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PROFISSÃO promoter por vocação por Carolina Schubert A cada ano que passa, o mercado da música eletrônica cresce no Brasil, movimentando bilhões de reais. São novos clubs, novos talentos e uma grande concorrência nas cabines. Seguindo essa tendência, uma das profissões associadas à cena chama ainda mais a atenção. A visibilidade da carreira de promoter tomou grandes proporções nos últimos tempos. Mas qual a real função desse ofício? Promoters precisam conhecer a casa, o cliente e o line-up, já que é preciso manter um relacionamento com o público, com o club e com os artistas, ou seja: Zelar pelo funcionamento da noite do início ao fim. Carol Sampaio, China, Daiane Calabria, Guil Salles e Pollyana Simões são exemplos a serem seguidos. Promoters de festas consagradas, eles têm um envolvimento com a carreira que traduz o significado da profissão que ocupam. à frente da Mothership, noite de sábado do club D-Edge, China resume uma dos principais saberes de um promoter: a música. “é imprescindível. é fundamental que o promoter tenha conhecimento musical, saiba identificar os melhores formatos de promoção e o público alvo. Assim os elementos que levam ao sucesso como local, evento, público e artistas, estarão em total sintonia”, comenta. Ponto que os demais também enfatizam. Guil Salles, que trabalha em festas no Lions Night Club e Yacht, coincidentemente usa o mesmo adjetivo para compor o pensamento: “é imprescindível para o promoter, afinal é ele quem escolhe os DJs ou pesquisa as atrações que condizem com seu público”. Carol e Dai confirmam a premissa dizendo ser importantíssimo esse conhecimento, afinal o profissional precisa estar envolvido com o line-up até para, em muitos casos, conseguir explicar aos clientes qual a linha seguida pelo DJ que está na cabine. “A música se comunica com o público. Se você não sabe do que o seu público gosta e não tem Nunca foi tão comum encontrar, a cada esquina, alguém que se autointitula promoter de uma grande festa. Porém, a maioria confunde a verdadeira função desse profissional – que vai muito além de vender ingressos, fazer listas e disparar mailings. É preciso conhecer a música e, através dela, o seu público conhecimento para trocar informações musicais, por melhor que seja a festa, existem grandes possibilidades de simplesmente não rolar legal. A música é a coisa mais importante num evento. é ela que dá o conceito, que desenha a noite, que envolve as pessoas. Promoter e produtores precisam entender do assunto”, finaliza Polly. A carreira de promoter também leva alguns mais adiante. Carol Sampaio e Pollyana atuam como empresárias da noite carioca, criando os próprios eventos e também sendo contratadas para produção de diversas festas. Enquanto Carol está à frente de eventos como o Rio Club Med Weekend, Polly recentemente foi contratada como cabeça de criação do Londra, pelo Hotel Fasano. Já quando o assunto é escola para promoters, os autodidatas entrevistados apoiam a iniciativa desde que o curso tenha seriedade, afinal, quem nunca teve contato com a profissão precisa no mínimo de algumas instruções básicas. Mas a verdade é que o dia a dia e a noite a noite que realmente dão forma a profissão. A soma do contato, da prática, do feeling e da experiência diária é que resulta no know-how necessário para o sucesso. Vocação, talvez essa seja a palavra atrelada a todas as atividades de um bom promoter. Guil Sales SãO PAULO 6 ANOS DE CARREIRA FORWARD (LIONS NIGHT CLUB) E DAMN FRIDAYS (CLUB YACHT) “é importante saber a diferença entre um promoter e um divulgador, que simplesmente dissemina a informação e o conteúdo da noite que foi pensada e organizada pelo promoter. Acredito que mais que uma banalização, hoje, existe uma falta de distinção entre o trabalho destes dois profissionais”. Ser DJ virou brincadeira para muita gente. Mas e a profissão promoter, também caiu na banalização? Carol Sampaio RIO DE JANEIRO 12 ANOS DE CARREIRA BAR DO COPA, BAILE DA FAVORITA, RIO CLUB MED WEEKEND E RéVEILLON CARIOCA “Acho que hoje em dia todo mundo quer ser promoter e acha que é fácil fazer um mailing, mas não é. é um trabalho muito sério e delicado. Por isso procuramos crescer, e hoje em dia criamos eventos, fazemos a produção de muitos e de festas particulares, como parte do trabalho de promoter. Procuramos ser os mais completos sempre.” 44 // WWW.HOUSEMAG.COM.BR

PROMOTER POR VOCAÇÃO

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Publicada na ed. 31 da House Mag.

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pROFISSÃO

promoter por vocação

por carolina schubert

A cada ano que passa, o mercado da música eletrônica cresce no Brasil, movimentando bilhões de reais. São novos clubs, novos talentos e uma grande concorrência nas cabines. Seguindo essa tendência, uma das profissões associadas à cena chama ainda mais a atenção. A visibilidade da carreira de promoter tomou grandes proporções nos últimos tempos. Mas qual a real função desse ofício?

Promoters precisam conhecer a casa, o cliente e o line-up, já que é preciso manter um relacionamento com o público, com o club e com os artistas, ou seja: zelar pelo funcionamento da noite do início ao fim. Carol Sampaio, China, Daiane Calabria, Guil Salles e Pollyana Simões são exemplos a serem seguidos. Promoters de festas consagradas, eles têm um envolvimento com a carreira que traduz o significado da profissão que ocupam. à frente da Mothership, noite de sábado do club D-Edge, China resume uma dos principais saberes de um promoter: a música. “é imprescindível. é fundamental que o promoter tenha conhecimento musical, saiba identificar os melhores formatos de promoção e o público alvo. Assim os elementos que levam ao sucesso como local, evento, público e artistas, estarão em total sintonia”, comenta. Ponto que os demais também enfatizam. Guil Salles, que trabalha em festas no Lions Night Club e Yacht, coincidentemente usa o mesmo adjetivo para compor o pensamento: “é imprescindível para o promoter, afinal é ele quem escolhe os DJs ou pesquisa as atrações que condizem com seu público”. Carol e Dai confirmam a premissa dizendo ser importantíssimo esse conhecimento, afinal o profissional precisa estar envolvido com o line-up até para, em muitos casos, conseguir explicar aos clientes qual a linha seguida pelo DJ que está na cabine.

“A música se comunica com o público. Se você não sabe do que o seu público gosta e não tem

Nunca foi tão comum encontrar, a cada esquina, alguém que se autointitula promoter de uma grande festa. porém, a maioria confunde a verdadeira função desse profissional – que vai muito além de vender ingressos, fazer listas e disparar mailings. É preciso conhecer a música e, através dela, o seu público

conhecimento para trocar informações musicais, por melhor que seja a festa, existem grandes possibilidades de simplesmente não rolar legal. A música é a coisa mais importante num evento. é ela que dá o conceito, que desenha a noite, que envolve as pessoas. Promoter e produtores precisam entender do assunto”, finaliza Polly.

A carreira de promoter também leva alguns mais adiante. Carol Sampaio e Pollyana atuam como empresárias da noite carioca, criando os próprios eventos e também sendo contratadas para produção de diversas festas. Enquanto Carol está à frente de eventos como o Rio Club Med weekend, Polly recentemente foi contratada como cabeça de criação do Londra, pelo Hotel Fasano.

Já quando o assunto é escola para promoters, os autodidatas entrevistados apoiam a iniciativa desde que o curso tenha seriedade, afinal, quem nunca teve contato com a profissão precisa no mínimo de algumas instruções básicas. Mas a verdade é que o dia a dia e a noite a noite que realmente dão forma a profissão. A soma do contato, da prática, do feeling e da experiência diária é que resulta no know-how necessário para o sucesso. Vocação, talvez essa seja a palavra atrelada a todas as atividades de um bom promoter.

Guil SalesSãO PAULO6 ANOS DE CARREIRAFORwARD (LIONS NIGHT CLUB) E DAMN FRIDAYS (CLUB YACHT)

“é importante saber a diferença entre um promoter e um divulgador, que simplesmente dissemina a informação e o conteúdo da noite que foi pensada e organizada pelo promoter. Acredito que mais que uma banalização, hoje, existe uma falta de distinção entre o trabalho destes dois profissionais”.

Ser DJ virou brincadeira para muita gente. Mas e a profissão promoter, também caiu na banalização?

Carol SampaioRIO DE JANEIRO12 ANOS DE CARREIRABAR DO COPA, BAILE DA FAVORITA, RIO CLUB MED wEEKEND E RéVEILLON CARIOCA

“Acho que hoje em dia todo mundo quer ser promoter e acha que é fácil fazer um mailing, mas não é. é um trabalho muito sério e delicado. Por isso procuramos crescer, e hoje em dia criamos eventos, fazemos a produção de muitos e de festas particulares, como parte do trabalho de promoter. Procuramos ser os mais completos sempre.”

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Pollyana SimõesRIO DE JANEIRO12 ANOS DE CARREIRAD-DATE (00) E LONDRA (HOTEL FASANO)

“Acredito que muitas profissões estão banalizadas. Tem muita gente que faz festa por dinheiro, pra se promover, ou porque imagina que é fácil. Para que você seja respeitado, é preciso seriedade, conhecimento e profissionalismo. E ao contrário do que pensam, quem trabalha na noite, trabalha muito durante o dia, para que a noite aconteça perfeita. Nos últimos anos, ao mesmo tempo que vemos eventos crescendo e cada vez mais profissionalizados, vemos um monte de festas feitas por pessoas que nunca ouvimos falar, com péssima qualidade, sem qualquer conceito ou identidade”.

ChinaSãO PAULO12 ANOS DE CARREIRAMOTHERSHIP (D-EDGE)

“Em termos, acredito que sim. Mas ela é decorrente de um processo que já dura uma década. Há uma multiplicidade de fatores que catalisaram esse efeito e eles se enraízam na pulverização de oportunidades que se formou nesse período, por um lado, e a ausência de uma devida estruturação da profissão, por outro. Assim, para suprir uma demanda real por agentes que tinham como sua única atividade a promoção de eventos, outros vieram a cobrir essa carência: DJs, organizadores, músicos, frequentadores. Não digo que alguns desses profissionais não devam de maneira alguma se envolver na divulgação dos eventos nos quais se apresentam ou produzem, mas eles jamais estarão aptos a dar a dedicação exclusiva que um trabalho sério de promoção exige.”

Daiane CalabriaRIO GRANDE DO SUL2 ANOS DE CARREIRACOLOURS (ITINERANTE/SERRA GAúCHA)

“Acredito que existe, sim. De uns tempos para cá, vejo muita gente se tornando promoter sem saber o que é música eletrônica, sem ter um envolvimento com a mesma. Porém, isso não acontece só com promoters. Acho que a profissão ‘produtor de festas’ também está banalizada. Mas acho que a cena está crescendo, então o melhor é respeitar uns aos outros, tem espaço para todos”.

Tornou-se comum divulgadores de festa acharem que são promoters. Ter muitos amigos nas redes sociais, conhecer todos da balada e chamar bastante gente para a festa não é o suficiente para se intitular um promoter. Este profissional está por trás da realização do evento, e o faz através de noções de administração, de marketing e até mesmo de contabilidade.

promoter x divulgador

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