8. Conceito da Fábrica de Confecção do Futuro .................................. 84

8.1 Excelência na Governança da Empresa ............................................... 85

8.2 Comprometimento da Alta Gestão com a Melhoria Contínua ................ 85

8.3 Valorização dos Recursos Humanos ................................................... 86

8.4 Criação de Diferencial Competitivo ..................................................... 86

8.4.1 A Segmentação dos Clientes ........................................................................ 86

8.4.2 A Definição da Proposta de Valor ............................................................... 87

8.4.3 Valorização da Marca .................................................................................. 89

8.4.4 Estabelecimento dos Canais de Interface com o Consumidor ..................... 89

8.4.5 Time to Market ............................................................................................. 91

8.4.6 Acompanhar os avanços tecnológicos ......................................................... 93

8.5 Conceito do Sistema de Produção ..................................................... 101

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8.6 Estrutura Organizacional Básica e Macro Fluxo de Informação ............ 101

8.6.1 Interação entre Clientes e Desenvolvimento e Criação.............................. 102

8.6.2 Interação entre INP e Desenvolvimento e Criação .................................... 103

8.6.3 Interação entre INP e Manufatura .............................................................. 104

8.6.4 Interação entre Comercial, Programação e Manufatura ............................. 105

8.6.5 Integração Almoxarifado, Manufatura e Expedição .................................. 106

8.6.6 Fluxo Externo de Informações, Materiais e Produtos ................................ 107

8.6.7 Integração entre a Manufatura e a Garantia da Qualidade ......................... 108

8.6.8 Integração entre Capacitação, Manufatura e Qualidade ............................ 109

8.6.9 Monitoramento e Gestão Visual ................................................................ 110

8.7 Conceito Básico da Linha de Produção .............................................. 111

8.7.1 Sala de Corte .............................................................................................. 112

8.7.2 Células de Costura e de Pós-Produção ....................................................... 115

8.7.3 Estoque de Produto Acabado ..................................................................... 117

9. Conclusão ...................................................................................... 119

10. Referências Bibliográficas ........................................................... 120

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1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO

O projeto de Conceituação e Estudo de uma Fábrica de Confecção do

Futuro, idealizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI

em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção – ABIT

visa dar continuidade aos trabalhos relacionados ao fortalecimento da indústria

Têxtil e de Confecção brasileira. Especificamente, sobre o elo de confecção,

este é reconhecidamente um dos mais importantes e já foi alvo de diferentes

estudos relacionados à atividade do setor e de análises estratégicas para

garantir sua competitividade no futuro. O Estudo Prospectivo da cadeia Têxtil e

Confecção Brasileira, realizado pelo SENAI/CETIQT é um dos mais recentes e

completos estudos que retratam o estado atual da cadeia, bem como as

principais rotas estratégica e tecnológica idealizadas para o setor. Na sua

continuidade, a definição da Visão 2030 já aponta diversas características

essenciais às quais o elo de confecção necessita investir, tais como:

customização em massa, automatização de etapas de produção e utilização de

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para integração da cadeia.

Além destas, uma nova visão no tocante aos processos de produção é

necessária.

Assim, o objetivo deste projeto é desenvolver um Estudo de

Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) de uma “Empresa de Confecção do

Futuro”, alinhado com as principais características já evidenciadas em trabalhos

e grupos de estudo do setor, a fim de contribuir com a construção de uma

estratégia competitiva para as cadeias de têxteis e de confecção brasileiras num

horizonte de médio e longo prazo. Este trabalho será principalmente marcado

pela conexão às redes de inovação, atuação global, gestão profissionalizada,

agregação de valor por inserção tecnológica e processos industriais de menor

impacto ambiental. Assim sendo, propõe-se construir ao longo do projeto um

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modelo de negócios com conceitos inovadores que deverá ser uma referência

aos empresários do setor.

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2. VISÃO GERAL DO CONCEITO DA FÁBRICA DO FUTURO

De uma maneira geral, a primeira etapa deste projeto, de

conceituação da Fábrica de Confecção do Futuro irá analisar as principais

dificuldades e desafios que a indústria de confecção enfrenta para atender às

novas demandas do mercado e quais os conceitos nos quais pode se basear de

modo a garantir a sua sobrevivência num momento futuro.

Como principais características já estudas e identificadas no contexto

brasileiro e mundial, a Confecção do Futuro preconiza:

• Customização em massa;

• Qualidade do produto certificada;

• Vendas pela internet;

• Integração mercadológica na cadeia de valor apoiada em

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC);

• Gestão profissionalizada;

• Rápido tempo de resposta (time to Market).

Dentro desta visão, serão abordados conceitos de produção em

massa e suas principais características, os diferentes sistemas de manufatura,

quais os sistemas mais adequados à produção de vestuário e sistemas de

gestão da produção de modo a garantir um controle de alto nível. Também

serão abordadas iniciativas convergentes para avanços tecnológicos com foco

na produção, na confecção e finalmente, a conceituação da fábrica de

confecção do futuro, detalhando seus preceitos, modelo de negócio e modelo

produtivo.

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Ao final desta etapa do projeto, teremos a conceituação de uma

empresa que visa provocar rupturas inovadoras em modelo de negócios,

produtos, processos e gestão.

Este documento será a base para o desenvolvimento de um estudo

de viabilidade técnica e econômica para uma unidade fabril que utilizará estes

conceitos, a ser executado em uma etapa próxima deste projeto.

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3. DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO EM MASSA

PERSONALIZADA

Como já apresentado em diversos estudos, inclusive no trabalho de

Visão 2030 para o setor têxtil e de confecção, desenvolvido pela ABIT/CETIQT,

as mudanças nas demandas de produtos confeccionados tem apresentado cada

vez mais componentes de personalização em massa. Esta visão também é

compartilhada pela ABDI, observando que cada vez mais, os diferentes canais

de vendas permitem aos consumidores a comparação entre produtos e

demandem produtos customizados.

Do ponto de vista do gerenciamento estratégico, a personalização

em massa é uma estratégia de diferenciação, seja de um produto, de uma

marca, de um serviço. A origem da estratégia remonta a uma frase formulada

por Edward H. Chamberlin, que externou que os consumidores usufruem mais

de um produto adaptado às suas necessidades (produto personalizado) do que

do melhor produto “padronizado”. Embora a tese básica tenha sido formulada

na década de 60, foi somente na década de 80 que o termo “personalização em

massa” foi cunhado. Em constante evolução desde seu surgimento, atualmente

o significado da personalização em massa se tornou mais abrangente,

envolvendo o projeto, a fabricação, a distribuição e a entrega dos produtos, se

convertendo, consequentemente, em algo mais complexo. Diante das

mudanças no foco de interesse dos consumidores e do aumento da

concorrência internacional, no futuro os sistemas de produção em massa

baseados nas Linhas de Produção Dedicadas (LMD) não conseguirão mais

satisfazer fabricantes e consumidores. Em um cenário onde o cliente tem a

opção de configurar o seu produto, um Sistema para a Produção Personalizada

em Massa (SPPM) poderá almejar satisfazer tanto fabricantes quanto

consumidores, fornecendo um produto personalizado a preços e prazos

compatíveis ao dos produtos “padronizados”.

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Embora em alguns segmentos industriais as iniciativas voltadas à

personalização em massa já tenham se iniciado há mais de uma década, o

caminho para tornar esta estratégia operacional nas empresas de confecção

não se constituirá em tarefa fácil. Primeiro, pelo fato do conceito geral de

personalização em massa ainda estar em evolução. Em segundo lugar, porque

o conceito precisa ser trabalhado levando em consideração o ambiente em que

a empresa opera e as características do produto a ser comercializado. Por fim,

muitos dos equipamentos e sistemas necessários à efetiva implantação da

tecnologia ainda se encontram em desenvolvimento. Apesar deste cenário,

resultados já obtidos permitem indicar caminhos a serem seguidos no futuro.

Neste sentido, levantamentos conduzidos em diferentes empresas que

alcançaram sucesso explorando a heterogeneidade de sua base de clientes

demonstrou que estas construíram competências em torno de um conjunto de

recursos básicos. Embora os detalhes específicos sobre a natureza e as

características destes recursos sejam dependentes do ambiente da empresa

e/ou das características do produto, algumas habilidades são fundamentais

para a empresa desenvolver a capacidade para personalização em massa.

Definição do Espaço de Solução 3.1

O sucesso para a personalização em massa resulta em encontrar

equilíbrio em duas dimensões aparentemente divergentes: (a) incluir as

especificações de cada cliente no design do produto e (b) utilizar um projeto

modular, padronizado, para encontrar uma eficiência próxima a da produção

em massa [1]. Para atingir este equilíbrio, muitas empresas têm recorrido a

estratégias de captar opiniões de seus consumidores sobre os rumos do projeto

antes que ocorra seu efetivo lançamento. Em seu nível mais elevado, a adoção

de práticas como a da co-criação não significa relegar ao consumidor a

responsabilidade por decidir sobre todos os aspectos referentes ao design do

produto. Mantendo a responsabilidade sobre o design, a empresa define seu

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produto levando em consideração as informações de seus consumidores para

identificar tendências, preferências, críticas e sugestões. Neste sentido,

qualquer empresa que pretenda seguir a estratégia de personalização em

massa deve ser capaz de compreender as necessidades particulares de seus

consumidores e identificar, dentre a lista de características de seus produtos, os

itens em que há maior divergência na preferência de seus clientes. Sendo isto

entendido, a empresa saberá os requisitos necessários para atender

adequadamente as demandas mais significativas de seus clientes e se

concentrar no desenvolvimento do espaço de solução mais adequado a sua

estratégia de vendas, definindo claramente o que será oferecido a seus

clientes.

Em maior ou menor grau, o processo de desenvolvimento

colaborativo de produtos envolve seguir algumas práticas, designadas como

elementos da co-criação [2]:

a) Diálogo: meio de estimular a troca de conhecimentos entre a

empresa e o cliente, como forma de aprofundar a compreensão sobre

as necessidades e expectativas dos consumidores e também

aumentar as oportunidades para inovação e geração de valor;

b) Acesso: meio para o cliente “experimentar” os benefícios do produto

antes da entrega/aquisição. O processo se viabiliza através de

iterações entre a empresa e o cliente, baseado em avaliações do

produto durante o processo de desenvolvimento;

c) Risco: meio pelo qual a empresa gerencia os riscos relacionados à

participação direta do consumidor no processo de desenvolvimento.

Por outro lado o consumidor também assume maior volume de riscos,

uma vez que se torna corresponsável pelo processo de criação.

Dependendo das características, abrangência, questões de sigilo ou

segurança do projeto, meios adicionais podem ser adotados para

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reduzir os riscos relacionados à transparência do processo, como por

exemplo, a adoção de termos de confidencialidade;

d) Transparência: meio para assegurar o aumento da confiança entre o

cliente e a empresa, contribuindo para o estabelecimento de uma

relação mais produtiva e de maior valor agregado para ambas as

partes.

O grau de envolvimento do consumidor em todo este processo varia

em função da estratégia de venda adotada pela empresa, pelo tipo de produto,

pelas condições de concorrência, pelas práticas de mercado, estas últimas em

constante processo de mudança. Especificamente em relação às práticas de

mercado, estudo realizado em 2006 analisou a utilização de ferramentas on-line

criadas para viabilizar a colaboração dos clientes em cada fase do processo de

inovação em um grupo de empresas de diferentes segmentos, como os de

automóveis, motos, eletrônicos, alimentos e produtos de higiene pessoal [3].

Os resultados mostraram que a colaboração via internet foi particularmente

difundida na fase de geração de ideias, via a tradicional opção "entre em

contato com a empresa“ (90%) ou pelos canais de retorno “feed-back/ dúvidas”

(37%), mas raro na fase de seleção de novas ideias. Apenas 4% das empresas

analisadas permitiram aos usuários avaliar outros consumidores e nenhuma

permitiu uma interação direta entre os clientes. Na fase de criação do produto,

a personalização em massa de atributos funcionais foi relativamente comum

(30%), mas inexistente em níveis mais inovadores.

O surgimento de novos canais de comunicação, como as redes

sociais, os chats de troca de mensagem ou os blogs especializados,

influenciaram a forma como os consumidores de hoje interagem com outras

pessoas e com as empresas, com reflexo direto sobre a forma como se realizam

as transações comerciais. No segmento de vestuário, atualmente vem

ganhando popularidade a "compra compartilhada em rede social". Nesta

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modalidade, as lojas virtuais implantam tecnologias que permitem a seus

usuários compartilharem informações com pessoas de seu relacionamento. As

informações compartilhadas abrangem desde a seleção de roupas, dicas e

conselhos sobre produtos comercializados pela empresa, críticas ou

comentários sobre determinado produto, entre outros. Reclamações em redes

sociais ou em sítios especializados vêm sendo considerados como mais efetivos

do que as reclamações realizadas diretamente nos canais específicos

disponibilizados pelos fabricantes.

Abordagens diferentes para envolver a participação dos

consumidores no processo criativo e identificar tendências podem ser

elaboradas. Em 2009, a fabricante norte-americana Keds lançou uma oferta de

tênis personalizado, permitindo ao consumidor alterar a concepção estética do

calçado a preços na faixa de US$ 40,00 a 60,00 [4]. Utilizando um portal de

comunicação, os usuários poderiam fazer upload de qualquer desenho ou foto,

a qual seria impressa em tecido, cortada a laser e montada para formar seu

produto personalizado. Para estruturar sua oferta, a Keds contratou a empresa

Zazzle Inc. para organizar, não somente sua cadeia de suprimento e de

fabricantes dos calçados, mas também para criar uma conexão on-line entre a

empresa e seus consumidores. Passadas 48 horas do lançamento, mais de

18.000 projetos haviam sido submetidos; hoje, são milhões os projetos criados.

Embora nem todos os projetos tenham se transformando em ordens de

compra, em poucas semanas a empresa já contabilizava em sua base de dados

mais projetos personalizados do que aqueles criados na empresa. Uma

abordagem ainda mais sofisticada de personalização corresponde àquela

desenvolvida pela loja de sapatos femininos Selve [4]. Utilizando como canais

de comunicação lojas tradicionais e serviços on-line, a empresa passou a

oferecer a suas clientes a opção de criar seus próprios sapatos, selecionando

atributos dentre uma variedade de materiais e de desenhos. A personalização

ainda se aplica ao tamanho do calçado, ajustado individualmente com base em

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medidas obtidas em uma varredura 3D dos pés dos clientes (Figura 1). Embora

os produtos comercializados pela Selve tenham preços superiores àqueles

usualmente praticados pelo mercado, seus consumidores consideram os valores

ainda acessíveis, em especial quando comparados ao de produtos artesanais

feitos a mão.

Embora todo o conceito da personalização esteja voltado à busca do

atendimento das necessidades individuais dos consumidores, existem questões

relacionadas à definição do espaço de solução que necessitam ser fortemente

consideradas. Em primeiro lugar é importante ter em mente que coletar

informações e correlacionar dados em grupos heterogêneos de clientes que

demandam por produtos com diferentes atributos pode se constituir em tarefa

cara e complexa, exigindo a adoção de diferentes abordagens. Além disto, a

ampliação do espaço de solução como forma de atender a um maior número de

consumidores pode gerar, em contrapartida, sobrecarga sobre a cadeia de

abastecimento [4].

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Figura 1 - Aquisição das medidas dos pés do consumidor para personalização do calçado a ser produzido pela Selve [5]

Em essência, a adoção do conceito de personalização em massa

envolve a definição do espaço de solução do produto, ou seja, o grau de

liberdade de escolha a ser oferecido ao consumidor no momento em que este

efetua a compra de um produto. Do ponto de vista conceitual, a depender da

liberdade oferecida para a configuração pelo consumidor, os produtos

personalizados podem ser classificados como [6]:

a) Produto padronizado: denominação aplicável a produtos cujos

atributos (forma, funções, recursos, etc.) seguem padrões pré-

estabelecidos pelo fabricante. A proposta consiste em minimizar a

oferta de opções de variação, levando todos os consumidores a

utilizarem produtos com características muito semelhantes,

independente das necessidades individuais. Corresponde a um

produto com “Espaço de Solução Mínimo“.

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b) Produto parametrizado: estratégia na qual os atributos de um

produto (parâmetros) podem ser configurados pelo consumidor,

permitindo alterar o design do produto (ex. tamanho personalizado)

ou modificar seu desempenho (ex. de tecido permeável para

impermeável). Cada parâmetro do produto pode ser especificado pelo

consumidor segundo uma faixa de valores, sendo que esta faixa de

valores, por si só, pode ser considerada um parâmetro. Corresponde

a um produto com “Espaço de Solução Máximo“.

c) Produto configurado: estratégia de venda que permite ao consumidor

personalizar seu produto, incorporando elementos extraídos de uma

lista de opções pré-estabelecida oferecida pelo fabricante (tecido,

padronagem, acessórios, etc.). Neste ambiente, cabe ao fabricante

manter em estoque as diferentes opções oferecidas aos clientes para

assegurar a capacidade de produção e o cumprimento do prazo de

entrega do produto. Corresponde a um produto com “Espaço de

Solução Intermediário”, por estar entre o padronizado e o

parametrizado.

Comparando os diferentes níveis de produtos personalizados, se

observa que, enquanto os produtos padronizados se originam do paradigma da

produção em massa, os produtos parametrizados tem sua origem no conceito

da produção feita por encomenda. Na Tabela 1 são apresentadas características

que se relacionam com as dimensões do produto e do consumidor.

Tabela 1 – Características de produtos padronizados e parametrizados.

Produto Padronizado Produto Parametrizado

Complexidade do

produto Baixa e média Média a alta

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Grau de personalização

Baixo a médio (sempre

restrita a variedade limitada

de configurações do

produto)

Alta a muito alta

(consumidor recebe o que

deseja)

Integração do

consumidor no processo

de compra

Usualmente baixo Usualmente alto

Tipo de consumidor

abordado Consumidor normal

Consumidor com maior

poder (opinião, influência,

decisão, etc.)

Definição da Estratégia de Atuação no Mercado 3.2

A decisão acerca da estratégia de atuação no mercado exige uma

análise sobre o ambiente em que a empresa opera (tipo de produto, segmento

de mercado, etc.), suas características e sua capacidade de compreender

plenamente as implicações de um sistema de personalização em massa.

Diferentes empresas adotam diferentes estratégias para a produção em massa

personalizada, definidas com base em características como qualidade, custo e o

grau de envolvimento do cliente no processo de criação. Conhecer este grau de

envolvimento é um dos elementos-chave na definição da configuração dos

processos e das tecnologias a serem empregadas na produção personalizada

em massa. Tendo a empresa definido o espaço de solução de seu produto,

surgem as condições para definir a estratégia de atuação no mercado. Neste

sentido, Gilmore e Pine II [7] sugerem como opções:

a) Personalização colaborativa: as organizações que operam

seguindo esta filosofia criam canais de diálogo com seus clientes

para conhecer suas necessidades e oferecer soluções que

atendam suas necessidades pessoais. No segmento de confecção,

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as opções de personalização oferecidas aos clientes envolvem

desde aspectos como tipo de tecido, a padronagem ou a

presença de acessórios, ao próprio design da roupa, em especial,

seu tamanho. Baseado no conceito do “Feito sob Medida” (Made-

To-Measure – MTM), hoje os desenvolvimentos avançam no

sentido de criar-se um programa que utilize as medidas corporais

dos clientes para modificar peças de vestuário criadas em

tamanhos padronizados, ajustando as dimensões da roupa em

um intervalo de valores pré-fixados [8]. A partir da colocação do

pedido, a confecção é informada sobre as medidas do cliente,

dando início a um processo de criação de um molde ou

programação de máquinas específicas para fabricar o produto

adquirido pelo consumidor;

b) Personalização adaptativa: estratégia onde o consumidor pode

configurar seu produto a partir de uma lista de opções de itens

padronizados previamente definida pelo fornecedor. Embora o

nível de personalização não seja equivalente ao da personalização

colaborativa, a empresa pode disponibilizar canais de

comunicação com o consumidor para auxiliar na identificação do

produto que melhor atenda suas necessidades. Apresentar uma

lista de equivalência de tamanho de produtos similares ao

escolhido pelo consumidor, permitir a visualização das peças de

vestuário em modelo 3D, utilizar as medidas individuais dos

consumidores para selecionar o tamanho de produto que melhor

se adequa a seu corpo são estratégias que podem ser utilizadas

para uma personalização adaptativa.

c) Personalização cosmética: se aplica àquelas empresas onde a

personalização envolve o produto acabado, mediante a

adequação da embalagem às necessidades dos clientes.

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d) Personalização transparente: caso onde as empresas oferecem

produtos personalizados sem que seus consumidores saibam que

este foi oferecido levando em conta suas necessidades ou

preferências individuais. Um exemplo deste modo de

personalização é o da venda por comércio eletrônico, onde os

programas identificam como o usuário utiliza seus serviços (ex.

sítios de procura), ou se baseiam em seu histórico de compras

anteriores (ex. sítios de compra), para sugerir artigos adicionais

que o usuário poderá considerar úteis.

Assertividade do Consumidor 3.3

Uma das hipóteses mais comumente aceitas na personalização em

massa é a de que o consumidor é bem educado, que possui criatividade e tem

clareza na conceituação do produto, esta última um requisito essencial para

garantir que seu estilo pessoal esteja em sintonia com sua criatividade. Em uma

compra tradicional, os consumidores tem o contato físico com o produto antes

da tomada de decisão sobre a compra, permitindo que este analise aspectos

como estilo, tamanho, sensação ao toque, tudo isto em maiores detalhes. Esta

situação é completamente diferente daquela que se projeta para a

personalização em massa, um modelo de negócio onde o produto é fabricado

somente após a colocação do pedido de compra pelo cliente. Nesta situação, o

sucesso da personalização em massa se baseia no julgamento correto de um

indivíduo que pode visualizar o produto final corretamente, mesmo sem o

contato físico com o objeto de compra. Assim, quando se observa os desafios

para a personalização em massa, além de processos de realinhamento do

negócio, dos avanços tecnológicos na cadeia de valor, na reestruturação

organizacional e nas sinergias com os parceiros de negócios, o conhecimento

dos consumidores também pode ser um dos desafios cruciais.

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Apesar de relativamente recente, o comércio realizado via internet e/

ou dispositivos móveis já representa uma parcela significativa das vendas totais

do varejo em segmentos como livros e músicas, com as projeções indicando a

manutenção de uma forte tendência de crescimento em outros setores. O

avanço na tecnologia da informação permitiu aos portais de comércio eletrônico

abandonar o conceito de um ambiente estático de propaganda para assumir

múltiplas funções: exposição de produtos, comunicação, compra, troca de

mensagens, entre outras tantas opções. Inserido neste contexto, a proposta de

criar ambientes de comércio eletrônico onde os clientes possam configurar seus

produtos segundo suas necessidades pessoais se constitui em uma das grandes

ferramentas para alavancar a comercialização dos produtos personalizados.

Para obter sucesso neste ambiente a empresa deve ser capaz de apoiar os

clientes na identificação de suas próprias necessidades e propor soluções, além

de minimizar a complexidade e o peso das escolhas. Isto porque estudos

demonstraram que, quando um cliente é exposto a muitas opções, o custo

cognitivo da avaliação pode facilmente superar o aumento da utilidade em ter

um maior número de opções disponíveis. Desta forma, ao se deparar com

muitas opções de configuração para o produto, facilmente os clientes podem

adiar imediatamente o processo ou suspender sua decisão de compra [4].

Portanto se torna essencial para a organização desenvolver a habilidade de

simplificar a navegação para a seleção de seus produtos pelos clientes. Embora

as tecnologias para desenvolver um ambiente de comercio eletrônico que

facilite a compra de produtos personalizados já estejam disponíveis, a

viabilização do sucesso exigirá a combinação destes métodos para criar uma

ferramenta integrada e efetiva.

Padronização dos Tamanhos de Roupa 3.4

A padronização nos tamanhos das peças de vestuário tem sido um

dos problemas centrais da indústria da moda. Para um mesmo consumidor, a

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depender da marca e do corte do produto, o tamanho pode variar de forma

exagerada, levando a muitas devoluções e troca de artigos. Entre fabricantes, a

raiz do problema é associada há existência de um número muito grande de

empresas de confecção, cada qual seguindo um sistema de tamanho próprio,

tudo isto combinado à utilização de metodologias de medição sem padronização

e ao emprego de métodos de análise estatística igualmente não padronizadas.

Já sendo hoje sentido no comércio realizado em lojas tradicionais, os efeitos da

falta de padronização poderão afetar negativamente o futuro da indústria da

personalização em massa. Isto porque este é um modelo de negócio que tende

a se basear em um sistema de manufatura precedida pela colocação do pedido

pelo cliente, em especial utilizando ferramentas de comércio eletrônico. A

dificuldade em saber se o tamanho de roupa ofertado é o mais adequado às

suas dimensões corporais é apontado hoje, e em diferentes países, como a

principal causa para a aversão à compra de roupas pela internet.

Em uma análise sistemática do problema relacionado com a falta de

padronização na indústria de confecção, um levantamento realizado por

pesquisadores do Canadá identificou que as razões para esta situação são

muitas, ainda que relativamente simples de serem compreendidas [9]. A

primeira razão decorre do fato dos fabricantes não utilizarem normas nacionais

de medidas corporais, preferindo utilizar seu próprio sistema de medidas. Este

comportamento se justifica na disponibilidade de um grande número de fontes

de dados de medidas corporais, que podem estar baseadas em:

a) Medidas de modelos profissionais;

b) Estatísticas providas pelos governos nacionais;

c) Dados compilados por organizações privadas sem fins lucrativos;

d) Formas padronizadas pela indústria;

e) Vestuários produzidos pelas empresas concorrentes;

f) Clientela alvo da empresa;

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g) Banco de dados provenientes de outros segmentos, como a

indústria automotiva.

Além disto, um fabricante pode identificar que os resultados obtidos

a partir de algum tipo de pesquisa junto a seus clientes forneçam informações

mais precisas. Entretanto, por ser uma solução focada em um segmento

pequeno, a percepção pode ser verdadeira para os clientes já existentes, porém

pode se tornar distorcida a potenciais clientes ainda não acostumados ao

padrão de tamanho específico deste fabricante.

A segunda razão para a falta de padronização nos tamanhos de

roupas esta relacionada ao fato dos fabricantes sempre desenharem seus

produtos partindo de um manequim ou tamanho de modelo que pode ser

diferente daquele utilizado por outros fabricantes [9]. Neste caso, diferenças na

idade, no tipo de ocupação, na origem ou no grupo socioeconômico da

população alvo podem provocar variações nas dimensões do manequim ou

modelo de referência. Além disto, há um segundo aspecto contribui para o

problema da variação dos tamanhos entre fabricantes. Para definir os tamanhos

maiores e menores da coleção, os fabricantes executam uma graduação,

tomando por base o manequim ou tamanho do modelo referência. Esta

graduação, embora teoricamente um processo padronizado, acaba por ser

influenciada pela experiência do fabricante com sua clientela e, por isto, não

segue preceitos consagrados. Além disto, como forma de reduzir custos de

produção e de estoques, tanto para a empresa quanto para seus clientes do

varejo, os fabricantes sempre procuram ajustar o maior número de

consumidores ao menor número de tamanhos padronizados. Por serem

dependentes da experiência de cada fabricante, as decisões sobre os ajustes e

os diferentes tamanhos oferecidos acabam sendo específicos de cada empresa.

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Uma terceira razão apontada para a variação no tamanho das peças

de roupa entre fabricantes reside no fato das empresas não utilizarem,

necessariamente, os mesmos pontos do corpo e/ ou as mesmas metodologias

de medição corporal em seus levantamentos [9]. Por falta de uma metodologia

padronizada, enquanto alguns podem definir o comprimento do corpo tomando

como referência a diferença entre dois pontos intermediários, outros irão se

valer de pontos extremos (superior e inferior) para definir a mesma grandeza.

Desta forma, partindo de origens distintas, a dedução do comprimento do corpo

obtida a partir da extrapolação, por exemplo, das medidas do quadril ao busto

e do quadril ao joelho podem ser diferentes daquelas definidas pela soma das

distâncias entre quadril/ pescoço e quadril/ calcanhar.

Apesar da sua importância para a indústria da moda, aparentemente

a adoção de um sistema padronizado de tamanho para as peças de vestuário

ainda está longe de se concretizar. Mesmo em países como Estados Unidos,

Canadá e Comunidade Europeia, sociedades onde é forte a cultura que

preconiza a utilização de normas técnicas, o problema da falha na padronização

do tamanho das roupas também é uma realidade [9, 10, 11].

Neste cenário de incertezas, como convencer o consumidor a

comprar pela internet um produto sem garantias de que este servirá em seu

corpo? Como proceder em caso do consumidor que solicita a troca de um

produto personalizado à suas necessidades, alegando que a numeração

indicada não corresponde às suas medidas corporais? Em um ambiente onde as

confecções desejam manter sua prerrogativa de criar as roupas da forma que

lhe seja mais conveniente, e de que a confiança dos clientes se sente abalada

pela falta de padronização nos tamanhos, assumem importância tecnologias

com potencial para conciliar interesses. Neste cenário se tornam foco das

atenções os equipamentos de digitalização e medição corporal automática, os

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programas de modelagem 3D em ambiente CAD e a tecnologia dos provadores

virtuais.

Desenho da Cadeia de Abastecimento 3.5

Uma nova habilidade essencial para sustentar uma produção em

massa personalizada está relacionada com a capacidade de manter o

desempenho da cadeia de abastecimento. Neste sentido, é essencial garantir

que o aumento na variabilidade de opções aos clientes não resulte em uma

deterioração da cadeia de suprimentos, no particular, e da própria operação da

empresa, no geral. Soluções para os produtos devem buscar maximizar a

reutilização e/ ou recombinação de recursos de empresa e da cadeia de

suprimentos para atender o espectro de necessidades dos clientes. Com

processo robusto de soluções de design personalizado soluções podem ser

oferecidas eficiência e confiabilidade próximas a da produção em massa.

Sistema Integrado de Informação 3.6

Embora hoje seja um requisito importante para empresas de

qualquer segmento fabril, para aquelas que atuam no segmento de produção

personalizada em massa o desempenho dos sistemas de informação é um

aspecto crítico para o sucesso do empreendimento. Isto porque, além da

incerteza da demanda, despontam como fatores críticos requisitos como a

produção flexível, os curtos prazos de entrega, a exigência de produção

conforme as especificações do cliente e a capacidade de resposta rápida às

demandas. Tais requisitos demandam por um sistema de informação integrado

e eficiente, que permita garantir um fluxo de informações de forma suave e

precisa entre todos os setores da empresa, além de clientes e fornecedores

(“integração do fornecedor do fornecedor ao cliente do cliente”). Para gerenciar

um sistema onde minuto a minuto são tomadas múltiplas decisões, assume

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importância capital a disponibilidade de um sistema de suporte que integre as

informações de todos os participantes das cadeias de suprimento, produção e

distribuição, bem como os clientes.

Sistemas de Manufatura Flexíveis/ Reconfiguráveis 3.7

A personalização em massa cria uma variedade de produtos

diferentes, o que exige do sistema de manufatura alta flexibilidade. Neste

sentido, flexibilidade se traduz pela capacidade do sistema de manufatura se

adaptar as constantes mudanças nos produtos para garantir os prazos de

entrega, absorvendo os custos decorrentes das adaptações independentemente

do pequeno volume de produtos encomendados. Uma vez que a instalação de

uma nova linha de produção requer grandes investimentos, o sistema de

manufatura deve ser capaz de ser reconfigurado para garantir a demanda,

mesmo com aumento na frequência de criação dos novos produtos.

Importante ressalvar que, embora as expressões flexibilidade e

reconfiguração reflitam a mesma necessidade de constante adaptação, do

ponto de vista conceitual Sistemas de Manufatura Flexíveis e Sistemas de

Reconfiguráveis envolvem filosofias distintas.

4. SISTEMAS DE MANUFATURA

Sistema de Manufatura Flexível (SMF) 4.1

Sistema Flexível de Manufatura (SFM) é uma filosofia que busca

dotar os sistemas de produção de um grau de flexibilidade que permita que

este responda a situações de mudanças, sejam estas previstas ou não. Sua

principal vantagem é a de conferir maior agilidade (flexibilidade) na gestão dos

recursos de produção, como o tempo e esforço necessários para fabricar um

novo produto ou mix de produção. A proposta original surgiu na Inglaterra na

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década de 60 com o nome de “System 24”, um sistema flexível de manufatura

com capacidade de operar 24 por dia sem a necessidade de intervenção

humana por ser totalmente controlado por computadores [12]. Com foco na

automação, e não a “reorganização do fluxo de trabalho”, os primeiros SFM

eram grandes e complexos, consistindo de dezenas de máquinas CNC e de

sofisticados sistemas de movimentação controlados por programas

computacionais altamente complexos. Devido aos custos e a complexidade,

somente um limitado número de empresas teve o interesse e a capacidade de

investir no desenvolvimento da tecnologia. Devido às limitações iniciais, já na

década de 80 o conceito de SMF tomou rumo em direção aos sistemas

menores, baseados em “células” de manufatura flexíveis. Embora não exista

uma conceituação formal, duas máquinas CNC já podem ser consideradas uma

célula flexível, sendo o agrupamento de duas ou mais células flexíveis um

Sistema de Manufatura Flexível (SMF). Atualmente, o conceito de flexibilidade

evoluiu para incorporar novas dimensões, abordando diferentes pontos de vista

(Tabela 2). Com acirramento da competição em escala global, muitas empresas

sentiram a necessidade de se adaptarem ao ambiente em que operam para

serem mais flexíveis em suas operações e satisfazer diferentes segmentos de

mercado. Neste cenário, flexibilidade se traduz como agilidade para produzir

produtos “personalizados” de elevada qualidade, a preços razoáveis e que

possam ser entregues de forma rápida aos consumidores.

Tabela 2 - O conceito de flexibilidade pode ser abordado de diferentes pontos de vista [12].

Abordagem Entendimento de Flexibilidade

Manufatura

• A capacidade de produzir diferentes peças sem a necessidade

de reequipar a linha de produção;

• Medida do grau de rapidez com que uma empresa converte

seus processos de fabricação de um modelo antigo para um

novo modelo de produto;

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• A habilidade de alterar um cronograma de produção,

modificar uma peça ou lidar com múltiplos produtos;

Operacional • A habilidade de produzir de forma eficiente produtos únicos

altamente personalizados

Consumidor • A habilidade de explorar várias dimensões da velocidade de

entrega do produto;

Estratégico • A habilidade de uma empresa oferecer uma ampla variedade

de produtos a seus consumidores;

Capacidade

• A habilidade de elevar ou reduzir os níveis de produção de um

produto ou alterar de forma rápida a capacidade de produção

de um produto para outro.

Diferenciam os SMF dos sistemas de produção convencionais sua

capacidade de rápida adaptação a mudanças no volume e no mix de produção,

na possibilidade de modificação da rota de movimentação (roteamento) e na

viabilidade de alteração na sequência de operações envolvidas em um

determinado ciclo de produção. Inserido neste contexto, os principais

componentes de um SMF compreendem [12]:

a) Célula: Consiste no agrupamento de duas ou mais máquinas

automatizadas em uma linha de produção, onde cada máquina

possui a capacidade de ser rapidamente reprogramada para

acompanhar as mudanças no produto ou mix de produção. Além

disto, as várias células estão ligadas entre si por meio de um

sistema de movimentação de materiais automatizado, com o

fluxo dos produtos sendo controlado a partir de um sistema

centralizado. Esta característica permite alterar a qualquer

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momento a rota de movimentação das peças em produção,

ignorando qualquer máquina ao longo do caminho, desde que

devidamente programado no sistema centralizado de controle.

b) Automação: Os sistemas computadorizados/ micro processados

são o coração da automação, fornecendo a estrutura para o fluxo

de informações que orienta as ações nas máquinas e

monitorando o feed-back das atividades realizadas pelos

diferentes equipamentos envolvidos no ciclo de produção.

c) Redundância de Equipamentos: Como nos SMF os equipamentos

são altamente integrados, as interrupções em uma máquina

podem afetar as demais. A depender da complexidade do

problema, o tempo entre o rastreamento e a correção do

problema pode ser superior àquele dispendido em sistemas que

operam de forma não integrada. Nesta situação, a existência de

equipamentos redundantes proporciona maior flexibilidade pela

oportunidade de escolha quando há pelo menos duas opções de

equipamentos disponíveis. Assim, em caso de falha de uma

máquina, o fluxo de produção pode ser dirigido para uma

máquina funcionalmente equivalente.

d) Multiplicidade de Caminhos: Em um ambiente de produção

convencional usualmente só existe uma única rota que a peça

pode percorrer, visto só existir um único dispositivo instalado em

uma máquina específica para executar a produção. Já em um

SMF, a flexibilidade de movimentação envolve tanto o

deslocamento sequencial das peças quanto a disponibilização, nas

máquinas, dos dispositivos necessários para completar as

operações. Desta forma, para um mesmo ciclo de produção, o

diferente número de rotas que podem ser programáveis fornece

uma medida do seu grau de flexibilidade do sistema.

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Do ponto de vista operacional, a implantação dos SMF traz como

vantagens [13]:

• Redução na quantidade de rejeitos;

• Diminuição no número de estações de trabalho;

• Maior rapidez na mudança de dispositivos e acessórios;

• Tempo de inatividade reduzido;

• Melhoria da qualidade através de um melhor controle do

processo;

• Redução nos custos de mão de obra como decorrência do

aumento na produtividade no trabalho;

• Aumento na eficiência das máquinas;

• Redução nos estoques intermediários;

• Aumento na capacidade de produção;

• Aumento na flexibilidade de produção;

• Redução no custo / unidade;

• Aumento da confiabilidade do sistema;

• Adaptabilidade às operações de CAD / CAM;

Sistema de Manufatura Reconfigurável (SMR) 4.2

Desde os tempos do início da industrialização, tradicionalmente os

sistemas de produção se desenvolveram na forma de Linhas de Manufatura

Dedicadas (LMD). Com o objetivo de produzir grandes volumes a um custo

rentável, os sistemas alcançam seu objetivo trabalhando sobre um produto

específico, para o qual não existem muitas opções de variação individual. Nesta

situação, os sistemas de fabricação dedicados se tornam rentáveis na medida

em que a demanda supera a oferta e a linha pode operar a plena capacidade.

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Já os Sistemas de Manufatura Flexíveis (SMF) surgiram como

resposta às demandas por sistemas de manufatura com capacidade de

responder a mudanças nas condições de produção. Por se basearem em

máquinas CNC e em outras automações programáveis, os SMF se mostraram

ser de custo de investimento elevado e de produzirem rendimento inferior ao

das linhas dedicas. Estas características mostraram que os SMF se tornam

vantajosos em situações onde a produção é diversificada e os volumes

envolvendo pequenos lotes [14].

A proposta dos Sistemas de Manufatura Reconfiguráveis (SPR) surgiu

em meados da década de 90 mantendo o intuito de produzir sistemas de

produção flexíveis e com capacidade de produzir respostas rápidas a mudanças,

porém com complexidade e com custo inferiores aos SMF (Figura 2). Segundo

Koren et al. [14], um Sistema de Manufatura Reconfigurável (SMR) é projetado,

desde o seu início, para permitir uma rápida modificação em sua estrutura, bem

como seus componentes de hardware e de software, para que em um curto

período de tempo se ajuste a funcionalidade e a capacidade de manufatura de

uma nova família de produtos.

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Figura 2 - Objetivos econômicos para diferentes sistemas de manufatura [15].

Para tanto, a abordagem de construção baseada em módulos é

essencial para o SMR, sendo seu desenvolvimento fundamentado em dois

princípios básicos: nos controles modulares de arquitetura aberta (programas e

controles reconfiguráveis) e nas máquinas e/ ou ferramentas modulares

(máquinas reconfiguráveis). Neste sentido, configurar um SMR é semelhante a

adaptar uma LMD para produzir um único produto, conferindo ao sistema os

recursos e a flexibilidade necessária para sua manufatura. Desta forma, o SMR

proporciona uma flexibilidade “personalizada” mediante a expansibilidade e a

reconfiguração do sistema, em detrimento a uma flexibilidade generalizada

obtida através de um equipamento com uma elevada funcionalidade, situação

que ocorre no SMF [14].

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O aspecto chave do SMR é que, diferentemente dos sistemas LMD e

SMF, a capacidade e a funcionalidade não são fixas, gerando como fatores de

sucesso [15]:

1. Modularidade: todos os principais componentes devem ser modulares;

2. Integração: todos os módulos devem ser projetados com interfaces para

a integração do componente;

3. Personalização: a flexibilidade do sistema e os sistemas de controle

podem se personalizados para a produção de uma família de produtos;

4. Conversão: Os sistemas devem ser projetados de forma a permitir

reduzir os tempos de conversão/ setup entre lotes;

5. Diagnóstico: Facilidade em ajustar o sistema para produzir um bem.

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5. SISTEMAS DE GESTÃO

STP – Sistema Toyota de Produção 5.1

O Sistema Toyota de Produção tem como fundamento três princípios,

eliminação de desperdícios, produção com qualidade e

comprometimento/envolvimento dos funcionários. Dentro destes princípios os

desperdícios são classificados nos sete itens abaixo relacionados:

a) Desperdício de Superprodução: relacionado à produção

empurrada, onde se produz sem ter destino prévio ou demanda

para os itens;

b) Desperdício de Espera: relacionado às filas de processamentos e

ao tempo ocioso gerado;

c) Desperdício de Transporte: relacionado aos transportes intra-

setorial de materiais dentro da empresa sem beneficiamento,

considerado atividade que não agrega valor;

d) Desperdício do Processamento: relacionado ao baixo desempenho

de máquinas e rejeição de peças;

e) Desperdício do Estoque: relacionado ao excesso de produtos

acabados ou em processamento;

f) Desperdício de Defeitos: relacionado à produção de peças fora

dos padrões de conformidades;

g) Desperdício de Movimentação: relacionado aos movimentos

realizados pelos colaboradores durante o processamento de

produtos.

Dentro destes alinhamentos ainda são utilizados filosofias de

gerenciamento que completam o STP, tais filosofias são: JIT (Just-in-Time); a

melhoria contínua (Kaizen) e a Autonomação (Jidoka).

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JIT – Just-in-Time 5.1.1

O JIT (Just-In-Time) opera através de demanda puxada, isto é, contra

pedidos. Produzindo em cada etapa do processo apenas a quantidade que foi

vendida efetivamente, minimizando os estoques de processos e buscando o

atendimento exato, isto é, exatamente na quantidade, no momento, no local

solicitado. A filosofia aborda a redução de estoque como ferramenta para

apontamento de problemas, evitando que a alta quantidade de estoque oculte

problemas. A resolução destes problemas objetiva a melhoria contínua dentro

da organização (Kaizen).

Kaizen 5.1.2

Kaizen pode ser definido como o termo japonês para a melhoria

contínua. Num contexto empresarial, significa a prática da melhoria contínua,

envolvendo alta administração, a média gerência, os supervisores e o pessoal

de nível hierárquico inferior. Kaizen é a prática do bom senso e é tanto um

método científico rigoroso que utiliza o controle de qualidade estatístico como

ferramenta, quanto uma estrutura adaptativa de crenças e de valores

organizacionais que mantém os trabalhadores e a alta direção com foco em

“zero defeito”. É uma filosofia do nunca estar satisfeito com o que foi realizado

na semana passada ou no ano passado.

Conforme apresentado por Imai [16], Kaizen é um conceito guarda-

chuva que reúne diferentes atividades de melhoria contínua de uma

organização (Erro! Fonte de referência não encontrada.).

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Figura 3 - Conceito guarda-chuva de Kaisen. Material adaptado de Imai, M. - Kaizen:

The key to Japan’s Competitive Success [16].

Alguns aspectos importantes devem ser ressaltados quando se tem

uma consciência sobre o real e profundo sentido do kaizen:

• A qualidade passa a ser vista como qualquer coisa que pode

ser melhorada;

• O kaizen é uma forma de fazer com que as pessoas de todos

os níveis percebam o potencial que elas podem oferecer à

empresa;

• A empresa que tem o kaizen incorporado nas pessoas passa a

competir com ela mesma numa incessante busca do melhor;

• Pensamento orientado para o processo, alimentado pelo

resultado;

• O kaizen é orientado para as pessoas (acionistas, clientes,

vizinhos e empregados), enquanto a inovação é voltada para

a tecnologia e o dinheiro;

• Com o kaizen, controle de qualidade significa a incorporação

da qualidade no produto, no momento do seu

desenvolvimento, para atender expectativas do mercado

(Market-in);

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• Em primeiro lugar vem à qualidade; lucro é consequência

natural;

• O processo seguinte é o cliente; difere da concepção

tradicional por não entender este apenas como um elemento

externo à organização;

• O kaizen visa à satisfação do consumidor;

Jidoka 5.1.3

Jidoka significa que a máquina para com segurança quando o

processamento normal é concluído ou quando surgir problema no equipamento

ou na qualidade do produto. O termo tem sua origem relacionada à máquina de

tear automática idealizada por Sakichi Toyoda, fundador da Toyota, no início do

século passado. Pelo conceito, as máquinas devem ser capazes de detectar um

problema de forma autônoma e interromper a produção para evitar a

fabricação de produtos defeituosos. Como resultado, apenas produtos que

atendem aos padrões de qualidade avançam no fluxo de produção. A essência

do significado do termo Jidoka é representada na Erro! Fonte de referência

não encontrada..

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Figura 4 - Essência do significado do termo “Jidoka”. Adaptado de: Jidoka — Manufacturing high-quality products [17]

Uma vez que o equipamento interrompe a produção quando surge um

problema, um único operador pode monitorar visualmente e controlar de forma

eficiente muitas máquinas simultaneamente. Para tanto, uma ferramenta

importante para este “controle visual” ou “visualização do problema” são os

painéis que permitem a identificação de problemas (Andon) apenas com um

rápido olhar (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Com a

utilização destas ferramentas de gestão visual, os operadores podem continuar

realizando o trabalho em outra máquina, seguros de que facilmente poderão

identificar a causa dos problemas para prevenir sua recorrência.

Em essência, a aplicação do Jidoka permite:

• Sustentar fluxos produtivos, contínuos e estáveis, evitando

defeitos;

• Identificar e eliminar as causas dos desperdícios causados

pela falta de qualidade;

• Liberar o homem para executar trabalho que crie valor;

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• Melhorar a produtividade com ações que evitem a recorrência

de problemas, por meio de soluções definitivas em nível

sistêmico, incorporando elementos que assegurem a

qualidade na origem.

Figura 5 - Aplicação do conceito Andon na construção de painel para facilitar na identificação da causa dos problemas de produção [18]

Lean 5.2

O Lean é uma filosofia que busca a eliminação de tarefas que não

agregam valor ao produto, caracterizando estas tarefas como perdas de

processos. Buscando atender de forma objetiva as reais necessidades do

cliente, ou seja, os itens que geram valor para o cliente. “O pensamento é dito

enxuto porque é uma forma de fazer cada vez mais com cada vez menos e, ao

mesmo tempo, aproximar-se cada vez mais de oferecer aos clientes

exatamente o que eles desejam” [19].

A manufatura enxuta segue cinco princípios fundamentais que delineiam

o pensamento enxuto, são eles:

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a) Especificação do valor: A definição do valor do produto é vista

como atividade do cliente e não da empresa, assim o cliente

determina quais os pontos reais de interesse no produto e a

empresa desenvolve apenas estes valores podendo racionar nos

demais reduzindo custos.

b) Identificação da cadeia de valor: Identifica todas as ações por

onde o produto sofre para percorrer as seguintes tarefas

gerenciais críticas:

• Tarefa de solução de problemas: concepção até o

lançamento do produto;

• Tarefa de gerenciamento da informação: recebimento

do pedido até a entrega;

• Tarefa da Transformação: matéria prima até o produto

acabado entregue ao cliente;

c) Fluxo de valor: Etapa onde é cruzada a informação do valor do

cliente com o fluxo de valor levantado, reduzindo todas as etapas

que não agregam valor ao produto, reduzindo o desperdício com

etapas desnecessárias;

d) Produção Puxada: Visa produzir a quantidade necessária apenas

quando necessário mediante solicitação/pedido do cliente,

evitando acúmulo de estoques;

e) Busca da Perfeição: Objetiva que os envolvidos busquem um

estado ideal dentro dos fluxos de valor, com a intensificação da

aplicação surge novos obstáculos e desperdícios criando

possibilidades de melhorias.

Gerenciamento da Qualidade Total (GQT) 5.3

Metodologia de gerenciamento que busca a melhoria na qualidade dos

produtos, dos processos e serviços pela implantação de um processo de

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melhoria contínua em que todos os funcionários, independente da posição no

organograma, participam destas melhorias através da disseminação da cultura

de “fazer a coisa certa na primeira vez” e eliminando os desperdícios e defeitos

de em produtos, processos e serviços.

Outra forma de definir a metodologia Gerenciamento Total da Qualidade

pode ser feita através da análise da sua denominação:

a) Gerenciamento: Comprometimento da alta administração com os

objetivos da Qualidade Total: satisfação do cliente; participação

efetiva dos funcionários; “fazer a coisa certa na primeira vez”;

eliminar desperdícios e defeitos; aumentar a eficiência e a eficácia

do trabalho; absorver o princípio da melhoria contínua na

organização;

b) Qualidade: Os requisitos dos clientes são continuamente

satisfeitos, sendo a qualidade considerada a partir de três

enfoques:

• Qualidade, sob o enfoque de produtos se serviços

alinhados com as especificações do cliente;

• Qualidade, pela abordagem do montante do retorno para

satisfazer o interesse dos principais envolvidos ou

stakeholders (clientes, consumidores, colaboradores,

fornecedores, investidores, etc.);

• Qualidade, pela ótica das condições internas de trabalho,

desde o topo até o nível hierárquico mais baixo da pirâmide

organizacional;

c) Total: Cada funcionário da organização está envolvido com a

política da GQT.

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Técnicas de Gerenciamento 5.4

Gerenciamento da Rotina 5.4.1

O gerenciamento da rotina é um método de gestão organizacional que

busca a eficiência da organização através da gestão de responsabilidade dos

colaboradores. Através de plano de acompanhamento diário, o gerenciamento

da rotina visa estabelecer e melhorar padrões de qualidade, produtividade e

segurança. Para a aplicação do gerenciamento da rotina deve-se buscar o

treinamento e a educação dos colaboradores.

A aplicação do gerenciamento da rotina acontece no nível operacional, já

seu desenvolvimento é no nível tático.

Gerenciamento pelas Diretrizes 5.4.2

O gerenciamento pelas diretrizes visa o desdobramento das diretrizes

anuais do planejamento estratégico da empresa em metas e ações, a serem

tomadas em todos os níveis hierárquicos. De modo geral o gerenciamento pelas

diretrizes busca o atingimento de metas que o gerenciamento da rotina não

alcança. Buscando alinhar as rotinas a fim de que cumpram o planejamento da

empresa.

Gerenciamento para o Crescimento do Ser Humano 5.4.3

Tem como objetivo criar uma política de integração, educação,

treinamento, motivação, avaliação e valorização para o colaborador. Visando as

melhores condições de trabalho e desenvolvimento dos colaboradores e a

utilização da mente do colaborador, não somente a sua força física.

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A motivação do colaborador está diretamente ligada a seu

rendimento, quando o mesmo está motivado, coopera ativamente nas

atividades fornecendo toda sua capacidade. Esta motivação é afetada por um

conjunto de necessidades e pode ser representada pela pirâmide de Maslow

Figura 6.

Figura 6 - Pirâmide de Maslow [20].

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6. INICIATIVAS CONVERGENTES E FERRAMENTAS DESEJÁVEIS

Manufatura Avançada ou Indústria 4.0 6.1

O conceito de Manufatura Avançada ou Indústria 4.0 vem sendo

desenvolvido por iniciativas americanas e europeias, em especial na Alemanha.

Esta nova visão de manufatura representa a chamada 4ª Revolução Industrial

(Figura 7) onde a Internet das Coisas, Big Data e Serviços de computação da

nuvem ajudam a criar redes de objetos inteligentes que se comunicam e

permitem ao gerenciamento de processo de uma maneira independente. A

interação dos objetos reais com o mundo virtualizado é cada vez mais

transparente e habilita a existência de sistemas de produção descentralizados.

Este novo conceito, em resumo, prega que os equipamentos de uma

linha de produção não apenas “processam” um produto, mas sim, interagem

com a produção para saber exatamente o que e como fazer.

Figura 7 – As quatro revoluções industriais. Adaptado de uberb2b.com [21].

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A Indústria 4.0 se conecta com os sistemas embarcados nos

produtos e também em outros equipamentos da linha de produção para gerar

um sistema produtivo inteligente que transforma radicalmente a indústria e a

agregação de valor durante os elos da cadeia em seu modelo de negócio.

Segundo o MIT (Massachussets Institute of Technology) três forças

movem esta nova revolução industrial:

� Avanços tecnológicos

Altamente relacionado com o aumento do poder de

processamento e barateamento de componentes digitais (chips), os

avanços em tecnologia eletrônica permitem uma facilidade de obtenção e

utilização de computadores otimizados para processos industriais.

� Digitalização de dados

A possibilidade de traduzir praticamente qualquer informação

para meios digitais permite uma comunicação muito mais integrada entre

todas as entidades existentes em um processo produtivo. Com o auxílio

da internet, tudo pode se conectar e intercambiar informações e

diretamente.

� Inovação ágil

A crescente facilidade de acesso ao processo de inovação

tende a fomentar cada vez mais a criação de novas tecnologias (ou

recombinação de antigas) de modo a se obter equipamentos ou

inovações para o chão de fábrica.

A união destas forças cria um ecossistema de ampliação exponencial

de novas tecnologias para mudar a maneira como as indústrias operam e

produzem. Desde o processo de criação assistida à relação entre operadores e

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máquinas, que se tornará cada vez mais uma relação de monitoramento ao

invés de operação.

Nestes ambientes fabris do futuro, a presença dos robôs e de

sistemas automatizados (Figura 8) com capacidade de intercomunicação é

imprescindível. O alto grau de automação da produção leva a um baixíssimo

índice de defeitos nos produtos e o aumento dos indicadores de produtividade é

sempre um desafio a ser perseguido. O investimento em tecnologias que

propiciem este ciclo de inovação e melhoria dos processos produtivos será fator

decisivo no sucesso da Fábrica de Confecção do Futuro.

Figura 8 - Produção de sabonete líquido equipada com sensores RFID [22].

Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de tecnologias de informação

para criação dos Sistemas Ciberfísicos (SCF) é parte fundamental para

consolidação deste novo modelo industrial. Sistemas de monitoramento da

produção em tempo real, por exemplo, são indispensáveis para manter o

controle da produção e também auxiliam na tomada de decisão pelos gestores

da fábrica. Sistemas de Monitoramento Automáticos de indicadores da

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qualidade também serão extremamente úteis para garantir um nível baixo de

defeitos, reduzindo custos de produção.

Mesmo estando em constante evolução, algumas questões ainda são

latentes quando tratamos dos Sistemas Ciberfísicos (SCF), tais como:

� Integração horizontal na cadeia de valor

A grande questão sobre a integração horizontal na cadeia de

valor é “Como as estratégias de negócios das empresas, seus novos

modelos de negócios e modelos de sustentabilidades podem ser

suportados e implantados utilizando SCF?”. Em adição aos novos

modelos de negócios e formas de cooperação entre empresas, é

necessário incluir tópicos como sustentabilidade, proteção da informação

estratégias de padronização para integração das informações inciativas

de médio e longo prazo para treinamento de colaboradores.

� Integração fim-a-fim dos dados de engenharia

A maior questão neste ponto é “Como os SCF podem ser

utilizados para fornecer integração entre todos os pontos da cadeia de

desenvolvimento de engenharia?”. Os sistemas de informação devem

prover suporte para toda a etapa de desenvolvimento até a manufatura

dos produtos, bem como seus serviços agregados. Uma visão holística de

todos estes pontos é necessária para obter-se uma solução técnica que

propicie as funções desejadas.

� Integração vertical e sistemas de manufatura integrados

A questão levantada neste ponto é “Como os SCF podem ser

utilizados para criar sistemas de manufatura flexíveis e reconfiguráveis?”.

Na fábrica do futuro, as linhas de produção não serão imutáveis, mas

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poderão sofrer alterações em seu layout baseados em controle

automatizados que definirão as estruturas necessárias para a produção.

Cada lote será analisado caso a caso, incluindo todos os requisitos de

dados, modelos, comunicação e algoritmos para a definição da melhor

estratégia de produção. Neste sentido, a integração total destes

subsistemas em um Plant Information Management System (PIMS) é, de

fato, o ponto de partida para o conceito de SCF, onde todo o controle

fabril pode ser feito remotamente através de virtualização do ambiente

de produção.

Infelizmente, no Brasil ainda não existe uma iniciativa consolidada

para perseguir os conceitos da Manufatura Avançada, fazendo com que os

desafios para a indústria nacional sejam extremamente difíceis de sobrepujar.

Dentre os principais, podemos destacar:

� Falta de investimento em tecnologia robótica

Em 2013 o Brasil comprou menos de 1.300 robôs enquanto a

Coréia do Sul adquiriu 21.000 e a China 37.000. Ao mesmo tempo, a

idade média de máquinas e equipamentos é de 17 anos, ante sete nos

EUA e cinco anos na Alemanha.

Para tornar a indústria brasileira competitiva o investimento

neste segmento de tecnologia é imprescindível.

� Falta de investimento em P&D

As empresas e indústrias brasileiras não tem o hábito de

investir no desenvolvimento de inovações tecnológicas. A utilização dos

Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) para execução de projetos de

inovação é extremamente limitada e a produção inovadora no país fica

muito aquém de países desenvolvidos.

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Neste segmento, por muitas vezes, as empresas e indústrias

desconhecem ou não utilizam os benefícios fiscais existentes para

investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, deixando de obter

enormes melhorias em seus sistemas produtivos através da inovação

tecnológica.

� Dificuldades para compra de equipamentos

No Brasil a aquisição de equipamentos com tecnologia

agregada para aumento de produtividade são alvos de altas taxas de

importação e burocracia no momento de sua internalização. Todos estes

fatores fazem com que novas tecnologias lançadas mundialmente levem

até 10 anos para serem utilizadas no país.

Tecnologia de Informação e Comunicação 6.2

Parte fundamental do conceito de Fábrica de Confecção do Futuro, a

presença de tecnologias de informação e comunicação será cada vez mais

abundante nos ambientes fabris, com o intuito de prover ferramentas de auxílio

ao controle e monitoramento de todas as etapas de produção.

Estas tecnologias devem trabalhar em conjunto de maneira a gerar

indicadores úteis à tomada de decisão em tempo real. Garantindo assim a

dinâmica necessária para o atendimento das demandas de produção cada vez

mais rápidas, com lotes menores e com maior variedade de produtos.

Dentre as principais tecnologias de informação e comunicação,

podemos citar:

ERP 6.2.1

O ERP (sigla em inglês de Enterprise Resource Planning) traduzido como

Sistema Integrado de Gestão Empresarial é um software que tem por finalidade

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integrar e gerenciar todas as informações da empresa de modo a facilitar o

controle e a análise destas informações com grande confiabilidade.

O ERP é subdividido em vários módulos específicos, cada módulo tem

suas rotinas internas de funcionamento e podem ser customizados para atender

diferentes demandas. Os principais módulos de um ERP são: Administrativo;

Contábil; Compras; Financeiro; Materiais; PCP (Planejamento e Controle de

Produção); e Qualidade.

MES 6.2.2

O MES do inglês Manufactoring Execution System é um sistema de

acompanhamento em tempo real de produção integrado com o ERP. O objetivo

do MES é a integração do ERP com o chão de fábrica, fornecendo o efetivo

controle e acompanhamento da produção.

Estes sistemas tem fundamental importância na no conceito de Sistemas

Ciber-Físicos, pois é ele que atuará como intérprete dos dados gerados pelas

máquinas e equipamentos de modo a gerar indicadores confiáveis para tomada

de decisão.

Sistemas de Rastreabilidade 6.2.3

A rastreabilidade é a forma de conhecer ou acompanhar um material ou

grupo de materiais durante todos os processos do ciclo produtivo fornecendo

um histórico confiável para a tomada de decisões. O principal objetivo deste

acompanhamento é o controle, principalmente na visão da qualidade.

Dentro dos processos produtivos a rastreabilidade auxilia no

acompanhamento da produção em auxílio ao MES, podendo dar

posicionamento específico, abertura ou apontamento de atividade pela

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movimentação do material, isto tudo de forma automatizada, de acordo com o

nível de automação da empresa.

Apesar disto, a rastreabilidade não deve ser utilizada apenas para

controle de fatores produtivos, mas também para garantir a qualidade e

procedência do item para o comprador. Garantindo os meios ideais de

produção, ecologicamente corretos e socialmente legais (trabalho justo e

organizado).

Nas lojas podem ser utilizados conceitos como RFID, para rastrear as

roupas, utilizando modelos como portais ou leitores para o controle, calculando

valores automaticamente no caixa e registrando entrada e saída automática do

item no sistema. Podendo fazer automaticamente o inventário dos itens apenas

com leitores RFID.

A rastreabilidade dos produtos podem chegar aos clientes como

exemplo desenvolvido pela HeiQ/ Tracekey chamado de Identity (Figura 9),

confeccionando seus produtos com etiquetas com código QR Code, esta

etiqueta quando lida remete a um site com a especificação do respectivo

produto. Com informações que vão desde modelo, cor e tamanho, até a

procedência das matérias primas utilizadas na confecção.

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Figura 9 - Modelo de etiqueta inteligente [23].

Plant Information Management Systems (PIMS) 6.2.4

Os sistemas de gerenciamento da informação do chão de fábrica são

cada vez mais importantes para um completo controle da produção. Estes

sistemas proveem a capacidade de integração com os outros subsistemas

existentes na unidade fabril de maneira a congregar dados brutos e transformá-

los em informações confiáveis. Além disso, são dotados de funcionalidades que

garantem uma agilidade maior nos processos de preparação, rastreabilidade,

qualidade e geração de indicadores.

O Setup automático da estação de trabalho, por exemplo, tem como

intuito a possibilitar o rearranjo de células ou linhas de forma simplificada,

adequando o layout a demanda dos projetos. Assim com a variação de

quantidade do lote ou até mesmo do sequenciamento de processos do um

produto é possível rearranjar o layout de forma a melhor atender está

produção, quando o mesmo for necessário. Desta forma é possível agregar as

vantagens de diversos tipos de layouts para a produção, como a flexibilidade do

layout por processo e a velocidade do processo em linha.

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Este tipo de funcionalidade é alinhado ao conceito de Indústria 4.0

no sentido de que os produtos em produção poderão informar aos operadores

quais as tarefas a serem executadas de maneira automática, com a estação de

trabalho de reajustando de acordo com a produção atual.

O desafio da Intercambiabilidade 6.2.5

Muitos dos softwares utilizados no processo de desenvolvimento de

produtos e também no processo produtivo, por motivos comerciais possuem

arquitetura própria, isto é, sua estrutura é desenvolvida para trabalhar

exclusivamente com seus próprios equipamentos. Na indústria têxtil este é um

dos grandes problemas a ser sobrepujado, pois muitas das empresas que

desenvolvem máquinas de corte, por exemplo, possuem seus programas

próprios para operá-las e são incompatíveis com as demais soluções similares

disponíveis no mercado. Este fato é recorrente em outras áreas da produção,

como nos softwares de aproveitamento de tecido, que normalmente não

conseguem se comunicar com as máquinas.

Além das dificuldades de intercambiabilidade softwares-hardware,

existem também desafios na integração software-software, onde os sistemas

proprietários não possuem interfaces abertas de comunicação a fim de permitir

uma integração com os outros sistemas de gestão da empresa, como o ERP ou

o PIMS, dificultando a implantação de uma solução completa de gerenciamento

das informações para a fábrica.

A integração entre os sistemas e sistemas-equipamentos deve

considerar uma interface de linguagem aberta (exemplo HTML, XML, TXT) ou

uma linguagem padrão, acarretando em um acréscimo da confiabilidade dos

dados, flexibilidade de adaptações dos sistemas, velocidade para integração de

novos módulos e garantindo o fluxo completo de informação em toda a cadeia.

Outro fator importante é a redução da dependência exclusiva de fornecedores

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de equipamentos, permitindo que novos atores passem a prestar serviços

tecnológicos com melhores resultados.

Softwares Específicos 6.3

Programas de Modelagem 3D 6.3.1

A evolução da modelagem 3D é um dos recursos que se tornará

fundamental para melhorar as relações com o cliente, seja por aumentar sua

percepção sobre a forma como a vestimenta interage com seu corpo, seja pela

possibilidade de criar modelos digitais que dispensem a necessidade de

fabricação de amostras para apresentar aos clientes. Esta última se torna uma

condição essencial para uma produção em pequenos lotes, quando o tempo

consumido no desenvolvimento de amostras se torna incompatível com a

quantidade de produtos a serem comercializados.

Atualmente o mercado já conta com uma grande quantidade de

programas para criação de peças de vestuário em ambiente CAD 3D. Entre

programas de origem nacional e estrangeira, estão disponíveis no mercado

produtos de diferentes marcas [24]. Apresentando características operacionais

bastante distintas, alguns programas acabam por se destacar pelo realismo dos

modelos concebidos em ambiente CAD (Figura 10).

Outra característica já existente nos programas de criação mais

atuais é a integração das ferramentas de desenvolvimento de produto com os

processos de produção que executarão sua manufatura. Esta integração

permite uma maior assertividade do processo criativo e também uma redução

dos tempos de desenvolvimento de novas coleções. Por outro lado, requer que

os profissionais de design tenham um conhecimento maior sobre os processos

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produtivos existentes na empresa. Este novo perfil de profissionais de design é

considerado como requisito importante para a Fábrica de Confecção do Futuro.

Figura 10 - Vestido Tea Dress em camadas de organza e seda dupioni, com cinto de couro em napa [25].

Programas de Gerenciamento da Vida do Produto 6.3.2

No mundo da indústria da confecção, uma das tecnologias que tende

a manter forte crescimento é a dos softwares voltados ao Gerenciamento do

Ciclo de Vida do produto, ferramentas que permitem que os fabricantes

reduzam o tempo do ciclo de desenvolvimento e aumentem a eficiência da

cadeia de produção. Em essência, buscam associar os recursos de

desenvolvimento das coleções com as atividades de planejamento da produção,

de controle cadeia de suprimento, vendas, de garantia da qualidade

(confiabilidade), de distribuição e de controle financeiro em uma única

plataforma (Figura 11), integrando em uma única plataforma diferentes

funcionalidades para criar um Sistema Integrado de Gestão Empresarial.

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Figura 11 - Funcionalidades requeridas para os programas voltados à criação e ao gerenciamento da produção de peças de vestuário, obtida em múltiplos

ambientes (diferentes programas) ou em ambiente único [Adaptado de 26].

Dispondo de interface com web, estes programas permitem que

todas as partes envolvidas na criação e desenvolvimento de um produto

trabalhem em uma mesma plataforma e possam se comunicar em tempo real.

Neste ambiente, as pastas contendo as especificações do produto podem ser

acessadas por todos aqueles envolvidos na sua produção (fabricação, compras,

fornecedores, qualidade). Uma vez que todos os usuários utilizam a mesma

versão do documento e um mesmo calendário base, a tecnologia permite

economizar tempo e recursos quando comparado aos processos convencionais

em que a troca de informações ocorre de forma sequencial.

Importante frisar que, apesar das vantagens de uma plataforma

única, as mesmas funcionalidades podem ser obtidas mediante a combinação

de aplicação mais específica (modelagem 3D, de encaixe e preparação para

corte, ERP, etc.). Caso seja feita esta opção por programas distintos para cada

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uma das atividades envolvidas na criação e no gerenciamento da produção, é

importante garantir que exista plena intercambiabilidade de informações entre

os softwares. A exigência por intercambiabilidade se aplica em dois níveis. O

primeiro, interno, implica na capacidade plena de troca de informações entre os

programas entre si (planejamento, desenvolvimento, suprimento, vendas,

confiabilidade, distribuição e finanças) e capacidade de comunicação com

máquinas e equipamentos instalados na empresa (máquina de corte de tecido,

bordadeiras automáticas, etc.). O segundo nível exige a capacidade de troca

de informações externas, seja com fornecedores, prestadores de serviços e

consumidores/ clientes. Citar esta necessidade é de extrema importância visto

que atualmente os desenvolvedores de software e hardware vêm optando pela

criação de pacotes fechados, o que acaba por limitar, ou mesmo inviabilizar, a

plena capacidade de troca de informações entre sistemas.

Equipamentos de Digitalização e Medição Corporal Automática 6.3.3

Embora o desenvolvimento de sistemas de escaneamento corporal

date da década de 60, foi somente na segunda metade da década de 80 que

surgiram os primeiros equipamentos para a determinação das dimensões

corporais com foco na indústria da confecção. Desde o surgimento do escâner

TC2, da Textile/ Clothing Technology Corporation, outros surgiram, empregando

diferentes metodologias para a captação dos dados (escaneamento a laser,

sensores de infravermelho, visão estereoscópica, radio frequência são exemplos

destas tecnologias) e processamento das informações (Figura 12). Em comum,

estes equipamentos permitem converter as informações captadas pelos

sensores em uma imagem digital tridimensional (“nuvem de pontos”), a partir

da qual são extraídas informações sobre as medidas corporais do consumidor

(Figura 13).

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Figura 12 - Cabine de medição corporal automática. Esq.: consórcio TC2 [27]; Dir.: Cyberware [28].

Caso as expectativas atuais se concretizem, estes equipamentos de

medição corporal automática assumirão elevada importância no futuro da

indústria da confecção, por facilitarem a troca de informações entre

consumidores, vendedores e fabricantes de peças de vestuário. Integrados a

outros sistemas, a digitalização e medição corporal tridimensional abrem

caminho para a consolidação de novas ferramentas de interação com o

consumidor (Figura 14):

a) Criação do “Provador Digital” (Smart Fitting Room), ambiente

digital onde a forma corporal tridimensional e peça de vestuário

criada em CAD 3D se combinam, permitindo ao usuário visualizar

como a peça de vestuário se acomoda a seu corpo e, assim,

analisar características como folga, caimento e estilo;

b) Na utilização das medidas corporais do consumidor para atender a

um segmento de produto “Feito sob Medida”, com programas

computacionais dedicados promovendo alterações nas dimensões

do molde para produzir peças de vestuário ajustadas às

dimensões corporais do consumidor;

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c) Permitir ao usuário utilizar suas medidas corporais para auxiliar na

escolha de uma peça de vestuário de seu interesse, seja em

ambiente digital, seja em uma loja tradicional.

Figura 13 - Conjunto das medidas corporais determinadas pelo equipamento Me-ality partir da digitalização da imagem do consumidor [29].

Apesar do potencial em vantagens que tem a oferecer, a tecnologia

da medição corporal vem tendo que superar dificuldades que ainda podem se

tornar limitantes à sua expansão:

• O tamanho das cabines de medição, consideradas grandes

para os padrões de muitas lojas;

• O preço dos equipamentos ainda é tido como alto, o que acaba

por inibir a ampliação deste serviço a um número maior de

empresas e, por conseguinte, de consumidores;

• A capacidade dos programas de processamento instalados nos

equipamentos de medição automática identificar de forma

precisa os marcos de referência corporal na imagem de nuvem

de pontos.

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Figura 14 - Caminhos do processo de desenvolvimento da informação a partir dos dados de escaneamento corporal [30].

Além de questões de ordem tecnológica, ainda existem dificuldades

geradas pela falta de normas técnicas específicas para esta aplicação e pelas

políticas restritivas adotadas pelas empresas para acesso às informações e aos

dados gerados por seus equipamentos. Neste sentido, as dificuldades a serem

suplantadas envolvem:

• A adoção de termos e interpretação das medições sem critério

de padronização, o que permite que cada fabricante utilize

definições e parâmetros de medição próprios (Tabela 3);

• A variação nas metodologias para captura das medidas

específicas do corpo no modelo tridimensional (nuvem de

pontos) e sua transposição para o modelo unidimensional.

Embora sejam propriedade e parte da estratégia de mercado

dos fabricantes, a menos que este processo de captura dos

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dados de medição seja padronizado ou, no mínimo,

compartilhado entre equipamentos, a tecnologia não alcançará

seu benefício máximo devido à dificuldade de transposição de

dados [8];

• A falta de interesse das empresas fabricantes de equipamentos

de medição corporal em compartilhar informações sobre seus

processos de medição.

Embora todos estes problemas levantados sejam barreiras, novas

tecnologias vêm sendo criadas para superar estas dificuldades e, ainda que

parcialmente, sucessos já foram obtidos. Com relação às limitações de custo,

uma nova geração de equipamentos de medição corporal utilizando a

plataforma comercial Microsoft Kinect, em substituição aos sistemas dedicados,

tende a reduzir o tamanho dos equipamentos e colocar seu preço em valores

mais acessíveis. Utilizando os recursos do Kinect, vendido como um acessório

para o console do jogo do Xbox 360 da Microsoft, estes equipamentos

permitem gerar imagens tridimensionais de corpos posicionados diante de suas

duas câmeras, uma de luz visual e outro que detecta o espectro no

infravermelho, e extrair as medições corporais do consumidor.

Tabela 3 - Resumo dos termos de medição utilizados pelos fabricantes de equipamentos de escaneamento corporal [TC]2, Cyberware e Telmat [31].

Parâmetros [TC]2 Cyberware Telmat

Pescoço (Meia Altura) Collar Neck

Circumference Neck Girth

Circunferência do Pescoço [32] Neck NA Neck Base

Tórax [33] Chest NA Maximum Chest

Girth

Circunferência do Busto [32] Bust Chest

Circumference Chest Girth

Perímetro da Cintura [33] Waist NA Natural Waist Girth

Perímetro do Quadril [33] NA Waist

Circumference

Waist Girth/ Waist

Belt

Costela Hips NA NA

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Circunferência da Anca [32] Seat Seat

Circumference Seat Girth

Comprimento da Manga [34] Shirt Sleeve

Length Sleeve Length Total Arm Length

Comprimento do Braço [34] NA NA Arm Length

Comprimento Interno da Perna [32] Inseam Pant Inseam Inside Leg Length

Comprimento Externo da Perna [32] Outseam NA Outside Leg Length

Comprimento Ombro a Ombro [33] Shoulder

Length NA Shoulder Length

Largura da Frente [32] Across Chest NA Across Chest

Largura das Costas [32] Across Back NA Across Back

Altura da Cintura ½ Costas [32] Neck to Waist NA

(1) Back Neck to

Waist

(2) Back Neck to

Belt

Gancho [32] Vertical Rise

Crotch Length Body Rise

Circunferência da Coxa [32] Thigh NA NA

Circunferência do Braço [32] Bicep NA NA

Circunferência do Pulso [32] Wrist NA NA

No tocante a criação de padrões, diferentes instituições, em especial

na Europa, tem se dedicado a iniciativas voltadas à criação de normas

específicas para aplicação na medição corporal tridimensional. Em 2001 surgiu

o projeto E-T-Cluster com o objetivo desenvolver normas comuns para a

integração da metodologia de medição corporal tridimensional, do CAD

avançado e dos avatares personalizados, todos para a indústria da moda na

Europa. Em 2005 surgiu a primeira norma internacional voltada à aplicação dos

scanners tridimensionais na determinação das medidas antropomórficas

unidimensionais. Em 2012 foi iniciado o projeto EuroFit voltado à implantação

de uma plataforma on-line com estrutura aberta para designers criarem formas

tridimensionais e desenvolverem seus produtos de forma rápida e direta.

Entretanto, apesar de todos os esforços empreendidos na última

década, a dificuldade de intercambio de dados entre equipamentos de medição

corporal tridimensional ainda se mantém um tema atual. Em parte, esta

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resistência ao compartilhamento de dados e relutância na adoção de normas de

padronização resulta da disputa existente entre fabricantes, não somente pelo

domínio tecnológico sobre os equipamentos, mas para o sucesso do seu modelo

de negócio, que se sobrepõe em muito à comercialização de equipamentos.

Em 2010, a empresa Unique Solutions lançou no mercado sua

primeira cabine de medição no King of Prussia Mall, o maior centro de varejo

dos EUA. No ano seguinte, sob a bandeira Me-Ality (Measured Reality), a

empresa lançou uma campanha onde 70 cabines de medição foram espalhadas

por centros comerciais e lojas da Bloomingdale’s previamente selecionadas. Ao

encerramento da campanha em 2013 o projeto permitiu a criação de uma base

de dados contendo informações referentes a mais de 1 milhão de usuários. Esta

coleção de dados permitiu a empresa desenvolver o aplicativo MeID Sizing

Application, uma ferramenta de uso on-line que permitirá que usuários

encontrem seu tamanho em escala global. No mesmo ano, em parceria com a

loja de departamento inglesa Hawes & Curtis, a marca de equipamentos

Fits.me lançou um modelo de provador virtual onde os consumidores, após uma

varredura corporal, poderiam avaliar em ambiente digital a interação da roupa

com seu corpo. Atualmente a empresa Fits.me disputa com outros fabricantes

de equipamentos de medição corporal tridimensional (TC2, Me-ality, etc.) a

primazia dos contratos de prestação de serviços de suporte à comercialização

de peças de vestuário utilizando equipamentos de medição corporal

tridimensional.

Avatares Personalizados 6.3.4

Outro avanço que vem acompanhando os equipamentos de medição

corporal está na criação de modelos digitais com potencial para a utilização em

animações e no comércio on-line. Isto porque usualmente os dados produzidos

na forma de “nuvem de pontos”, ou seja, um modelo de superfície 3D que

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representa a pessoa digitalizada, não se presta para processamento digital. As

principais desvantagens desta forma de representação estão na quantidade de

dados gerados (da ordem de dezenas de MB), e na impossibilidade de alterar a

pose / postura do modelo digitalizado, o que limita a utilização dos dados em

aplicações onde há animação. Como forma de corrigir o problema, os

equipamentos vêm construindo modelos digitalizados utilizando avatares

parametrizados, forma de representação que pode assumir diferentes poses e

pode ser facilmente animado. Além da flexibilidade, o tamanho dos dados

necessários para definir estes avatares personalizados é muito pequeno (na

ordem de kbyte), o que viabiliza sua utilização em portais de compra compras

on-line. Na Figura 15 são apresentadas as diferentes etapas deste processo de

criação automática. Partindo digitalização 3D (“nuvem de pontos”), um avatar

padrão é modificado (avatar parametrizado) para que sua forma represente da

maneira mais fiel possível a forma real da pessoa digitalizada (avatar

personalizado). O resultado é uma representação da pessoa com precisão

suficiente para aplicações típicas da moda, com um volume de dados pequeno

o suficiente para permitir sua aplicação em ambiente on-line, com possibilidade

de produzir mudanças de pose ou animação do avatar.

Figura 15 - Da esquerda para a direita: digitalização 3D; modificação do avatar de acordo com os dados corporais obtidos na varredura; avatar personalizado [35].

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Provador Digital 6.3.5

Embora remonte à década de 90, a dificuldade em criar sistemas

digitais que melhorem a percepção do consumidor sobre a utilização da peça de

vestuário reside em encontrar soluções, técnica e economicamente viáveis, para

algumas questões fundamentais: (a) recriar a forma corporal do consumidor em

formato digital; (b) gerar a peça de vestuário em ambiente digital

tridimensional, reproduzindo no modelo digital as características de movimento

conferidas pelo estilo, pelos materiais e acessórios empregados em sua

confecção; (c) viabilizar a iteração entre os modelos digitais, de forma a

permitir que o consumidor tenha, através de uma imagem criada em

computador, uma experiência similar àquela de estar vestindo a peça de

vestuário.

Atualmente, a abordagem mais avançada de provador digital procura

associar as medidas corporais do consumidor a avatares de dimensões

predefinidas, para assim mostrar ao consumidor a imagem do avatar com o

item de vestuário selecionado. Esta abordagem acaba por se tornar imprecisa

por exigir do consumidor a habilidade para obter as informações sobre as

dimensões de seu corpo. Uma segunda abordagem consiste em superpor a

imagem bidimensional do artigo de vestuário ou acessório a uma imagem do

consumidor. Aplicada tanto em sistemas de maior porte, como os espelhos

digitais, quanto à smartphones e tablets, a tecnologia se aplica a avaliar estilo,

e não a forma como a peça de vestuário de ajusta ao corpo.

As soluções que procuram recriar a experiência dos provadores

digitais ganharam importância nos últimos anos em diferentes áreas da

indústria da moda. Utilizando diferentes abordagens, estas soluções tentam

reproduzir em ambiente digital o comportamento de tecidos no corpo humano.

Com os avanços obtidos nos últimos anos, já e possível encontrar no mercado

sistemas que permitem combinar avateres personalizados a modelos de roupa

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criados por modelagem tridimensional. Além de permitir a visualização de

tamanhos diferentes de um mesmo modelo de peça de vestuário, o sistema

oferece recursos adicionais de movimento do avatar (Figura 16). Apesar dos

avanços na TI, de uma maneira geral a compra de peças de vestuário por

meios eletrônicos ainda sofre com as plataformas de interface comercial. Isto

porque os sistemas disponíveis não permitem aos consumidores visualizarem,

de forma totalmente convincente, sua imagem utilizando o produto que lhe é

de interesse.

Figura 16 - Provador virtual desenvolvido pela Styku utilizando a tecnologia de modelagem 3D e avatares personalizados [36].

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7. AVANÇOS TECNOLÓGICOS EM CONFECÇÃO

Sistemas para Armazenagem Automática 7.1

Sistemas automáticos de armazenamento e recuperação envolvem a

combinação de equipamentos e de sistemas de controle para viabilizar a

armazenagem temporária de produtos, sejam estes matérias primas, produtos

intermédios ou acabados, peças para recuperação, rejeitos, entre outros. Uma

característica essencial destes sistemas é que a movimentação, a armazenagem

e a coleta dos artigos são efetuadas por equipamentos automáticos, sem a

necessidade de intervenção humana, sendo o grau de automação determinado

pela escolha do sistema de separação dos pedidos e pelos equipamentos

utilizados na movimentação das mercadorias.

A eficiência de um sistema automático de armazenamento e recuperação

pode ser avaliada por características como:

• Capacidade de armazenamento: número máximo de cargas

individuais previstas para armazenamento.

• Throughput: número máximo de cargas por unidade de tempo

que o sistema pode receber/armazenar e retirar/entregar.

• Utilização: percentagem de tempo que o sistema está em uso

comparado com o tempo em que está disponível.

• Uptime Reliability: Disponibilidade.

Existem diversos tipos de equipamentos automáticos de armazenagem e

recuperação, sendo a escolha final determinada pelas características do produto

a ser armazenado e da área de alocação disponível. Na sequencia são

apresentados alguns dos sistemas automáticos e armazenamento e

movimentação mais empregados na indústria da confecção.

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Sistema Automático de Armazenamento e Recuperação 7.1.1

Empregando estrutura do tipo treliça vazada (ex. porta pallet), os

sistemas automáticos de armazenamento e recuperação se diferenciam das

prateleiras tradicionais por dipor de uma unidade automática de carga/

descarga para recolher e depositar produtos nos locais definidos pelo sistema

de controle. Na indústria de confecção podem ser empregados no

armazenamento de rolos de tecido (Figura 17).

Figura 17 - Sistema de armazenamento de rolos [37].

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Carrosséis Horizontais 7.1.2

Os carrosséis horizontais consistem de uma série de transportadores

individuais de formatos variados (escanhinho, de caixa, de cabide, etc.),

montados em uma pista em perímetro fechado. Quando o sistema é ativado, os

transportadores iniciam um movimento de deslocamento contínuo, que só

cessa quando o transportador selecionado chega ao local onde se encontra o

operador. Estes equipamentos são empregados em situações que envolvem a

movimentação de um grande volume de peças de dimensões mais reduzidas,

sendo amplamente empregados na indústria de confecção para o

aramzenamento de produtos acabados (Figura 18).

Figura 18 - Sistema de armazenamento do tipo carrossel horizontal [38].

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Carrosséis Verticais 7.1.3

Os carrosséis verticais consistem de uma série de prateleiras ou

suportes horizontais montadas em um carrossel que se move continuamente na

direção vertical. As principais vantagens desta configuração de equipamento de

armazenagem residem na alta capacidade de estocagem, na elevada taxa de

movimentação e na baixa ocupação de área do chão de fábrica. Na indústria de

confecção, carrosséis verticais de grande porte vêm sendo empregados tanto

no armazenamento de produtos acabados quanto de matérias primas (Figura

19). Configurações menores, instaladas próximas a enfestadeira, a mesa de

corte ou a impressora de tecidos, conferem agilidade ao processo de troca das

matérias primas no chão de fábrica da sala de corte (Figura 20).

Figura 19 - Sistema tipo carrossel vertical empregado para armazenamento de rolos de tecido [39].

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Figura 20 - Sistema de armazenamento tipo carrossel vertical para armazenamento de tecidos [40].

Impressão em Tecido 7.2

O termo estamparia designa um conjunto de processos para a aplicação

de cores em tecido seguindo padrões definidos ou desenhos. Impressão Direta

em Tecido, Impressão Sublimática, Serigrafia, Transfer, Silk-screen ou Laser

são exemplos de tecnologias empregadas para a estampagem e de tecidos.

Destes processos, a Impressão Direta e a Impressão por Sublimação assumem

importância por permitirem a transferência direta de uma imagem digital para o

tecido (Impressão Digital) de forma rápida e simples.

Em linhas gerais, a tecnologia de Impressão Direta utiliza uma cabeça de

impressão de jato de tinta que se move horizontalmente aplicando a imagem

diretamente sobre a superfície do tecido, que é alimentado automaticamente

em um movimento sincronizado com o cabeçote de impressão. As tintas

utilizadas no processo, de secagem rápida, são especialmente desenvolvidas

para o tipo de tecido a ser impresso. Tal qual uma impressão em papel, todas

as tintas são aplicadas continuamente, sendo o número de cabeçotes de

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impressão dependente das características operacionais da impressora. Neste

processo, embora a secagem da tinta se inicie durante a impressão, algum

dispositivo de aquecimento adicional, como uma prensa de aquecimento ou

uma secadora de roupa, se faz necessário. As tintas utilizadas no processo de

impressão direta (do tipo reativa, ácida ou ainda a base de água) aplicam cor à

superfície do tecido, tipicamente composto por 100% de algodão.

Diferentemente da Impressão Direta em Tecido, a tecnologia da

Impressão por Sublimação utiliza uma impressora de jato de tinta sublimática

para imprimir a imagem em um papel que será utilizado para a transferência da

imagem para o tecido. Esta transferência é obtida mediante aplicação de calor

em prensa (discreto) ou em uma calandra (contínuo). Sendo a tecnologia

aplicável a tecidos poliméricos (ex. poliéster), os corantes de sublimação

penetram na superfície para alterar a cor de dentro para fora. Com o corante

sublimático encapsulado no interior do tecido, e não em sua superfície, o

resultado da estamparia é uma imagem de alta resolução, que não enfraquece,

descasca ou trinca mesmo após muitas lavações.

Avanços nas impressoras, nos cabeçotes de impressão, nas tintas e nos

tecidos terão papel fundamental no futuro da impressão digital em tecido. Para

um futuro próximo, a tendência é a que a impressão sublimática se mantenha

como a tecnologia dominante na indústria da confecção. Define esta situação

(a) a ampla gama de cores obtidas com a tecnologia da sublimação, o que

permite padronagens com cores vivas e fortes contrastes, (b) a resistência da

impressão a sucessivas lavações e (c) a maciez do tecido impresso. Entanto, a

impressão direta tende a aumentar sua importância no mercado de estamparia

de tecido devido a sua versatilidade e simplicidade no fluxo de trabalho. Outras

tecnologias, como a da impressão por sublimação direta em tecido, ainda se

encontram em estágios inicias de desenvolvimento, o que dificulta prever seu

grau de utilização para a impressão de tecidos para a indústria da confecção.

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Os avanços na impressão em tecido passam obrigatoriamente por novos

desenvolvimentos, tanto na tecnologia das tintas, quanto na embarcada nos

equipamentos de impressão. No que tange as tintas, a tendência futura

caminha para as tintas aplicáveis a vários substratos, para a ampliação na

gama de cores, para o aumento da aderência/ penetração e resistência ao

desbotamento [41]. Além disso, a tinta a base de eco solvente tende a ser

substituída pela tinta a base de água com pigmentos [42] por questões de

ordem ambiental [43]. No campo das impressoras, uma tendência pode ser a

dos equipamentos capazes de abrigar tanto a impressão direta e sublimação

[44]. Nas impressoras a jato de tinta, os avanços caminham para uma maior

estabilidade das cabeças de impressão, permitindo incrementos na velocidade

de impressão. A evolução poderá permitir, ainda, a impressão em uma única

passagem e mudanças nas tecnologias de digitalização para tornar o resultado

menos suscetível a variações.

Automatização da Costura 7.3

Nas últimas décadas, a indústria da confecção vem executando um

movimento contínuo de transferência da produção para locais onde o custo da

mão de obra é baixo, tornado países como China, Vietnam, Indonésia,

Bangladesh e Índia importantes polos comerciais do setor. Por ser intensiva em

mão de obra, a indústria da confecção é fortemente dependente deste custo.

Como fato, as máquinas de costrura tradicionais, onde a atividade é totalmente

dependente da habilidade manual das cosutureiras, ainda representam 80% do

trabalho de confecção. Apesar dos avanços nas áreas de eletrônica e

automação, os equipamentos automáticos para confecção ainda se limitam a

algumas operações de costura, representando somente 10 a 20% do volume de

trabalho [45].

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O nível de automação no setor de confecção de um país está

diretamente relacionado ao custo de mão de obra praticado em seu território.

Em países onde os custos trabalhistas são muito baixos, a tendência é a de não

haver interesse no investimento em automação. No sentido oposto, nos países

onde os custos de mão de obra são mais elevados, surgem movimentos na

direção da automação como mecanismo para resgatar a competitividade das

empresas locais. Na indústria da confecção muitos acreditam que a automação

também seja a solução para outros problemas que afetam o setor, como a falta

de mão de obra qualificada e a incidência de doenças ocupacionais. Quanto ao

problema da mão de obra, a automação é vista como ferramenta para reduzir a

importância da habilidade manual nas atividades de confecção, permitindo que

operadores inexperientes alcancem níveis aceitáveis de produção em um

período de semanas, ao invés de meses como exigido atualmente. A automação

também poderia contribuir para eliminar muitas doenças funcionais

relacionadas à postura e a frequência de movimento das mãos, reduzindo,

assim, a exposição a transtornos traumáticos repetitivos comuns. De uma

maneira geral, a automação não é a resposta principal para manter a

competitividade, mas as empresas que a ignorarem poderão acabar perdendo

espaço [46].

Embora a automatização da atividade de costura venha sendo tema

de pesquisa desde meados da década de 80 [47], até o momento não foi

encontrada uma solução efetiva para o problema. Contribui para esta situação a

existência de barreiras tecnológicas, em grande parte decorrentes da natureza

da principal matéria-prima utilizada na confecção, o tecido. Ao contrário dos

materiais relativamente rígidos como os metais, os plásticos ou os cerâmicos,

uma única camada de tecido é difícil de ser empurrada, puxada ou mantida em

uma determinada posição com o grau de precisão exigido pelo processo de

confecção. Tal dificuldade levou pesquisadores a considerar que a automação

da costura (1) deva se concentrar em operações onde precisão não seja um

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requisito essencial, (2) desenvolver técnicas para fazer com que tecidos se

comportem como elementos rígidos e (3) seguir uma abordagem híbrida, onde

operadores humanos continuem a alimentar e/ ou guiar as peças na máquina

durante tarefas específicas [48].

Dentre os caminhos apontados é na abordagem híbrida onde tem se

verificado os maiores avanços no campo da automação das operações de

costura. Entretanto, as soluções existentes ainda se aplicam, em sua quase

totalidade, à execução de costuras retas (barra de camiseta, manga da camisa,

bainha de calça, etc.) ou a tarefas bastante específicas, como a fixação de

botões ou costura de bolsos. Além disto, as máquinas exigem intervenção

humana para alimentação e/ ou posicionamento dos tecidos no início de cada

costura. Ainda que apresentem limitações, as máquinas de costura automáticas

híbridas já são uma realidade. Na Figura 21 é apresentado exemplo de

equipamento híbrido para automação de atividades de costura.

Figura 21– Máquina de dobra e costura automática. No detalhe, sistema de controle computadorizado do tipo touch screen [49].

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Embora ainda não possam ser consideradas como soluções

comerciais, diferentes iniciativas tem permitido avançar para a realização de

operações de costura onde precisão seja um requisito essencial a ser cumprido.

Liderada pela EURATEX (The European Apparel and Textile Confederation), o

Projeto LEAPFROG (Leadership for European Apparel Production From Research

along Original Guidelines) [50] foi conduzido com o intuito de desenvolver

conceitos e tecnologias para modernizar radicalmente e, finalmente,

transformar o setor do vestuário em uma indústria de alta tecnologia, baseada

no conhecimento e orientada pela demanda [51]. Dentre os resultados

alcançados pelo projeto, podem ser destacadas as pesquisas para o

enrijecimento temporário de tecidos [52] e o desenvolvimento de tecnologia

para a costura 3D automatizada. O molde ajustável (Figura 22) é um manequim

vertical, na forma de uma estrutura, projetado para segurar com firmeza corte

peças têxteis permitindo, com isto, a execução de uma costura automática 3D

por uma máquina de costura guiada por robô (Figura 23). Tomando por base

os dados da vestimenta gerados em ambiente CAD, o molde é capaz de adaptar

automaticamente suas dimensões para se ajustar ao tamanho e forma da peça

a ser costurada. O protótipo desenvolvido no projeto LEAPFRROG foi concebido

para apoiar a costura automática de jaquetas [58].

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Figura 22– Protótipo do molde 3D ajustável [45].

Figura 23 – Cabeçote de costura 3D desenvolvido no projeto LEAPFROG [53].

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Figura 24– Unidade de costura 3D robotizada KL 50 produzida pela KSL Keilmann Sondermaschinenbau GmbH para fabricação de produtos automotivos [54].

Atualmente, uma das iniciativas mais ambiciosas voltadas à

automatização da costura é financiada pela DARPA (U.S. Defense Advanced

Research Projects Agency), que investiu mais de US 1,0 mi em uma empresa de

tecnologia para desenvolver automação para uma fábrica de confecção de

uniformes militares. Em essência o projeto tem por objetivo desenvolver

“instalações completas de produção de roupas com zero de mão de obra

direta". Em outras palavras, uma fábrica robotizada para fabricar uniformes

sem a intervenção de operadores humanos. A solução proposta pela Softwear

Automation, empresa contratada pela DARPA, utiliza um sistema de visão capaz

de capturar e processar imagens em alta velocidade, que rastreia cada posição

do tecido através da contagem de seus fios, garantindo uma movimentação

correta (Figura 25). Além da de captação da imagem, o sistema utiliza um

micro manipulador de tecidos, que atua próximo à agulha de costura e substitui

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a função da costureira tradicional em guiar o tecido na máquina.

Recentemente, a Software Automation informou que está em fase alfa de

construção a primeira máquina de costura automática do mundo utilizando a

tecnologia patenteada pela empresa (Figura 26).

Figura 25 – Versão de pesquisa da máquina de costura robótica com sistema de visão de alta velocidade e servo-controlador [55].

Figura 26 – Versão alfa do equipamento de costura automática da Softwear Automation [56].

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Movimentadores e manipuladores 7.4

Segundo a RIA (Robots Industry Association), um robô pode ser

definido como um manipulador multifuncional reprogramável, projetado para

deslocar materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais em variados

movimentos programados para desempenhar uma diversidade de tarefas [53].

Uma definição diferente surgiu em 2009, quando o robô industrial passou a ser

entendido como qualquer parte de equipamento que contenha três ou mais

graus de movimentação ou liberdade [54]. Atualmente, diferentes

configurações de robôs estão disponíveis no mercado, variando desde os

equipamentos fixos, exemplo dos robôs manipuladores, até os veículos

automaticamente guiados, conhecidos como AGVs industriais. Na indústria, o

tipo mais frequentemente empregado corresponde ao dos robôs

antropomórficos, que recebem esta denominação por apresentarem

movimentos que se assemelham ao dos seres humanos (Figura 27).

Figura 27 – Exemplo de robô manipulador do tipo antropomórfico [55].

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Para viabilizar a execução de suas atividades, os robôs devem ser

equipados com dispositivos especificamente projetados para permitir a fixação

de atuadores ou ferramentas ao punho do robô. Designados genericamente

como efetuadores, estes dispositivos podem ser acessórios simples, como uma

pistola de pintura, ou equipamentos complexos como as pinças ou garras,

atuadores que executam a preensão de peças para operações de

movimentação e posicionamento (pick-and-place operations). A Figura 28

apresenta alguns tipos de garras robóticas.

Figura 28 – Alguns tipos de garras industriais. No sentido horário: A – sujeição a vácuo; B – pneumática; C – Hidráulica; servo-elétrica [56].

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Apesar da grande variedade existente, devido à falta de rigidez do

material, as garras robóticas industriais não permitem o manuseio de tecidos,

exigindo equipamentos especialmente desenvolvidos para esta aplicação. Neste

sentido, os primeiros resultados de pesquisas relacionadas ao desenvolvimento

de garras para a manipulação de materiais não rígidos datam do início da

década de 1980, em sua quase totatlidade baseados em sistemas mecânicos

dotados de capacidades básicas de sensoreamento e de controle [57]. No início

da década de 90 vários sistemas experimentais eram considerados como de

potencial alternativa futura, mas apesar das expectativas promissoras, nenhum

destes sistemas se tornou uma solução industrial efetiva. A partir de meados da

década de 90, novas abordagens passaram a serem utilizadas para controlar o

movimento das garras, algumas baseadas em princípios complexos e

elaborados como o uso da Inteligência Artifical (IA). Ainda na década de 90

foram iniciados alguns projetos de pesquisa foram conduzidos com o objetivo

de agregar características antropomórficas às garras robóticas, fornecendo

diversos graus de liberdade e versatilidade aos equipamentos para aproximar

seu desempenho a da mão humana [Figura 29]. Porém, devido a maior

complexidade para o controle dos movimentos e dos sensores presentes no

efetuador, apesar dos avanços já obtidos os resultados no manuseio de tecidos

ainda se encontram aquém do requerido para as operações de costura [58].

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Figura 29 - Sistema denominado “Two Shadow Dexterous Hands” dobrando uma folha de papel [59].

Também datam de meados da década de 90 as primeiras pesquisas

para o desenvolvimento de sistemas de manipulação de tecidos utilizando os

princípios da energia eletrostática [60]. Sendo a tecnologia ainda hoje foco de

pesquisa em diferentes países [61], recentemente foi lançado no mercado

equipamento dedicado à manipulação de peças em tecido com aplicação na

indústria da confecção [62]. Segundo a empresa, os dispositivos desenvolvidos

não se limitam ao segmento de confecção, mas se aplicam aos segementos de

têxteis avançados, células solares e painéis, PCB e circutos flexíveis, tecidos de

fibras compostas, painéis planos e vidro, entre outros artigos. O surgimento

desta tecnologia viabilizará a presença de robôs na sala de corte para retirar de

forma automática as peças da mesa de corte e coloca-las em um sistema de

transporte, para que possam ser transferidas para a próxima etapa de produção

(Figura 30).

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Figura 30 - Efetuador demonstrando sua capacidade desempilhar e posicionar uma peça de tecido (bolso). Força de preensão originada energia

eletrostática [63].

Ainda na linha de manipulação robotizada de peças em materiais

não-rígidos, uma abordagem mais ambiciosa foi tema do projeto CloPeMa

(Clothes Perception and Manipulation) [64]. Financiado pela Comissão Europeia,

o projeto teve como objetivo a criação de uma metodologia para a manipulação

autônoma de peças de vestuário casualmente espalhadas sobre uma superfície

plana. Para alcançar seus objetivos foram utilizados robôs manipuladores,

desenvolvidos métodos de detecção empregando visão estereoscópica e criados

programas dedicados à compreensão de peça de vestuário e o planejamento

das tarefas de manipulação, no caso, separação e dobra [65].

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8. CONCEITO DA FÁBRICA DE CONFECÇÃO DO FUTURO

Em termos de modelo de negócio, o setor de confecção é muito

abrangente e permite diferentes focos para a proposição de um conceito

inovador para a indústria. Quando tratamos de confecção como uma

commodity, percebe-se que a concorrência com a indústria de confecção

oriental é muito forte e a viabilidade de reconquistar grande parte do mercado

perdido nos últimos anos é fortemente influenciada por questões de custos que

se traduzem muitas vezes em facilidades trabalhistas e custos de matérias

primas que ainda persistem em um nível baixo no mercado oriental.

Ao considerarmos estas questões, quando comparadas ao mercado

brasileiro se observa que as melhores oportunidades residem na diferenciação

pelo valor agregado ao produto durante sua manufatura e pela capacidade de

responder aos novos conceitos e desafios lançados nos últimos anos tais como:

• Fast Fashion;

• Lotes cada vez menores;

• Alta necessidade de flexibilidade;

• Alta capacidade de reconfiguração;

• Redução do tempo no ciclo de desenvolvimento de produtos;

• Lead times cada vez menores.

Assim, percebe-se que o modelo tradicional de alta capacidade de

produção não é adequado para responder de maneira ágil a estas

características, de modo que a proposição do conceito para a Fábrica de

Confecção do Futuro permeia estas características, bem como outros preceitos,

como a Excelência na Governança, Comprometimento com a Melhoria Contínua,

a Valorização do RH e a Criação de um Diferencial Competitivo (Figura 31).

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Figura 31 - Diferenciais para a indústria de confecção ser competitiva no futuro

mercado da confecção.

Excelência na Governança da Empresa 8.1

No mundo empresarial, tudo passa pela gestão, desde as simples

decisões cotidianas às orientações estratégicas que definem o futuro de curto e

longo prazo da organização. Na base da gestão estão sempre os mesmos

fundamentos: informação e bom senso, apoiadas no conhecimento técnico e

em ferramentas de gestão que possibilitem uma tomada de decisão consciente

e consequente, sejam estas quais forem e tenham o alcance que tiverem.

Comprometimento da Alta Gestão com a Melhoria Contínua 8.2

Qualquer mudança em uma organização está associada a uma

decisão da Alta Gestão. Seu comprometimento impulsiona o processo de

mudança, e dificilmente algo pode ser alcançado sem seu apoio. Além do

Governança

Melhoria Contínua

Valorização RH

Diferencial Competitivo

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compromisso da Alta Gerência, é importante que os funcionários entendam e

apoiem as mudanças para que sua implantação seja bem sucedida.

Valorização dos Recursos Humanos 8.3

A organização investe no treinamento de seu RH para melhorar suas

habilidades já desenvolvidas, para qualificar para novas atividades e para

assegurar seu comprometimento nas iniciativas que envolvam mudanças na

filosofia de trabalho da empresa. O investimento no treinamento deve se dar

em todos os níveis da empresa e em base contínua.

Criação de Diferencial Competitivo 8.4

Além da definição das fontes de receita e da estrutura de custos, e

da identificação dos recursos, das atividades e das parcerias-chave, em um

futuro próximo a formatação do modelo de negócio de empresas de confecção

deverá levar em consideração fatores como a segmentação dois clientes, a

definição da proposta de valor, a valorização da marca, o estabelecimento de

canais de interface com o consumidor, o Time to Market. Além disto, será

essencial acompanhar os avanços tecnológicos, contar com uma excelência

produtiva, dispor de uma engenharia do produto atuante e de suporte

tecnológico eficiente, este último fornecido por centros de desenvolvimento e/

ou de empresas do setor que sejam referência em seu segmento de atuação.

A Segmentação dos Clientes 8.4.1

Em um mercado amplo e diversificado é praticamente impossível que

uma única estratégia de venda traçada por uma empresa alcance de forma

eficiente todos os potenciais consumidores do produto. Com o objetivo de

melhor atender as demandas de seus clientes as empresas segmentam seus

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mercados, escolhendo segmentos para os quais desenvolvem produtos que

sejam melhores que os de seus concorrentes.

Inserido neste contexto, a segmentação dos clientes traduz a

atividade de dividir o mercado em grupos de consumidores (empresas, grupos,

pessoas, etc.) com características, necessidades e modos de atuação

semelhantes, tomando por base critérios previamente definidos (ex. perfil

sócio-econômico, localização geográfica, preferências pessoais entre outros),

visando identificar estratégias de marketing que sejam as mais adequadas para

atender às necessidades e desejos do mercado alvo. A atividade de

segmentação do mercado significa escolher um grupo de consumidores com

necessidades homogêneas, para o qual a empresa traçará uma estratégia de

marketing específica para atingir este grupo. Em essência, a segmentação parte

da premissa de que não é possível para uma empresa satisfazer todos os

consumidores de um dado mercado. Em outras palavras, um único marketing

mix (composto de markting) dificilmente será eficiente em atender às

necessidades e desejos de todo o mercado de um produto.

A Definição da Proposta de Valor 8.4.2

A proposta de valor corresponde a um pequeno grupo de produtos

e/ ou serviços que uma empresa oferece a seus clientes que resolvem seus

problemas ou satisfazem suas necessidades. Neste sentido, a proposta de valor

se torna a razão pela qual o consumidor opta por uma marca, empresa ou

produto em detrimento a outras existentes no mercado. Algumas propostas de

valor podem ser inovadoras e, por isto, sua oferta se torna disruptiva. Outras

podem ser similares a ofertas já existentes do mercado, porém se diferenciando

por apresentar novas características ou atributos ao serviço e/ ou produto.

Os elementos que podem contribuir para que os clientes atribuam

valor a um produto e/ ou serviço compreendem:

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a) Inovação: algumas propostas de valor satisfazem um conjunto

totalmente novo de necessidades que os consumidores não

haviam percebido anteriormente simplesmente por não haver

oferta semelhante de produto e/ ou serviço no mercado;

b) Funcionalidade: manter o domínio tecnológico necessário para

a criação de peças de vestuário que atendam a novas

funcionalidades exigidas pelos consumidores.

c) Desempenho: melhorar o desempenho de um produto e/ ou

serviço tradicionalmente tem sido a maneira mais comum de

agregação de valor;

d) Personalização: a personalização de produtos e / ou serviços

para atender a consumidores, ou segmentos de

consumidores, cria valor;

e) Design: importante elemento de atribuição de valor ao

produto, porém de difícil medição;

f) Marca/ Status: clientes podem encontrar valor no simples ato

de utilizar ou mostrar uma marca específica;

g) Preço: oferecer produtos com menor preço é uma maneira

usual de satisfazer a necessidade de segmentos de clientes

que apresentam comportamento mais sensível a preços.

h) Redução de custo: iniciativas que auxiliem os clientes a

reduzir custos é uma maneira importante de criar valor;

i) Redução no risco: soluções que permitam reduzir o risco do

cliente ao adquiriram produtos ou serviços;

j) Acessibilidade: tornar produtos e serviços disponíveis a

clientes que careciam de acesso a seus benefícios;

k) Assumir atividades do cliente: valor pode ser criado ao se

assumir atividades secundárias do cliente para auxiliá-lo a

executar sua atividade principal.

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Valorização da Marca 8.4.3

Uma das principais iniciativas a serem consideradas pelas confecções

para criar seu diferencial de mercado será a realização de investimentos para

consolidar marca própria de comercialização da sua linha de produtos. Embora

uma marca seja um bem intangível, seu valor pode se tornar maior que o

produto a esta associada. Isto porque a marca cria um instrumento que permite

que o consumidor identifique e distinga o produto dos demais existentes no

mercado. Pela marca, o consumidor avalia os atributos do produto (qualidade,

estilo, status, etc.) e reconhece seu valor. Desde que bem trabalhada, a marca

pode se tornar um instrumento de consolidação do negócio de confecção, tanto

pelo potencial de aumento nos ganhos, quanto pela redução da vulnerabilidade

das vendas de produtos “anônimos”, realizadas exclusivamente por terceiros.

Estabelecimento dos Canais de Interface com o Consumidor 8.4.4

Por canais se depreende os meios que a empresa utiliza para

interagir com seus consumidores. Seja através de meios eletrônicos, de lojas,

SAC, dentre outros, os canais definem a interface da empresa com o cliente,

viabilizando a comunicação, as vendas e a distribuição dos produtos.

Já sendo realidade hoje, o investimento em comunicação não deverá

se restringir aos canais usuais (televisão, revista, eventos, etc.), mas se

estender a novas mídias, como blogs e redes sociais, e outras que ainda estão

por surgir. O constante monitoramento para a identificação dos meios de

comunicação mais eficientes deverá refletir as mudanças no comportamento e

no hábito dos consumidores. Levantamento realizado por instituto de pesquisa

em 2013 indicou que 38% dos entrevistados consideram que buscar

informações de produtos em blogs é extremamente importante [66].

Outra forma de estruturação dos canais de vendas e de distribuição

que tende a se tornar mais presente no futuro das confecções envolve o tripé

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formado pelas lojas varejistas (revendedores e pontos de venda), por lojas

próprias e pelas lojas virtuais (Figura 31). Desde que aplicável ao segmento de

atuação da confecção, a venda em lojas próprias serve (a) para auxiliar o

cliente a conhecer e avaliar os atributos do produto, (b) como ponto de compra

e/ ou retirada de mercadorias e (c) como meio para facilitar o processo de troca

de produtos. Esta possibilidade de efetuar trocas sem a necessidade de recorrer

a meios tradicionais de distribuição pode criar um diferencial competitivo para a

empresa, por reduzir os riscos do consumidor na compra de peças de vestuário

por meios eletrônicos. Encontrar a combinação correta de canais (parcerias,

lojas próprias ou franquias, lojas físicas ou virtuais) é algo essencial para

garantir a viabilidade do negócio. Por este motivo, todos os itens que forem

estratégicos para o negócio deverão estar inseridos na estruturação dos canais

de interface com o consumidor.

Figura 31 – Modelo de estruturação dos canais de venda e distribuição baseado no tripé formado pelas lojas varejistas (revendedores e pontos de venda), por lojas

próprias e pelas lojas virtuais.

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Time to Market 8.4.5

Modelo produtivo voltado à rápida resposta, que utilize conceitos

atuais e esteja preparado para atender as demandas cada vez mais rápidas do

mercado em termos de flexibilidade e mix de produtos. Além das ferramentas

para facilitar e tornar mais rápido o processo de criação é importante que a

empresa de confecção adote como práticas como [67,68]:

a. Racionalização da Comunicação: comunicação é fundamental

para o controle do Time to Market, uma vez que a

manutenção de um fluxo ininterrupto de informações entre os

funcionários/ departamentos evita o desperdício de recursos.

O mesmo se aplica à comunicação externa (fornecedores,

fábricas, clientes, etc.), onde uma comunicação eficaz evita

problemas como os relacionados com a emissão e recepção

de ordens de produção, de ordens de compra e ou pedidos de

clientes;

b. Fluxos de Trabalho Definidos e Simplificados: as empresas

que vem obtendo melhor desempenho no desenvolvimento de

produtos e embalagens estabeleceram fluxos de trabalho

padronizados que eliminam o manuseio excessivo e

minimizam o tempo de espera/ desperdício de tempo entre as

etapas de trabalho. Estas organizações definem fluxos de

trabalho próprios para lidar com as exceções e as falhas de

processamento, bem como regras padronizadas e regras que

devem ser implantadas para atender especificamente a um

determinado projeto. Neste contexto, também é de extrema

importância eliminar quaisquer processos redundantes.

c. Criação e Manutenção de um Sistema Integrado de

Informações: uma base única de dados consiste em um

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sistema centralizado de informações onde todos os registros

gerados por diferentes pessoas ou unidades estão

armazenados em um único local. As principais vantagens

geradas pelas bases únicas de dados residem na redução da

duplicação de dados, na maior facilidade para a identificação

de responsabilidades (geração de dados, alteração de dados,

eliminação de dados), na utilização mais racional de

equipamentos, suprimentos e espaço, gerenciamento de

ativos (arquivos CAD, imagens, etc.), além de conferir maior

segurança ao sistema.

d. Eliminação de Gargalos: Se o sistema de comunicação da

empresa funciona é fácil identificar em que fase de

desenvolvimento se encontra um projeto e, se identificado um

atraso, saber em que atividade este ocorre. Se o sistema de

informação opera a partir de uma base única de dados, a

qualquer momento um funcionário deve ser capaz de

identificar onde uma atividade foi interrompida, descobrir a

razão desta interrupção, e tomar medidas corretivas

necessárias.

e. Rastreabilidade eficaz e auditabilidade transparente: um

processo eficiente de desenvolvimento de produtos e

embalagens deve autorizar e facilitar a todas as partes

envolvidas (stakeholders) o acesso à revisão do produto (seja

este as especificações de projeto, um projeto final, o produto

acabado, etc.) e ao processo de aprovação, incluindo tanto

fontes internas (ex. normas, portarias) quanto externas (ex.

órgão regulador, agências certificadoras).

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Acompanhar os avanços tecnológicos 8.4.6

Nova geração de têxteis a)

Embora o desenvolvimento dos wearables seja considerado

importante para o futuro da indústria da confecção, a gama dos novos produtos

de que poderão surgir a partir das novas gerações de têxteis se mostra ainda

mais promissora. Parcerias interdisciplinares envolvendo diferentes áreas do

conhecimento científico vêm ampliando a capacidade da indústria têxtil em

combinar múltiplos atributos em um único material. Assim, um único tecido

poderá regular a temperatura corporal e, além disto, ser respirável, leve, à

prova de choque, de água e apresentar propriedades bactericidas e antivirais

[69]. É a partir desta aglutinação de atributos que se ampliará o campo de

utilização dos novos tecidos, que passarão a atender tanto as funcionalidades já

conhecidas (estética, esportiva e protetiva) quanto novas funcionalidades:

médica, de roupas para necessidades especiais ou o arranjo de funcionalidades

cruzadas (Tabela 4).

Outra linha de desenvolvimento compreende a dos têxteis técnicos

inteligentes, uma nova geração de tecidos com poder de desempenhar funções

impossíveis aos tecidos convencionais, como iluminação, memória da forma ou

condução de energia elétrica, entre outras. Igualmente derivado de pesquisas

multidisciplinares, diferentes projetos vêm sendo conduzidos no sentido de

desenvolver as funcionalidades das novas gerações de tecidos técnicos

inteligentes (Tabela 5). A primeira geração destes tecidos deverá combinar as

funcionalidades da área da saúde e da segurança para permitir sua utilização

em aplicações clínicas na medição e monitoramento de parâmetros vitais como

pressão sanguínea, pulso ou respiração (Figura 32).

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Tabela 4 - Seis novas classes para a funcionalidade das roupas de vestuário. Adaptado de Gupta [70].

Classe de

Funcionalidade

Subclasse Descrição

Protetiva Proteção a perigos

ambientais

Proteção contra calor ou frio extremo,

fogo, chuva, neve, poeira, vento ou

exposição à radiação UV

Proteção a perigos

biológicos, químicos e

radiação

Proteção contra ingestão, penetração ou

contato com a pele com produtos

químicos perigosos, gases tóxicos,

fluídos corporais, germes ou partículas

de natureza radioativa

Proteção a ferimento

Médica Terapêutica e reabilitiva Vestuário que exerce pressão para

desordens linfáticas ou venosas; roupas

para cicatrização

Biosensibilidade Monitoramento dos parâmetros

fisiológicos, frequência cardíaca,

oxigenação sanguínea, temperatura

corporal, aplicações em telemedicina

Esportiva Melhoria no desempenho, redução da

fadiga, modelamento corporal para

redução de atrito

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Estética Modelamento corporal, suporte e

definição de contornos melhor aparência

Roupas para

necessidades

especiais

Roupa capacitante para idosos, crianças

e portadores de necessidades especiais

Arranjo de

funcionalidades

cruzadas

Desempenho multifuncional, proteção,

suporte a vida, conforto, comunicação

Tabela 5 - Projetos inovadores na área de desenvolvimento das novas gerações de peças de vestuário empregando tecidos técnicos inteligentes [71].

Projeto Finalidade Forma

Protective Responsive Outer Shell for People in Industrial Environments (PROSPIE)

Vestuário de proteção térmica para trabalhadores em ambientes industriais

• Sistema de arrefecimento dinâmico para evitar a hipertermia do trabalhador através da incorporação de métodos de arrefecimento por PCM’s e sais endotérmicos

• Sistemas de monitorização de parâmetros fisiológicos para geração de avisos de stress térmico

Development of high-tech protective clothing against laser radiation and corresponding standardization issues (PROSYS – LASER)

Vestuário de proteção inteligente para uso em trabalhos com laser

• Tecidos técnicos multicamada com elevada resistência ao laser

• Tecidos multicamada ativos incorporando sensores que detectam a

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exposição à radiação laser e desativam o laser automaticamente

Sensor-based personal protective equipment for forestry work with dangerous machinery and tools (power saws)

Vestuário de proteção inteligente para uso em trabalhos em ambiente florestal

• Desenvolvimento de um

sistema inteligente com

recurso a sensores para

proteção individual em

trabalho florestal com

máquinas consideradas

perigosas (serras elétricas)

Development of an interactive police vest for a safe traffic flow regulation (Tex-Vest)

Vestuário

de proteção inteligente

para uso em trabalhos

no controle de tráfego

• Desenvolvimento de um colete de polícia interativo para uma regulação do fluxo de tráfego segura com recurso à tecnologia baseada em LEDs

Figura 32 - Roupa inteligente representa uma combinação de componentes eletrônicos ativos que estão incorporados a fibra têxtil e conectados a dispositivos ou componentes eletrônicos clássicos. Legenda: 1 – Vibrador piezo elétrico; 2 – Sensor de movimento; 3 – Sensor de CO; 4 – Campainha piezo elétrica; 5 – lâmpadas eletroluminescentes; 6 – sensor de temperatura [Adaptado de 72].

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Até um passado recente, algumas destas funcionalidades só

poderiam ser obtidas mediante a adaptação de dispositivos ativos às peças de

vestuário, por meio de soluções simples como bolsos ou nichos (Figura 33).

Atualmente, a funcionalidade já pode ser obtida pela integração aos tecidos de

dispositivos passivos, como elementos de circuito impresso ou interruptores

simples como botões. Para o futuro, os avanços permitirão que a funcionalidade

se dê através da integração dos dispositivos ativos diretamente aos tecidos,

pela modificação de suas propriedades físicas, a ser obtida mediante a

aplicação de tratamentos específicos ou pela deposição de revestimentos.

Figura 33 - Evolução no desenvolvimento dos tecidos inteligentes ao longo do tempo. Adaptado de Monfeld [Adaptado de 73].

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Surgimento de novos padrões de desempenho b)

Na medida em que a tecnologia avança, as novas gerações de

têxteis apresentam melhor desempenho, impondo aos fabricantes a criação de

novos produtos que atendam a níveis de exigência igualmente crescentes. Um

exemplo claro desta contínua mudança nos padrões de desempenho pode ser

observada no mercado de têxteis para aplicação esportiva. Na década de 1980

foram desenvolvidas algumas variedades de tecidos de microfibras e de tecidos

revestidos que, apesar de relativamente simples, permitiram cumprir de forma

satisfatória as necessidades de muitas roupas esportivas produzidas à época.

Passadas três décadas, o desenvolvimento esta focado na produção de têxteis

mais complexos, que visam a atender requisitos de desempenho muito

particulares, usualmente voltados a uma fatia estreita de mercado. Tecidos

baseados em estruturas multicamadas, a presença de microfibras com

revestimento de superfície para tornar o material mais repelente à água ou

tecidos com capacidade de resfriamento [74] são soluções criadas para

melhorar o desempenho dos atletas e cuja utilização já vem se tornando

realidade para os fabricantes de roupas esportivas.

Sustentabilidade c)

Além de novos conceitos e padrões de desempenho, a tendência

atual indica que no futuro a inovação no setor de confecção não estará limitada

as questões relacionadas à utilização do produto (personalização, beleza, estilo,

etc.), mas passe a dar maior importância maior ao tema da sustentabilidade da

cadeia de produção. A confecção de roupas é parte expressiva do comércio

global, cujas ações geram conseqüências sociais, trabalhistas e ambientais de

grandes proporções. Neste sentido, as condições de trabalho e de remuneração

da mão-de-obra, o consumo de água e energia, a pegada de carbono e a

utilização de produtos químicos serão temas a serem levados em consideração

pelos consumidores no momento da escolha de um produto. Por isto, as

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soluções a serem encontradas para produto e processo produtivo deverão focar

em temas como [75]:

• a redução no uso de produtos químicos e eliminação de substâncias

químicas nocivas não totalmente aprovadas;

• a minimização no consumo de energia e de água no processo de

fabricação;

• a melhoraria na qualidade das condições de trabalho, com resultados

positivos mensuráveis em termos de produtividade, segurança do

trabalhador, rotatividade da mão-de-obra e a remuneração líquida dos

trabalhadores.

Domínio Tecnológico d)

Para acompanhar os avanços tecnológicos que surgirão na área do

têxteis as empresas de confecção deverão expandir seu envolvimento com

centros de desenvolvimento e, principalmente, empresas desenvolvedoras de

tecnologia. Individualmente ou na forma de um consórcio de empresas, estas

parcerias serão fundamentais para fornecer as capacitações tecnológicas que

permitam a criação de produtos que atendam a novas funcionalidades exigidas

pelos consumidores.

No futuro será cada vez mais importante que as empresas de

confecção detenham o domínio tecnológico dos processos produtivos que

agreguem valor ao seu produto. Atenção deverá se dar tanto a tecnologias já

consolidadas, com o da união por filme adesivo ou por soldagem, como para

tecnologias ainda emergentes com potencial de utilização, como a da

tricotagem 3D ou da impressão 3D (Figura 34). O requisito chave é

acompanhar os avanços tecnológicos que surgem, pois futuramente poderá ser

necessário dominar tecnologias que hoje ainda se encontram em fase de

desenvolvimento, caso da união dos tecidos inteligentes e das conexões

elétricas nos wearables (Figura 35).

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Figura 34 - Exemplos de tecnologias já consolidadas e de tecnologias emergentes empregadas em diferentes segmentos da indústria da confecção. Referências: união por filme adesivo [76], tricotagem 3D [77], soldagem por ultra-som [78], impressão 3D [79] e impressão digital em tecido [80].

Figura 35 - Diferentes conectores elétricos e técnicas de conexão aplicáveis aos tecidos. (a) prendedor de tecido de pressão universal. (b) Conector USB em tecido. (c) tecido empregando fios de aço inoxidável para sistema eletrônico de ônibus. (d) módulo eletrônico de teste flexível com fio condutor ligado a um bordado. (e) Petex (Sefar) fios de cobre embebido em isolamento de verniz. (f) conector mecânico em poliuretano para sensor de EMG. Referências apresentadas em [81].

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Conceito do Sistema de Produção 8.5

No tocante aos sistemas de produção a serem utilizados nas fábricas

de confecção do futuro, a seleção de equipamentos e definição de layout

deverão ser regidas por conceitos como:

a) Segue os preceitos definidos pela filosofia do Lean

Manufacturing em todas as etapas relacionadas na cadeia de

produção;

b) Utilização de equipamentos atualizados tecnologicamente e de

alta capacidade de integração com outros elementos das linhas

de produção;

c) Investimentos em sistemas de controle de produção e gestão

da qualidade em tempo real para monitoramento de todos os

pontos de produção, bem como seus indicadores de qualidade;

d) Foco na capacitação contínua para desenvolvimento dos

colaboradores e aumento nos níveis de qualidade e

produtividade.

Estrutura Organizacional Básica e Macro Fluxo de Informação 8.6

A definição da estrutura organizacional básica e do macro fluxo de

informação tem por objetivo permitir o entendimento das áreas que compõem

e criam valor para o negócio da empresa.

Tomando por base uma representação na forma de mapa conceitual,

na Figura 36 são relacionados os itens-chave que compõem a cadeia de valor

da Fábrica de Confecção do Futuro. Abrangendo desde o fornecedor da matéria

prima até o cliente final, o mapa relaciona alguns dos principais elementos

internos (elos) desta cadeia: Almoxarifado (Recebimento); Expedição;

Manufatura; Comercial; Programação; Introdução de Novos Produtos;

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Desenvolvimento e Criação; Capacitação; Monitoramento e Gestão Visual;

Qualidade.

Nos tópicos seguintes são apresentadas considerações acerca do

conceito da Fábrica de Confecção do Futuro, tomando por base a descrição da

interação entre os diferentes elos da cadeia de valor.

Figura 36 - Visão da estrutura organizacional básica da fábrica de confecção do futuro.

Interação entre Clientes e Desenvolvimento e Criação 8.6.1

A partir da interação do Cliente com o setor de Desenvolvimento e

Criação pela interface do setor Comercial (Figura 37) são identificadas as

oportunidades de novos desenvolvimentos, conhecidas as expectativas em

relação ao produto e definidos os detalhes da sua criação.

Para a condução das atividades relacionadas ao gerenciamento da

concepção e desenvolvimento do produto são exigidos como requisitos como:

• Integração dos sistemas de informação (confecção/ cliente);

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• Softwares integrados para projeto e desenvolvimento do

produto;

• Ferramentas de Modelagem Virtual

o Body Scan

o Modelagem 3D

o Vestuário Digital

Figura 37 - Interação entre Clientes, Comercial e Desenvolvimento e Criação.

Interação entre INP e Desenvolvimento e Criação 8.6.2

O setor de Introdução de Novos Produtos (INP) deve prover aos

demais as informações e ferramentas necessárias para viabilizar o início da

produção de cada novo produto. Para desenvolver suas atividades com mais

segurança e assertividade, o setor de INP deve trabalhar de maneira integrada

com os demais setores da empresa, em especial com o setor de

Desenvolvimento e Criação (Figura 38).

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Dentre as principais atribuições e necessidades do INP, podem ser

destacadas:

• Integração do Sistema de Informação

• Softwares Integrados para Projeto e Desenvolvimento

• Modelagem Virtual do processo de fabricação

• Preparação da Documentação do Lote Piloto

• Planejamento da Qualidade

Figura 38 - Interação entre os setores de Introdução de Novos Produtos e de Desenvolvimento e Criação.

Interação entre INP e Manufatura 8.6.3

O setor de Introdução de Novos Produtos (INP) também deve ter

estreito relacionamento com o setor de Manufatura (Figura 39). Neste caso, a

troca de informações se dá no sentido de maximizar a utilização da

infraestrutura disponível e garantir o correto atendimento dos requisitos de

produção de cada novo produto.

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As principais atribuições, neste caso, são:

• Sistema de Manufatura Flexível

o Equipamentos automáticos e semiautomáticos

o Células de Manufatura Reconfiguráveis

o Sistema de movimentação inteligente

o Sistema de informação integrada

• Desenvolvimento de aparelhos

• Desenvolvimento de layout das células

• Gerar os requisitos de Rastreabilidade

• Introduzir novas tecnologias

• Acompanhar Lote Piloto

• Planejamento da Qualidade

Figura 39 - Relação entre os setores de Introdução de Novos Produtos e Manufatura.

Interação entre Comercial, Programação e Manufatura 8.6.4

O setor de Programação tem por função elaborar o sequenciamento

da produção, realizar o balanceamento da linha e reorganizar o layout das

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máquinas conforme as demandas específicas (Figura 40). O setor necessita

manter contato constante com os setores Comercial e de Manufatura para

levantar as informações necessárias para a correta execução do PCP.

Como principais atribuições do setor de Programação se destacam:

• Sequenciamento de produção

• Reorganização sistema produtivo conforme demanda

• Planejamento de produção

• Instrução de Trabalho (IT) automática nas estações

• Acompanhamento da Produção

Figura 40 - Interação entre os setores de Programação e Manufatura.

Integração Almoxarifado, Manufatura e Expedição 8.6.5

A integração entre as áreas de Almoxarifado, Manufatura e

Expedição compreende o fluxo de movimentação interna de materiais (Figura

41). Neste fluxo, os principais conceitos e ferramentas que permitem e

garantem sua execução compreendem:

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• Rastreabilidade

• Sistema Integrado de Dados

• MRP

• JIT

• Sistemas de armazenamento inteligentes

• Controle de materiais automatizados RFID

Figura 41 - Fluxo interno de materiais e produtos.

Fluxo Externo de Informações, Materiais e Produtos 8.6.6

O termo fluxo externo de informações, materiais e produtos designa

a integração entre setores internos e externos à confecção (Figura 42):

Fornecedor e Almoxarifado, compreendendo a cadeia de abastecimento, e

Cliente e Expedição, incluindo a cadeia de distribuição. O setor Comercial,

abrangendo setores distintos como Vendas, Compras e Logística e Marketing,

está no centro deste fluxo de materiais e informações, atuando como agente

ativo ou mantendo carácter supervisório perante os demais setores.

As principais atribuições, neste caso, são:

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• Integração com Cliente/Fornecedor

• Compartilhamento de informações

• Sistema Integrado de Informações

• Rastreabilidade

• Logística

• Programas de Resposta Rápida

• Eco-Rotulagem

Figura 42 - Fluxo externo de informações, matérias e produtos.

Integração entre a Manufatura e a Garantia da Qualidade 8.6.7

A Qualidade é vista como área transversal abrangendo todas as

demais áreas, para tanto a mesma condensa filosofias e conceitos que

oferecem suporte as demais áreas a fim de buscar eficiência e eficácia (Figura

43). Os conceitos e filosofias abordados nesta etapa são:

• Manufatura Enxuta

• Estruturação para Resolução de Problemas

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• Inspeções e Auditorias

• Práticas de Avaliação e Seleção dos Fornecedores

• Acompanhamento dos Indicadores da Qualidade

• Certificações

Figura 43 - Integração entre a Manufatura e a Garantia da Qualidade.

Integração entre Capacitação, Manufatura e Qualidade 8.6.8

Dentro do conceito proposto, o processo contínuo de Capacitação e

Treinamento é fundamental (Figura 44). Neste cenário, propõe-se que o setor

de Capacitação tenha estreitos laços com o setor de Manufatura e Qualidade

para avaliar e selecionar os principais temas alvo de novas capacitações e

treinamentos. Como conceito, devem ser abordados os seguintes:

• Filosofia 6 Sigma

• Manufatura Enxuta

• Capacitação Continuada

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• Empoderamento

• Certificações

Figura 44 - Integração entre conceitos de Capacitação, Manufatura e Qualidade.

Monitoramento e Gestão Visual 8.6.9

O Monitoramento e Gestão Visual é uma área transversal que a

abrange todas as demais áreas a fim de fornecer informações adequadas para

as tomadas de decisão (Figura 45). Os principais conceitos abordados por esta

área são:

• Visualização em Tempo Real e Acompanhamento das

Informações

• Manufatura Virtual

• ERP

• MES

• Gerenciamento e Rastreabilidade do Ciclo de Vida do Produto

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Figura 45 - Principais atribuições do setor de Monitoramento e Gestão Visual.

Conceito Básico da Linha de Produção 8.7

O conceito básico da linha de produção se baseia em quatro setores

fundamentais (Figura 46):

• Sala de Corte;

• Célula de Costura;

• Célula de Pós-Produção;

• Estoque de Produto Acabado.

Apesar de cada unidade operar de forma independente das demais,

todas estão interligadas de maneira a garantir que fluxo de informações com/ e

entre os postos de trabalho seja precisa, oportuna, completa e concisa.

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Caso as condições de demanda justifiquem o investimento no

aumento da capacidade de manufatura, o sistema de produção poderá ser

ampliado para abrigar uma estrutura multicelular, onde cada célula responde de

forma autônoma pela produção de um determinado produto ou família de

produto (Figura 47).

Figura 46 - Conceito de interação da célula com outras áreas.

Sala de Corte 8.7.1

Utilizando somente tecnologias já comerciais, ou que em breve

estarão disponíveis no mercado, é possível projetar uma sala de corte que pode

ser considerada como de última geração para os dias de hoje. Em sua

configuração, a sala estaria equipada com:

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Figura 47 - Visão geral do conceito com 4 células de produção.

• Armazenamento dos rolos de tecido em sistema automatizado do tipo

carrossel;

• Enfestadeira automática;

• Impressora digital;

• Calandra para transferência da imagem do papel para o tecido

(impressão por sublimação);

• Máquina CNC equipada com sistema de alimentação para o corte

contínuo com tecido em movimento. A máquina estará instalada sobre

uma plataforma motorizada para permitir que haja o seu o

compartilhamento entre as linhas de tecido enfestado (corte em

múltiplas camadas) e tecido impresso (corte em camada única);

• Área de preparação de material (Separação)

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• Estação de alimentação do transportador, local as partes que formam a

peça de vestuário os cestos de transporte rastreáveis.

Neste sistema, apesar de um elevado grau de automação, as

atividades de retirada das peças da mesa de corte e sua colocação nos

dispositivos de movimentação ainda são realizadas, integralmente, de forma

manual. Projetando o futuro, possivelmente o maior avanço neste setor

envolverá a realização do corte dos tecidos em máquinas CNC operando em

conjunto com sistemas automáticos de descarregamento das peças cortadas.

Nesta situação, um robô manipulador equipado com garra dedicada irá retirar

as peças da mesa de corte e alimentar um sistema transportador, que

encaminhará as peças cortadas para as células de produção sem a necessidade

de intervenção humana. A funcionalidade do sistema residirá na capacidade de

comunicação entre os equipamentos, que trocam todas as informações

necessárias para que o sistema de descarregamento planeje de forma

adequada toda a operação de captura e de movimentação das peças de tecido.

Para tanto, a mesa de corte CNC compartilhará com o sistema de

descarregamento informações referente à geometria das peças e sua posição

na mesa, esta definida de forma automática pelo programa de encaixe. Os

equipamentos ainda trocam informações sobre o material, a presença de papel

ou plástico, o número de camadas, além de requisitos específicos relacionados

com o tecido que podem interferir na operação de descarregamento.

Neste ponto, importante citar que, atualmente, a tecnologia de

impressão em tecidos já se encontra em um estado de desenvolvimento

consolidado e própria para o uso em diversas aplicações. Em visita a institutos

de pesquisa e desenvolvimento do setor têxtil e de confecção, especificamente,

o Textile Clothing and Technology Corporation e a Cotton Incorporated, nos

Estados Unidos, ficaram evidenciados estes usos e também a grande aposta

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nesta tecnologia como uma das mais importantes para o setor no horizonte de

5 a 10 anos.

Outro avanço que se considera viável de ocorrer em um curto espaço

de tempo enlvolve a utilização de impressoras de tecido multifuncionais,

permitindo tanto a impressão das padronagens por sublimação, quanto à

impressão direta em tecido. Importante salientar que a impressão em tecido,

seja direta ou por sublimação, não elimina a fabricação de tecidos com

padronagens ou mesmo a utilização de sistemas de impressão rotativos, porém

viabiliza a opção de confecção de peças em pequenos lotes.

Células de Costura e de Pós-Produção 8.7.2

O conceito-chave na manufatura celular está na capacidade de criar

layouts que tenham um propósito definido, seja este a fabricação de uma peça

específica ou uma família de produtos. As células de produção devem ser

projetadas de maneira a que todas as atividades conduzidas em seu interior

sejam perceptíveis e controláveis do ponto de vista da programação da

produção, do planejamento da demanda e da atribuição de trabalho.

Na seleção dos equipamentos, devem ser levadas em consideração

questões como:

� a célula deve contar com uma infraestrutura fabril para

produzir integralmente uma peça, seja esta um produto ou

uma família de produtos;

� a capacidade de produção da célula deve ser suficiente para

atender a demanda projetada;

� a infraestrutura fabril deve atender de forma consistente

especificações e tolerâncias;

� preferencialmente devem ser escolhidas tecnologias que

permitam setups fáceis e rápidos.

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No tocante ao arranjo físico, o layout das máquinas e os métodos de

trabalho devem focar na minimização da movimentação e na estocagem de

materiais em processo. Isto porque percorrer grandes distâncias entre

operações limita a capacidade de comunicação dos participantes da célula e

aumenta a dificuldade de balanceamento da produção. No que tange a

estocagem, a presença de grandes volumes intermediários aumenta o trabalho

em processo, o que reduz a capacidade do sistema em responder a mudanças

de forma rápida.

Em operação, o arranjo do sistema de produção deve ser capaz de

cumprir algumas funções elementares como:

� informar a célula dos requisitos de produção (ex. ordem de

serviço, folha de processo, etc.);

� em sistemas multicelulares, comunicar as outras células ou

áreas funcionais da empresa sobre a necessidade de material

em uma unidade de produção;

� gerenciar e balancear a carga de trabalho na célula;

� avaliar a capacidade disponível na célula para atender a uma

programação de produção definida;

� rastreamento do término de uma atividade de trabalho na

célula.

Importante frisar que em visita realizada à empresa Brooks Brothers,

fabricante de camisas na cidade de Garland, nos Estados Unidos, foi possível

observar o funcionamento de um layout celular com objetivo de confeccionar

produtos altamente personalizados. Nas células idealizadas pela empresa, o

objetivo é aumentar a flexibilidade de produção e também reduzir o "time to

market" de seus produtos. Neste sistema de produção, cada célula é composta

por diversos equipamentos, alguns dotados de automação, e os operadores

atuam simultaneamente em mais de um equipamento, aumentando assim sua

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produtividade. Este case demonstra a viabilidade de utilização deste modelo

produtivo com produtos personalizados.

No tocante aos recursos humanos deve ser dada ênfase ao

treinamento transversal para permitir que cada funcionário seja capaz

dedesenvolver qualquer uma das atividades de produção conduzidas na célula.

O treinamento deve fortalecer a comunicação entre os membros da célula, na

prática dos procedimentos estabelecidos pelas rotinas de produção e a

constante preocupação com a qualidade total.

Na figura 48 é apresentado um exemplo de célula de manufatura

utilizada na fabricação de camisas.

Estoque de Produto Acabado 8.7.3

O conceito geral da linha de produção para confecção proposto

apresenta, além da sala de corte e a célula de Costura, a integração com as

outras áreas de produção, como as áreas de Pós-produção e Estoque de

Produto Acabado. Estes setores devem ser dotados de equipamentos

automatizados de armazenamento e rastreabilidade, uma vez que serão de

fundamental importância o manuseio e despacho dos produtos acabados. Além

disto, devem atuar como suporte ao modelo de negócio como um todo e

contribuir para a redução do desperdício, uma vez que não agregam valor ao

processo produtivo.

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Figura 48 – Sistema de Manufatura Celular para confecção de camisas [82].

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9. CONCLUSÃO

Neste documento foram apresentadas as principais filosofias e novas

tecnologias utilizadas para o desenvolvimento do Conceito da Fábrica de

Confecção do Futuro. O trabalho teve como objetivo a congregação de técnicas

inovadoras em um único ambiente de produção que será capaz de competir e

atender as demandas tanto do mercado interno como externo nos próximos

anos.

Ao analisar-se a proposição final, fica evidente que a grande

mudança a ser adotada pela nova Indústria de Confecção não se traduz apenas

em equipamentos automáticos, mas sim em uma completa filosofia de inovação

tanto nos processos produtivos como nos processos gerenciais. A forte adoção

de técnicas de gerenciamento de pessoal, por exemplo, evidencia que grande

parte do sucesso desta fábrica passa pelas pessoas e não está apenas na

utilização de máquinas automáticas.

A quebra de alguns paradigmas também se faz presente no

momento em que se utilizam conceitos como o layout celular, onde não há uma

preocupação exagerada na replicação ou duplicidade de equipamentos, mas

sim na visão holística de todo o processo de fabricação com qualidade e

flexibilidade.

Para aumentar os níveis de controles, o investimento de Sistemas de

Informação e Comunicação também é imperativo neste novo modelo, pois

somente assim haverá uma capacidade de gestão suficiente para otimizar a

produção e garantir níveis de qualidade em nível mundial.

Sem dúvida, os desafios para a implantação deste novo conceito

serão grandes, mas a necessidade de garantir-se a competitividade da indústria

brasileira neste elo da cadeia têxtil no médio e longo prazo deve ser o motor

propulsor para a adoção e implantação destes novos conceitos.

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Anexo

Estimativa inicial de investimento em

equipamento e instalações físicas

requeridas para a operação da fábrica de

confecção

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1 - Premissas

1.1 - Produto e Mercado

• a confecção produz e comercializa camisas sociais e esportivas masculinas;

• a empresa dispõe de um sistema de produção que permite fabricar peças unitárias de roupa com itens personalizados, seguindo especificações definidas pelo consumidor a partir de um grupo limitado de opções pré-definidas (ex.: tecido, padronagem e dimensões personalizadas);

• o produto fabricado atende a um segmento de mercado consumidor que atribui valor às peças unitárias personalizadas e que, por isto, aceita pagar um valor maior para a aquisição dos produtos;

• apesar de possuir marca e pontos de venda próprios (lojas física e virtual), a confecção também comercializa seus produtos utilizando a rede varejista;

1.2 - Condições de Produção

• Jornada de Trabalho: 9 horas/ dia; • Estimativa Inicial de Produção: 200 camisas/ dia; • Takt Time: 162 seg;

2 - Sala de Corte

2.1 - Estimativa do Tempo de Corte: 90 seg/ camisa.

2.2 - Estimativa da Produção – Corte

Produção

(Camisas/ Dia)

Eficiência (%)

Tempo Operação

(Seg/ Camisa)

180 50 180

252 70 129

306 85 106

324 90 100

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2.3 - Recursos Humanos na Sala de Corte (Total: 03)

• Operador de Máquina de Corte: 01; • Auxiliares de Produção: 02.

2.4 - Equipamentos

N.

Descrição dos Equipamentos - Sala de Corte

Qtd. R$/ Un. R$ Total

01 Impressora 01 81.640,00 81.640,00

02 Máquina de Corte CNC 01 653.120,00 653.120,00

03 Máquina de Enfesto 01 228.592,00 228.592,00

04 Mesa de Enfesto 01 97.968,00 97.968,00

05 Esteira Transportadora (em metros de esteira) 05 1.500,00 7.500,00

06 Impressora de Código de Barra 01 8.000,00 8.000,00

07 Leitor de Código de Barra 02 1.000,00 2.000,00

08 Monitores de Controle de Produção 01 1.200,00 1.200,00

09 Tablet 02 2.000,00 4.000,00

Sub-Total Sala de Corte 1.084.020,00

3 - Célula de Costura

3.1 - Tempo para Produção da Camisa

• Preparação e Montagem: 42 min (2520 seg) a 50%; 3.2 – Recursos Humanos na Célula de Costura (Total: 16)

• Número de Operadores: 16; • Número de Operações Estimadas: 34; • Número Estimado de Operações por Operador: 02 (em alguns casos, 03

Operações/ Operador);

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3.3 - Equipamentos

N. Descrição do Equipamento - Célula de Costura Qtd. R$/ Un. R$ Total

01 Máquina de Costura de Ponto Corrente de uma Agulha

06 8.164,00

48.984,00

02 Máquina de Costura de Ponto Corrente uma Agulha com Corte da Borda

03 8.164,00

24.492,00

03 Máquina de Costura Ponto Corrente de Duas Agulhas 03 14.287,00 42.861,00

04 Máquina de Costura Overloque 01 26.533,00 26.533,00

05 Botoneira 02 12.246,00 24.492,00

06 Casadeira 02 22.451,00 44.902,00

07 Máquina de Costura Fechadeira de Braço

01 26.533,00

26.533,00

08 Máquina de Costura de Múltiplas Agulhas 01 32.656,00 32.656,00

09 Ferro a Vapor com Taboa de Roupa à Vácuo

02 8.000,00 16.000,00

10 Máquina para Fusionado do Colarinho e do Punho e Vinco do Bolso

01 25.000,00 25.000,00

11 Leitores Código de Barras 20 1.000,00 20.000,00

12 Tablets 24 2.000,00 48.000,00

13 Impressora Código de Barra 01 8.000,00 8.000,00

14 Esteira Transportadora (em metros de esteira) 10 1.500,00 15.000,00

Sub-Total Célula de Costura 403.453,00

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4 – Célula de Pós-Produção

4.1 – Operações e Tempos de Produção

Operações na Célula de Pós-Produção

• Prensa para Colarinho e Punho: 40 camisas/ hora (90 seg/ camisa); • Manequim Passa Camisa: 40 camisas/ hora (90 seg/ camisa); • Abotoamento da Camisa e Inspeção Final: 40 camisas/ hora (90 seg/

camisa); • Dobramento da Camisa e Preparação para Embalagem: 80 camisas/ hora

(45 seg/ camisa); • Embalagem da Camisa e Colocação do Código de Barra: 80 camisas/

hora (45 seg/ camisa). 4.2 - Recursos Humanos na Pós-Produção (Total: 08)

• Prensagem do Colarinho e do Punho e Manequim Passa Camisa: 01; • Abotoamento da Camisa e Inspeção Final: 01; • Dobramento da Camisa e Preparação para Embalagem: 01; • Embalagem da Camisa e Colocação do Código de Barra: 01;

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4.3 - Equipamentos

N. Descrição do Equipamento - Pós-Produção Qtd. R$/ Un. R$ Total

01 Prensa par Colarinho e Punho 01 15.000,00 15.000,00

02 Prensa para Passar Roupa 01 27.000,00 27.000,00

03 Mesa de Inspeção 02 1.000,00 2.000,00

04 Máquina para Dobrar Camisas 01 12.000,00 12.000,00

05 Posto de Trabalho (Embalagem das Camisas) 01 1.000,00 1.000,00

06 Impressora Código de Barras 01 8.000,00 8.000,00

07 Leitor de Código de Barra 08 1.000,00 8.000,00

08 Tablets 08 2.000,00 16.000,00

09 Monitores de Controle de Produção 02 1.200,00 2.400,00

Sub-Total Pós Produção 91.400,00

4 – Suporte

4.1 – Recursos Humanos de Suporte

• Depósito de Matérias Primas: 02; • Depósito de Produto Acabado: 02; • Manutenção: 01.

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4.2 – Equipamentos

N. Descrição do Equipamento - Suporte Qtd. R$/ Un. R$ Total

01 Central Geração de Vapor 01 2.000,00 2.000,00

02 Compressor de Ar Comprimido 01 4.500,00 4.500,00

03 Instalação de Ar Comprimido (Instalação tubulação + acessórios) 01 8.500,00 8.500,00

04 Paletera 04 1.200,00 4.800,00

05 Ferramentas de Uso Geral (Furadeira de Bancada, Paquímetro, Multímetro,...)

01 4.000,00 4.000,00

06 Leitor de Código de Barra 04 1.000,00 4.000,00

07 Servidor de Rede 01 100.000,00 100.000,00

08 Instalação da Rede de Dados 01 15.000,00 15.000,00

09 Tablets 04 2.000,00 8.000,00

10 Mobiliário 05 1.500,00 7.500,00

11 Prateleiras de Aço (R$/ metro) 100 300,00 30.000,00

Sub-Total Suporte 188.300,00

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5 – Programas

N. Programas Computacionais Qtd. R$/ Un. R$ Total

01 Programa ERP 01 250.000,00 250.000,00

02 Coleta de Dados e Programação da Qualidade (CERTI PIMS)

01 300.000,00 300.000,00

03 Portal Internet (Canal de comunicação com consumidores e clientes corporativos)

01 200.000,00 200.000,00

04 CAD/ CAM para Desenvolvimento do produto (01 Licença) 01 24.492,00 24.492,00

05 Progrma de programação do encaixe (Licença inclusa no programa CAD/ CAM)

01 0,00 0,00

Sub-Total Programas 774.492,00

6 – Investimento em Instalações e Equipamentos

Área Construída m2

Depósito Matéria-Prima (Entrada) 100

Sala de Corte 100

Célula de Costura 200

Pós-Produção 200

Depósito de Produto Acabado (Saída) 80

Manutenção 20

Escritório 100

Área Total Construída 800

Área do Terreno 1.000

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Investimento R$

CUB (R$/ m2) 661,85

Custo de Construção 529.480,00

Custo do Projeto 21.841,05

Paisagismo 52.948,00

Arquitetura Interiores - Escritório 6.618,50

Ar Condicionado (4 X 18.000 BTU) 6.000,00

Mobiliário 15.000,00

Equipamentos 14.000,00

Total 645.887,55

Investimentos Equipamentos R$

Sub-Total Sala de Corte 1.084.020,00 43%

Sub-Total Célula de Costura 403.453,00 16%

Sub-Total Pós Produção 91.400,00 4%

Sub-Total Suporte 188.300,00 7%

Sub-Total Programas (Sotwares) 774.492,00 30%

Sub-Total Equipamentos 2.541.665,00 100%

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Totalização dos Investimentos R$ Percentual

Equipamentos 2.541.665,00 80%

Construção Civil 651.387,55 20%

Total 3.193.052,55 100%

7 - RH de Administrativo, Produção e Suporte

RH - Administrativo

Gerente 01

Vendas/ Compras 01

Financeiro 01

PCP 01

Criação 01

Novos Produtos/ Qualidade 01

Rh Apoio (Secretária) 01

RH - Administrativo 07

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RH - Produção e Suporte

Depósito Matéria-Prima (Entrada) 02

Sala de Corte 03

Célula de Costura 16

Pós-Produção 04

Depósito de Produto Acabado (Saída) 02

Manutenção 01

RH - Produção e Suporte 28