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DIREITO EMPRESARIAL

EDITAL UNIFICADO: Sociedade por ações: características, funções, órgãos e valores mobiliários; subsidiária integral. Da sociedade cooperativa. Das sociedades coligadas. Sociedades autorizadas. Propriedade Intelectual. Propriedade Industrial: marca, patente, invenção, modelo de utilidade e desenho industrial. Arbitragem. Comércio Marítimo e Registro de Propriedade Marítima. Este material foi construído com base nas obras / aulas dos seguintes autores: OAB Primeira Fase Esquematizado - Volume Único. Edição do Kindle. Direito empresarial: direito de empresa e sociedades empresárias / Victor Eduardo Rios Goncalves, Maria Gabriela Venturoti Perrotta. – 10. ed. – Sao Paulo: Saraiva Educação, 2018. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 21). Aulas do professor Paulo Furtado, VFK. Anotações próprias do professor.

SOCIEDADE POR AÇÕES: características, funções, órgãos e valores mobiliários; subsidiária integral.

1. A sociedade anônima é uma espécie de sociedade contratual ou institucional? Trata-se de uma sociedade de pessoas ou de capital? Explique.

➔ As sociedades anônimas são espécies de sociedades estatutárias, também

chamadas de “institucionais”. Isso porque elas se constituem por meio de um estatuto social, não um contrato, e seu capital está dividido em frações denominadas “ações”. Cada sócio é titular de determinado número de ações, sendo chamado de “acionista”.

➔ Por serem sociedades institucionais ou estatutárias, as sociedades anônimas são também sociedades de capital. o que importa a essa pessoa jurídica é a efetiva contribuição dos acionistas para a formação do capital social, sendo irrelevantes as qualidades pessoais de cada um. Consequentemente, as ações da companhia são livremente negociáveis, não podendo, em regra, haver óbice à entrada de um terceiro estranho ao quadro social.

2. Qual o regime de responsabilidade a que se sujeita o sócio de uma sociedade anônima?

➔ Como dispõe o art. 1º da Lei de Sociedades Anônimas (LSA), “a companhia

ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de

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emissão das ações subscritas ou adquiridas”. Essa regra é repetida pelo Código Civil, no art. 1.088. Assim, a responsabilidade do acionista é limitada ao valor das ações por ele subscritas e ainda não integralizadas. Se suas ações estiverem totalmente integralizadas, não há mais que cuidar de qualquer responsabilidade subsidiária desse acionista. Não se observa nas sociedades anônimas, portanto, a solidariedade de responsabilidade dos sócios pelo valor de cotas ainda não integralizadas, ao contrário do que ocorre nas sociedades limitadas.

3. O nome social da sociedade anônima deve ser composto por firma ou denominação? Como ele deve ser formado?

➔ As sociedades anônimas deverão adotar como nome empresarial uma

denominação, que necessariamente designará o objeto social desenvolvido pela empresa. A denominação será acompanhada da expressão “sociedade anônima” ou “companhia”, expressas por extenso ou abreviadamente (“S.A.” ou “Cia.”). O termo “sociedade anônima” pode ser usado no início, meio ou fim da denominação. A expressão “companhia” não pode ser usada no fim da denominação, para que não se confunda com o nome empresarial das demais sociedades contratuais que podem usar essa partícula no final. Poderá a denominação ser composta por nome civil de acionista ou de fundador da sociedade ou ainda de pessoa que, por qualquer outro modo, tenha concorrido para o êxito da empresa (LSA, art. 3º, § 1º). Também poderá ser constituída a denominação por um elemento fantasia.

4. Quais são as duas espécies de sociedades anônimas previstas na Lei n. 6.404/76? Qual a principal diferença entre elas?

➔ As sociedades anônimas podem ser de duas espécies: abertas ou fechadas

(LSA, art. 4º). ➔ As sociedades anônimas abertas são aquelas que negociam seus valores

mobiliários (como as ações) no mercado de capitais. Assim, essas companhias emitem títulos que são negociados no mercado, havendo oferta ao público em geral. Por essa razão, elas necessitam de uma autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para poder negociar esses títulos, além de sofrer severa fiscalização por parte desse órgão. Como a negociação de valores mobiliários no mercado de capitais envolve diretamente a poupança popular, e, consequentemente, a própria economia do país, mister a regulamentação e controle por parte do Governo.

➔ As sociedades anônimas fechadas, por outro lado, são aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais. Logo, essas companhias não oferecem suas ações ao público, o que faz com que sejam menos complexas e menos regulamentadas.

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5. Quais os dois tipos de entidades que compõem o mercado de capitais? E o que é a CVM?

➔ O mercado de capitais é formado pela Bolsa de Valores e pelo Mercado de

Balcão. ➔ A Bolsa de Valores é uma entidade privada, formada por associações de

corretores, que exercem, com monopólio territorial, a negociação de valores mobiliários no mercado. Para serem criadas, necessitam de autorização do Banco Central e estão sob constante fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários. A Bolsa é um mercado secundário, pois somente comercializa valores mobiliários já subscritos e em circulação.

➔ O Mercado de Balcão, por sua vez, é um mercado primário e secundário. Ele subscreve valores mobiliários, além de comercializá-los. Nele são efetuadas todas as operações financeiras que envolvem os valores mobiliários e que não são de competência da Bolsa de Valores.

➔ A Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia criada pela Lei n. 6.385/76, responsável pela supervisão e controle do mercado de capitais, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central. A autorização se impõe em razão do interesse governamental em proteger o investidor e o mercado financeiro.

6. Segundo a Lei n. 6.404/76, quais são os requisitos preliminares para a constituição de uma companhia?

➔ Os requisitos preliminares para a constituição de uma sociedade anônima

devem ser observados por toda e qualquer companhia, seja ela aberta ou fechada, e independentemente da modalidade de constituição, se por subscrição pública ou particular. São eles (LSA, arts. 80 e 81):

o 1) Subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto. A subscrição é irretratável.

o 2) Realização, como entrada, em dinheiro, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas. Determinadas sociedades anônimas, como as instituições financeiras, necessitam de uma integralização, como entrada, de 50% das ações subscritas.

o 3) Depósito, no Banco do Brasil ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte de capital realizado em dinheiro. Esse depósito deve ser feito pelo fundador no prazo de 5 dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores.

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7. Quais são as duas modalidades previstas pela Lei n. 6.404/76 para a constituição de uma companhia? Explique sucintamente cada uma dessas modalidades, destacando quando podem ser usadas.

➔ A sociedade anônima poderá ser constituída por meio de subscrição

pública ou subscrição particular. ➔ A constituição de uma companhia por subscrição pública é a forma

utilizada para formar uma sociedade anônima aberta, que negociará seus valores mobiliários no mercado de capitais. Ela contém diversas e sucessivas fases, estando disciplinada nos arts. 82 a 87 da Lei de Sociedades Anônimas. Depende de prévio registro da companhia na Comissão de Valores Mobiliários, que deve autorizar a emissão pública das ações. A subscrição dessas ações somente poderá ser feita com a intermediação de uma instituição financeira para tanto contratada. O pedido de registro será instruído com o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento, com o projeto do estatuto social e com o prospecto organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto, bem como denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores (LSA, art. 82). Atendidas todas as exigências, será concedido o registro e autorizada a emissão. Assim, as ações serão oferecidas ao público e quem pretender subscrevê-las deverá procurar a instituição intermediária autorizada e assinar a lista ou boletim individual (LSA, art. 85). A subscrição também poderá ser feita por carta endereçada à instituição, nas condições previstas no prospecto, acompanhada do valor da entrada (art. 85, parágrafo único). Quando ocorrer a subscrição de todo o capital social, os fundadores convocarão assembleia geral, que promoverá a avaliação de eventuais bens fornecidos para a integralização das ações subscritas e deliberará sobre a constituição da companhia, com aprovação do estatuto social por mais da metade do capital social. Cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, dará direito a um voto (arts. 86 e 87, § 2º). Observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente da assembleia declarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores e fiscais.

➔ A constituição de companhia por subscrição particular é própria das sociedades anônimas que não oferecerão ao público suas ações, ou seja, as companhias fechadas. Por essa razão, essa modalidade de constituição é mais simples, sendo também chamada de “simultânea”, pois desprovida de fases sucessivas. Tal constituição por subscrição particular do capital pode dar-se por deliberação dos subscritores em assembleia geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores (LSA, art. 88). No primeiro caso, todos deverão assinar o projeto do estatuto; no segundo, todos deverão assinar a escritura pública. Nessa modalidade não existe instituição financeira responsável pela

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intermediação de negociação de ações, tampouco autorização da Comissão de Valores Mobiliários.

8. Cite três espécies de valores mobiliários emitidos por sociedades anônimas.

➔ Os cinco mais importantes valores mobiliários emitidos pela sociedade

anônima são: i) ações; ii) partes beneficiárias; iii) debêntures; iv) bônus de subscrição; v) commercial paper.

9. Conceitue as ações.

➔ As ações são bens móveis que representam frações em que está dividido o

capital social, concedendo ao seu titular (acionista) a qualidade de sócio da companhia e, consequentemente, um complexo de direitos e deveres.

10. Diferencie valor nominal, preço de emissão, valor patrimonial, valor de mercado e valor econômico.

➔ O valor nominal de uma ação é aquele estabelecido pela sociedade

anônima no estatuto social. Trata-se do valor obtido pela divisão do capital social pelo número de ações. Se o estatuto social não expressar esse valor, tratar-se-á de ações sem valor nominal (art. 14 da LSA).

➔ O preço de emissão é aquele pago por quem subscreve a ação, seja à vista ou a prazo, e é fixado pelos fundadores no momento da constituição da companhia, ou pela assembleia geral, quando deliberar sobre aumento do capital social (LSA, arts. 14, 166 e 170). Se o preço é maior que o valor nominal, a diferença, chamada ágio, servirá como reserva de capital da empresa. Caso as ações possuam valor nominal, o preço de emissão não pode ser inferior a este, sob pena de nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber (LSA, art. 13).

➔ O valor patrimonial da ação é obtido pela divisão do valor em reais do patrimônio líquido pelo número de ações. Nada mais é que a parcela do patrimônio líquido da sociedade correspondente a cada ação, obtido pela diferença entre o ativo e o passivo da empresa.

➔ O valor de mercado da ação é aquele contratado, por livre manifestação de vontade, entre quem aliena e quem a adquire. Trata-se do preço pago pela ação no mercado de capitais secundário. Este valor é fixado pela oferta e procura, cuja relação depende não apenas das finanças da sociedade, como também de fatores políticos e econômicos e da expectativa dos agentes do mercado.

➔ O valor econômico da ação é obtido a partir de cálculos complexos, que leva em conta o quanto a ação valeria ao ser colocada no mercado futuramente, ou seja, é a expectativa de rentabilidade que a ação pode representar. De acordo com Modesto Carvalhosa, a avaliação pode levar

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em conta dois critérios contábeis diferentes: a comparação por múltiplos e o fluxo de caixa descontado.

11. Classifique as ações conforme sua forma de circulação.

➔ De acordo com a forma como são transferidas, ou seja, o modo como se

transmitem para outros acionistas ou para terceiros, as ações no Brasil podem ser de duas espécies: nominativas e escriturais, conforme a redação atual da LSA. No passado, existiam também as ações “ao portador” e as “nominativas endossáveis”, hoje vedadas pela Lei n. 8.021/90.

➔ As ações nominativas são aquelas cujos titulares estão expressamente designados no Livro de Registro de Ações Nominativas. A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro referido. Assim, na hipótese de transferência das ações, bastará termo lavrado no livro de Transferência de Ações Nominativas datado e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou por seus legítimos representantes (LSA, art. 31, § 1º).

➔ As ações escriturais não deixam de ser nominativas, visto que são identificados seus titulares. Entretanto, diferenciam-se quanto à forma de transferência, que não ocorre por termo em livro próprio, mas por contas de depósito. Nesse tipo de ação, uma instituição financeira autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários manterá contas de depósito em nome dos titulares das ações. Havendo transferência destas, a instituição financeira lançará os valores das ações a débito do titular cedente e a crédito em conta de depósito de ações do cessionário, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil. Não há instrumentos materiais específicos para a operação, apenas movimentações bancárias que comprovam a negociação das ações. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito de ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária (LSA, arts. 34 e 35).

➔ As ações ao portador não indicavam seus titulares. Assim, aquele que possuísse o respectivo certificado seria presumido proprietário, nos termos do art. 33 da LSA.

➔ As ações nominativas endossáveis indicavam apenas o primeiro proprietário. As demais transferências se dariam por endosso, de forma semelhante aos títulos de crédito. O exercício de direitos perante a companhia, no entanto, dependia da averbação do nome do acionista do livro “Registro de Ações Endossáveis” e no certificado (art. 32 da LSA).

12. Classifique as ações conforme a natureza dos direitos ou vantagens conferidas aos seus titulares, explicando sucintamente cada espécie.

➔ De acordo com essa classificação, as ações podem ser ordinárias,

preferenciais ou de fruição (art. 15 da LSA). ➔ As ações ordinárias ou comuns são aquelas que conferem direitos comuns

aos acionistas, como o direito de voto e de participação nos lucros e

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também em eventuais perdas da sociedade, sem quaisquer restrições ou privilégios. São ações de emissão obrigatória por todas as companhias.

➔ As ações preferenciais são aquelas que conferem a seus titulares certas vantagens ou privilégios (LSA, art. 17). As preferências ou vantagens dessas ações podem ser: a) prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; b) prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; c) acumulação das preferências e vantagens indicadas nos itens “a” e “b”. O estatuto, concomitantemente, poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-los com restrições. As ações sem direito de voto, todavia, adquirirão tal direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a três exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizer jus o acionista, direito que conservará até o pagamento se tais dividendos não forem cumulativos ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso (art. 111).

➔ As ações de gozo ou fruição são aquelas distribuídas aos acionistas titulares de ações ordinárias ou preferenciais em substituição dessas ações que foram amortizadas. O estatuto ou assembleia geral extraordinária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas na amortização de ações. A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital social, da quantia a que teriam direito em caso de liquidação da companhia. São mantidos os direitos essenciais da ação amortizada, como o direito de voto. A amortização pode ser integral ou parcial e abranger todas as classes de ações ou só uma delas. Se efetivamente ocorrer a liquidação da companhia, as ações que já foram amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente (LSA, art. 44).

13. Explique sucintamente o que sao as “partes beneficiárias”. Que companhias podem emiti-las?

➔ As partes beneficiárias são títulos negociáveis, sem valor nominal e

estranhos ao capital social. Somente podem ser emitidas por companhias fechadas e estão disciplinadas nos arts. 46 a 51 da LSA. Elas conferem a seus titulares um direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais, até um limite de 10% do lucro da empresa. Ao mesmo tempo, não conferem qualquer direito privativo de acionista, salvo o de fiscalizar os atos dos administradores. Podem ser as partes beneficiárias nominativas ou escriturais. Podem ser alienadas pela companhia ou atribuídas a fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração por serviços prestados à sociedade. O estatuto social da companhia poderá prever a conversão das partes beneficiárias em ações, mediante capitalização de reserva criada para esse fim.

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14. Explique sucintamente o que são as debêntures. O que é o agente fiduciário dos debenturistas? Quando sua presença é obrigatória? Quais são as quatro espécies de debêntures previstas na LSA?

➔ As debêntures são valores mobiliários que conferem a seus titulares direito

de crédito contra a companhia, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. Elas são estranhas ao capital social e estão disciplinadas nos arts. 52 a 74 da LSA. São valores mobiliários que correspondem a um empréstimo tomado pela companhia, a médio ou longo prazo, junto a investidores, assemelhando-se, assim, a um contrato de mútuo, em que a sociedade anônima é a mutuária, sendo mutuante o debenturista. Este, portanto, tem um direito de crédito contra aquela, crédito este que deverá ser resgatado no prazo e termos fixados no instrumento chamado de “escritura de emissão”.

➔ O agente fiduciário é o representante legal da comunhão de interesses dos debenturistas, protegendo seus direitos junto à emissora. Sua presença é obrigatória nas emissões públicas, ou seja, no caso de debêntures admitidas à negociação no mercado (art. 61, §1º da LSA). Compete-lhe ajuizar ações, executar as garantias e requerer a falência da emissora das debêntures

➔ Existem quatro espécies de debêntures (art. 58): a) debêntures com garantia real: são aquelas atreladas a um bem pertencente ou não à sociedade, como, por exemplo, um imóvel hipotecado dado em garantia ao resgate da debênture (caput); b) debêntures com garantia flutuante: são aquelas que asseguram a seus titulares privilégio geral sobre o ativo da companhia, mas não impedem a negociação dos bens que compõem esse ativo; em caso de liquidação da companhia, as debêntures com garantia flutuante têm preferência sobre os créditos quirografários (§ 1º); c) debêntures quirografárias: são aquelas sem qualquer garantia ou privilégio, que concorrem com os demais créditos quirografários da companhia na hipótese de liquidação desta; d) debêntures subordinadas ou subquirografárias: são aquelas com preferência apenas sobre os acionistas da companhia, em caso de liquidação (§ 4º).

15. O que sao os “bônus de subscricao”?

➔ Os bônus de subscrição são valores mobiliários que conferem a seus

titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações por ocasião do aumento do capital social autorizado no estatuto, direito esse que poderá ser exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Estão eles disciplinados nos arts. 75 a 79 da Lei de Sociedades Anônimas. Os bônus de subscrição serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritores de emissões de suas ações ou debêntures. Os acionistas da companhia gozam de preferência para subscrever a emissão de bônus. Tal como as ações, podem ser nominativos e escriturais.

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16. O que são os “commercial papers”?

➔ Os commercial papers são espécies de notas promissórias e servem para a

captação de recursos no mercado de capital, sendo restituídos aos investidores em curto prazo. Assim, enquanto as debêntures equivalem a empréstimos feitos pela sociedade anônima de médio e longo prazo, os commercial papers representam captações de recursos de curto prazo. Esse prazo é de, no mínimo, 30 e, no máximo, 180 dias, para a restituição dos valores recebidos em mercado pela companhia. Tais títulos somente se transferem por endosso em preto e com a cláusula “sem garantia”. Os commercial papers foram disciplinados pela Instrução n. 134/90 da Comissão de Valores Mobiliários.

17. Quais são os órgãos de uma companhia previstos na LSA? Quais são obrigatórios e quais são facultativos? Em que companhias o conselho de administração é obrigatório

➔ A LSA prevê e disciplina quatro órgãos: a assembleia geral, o conselho de

administração, o conselho fiscal e a diretoria. ➔ A assembleia geral e a diretoria são órgãos obrigatórios. O conselho de

administração é facultativo. O Conselho Fiscal é órgão de presença obrigatória, mas seu funcionamento pode não ser permanente, restringindo-se aos exercícios sociais em que for instalado, a pedido de acionistas (art. 161).

➔ As companhias abertas, as de capital autorizado e as sociedades de economia mista devem, obrigatoriamente, ter um Conselho de Administração. Nas demais sociedades anônimas a presença desse órgão é facultativa (art. 138, § 2º).

18. Aponte as principais características da assembleia geral, em especial: a) sua função; b) sua composição; c) a quem compete convocá-la; d) suas espécies

➔ A assembleia geral é o órgão supremo da companhia. Trata-se da reunião

de todos os acionistas, com ou sem direito de voto, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tendo poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento (Lei de Sociedades Anônimas, art. 121).

➔ Compete, em regra, ao Conselho de Administração, se houver, ou aos diretores, a sua convocação (art. 123).

➔ A assembleia geral pode ser de duas espécies: ordinária ou extraordinária. A assembleia geral ordinária (AGO) deve ocorrer anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social da empresa, e deverá abranger as seguintes matérias (arts. 131 e 132): a) tomada de

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contas dos administradores, exame, discussão e votação das demonstrações financeiras; b) deliberação sobre a destinação do lucro líquido do exercício e distribuição de dividendo; c) eleição dos administradores e dos membros do Conselho Fiscal, quando for o caso; d) aprovação de correção da expressão monetária do capital social. A assembleia geral extraordinária (AGE) pode ocorrer a qualquer tempo, e serve para a deliberação de qualquer outra matéria que não seja de competência privativa da assembleia geral ordinária.

19. Qual a função primordial do conselho de administração? Qual a sua composição? Quem pode ser membro do conselho de administração? Cite três atribuições do conselho de administração.

➔ O Conselho de Administração é um órgão de deliberação colegiada a quem

compete, primordialmente, fixar a orientação geral dos negócios da companhia e fiscalizar a gestão dos diretores.

➔ É composto por, no mínimo, três membros, eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, com mandato de no máximo 3 anos, permitida a reeleição (art. 140).

➔ Os membros do Conselho de Administração devem ser acionistas. ➔ Art. 142. Compete ao conselho de administração:

o I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia; o II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as

atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto; o III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os

livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos;

o IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo 132;

o V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;

o VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir;

o VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição;

o VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros;

o IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver.

20. Qual a função da diretoria? Como é composta? Quem pode ser diretor? Quais são os três deveres fundamentais dos diretores? Qual o regime de responsabilidade a que se sujeitam os administradores da companhia?

➔ Compete à diretoria, juntamente com o Conselho de Administração, ou de

forma isolada, a administração da companhia. A diretoria é a responsável

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pela representação da companhia e pela prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular (arts. 138, § 1º, e 144 da LSA).

➔ É composta por dois ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administração, ou, se inexistente, pela assembleia geral, com mandato nunca superior a 3 anos, permitida a reeleição (art. 143).

➔ Os diretores podem ou não ser acionistas, mas a lei exige que sejam pessoas naturais e residentes no país (art. 146). O art. 143, § 1º, esclarece que, até 1/3 dos membros do Conselho de Administração poderão ser eleitos para cargos de diretoria.

➔ A Lei de Sociedades Anônimas elenca três deveres fundamentais dos administradores: dever de diligência, dever de lealdade e dever de informar.

o O dever de diligência significa que o administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios (art. 153). O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins da companhia e agir sempre no interesse desta, desde que satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa (art. 154).

o O dever de lealdade impõe ao administrador manter reserva sobre os seus negócios, não agindo imbuído de interesse pessoal ou de terceiro, mas sim em favor da companhia (arts. 155 e 156).

o Pelo dever de informar, o administrador de companhia aberta deve declarar, ao firmar o termo de posse, o número de ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão da companhia e de sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular. Além disso, é obrigado a comunicar imediatamente à Bolsa de Valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembleia geral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possam influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela companhia (art. 157).

➔ Nos termos do art. 158 da LSA, os administradores não são pessoalmente responsáveis pelas obrigações que contraírem em nome da sociedade ou em virtude de atos regulares de gestão. Por outro lado, respondem civilmente pelos prejuízos que causarem quando procederem, dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo, ou com violação da lei ou do estatuto (art. 158, I e II).

21. Qual a função do conselho fiscal? Como é composto? Quais os seus deveres?

➔ O conselho fiscal é o órgão responsável pela fiscalização dos atos dos

administradores e pela verificação do cumprimento de seus deveres legais e estatutários. Além disso, cabe-lhe (art. 163): opinar sobre o relatório anual

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da administração e sobre as propostas dos órgãos da administração a serem submetidas à assembleia geral; denunciar aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembleia geral os erros, fraudes ou crimes que descobrir e sugerir providências úteis à companhia; convocar a assembleia geral ordinária, se os órgãos da administração retardarem por mais de um mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves e urgentes; analisar balancetes e demonstrações financeiras da companhia.

➔ Compõe-se de, no mínimo, três e, no máximo, cinco membros, pessoas naturais, residentes no país, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 anos cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal em outra empresa (arts. 161, § 1º, e 162). Não podem ser eleitos para o Conselho Fiscal membros de órgãos de administração e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador de companhia (art. 161, § 2º).

➔ Os membros do Conselho Fiscal têm os mesmos deveres dos administradores (dispostos no item 4.3) e respondem pelos danos resultantes de omissão no cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo, ou com violação da lei ou do estatuto (art. 165).

22. O que é o acionista controlador? Qual o seu regime de responsabilidade?

➔ Considera-se acionista controlador a pessoa natural ou jurídica, ou grupo de

pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que seja titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores, e que usa efetivamente esse poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia (art. 116 da LSA).

➔ O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder e que impliquem danos ou prejuízos aos demais acionistas, à companhia ou à sociedade. O §1º do art. 117 da LSA traz um rol exemplificativo de atos considerados abusivos ou lesivos:

o a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional;

o b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

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o c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

o d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente;

o e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse da companhia, sua ratificação pela assembleia geral;

o f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas;

o g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade.

o h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170, com a realização em bens estranhos ao objeto social da companhia.

23. Explique, sucintamente, o que são as sociedades em comandita por ações, destacando, em especial: a) como se constituem; b) como é divido o seu capital; c) como é formado seu nome social; d) quais suas espécies de sócios; e) qual o regime de responsabilidade de cada tipo de sócio.

➔ As sociedades em comandita por ações são espécies do gênero

sociedades estatutárias ou institucionais. Constituem-se, portanto, por um estatuto social, devidamente registrado na Junta Comercial. O capital social dessas sociedades está dividido em ações. São também sociedades de capital, em que é livre o ingresso de terceiros estranhos ao quadro social, já que não importam as características pessoais dos acionistas, apenas que eles efetivamente contribuam para a formação do capital da empresa, pela integralização de ações.

➔ As sociedades em comandita por ações podem adotar tanto firma quanto denominação designativa do objeto social, aditada da expressão “comandita por ações”, por extenso ou abreviadamente “C/A” (art. 1.161).

➔ A principal característica da sociedade em comandita por ações é de que ela possui duas espécies de sócios. Há os sócios que exercem cargo de administração da empresa, sendo diretores dela, e há aqueles que não exercem tais cargos. Somente acionistas podem ocupar os cargos de diretores, podendo também ser chamados de gerentes (LSA, art. 282). Se a sociedade adota firma como nome empresarial, somente poderá compô-la o nome civil de acionista diretor, pois apenas ele responde ilimitadamente pelas obrigações sociais. Ficam ilimitada e solidariamente responsáveis

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pelas obrigações sociais os que, embora não dirigentes, tiverem seus nomes figurando na firma ou razão social.

➔ O sócio que for diretor da comandita por ações responderá ilimitadamente pelas obrigações sociais. Havendo mais de um diretor, eles serão solidariamente responsáveis, após esgotados os bens sociais. Os demais acionistas que não exercem cargo de administração respondem de forma subsidiária, porém limitada, pelas obrigações sociais (art. 1.091).

DA SOCIEDADE COOPERATIVA

24. Conceitue a sociedade cooperativa. As cooperativas geram lucro? Pode haver partilha do excedente ao final do exercício? Como se chama isso? Qual a diferença entre sobras e lucro?

➔ Nos termos do art. 3º da Lei n. 5.764/71, celebram contrato de sociedade

cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados (art. 4º).

➔ As sociedades cooperativas não geram lucros, mas sim podem gerar sobras. O lucro, nas sociedades empresárias, representa a remuneração do capital investido pelos seus sócios, pois este é o objetivo dos investidores. Nas sociedades cooperativas o objeto é a prestação de serviços ao seu quadro social através ajuda mútua, cujo fim econômico é a melhoria de ganhos pelos bens ou serviços produzidos pelos cooperados. Segundo o art. 4º, VII da Lei das Cooperativas, a sociedade cooperativa se distingue das demais, dentre outras características, pelo retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;

25. Cite três diferenças entre as sociedades cooperativas e os demais tipos societários.

➔ Nos termos do art. 4º da Lei n. 5.764/71, podemos citar:

o adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;

o variabilidade do capital social representado por quotas-partes; o limitação do número de quotas-partes do capital para cada

associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;

o incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;

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o singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade;

o quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no número de associados e não no capital;

o VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;

o indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social;

o neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; o prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos

estatutos, aos empregados da cooperativa; o área de admissão de associados limitada às possibilidades de

reunião, controle, operações e prestação de serviços.

DAS SOCIEDADES COLIGADAS

26. Conceitue sociedade coligada. O que se entende por influência significativa?

➔ Nos termos do art. 243, §1º, da LSA, são coligadas as sociedades nas

quais a investidora tenha influência significativa. Anteriormente, esse mesmo dispositivo indicava 10% de participação como o mínimo para a configuração desse tipo de relação.

➔ Hoje, considera-se influência significativa poder de participar das decisões das políticas financeira ou operacional. É presumida pela titularidade de 20% ou mais do capital votante da investida.

27. E o que é sociedade controlada?

➔ Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou

através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores (art. 243, §2º, LSA).

28. Qual a responsabilidade existente entre as sociedades coligadas ou controladas? A quem cabe intentar ação de reparação contra a sociedade controladora?

➔ Nos termos do art. 245 da LSA, os administradores não podem, em prejuízo

da companhia, favorecer sociedade coligada, controladora ou controlada, cumprindo-lhes zelar para que as operações entre as sociedades, se houver, observem condições estritamente comutativas, ou com pagamento compensatório adequado; e respondem perante a companhia pelas perdas e danos resultantes de atos praticados com infração ao disposto neste artigo.

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➔ A sociedade controladora será obrigada a reparar os danos que causar à companhia por atos praticados em abuso de poder (art. 246 da LSA).

➔ A ação para haver reparação cabe: a) a acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social; b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas custas e honorários de advogado devidos no caso de vir a ação ser julgada improcedente. A sociedade controladora, se condenada, além de reparar o dano e arcar com as custas, pagará honorários de advogado de 20% (vinte por cento) e prêmio de 5% (cinco por cento) ao autor da ação, calculados sobre o valor da indenização (art. 246, §§1º e 2º da LSA).

29. É possível a participação recíproca entre sociedades?

➔ Tanto o art. 244, da Lei 6.404/1976, quanto o art. 1.101 do Código Civil,

vedam a participação recíproca entre tais sociedades. A norma visa assegurar a integridade do capital social, equiparando a situação (de participação recíproca) à compra de ações emitidas pela própria companhia (o que é proibido, em regra, pelo art. 30 da Lei 6.404/1976).

➔ Há uma presunção legal, no sentido de considerar que a controlada, ao adquirir ações emitidas por sua controladora, está devolvendo à última aquilo que teria recebido a título de integralização do capital (assim como ocorreria com a companhia que compra suas próprias ações, devolvendo ao acionista o numerário que antes recebera em sua capitalização).

➔ Essa presunção do legislador não é absoluta e encontra única exceção prevista na própria lei, de modo taxativo.

➔ Tal exceção – dispõe o § 1° do art. 244 da Lei 6.404/1976 – coincide com a situação cujas condições autorizam a aquisição pela companhia de suas próprias ações (art. 30, § 1°, “b”). Essas condições são: (a) que tal aquisição seja realizada com base em lucros ou reservas, exceto a legal (fórmula seguida pelo Código Civil); (b) que o escopo da aquisição seja a manutenção das ações em tesouraria ou seu cancelamento, sem diminuição do capital social.

➔ A vinculação dessa aquisição à existência de lucros ou reservas, exceto a legal, justifica-se em virtude de tais fundos corresponderem, a princípio, aos frutos gerados pela atividade social e, assim, constituírem, em tese, valores distintos daqueles percebidos pela companhia quando da integralização do capital. A exclusão da reserva legal é motivada pela sua especial destinação, que é a manutenção da integridade do capital social, só podendo ser utilizada em casos de aumento do capital ou reposição de perdas (art. 193, § 2°, da Lei 6.404/1976).

➔ Já a referência à manutenção das ações em tesouraria ou seu cancelamento visa impedir a manipulação do exercício do direito de voto, vez que as ações em tesouraria têm desde logo tal direito suspenso (art. 30, § 4°, da Lei 6.404/1976). Aliás, o legislador, em clara redundância, reafirmou a suspensão do direito de voto das ações abrangidas pela participação recíproca entre controladas e controladoras (art. 244, § 2°, da Lei 6.404/1976).

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SOCIEDADES AUTORIZADAS

30. O que se entende por sociedade estrangeira? Pode ela funcionar no país? Quais os requisitos para que funcione?

➔ Sociedade estrangeira é toda aquela constituída no exterior, obedecendo as

regras da legislação do seu país, local onde mantém sua sede. Seu regramento está previsto nos artigos 1.134 a 1.141 do Código Civil e na Instrução Normativa – IN nº 7 do Departamento de Registro Empresarial e Integração – DREI.

➔ O artigo 1.134 do Código Civil prevê que a sociedade estrangeira não pode funcionar no País sem autorização do Poder Executivo. É facultado ao Poder Executivo, para conceder a autorização, estabelecer condições convenientes à defesa dos interesses nacionais (art. 1,135 do Código Civil). Também não poderá atuar em atividades que sejam vedadas por lei a este tipo (art. 12 da IN nº 7 do DREI), como atividades para qual se exija capital nacional, as empresas de segurança privada (Lei nº 7.102/1983), as de serviço temporário (Lei 6.019/1974), as de assistência médica (art. 199, § 3º da Constituição Federal), dentre outros casos previstos em lei.

➔ Nos termos do art. 1.136 do Código Civil, a sociedade autorizada não pode iniciar sua atividade antes de inscrita no registro próprio do lugar em que se deva estabelecer.

➔ A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade (art. 1.138 do Código Civil).

➔ Qualquer modificação no contrato ou no estatuto dependerá da aprovação do Poder Executivo, para produzir efeitos no território nacional (art. 1.139 do Código Civil).

PROPRIEDADE INTELECTUAL

31. Conceitue propriedade intelectual.

➔ A Propriedade Intelectual é a área do Direito que, por meio de leis, garante

a inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto – bens imateriais nos domínios industrial, científico, literário ou artístico – o direito de obter, por um determinado período de tempo, recompensa resultante pela “criação” – manifestação intelectual do ser humano.

32. O que é o direito autoral? Que tipo de criação ele protege? Onde esta deve ser registrada para ser protegida? Qual a sua duração? Quais direitos confere ao seu titular?

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➔ O direito autoral é o conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa usufruir de quaisquer benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações (Lei n. 9.610/98).

➔ Os tipos de trabalhos protegidos por direitos autorais incluem: trabalhos literários, como romances, poemas, peças de teatro, obras de referência, jornais e programas de computador; bases de dados, filmes, composições musicais, coreografias, trabalhos artísticos como pinturas, desenhos, fotografias e esculturas; arquitetura, anúncios, mapas e desenhos técnicos.

➔ INDEPENDE de registro. ➔ O prazo de proteção dos direitos autorais é de 70 (setenta) anos contados a

partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da morte do autor, independente de registro.

➔ Assegura ao seu titular o direito à inalterabilidade da obra e o direito ao aproveitamento econômico de sua criação, da forma como bem entender. Também o permite autorizar ou proibir a reprodução da obra por terceiros.

33. Os programas de computador recebem algum tipo de proteção à propriedade intelectual? Trata-se de patente? Qual sua duração? Depende de registro?

➔ Os programas de computador são protegidos pela Lei n. 9.609/98, que

dispõe em seu art. 2º que o “regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei.”

➔ A Lei nº 9.279/96, que regula a propriedade industrial, determina expressamente que softwares em si não são invenções nem modelos de utilidade, portanto não são patenteáveis. Contudo, um software que atenda aos requisitos legais de novidade, inventividade e aplicação industrial, quando associado a um hardware, de forma a ser intrinsecamente necessário à funcionalidade deste, pode ser patenteável, uma vez que o conjunto hardware-software pode configurar uma invenção ou modelo de utilidade. Nota-se, porém, que a proteção, nesse caso, se refere ao conjunto como um todo, não ao código-fonte do software em si.

➔ Nos termos do art. 2º, §2º da Lei n. 9.609/98, a tutela dos direitos relativos a programa de computador se dá pelo prazo de cinquenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação.

➔ Essa proteção independe de registro (art. 2º, §2º da Lei n. 9.609/98)

PROPRIEDADE INDUSTRIAL: marca, patente, invenção, modelo de utilidade e desenho industrial

34. Conceitue marca. Como se dá a sua proteção? Qual a duração dessa proteção? Quais os direitos conferidos pelo registro de marca?

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➔ Nos termos do art. 122 da LPI, são suscetíveis de registro como marca os

sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

➔ Sua proteção se dá mediante REGISTRO no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

➔ Seu prazo de duração é de 10 (dez) anos, prorrogável por períodos iguais e sucessivos, sem limite máximo (art. 133 da LPI).

➔ Art. 130 da LPI: Ao titular da marca ou ao depositante é ainda assegurado o direito de: I - ceder seu registro ou pedido de registro; II - licenciar seu uso; III - zelar pela sua integridade material ou reputação.

35. Diferencie marca de produto ou serviço, marca de certificação e marca coletiva.

➔ Marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou

serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; ➔ Marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um

produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e

➔ Marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.

36. Diferencie a marca de alto renome e a marca notoriamente conhecida.

➔ A marca de alto renome deve ser registrada no Brasil, e a ela será

assegurada proteção especial, em todos os ramos de atividade (art. 125 da LPI).

➔ A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade, nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil (art. 126 da LPI).

37. Cite três sinais não registráveis como marca.

➔ O art. 127 da LPI traz uma lista grande de itens não registráveis. Seguem

alguns: o I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e

monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação;

o II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;

o III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de

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pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração;

o IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público;

38. Conceitue modelo de utilidade. Como se dá a sua proteção? Qual a duração dessa proteção?

➔ Nos termos do art. 9º da LPI, é patenteável como modelo de utilidade o

objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

➔ Sua proteção se dá por meio de PATENTE depositada no Instituo Nacional da Propriedade Intelectual.

➔ Seu prazo de proteção é de 15 anos a contar do depósito, sendo no mínimo 7 desde a concessão definitiva.

39. Conceitue invenção. Como se dá a sua proteção? Qual a duração dessa proteção?

➔ Invenção é aquela criação do intelecto humano que pode ser explorada

economicamente e atende, concomitantemente a quatro requisitos: novidade, atividade inventiva, aplicação industrial e ausência de impedimento legal (ex.: art. 18 da LPI).

➔ Sua proteção se dá por meio de PATENTE depositada no Instituo Nacional da Propriedade Intelectual.

➔ Seu prazo de proteção é de 20 anos a contar da data do depósito do pedido, sendo no mínimo 10 anos de proteção desde a concessão definitiva.

40. Explique os três requisitos para a configuração de uma invenção ou um modelo de utilidade.

➔ Novidade: a invenção e o modelo de utilidade são considerados novos

quando não compreendidos no estado da técnica. O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17 (art. 11 da LPI).

➔ Atividade inventiva: a invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica. O modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica (arts. 13 e 14 da LPI).

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➔ Aplicação industrial: a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria (art. 15 da LPI).

41. Conceitue desenho industrial. Em que consiste o requisito da novidade no desenho industrial? E o da originalidade? Como se dá a sua proteção? Qual a duração dessa proteção?

➔ Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto

ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (art. 95, LPI).

➔ O desenho industrial é considerado novo quando não compreendido no estado da técnica. O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido, no Brasil ou no exterior, por uso ou qualquer outro meio, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo e no art. 99 (art. 96, LPI).

➔ O desenho industrial é considerado original quando dele resulte uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores (art. 97 da LPI).

➔ Sua proteção se dá mediante REGISTRO no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

➔ Seu prazo de proteção é de 10 anos, contados da data do depósito, prorrogável por até três períodos iguais e sucessivos de 5 anos.

ARBITRAGEM

42. Conceitue arbitragem. O que seria arbitragem institucional?

➔ A arbitragem é um método de resolução de conflitos no qual as partes

definem que uma pessoa ou uma entidade privada irá solucionar a controvérsia apresentada pelas partes, sem a participação do Poder Judiciário. A arbitragem só poderá ser instituída para os conflitos que envolvam direitos disponíveis e partes capazes.

➔ A arbitragem é chamada de “arbitragem institucional” quando as partes optam por escolher uma pessoa jurídica de direito privado constituída para esse fim. Em regra, essa pessoa jurídica é denominada de “câmara de arbitragem”. A câmara de arbitragem funciona como um pequeno juízo, possuindo regulamento próprio ao qual as partes estarão submetidas.

43. O que é convenção de arbitragem? O que é cláusula compromissória? O que é compromisso arbitral?

➔ A convenção de arbitragem é o instrumento pelo qual as partes manifestam

a vontade de suprimir o Poder Judiciário da apreciação do mérito de um

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litígio que envolva direitos patrimoniais disponíveis para entregá-lo ao juízo de um árbitro escolhido por elas. Essa convenção pode se dar por cláusula compromissória ou por compromisso arbitral.

➔ A cláusula compromissória é a convenção por meio da qual as partes de um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato (art. 4º, Lei 9.307/96). Assim, a cláusula compromissória é anterior ao surgimento do conflito entre as partes, que diligentes, já pactuaram sobre a adoção da arbitragem para a solução de eventuais litígios. Essa forma de arbitragem pode contar de uma cláusula de um contrato entre as partes sobre outro objeto ou constituir um contrato autônomo.

➔ O compromisso arbitral é a convenção por meio da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde está em curso a demanda. O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público (art. 9º, Lei 9.307/96). Percebe-se que, diferentemente da cláusula arbitral, o compromisso surge quando já há um litígio pendente, podendo ser instituído, inclusive, nos próprios autos do processo em que as partes litigam.

44. Quais os efeitos da sentença arbitral? Quais as causas de nulidade da sentença arbitral? Como essa nulidade deve ser pleiteada? Há prazo decadencial?

➔ A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos

efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo (art. 31 da Lei n. 9.307/96).

➔ É nula a sentença arbitral se: I - for nulo o compromisso; II - emanou de quem não podia ser árbitro; III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

➔ A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos em Lei. A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser requerida na impugnação ao cumprimento da sentença, se houver execução judicial (art. 33).

➔ O prazo para pleitear judicialmente a anulação da sentença arbitral é de 90 (noventa) dias, contados do recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido de esclarecimentos (art. 33, §1º).

COMÉRCIO MARÍTIMO E REGISTRO DE PROPRIEDADE MARÍTIMA

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45. Qual a função dos tabeliães e oficiais de contratos marítimos?

➔ De acordo com o art. 10 da Lei dos Cartórios, aos tabeliães e oficiais de

registro de contratos marítimos compete: lavrar os atos, contratos e instrumentos relativos a transações de embarcações a que as partes devam ou queiram dar forma legal de escritura pública; registrar os documentos da mesma natureza; reconhecer firmas em documentos destinados a fins de direito marítimo; e expedir traslados e certidões.

46. Onde são inscritas as embarcações brasileiras? E se a embarcação possuir arqueação bruta superior a cem toneladas? E o que cabe ao Oficial de Contratos Marítimos registrar?

➔ Nos termos do art. 3º da Lei n. 7.652/88, as embarcações brasileiras,

exceto as da Marinha de Guerra, serão inscritas na Capitania dos Portos ou órgão subordinado, em cuja jurisdição for domiciliado o proprietário ou armador ou onde for operar a embarcação.

➔ Se a embarcação possuir arqueação bruta superior a cem toneladas, é necessário também o registro da propriedade no Tribunal Marítimo.

➔ Segundo o STJ, ao “Tabelião de Registro de Contratos Marítimos” (sic), por sua vez, cabe lavrar os atos, contratos e instrumentos relativos a transações de embarcações, registrando-os em sua própria serventia. (REsp 864.409/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 01/07/2009).

47. Os atos de transmissão de embarcações demandam escritura pública? Em que casos? Essa escritura é privativa dos tabeliães de contratos marítimos?

➔ Nos termos do at. 33 da Lei n. 7.652/88, os atos relativos às promessas,

cessões, compra e venda e outra qualquer modalidade de transferência de propriedade de embarcação sujeitas a registro serão feitas por escritura pública, lavrada por qualquer tabelião de notas.

➔ Como visto acima, estão sujeitas a registro as embarcações com mais de cem toneladas de arqueação bruta. Assim, a escritura pública só é indispensável nesses casos.