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REALIZAÇÃOAgência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI

Reginaldo Braga Arcuri

Tânia Arantes

Adriana DiafériaMarina Oliveira

Marcia Oleskovicz

Simone Zerbinato

Paulo Lacerda

Adriana Torres

Marcos Barros

Mécia Menescal

Paulo Lago

CO–PROMOÇÃOMinistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC

Secretaria de Comércio Exterior – CAMEX

Welber Barral

Lytha Spíndola

Carolina Bohrer

COMITÊ ORGANIZADOR:

Alexandre Leite (Universidade Católica de Brasília); Alexandre Steil (ConfederaçãoNacional da Indústria); Amélia Gabriel (CAMEX/MDIC); Ana Carolina Prata (Conselho

Nacional de Jusça); Antenor Madruga (Escritório de Advocacia Privado); Beto

Vasconcelos (Casa Civil); Carlos Américo Pacheco (Unicamp); Carlos Eduardo Caputo

Bastos (Ex-ministro do TSE); Flávia Sannoni (Senado Federal); Daniel Arbix (Ministério

da Jusça); Ivo Gico Jr. (Universidade Católica de Brasília); José Flavio Bianchi (Casa

Civil); Luciana Alves (Conselho Nacional de Jusça); Luciana Gross (Fundação Getúlio

Vargas/SP); Luiz Otávio Pimentel (Universidade Federal de Santa Catarina); Marcos

Valadão (Receita Federal); Maria Coeli (Secretaria Estadual de Desenvolvimento

Regional e Políca Urbana/MG); Mario Schapiro (Fundação Getúlio Vargas/SP);Melissa Mestriner (Ministério da Jusça); Oscar Vilhena (Fundação Getúlio Vargas/

SP); Patricia Audi (Secretaria de Assuntos Estratégicos); Pedro Abramovay (Ministério

da Jusça); Pedro Florêncio (Conselho Nacional de Jusça); Renato Flit (Secretaria

de Assuntos Estratégicos); Roberto Ferreira (Confederação Nacional do Comércio);

Silvia Velho (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos); Valéria Salgado (Ministério

do Planejamento); Wagner Antunes (Ministério das Relações Exteriores).

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8 APRESENTAÇÃOReginaldo Arcuri

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A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI),

instuição ligada ao Ministério do Desenvolvimento, da

Indústria e do Comércio Exterior (MDIC) tem, entre suas

missões, a promoção da Políca de DesenvolvimentoProduvo (PDP), lançada em maio de 2008. Ao longo

do tempo, a Agência vem se deparando com questões

prácas decorrentes das relações entre o Direito e o

Desenvolvimento.

A ABDI, especificamente, atua na questão do ambiente

  jurídico como componente sistêmico da PDP, desde

2007, por meio do projeto “Ambiente Jurídico,

Investimento e Inovação”. Tal iniciativa surgiu de duas

constatações básicas: a necessidade de aprimorar o

ambiente jurídico atual; e a de modificar a percepção

internacional sobre esse mesmo ambiente, para que

reflita os avanços significativos obtidos pelo Brasil

em mais de 20 anos de um processo contínuo de

consolidação democrática.

O projeto atuou inicialmente voltado para mudanças

de ronas dos órgãos públicos e para a efevação de

normas infralegais capazes de aumentar a eciência

e a ecácia do sistema jurídico do ponto de vista dos

agentes econômicos. Também trabalhou na arculação

de ações governamentais voltadas ao aperfeiçoamento e

à melhoria de coordenação entre os órgãos.

Desde então, foram eleitos temas prioritários conforme

a relevância para o setor produvo: Comércio Exterior,

Legalização de Empresas, Inovação, e Poder de Compra

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do Estado. Resultados concretos desse trabalho são:

a “Estratégia Nacional de Simplicação do Comércio

Exterior”, realizado em conjunto com a Câmara de

Comércio Exterior (CAMEX), e o apoio aos trabalhos doComitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplicação

do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios

(CGSIM).

Ao longo desses processos, percebeu-se a necessidade

de um engajamento maior dos diversos setores da

sociedade para a construção de uma visão estratégica de

longo prazo, voltada para o aprimoramento do ambiente

 jurídico brasileiro.

Buscou-se, então, a parceria da Secretaria de Comércio

Exterior (SECEX/MDIC) para iniciar uma discussão

estruturada sobre o arcabouço legal brasileiro, mais

especicamente sobre a maneira como esse marco

normavo pode impactar o esforço que o país vem

fazendo para consolidar-se em um novo patamar de

compevidade na economia mundial.

Daí a iniciava de começar os debates sobre a construção

de uma agenda proposiva a parr de amplo consenso

sobre as relações entre Direito e Desenvolvimento. O

objevo é tornar as relações entre essas duas áreas cada

vez mais posivas para o Brasil. Ao construir essa proposta

de agenda em parceria com atores sociais estratégicos

dos setores público e privado, espera-se criar a inércia

necessária para o seu avanço progressivo.

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Ao iniciarmos essa caminhada, surgiram alguns

quesonamentos fundamentais para condução

dos debates: a) onde o Direito cria entraves ao

desenvolvimento?; e b) quais os atores culturais e sociaisrelevantes para compreender a dinâmica atual entre

Direito e Desenvolvimento?

Num contexto mais amplo, a iniciava pretende, a parr

de uma base teórica, consolidar a percepção de que as

relações existentes entre Direito e Desenvolvimento são

relevantes objetos de estudo e de polícas públicas. O

produto nal da iniciava poderá ser uma agenda que

seja de interesse de toda a sociedade.

O fato é que a discussão sobre o desenvolvimento e sua

promoção não pode deixar de lado o Direito, que está

no centro do discurso e na práca do desenvolvimento.

A idéia de que o sistema jurídico é crucial para o

crescimento econômico passou a fazer parte da teoria

do desenvolvimento.

Isso porque o ordenamento jurídico de um país

tanto pode constuir um dicultador do processo

de desenvolvimento, se não coibir de forma ecaz,

por exemplo, a instabilidade jurídica ou falta de

previsibilidade na aplicação das normas, quanto pode se

constuir num importante instrumento de indução do

desenvolvimento.

Há a percepção de que componentes do ambiente

  jurídico nacional representam, em determinadas

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contribuir para que a sociedade brasileira possa dar um

salto qualitavo em seu ambiente regulatório, resultando

num desenvolvimento econômico cada vez mais acessível

para um número cada vez maior de pessoas.

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O Projeto Ambiente Jurídico, Invesmento e Inovação

visa promover, por um lado, a simplicação dos processos

governamentais em temas considerados chave para

a iniciava privada e, por outro, a segurança do setorproduvo na aplicação dos instrumentos jurídicos

existentes de incenvo à inovação.

A promoção de um ambiente jurídico favorável aos

negócios é uma das ações sistêmicas da Políca de

Desenvolvimento Produvo (PDP), lançada pelo Governo

Federal em maio de 2008. Entre as ações apoiadas pelo

projeto está a elaboração de planos anuais de medidas

de simplicação e a redução de prazos de procedimentos

administravos. Um exemplo desse trabalho é a Estratégia

Nacional de Simplicação do Comércio Exterior, lançada

em abril de 2008.

O Projeto atua em algumas áreas temácas prioritárias,

em consonância com a PDP: comércio exterior; abertura

e fechamento de empresas.

As ações previstas para 2009 são desdobramentos de

processos iniciados em 2008, e procuram reforçar os

processos de simplicação em curso na área do comércio

exterior e da simplicação do processo de legalização

de negócios. O Seminário “Direito e Desenvolvimento:

Debates sobre o impacto do marco jurídico no

desenvolvimento econômico” brasileiro é uma das ações

desenvolvidas pelo Projeto. Entre as outras avidades

estão:

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• Apoio ao Grupo Técnico de Facilitação do Comércio

Exterior da Câmara de Comércio Exterior (GTFAC/

Camex) na elaboração e execução da “Estratégia

Nacional de Simplicação do Comércio Exterior”,resultada de encontro realizado em abril de 2008, e

revisada em workshop promovido em junho de 2009,

em Brasília.

• Apoio ao desenvolvimento de um Operador Econômico

Autorizado no Brasil, por meio de intercâmbio com a

Espanha de experiências bem-sucedidas de gestão de

risco e simplicação do desembaraço aduaneiro. No

âmbito do Projeto de Apoio à Inserção Internacional

de Pequenas e Médias Empresas Brasileiras (PAIIPME),

foi realizado workshop no Brasil com especialistas

espanhóis no tema, bem como uma missão de estudo

à Espanha para conhecer o trabalho feito naquele

país.

• Apoio à pesquisa comparava entre os sistemas

tributários dos chamados países BRIC (Brasil, Rússia,

Índia e China) em parceria com a Universidade Católica

de Brasília (UCB). Teve como objevo principal

analisar o impacto dos sistemas na compevidade

desses países no comércio internacional. Será lançada

publicação em 2010 com os resultados nais da

pesquisa.

• Contratação de consultoria especializada para a

realização da consolidação das normas de registro

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mercanl para que estejam alinhadas com as diretrizes

de simplicação dadas pela REDESIM.

• Acompanhamento dos trabalhos do Comitê para Gestãoda Rede Nacional para a Simplicação do Registro e da

Legalização de Empresas e Negócios (CGSIM).

Conheça também o Manual de Gestão desenvolvido pelo

Projeto Ambiente Jurídico disponível no site da ABDI

(www.abdi.com.br).

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18 ANÁLISE DA ORDEM JURÍDICABRASILEIRA SOB A ÓTICA DODESENVOLVIMENTOWelber Barral

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O debate sobre as relações entre Direito e Desenvolvimento

não é novo. Mas foi só em meados do século XX que este

debate alcançou materialização em polícas públicas, por meio

do primeiro Movimento Direito e Desenvolvimento. Naquelemomento, na década de 1960, presumia-se que a ordem

 jurídica poderia ser ulizada como mecanismo para mudança,

para fazer os países ditos subdesenvolvidos superarem

sua condição. No entanto, cou claro que a tentava de

transplantar leis das nações ricas para promover a mudança

por meio de reformas na educação jurídica dos Estados mais

pobres não era capaz de gerar as transformações pretendidas

e esbarrava numa realidade muito mais complexa.

Após o arrefecimento desta iniciava, a discussão foi

deixada de lado durante algum tempo, tendo sido retomada

na década de 1990, quando organizações internacionais

e acadêmicos da área jurídica e econômica, voltaram-

se novamente para o tema. A evolução na doutrina,

especialmente por meio dos estudos de Amartya Sen (com

seu conceito de desenvolvimento como liberdade) e da nova

economia instucional (autores como Douglass North),

reforçou a percepção das diversas implicações que a ordem

 jurídica pode ter para a promoção do desenvolvimento.

Ao mesmo tempo em que se consolidou a idéia de que o

desenvolvimento não é reduvel ao crescimento econômico,

e abrange outros valores sociais, o sistema jurídico é

crescentemente percebido como elemento relevante

para esse processo. Primeiro, porque pode constuir um

poderoso impedivo, se permir instabilidade ou corrupção;

pode compreender normas pouco claras, que criam custo

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para os contratos privados; e, nalmente, porque sistemas

 judiciais inecientes provocam conseqüências econômicas

negavas, derivadas da incerteza e da incapacidade de

garanr o cumprimento das obrigações sociais e privadas.

Para compreender o papel do Direito e do Desenvolvimento, é

necessário entender o papel e os verdadeiros limites da ordem

 jurídica numa sociedade. Pode ser formal, como declaração

de um direito; instrumental, como a regulamentação de

um direito; factual, como impacto sócio-econômico da

ordem jurídica; ou instucional, considerando-se então as

consequências da ordem jurídica para as instuições. Diante

deste cenário, o primeiro dever de um jurista é o de humildade,

é o de reconhecer que o sistema judicial pode ter inclusive

efeitos negavos para o desenvolvimento de uma sociedade.

Pode-se quesonar, então, que caracteríscas podem ser

apontadas como posivas numa ordem jurídica. Ou seja,

que elementos devem ser implantados ou reforçados, de

forma a permir que ela não seja um empecilho à promoção

do desenvolvimento. Um primeiro fator é a necessidade de

regras claras e previsíveis, na medida em que um sistema

 jurídico confuso pode ter implicações muito negavas para

a promoção do desenvolvimento. Da mesma forma, o

sistema deve garanr o tratamento equitavo aos cidadãos,

contribuindo para a formação e consolidação do capital

social. Outro fator a ser ressaltado é a necessidade de

parcipação democráca, não apenas no processo de criação

normava, mas também ao longo de sua implementação e

scalização. E não se pode deixar de apontar a importância

de um Judiciário eciente. A percepção de que esse Poder

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- Promoção do desenvolvimento: fatores relevantes

do século XXI – capital humano; liberdade políca

e econômica; tecnologia e inovação; diminuição de

custos; capital social; instuições críveis e ecientes.

- Intervenção do Estado: estabelecimento de limites;

eciência administrava; planejamento e incenvos;

combate às falhas de mercado.

- Lições do Movimento Direito e Desenvolvimento:

impossibilidade de transplantar instuições jurídicas;

crescente complexidade das normas; impacto de fatores

culturais e sociais; democracia como primeiro passo;

essencialidade de instuições jurídicas com credibilidade.

- Ordem Jurídica desejável: regras claras e previsíveis;

tratamento equitavo aos cidadãos; necessidade de

parcipação democráca; eciência do Judiciário.

- Problemas na execução do Direito: senso comum

dos juristas (ignorância do processo econômico;

crença exagerada no poder das normas; retórica dos

direitos humanos) e estrutura regulatória (custos de

transação; insegurança jurídica; compromemento do

planejamento; falta de transparência e liberdade).

Evidentemente, este modelo é bastante genérico e serve apenas

como instrumento teórico inicial, que deve ser temperado

diante dos problemas especícos a serem enfrentados pela

ordem jurídica em cada estrutura sócio-políca.

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No caso do Brasil, é preciso levar em conta, ainda, no

que tange à elaboração normava, a necessidade de

compreender que a reforma normava de caráter posivo

é composta por atos codianos, e que, parafraseandoum lugar comum, o preço do desenvolvimento é

a eterna vigilância. Não há soluções mágicas, nem

reformas constucionais únicas, que poderão consertar

(e concertar) denivamente a ordem jurídica brasileira.

Há que se refutar o sebasanismo presente nessa crença;

a busca do desenvolvimento vai desde uma formação

  jurídica sólida até o acompanhamento e críca das

decisões judiciárias.

Outra preocupação com a ordem jurídica brasileira é

desenvolver mecanismos de avaliação quanto à ecácia

e eciência de normas anteriores. Em outras palavras,

não são poucas as vezes em que leis “que não pegaram”

são novamente reeditadas no Brasil, ou normas que

se repetem sobre a mesma matéria. Neste sendo,

falta aos juristas brasileiros desenvolver mecanismos

metodológicos de avaliação das regras, os quais deverão

considerar tanto impactos econômicos quanto sociais.

A ausência desses instrumentos condena a sociedade

brasileira a não aprender com os próprios erros.

As reexões acima buscam demonstrar, assim, como a

iniciava de discur de maneira ampla a relação entre

direito e desenvolvimento no Brasil é fundamental para

assegurar que o país possa connuar crescendo de

maneira sustentável.

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24DIREITO E DESENVOLVIMENTONO SÉCULO XXIDavid M. Trubek

Universidade de Wisconsin-Madison

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A idéia de que o sistema jurídico afeta as perspecvas

econômicas e sociais de um país exisa já no século XVIII.

E, no século XIX, o discurso sobre a reforma jurídica muitas

vezes levava em consideração o impacto econômico deleis especícas. No entanto, apenas no século XX foi feito

um esforço para criar uma disciplina acadêmica para

estudar a relação entre direito e desenvolvimento. Na

mesma época, governos e organizações internacionais

começaram a organizar projetos de reforma jurídica.

1) Direito e Desenvolvimento no século XX

A década de 60 marcou o início do apoio a reformas por

parte de agências internacionais e a primeira tentava

de se criar uma área acadêmica para o estudo da relação

entre direito e desenvolvimento. O apoio às reformas

se intensicou na década de 80 e estudos acadêmicos

aumentaram. Na segunda metade do século XX, várias

teorias surgiram, cada uma gerando diferentes pos de

reforma. Três grandes temas podem ser idencados:

O Direito pode ser um instrumento para promover

o desenvolvimento: O primeiro movimento Direito e

Desenvolvimento ressaltou a necessidade de mudança

nas relações econômicas e sociais e expressou o desejo

de que novas leis pudessem induzir tal mudança.

Essa corrente de pensamento se apoiou na teoria da

modernização e na visão, bastante disseminada por

economistas, de que um Estado forte era necessário para

administrar a economia e transformar a sociedade. O

direito, nesta visão, poderia servir de instrumento posivo

para a mudança, oferecendo incenvos para pessoas e

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O legado do século XX é complexo. Primeiro, o interesse

acadêmico aumentou, especialmente entre economistas,

mas nenhuma disciplina autônoma foi criada. Segundo,

alguns projetos falharam e algumas leis transplantadasnão “pegaram”. Terceiro, havia conitos entre as

várias idéias que predominavam no período. Existem

tensões entre a idéia do uso do direito por um Estado

desenvolvimensta por um lado, e desregulação por

outro; entre o direito como um instrumento de mudança

de comportamentos e o direito como uma estrutura

neutra; entre a desregulação e a necessidade de se criar

novas instuições. Todas estas questões connuam a ser

debadas na academia e na práca, sem que nenhum

consenso tenha surgido.

2) Direito e Desenvolvimento hoje

Portanto, na medida em que entramos no século XXI, nos

deparamos com questões não resolvidas e missões não

cumpridas. Ainda é preciso reconciliar as tensões entre

as idéias do século XX e criar um corpo sistemáco de

conhecimento que possa servir como um guia conável

para reforma. Nos devemos enfrentar novas idéias:

O Direito deve facilitar a experimentação e a inovação:

Os especialistas em direito e desenvolvimento do século

XX achavam que o caminho para o desenvolvimento era

bem conhecido e que o desao era o de criar instrumentos

necessários. Para aqueles que viam o direito como um

instrumento de controle estatal, o conhecimento sobre

o caminho a ser seguido seria proporcionado pelos

planos nacionais, cabendo ao direito implementar este

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planejamento. Aqueles contrários ao planejamento

acreditavam que mercados sem restrições produziriam

as melhores escolhas econômicas, de modo que a forma

correta de promover o desenvolvimento seria criarmercados sem restrições. No entanto, no século XXI, muitos

estão começando a acreditar que nem os responsáveis

pelos planejamentos nem os mercados independentes

podem encontrar o melhor caminho. Ao contrário, as

estratégias devem evoluir e escolhas de invesmentos

devem ser feitas por meio de parcerias público privadas e

processos de experimentação iteravos. Estes processos

requerem novas formas de governança e direito. O direito

não pode ser uma simples ferramenta para a intervenção

direta do Estado nem meramente uma estrutura neutra

para a tomada de decisões privadas. De preferência, o

direito deveria buscar estabelecer parcerias entre os

setores público e privado e instucionalizar um processo

de busca mútua por soluções inovadoras e ómos

caminhos de desenvolvimento.

O Direito é cada vez mais afetado por forças globais:

Existem três forças principais em andamento. A primeira

é a disponibilidade de modelos globais de direito e

desenvolvimento promovidos pelo Banco Mundial, os

quais exercem inuência sobre o pensamento nacional.

Segundo, o direito desempenha um importante papel na

compevidade nacional. Quanto mais a estratégia de

desenvolvimento de um país depende de invesmento

estrangeiro, mais suas leis estarão sujeitas ao escrunio

de invesdores estrangeiros. Hoje, os invesdores têm

muitas opções e o direito torna-se um fator importante

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nos esforços para atrair capital. A terceira força global é

o crescimento do direito transnacional. Cada vez mais o

ordenamento jurídico de um país é afetado por normas

originadas fora de suas fronteiras. Sejam normas deorganizações regionais, como o NAFTA ou o MERCOSUL,

ou instuições globais, como a OMC, os ordenamentos

 jurídicos nacionais estão sujeitos a restrições oriundas de

outros níveis de governança.

O próprio Direito faz parte do desenvolvimento: Todas

as principais idéias sobre direito e desenvolvimento no

século XX encaravam o direito como meio para outro

m, fosse ele crescimento econômico ou proteção social.

Mas, recentemente, acadêmicos têm argumentado

que a existência do “Estado de Direito” é um m em si

mesmo, isto é, uma parte necessária do processo para

aumentar o poder e a capacidade do indivíduo, o que

constui “desenvolvimento”. Isso signica que a proteção

 jurídica para valores constucionais e direitos humanos,

incluindo direitos econômicos e sociais, deve fazer parte

da agenda de direito e desenvolvimento junto ao direito

econômico e a reforma judicial.

Polícas de Direito e Desenvolvimento devem ser

baseadas em evidências: É preciso ir além dos debates

abstratos e desenvolver evidências empíricas. Existe

pouco trabalho empírico de qualquer po sobre o papel

do direito em países em desenvolvimento. Os países em

desenvolvimento precisam invesr em pesquisa sócio-

  jurídica. Isso deve incluir ferramentas para diagnoscar

problemas e medir resultados de reformas. Indicadores

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 jurídicos podem ser úteis, mas é preciso ter cuidado ao

criar e usar esses indicadores.

 

Por reconhecer que o direito é um importante recurso aodesenvolvimento, muitos países atualmente encorajam

pesquisas sistemazadas sobre o papel do direito no

desenvolvimento levando em consideração as lições do

século XX e os desaos do XXI. Governos, acadêmicos,

 juízes e líders das ordens dos advogados de países como

Brasil, China e Índia tem assumido o desao de construir um

conjunto de conhecimento sobre direito e desenvolvimento

apropriado aos nossos tempos. Novas faculdades de

direito, como a FGV no Brasil e similares na China e na

Índia, estão desenvolvendo pesquisas e programas de

treinamento sobre direito e desenvolvimento. O sucesso

na construção de um conhecimento mais abrangente e de

reformas mais robustas exigirá estreita cooperação entre

governos, ordens dos advogados, o setor privado, agências

internacionais e universidades no Norte e no Sul.

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David M. Trubek, “Developmental States and the Legal 

Order”, University of Wisconsin Legal Studies Working

Paper 2008 hp://papers.ssrn.com/sol3/papers.

cfm?abstract_id=1349163

David M. Trubek, O Novo Direito e Desinvolvimento:

Presente, Passado e Futuro (Saravia 2008)

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Eixo 2 - Fomento à Pesquisa e Divulgação

Este eixo fará a arculação entre a presente iniciava

e outras correlatas, já em curso. As instuições de

ensino e pesquisa constuem os principais atores destavertente do trabalho que tem como objevo aumentar

o volume de pesquisas muldisciplinares sobre o tema.

Outro ponto de interesse é a formação dos prossionais

do Direito e da Economia, aproximando estas duas

áreas fundamentais para o debate. A Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

que tem por missão promover a constante melhoria da

pós-graduação no país será importante parceira nesse

eixo especíco.

A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), bem

como outras instuições com forte engajamento no

movimento do “Direito e Desenvolvimento” assumirão

essa coordenação. A questão da integração produva com

os países do Mercosul e o impacto do ambiente jurídico

dessas nações nesse processo são outras áreas especícas

de interesse. A intenção é engajar pesquisadores e

instuições dos países membros do bloco econômico

e outros vizinhos da América Lana nesse debate e na

iniciava.

Eixo 3 - Ações Especícas

O resultado deste eixo são as agendas de trabalho

especícas. Alguns temas foram discudos em caráter

preliminar nas reuniões preparatórias ocorridas entre

agosto e outubro de 2009. Durante o evento de lançamento

da iniciava, esse debate será aprofundado para permir a

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denição de temas orientadores para tais agendas.

A coordenação deste eixo caberá à ABDI e à Secretaria

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior (SECEX/MDIC).

Expectavas e Parcipação

Devido à abrangência dos objevos propostos, faz-se

necessário o envolvimento não apenas das instuições

com competência direta nas questões do Direito e

Desenvolvimento econômico, mas fundamentalmente

do setor privado. A intenção é disseminar a percepção de

que o ambiente jurídico pode representar um elemento

estratégico para o processo de desenvolvimento econômico

do Brasil.

No entanto, o êxito da iniciava requer uma denição

sobre o foco da agenda de trabalho a ser proposta, em

especial no eixo “Ações Especícas”. É preciso diagnoscar,

de imediato, se existem problemas devido a falta de um

marco normavo, ou em razão da diculdade de aplicação

do marco existente ou de gestão e funcionamento das

instuições responsáveis pela efevação das normas.

Sobre o lançamento da iniciava

O Seminário “Direito e Desenvolvimento: Debates

sobre o Impacto do Marco Jurídico no Desenvolvimento

Econômico Brasileiro” pretende ser o início de uma

caminhada em busca de consenso entre o governo

e a sociedade civil, capaz de produzir uma agenda

nacional de ações sobre os temas. Representa, ainda,

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uma oportunidade de mobilizar os diversos setores

da sociedade brasileira para o alcance dos resultados

esperados.

É válido ressaltar que a iniciava não tem a pretensão de

esgotar as discussões propostas. O objevo é colocá-las

em pauta como temas relevantes para o desenvolvimento

econômico do País.

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