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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM ADOLESCENTES DE CUIABÁ, MATO GROSSO LAÍSA RODRIGUES MIRANDA Cuiabá-MT, Setembro de 2017

PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

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Page 1: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO

NUTRICIONAL EM ADOLESCENTES DE CUIABÁ,

MATO GROSSO

LAÍSA RODRIGUES MIRANDA

Cuiabá-MT, Setembro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO

NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES EM CUIABÁ,

MATO GROSSO

LAÍSA RODRIGUES MIRANDA

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Cuiabá, como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Bacharel em Nutrição.

Orientadora: Profª. Drª. Shirley Ferreira Pereira

Cuiabá-MT, Setembro de 2017

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RESUMO

No período da adolescência vários fatores podem influenciar nas escolhas e hábitos alimentares, como valores

socioculturais, imagem corporal, convivências sociais, situação financeira, alimentos consumidos fora de casa,

influência da mídia, tais fatores os leva a ter um comportamento restritivo em relação à alimentação. Atualmente

a prática de dietas está muito difundida. Para indivíduos que desejam a perda de peso em curto prazo, o

seguimento de dietas da moda promove grandes resultados o que pode ser encarado como vantagem. Este estudo

tem como objetivo relacionar a prevalência de comportamento alimentar restritivo com o estado nutricional de

adolescentes de uma escola públicas e privada do município de Cuiabá, MT. Este trabalho constituiu um estudo

de corte transversal, com adolescentes de 15 a 18 anos, de ambos os sexos, matriculados no Ensino Médio de

uma escola particular e pública no município de Cuiabá. Em relação ao estado nutricional dos adolescentes,

68,2% estavam com eutróficos, 22,7% com sobrepeso/obesidade e 9,1% apresentaram baixo peso. 60,06% dos

adolescentes já fizeram ou estão fazendo dieta restritiva, sendo que a maior parte deles não teve supervisão

profissional, informando-se a respeito principalmente através da mídia e o nutricionista foi consultado em 30%

dos casos. Dentre a população adolescente que realiza dietas restritivas pode-se notar que a maioria foi

classificada como sobrepeso, e muitas vezes o caminho encontrada para perda de peso é a restrição alimentar que

é o principal fator de risco para desenvolvimento de transtornos de comportamento alimentar, sendo esta prática

prejudicial ao desenvolvimento e crescimento do adolescente.

PALAVRAS-CHAVE: Dietas restritivas; estado nutricional; adolescentes.

Page 6: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

ABSTRACT

In the adolescence period, several factors can influence the choices and eating habits, such as sociocultural

values, body image, social coexistence, financial situation, food consumed outside the home, influence of the

media. .These factors contribute to the pressure suffered by the young population thus leading them to have a

restrictive behavior in relation to food. Currently the practice of diets is widespread. . For individuals wishing to

lose weight in the short term, following fashion diets promotes great results which can be seen as advantage.

This study aims to relate the prevalence of restrictive eating behavior to the nutritional status of adolescents

from public and private schools in the city of Cuiabá, MT. This study was a cross-sectional study, with

adolescents between 15 and 18 years of age, of both sexes, enrolled in the High School of a private school and a

public school in the city of Cuiabá. Regarding the nutritional status of adolescents, 68.2% were adequately

weighed, 22.7% were overweight / obese, and 9.1% were underweight. 60% of adolescents have already been or

are on a restricted diet, most of whom did not have professional supervision, informing yourself through the

media and the nutritionist was consulted in 30% of cases. Among the adolescent population that performs

restrictive diets, it can be observed that the majority was classified as overweight, and often the way found for

weight loss is the food restriction that is the main risk factor for the development of eating behavior disorders.

KEY WORDS: Restrictive diets; nutricional status; teenagers.

Page 7: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7

2.OBJETIVOS .................................................................................................. 12

OBJETIVO GERAL: .................................................................................... 122

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ...................................................................... 122

3.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................... 13

3.1. População .............................................................................................. 13

3.2. Método ................................................................................................... 13

3.2.1. Análise da Prática de Dietas restritivas e fatores associados .......... 13

3.2.2. Avaliação do estado Nutricional ....................................................... 14

3.2.3. Análise Estatística ............................................................................ 15

3.3. Análise Ética .......................................................................................... 15

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 16

4.1. Aspectos Sócios Demográficos e de estilo de vida dos Adolescentes... 16

4.2. Avaliação do estado Nutricional ............................................................. 18

4.3. Análise da Prática de Dietas restritivas .................................................. 20

4.4. Relação entre a presença de Ingestão Alimentar Restritiva e o estado

Nutricional dos Adolescentes ........................................................................ 25

5.CONCLUSÕES ............................................................................................. 27

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 28

ANEXO ............................................................................................................ 31

ANEXO A ...................................................................................................... 32

APÊNDICES .................................................................................................... 35

APÊNDICE A ................................................................................................ 36

APÊNDICE B ................................................................................................ 39

Page 8: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

7

1-INTRODUÇÃO

A adolescência é um período de mudanças biopsicossociais, com repercussões em

todos os comportamentos, incluindo o relativo à alimentação. Cronologicamente, constitui o

período de 10 a 19 anos, sendo dividido em duas fases: de 10 a 14 anos, que inclui o início

das mudanças puberais e dos 15 aos 19 anos, término da fase de crescimento e

desenvolvimento morfológico. Caracteriza-se por um período de elevada demanda nutricional

e por esse motivo, a nutrição desempenha papel fundamental no desenvolvimento do

adolescente (BERTIN et al., 2008).

Hábitos e aprendizagens desse período repercutem sobre o comportamento em muitos

aspectos da vida futura, como a alimentação, autoimagem, saúde individual, valores,

preferências e desenvolvimento psicossocial (LEVY et al., 2010). A alimentação tem uma

relação bastante acentuada com os problemas de satisfação de cada um com o seu próprio

corpo, a chamada imagem corporal (ANTUNES et al., 2015).

A nutrição está envolvida diretamente com as mudanças genéticas, ambientais,

nutricionais, hormonais, sociais e culturais. Nesta fase, com o rápido crescimento, o aumento

da atividade física, o desenvolvimento muscular e maturação esquelética, as necessidades

energéticas e de nutrientes aumentam para atender as demandas, o que de certa forma

contribui para uma vulnerabilidade característica dos adolescentes. Portanto o estado

nutricional desse grupo é de particular interesse, porque a presença de obesidade nesta faixa

etária tem sido associada ao aparecimento precoce de hipertensão arterial, dislipidemias,

aumento da ocorrência de diabetes tipo 2, distúrbios na esfera emocional, além de

comprometer a postura e causar alterações no aparelho locomotor (BERTIN et al., 2008,

ENES e SLATER, 2010).

Cerca de 8,4% dos jovens brasileiros de 12 a 17 anos estão obesos. Na região centro-

oeste especificamente 7,4% está acima do peso. Ainda se tratando da região centro-oeste,

entre as meninas de 15 a 17 anos, 14,1% apresentaram sobrepeso e 5,6% obesidade. Quanto

aos jovens do sexo masculino da mesma faixa etária 15,4% apresentam sobrepeso e 6,1%,

obesidade. Esses dados foram revelados pela pesquisa realizada pelo Estudo de Riscos

Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) entre os anos de 2013 e 2014, onde

pesquisadores avaliaram cerca de 85 mil adolescentes de escolas públicas e privada de 124

municípios do Brasil (BLOCH et al., 2016).

Page 9: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

8

Levando em consideração os dados sobre obesidade e sobrepeso em adolescentes no

país, Mendes (2012) afirma que as preocupações com o peso e a perseguição do ideal corporal

têm sido consideradas um dos maiores determinantes para a insatisfação com a aparência

física em ambos os sexos, os adolescentes com excesso de peso e obesidade ainda tem maior

probabilidade de fazer dieta. Para Bertin et al. (2008) neste período da vida vários fatores

podem influenciar nas escolhas e hábitos alimentares, tais como valores socioculturais,

imagem corporal, convivências sociais, situação financeira familiar, alimentos consumidos

fora de casa, influencia da mídia. Esses fatores contribuem para a pressão sofrida pela

população jovem dessa forma os levando a ter um comportamento restritivo em relação a

alimentação.

Para Antunes et al. (2015), a restrição alimentar é a não ingestão consciente de

alimentos com o objetivo de controlar o peso corporal ou proporcionar a perda de peso. Os

sujeitos restritivos são sensíveis à informação nutricional, especialmente a que se refere à

composição energética dos alimentos e a técnicas de modificação do comportamento que

envolve o controle de estímulos. Para Viana (2014) a mídia vem contribuindo para o

aparecimento de conceitos inadequados a respeito de saúde na busca de um corpo ideal. Tal

apelo tem aumentado à veiculação de dietas impróprias e inadequadas do ponto de vista

nutricional. As mensagens destes meios são aproveitadas pelos adolescentes na construção da

identidade e do processo de socialização.

As mídias como sites de beleza e comunidades virtuais, além da televisão, valorizam o

culto aos músculos e a conquista de corpos cada vez mais magros. Observa-se o constante

aumento da busca pelo ideal de um corpo moldado, fato que nas últimas décadas tem

provocado uma compulsão a buscar a anatomia ideal. Em todos os períodos históricos há

modelos desejados e seguidos pela sociedade: modelos de família, de beleza feminina, de

status masculino e outros, mas a questão não está na inconsequência entre referenciais e

desejos - afinal, a busca se projeta sobre uma falta, mas sim no percurso que pode ser

percorrido pelo individuo para a viabilização real desses modelos, com base em experiências

afetivas, biológicas e estruturais, o que acaba suscitando conflitos e inconformidades na vida

do jovem (FROIS et al., 2011).

Estes autores afirmam que, ainda que o processo de reconstrução da imagem corporal

seja uma possibilidade constante ao longo da vida, é na adolescência que se torna conclusiva,

pois as incoerências apresentadas não giram em torno apenas do desejo de se ter um corpo

diferente do que se tem, mas apontam para uma mudança inexorável do corpo impelida por

questões hormonais e físicas, suscitando no indivíduo demandas de ajustamento estruturais. O

Page 10: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

9

conflito entre imagem corporal e corpo imagem, que acarreta o desejo por um corpo diferente

do que se possui, não é um fato novo e também em si não constitui um problema. A questão é

quando uma característica, a princípio necessariamente transitória, perpassa como padrão.

Dessa forma o desejo de efetivar mudanças no corpo, leva as pessoas a mudar hábitos,

reconstruir seus modos de se verem no mundo e se colocar neste de forma mais efetiva e

saudável. Mudar hábitos alimentares e fazer exercícios físicos são exemplos de ações

contemporâneas que nos dias atuais se acredita serem contribuintes processuais para as

mudanças exigidas para uma melhor qualidade de vida, o que resulta em readaptações à

imagem e ao esquema corporal dos indivíduos (FROIS et al., 2011).

Analisando de forma contemporânea, preocupações relacionadas à saúde, ao bem-estar

e também à boa forma física impulsionaram o aparecimento de diferentes correntes dietéticas,

que ora condenam determinados alimentos, ora o elegem como benéficos. Essas dietas não se

constroem apenas no campo da contagem de calorias, vitaminas, gorduras e proteínas, elas se

inserem em um contexto cultural que muito revela sobre as representações de beleza e

desestruturação de padrões alimentares tradicionais. Muitos destes novos discursos

alimentares se concentram na noção de alimentação saudável e na sua adoção visando não

apenas à saúde do indivíduo, mas também a sua perda de peso (PELLERANO e GIMENES-

MINASSE, 2015).

Atualmente a prática de dietas está muito difundida. Para indivíduos que desejam a

perda de peso em curto prazo, o seguimento de dietas da moda promove grandes resultados o

que pode ser encarado como vantagem. O grande impasse é o efeito sanfona provocado, visto

que essas dietas são planos alimentares que devem ser seguidos em um curto espaço de

tempo, e à medida que o individuo interrompe a dieta ocorre um aumento de peso que na

maioria das vezes supera o anterior, iniciando um ciclo que nunca alcança o objetivo. O

seguimento indiscriminado de dietas pode aumentar em até 18 vezes as chances de um

individuo desenvolver algum tipo de transtorno alimentar, portanto essa postura deve ser

evitada. É necessário identificar o conteúdo nutricional e os apelos da publicidade acerca do

assunto. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO) o termo

regime alimentar passa a idéia de que em algum momento essa prática para perder peso

deverá acabar e consequentemente ao final o peso perdido será recuperado muitas vezes até

maior que o anterior. A incompetência das dietas da moda é dada como certa em sua maioria.

As dietas seguidas não respeitam as necessidades fisiológicas dos indivíduos, visto que a

maior parte desses planos alimentares é desequilibrada nutricionalmente o que gera enorme

Page 11: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

10

preocupação quanto a manutenção do equilíbrio corporal (PIVETTA e GONÇALVES-

SILVA, 2010; MATIAS, 2014).

Deste modo importa saber se uma intensidade elevada de comportamento restritivo se

associa a características alimentares que contribuem para a promoção da saúde ou, pelo

contrario, representa uma situação de risco nutricional (CARVALHO et al., 2013).Entre os

fatores de risco relacionados aos comportamentos alimentares inadequados na tentativa de

perda/controle de peso corporal, pode-se destacar: vômitos auto induzidos, restrição

patológica alimentar, compulsão alimentar, uso de medicamentos para emagrecimento

(diuréticos, laxantes e pílulas dietéticas), entre outros. Dadas suas características, esses

comportamentos fazem parte dos critérios diagnósticos para os transtornos alimentares como

anorexia nervosa e bulimia nervosa. Existem evidências na literatura de que a prevalência

dessas atitudes tem aumentado entre adolescentes de ambos os sexos nos últimos anos.

Particularmente, entre meninos, essa constatação é considerada recente, enquanto, com o

público feminino, os estudos nessa área têm sido realizados desde a década de 1980

(TRABBOLD, 2010; FORTES et al., 2013; ANTUNES et al., 2015).

Em relação à mudança de hábitos alimentares também é importante que se

compreenda que o profissional nutricionista é o único apto a fazer prescrições

individualizadas sobre dieta e nutrição, segundo o código de ética (2004), do nutricionista. Na

Lei 8234/91, art. 03 é citado que, dentre as atribuições exclusivas do nutricionista, estão o

planejar, coordenar, supervisionar e avaliar estudos dietéticos. A relação entre o profissional e

o paciente deve permitir uma nova perspectiva sobre o tratamento dietético sendo construído

em parceria e não mais numa visão linear de obedecer a uma dieta. Não se pode compreender

os homens e o comportamento humano senão a partir de seu individualismo, assim o papel do

nutricionista como educador deve contribuir para que o homem conquiste condições de uma

vida mais digna, com qualidade de vida, considerando a realidade como uma totalidade

(VIANA, 2014).

A reeducação alimentar se mostra como solução ideal, por ter a característica de ser

uma estratégia proposta para todos os indivíduos e não para grupos específicos, embora

procurando respeitar suas individualidades. Os hábitos alimentares precisam ser reconstruídos

e assimilados ao cotidiano; e não limitados a um período determinado, como no caso das

dietas restritivas, com objetivos alcançáveis em curto prazo, que possam proporcionar

controle a longo prazo. Assim, a educação nutricional precisa ser realista, maleável, aberta a

discussões, na qual o paciente apreenderá a realizar suas novas escolhas nas mais diferentes

Page 12: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

11

situações e ainda atender as implicações fisiológicas e psicológicas do ato de se alimentar

(KOEHNLEIN et al., 2008; SANTOS, 2010).

As mudanças tanto fisiológicas quanto de comportamento que acontecem durante a

adolescência contribuem nas alterações do comportamento alimentar e a exposição ao meio

social pode acarretar em insatisfação corporal ocasionando baixa autoestima, depressão e

ansiedade, todos esses fatores que podem prejudicar a saúde com atitudes inadequadas de

controle de peso, podendo ter consequências físicas e psíquicas. Portanto, importa saber se

uma intensidade elevada de comportamento restritivo, pelo anseio do corpo desejado, associa-

se a características alimentares que contribuem para a promoção da saúde ou, pelo contrário,

representa uma situação de risco nutricional (CARVALHO et al., 2013).

Dunker et al. (2009) afirmam que no Brasil existem poucos estudos descritivos que

abordem os temas de comportamento alimentar e satisfação corporal dos adolescentes

brasileiros, associando a dados socioeconômicos. Os autores alegam que o Brasil é um país

onde ainda existem muitas desigualdades sociais, e que está passando por um processo de

transição nutricional, no qual a desnutrição vem diminuindo e problemas como obesidade e

transtornos alimentares vêm aumentando, portanto faz-se necessário realizar um estudo de

investigação em populações de diferentes situações socioeconômicas, observando as

diferenças quanto à presença de comportamentos de transtornos alimentares, percepção

corporal, atitudes socioculturais quanto à aparência e uso de dietas para emagrecer.

A partir destas considerações, foi proposto desenvolver este estudo, visando contribuir

para o conhecimento, ainda que no âmbito acadêmico, do cenário contemporâneo com relação

a essa importante questão que envolve as dietas restritivas e sua utilização por adolescentes de

escola pública e privada.

Page 13: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

12

2-OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

Relacionar a prevalência de comportamento alimentar restritivo e o estado nutricional de

adolescentes de escolas públicas e privadas do município de Cuiabá.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Descrever os aspectos sócios demográficos e de estilo de vida dos adolescentes;

- Apresentar o estado nutricional dos adolescentes;

- Relacionar o estado nutricional dos adolescentes com aspectos sócio demográficos;

- Identificar a presença de ingestão alimentar restritiva;

- Relacionar a presença de ingestão alimentar restritiva com aspectos sócios demográficos;

- Identificar os determinantes e fatores associados à prática de dietas restritivas;

-Relacionar a presença de ingestão alimentar restritiva com o estado nutricional dos

adolescentes.

Page 14: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

13

3-PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. População

Este trabalho constituiu um estudo de corte transversal, com adolescentes de 15 a 18

anos, de ambos os sexos, matriculados no 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio de uma escola da

rede particular e uma da rede pública localizadas no município de Cuiabá. Tais escolas foram

selecionadas devido ao número de alunos e disponibilidade da direção.

A amostra foi constituída de alunos que estiveram presentes no dia da coleta e

trouxeram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) assinado pelo responsável e

termo de assentimento (TALE) assinado pelos adolescentes.

Foram excluídos da pesquisa adolescentes grávidas e lactentes ou que apresentavam

incapacidade física de participar da pesquisa.

Inicialmente foram convidados a participar da pesquisa 150 alunos, informados sobre

o estudo e receberam o termo de consentimento para ser preenchido pelos pais ou respectivos

responsáveis o qual continha uma explicação dos objetivos da pesquisa, a respeito do método

e a afirmação de que os alunos não seriam identificados.

Dos alunos convidados 84 não participaram da pesquisa, por motivos de não

apresentaram o TCLE assinado, assim como o termo de assentimento devido a esquecimento,

perda do documento, falta de interesse em participar ou ausência no dia da coleta dos dados.

3.2. Método

Os participantes responderam ao questionário de múltipla escolha adaptado, e foram

submetidos à avaliação antropométrica onde as varáveis coletadas foram de peso (kg) e altura

(m).

3.2.1. Análise da Prática de Dietas Restritivas e Fatores Associados

A análise de ingestão alimentar foi realizada através de um questionário de 16

perguntas de múltipla escolha referentes ao estilo de vida, hábitos alimentares e

comportamentais, prática de dietas restritivas e exercícios físicos (apêndice 1).

Page 15: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

14

O questionário foi aplicado em sala separada e individualmente, com a permanência da

pesquisadora no local para sanar possíveis dúvidas. Ao término do preenchimento do

questionário os adolescentes eram encaminhados para avaliação do estado nutricional.

3.2.2. Avaliação do estado Nutricional

Os dados antropométricos aferidos foram peso (kg) e estatura (m), através

respectivamente de uma balança digital Britânia BE3 Digital 150 Kg e fita métrica

inextensível. Para coleta do peso todos os alunos estavam de uniforme escolar, foi solicitado

para os mesmos retirassem o sapato e qualquer adorno ou penteados que pudesse

comprometer o resultado. Na balança foram orientados a manter com o corpo ereto e a cabeça

erguida, com o peso distribuído igualmente nos dois pés em forma de V, com os braços

estendidos ao longo do corpo. Essa medida foi retirada uma vez. A fita métrica foi afixada na

parede sem rodapé, e os alunos foram orientados a permanecer em posição ereta, cabeça

erguida, olhos focados a frente, de acordo com o plano horizontal de Frankfurt, com a coluna

e calcanhares encostados na parede, pés juntos e braços estendidos ao longo do corpo. Essa

medida foi feita duas vezes e calculada a média (SISVAN, 2004).

As medidas foram aferidas durante a aula de educação física, em sala separada,

conforme disponibilidade e autorização do professor.

A avaliação do estado nutricional foi realizada através do indicador Índice de Massa

Corporal/Idade (IMC/I), calculado através da fórmula: peso (kg)/estatura2 (m). Foi utilizado o

programa Anthro-Plus(WHO, 2009), tendo como referência os procedimentos de diagnóstico

e acompanhamento do estado nutricional de adolescentes da Vigilância Alimentar e

Nutricional – SISVAN, que utiliza o critério de classificação percentilar do IMC segundo

idade e sexo do padrão de referência National Health and NutritionExaminationSurvey

(BRASIL, 2004).

O quadro 1 apresenta aos pontos de corte de IMC/I estabelecidos para adolescentes,

segundo a OMS(1995).

Page 16: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

15

Quadro 1 - Pontos de corte de IMC/I para adolescentes.

< Percentil 5 Baixo Peso

≥ Percentil 5 e < Percentil 85 Adequado ou eutrófico

≥ Percentil 85 Sobrepeso/ obesidade

3.2.3. Análise Estatística

Para tabulação e análise dos dados utilizou-se o programa estatístico Epi-Info versão

3.5.1. Foi utilizado o teste do Qui-quadrado para verificar diferenças na prevalência das

variáveis estudadas

Para a significância estatística foi considerado o nível de confiança de 95%

(p<0,05), sendo destacados com * os resultados estatisticamente significativos.

Os resultados foram apresentados sob a forma de quadros e tabelas.

3.3. Análise Ética

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Muller (HUJM) sob o CAAE nº 64360116.5.0000.5541 e aprovado em 03

de fevereiro de 2017 (anexo 1).

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi encaminhado aos pais e

responsáveis. Os adolescentes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e a forma da

participação do estudo e aqueles que aceitaram participar assinaram um termo de

assentimento.

Riscos: Os participantes não correram nenhum risco, apenas o incômodo da de

responder o questionário e aferir o peso e a estatura e tiveram suas identidades preservadas.

Benefícios: Foram fornecidas aos participantes orientações em relação à alimentação

saudável quando solicitado. Os resultados do estudo serão encaminhados à direção das escolas

participantes.

Page 17: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

4.1. Aspectos Sócios Demográficos e de Estilo de Vida dos Adolescentes

Participaram desta pesquisa 66 adolescentes, distribuídos entre duas escolas, uma

particular e uma pública, sendo 59,1% da pública e 40,9% da particular, com idades entre 16 e

18 anos. Observou-se que 57,6% de adolescentes participantes da pesquisa eram do sexo

feminino.

Quadro 2 Caracterização dos adolescentes estudados. Cuiabá, 2017 (n=66).

n %

SEXO

Masculino

Feminino

28

38

42,4

57,6

IDADE

15 anos

16 anos

17 anos

18 anos

16

20

16

11

24,1

30,3

24,2

16,7

TIPO DE ESCOLA

Pública

Particular

39

27

59,1

40,9

O quadro 3 apresenta dados relativos ao estilo de vida dos adolescentes participantes

da pesquisa. Quanto à prática de atividade física pode-se especular que a prevalência

encontrada seja devido às aulas de educação física semanais presente no currículo de ambas

as escolas, onde 59,9% dos adolescentes referiram praticar habitualmente algum tipo de

exercício. Luciano et al. (2016) afirmam que a recomendação atual para prática de atividades

físicas na infância e adolescência é de que todo jovem deveria envolver-se diariamente por 60

minutos ou mais de atividades físicas moderadas em cinco ou mais dias da semana,

entretanto, estudos de intervenção realizados em grandes centros urbanos demonstram que

mais de 50% das crianças e adolescentes não atingem as recomendações atuais. A atividade

física regular apresenta relação inversa com peso corporal e com doenças crônicas não

transmissíveis, além de promover benefícios na aptidão física, na maximização do pico de

Page 18: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

17

massa mineral óssea na adolescência e início da idade adulta. A prática regular de atividade

física auxilia na promoção da saúde e melhora da qualidade de vida de crianças e

adolescentes, além de ser primordial para manutenção deste hábito na idade adulta.

É interessante destacar que quando questionados como consideravam o próprio peso,

56,6% dos adolescentes o consideravam dentro da “normalidade”, entretanto 63,64%

responderam que desejam mudar a própria alimentação e 57,58% responderam positivamente

quando questionados se já realizaram ou estão realizando algum tipo de dieta para perder

peso. Esses dados concordam com estudos que demonstram que os jovens tem medo de

engordar mesmo que eles estejam com o peso dentro da normalidade, e dessa forma recorrem

a práticas restritivas (PEREIRA, 2016).

Do número total de voluntários que respondeu positivamente, quando questionados

quanto aos métodos utilizados 23,08% relataram que mudaram a alimentação e restringiram

certos alimentos. Nota-se que essa pratica de pular refeições é uma comum a população

jovem. A má aceitação das mudanças ocorridas devido ao desenvolvimento característico da

idade, especialmente os relacionados ao peso, fatores psicológicos individuais e familiares e

ao apelo da sociedade ao culto a magreza, desencadeia o inicio do ato de restringir alimentos,

ato este que pode predispôs a um transtorno alimentar (COSTA e VASCONCELOS, 201

Quadro 3 - Distribuição dos adolescentes segundo informações sobre o estilo de vida.

Cuiabá, 2017(n=66).

n %

ATIVIDADE FÍSICA

Habitualmente

Nenhuma

Tem planos de começar

39

12

15

59,09

18,18

22,73

TEMPO GASTO COM ELETRÓNICOS

Menos de 1 hora

De 1 á 4 horas

De 5 ou mais

13

31

22

19,70

47,00

33,33

QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO

Muito boa

Boa

Razoável

Ruim/Muito Ruim

10

18

29

09

15,15

27.27

43,94

13,64

QUANTIDADE DE REFEICÕES DIÁRIAS

Menos de 3

3

4 ou mais

13

24

29

19,70

36,36

43,94

MUDANÇA NA ALIMENTAÇÃO

Não quero mudar

Quero mudar

Estou mudando

07

42

17

10,61

63,64

25,76

TENTOU PERDER OU EVITOU GANHAR PESO (ÚLTIMO

Page 19: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

18

ANO)

Sim

Não

38

28

57,58

42,42

DE QUE FORMA

Exercícios

Diminuiu quantidade de alimento

Uso de shakes

Restringiu certos grupos alimentares

Mudou alimentação

Deixou de fazer alguma(s) refeição(s)

07

07

01

09

05

09

18,4

18,4

2,6

23,7

13,2

23,7

4.2. Avaliação do Estado Nutricional

Em relação ao estado nutricional dos adolescentes, 68,2% estavam com o peso

adequado, 22,7% com sobrepeso/obesidade e 9,1% apresentaram baixo peso. Observa-se na

tabela 1 que há predominância das meninas com eutrofia e do sexo masculino quando

classificados com baixo peso e sobrepeso. Pode-se especular através desse dado que as

meninas possuem uma preocupação maior com a aparência. Fortes et al.(2013) alertam que a

jovem pode aumentar a internalização do ideal de magreza, repercutindo negativamente na

satisfação com a imagem corporal, mesmo em meninas com corpos eutróficos, portanto estar

com uma faixa de peso dentro da normalidade não é um empecilho para que as jovens

pratiquem dietas.

Tabela 1. Distribuição dos adolescentes segundo a classificação do estado

nutricional e o sexo. Cuiabá, 2017.

Sexo Classificação do Estado Nutricional Total

Baixo peso Eutrofia Sobrep/obes

n % N % n % n %

Masculino 04 14,3 15 53,6 09 32,1 28 100,0

Feminino 02 5,3 30 78,9 06 15,8 38 100,0

Total 06 19,6 45 132,5 15 47,9 66 100,0

Qui-quadrado = .4,863 p valor = 0,087

Qualificando os participantes pela idade, a tabela 2 revela que o sobrepeso/obesidade

apresentou uma tendência de maior prevalência entre os mais jovens, diminuindo com a

idade. Também no estudo realizado por Krinski et al. (2011), houve uma relação entre

excesso de peso e idade, onde os adolescentes mais velhos apresentaram menos prevalência

de sobrepeso, fato esse que pode estar associado a preocupação com a imagem corporal, que

Page 20: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

19

aumenta com a idade dessa forma levando a adoção de maiores níveis de atividade física e um

maior controle do consumo alimentar.

Tabela 2. Distribuição dos adolescentes segundo a classificação do estado

nutricional e idade. Cuiabá, 2017.

Idade Classificação do Estado Nutricional Total

Baixo peso Eutrofia Sobrep/obes

n % N % n % N %

15 anos 02 10,5 10 52,2 07 36,8 19 100,0

16 anos

17 anos

18 anos

03

0

01

15

0

9,1

13

13

09

65,0

81,3

81,3

04

03

01

20,0

18,8

9,1

20

16

11

100,0

100,0

100,0

Total 06 9,1 45 68,2 15 22,7 66 100,0

Qui-quadrado = 6,412 p valor = 0,378

A tabela 3 apresenta a distribuição do estado nutricional dos adolescentes

segundo tipo de escola. Nota-se que entre os da escola particular tanto o sobrepeso/obesidade

quanto o déficit ponderal foram significativamente mais altos do que entre os da escola

pública (29,6 vs 17,9% e 18,5 vs 2,6% respectivamente). É interessante fazer uma análise

desses dados a partir da pesquisa feita por Salvador et al. (2014) que identificaram em alguns

estudos de base populacional realizados no Brasil a respeito do estado nutricional de crianças

e adolescentes, onde a prevalência de excesso de peso nas últimas décadas teve maior

concentração de casos em jovens de alta renda, sugerindo que se deva ao fato de que essa

população tem maior acesso a uma maior variedade de alimentos, porém paradoxalmente os

dados referentes a déficit ponderal foram mais prevalentes na mesma população. Vale et al

(2011) supõe que os adolescentes que possuem uma renda mais alta tem mais acesso a

informações acerca de dietas e práticas de controle e perda de peso, assim são mais

estimulados a exercer esses métodos.

Page 21: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

20

Tabela 3

-

Distribuição dos adolescentes segundo a classificação do a classificação

do estado nutricional e tipo de escola. Cuiabá, 2017.

Tipo de escola Classificação do Estado Nutricional Total

Baixo peso Eutrofia Sobrep/obes

n % n % n % n %

Pública 01 2,6 31 79,5 07 17,9 39 100,0

Particular 05 18,5 14 51,9 08 29,6 27 100,0

Total 06 9,1 45 68,2 15 22,7 66 100,0

Qui-quadrado = 7,212 p valor = 0,027*

4.3. Análise da Prática de Dietas restritivas

O quadro 4 apresenta os dados encontrados quanto a prática de dietas restritivas e

informações relacionadas. Observa-se que 60% dos adolescentes já fizeram ou estão fazendo

dieta restritiva, onde 70% não teve supervisão profissional, informando-se a respeito através

da mídia (45%). O nutricionista foi consultado em 30% dos casos.

Quadro 4 - Informações dos adolescentes em relação à ingestão alimentar restritiva Cuiabá,

2017 (n=66).

n %

JÁ FEZ OU ESTÁ FAZENDO DIETA

RESTRITIVA?

Sim

Não

40

26

60,6

39,4

TEVE SUPERVISÃO PROFISSIONAL? Sim

Não

12

28

30,0

70,0

ONDE SE INFORMOU? Mídia

Nutricionista

Amigos

Outro profissional

Não responderam

18

12

05

04

01

45,0

30,0

12,5

10,0

2,5

ALCANÇOU O EFEITO DESEJADO?

Sim

Não

Por um tempo

27

03

10

67,5

7,5

25,0

PERMANENCEU O RESULTADO DA

Page 22: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

21

DIETA?

Sim

Não

Por um tempo

04

04

32

10,0

10,0

80,0

MÉTODO UTILIZADO NOS ÚLTIMOS 3

MESES

Ficar sem comer (ou ingerir pouca

quantidade)

Indução de vômitos

Não responderam

22

01

17

55,0

2,5

42,5

Vale et al. (2011) destacam que a informação relacionada à saúde sem cunho cientifico

é perigosa, sendo que as mesmas são inadequadas uma vez que meios de informação leigos

promovem uso de dietas não balanceadas como forma de se atingir um “corpo ideal” em curto

espaço de tempo. Dietas e recomendações vindas de fontes não confiáveis não consideram o

individuo como um ser único portador de especificidades como singularidade genética e

fisiológica, os possíveis danos da restrição de grupos alimentares, a forma como a adolescente

irá interpretar a informação, a falta de acompanhamento especializado caso aconteça algum

problema, o próprio metabolismo e distribuição da gordura corporal na adolescência, os

hábitos alimentares do grupo familiar e social, entre outros. Por apresentarem grandes

restrições alimentares, essas dietas são de difícil continuidade e não perduram por um tempo

razoável. Uma dieta adequada para perda de peso deve ser planejada individualmente e ser

composta por todos os grupos alimentares visando a uma constante promoção de bons hábitos

alimentares (SOUZA, 2015).

A ausência de supervisão profissional quando a prática restritiva ocorria remete às

características específicas do desenvolvimento psicossocial do adolescente, como a

onipotência ou a necessidade de reger seu próprio comportamento. No entanto, trata-se de um

dado preocupante na medida em que a falta de orientação de um profissional habilitado na

área pode desencadear transtornos à saúde, principalmente transtornos alimentares, além disso

o ganho de peso pode estar associado a alguma patologia desenvolvida pelo individuo,

portanto a supervisão é essencial (REATO et al., 2007, DERAM, 2014).

Quando questionados sobre o resultado da dieta, 67,5% revelaram que obtiveram o

efeito desejado, porém 80% responderam que o mesmo efeito permaneceu apenas por um

tempo. Em relação a métodos praticados, 22 adolescentes responderam ter realizado algum

artifício durante a dieta sendo que 55,0% preferiram ficar sem comer, ou ingerir pouca

quantidade de alimento. Em estudo feito por Varela et al. (2015) foi avaliada a permanência

da perda de peso por indivíduos que praticaram algum tipo de dieta restritiva onde de um total

Page 23: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

22

de 19 indivíduos 73,7% mantiveram o peso perdido por mais de um mês, sendo que 26,3%

recuperaram o peso em até 2 semanas. Três indivíduos (15,8%) recuperaram o peso no

intervalo de 2 a 3 meses e apenas 2 participantes (10,5%) relataram manutenção do peso por

mais de 3 meses. A perda de peso pela adoção de dietas de conteúdo calórico muito baixo

torna-se gradualmente mais lenta por causar diminuição na taxa metabólica, e os autores

afirmam que esse peso perdido retorna ao longo do tempo.

Em análise de literatura Souza et al. (2015) entenderam que uma redução do peso

apenas pelo uso de dietas, sem acompanhamento nutricional e de atividade física, não mantêm

o peso por mais de 90 dias e tendem a recuperar ou até mesmo aumentar o peso inicial. Outra

pesquisa pertencente a Guedes (2002), que foi analisada pela autora Souza et al (2015),

concorda com o achado afirmando que 72,72% dos indivíduos que realizaram as intituladas

“dietas da moda” relataram que o tempo que permaneceram com o peso reduzido após

realizarem a dieta foi curto que corresponde a menos de um mês e/ou muito curto, de um a

três meses.

Tão importante quanto identificar a presença da ingestão restritiva entre os

adolescentes, mostrou-se primordial conhecer os motivos que os levavam a esse

comportamento, sendo assim os participantes foram indagados através do questionário a razão

da prática de dieta restritiva. Os resultados obtidos revelaram que 73,5% dos jovens relataram

fazer dietas para emagrecer, enquanto que a preocupação com a saúde (glicemia e colesterol

em níveis altos) ocupou a segunda posição. Esse estudo concorda com o resultado encontrado

por Pereira (2016) onde de 486 jovens estudados, verificaram que o desejo de perder peso

estava presente em 70% das participantes, a estética e a saúde, são os motivos que mais

influenciavam na preocupação dos adolescentes em relação ao peso O autor afirma que há

uma pressão cultural em torno da obtenção do corpo perfeito, que diz respeito não só a

imagem física, mas a representação que os jovens têm de si mesmo, os levando em direção a

atitudes alimentares anormais e perigosas.

A predominância da prevalência da prática de dietas restritivas ocorreu em meninos,

porém nota-se que não houve uma diferença significativa entre os sexos (tabela 4). De um

total 40 alunos que responderam positivamente 18 eram meninos e 22 do sexo feminino. Vale

et al. (2011) apontam que a população feminina adolescente e adulta jovem entre 12 e 28 anos

é a mais atingida por problemas no comportamento alimentar, numa proporção que chega, em

certos estudos, a vinte casos em mulheres para cada caso em homens, embora haja evidências

de uma diminuição da diferença entre os sexos. As mulheres sofrem a imposição da indústria,

que é sustentada pela ideia de que para se obter beleza e ser socialmente aceita, a mulher

Page 24: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

23

precisa ser muito magra, levando as adolescentes a comportamento e praticas inadequadas em

relação ao controle do peso. Quanto aos meninos, somente nos últimos anos tem aumentado o

interesse em pesquisar os comportamentos alimentares inadequados em indivíduos do sexo

masculino nos quais o corpo ideal passou a ser mais magro e musculoso. Os rapazes

geralmente anseiam por ter essencialmente mais músculo, focando-se, sobretudo nos ombros

e braços. Em conjunto com esse interesse, tem sido constatado o aumento da frequência

desses hábitos (ANTUNES et al., 2015).

Tabela 4. Distribuição dos adolescentes segundo a realização de dieta

restritiva e o sexo. Cuiabá, 2017.

Sexo Dieta restritiva Total

Sim Não

n % N % n %

Masculino 18 64,3 10 35,7 28 100,0

Feminino 22 57,9 16 42,1 38 100,0

Total 40 60,6 26 39,4 66 100,0

Qui-quadrado = 0,275 p valor = 0,599

Estar na adolescência é viver uma fase em que múltiplas mudanças acontecem e se

refletem no corpo físico, pois o crescimento somático e o desenvolvimento em termos de

habilidades psicomotoras se intensificam, sendo que os hormônios atuam de forma muito

intensa (DERAM, 2014). Nesta fase o corpo masculino tende a ganhar músculos e o feminino

gordura, para se preparar para gestação, tudo isso é um processo que leva tempo, pois é a uma

das maiores mudanças que o corpo passará durante a vida. A medida que o peso aumenta, a

insatisfação corporal aumenta com ele. Nota-se através da tabela 5 que a prática de dietas

restritivas foi observada em maior frequência nos adolescentes mais velhos, concordando com

estudo realizado por Liberali et al. (2013) em que as adolescentes, especialmente do sexo

feminino e mais velhas preocupam-se mais com a aparência.

Page 25: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

24

Tabela 5. Distribuição dos adolescentes segundo informação sobre dieta restritiva e

idade. Cuiabá, 2017.

Idade Dieta restritiva Total

Sim Não

N % N % n %

15 anos 12 63,2 07 36,8 19 100,0

16 anos

17 anos

18 anos

11

09

08

55,0

56,3

72,7

09

07

03

45,0

43,8

27,3

20

16

11

100,0

100,0

100,0

Total 40 60,6 26 39,4 66 100,0

Qui-quadrado = 1,119 p valor = 0,772

Quando analisados os dados de prevalência de dietas restritivas relacionados ao tipo de

escola (tabela 6), é possível notar que esta aparece em maior número na escola particular.

Poderia se assumir a hipótese de uma limitação do problema às classes mais favorecidas

economicamente, portanto os alunos das escolas particulares praticam dietas restritivas com

mais frequência por terem mais acesso a informações sobre dietas e outras práticas para

controlar e perder peso. Vale (2011) afirma que a hipótese de que “ser magra” é algo desejado

de forma generalizada no universo principalmente feminino adolescente, ressaltando que este

“ser magra” é ter um peso considerado abaixo do normal pela literatura científica e padrões

preconizados para suas respectivas alturas.

Tabela 6: Distribuição dos adolescentes segundo informações sobre dieta restritiva

e tipo de escola. Cuiabá, 2017.

Tipo de escola Dieta restritiva Total

Sim Não

n % n % n %

Pública 22 56,4 17 43,6 39 100,0

Particular 18 66,7 09 33,3 27 100,0

Total 40 60,6 26 39,4 66 100,0

Qui-quadrado = 0,703 p valor = 0,401

Page 26: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

25

4.4. Relação entre a presença de Ingestão Alimentar Restritiva e o Estado Nutricional

dos Adolescentes

Nota-se através da tabela 7 que a maior parte dos jovens que praticam algum

método de restrição alimentar se encontra dentro do peso esperado. Entre os com

sobrepeso/obesidade o percentual foi alto entre os que fizeram dieta restritiva. Entre os com

baixo peso ocorreu o inverso, mas ainda assim encontramos um jovem que restringia a

alimentação.

Tabela 7. Distribuição de adolescentes segundo a classificação do estado

nutricional e a informação sobre dieta restritiva. Cuiabá, 2017.

Realização de Classificação do est. Nutricional Total

Dieta restritiva Baixo peso Eutrofia Sobrep/obes

n % n % n % n %

Sim 01 2,5 26 65,0 13 32,5 40 100,0

Não 05 19,2 19 73,1 02 7,7 26 100,0

Total 06 9,1 45 68,2 15 22,7 66 100,0

Qui-quadrado = 9,2696 p valor = 0,009*

Estes resultados chamam atenção pelo fato de que não somente os estudantes que se

apresentaram acima do peso se mostraram insatisfeitos com seu corpo, o que aponta uma

tendência dos adolescentes e adultos jovens para quererem alcançar ou ficar com um peso

abaixo do recomendado. E segundo Costa e Vasconcelos (2010), muitas vezes o caminho

encontrado para tal objetivo é a prática de dietas restritivas.

Ainda segundo estes autores, o estado nutricional e a prática de regimes para

emagrecer, foram as variáveis que se mostraram associadas à imagem corporal, o que pode

demonstrar a busca pela adequação corporal, cujas motivações podem variar desde a busca

pela saúde quanto a adequação aos padrões sociais de beleza. Este resultado merece atenção,

uma vez que a insatisfação com a imagem corporal, bem como a prática alimentar restritiva,

fazem parte dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos de com-

portamento alimentar.

Realizar uma restrição alimentar nessa idade se mostra preocupante porque é a fase em

que o corpo está crescendo e desenvolvendo considerando que cerca de 50% do peso e 20-

Page 27: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

26

25% da estatura do indivíduo são adquiridos na adolescência. Portanto é essencial fornecer ao

corpo um aporte ideal de macro e micronutrientes ideal, de acordo com a idade biológica e a

atividade física. O controle alimentar gera ansiedade nos adolescentes podendo levar ao medo

de se alimentar, sendo perigoso porque é uma fase de desenvolvimento. Aprender a ignorar os

sinais do corpo de fome por medo de comer e engordar leva a perda do controle de fome e

saciedade, risco de ganhar peso e desenvolver um transtorno alimentar (PEREIRA, 2016).

Varela et al. (2015) realizaram uma análise quantitativa de cinco dietas da moda,

fornecidos por sites e fontes não cientificas onde foi constado que todas elas ou possuíam

excessos ou deficiências de nutrientes em relação às recomendações. Deste modo pode-se

afirmar que tais dietas apenas proporcionam perda de peso devido a restrições energéticas que

não são seguras para a manutenção de uma vida saudável, além disso, devido a esta restrição

dificultam a manutenção da perda de peso em longo prazo, devendo ser desestimuladas.

Acerca das dietas restritivas a nutricionista Sophie Deram (DERAM, 2014) afirma que

é uma prática perigosa. Nossos antepassados precisavam de estoque de gordura para

sobreviver a tempos sem alimentos, portanto o cérebro encara a gordura como uma proteção.

Isso porque para a autora é o nosso cérebro quem controla tudo: emoção, fome e saciedade e

tudo está ligado. Portanto a perda de peso causada por uma restrição alimentar radical é

encarada pelo cérebro não como um fator saudável, mas como um alerta, iniciando

mecanismos de defesa do corpo diminuindo a velocidade do metabolismo e aumentando o

apetite e por consequência aumentando o risco de armazenamento de gordura.

Para esta autora, é essencial entender o porquê do ganho de peso, isso porque há o

risco de haver alguma patologia associada que necessita ser tratada, e com a restrição

alimentar esse quadro pode piorar. A perda de peso deve ser feita de forma lenta e gradual,

através de uma reeducação alimentar onde os alimentos não são encarados simplesmente

como nutrientes, e entender que não existem alimentos proibido, maléficos a saúde, bons ou

ruins porque qualquer alimento em excesso traz prejuízos, até mesmo os considerados

saudáveis. É preciso recuperar o prazer em comer, saber escolher os alimentos e encara-los

como aliadas para a saúde, dessa forma não comendo menos, mas sim melhor.

Page 28: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

27

5. CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo nos permitem concluir que:

- A maioria dos adolescentes voluntários do presente estudo pertencia ao sexo

feminino, na faixa etária de 16 anos e estudavam em escola pública.

- A prevalência de sobrepeso/obesidade foi alta entre os adolescentes, principalmente

entre os meninos, com 15 anos e pertencentes a escola particular.

- A presença de sobrepeso e obesidade foi maior entre os adolescentes mais jovens, e

foi diminuindo com a idade.

- Os alunos da escola particular apresentaram mais sobrepeso/obesidade e baixo peso

em relação aos alunos da escola publica.

- Quanto à dietas restritivas, constatou-se que principalmente meninas entre 17 e 18

anos pertencentes a escola publica, já haviam praticado no último ano.

- A maioria dos praticantes de dietas não teve supervisão profissional, sendo a fonte de

informações através da mídia. Apenas 30% dos que fizeram dietas restritivas buscaram

acompanhamento do profissional nutricionista.

- Constatou-se que a maioria dos jovens com excesso de peso praticou algum método

restritivo, o que foi observado também em cerca da metade dos eutróficos e até mesmo em um

adolescente com déficit ponderal.

Page 29: PRÁTICA DE DIETAS RESTRITIVAS E ESTADO NUTRICIONAL EM

28

6-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasil. Ciênc. Saúde Colet., v. 16, n. 1, p. 121-32, 2011.

VIANA, D.S.O. Análise nutricional das dietas da moda. 2014. (Faculdade de ciências da

educação e saúde curso de nutrição) – Centro Universitário de Brasília- UniCEUB, 2014.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Physical Status: the use

andinterpretationofanthropometry. WHO TechnicalReport Series n. 854. Geneva, 1995.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. AnthroPlus software. DepartmentofNutrition

for Health andDevelopment, Geneva, 2009.

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31

ANEXO

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ANEXO A

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APÊNDICE

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36

APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

DIETAS RESTRITIVAS EM ADOLESCENTES.

Identificação.

Data de nascimento____/____/____ Sexo: M____ F_____

Série:__________

Escola:_____________

Os pesquisadores garantem o total sigilo das informações obtidas através desse

questionário.

Agradecemos a colaboração!

1. Em relação a pratica de atividades físicas.

A. Pratico algum tipo de atividade física VIGOROSA (Pelo menos 10 minutos

contínuos) como correr, fazer ginastica aeróbica, jogar futebol, pedalar, fazer

algum esporte, serviços domésticos em casa.

B. Não pratico nenhuma atividade física.

A. Tenho planos de começar a praticar alguma atividade física.

2. Quanto tempo você gasta com televisão/computador/jogos eletrônicos por

dia?

A. Menos de 1 hora. B. 1 hora C. De 2 a 4 horas D. 5 ou

mais horas

3- Como você classifica a sua alimentação?

A. RazoávelB. Bom C. Muito bom D. Ruim E. Muito ruim

4-Quais refeições você faz por dia?

( )Café da manhã ( )Colação ( )Almoço ( )Lanche da tarde ( )Jantar (

)Ceia

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5. Em relação a sua alimentação.

A. Não penso em mudar. B. Penso em mudar. C. Quero

mudar.

D. Já estou em processo de mudança E. Já mudei minha

alimentação.

6. Está fazendo ou já fez algum tipo de dieta para perder peso?

A. Sim B. Não

- Se sim responda o motivo da pratica de dietas?

___________________________________________________________

- Se sim, qual o tipo de dieta praticada?

________________________________________________________

7. Está fazendo ou já fez algum tipo de dieta para ganhar massa muscular?

A. Sim B. Não

8. Se estiver realizando dieta, ou já realizou, foi com supervisão profissional?

A. Sim B. Não.

9. Onde se informou sobre a dieta praticada?

A. Com um nutricionista.

B. Profissional de outra área Qual?_______________________________

C. Revistas, televisão ou internet D. Amigos.

10-A dieta praticada teve o efeito desejado?

A.Sim B. Não C. Por um tempo.

11. O resultado se mantem (perda de peso) após o término da dieta?

A. Sempre B. Ás vezes C. Raramente D. Nunca.

12. Você faz uso, ou já fez de algum suplemento ou produto para ganho de massa?

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38

A. SimB. Não

15. Se sim foi com supervisão profissional?

A. Sim B. Não.

13. Como considera o seu peso?

A. Normal. B. Acima do normal. C. Abaixo do normal D.

Não sabe.

14. Nos últimos três meses, você usou algum dos seguintes métodos? Pode assinalar

mais de uma opção.

A. Tomar laxativos (remédios que provocam diarreia)

B. Tomar diuréticos (remédios que fazem urinar muito)

C. Provocar vômitos com intenção de não engordar

D. Ficar sem comer, ou comer pouquíssima quantidade

15. No ultimo ano você tentou perder, ou evitou ganhar peso?

A. Sim B. Não

16. Se sim, assinale de que forma? Você pode assinalar mais de uma opção.

A. Fez exercícios

B. Diminuiu a quantidade de alimentos que normalmente consome.

C. Tomou remédios.

D. Usou shakes ou suplementos em substituição.

E. Restringindo certos alimentos (doces, frituras)

F. Mudou alimentação.

G. Deixou de fazer alguma refeição.

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APÊNDICE B

(MODELO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.

Estudo: Prática de dietas restritivas e estado nutricional em adolescentes de Cuiabá, Mato

Grosso.

Caro Responsável/Representante legal:

Gostaríamos de obter o seu consentimento para o

menor_________________________________________________________ , participar como

voluntario da pesquisa intitulada “Prática de dietas restritivas e estado nutricional em

adolescentes de Cuiabá, Mato Grosso”. O objetivo desse estudo é avaliar a ocorrência da

pratica de dietas restritivas em adolescentes e relacionar com o seu estado nutricional.

A forma de participação consiste da seguinte forma: o

pesquisador irá medir peso e altura do voluntário durante a aula de educação física, utilizando-

se dos instrumentos: balança e estadiomêtro. O voluntário também irá responder um

questionário com perguntas relacionadas a estilo de vida, hábitos alimentares e

comportamentais. O nome do participante não será utilizado ou divulgado em nenhuma fase

da pesquisa o que garante o anonimato. Os dados obtidos serão usados exclusivamente para a

pesquisa e publicação cientifica. Não será cobrado nada, não haverá gastos e não estão

previstos indenizações ou ressarcimentos. A pesquisa não oferece riscos ao voluntário ou

prejuízos de qualquer natureza. Uma cópia deste consentimento será do responsável pelo

voluntário, e os resultados estarão à disposição caso haja interesse.

Gostaríamos de esclarecer que a participação será importante para o desenvolvimento do

estudo, porque esta pesquisa, constitui um tema muito em evidencia atualmente, porem

pouco explorado de forma cientifica. Desde já agradecemos a atenção e colocamo-nos a

disposição para maiores informações, nos endereços eletrônicos e telefones abaixo.

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS – CEP/HUJM (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO

MULLER) - FONE: (65) 3615.7254

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

FANUT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT Avenida Fernando Correa da Costa, S/N, Coxipó – CUIABÁ – MT 78060-900

Faculdade de Nutrição – FANUT, DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO Shirley Ferreira Pereira - [email protected] (65) 3615-7202 – Professora Orientadora

Laísa Rodrigues Miranda – [email protected] – Graduanda de Nutrição

Eu___________________________________________________________________________

______ (NOME DO RESPONSÁVEL OU REPRESENTANTE LEGAL), portador do RG nº ______________________________, confirmo que estou ciente dos objetivos e forma de participação da pesquisa Prática de dietas restritivas e estado nutricional em adolescentes de Cuiabá, Mato Grosso. Eu li e compreendi esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, portanto, concordo em autorizar o menor__________________________________________________________ a participar como voluntário dessa pesquisa.

Local e data _____________________________, de __________________ de 2017.

Para o aluno:

TERMO DE ASSENTIMENTO

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “Prática de

dietas restritivas e estado nutricional em adolescentes de Cuiabá, Mato Grosso”. Para este

estudo adotaremos o(s) seguinte(s) procedimento(s): Durante a aula de educação física,

haverá aferição de peso e altura, além do preenchimento de um questionário com perguntas

referentes ao estilo de vida, hábitos alimentares e comportamentais.

Para participar deste estudo, o responsável por você deverá autorizar e assinar um

termo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem

financeira. Você será esclarecido(a) em qualquer aspecto que desejar e estará livre para

participar ou recusar-se. O responsável por você poderá retirar o consentimento ou interromper

a sua participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em

participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido(a)

pelo pesquisador que irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Você não

será identificado em nenhuma publicação. Este estudo não apresenta risco a você. Os

resultados estarão à sua disposição quando finalizada. Este termo de consentimento encontra-

se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável,

e a outra será fornecida a você.

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Eu, ______________________________________________________, portador(a) do

documento de Identidade ____________________ fui informado(a) dos objetivos do

presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a

qualquer momento poderei solicitar novas informações, e o meu responsável poderá

modificar a decisão de participar se assim o desejar. Tendo o consentimento do meu

responsável já assinado, declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma

cópia deste termo assentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as

minhas dúvidas.

Cuiabá, ____ de ______________________ de 20____ .

_____________________________________

Assinatura do(a) pesquisador(a)

_____________________________________

Assinatura do(a) menor