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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Práticas do Pensamento Enxuto em ambientes administrativos: aplicação na Divisão de Suprimentos de um Hospital Público Autor: Adalberto da Cruz Lima Orientador: Prof. Dr. Paulo Corrêa Lima

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Práticas do Pensamento Enxuto em ambientes administrativos: aplicação na Divisão de

Suprimentos de um Hospital Público Autor: Adalberto da Cruz Lima Orientador: Prof. Dr. Paulo Corrêa Lima

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO

Práticas do Pensamento Enxuto em ambientes administrativos: aplicação na Divisão de

Suprimentos de um Hospital Público

Autor: Adalberto da Cruz Lima Orientador: Prof. Dr. Paulo Corrêa Lima Curso: Engenharia Mecânica Área de Concentração: Materiais e Processos de Fabricação Tese de Doutorado apresentada à comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica.

Campinas, 2007 S.P. – Brasil

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP

So11t

Lima, Adalberto da Cruz Praticas do pensamento enxuto em ambientes administrativos: aplicação na divisão de suprimentos de um hospital público / Adalberto da Cruz Lima.--Campinas, SP: [s.n.], 2007. Orientador: Paulo Corrêa Lima Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica. 1. Administração e saúde pública. 2. Instituições de saúde – Administração. 3. Administração da produção. 4. Administração de pessoal. 5. Serviço público – Administração de pessoal. I. Lima, Paulo Corrêa. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III. Título.

Titulo em Inglês: Practices of the lean thinking in administrative environment: application in the supplies of public hosptal

Palavras-chave em Inglês: Administration and planning in helath, production management, Services management

Área de concentração: Materiais e Processos de Fabricação Titulação: Doutor em Engenharia Mecânica Banca examinadora: José Eugênio Zoqui, Antônio Batocchio, Dário Henrique de

Alleprandini, Marcius F.H. de Carvalho e Abelardo Alves Queiroz

Data da defesa: 21/03/2007

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

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Dedicatória

Dedico o presente trabalho à minha esposa Zuleide Jardim da Cruz Lima e aos meus filhos,

Adalberto da Cruz Lima Filho e Alberto da Cruz Lima Sobrinho pela paciência e renúncia.

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Agradecimentos

A Deus, que sempre me guia pelo caminho da verdade e da glória.

A meus pais Ludegardes Paiva de Lima (em memória) e Domingas da Cruz Lima pelo

incentivo e exemplo que contribuíram na formação de minha vida.

Ao Professor Paulo Corrêa Lima, pela oportunidade de estudo e pesquisa, credibilidade,

motivação e orientação.

Aos Professores da FEM, pelas aulas que enriqueceram o conhecimento adquirido pelas

disciplinas ministradas.

Aos amigos Willians José Moralles Pinsetta e Robisom Damasceno Callado pelos

momentos de discussão que contribuíram para a finalização deste trabalho.

Aos colegas e gestores do Hospital de Clínicas pela cooperação e envolvimento no projeto

de minha Tese. Em especial para Rosângela, Marta e Sueli pela dedicação e colaboração na

implementação das melhorias do projeto.

Ao Professor Ivan Toro, Superintendente do HC, pela oportunidade de desenvolver a

pesquisa na Divisão de Suprimentos do Hospital de Clínicas.

E finalmente, a todos os amigos que durante estes quase quatro anos participaram de minha

vida acadêmica e social em Campinas.

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O homem não é sábio pelo conhecimento que adquire, mas

pela capacidade de transformar o seu ambiente, para melhor,

com o conhecimento adquirido.

Adalberto Lima

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Resumo LIMA, Adalberto da Cruz, Práticas do Pensamento Enxuto em Ambientes Administrativos:

Aplicação na Divisão de Suprimentos de um Hospital Público. Campinas: Faculdade de

Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2007, p.168. Tese (Doutorado).

Este trabalho tem por objetivo apresentar a implementação do pensamento enxuto (Lean

Thinking) em ambientes administrativos, prestadores de serviços. O ambiente estudado tem como

característica ser uma área de Suprimentos de Material, de um Hospital Público. Para tanto,

utilizou-se da metodologia científica através da estratégia de pesquisa-ação e da integração de

sistemas modernos de gestão gerenciais, tais como: Sistema de Gestão da Qualidade, Sistema de

Gestão de Pessoas e Sistema de Gestão da Informação como base de sustentação à

implementação da filosofia do pensamento enxuto. O período de estudo da pesquisa, iniciou em

2003 e se estendeu até final de 2005, com perfeita interação entre o pesquisador e os sujeitos

envolvidos. Os resultados encontrados foram coletados e analisados através de técnica de

pesquisa por observação participativa. A participação dos colaboradores foi muito importante

para o sucesso da implementação do pensamento enxuto neste setor. Os dados foram compilados

em gráficos de controle para avaliação das mudanças obtidas ao longo do projeto. Mudanças na

estrutura organizacional e gerencial também apresentaram resultados significativos, assim como

os resultados no processo de aquisição. O trabalho proporcionou aos colaboradores da Divisão de

Suprimentos, experimentarem novas formas de gerenciar os processos administrativo, fato este

muito debatido pelos mesmos.

Palavras Chave: Processo Administrativo, Melhorias do Processo, Sistema de Gestão.

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Abstract LIMA, Adalberto da Cruz, Practices of the Lean Thinking in Administrative Environments:

Application in the Supplies Division of public hospital. Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2007, p.168. Tese (Doutorado).

This work has for goal introduces the lean thinking implementation in ssrvices administrative

environments. The studied environment has like characteristic in the Material Supplies area, of

public hospital. For so much, it used of the scientific methodology through the research-action

strategy and of the modern managerial administration systems integration, suches like: Quality

magement system, magement information system and magement system people like support base

to the philosophy lean thinking implementation. The research study period, it began in 2003 and

extended until final of 2005, with perfect interaction between researcher and the involved

subjects. The found results were going collected and analyzed through technical of research for

observation participate. Collaborators' participation was very important for the lean thinking

implementation success in this sector. The data were going compiled in graphific of control for

changes evaluation obtained along the project, changes in the organizacional structure and

managerial also introduced significant results, as well as the results in the acquisition process.

The work provided to the Supplies Division collaborators, they try new forms of managing the

administrative process, fact this very debated.

Key words: Administrative Process, Improvements Process, Management System.

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Índice Dedicatória ..................................................................................................................................iv Agradecimentos............................................................................................................................v Resumo.......................................................................................................................................vii Abstract .................................................................................................................................... viii

Lista de Figuras ...............................................................................................................................xi Lista de Tabelas.............................................................................................................................xiv Nomenclatura .................................................................................................................................xv Capítulo 1 .........................................................................................................................................1 Introdução.........................................................................................................................................1 1. Contexto da Pesquisa ...............................................................................................................1

1.1. Justificativa da Pesquisa .......................................................................................................2 1.2. Condicionantes da Pesquisa .................................................................................................3 1.3. Hipóteses Formuladas...........................................................................................................3 1.4. Objetivos................................................................................................................................4

1.4.1. Objetivos Gerais .............................................................................................................4 1.4.2. Objetivos Específicos .....................................................................................................5

1.5. Estrutura do Trabalho...........................................................................................................5 Capítulo 2 .........................................................................................................................................7 Revisão Bibilográfica .......................................................................................................................7

2.1. Sistema Toyota de Produção – STP ......................................................................................7 2.1.1 Histórico do Sistema Toyota de Produção ......................................................................7 2.1.2 Sistema de Produção Enxuta (SPE) ..............................................................................11 2.1.3 A Produção Enxuta como Instrumento Gerencial .........................................................13 2.1.4 Aplicação do pensamento enxuto em ambientes administrativos .................................24

2.2. Gestão da Qualidade Total – TQM ....................................................................................27 2.2.1 Modelo de Oaklahand ...................................................................................................32 2.2.2 Visão gerencial do modelo de TQM .............................................................................36

2.3 Gestão de Pessoas.................................................................................................................39 2.3.1. Histórico evolutivo de Gestão de Pessoas....................................................................39 2.3.2 Conceituação de Gestão de Pessoas ..............................................................................42 2.3.3 O papel do líder no processo de mudança.....................................................................44 2.3.4 Instrumentos gerenciais do Sistema de Gestão de Pessoas ...........................................47

2.4 Gestão da Informação ..........................................................................................................53 2.5.1 O que é Gestão da Informação ......................................................................................53 2.5.2 O sistema de gestão da informação como ferramenta de eliminação de desperdícios ..55 2.5.3 Otimizando o fluxo de informações para melhoria dos processos................................57

Capítulo 3 .......................................................................................................................................59 Metodologia ...................................................................................................................................59

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3. Metodologia Científica...........................................................................................................59 3.1. Breve histórico da pesquisa-ação .......................................................................................62 3.2. Definições modernas de pesquisa-ação ..............................................................................63 3.3. Características da pesquisa-ação .......................................................................................66 3.4. Justificativa do uso da pesquisa-ação.................................................................................67

Capítulo 4 .......................................................................................................................................69 Desenvolvimento do Modelo .........................................................................................................69

4.1. Descrição do Modelo ..........................................................................................................69 4.2. Modelo de gestão proposto. ................................................................................................69

4.2.1. Fase 1 – Planejar...........................................................................................................71 Planejamento Estratégico para Implementação. ...................................................................71 4.3.2. Fase 2 – Analisar ..........................................................................................................77 Gestão da Qualidade Total, Gestão de Pessoas e Gestão da Informação.............................77 4.2.3. Fase 3 e Fase 4 – Intervenção e Medição .....................................................................87 4.2.4. Fase 5 – Maturação.......................................................................................................89

Implementação do modelo e análise dos resultados.......................................................................92 5.1. Caracterização do ambiente ...............................................................................................92 5.2. Caracterização da Cadeia de Suprimentos.........................................................................94 5.3. Abordagem da Gestão da Divisão de Suprimentos do HC .................................................96 5.4. Dinâmica para implementação do modelo .........................................................................99 5.5. Planejamento estratégico para implementação ................................................................101 5.6. Gestão da Qualidade, Gestão de Pessoas.........................................................................115 5.7 - Gestão da informação na Cadeia de Suprimentos do HC ...............................................126 5.8. Análise da Estrutura Organizacional ...............................................................................136 5.9. Análise da Função Gerencial............................................................................................141 5.10. Análise Geral do Projeto de Melhoria ............................................................................143

Capítulo 6 .....................................................................................................................................146 Conclusões e Recomendações para trabalhos futuros ..................................................................146

6.1. Conclusões sobre a integração dos sistemas ....................................................................146 6.2. Recomendações para trabalhos futuros ............................................................................152 Referências Bibliográficas........................................................................................................153 Anexos......................................................................................................................................164

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Lista de Figuras

Figura 2.1 - Plano de ação para o mapeamento do fluxo de valor. 22

Figura 2.2 - Elementos do Sistema de Produção Enxuta, segundo Pyzdek (1999). 23

Figura 2.3 - Modelo de Gerenciamento da Qualidade Total de Oakland. 34

Figura 2.4 – Características dos tipos de equipes de melhoria contínua. 50

Figura 2.5 – Fases do modelo de Sistemas Integrados para implementação do pensamento

Enxuto em ambientes administrativos 58

Figura 3.1 - Passos da metodologia científica utilizada para desenvolvimento do

modelo integrado de gestão para implementação do pensamento enxuto.

Fonte: Martins (1999) 61

Figura 4.1 - Estratégia de desdobramento de objetivos para implementação do

modelo. Adaptado de Arantes, 1998. 73

Figura 4.2 - Desdobramento dos objetivos empresariais para implementação do

modelo. Adaptado de Arantes, 1998. 75

Figura 4.3 - Escala de avaliação entre o poder de decisão e a geração de

desperdícios. 83

Figura 4.4 - Cronograma para implementação do modelo. 91

Figura 5.1 - Esboço da área de estudo, mostrando os segmentos da cadeia de suprimento

do HC. 94

Figura 5.2 - Configuração e Terminologia da Cadeia de Suprimentos.

Fonte: Slack, et. al., 2002. 96

Figura 5.3 - Configuração esquemática da Cadeia de Suprimentos do HC com ênfase

na Divisão de Suprimentos. 99

Figura 5.4 - Dinâmica do Mapeamento do Fluxo de Valor. 100

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Figura 5.5 - Resultado da análise da matriz SWOT na DS. 106

Figura 5.6 - Mapa do Estado Atual do processo de aquisição na Divisão

de Suprimentos. 107

Figura 5.7 - Plano de ação para implementação das melhorias na DS. 110

Figura 5.8 - Desdobramento do objetivo organizacional no serviço de

compras da DS. 110

Figura 5.9 - Mapa do Estado Futuro 1. 113

Figura 5.10 - Diagnóstico do lead time no processo de aquisição com licitação. 114

Figura 5.11 - Diagnóstico do lead time no processo de aquisição sem licitação. 114

Figura 5.12 - Processador de compras mostrando a composição das células e

as famílias de produtos. 119

Figura 5.13 - Mapa do Estado Futuro 2. 122

Figura 5.14 - Gráfico de controle mostrando a redução do lead time após MEF - 2

no processo de aquisição com licitação. 124

Figura 5.15 - Gráfico de Controle mostrando a redução do lead time após MEF - 2

no processo de aquisição sem licitação. 124

Figura 5.16 - Gráfico de Controle mostrando a redução do lead time após MEF –3

no processo de aquisição de produtos eventuais. 125

Figura 5.17 - Central de Informação da Cadeia de Suprimentos do HC. 129

Figura 5.18 - Mapa do Estado Futuro 3. 131

Figura 5.19 - Gráfico de Controle mostrando a redução do lead time após MEF - 3

no processo de aquisição com licitação. 132

Figura 5.20 - Gráfico de Controle mostrando a redução do lead time após MEF - 3

no processo de aquisição sem licitação. 133

Figura 5.21 - Gráfico de Controle mostrando a redução do lead time após MEF - 3

no processo de aquisição eventual. 134

Figura 5.22 - Processo de evolução da mudança na implementação do modelo. 135

Figura 5.23 - Grau de dificuldade de mudança da cultura organizacional. 139

Figura 5.24. - Gráfico mostrando a melhoria do desempenho no processo de

aquisição. 144

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Figura 5.25 – Resultado dos ganhos alcançados no Processo de Aquisição

de Materiais. 144

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xiv

Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Matriz de correlação das abordagens da pesquisa-ação com o

modelo Toyota. 20

Tabela 2.2 - Estilo de liderança. 45

Tabela 2.3 - Resultados do desenvolvimento de liderança nas empresas. 46

Tabela 5.1 – Descrição dos objetivos, metas e indicadores da DS. 109

Tabela 5.2 - Modificações Implementadas na Estrutura Organizacional. 140

Tabela 5.3 - Melhorias alcançadas na Função Gerencial. 141

Tabela 5.4 - Melhorias alcançadas no Processo de Aquisição. 143

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Nomenclatura

ASQC: American Society for Quality Control

CI: Central de Informação

DS: Divisão de Suprimentos

FIFO: First in First out

GI: Gestão da Informação

GP: Gestão de Pessoas

HC: Hospital das Clínicas

ISO: International Standartization and Organization

JPF: Jefferson Pilot Financial

JUSE: Japan Union of Scientist an Engineers

MVF: Mapeamento do Fluxo de Valor

PDCA: Ciclo de Melhoria (Plan, Do, Check, Action)

PDSA: Ciclo de Estudo (Plan, Do, Study, Action)

POT: Public Ordinary Telephone

QS: Quality System

SPE: Sistema de Produção Enxuta

STP: Sistema Toyota de Produção

TQC: Total Quality Control

TQM Total Quality Management

5P’s: Pain, Process, Politics, Payoff, Persistence

5S’s: Cinco Sensos (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke)

5W1H: Plano de Ação (What, Where, Why, When, Who, How)

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Capítulo 1

Introdução.

1. Contexto da Pesquisa

Os princípios enxutos desenvolvidos pela Toyota Corportation para melhoria dos

processos empresariais estão, há muito tempo, sendo utilizados pelas indústrias de transformação

de bens e é, hoje, uma referência mundial de práticas gerenciais a serem seguidas, a fim de se

atingir alta produtividade com eliminação dos desperdícios e redução dos custos operacionais.

Assim, partindo desta visão, surgiu o interesse em desenvolver esta pesquisa de

implementação dos princípios da produção enxuta em áreas administrativas, carentes de projetos

que pudessem dar resposta aos custos operacionais com índices zero de desperdícios e redução

dos custos operacionais. Observa-se, ainda que a Divisão de Suprimentos do Hospital de Clínicas

da Universidade Estadual de Campinas é o ambiente propício e desafiador para o

desenvolvimento de um modelo de gestão capaz de dar maior aderência na implementação dos

princípios e regras do Sistema de Produção Enxuta nestes ambientes.

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1.1. Justificativa da Pesquisa

A aplicação dos conceitos enxutos em uma área administrativa de caráter público

hospitalar parte de um desafio da literatura e de alguns setores prestadores de serviços que

querem melhorar os seus processos e não dispõem de ferramentas eficazes, confiáveis e de fácil

visualização dos resultados por toda a organização.

O que justifica o objeto de pesquisa é o fato de primeiro: ainda não há resultados

concretos da aplicação deste instrumento em ambientes administrativos com resultados que

retratem sua eficácia e, segundo, o ambiente, por ser de intensa rotina, permite uma visão mais

estruturada do modelo de gestão proposto - a ser apresentado no Capítulo 3 – e, ainda, por

apresentar características bem diferenciadas das áreas administrativas do setor privado, tornando,

portanto, um desafio enorme para a implementação dos princípios e regras da produção enxuta.

Entende-se também, que a aplicação desta ferramenta em um ambiente hospitalar, de

caráter público, não é trivial, uma vez que não se encontrou na literatura pesquisada uma

aplicação desta envergadura, ainda mais, em uma área estratégica para o hospital que é a Divisão

de Suprimentos. Da mesma forma acrdita-se que o objeto de pesquisa é de alta relevância, pois

atinge vários segmentos administrativos altamente burocrático e bastante criticado pela

sociedade, a saber: processos operacionais lentos, funcionários desmotivados e apáticos quanto ao

desempenho de suas funções e própria complexidade de um hospital.

Acredita-se que a aplicação, de forma sistematizada, dos princípios e regras da produção

enxuta associada a uma metodologia adequada de implementação é um indicador para os

objetivos organizacionais conectados com os objetivos profissionais. Sendo assim, é necessário

um alto comprometimento de todos os pares envolvidos no projeto de melhoria do desempenho

da Divisão de Suprimentos do Hospital.

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1.2. Condicionantes da Pesquisa

O desenvolvimento da pesquisa apresenta algumas condições de ordem administrativa

pública, uma vez que o ambiente é altamente burocrático e inflexível, precisando certas vezes, de

habilidade gerencial por parte do Agente de Mudança – elemento responsável pelas mudanças

organizacionais - para que se possa ver toda a cadeia funcionando.

Outro condicionante da pesquisa é a escassez de referências bibliográficas de aplicações

em áreas administrativas semelhantes.

Tais condicionantes são elencadas a seguir:

• Os cargos gerenciais são ocupados por competência delegada, não permitindo

remanejamento fácil de funcionários gargalos.

• A escassez de recursos financeiros inibe o envolvimento das pessoas em qualquer

programa de melhoria, fazendo com que as incertezas reinem no ambiente de trabalho.

• A dimensão burocrática de organizações públicas cria gargalos em função de

competências administrativas delegadas, gerando, entre outras coisas, desperdícios

difíceis de serem removidos.

• Na literatura há poucos trabalhos publicados sobre o assunto.

1.3. Hipóteses Formuladas

Observando o ambiente da pesquisa, formulou-se, então, as seguintes hipóteses com base

em pesquisa literária da área em estudo.

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• A implementação da filosofia do pensamento enxuto é exeqüível quando

sistematizado por um modelo de gestão capaz de dar respostas rápidas para o setor de

serviço.

• A filosofia do pensamento enxuto facilita a criação de envolvimento e

comprometimento com os resultados, quebrando o paradigma de que funcionários

públicos não se envolvem e não se motivam na busca de melhor desempenho em seu

ambiente de trabalho.

• Em ambientes administrativos, quando a cadeia de valor é enxergada por todo os

envolvidos, cria-se um alto comprometimento com os resultados finais do programa

de melhoria.

• O uso da pesquisa-ação gera envolvimento entre todos os participantes da pesquisa,

proporcionando interação entre teoria e prática, possibilitando a discussão dos

problemas e, imediatamente, a implementação das soluções encontradas.

1.4. Objetivos

1.4.1. Objetivos Gerais

O objetivo geral do trabalho é:

• Conceber um modelo para implementação do Sistema de Produção Enxuta em

ambiente administrativo.

• Sistematizar a implementação do modelo.

• Aplicar o modelo

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1.4.2. Objetivos Específicos

Os objetivos Específicos são:

• Reduzir e gerenciar o lead time dos processos de aquisição de produtos desenvolvidos

pela Divisão de Suprimentos.

• Padronizar as atividades dos processos de aquisição.

• Criar um ambiente multifuncional, com autonomia para o desenvolvimento da pro-

atividade funcional capaz de responder as necessidades dos clientes.

• Implementar mudança na estrutura organizacional e gerencial com a filosofia do

pensamento enxuto.

1.5. Estrutura do Trabalho

O trabalho resultante da pesquisa apresenta a seguinte estrutura: O capítulo 1, acima

descrito, apresenta a contextualização da pesquisa justificando a abordagem estudada,

apresentando as hipóteses e objetivos da pesquisa e, é finalizado com as condicionantes

encontradas durante o desenvolvimento do estudo. No Capítulo 2 é feita uma abordagem do

Estudo da Arte reforçando as hipóteses levantadas e dando suporte à implementação do modelo

de gestão baseado nos princípios e regras da produção enxuta. O Capítulo 3 apresenta a

metodologia científica adotada para dar suporte à coleta de dados e a análise dos resultados

encontrados na implementação do modelo de gestão proposto. No Capítulo 4, descreve-se o

desenvolvimento do modelo de gestão, apontando para as saídas e formulando soluções que

garantam atingir os objetivos propostos, confirmando ou reformulando as hipóteses levantadas. O

Capítulo 5 apresenta a implementação do modelo no ambiente administrativo abordando a prática

do Mapeamento do Fluxo de Valor, Layout celular, trabalho padronizado, multifuncionalidade,

etc., e são ainda apresentados e analisados os resultados da pesquisa e, Por fim, no Capítulo 6 são

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apresentadas as conclusões e as recomendações para trabalhos futuros e, finalizando, são

apresentadas as Referências Bibliográficas e os Anexos.

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Capítulo 2

Revisão Bibilográfica

Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica para dar embasamento teórico dos principais

conceitos tratados na implementação do pensamento enxuto em ambientes administrativos.

Inicialmente é feita uma revisão histórica do Sistema Toyota de Produção (STP) para se ter o

entendimento da filosofia utilizada pela Toyota e aplicada por outros segmentos da indústria. Em

seguida são tratados os conceitos do pensamento enxuto com descrição conceitual de vários

autores destacando a aplicação do pensamento enxuto em ambiente administrativo e abordando a

visão gerencial do pensamento enxuto. Finalizando, é feita uma descrição dos modelos de

sistema de gestão - da qualidade, de pessoas e de informação que mais se adaptam como suporte

para a implementação do pensamento enxuto em ambientes administrativos.

2.1. Sistema Toyota de Produção – STP

2.1.1 Histórico do Sistema Toyota de Produção

O Sistema Toyota de Produção tem sua primeira aplicação por volta de 1950, adotado pela

Toyota Corporation para melhorar o desempenho da empresa frente as dificuldades encontradas

na época pelo Japão no período pós-guerra.

Historicamente, foram Shigeo Shingo e Taiichi Ohno (Womack e Jones, 1998; Spear e

Bowen, 1999; Pyzdek, 1999; Garside, 2001; Haworth; Liker, 2005), que adotaram este modelo de

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gestão para a produção com eliminação das perdas e redução de custo de produção. Para tanto,

desenvolveram técnicas que pudessem produzir em pequenos lotes, com redução de set up,

estoques e alto grau de qualidade dos produtos desenvolvidos. A esta nova abordagem deram o

nome de Sistema Toyota de Produção (STP).

Diante das dificuldades, a Toyota realizou estudos sobre como melhorar o desempenho da

empresa, e partindo dos resultados encontrados, desenvolveu ferramentas de gestão da produção

altamente eficazes, capazes de melhorar o rendimento dos processos empresariais dentro da

organização.

O avanço do mercado crescente japonês, e a luta para produzir de forma mais eficaz

fizeram com que a Toyota Corporation, procurasse desenvolver melhorias em seus processos de

forma que quebrasse a hegemonia da produção em massa desenvolvida por alguns segmentos da

cadeia automobilística que não conseguiam enxergar o quanto desperdiçava durante seu processo

produtivo.

Com a visão voltada para eliminação dos desperdícios, Taichii Ohno, percebeu que a

eliminação das perdas geraria um fator altamente competitivo para a organização uma vez que a

qualidade e a produtividade estariam garantidas proporcionando maior competitividade para a

Toyota.

Foi a partir desta observação que Taichii Ohno desenvolveu o Sistema Toyota de Produção

em que estabeleceu princípios para implementação e captação das melhorias desejadas.

A visão do Sistema Toyota de Produção é produzir produtos (bens e serviços) com baixo

custo, eliminando os desperdícios. Shingo (1996) destaca que o Sistema Toyota de Produção é

um sistema que visa a eliminação total das perdas. Segundo o autor, o STP é na verdade 80% de

eliminação de perdas, 15% sistema de produção e apenas 5% o Kanban.

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Liker (2005) destaca que a Toyota identificou sete grandes tipos de perdas sem agregação

de valor em processos administrativos ou de produção, descritos abaixo. Ressalta ainda que eles

podem ser encontrados no desenvolvimento do produto, no recebimento de pedidos e no

escritório, não só em linha de produção:

1. Superprodução: produção por itens para os quais não há demanda, o que gera perda com

excesso de pessoal e de estoque e com custo de transporte devido ao estoque excessivo.

2. Espera (tempo sem trabalho): funcionários eu servem apenas para vigiar uma máquina

automática ou que ficam esperando pelo próximo passo no processamento, ferramenta,

suprimento, peça, etc., ou simplesmente não têm trabalho para fazer devido a uma falta

de estoque, atrasos no processamento, interrupção do funcionamento de equipamentos e

gargalos de capacidade.

3. Transporte ou movimentação desnecessários: movimento de estoque em processo por

longas distâncias, criação de transporte ineficiente ou movimentação de materiais, peças

ou produtos acabados para dentro ou fora do estoque ou entre processos.

4. Superprocessamento ou processo incorreto: passos desnecessários para processar as

peças. Processamento ineficiente devido a uma ferramenta ou ao projeto de baixa

qualidade do produto, causando movimento desnecessário e produzindo defeitos.

Geram-se perdas quando oferecem produtos com qualidade superior à que é necessária.

5. Excesso de estoque: excesso de matéria-prima, de estoque em processo ou de produtos

acabados, causando lead times mais longos, obsolescência, produtos danificados, custos

de transporte e de armazenagem e atrasos. Alem disso, o estoque extra oculta problemas,

como desbalanceamento de produção, entregas atrasadas dos fornecedores, defeitos,

equipamentos em conserto e longo tempo de setup.

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6. Movimento desnecessário: qualquer movimento inútil que os funcionários têm que fazer

durante o trabalho, tais como procurar, pegar ou empilhar peças, ferramentas, etc.

Caminhar também é perda.

7. Defeitos: produção de peças defeituosas ou correção. Consertar ou re-trabalhar, descartar

ou substituir a produção e inspecionar significam perdas de manuseio, tempo e esforço.

O autor acrescenta ainda um oitavo desperdício que o chama de “desperdício da atividade

dos funcionários” que está relacionado com a perda de tempo, idéias, habilidades, melhorias e

oportunidades de aprendizagem por não envolver ou ouvir seus funcionários.

O sucesso da Toyota no mercado está apoiado nos métodos e técnicas adotadas que

facilitam o entendimento interno através de uma visão sistêmica da organização como todo. Liker

(2005) reforça este pensamento quando diz que a excelência operacional da Toyota é baseada nos

método de melhoria da qualidade e ferramentas que a Toyota tornou famosos no mundo da

indústria, tais como, just in time, kaizen, fluxo unitário de peças, autonomação e nivelamento da

produção. Porém, somente as técnicas e ferramentas não são suficientes para o sucesso alcançado,

é importante enfatizar a filosofia empresarial, uma vez que as pessoas envolvidas devem ter a

compreensão necessária para utilizar as técnicas e ferramentas e devem estar motivadas para

utilizá-las.

Porém, o difícil neste período turbulento foi convencer os trabalhadores de que eles

deveriam atingir o desempenho desejado pela Toyota. Estabelecendo os seus próprios desafios, a

Toyota internalizou as perguntas para os problemas que ela mesma formulou, e criou um

ambiente para busca destas respostas. Ou seja, o Sistema Toyota de Produção cria os desafios e

incentiva seus trabalhadores na busca de soluções para os problemas formulados. Este fato é

evidenciado pela aplicação das Quatro Regras STP, descrito por Spear e Bowen (1999), que

relatam como são realizadas as melhorias, enfatizam ainda que o STP é uma excepcional fonte de

desempenho para os fabricantes, e isto é observado pelo número cada vez maior de indústrias

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modernas que buscam a aplicação dos conceitos do STP que cresce a cada ano no mundo dos

negócios.

Godinho Filho e Fernandes (2004) afirmam que apesar do STP muitas vezes ser entendido

como algo novo, na verdade, muitos de seus princípios são trabalhos de pioneiros como Deming,

Taylor e Skinner e que a popularização no ocidente deve-se a Womack et al. (1992) que

denominaram de Manufatura Enxuta.

Surge então, no segmento da indústria automobilística o conceito de produção enxuta,

descrita por Womack (1998) como uma forma de produzir mais com menos, ou seja, mais

qualidade e produtividade com utilização de menos recurso disponível.

Porém, comenta Spear (2004) que, reconhecer que o TPS é aplicar os princípios em vez de

apenas usar ferramentas, habilita as empresas de alguma forma a se assemelhar a Toyota para

alcance de suas fontes de sucesso.

2.1.2 Sistema de Produção Enxuta (SPE)

Diante da popularidade do Sistema de Manufatura Enxuta, muitos outros autores procuram

definir este novo modelo de gestão da produção. Atualmente várias definições podem ser

encontradas na literatura, Womack e Jones (1998), descrevem o Sistema de Manufatura Enxuta

como uma abordagem que busca uma forma melhor de organizar e gerenciar os relacionamentos

de uma empresa com seus clientes, cadeia de fornecedores, desenvolvimento de produtos e

operações de produção, segundo a qual é possível fazer cada vez mais com menos (menos

equipamento, menos esforço humano, menos tempo, etc).

Entende-se então que a SPE é uma prática para melhorar a produção através de ciclos de

planejamentos, com habilidade dos gerentes para criar um ambiente propício para o sucesso da

implementação. Shah e Ward (2003), destacam que a Manufatura Enxuta engloba ampla

variedade de práticas gerenciais, incluindo just in time, sistemas de qualidade, manufatura celular,

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entre outros. Segundo estes autores, o ponto chave para a implementação é a sinergia entre as

práticas gerenciais necessária para dar sustentação ao atendimento das necessidades dos clientes

(no ritmo e sem desperdícios).

George (2004), destaca que a produção enxuta é ligada à velocidade, eficiência e

eliminação dos desperdícios, onde a meta é acelerar a velocidade de qualquer processo através da

redução de desperdícios em todas as suas formas. Este princípio requer por parte dos gestores que

atuam na implementação lean, uma visão estratégica do negócio em que atuam, para que possam

agir nas flutuações do mercado com respostas rápidas e produtos com agregação de valor.

A declaração descrita por Silvester et. al. (2004) é de que o pensamento enxuto tem com

foco a eliminação do tempo de espera desnecessária dentro de um processo, controlando os

fatores no ponto onde o trabalho está agrupado ou em “lotes". O fluxo do processo é controlado

pela "demanda" que restringe os tamanhos das filas em um tempo particular do trabalho. A

metodologia de pensamento enxuto reduz indiretamente a variação do processo através da

padronização do trabalho e redução dos lotes.

Neste sentido Godinho Filho (2004), define a Manufatura Enxuta como um modelo

estratégico e integrada de gestão, direcionado a certas situações de mercado, que propõe auxiliar a

empresa a alcançar determinados objetivos de desempenho (qualidade e produtividade).

Para Souza (2004), a Produção Enxuta é tradicionalmente empregado para dar forma

aerodinâmica a operações industriais e cortar custos. Mas, sempre com menos produtos

projetados, desenvolvidos e construídos sob o mesmo teto, este novo pensamento são práticas que

devem se estender para os fornecedores e clientes a fim de produzir melhorias duradouras.

O que se observa na literatura é um compromisso na implementação da filosofia do Sistema

de Produção Enxuta com elevada participação da alta direção e da média gerência nas tomadas de

decisões estratégicas com envolvimento de todos os participantes do projeto de melhoria

organizacional e da cadeia produtiva.

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Diante desta constatação é importante, para o sucesso de qualquer projeto de melhoria com

base na filosofia do Sistema de Produção Enxuta, a definição do estilo gerencial utilizado para

desenvolvimento das práticas gerenciais que garantam os objetivos organizacionais.

Para tanto, é necessário que gerentes e líderes de equipes tenham domínios das várias

técnicas gerenciais e vejam a filosofia do Sistema de Produção Enxuta como instrumento

gerencial capaz de proporcionar as melhorias desejadas.

Neste contexto, Prestopino (2002) conclui que o Sistema de Produção Enxuta é

originalmente um método revolucionário de se pensar o conceito de empresa.

2.1.3 A Produção Enxuta como Instrumento Gerencial

Os princípios e regras do Sistema de Produção Enxuta (SPE) vão além do que técnicas e

métodos para eliminação dos desperdícios no sistema de produção, eles dão a base para um

sistema gerencial voltado para soluções de problemas humano-comportamental com reflexo no

desempenho organizacional, uma vez que o envolvimento e engajamento das pessoas no projeto

de implementação requer habilidade gerencial por parte de quem a conduz.

Neste contexto, Arbós (2002) destaca que as técnicas do SPE têm contribuído para a

melhoria na eficiência, velocidade de resposta a flexibilidade na produção de muitos negócios,

através do gerenciamento baseado no processo, na eliminação dos desperdícios e da alta

flexibilização na implementação destes processos. O autor destaca ainda que a Gestão Enxuta

permite às empresas oferecer uma alta diversidade de produtos (bens e serviços), com baixo custo

de produção, alto nível de produtividade, velocidade de entrega, nível de estoque mínimo e ótima

qualidade.

Portanto, o gestor de melhoria ou agente de mudança precisa entender e preparar o

ambiente para as mudanças que irão ocorrer no interior da organização. Para isso, é necessário o

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conhecimento da filosofia do Sistema de Produção Enxuta como instrumento gerencial capaz de

mudar a cultura organizacional.

Womack e Jones (1998) destacam que a implementação do Sistema de Produção Enxuta

deve seguir princípios que norteiam a filosofia do Sistema Toyota de Produção e destacam que o

pensamento enxuto pode ser resumido em cinco princípios, que são:

− Determinar precisamente o Valor por produto específico;

− Identificar a Cadeia de Valor para cada produto;

− Fazer o valor fluir sem interrupções;

− Deixar que o cliente puxe o valor do produtor; e

− Busque a perfeição.

Segundo os autores, o ponto de partida essencial para o pensamento enxuto é o Valor. E

destacam que ele só pode ser definido pelo cliente final. E só é significativo quando expresso em

termos de um produto específico que atenda às necessidades do cliente a um preço específico em

um momento específico. Conhecendo o valor sobre a ótica dos clientes, é importante que se

conheça e identifique a cadeia de valor, que para os autores, consiste no conjunto de todas as

ações específicas necessárias para levar um produto específico a passar pelas três tarefas

gerenciais críticas, que são: tarefas de soluções de problemas, tarefas de gerenciamento da

informação e tarefa de transformação física.

Na análise da cadeia de valor, os gestores devem entender e tratar com disciplina três tipos

de ação que podem comprometer o sistema de gestão, que são:

− Atividades que agregam valor;

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− Atividades que não agregam valor, mas são indispensáveis;

− Atividades que não agregam valor e precisam ser eliminadas.

A visão gerencial sobre estas três ações, existentes no processo, deve ser tratada como

atividades que irão contribuir para a eliminação dos desperdícios gerados na cadeia de valor,

portanto, devem ser analisadas com imparcialidade gerencial sob pena de criar gargalos para o

fluxo do processo.

Outros autores que contribuíram para o entendimento da filosofia do pensamento enxuto

foram Spear e Bowen (1999) que destacaram além dos princípios, quatro regras implícitas ao

Sistema Toyota de Produção e que norteiam as práticas enxutas. Segundo os autores, o

conhecimento tácito que está por trás do STP pode ser destacado em quatro regras básicas. Estas

regras guiam o projeto, a operação, e a melhoria de todas as atividades, a conexão, e o fluxo para

todo produto e serviço. As regras são descritas como segue:

− Todo trabalho deve estar altamente especificado sobre o conteúdo, seqüência, tempo e

resultado.

− Toda conexão cliente-fornecedor deve ser direta, e deve haver um fluxo sem

ambigüidade de sim-ou-não, de modo prático, para enviar pedidos e receber respostas.

− O fluxo para todo produto e serviço deve ser simples e diretos.

− Qualquer melhoria deve ser feita conforme o método científico, sob a direção de um

especialista, até o nível mais baixo possível da organização.

Os autores concluem que todas as regras exigem que as atividades, as conexões, e o

caminho dos fluxos tenham sido testados para diagnosticar automaticamente os problemas

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existentes. É uma resposta contínua para os problemas que fazem deste sistema, aparentemente

rígido, tão flexível e adaptável para circunstâncias variáveis.

Womack e Jones (1998), enfatizam que a produção enxuta tem como alternativa redefinir o

trabalho das funções, departamentos e empresas, permitindo-lhes contribuir de forma positiva

para a criação de valor e falar às necessidades reais dos funcionários em cada ponto da cadeia,

para que eles realmente se interessem em fazer o valor fluir.

Para a consecução do pensamento enxuto, além da necessidade do envolvimento dos

colaboradores no processo de melhoria ele exige ainda uma mudança de cultura através da

estrutura organizacional, do estilo gerencial e da redefinição de funções e cargos estabelecidos em

planejamentos estratégicos para implementação dos princípios do pensamento enxuto.

Dentro da filosofia do Sistema de Produção Enxuta, um dos princípios que garante um bom

desempenho operacional diz respeito à produção de produtos com baixo índice de estoque e isto é

possível com atendimento às necessidades dos clientes naquilo em que estejam dispostos a

consumir. Este princípio é denominado de Produção Puxada, que basicamente é definido como

produção elaborada e executada a partir da demanda do cliente.

Definido os quatro primeiros princípios e regras do Sistema de Produção Enxuta, o passo

seguinte e desafiador para os gestores do processo de melhoria são manter e elevar os resultados

alcançados. No entanto, o esforço para a garantir a visão gerencial nos princípios e regras do SPE,

gera grandes lições que devem ser aprendidas pelos gestores, tais como: o envolvimento tem que

contemplar os clientes para que seja conhecido o valor, os estoques devem ser eliminados, pois

representam desperdícios, o sistema deve operar de forma puxada com fluxo contínuo e o

gerenciamento visual facilita o entendimento dos objetivos organizacionais. Todas estas

condições ajudam os gestores a detectar e resolver problemas existentes nos processos, porém

torna-se necessário o conhecimento de técnicas e ferramentas que possam auxiliá-los na busca de

soluções de problemas.

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Para o envolvimento dos colaboradores em qualquer projeto de melhoria, é necessário o

desdobramento dos objetivos organizacionais para que todos tenham conhecimento do que fazer e

para que fazer e quando fazer. Para tanto, Womack (2006) destaca algumas características

comuns e fundamentais para se chegar a uma transformação lean, que são:

− Declare claramente o objetivo do processo.

− Desenvolva medidas de desempenho que mostrem se o objetivo está sendo satisfeito.

− Registre cada etapa do processo, para o consumidor e também para o provedor, do

início ao fim.

− Avalie cada etapa do processo para determinar se ele de fato cria valor para o

consumidor e o provedor.

Segundo o autor, anotar o objetivo do processo em poucas palavras, determinar algumas

medidas simples do desempenho corrente comparado com as necessidades do consumidor e do

provedor, e traçar um mapa claro que torne o atual estado do processo visível para todos num

relance são os primeiros passos essenciais. Contudo, o verdadeiro objetivo dessas ações é

fundamentalmente aperfeiçoar o processo – não apenas caracteriza-lo.

Com esta visão, Liker (2005) descreve os 14 princípios de gestão do Modelo Toyota que

auxiliam os gerentes na busca da melhoria contínua em seus processos. Estes princípios são

organizados em quatro seções amplas:

Seção I - Enfatiza que a empresa deve planejar com foco na filosofia de longo prazo.

Princípio 1. Basear as decisões administrativas em uma filosofia de longo prazo, mesmo em

detrimento de metas financeiras de curto prazo.

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Seção II - O processo certo produzirá os resultados certos.

Principio 2. Criar um fluxo de processo contínuo para trazer os problemas à tona.

Princípio 3. Usar sistemas puxados para evitar superprodução.

Princípio 4. Nivelar a carga de trabalho.

Princípio 5. Construir uma cultura de parar e resolver os problemas, obtendo a qualidade

logo na primeira tentativa.

Princípio 6. Tarefas padronizadas são a base para a melhoria contínua e a capacitação dos

funcionários.

Princípio 7. Usar controle visual para que nenhum problema fique oculto.

Princípio 8. Usar somente tecnologia confiável e completamente testada que atenda aos

funcionários e processos.

Seção III - Agregar valor para a organização, desenvolvendo as pessoas.

Princípio 9. Desenvolver líderes que compreendam completamente o trabalho, que vivam a

filosofia e a ensinem aos outros.

Princípio 10. Desenvolver pessoas e equipes excepcionais que sigam a filosofia da empresa.

Princípio 11. Respeita sua rede de parceiros e de fornecedores desafiando-os e ajudando-os

a melhorar.

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Seção IV - A solução contínua da raiz do problema estimula a aprendizagem

organizacional.

Princípio 12. Ver por si mesmo para compreender completamente a situação.

Princípio 13. Tomar decisões lentamente por consenso, considerando completamente todas

as opções; implementá-las com rapidez.

Princípio 14. Tornar-se uma organização de aprendizagem através da reflexão incansável e

da melhoria contínua.

Caracterizado os princípios e regras do pensamento enxuto, desenvolvido pela Toyota e,

dos princípios de gestão descritos acima, a implementação do modelo integrado de sistema de

gestão em ambiente administrativo, requer a adoção de uma metodologia científica que sustente a

eficiência dos resultados obtidos. Neste contexto, utiliza-se a estratégia de procedimento da

pesquisa-ação como método para alcançar esta eficiência. A matriz de correlação mostrada na

Tabela 2.1 apresenta as abordagens da pesquisa-ação com o modelo desenvolvido pela Toyota.

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Tabela 2.1 – Matriz de correlação das abordagens da pesquisa-ação com o modelo Toyota

Para que sejam detectados os problemas existentes em um processo contínuo, Rother e

Shook (1999) desenvolveram uma ferramenta de melhoria, chamada Mapeamento do Fluxo de

Valor (MFV), que consiste na utilização de papel e lápis que ajuda a enxergar e entender o fluxo

de material e de informação na medida em que o produto segue o fluxo de valor. Segundo os

autores, esta ferramenta é essencial na busca de solução de problemas, pois:

− Ajuda a visualizar mais do que simplesmente os processos individuais. É possível

enxergar o fluxo;

− Ajuda a identificar mais do que os desperdícios. Mapear ajuda a identificar as fontes dos

desperdícios no fluxo de valor;

− Fornece uma linguagem comum para tratar dos processos de manufatura;

Valor sobre a ótica do cliente

VERGARA ENGEL ELDEN E

CHISHOLMSOMMER E AMICK THIOLLENT

Estabelecer o fluxo de valor

Produção puxada

Busca da perfeição

PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ENXUTA

Trabalho altamente especificado

AUTORES

PESQUISA - AÇÃO

Utilidade dos dados para os clientes

Envolvimento participativo de todos

Definição da cadeia de valor

Métodos para solução de problemas

Intervenção, elaboração e

desenvolv. da teoria

Diagnóstico e discussão do

problema

Diagnóstico de um problema específico

Aprimoramento das fases anteriores

Processo de aprendizagem

Envolvimento das Pessoas nas causas e

problemas

Ciclo de planejamento, ação,

reflexão e ação

Teoria sobre comportamento

humano

Disseminar os achados da pesquisa

Análise Estatística

Método de coleta de dados

14 PRINCÍPIOS DE GESTÃO 2 - 4 - 5 - 6 - 8 - 13 1 - 2 - 5 - 7 - 8 - 12 5 - 6 - 7 - 9 - 10 - 11 - 14 2 - 5 - 9 - 10 - 12 - 14 1 - 6 - 7 - 8

Melhoria baseada em método científico

Linguagem comum para todos os

envolvidos

REGRAS DO STP

Conexão dos processosResolução de um problema coletivo

Disseminação da informação

Pesquisa auto-avaliativa

Fluxo simples e direto

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− Torna as decisões sobre o fluxo visíveis, de modo que os agentes podem discuti-las. De

outro modo, muitas decisões no chão de fábrica só acontecem por omissão;

− Junta conceitos e técnicas enxutas, que o ajuda a evitar a implementação de algumas

técnicas isoladamente;

− Forma a base de um plano de implementação. Ao ajudar a desenhar como o fluxo total

de porta-a-porta deveria operar, os mapas dos fluxos de valor tornam-se referência para a

implementação enxuta;

− Mostra a relação entre fluxo de informação e fluxo de material;

− É muito mais útil que ferramentas quantitativas e diagramas de layout que produzem um

conjunto de passos que não agregam valor, lead time, distância percorrida, a quantidade

de estoque, e assim por diante.

Definida e mapeada a cadeia de valor, o passo seguinte é criar condições para o

desenvolvimento do fluxo contínuo do processo, ou seja, produzir sem interrupções, sem paradas,

sem desperdícios, elevando a produtividade. Cabe ao gestor do processo criar fluxo de atividades

que criam valor para os produtos específicos como um todo, avaliando os resultados encontrados

e propondo melhorias contínuas como mostrado na Figura 2.1.

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Figura 2.1 - Plano de ação para o mapeamento do fluxo de valor. Adaptado de Rother e Shook, 1999

O mapeamento do fluxo de valor, como ferramenta de melhoria, requer uma técnica para

implementação que exige do praticante o conhecimento do conceito do pensamento enxuto e da

aplicação da metodologia de estratégia de pesquisa-ação, tais como:

− Sempre colete as informações do estado atual enquanto você caminha pelos fluxos de

materiais e informações;

− Comece com uma rápida caminhada por todo o fluxo de valor para obter a compreensão

do fluxo e da seqüência dos processos;

− Traga seu próprio cronômetro e não se baseie em tempo padrão ou informações que você

não obtiver pessoalmente;

− Mapeie você mesmo o fluxo completo de valor, mesmo que muitas pessoas estejam

envolvidas;

− Sempre desenhe a mão e a lápis.

O entendimento do fluxo do processo

no ambiente administrativo, facilita o

desenho do estado futuro.

PLANEJAR E IMPLEMENTAR

Plano de trabalho

Desenho do estado futuro

Desenho do estado atual

Definição da família de produtos

Projetar fluxo enxuto e

desenvolver um novo diagnóstico.

Determine as famílias de produtos,

agrupando-as por similaridades de

processo e afinidade pessoal.

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Como pode ser visto, o uso da ferramenta do Mapeamento da Cadeia de Valor requer uma

participação efetiva do gestor do projeto de melhoria na interação com o objeto a ser mapeado, ou

seja, deve conhecer plenamente o processo estudado.

Entretanto, o projeto de melhoria não pode se prender ao Mapeamento da Cadeia de Valor

como única ferramenta capaz de gerar resultados satisfatórios, é preciso conhecer os elementos do

pensamento enxuto que podem auxiliar os gerentes na conquista destes resultados, bem como

atuar com conhecimento metodológico adequado à implementação.

A definição do Sistema de Produção Enxuta apresenta em sua filosofia elementos

gerenciais, destacados por Pyzdek (1999) e ilustrada na Figura 2.2 que devem ser selecionados

pelos gestores para garantir a evolução das mudanças que irão gerar os resultados desejados. O

desafio para os gestores dos projetos de melhoria é encontrar, dentre os elementos do SPE,

àqueles que irão se adaptar a situação-problema estudada.

Figura 2.2 - Elementos do Sistema de Produção Enxuta, Fonte: Pyzdek (1999)

Concluindo, um princípio básico que deve ficar como lição aprendida pelos gestores que

desejam aplicar a filosofia do Pensamento Enxuto é o uso do sistema puxado, que essencialmente

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quer dizer, fazer só o que o cliente quer, quando ele quiser, e atendendo dentro da previsão básica

de consumo.

Todos os conceitos, técnicas, ferramentas apresentadas tem sua origem e aplicação

consolidada em ambientes fabris para produção de bens, porém o mercado dinâmico e

globalizado está cada vez mais estendendo estes conceitos para os setores administrativos dentro

de suas plantas, exigindo dos gerentes esforço adicional para adaptá-las a nova realidade

gerencial que tenham que enfrentar. No item a seguir são mostrados alguns exemplos de

aplicação dos conceitos do pensamento enxuto em ambientes administrativos.

2.1.4 Aplicação do pensamento enxuto em ambientes administrativos

As técnicas do pensamento enxuto contribuíram para uma melhoria significativa em

eficiência, velocidade de resposta e flexibilidade em produção em muitas empresas industriais,

por meio, de gerenciamento baseado em processo, eliminação de desperdício e a implementação

altamente flexível destes processos, Arbós (2002). O pensamento enxuto, segundo este autor,

permite que estas empresas possam oferecer uma gama altamente diversificada de produtos, com

custo mais baixo, com níveis altos de produtividade, maior velocidade de entrega, níveis mínimos

de estoque e alta qualidade.

Portanto, as empresas prestadoras de serviço também podem se beneficiar das vantagens do

pensamento enxuto, embora atualmente esta abordagem seja menos comum neste tipo de

ambiente. Como dizem Tapping e Shuker (2003), “o pensamento enxuto finalmente chegou no

escritório!”. Estes autores descreveram oito passos, descritos abaixo, para implementar o

pensamento enxuto em ambientes administrativos.

− Comprometa-se com o pensamento enxuto;

− Escolha um fluxo de valor;

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− Aprenda sobre o pensamento enxuto;

− Trace o Mapa do Estado Atual;

− Identifique as métricas enxutas;

− Trace o Mapa do Estado Futuro;

− Crie plano para desenvolver o kaizen;

− Implemente o plano do kaizen.

A realidade é que pouco se tem desenvolvido projetos de melhoria utilizando a filosofia do

do pensamento enxuto em ambientes administrativo. Porém pesquisadores nos Estados Unidos

vem desenvolvendo trabalhos neste tipo de ambiente, precisamente na área da saúde assistencial

que o diferencia do ambiente administrativo purista, apesar dos dois ambientes tratarem da

produção de serviços, no entanto, com características diferentes.

Um dos trabalhos destacado na implementação do pensamento enxuto em ambiente de

serviço foi realizado em 2001 no University of Pittsburgh Medical Center Shadyside, o projeto

surgiu com a visão de se desenvolver um “hospital do futuro” onde a necessidade de gerar

qualidade no atendimento ao paciente certo, um tratamento certo, no tempo certo, na forma

correta, por todo tempo necessário. O destaque neste trabalho é a aplicação dos elementos do

pensamento enxuto e dos passos seguido pela equipe de melhoria para diagnosticar os problemas

existentes. A área assistencial para aplicação do pensamento enxuto foi desenvolvido em uma

unidade cirúrgica com 40 leitos. O piloto ocorreu inicialmente para apenas 12 leitos, o hospital de

Shadyside sistematizou os conceitos em uma abordagem denominada de Iniciativa de Projeto

Clínico.

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Silvester et. al. (2004), aplicaram a filosofia do pensamento enxuto com o objetivo de

desenvolver um sistema que pudesse lidar com a variação da demanda, sem demora

desnecessária, de forma que, os paciente pudessem caminhar pelo fluxo do sistema. Com isso, os

pacientes não teriam que passar por triagem, com base na urgência, tipo de doença, idade ou

outros fatores. Isto é o princípio de acesso avançado. A adoção universal desta abordagem

melhoraria a segurança e a qualidade do sistema de saúde para todos os pacientes.

A pesquisa se concentrou em melhorar o fluxo dos pacientes através de: administração dos

gargalos e da redução na variação do processo, muito do qual origina-se na capacidade de

produção, e isto está embaixo de nosso controle. Com a implementação da filosofia do

pensamento enxuto, os pesquisadores obtiveram melhoria entre as variações da demanda

(indicadores) e capacidade (horários disponíveis), como resultado, ao reduzir a variação na

capacidade da clínica, movendo para clínicas mais freqüentes, houve uma melhoria no

atendimento, para mais pacientes, com menos capacidade.

Outro trabalho significativo foi desenvolvido por Swank (2003) que apresenta a eficiência

do pensamento enxuto em operações financeiras em uma companhia de seguros, realizado pela

Jefferson Pilot Financial (JPF). Segundo a autora, para implementação do pensamento enxuto

neste tipo de ambiente foi necessário que a empresa, em geral, fizesse uma revisão na forma de

medir custos, velocidade e qualidade. Reforça que um importante princípio a ser aplicado é medir

o desempenho e a produtividade na perspectiva do cliente. Finalizando, destaca ainda, que o

sucesso da implementação foi a distribuição das responsabilidades e as recompensas por toda a

organização, em vez de concentrá-las no alto escalão.

O trabalho desenvolvido na JPF destaca a aplicação dos elementos do pensamento enxuto

para eliminar os desperdícios encontrados no processo de preenchimento das apólices de seguro,

onde o funcionário gastava tempo adicional nessa operação, deixava equipes ociosas nas seções

seguintes e atrasava o fluxo de processamento de propostas. A JPF dividiu o trabalho em equipes

e como resultado os atrasos e desperdícios diminuíram consideravelmente, sem exigir maior

espaço, equipamento nem pessoal adicional.

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Arbós (2002), apresenta uma aplicação do pensamento enxuto em uma empresa prestadora

de serviço de telecomunicações denominada de Public Ordinary Telephone (OPT)-type voice

service. O trabalho avaliou a variação do tempo de ciclo, o lead time em cada departamento da

empresa, considerando o tempo takt para definição do número de estações de trabalho necessária

para dar respostas com maior velocidade aos usuários. Para tanto, a empresa criou equipes

interdisciplinares formadas por três departamentos. O resultado apresentou uma diferença entre o

método tradicional de gestão e a gestão com abordagem do pensamento enxuto, com ganhos

significativos conquistados com a implementação do segundo método.

Exemplos mais recentes publicados com aplicação prática do pensamento enxuto segundo

Ferro (2004), foram desenvolvidos numa empresa de construção civil no aeroporto internacional

de Chubu no Japão com o objetivo de redução de custos. No Canadá, Dinamarca e Japão, o

pensamento enxuto está sendo implementado nas empresas de Correios, ao mesmo tempo em que

o Sistema de Saúde dos Estados Unidos, particularmente na Região de Pittsburg e nos Estados de

Virginia, Iowa, Wisconsin. Segundo o autor, em Pittsburg, técnicas como solução de problemas,

andon para chamar atenção dos problemas, busca da causa raiz desses problemas, tem trazido

resultados econômicos significativos, em parte resultante, por exemplo, da redução de infecções.

Por fim, as empresas aéreas líderes do setor de produção de equipamentos buscam a filosofia lean

para melhorar a eficiência de suas operações e, com isso reduzir os custos do sistema.

Conforme Liker (2005), no modelo Toyota, são as pessoas que dão vida ao sistema:

trabalhando, comunicando-se, resolvendo questões e crescendo juntas. O pensamento enxuto vai

muito além: ele estimula, ampara e de fato exige o envolvimento dos funcionários.

2.2. Gestão da Qualidade Total – TQM

A evolução dos conceitos de qualidade vem se desenvolvendo há anos. Garvin (2002)

destaca que no início da era industrial o conceito de qualidade era tratado como busca da

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perfeição com ajustes realizados pelos artesãos e inspecionados no final do processo com o

produto acabado.

O conceito de Qualidade teve origem histórica defendida por muitos autores a partir da

década de 1950 no período conhecido como pós-guerra. O início da história acontece no oriente,

precisamente no Japão e se dissemina para o ocidente através de William Edwards Deming, J. M.

Juran, Armand V. Feigenbaum entre outros autores.

Segundo Mann (1992), a contribuição de Deming na disseminação dos conceitos de

qualidade teve origem bem antes da segunda guerra mundial. Em 1942, Deming inicia sua

participação na disseminação dos conceitos de qualidade ao participar de um projeto para

ministrar um curso sobre controle da qualidade a ser oferecido pela Stanfort para homens-chave

proveniente de indústrias que detinham contratos de guerra e de agência de aprovisionamento de

vários ramos da força armada.

O projeto da Stanfort fez tanto sucesso que no ano seguinte, cursos intensivos foram

oferecidos e coordenados pelo Departamento de Educação Americano o que disseminou o

conceito de controle de qualidade para cerca de mil pessoas de setecentos tipos de indústria, num

período de dois anos. O programa exerceu um efeito fortemente benéfico sobre a qualidade e o

volume da produção da guerra. Espetaculares reduções na quantidade de refugos e retrabalho

foram conseguidas. Em fevereiro de 1946, a experiência do tempo de guerra ajudou a lançar os

fundamentos para a criação da American Society for Quality Control (ASQC), organismo que em

1956 concedeu a Deming seu mais prestigioso prêmio, a Medalha Shewhart.

A contribuição de Shewhart para o movimento da qualidade está associada ao

desenvolvimento das Cartas de Controle de Processos para avaliar a variabilidade do processo

gerada por causas comuns e causas especiais. Outro aspecto relevante de Shwehart foi a

elaboração do Ciclo de Melhoria Contínua sendo mais tarde denominado no Japão, como Ciclo

de Deming, hoje conhecido com Ciclo de Melhoria ou Ciclo PDCA.

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A convite da Japan Union of Scientist and Engineers (JUSE) no início de 1950, Deming

encontra no Japão um ambiente fértil para disseminar suas idéias de qualidade. Posteriormente

estas idéias foram repassadas para os níveis superiores da classe empresarial do país. Segundo

relato de Deming (1990), suas idéias foram resumidas em 14 Pontos do Método Deming.

Nesta mesma década, em 1954, Juran também visitou o Japão proferindo palestras tratando

sobre aspectos gerenciais com foco na qualidade. Em Juran (1992) é destacada a contribuição do

autor com foco na gerência através da Trilogia de Juran, conhecida pela abordagem dos três

processos básicos de gerenciamento, que são: planejamento, controle e melhoria.

Kaoru Ishikawa também participou deste movimento de evolução do conceito de qualidade,

com destaque na indústria japonesa introduzindo o conceito de melhoria da qualidade por meio

de análises de causa-e-efeito para solucionar problemas encontrados no processo e no produto,

esta técnica se popularizou com o nome de Diagrama de Ishikawa também conhecido como

Espinha de Peixe, relatados em sua obra Controle da Qualidade Total: a maneira japonesa,

Ishikawa (1993). Além da técnica, Ishikawa é responsável pela importante criação de

instrumentos de auxílio ao monitoramento dos processos de controle da qualidade, conhecidos

como os círculos de controle da qualidade e as sete ferramentas básicas da qualidade.

Os conceitos de qualidade, até então, descritos evoluíram para programas de Controle da

Qualidade Total. Feigenbaum (1994) destaca que o TQC integra esforços de forma eficiente, para

o desenvolvimento, manutenção e aperfeiçoamento da qualidade de produtos e serviços que

atendam a necessidade dos clientes.

Para Crosby, o TQM é um sistema de gerenciamento estratégico e integrado para alcançar a

satisfação do cliente, envolvendo todos os trabalhadores e gerentes, utilizando métodos

quantitativos para aprimorar continuamente os processos organizacionais. Crosby instituiu o

“zero defeito” como meta para o programa de qualidade. Porém a grande contribuição foi a

quantificação da qualidade em termos financeiros, o que levou gerentes a repensarem que os

processos com padrões de qualidade seriam mais baratos do que não tê-las.

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Para alcançar os padrões de qualidade, Crosby descreve quatro princípios da qualidade:

− A definição da qualidade é a conformidade com os padrões;

− O sistema de qualidade é a prevenção;

− O padrão de desempenho é o zero defeito;

− A mensuração da qualidade é o preço da não qualidade.

Outros autores também contribuíram nesta fase da evolução dos conceitos da qualidade

como Philipe Crosby, Taguchi, Garvin, Shoji Shiba, John Oakland entre outros. Todos estes

autores criaram modelos gerenciais com foco na qualidade com aplicações em situações diversas.

Resumindo, Oakland (1994) define qualidade simplesmente como o “atendimento das

exigências do cliente” e isto têm sido expresso de muitas maneiras por vários autores:

− “adequação à finalidade ou uso” – Juran.

− “a totalidade dos aspectos e características de um produto ou serviço, importante para

que ela possa satisfazer às necessidades exigidas ou implícitas” – BS 4778, 1987 (ISO

8402, 1986) – Vocabulário da Qualidade: Parte I – Termos internacionais.

− “a qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuário, presentes e futuras” –

Deming.

− “o total das características de um produto e de um serviço referentes a marketing,

engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso,

atenderá as expectativas do cliente” – Feigenbaum.

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− “conformidade com as exigências” - Crosby

Para Choi e Eboch (1998), em geral, na literatura, o TQM é descrito como um conjunto de

sistema interligado de práticas de qualidade associada com o desempenho organizacional e

satisfação do cliente.

John Oakland em seu livro Gerenciamento da Qualidade Total apresenta o TQM com

abordagem voltada para a relação cliente-fornecedor com visão no processo de transformação

desde as entradas até as saídas, avaliando a qualidade do produto gerado.

Segundo Lakhe e Mohanty, apud Calarge e Lima (2001) outros três modelos esquemáticos

do TQM são encontrados na literatura, que são:

− Modelo tridimensional proposto por Price e Gaskill que atribui três dimensões

qualidade: dimensão do produto e serviço, dimensão de pessoas e dimensão do processo.

Este modelo aborda basicamente o grau de satisfação do cliente com relação a produtos

e/ou serviços, grau de satisfação existente entre pessoas envolvidas na relação cliente-

fornecedor e o grau de satisfação do cliente com os processos internos do fornecedor.

− Modelo integrado proposto por Sohal, Tay e Wirth, o qual aborda que a melhoria

contínua em qualidade advém de uma abordagem integrada de controlar a qualidade via

planos de ações táticas em diferentes operações durante o ciclo de negócio, definindo

cinco principais elementos: foco no cliente, comprometimento da gerência, participação

total, controle estatístico da qualidade e foco na solução sistemática de problemas.

− Modelo de “blocos de construção” proposto por Zaire, o qual estabelece que o TQM

depende de fases construtivas que determinam a rigidez e segurança da organização.

Assim, estabelece-se como fases construtivas a fundação, pilares e topo, sendo que cada

fase são definidas ações e elementos necessários para sua construção.

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Diante desta revisão, um modelo se destaca pela sistematização de sua implementação ser

mais abrangente e ter o foco na cultura organizacional como fator de mudança e inovação. Este

modelo é abordado no item a seguir.

2.2.1 Modelo de Oaklahand

Segundo Hall (2001), o termo "Garantia da Qualidade" agora foi substituído por "Gestão da

Qualidade" e o problema de conceito foi direcionado para o setor de engenharia e setor industrial.

A evolução do conceito de qualidade, passando para controle da qualidade total, tem implicações

mais abrangentes na cadeia de melhoria. Portanto, esta cadeia precisa ser gerenciada, uma vez que

ela não acontece sozinha, é preciso envolver as pessoas que atuam no processo e aplicar os

conceitos em toda a organização por meio de um sistema de gestão da qualidade.

Portanto, o modelo de Gestão da Qualidade Total apresentado por Oakland (1994) destaca

que todas as empresas que competem na base da qualidade precisam atualizar periodicamente

seus produtos, processos e serviços.

Neste contexto, então, as empresas que desejam trabalhar com o modelo TQM, devem criar

estratégias com planejamento sistematizado e desenvolver planos da qualidade para solucionar

problemas gerenciais e inovar com sistemas de gestão consistente que reflita nos resultados

gerados pelos processos internos. Entretanto, o modelo de Oakland facilita enxergar, através da

descrição gráfica, o fluxo do processo, melhora o conhecimento do mesmo e ajuda a desenvolver

equipes de melhoria.

Entende-se então, que o modelo de Oakland por exigir uma visão sistemática do processo, é

muito mais amplo do que simplesmente garantir a qualidade é um novo estilo de gerenciar os

processos para garantir a satisfação do cliente, seja este interno ou externo.

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Para garantia da implementação do TQM com base no modelo de Oakland, o autor propõe

dez pontos a serem adotados pelas gerências nas organizações.

1. A organização precisa de comprometimento de longo prazo para melhoria contínua;

2. Adotar a filosofia do zero defeitos/erros e mudar a cultura para fazer certo na primeira

vez;

3. Treinar o pessoal para compreender o relacionamento cliente/fornecedor;

4. Não comprar produtos ou serviços levando-se em conta unicamente o preço – analisar

o custo total;

5. Reconhecer que o melhoramento dos sistemas precisa ser administrado;

6. Adotar métodos modernos de supervisão e treinamento – eliminar o medo;

7. Eliminar as barreiras entre departamentos pelo controle do processo – melhorar as

comunicações e o trabalho em grupo;

8. Eliminar o seguinte: metas arbitrárias sem método, todos os padrões apenas baseados

em números, as barreiras ao orgulho pelo trabalho profissional e Ficção – obter fatos

usando as ferramentas corretas;

9. Instruir e retreinar constantemente – desenvolver especialistas na empresa;

10. Desenvolver uma abordagem sistemática para gerenciar a implementação do TQM.

Para uma boa implementação do Gerenciamento da Qualidade Total utilizando o modelo de

Oakland, ele não deve ser visto como uma abordagem pouco objetiva de administrar uma

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organização, ele exige uma estratégia planejada e totalmente integrada, derivada da missão da

empresa, por meio da mudança de cultura, da comunicação em duas vias, e da demonstração de

comprometimento com o projeto de melhoria.

O modelo apresentado na Figura 2.3 fornece uma visão multidimensional do TQM e com

ele podem ser comparadas ou a situação particular de uma empresa ou uma abordagem particular

para implementação do TQM, visando a identificação de suas deficiências.

Figura 2.3 - Modelo de Gerenciamento da Qualidade Total de Oakland

A gestão do processo de melhoria requer que os sistemas sejam baseados em uma boa

norma internacional, que as ferramentas possam responder a necessidade de análise, correlações e

predições de ações a serem trabalhadas para a melhoria contínua e por fim os grupos formados

por pessoas comprometidas com a implementação do TQM.

A integração do modelo TQM de Oakland pode facilitar o processo de mudança da cultura

organizacional. Para tanto os gerentes podem começar pelo alinhamento dos processos por uma

série de sete passos descritos por Oakland (1994), que apesar de distintos são clara e parcialmente

sobrepostos. Os passos são:

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Passo 1. Ganhar comprometimento com a mudança através da organização do grupo

da alta gerência.

O alinhamento dos processos exige que o ponto de partida seja uma ampla análise d

organização e das mudanças de que necessita o grupo da alta administração.

Passo 2. Desenvolver uma “missão” ou visão participada da empresa ou das mudanças

necessárias.

Quando a lata administração estiver comprometida com a análise das mudanças necessárias,

ela pode preparar uma declaração de missão que ajudará a definir o novo alinhamento de

processos, papéis e responsabilidades.

Passo 3. Definir os objetivos mensuráveis, que devem ser aceitos pelo grupo como

sendo os indicadores quantificáveis de sucesso relativo missão.

A missão provê a visão e a luz que orienta, estabelece valores essenciais, porém precisa do

reforço de objetivos mensuráveis ligados a ela, de modo firme e incontestável.

Passo 4. Desdobrar a missão em seus fatores críticos de sucesso para forçá-la a tornar-

se realidade.

O desenvolvimento da missão não é suficiente para assegurar sua implementação. Esse é o

gap perigoso em que muitas organizações cem,porque não fomentam as habilidades necessárias

para interpretar a missão através dos fatores críticos de sucesso no âmbito de seus processos

críticos.

Passo 5. Desdobrar os fatores críticos de sucesso em processos-chave ou críticos e

ganhar domínio sobre estes.

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Este é o ponto em que o grupo da alta gerência tem de institucionalizar a missão ou as

mudanças na forma de processos que continuarão nos seus lugares, depois que as mudanças

forem efetuadas.

Passo 6. Dividir os processos críticos em subprocessos, atividades e tarefas e formar

grupos de melhoria em torno deles.

Uma vez que a organização tenha definido e planejado os processos críticos, o pessoal

precisa desenvolver habilidades para compreender como a estrutura dos novos processos será

analisada e posta em funcionamento.

Ponto 7. Monitorar e ajustar o alinhamento dos processos em resposta a dificuldade

no processo de mudança.

A mudança deve criar algo que não existia antes, ou seja, uma “organização aprendiz”

capaz de se adaptar a um ambiente competitivo em mutação. Deve-se também aprender como

monitorar e modificar o novo comportamento para manter o ambiente sensível à mudança.

Neste sentido, Oakland (1994) ressalta que a liderança eficaz começa com a visão da Alta

Direção e se desenvolve em uma estratégia para implementação. Para tanto, a Alta Direção

precisa desenvolver os seguintes tópicos para conseguir a liderança eficaz: crenças e objetivos

claros na forma de uma declaração de missão; estratégias efetivas e claras com planos de apoio;

fatores críticos de sucesso e processos críticos; estrutura adequada de gerência; participação do

empregado mediante delegação de autoridade e de ciclo de melhoria.

2.2.2 Visão gerencial do modelo de TQM

O gerenciamento da qualidade total, segundo Antunes e Trevizan (2000) permite que as

empresas acompanhem as mudanças e até mesmo se antecipem a elas, pois enfatiza a melhoria

contínua de produtos e serviços, pela utilização do método científico e monitorização de dados

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que embasam a tomada de decisão. Esta é uma abordagem gerencial do TQM que precisa ser

aprendida pelos gestores de todo projeto de melhoria.

Diversos métodos e estratégias são encontrados na literatura, buscando melhorar os fatores

que podem determinar o processo de inovação e mudança que gerem competitividade para as

organizações.

Neste contexto, cabe a gerência estimular os colaboradores a desenvolverem indicadores de

desempenho que possam auxiliar no controle dos processos. Porém, Freitas (2005) destaca que o

uso de indicadores tem como objetivo principal à verificação da qualidade na execução das

atividades e dos processos na produção de produtos e serviços, ou seja, avaliar se realmente

existem melhorias significativas em relação aos padrões de referências. Portanto, os gerentes

devem entender e elaborar indicadores que sejam compreensíveis e factíveis por todo os

colaboradores.

Para utilização eficiente dos indicadores deve-se conhecer o real significado de cada

indicador e como utilizá-los corretamente, Freitas (2005). Neste sentido, o autor ressalta, que

quando se considera rapidez ao atendimento como indicador, deve-se observar que a rapidez está

associada com o tempo que leva para o pedido ser feito e o tempo para que este seja concretizado.

Entretanto, a rapidez por si só não significa qualidade, esta deverá estar relacionado com a

eficácia do serviço.

Esta visão gerencial deve ser perseguida por todo gerente que quiser implementar inovação

gerencial em sua área de atuação. Portanto, a chave do sucesso desta abordagem de gestão está na

medição baseada em fatos, este é um dos princípios descrito no modelo de Oakland.

Porém, Sashkin e Kiser (1994) destacam que a TQM não depende dos consultores nem de

técnicas gerenciais, mas de assumir o compromisso mais forte possível com a melhoria contínua.

E isto se realiza através de três aspectos fundamentais: estatística, clientes e cultura. Onde os

clientes significam “o por quê”, a cultura “o como” e acrescenta-se a estatística como “o fato”,

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acrescentado pelo pesquisador. Os autores enfatizam que a cultura sustenta o objetivo da

qualidade para o cliente e estimula o compromisso de todos os membros da organização com este

fim.

O uso do TQM para busca de melhoria contínua requer uma mudança cultural das pessoas,

é necessário que elas entendam as causas dos problemas encontrados em suas áreas de atuação,

compreendam a variação quando esta foge de controle. Com o aprendizado do uso das

ferramentas adequadas do TQM, as pessoas são capazes de controlar a variabilidade do processo.

Segundo Choi e Eboch (1998), existem quatro áreas de práticas de gestão dentro do sistema

do TQM para avaliar: gerenciamento da qualidade do processo, gestão de recursos humanos,

planejamento estratégico da qualidade, informações e análises.

Resumindo, entende-se que o Gerenciamento da Qualidade Total estimula a empresa a

mudar plenamente a cultura das pessoas dentro da organização bem como o modo de gerenciar os

processos internos, por meio de comprometimento, delegação de poderes e participação efetiva.

Porém, Hendricks e Singhal (2000) ressaltam que empresas que quiserem implementar o TQM

efetivamente devem ter paciência. É perfeitamente aceito que o TQM leva um longo tempo para

ser implementado, pois ele exige grandes mudanças organizacionais na cultura e no

comportamento dos empregados. Conseqüentemente, os benefícios serão percebidos no final das

contas. Os autores concluem, “mantenha em mente que o TQM é uma filosofia para desenvolver

um sistema de gestão”.

Como, citado acima, por vários autores, conclui-se que o TQM é mais do que uma técnica,

ele é uma filosofia que requer disciplina e mudança comportamental, pois são as pessoas que

trabalham a mudança nas organizações.

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2.3 Gestão de Pessoas

2.3.1. Histórico evolutivo de Gestão de Pessoas

Vários acontecimentos históricos ocorreram ao longo do desenvolvimento industrial

no mundo e determinaram novas perspectivas para os processos administrativos. O movimento da

administração científica tem sua origem com as experiências de Frederick W. Taylor (1856 –

1915) – Teoria de Tempos e Movimentos, nos Estados Unidos e de Henri Fayol (1841 – 1925) –

Teoria da Linha de Produção, na França e Elton Mayo (1890 – 1949) – Escola Comportamental.

Outro que contribuiu para o desenvolvimento das teorias da administração foi Henry Ford (1863

– 1947). Todos trabalhavam para propor fundamentação científica às atividades administrativas,

substituindo a improvisação e o empirismo.

O movimento da administração científica difundiu-se amplamente e tornou-se uma das

principais bases da organização industrial nas primeiras décadas do século XX, (Gil, 2001;

Varella et. Al., 1998; Rocha et. Al., 1998). Neste período, foram determinadas as funções da

Administração de Recursos Humanos.

Segundo Gil (2001) o movimento de valorização das relações humanas no trabalho surgiu

da constatação da necessidade de considerar a relevância dos fatores psicológicos e sociais na

produtividade. A base desse movimento iniciou com Elton Mayo (1890 – 1949).

A importância das relações humanas passou a ser mais reconhecida no âmbito das

organizações de maior porte e complexidade. Nelas as relações tendiam a ser cada vez mais

impessoais e ficava claro que essa situação conduzia a conseqüências bastante desfavoráveis no

campo da administração de pessoal.

Diante da evolução da indústria os conceitos de administração de pessoal sofre grandes

mudanças a partir da segunda guerra mundial. Cronologicamente, segundo Gil (2001), esta

evolução se deu ao longo do século XX, resumida a abaixo:

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− Durante a II Guerra Mundial – introdução da Administração da Produção e Psicologia

Comportamental.

− Década de 50 – descentralização na administração empresarial com introdução da

gerência profissional e da gerência por objetivos.

− Década de 60 – surge os conceitos de inovação, centros de lucros, orçamentos em

função da tecnologia da computação. No final da década foram introduzidos os

conceitos de unidade estratégica de negócio, de planejamento estratégico e de unidade

centralizada de planejamento.

− Anos 70 e 80 – introdução dos conceitos de cenários alternativos e administração

estratégica. Exigência de mudanças organizacionais mais rápidas e ousadas.

− Anos 90 – aceleração das mudanças e globalização, exigiu novos e significativos

ajustes nos processos de gestão das empresas. Forte investimento no quadro funcional

das empresas, gerentes com visão de futuro, criativos e capazes de aproveitar as

mudanças e delas extrair novas oportunidades.

Ao longo deste tempo várias denominações foram atribuídas ao setor responsável pela

gestão das pessoas que desempenham as atividades no processo de produção e administrativo.

Durante este período esta área evoluiu de Administração de Pessoal, Relações Industriais e

Administração de Recursos Humanos. No final do século XX, estas expressões passam são

denominadas de Gestão de Pessoas.

A gestão de pessoas, segundo Gil (2001) é uma tendência que se manifesta mais no meio

acadêmico que propriamente nas empresas, visto que a expressão mais evidente de sua existência

tem sido dada pelas revisões das obras relativas à gestão de recursos humanos e aos cursos que

vêm sendo oferecidos por instituições especializadas. Para o autor Gestão de Pessoas vem

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ganhando adeptos, já que muitas empresas anunciam a disposição para tratar seus empregados

realmente como parceiros, incentivando sua participação nas decisões e utilizando ao máximo o

talento das pessoas para obtenção da sinergia necessária para seu desenvolvimento.

Roso (2004) enfatiza que a Gestão de Pessoas é o novo paradigma da modernidade

administrativa. Destaca que o Gestor de Pessoas é todo e qualquer líder que conduz uma equipe

de trabalho. Destaca ainda que as lideranças em uma instituição são continuação dos braços da

área de Recursos Humanos.

Portanto, cabe ao gestor de pessoas delegar atribuições da área de RH para o domínio da

liderança que atua nos departamento, setores, células, e etc. para que possam desempenhar as

funções de líder e coordenar todo processo de mudança necessária para atingir os objetivos

organizacionais.

Contudo, as empresas modernas que desejam trabalhar com Gestão de Pessoas precisam

estar preparadas às mudanças na cultura organizacional necessárias para desenvolver líderes com

visão de futuro.

Neste sentido, Barbosa e Sacomano definem a cultura organizacional como o conjunto de

padrões de comportamento, crenças e outros valores espirituais que caracterizam a empresa. Este

aspecto cultural é vital para a perpetuação deste sistema de gestão que tem por característica o

espírito participativo e o respeito às pessoas.

Com a necessidade de mudança de comportamento é necessário que as pessoas que atuam

no processo de produção que estão habituadas com os padrões gerenciais burocráticos e formais

com métodos e rotinas, precisam trabalhar a mudança pessoal de comportamento, assim como a

maneira de atuar e agir, tendo que refletir sobre os seus atos e ações profissionais gerando

flexibilidade aos processos administrativos.

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Para Struckman e Yammarino (2003), A liderança é o uso da influência como um meio de

modificar o comportamento dos membro de equipe. O comportamento da liderança estabelece a

direção, alinha as pessoas, motiva e inspira os membros das equipes.

2.3.2 Conceituação de Gestão de Pessoas

A definição de Gestão de Pessoas, segundo Gil (2001), é a função gerencial que visa à

cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto

organizacionais quanto pessoais.

Outros sistemas de gestão direcionam as organizações para uma abordagem de Gestão de

Pessoas como desenvolvimento de Recursos Humanos (Staples e Gildersleeve, 2002). Os autores

destacam como exemplo o Sistema de Qualidade baseado na ISO9000-2001 nas seções 6.2.1 e

6.2.2. A primeira declara que o “pessoal que executa atividades que afetam a qualidade do

produto deve ser competente, com base em educação, treinamento, habilidade e experiência

apropriada”. A segunda reforça a necessidade da “competência, conscientização e treinamento”.

O Modelo Tridimensional proposto por Price e Gaskill, citado acima, aborda o grau de

satisfação existente entre pessoas envolvidas na relação cliente-fornecedor. Isto mostra o espírito

de cooperação existente entre as pessoas que geram os resultados desejados pela organização. Ou

seja, a abordagem desse modelo está focada no Sistema de Gestão de Pessoas.

Na base do modelo da Toyota (Toyota Way), percebe-se na Gestão dos Recursos Humanos

uma discreta influência da filosofia do Sistema de Gestão de Pessoas. Esta influência é percebida

em um dos pilares do Modelo Toyota que é o respeito às pessoas, que tem como fundamento o

respeito ao próximo, aos acionistas e aos funcionários e ao trabalho em equipe. A mudança no

Toyotaman ocorre pelo incentivo à comunicação e a criação da confiança e responsabilidade

mútua entre empresa e seus funcionários, com o objetivo de promover o seu desenvolvimento,

Brito ( ).

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Spear e Bowen (1999) demonstram também a visão da Gestão de Pessoas ao descreverem

as quatro regra do Sistema Toyota de Produção, onde a participação dos funcionários é exigida

para desenvolvimento das competências internas.

Considerando a definição de Gestão de Pessoas descritas acima, observa-se que a mudança

na forma de gerenciar ou liderar as equipes requer dos gerentes uma inovação na estrutura

organizacional, departamental ou setorial. E esta mudança é conduzida pela nova forma de

enxergar o pessoal que desempenha as funções primordiais da organização, e isto exige inovação

na estrutura, no estilo gerencial e no gerenciamento dos processos.

A capacidade de inovar é uma das mais importantes características de organizações

competitivas. Segundo Canongia et. al. (2004), o significado de competitividade engloba não

somente a excelência de desempenho ou eficiência técnica. Ela compreende a capacidade de

desenvolver processos sistemáticos de busca por novas oportunidades e superação de obstáculos

via aplicação do conhecimento. Neste sentido os autores enfatizam que a gestão da inovação

busca reunir os mecanismo e instrumentos que possam garantir a capacidade de inovar nas

organizações.

A primeira mudança necessária e capaz de exercer inovação na forma de gerenciar esta

nova visão da organização é a mudança do estilo gerencial. E o papel do líder é fundamental para

motivar, comprometer e envolver os colaboradores no processo de inovação desejada.

Diniz (2003) descreve que enquanto a gerência é uma ciência na qual existem atitudes

certas e incorretas, a liderança é uma arte que vem de dentro. As pessoas vão ser líderes pelo que

são e não pelo que fazem. Segundo o autor ambos são necessários, mas os líderes são essenciais.

Acrescenta ainda que os líderes apresentam três pontos bem definidos que o diferem dos gerentes,

que são: missão de vida, valores e visão de futuro.

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2.3.3 O papel do líder no processo de mudança

O papel da liderança passa a ser atribuição do profissional de Gestão de Pessoas, portanto,

este novo profissional deve enxergar a organização de forma sistêmica e holística sob o ponto de

vista estratégico, uma que ele deve estar preparado para enfrentar os desafios da globalização, de

novas tecnologias e da gestão do conhecimento ou capital intelectual da organização.

Segundo Epstein (2004), este compromisso para o sucesso da mudança pode ser

demonstrado através da estrutura, da liderança e da composição da equipe de trabalho. A equipe

deve ser discreta, ter funções de tempo integral com recursos amplos e forte liderança. Deve

seguir uma abordagem de administração de projetos, onde as equipes de projeto de trabalho são

separadas por centros de negócio.

Quanto a estrutura apresentada pela organização, Gavin e Mason (2004) destacam que

muitas organizações tem ignorado uma lição fundamental. Quando uma central de trabalho

(célula) é projetada e gerenciada para criar prazer para seus colaboradores, eles tendem a ser mais

saudáveis e felizes. Trabalhadores saudáveis e felizes tendem a ser mais produtivos a longo

tempo, produzem melhores bens e cumprem mais serviços para seus clientes e para os outros com

quem eles interagem e fazem negócio. Estes três aspectos - saúde, felicidade e produtividade - são

os fatores essenciais para um bom ambiente social, e para a melhoria da produtividade, vale

ressaltar que eles sozinhos não são suficientes o bastante.

É necessário desenvolver os líderes que irão gerenciar estas centrais de trabalho ou células.

Daí a necessidade de treinamento e capacitação para desenvolvimento das lideranças exigidas

pelo novo modelo de gestão.

Neste sentido, Aldag e Joseph (2002) ressalta que o líder se faz pela experiência, pela ajuda

de orientadores e pelas oportunidades. Destacam ainda que liderança significa conduzir por um

caminho, colocando-se à frente. Portanto, os papéis a serem desempenhado pelos líderes

começam com as seguintes práticas de liderança: 1) procurem oportunidades desafiadoras para

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mudar, crescer, inovar e melhorar; 2) experimentem, arrisquem-se e aprendam a partir dos erros

cometidos.

Com estas lições aprendidas o fator principal para a liderança é definir que estilo gerencial

adotar para conduzir as equipes de trabalho. Segundo estudos desenvolvidos nos Estados Unidos

existem sete perfis de líder mostrado na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 - Estilo de liderança

PERFIL DO LÍDER CARACTERÍSTICA PONTO FORTE PONTO FRACO

EXPERT

Exerce o controle por meio de seu conhecimento e é extremamente racional

É perfeccionista, seguro e tem grande capacidade de aprendizado

Dificilmente ouve os subordinados

REALIZADOR Focado na estratégia da empresa e nas demandas do mercado

É obcecado por cumpri metas; sabe reconhecer o desempenho dos subordinados

Seu pragmatismo pode inibir a criatividade da equipe

DIPLOMATA Evita choques com chefes e subordinados. É colaborador e segue os protocolos da empresa

Mantém a equipe coesa e é um ótimo mediador de conflitos

É lento na tomada de decisão se ela pode gerar insatisfação dos colegas

INDIVIDUALISTA É o alpinista corporativo. Só pensa em promoção

Tem uma percepção diferenciada do negócio

Costuma capitalizar o esforço coletivo a seu favor

OPORTUNISTA Quer levar a melhor em tudo, é centralizador, egocêntrico e manipulador

É bom para apagar “incêndios” Vê os colegas como concorrentes ou meros auxiliares

ESTRATEGISTA É eficiente em orientar a equipe num ambiente de mudança constante

Percepção aguçada para “enxergar” tendências e propor transformações

Resistente a críticas, não se dá bem com profissionais que pensam

ALQUIMISTA Tem uma facilidade tremenda para lidar e resolver vários problemas ao mesmo tempo

Sabe lidar com as prioridades imediatas sem perder de vista as de longo prazo

Pouca tolerância com aqueles que não conseguem acompanhar sua velocidade

Fonte: Exame: Você S/A – Yoshida, 2005 – nº 15

O resultado desta mudança de gestão delegada aos líderes tem impacto significativo para as

organizações. Uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral revela como as organizações

vêm trabalhando a formação de líderes e qual o impacto disso em seus resultados. O estudo foi

feito pelo Núcleo de Desenvolvimento de Liderança, sob a coordenação do professor Leo Bruno,

segundo Yoshida (2005). O resultado é apresentado na Tabela 2.3.

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Tabela 2.3 - Resultados do desenvolvimento de liderança nas empresas

QUAL O IMPACTO DOS PROGRAMAS DE

DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA NA EMPRESA?

Melhoria de produtividade 87%

Melhoria do clima interno 79%

Redução de custos 74%

Melhoria na rentabilidade 57%

Melhoria da imagem externa 56%

Maior geração de inovações 56%

Aumento de receita 50%

Outros 8%

Observa-se no estudo que o foco da gestão no desenvolvimento de liderança é altamente

satisfatório para a organização, considerando os três aspectos relevantes citados por Garvin e

Mason (2004) e que são percebidos neste novo cenário organizacional, que são: produtividade,

clima interno e custo, apresentando índices bastante elevados na pesquisa.

Recentemente, segundo Zaciewski (2001), os requisitos dos sistemas da qualidade

tornaram-se catalisadores, que direcionam as organizações à análise da eficácia do treinamento.

Como exemplo a ISO 9000-2000 estabelece em seu requisito 6, elemento 6.2.2: “Avalie a

eficácia das ações tomadas”. Da mesma forma a QS 9000 em seu elemento 4.18.1 destaca: ”A

eficácia do treinamento deve ser revisada”. Então a necessidade do desenvolvimento por meio do

treinamento dos colaboradores é um instrumento que os Gestores de Pessoas devem adotar para

desenvolver as competências nas empresas.

Outros instrumentos de Gestão de Pessoas devem ser utilizados pelas organizações que

desejam utilizar este modelo de gestão, que são descritos no item a seguir.

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2.3.4 Instrumentos gerenciais do Sistema de Gestão de Pessoas

Os Administradores de Recursos Humanos tem em sua atribuição, além das de seleção,

recrutamento e admissão de pessoas, a necessidade de treinamento interno por meio de cursos que

possam adequar os colaboradores nos seus cargos para melhorar o desempenho organizacional.

Porém, quando o enfoque gerencial é na Gestão de Pessoas, Gil (2001), destaca que o termo

treinamento passa a ser menos utilizado para designar um subsistema de Recursos Humanos. Para

o autor o que se precisa é de processos capazes de desenvolver competências nas pessoas, para

que se tornem mais produtivas e inovadoras para contribuir com a organização.

Como comenta Schneider et. al. (2003), que muitos pesquisadores enfatizam a importância

do treinamento e desenvolvimento no ambiente de serviço, destacam que o aprendizado contínuo

é uma das principais características da eficácia do serviço. Segundo os autores o treinamento é

particularmente importante para o serviço, uma vez que a presença e participação nos cursos,

fazem com que as formas tradicionais de controle de qualidade possam ser exercitadas. Com isso,

os colaboradores devem ser treinados para fazer as atividades corretas desde a primeira vez.

Através das oportunidades de aprendizado e desenvolvimento fornecido aos colaboradores,

eles passam a ter uma compreensão maior dos requisitos necessários para desenvolverem suas

atividades, avaliando: (1) a importância de qualidade nas atividades desenvolvidas, (2) quais as

habilidades necessárias para fazer parte de equipes de trabalho de qualidade superior e

coordenação como membro de equipes de trabalho em outros departamentos, (3) através do

conhecimento dos produtos de forma que as atividades possam ser realizadas com foco nos

clientes, e (4) uma compreensão melhor das metas e objetivos organizacionais.

Neste sentido os líderes precisam desenvolver mecanismos que gerem as competências

necessárias para o novo perfil do trabalhador. Para tanto, apenas gerar o conhecimento e as

habilidades não são suficientes, é preciso dispor de condições que levem este profissional a

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quebrar paradigmas internos modificando os vícios funcionais e desenvolvendo nova atitude para

tomada de ação.

Outro instrumento a disposição da Gestão de Pessoas é o trabalho em equipe que precisa ser

exercitado pelas empresas que buscam atingir seus objetivos em médio prazo. Quarterman Lee

(2004) destaca que os problemas em organização são freqüentemente complexos e difíceis. As

causas dos problemas são escondidas. As soluções são enganosas e freqüentemente ineficazes.

Ações das equipes de trabalho treinadas e amadurecidas tratam estes tipos de problemas melhores

que apenas um indivíduo. Pelo treinamento e experiência, eles encontram as causas da raiz do

problema. Segundo o autor, a diversidade traz inteligências lógicas, emocionais, e intuitivas para

discutir um assunto. As soluções são freqüentemente simples, elegante, e altamente efetiva. As

equipes de trabalho competentes tomam decisões melhores para as mesmas razões.

O desafio da liderança, com foco na Gestão de Pessoas, está em alinhar o tripé

produtividade, clima interno e custo. Onde o clima interno é o mais difícil entre eles, pois requer

dos líderes conhecimento de psicologia comportamental uma vez que envolve pessoas. Para isso,

Quick e Quick (2004), destacam dois princípios que auxiliam os líderes neste desafio, que são:

Princípio 1: O bem estar individual e organizacional são interdependentes.

Princípio 2: Os líderes tem a responsabilidade sobre o bem estar individual e

organizacional.

Estes dois princípios devem ser amplamente aplicáveis para proporcionar bem estar nas

organizações. Segundo os autores, as pessoas quando sofrem de algum mal interno, podem

comprometer o bem estar do ambiente, os custos operacionais e prejudicando assim a

produtividade organizacional.

Quarterman Lee (2000) ressalta que o poder e efetividade das equipes de trabalho podem

ser uma vantagem estratégica para as empresas. Contudo, elas não são, vistas dessa maneira, para

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os líderes, que se apresentam impacientes, arrogantes, com pouca disposição para investir em

tempo, atenção, e treinamento da equipe.

É importante que os líderes conheçam a formação das equipes de trabalho de acordo com a

solução que querem encontrar. Na literatura encontram-se três tipos de equipes de trabalho:

equipes para solução de problemas – reúne membros de diversos setores da organização, o

objetivo é tratar de um problema particular; equipes de trabalho – gerenciam e coordenam os

trabalhos diários, são trabalhados com membros de um mesmo setor; e equipes de projetos – são

especialistas que pensam juntos para soluções-problemas para as equipes, se desfazendo na

conclusão da tarefa.

Existem várias outras configurações de equipes de trabalho. McCarty et. al. (2005), destaca

três modelos de equipes de trabalho com denominações próprias do processo de produção.

Equipes de Kaizen, equipes Lean ou de Processo de Melhoria, e equipes de Seis Sigma. Todos

três modelo de times de trabalho enfocam a melhoria do desempenho e do processo. Cada uma

traz uma perspectiva diferente para a melhoria dos processos organizacionais.

As equipes de Kaizen tendem a tratar os processos físicos, que emprestam a eles mesmos

ferramentas analíticas para uso de visual. Ou seja, se a equipe pode observar o que está sendo

feito e encontrar ao longo do fluxo do processo de melhoria isto é uma boa abordagem para a

equipe.

As equipes de melhoria do processo ou equipe lean tendem a enfocar os projetos

funcionais, com requisitos que não estão claramente entendidos ou consensado entre os diferentes

membros (departamentos), ou pelas pessoas que trabalham diretamente no processo. Estas

equipes têm um enfoque horizontal através do processo para entender os requisitos e eliminar os

desperdícios.

Já as equipes de Seis Sigma têm uma abordagem vertical para análise de processo e vão

bem no fundo da “causa-raiz” do processo onde o problema não é facilmente entendido. Estas

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equipes são mais analíticas que as equipes lean. Usam ferramentas sofisticadas para descobrir a

“causa-raiz” dos problemas, eliminam as variações e estabilizam os processos, e algumas vezes

chegam a projetar um novo processo. A Figura 2.4 apresenta as características dos tipos de

equipes de melhoria que podem ajudar os Gestores de Pessoas ou líderes a melhorar o

desempenho organizacional, utilizando o tipo que melhor se enquadre às suas necessidades.

Figura 2.4 – Características dos tipos de equipes de melhoria contínua

Existem vários instrumentos que auxiliam os Gestores de Pessoas a desenvolverem

colaboradores capazes de se comprometer com os resultados organizacionais. Struckman e

Yammarino (2003) ressaltam que um instrumento importante para auxiliar os gestores é o uso do

estilo de tomada de decisão dentro da organização. Os pesquisadores apontam para três estilos de

tomada de decisão - autocráticos, consultivos, e delegadas.

Um gestor pode usar o estilo autocrático quando quer tomar uma decisão sem perguntar às

opiniões ou sugestões de outros. Por outro lado o estilo consultivo proporciona ao gestor

perguntar a outras pessoas quais as suas opiniões e idéias, sem considerá-las, tomando a decisão

sozinho. No estilo delegação, os gestores concedem aos colaboradores de níveis mais baixos de

autoridade a tomada de decisão. Algumas vezes, a delegação é usada para aliviar carga de

trabalho dos gestores, também a delegação desenvolve habilidades adicionais do empregado.

Um outro instrumento que pode ser utilizado pelos Gestores de Pessoas apresentado por

Macllaster (2004) é o chamado 5P’s da mudança: Pain, Process, Politics, Payoff e Persistence.

O enfoque de aplicação deste instrumento gerencial consiste em trabalha-los de forma integrada

para ajudar as organizações e seus membros a aceitar e lidar com as mudanças.Os 5P’s podem

trabalhar independentemente, mas as mudanças são mais efetivas quando são trabalhadas juntas.

Análise profunda Estabiliza e Elimina variações

Fisicamente observável

Fluxo horizontal através do processo Alinhamento em direção aos requisitos

Simples/ Visual Complexo/Difícil de ver

Equipes de Kaizen Equipes Lean Equipes Seis Sigma

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O primeiro P (Pain) é fundamental para a condução das mudanças. Muitas pessoas e

organizações mudam apenas quando se defrontam com a crise que os levam a mudar de opinião.

O tipo de crise dita a necessidade de mudança e o impacto precisa ser entendido e capitalizados

Agarre a crise quando ela existir porque quando ela for embora, é o momento de motivação e

sinergia para que as pessoas mudem com elas.

O segundo P (Process) é a essência de como um ambiente pode sofrer mudança. O processo

usado hoje por muitas organizações para fixar e conduzir sua mudança tem como base as

melhores práticas (best practice). O processo que deve ser usado para determinar e implementar

as várias mudanças na organização, para os problemas e para as oportunidades que enfrentam.

Quatro condições são necessárias para gerar um impacto nas mudanças:

− os colaboradores devem ver a razão para mudar e concordar com elas;

− as estruturas organizacionais devem sustentar as mudanças;

− os colaboradores devem ter a habilidade suficiente para implementar as mudanças; e

− eles devem enxergar em volta deles as posições que modelam e sustentam realmente as

mudanças.

A política (Politics) pode influenciar e ter um impacto importante na mudança. O agente de

mudança é o fator eficaz da política em qualquer atividade de mudança. Uma das primeiras áreas

que deve ser avaliada no processo de mudança é base do poder, buscando conhecer onde eles

estão, e quais são seus objetivos. O modelo do conceito de poder político enfoca que quanto mais

se sabe sobre a base do poder, mais se conhece os amigos e inimigos facilitando o alinhamento da

mudança através da influência sobre eles.

O quarto P (Payoff). Muito freqüentemente, gerentes e executivos tem desenvolvido

projetos de mudança organizacional e nunca pensam sobre as recompensas para as pessoas que

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trabalham para que as mudanças ocorram e nos relacionamento existente neste processo. Para

tanto, os gestores precisam obter resposta para as seguintes questões levantadas pelos

colaboradores:

1. o que os relacionamentos podem significar para os colaboradores?

2. como as relações com alta administração seriam fortalecidas e o que poderia significar?

3. como o processo de captar novas pessoas ajuda a crescer emocionalmente,

psicologicamente, socialmente? e

4. como as novas relações seriam da mesma maneira, boas, velhas ou talvez muito

melhores por causa da mudança?

O P de (Pride) diz respeito ao prazer e orgulho de pertencer a organização. As pessoas têm

uma dimensão extraordinária quando o orgulho e o respeito são importantes em sua organização,

e tais considerações, são parte importante da cultura organizacional. Para o prazer ser completo

assim como nas recompensas, a alta administração deve construir a história da empresa, as

tradições, cultura, reconhecimento de marca ou mercado que atua, e as percepções públicas para

aumentar a motivação dos empregados e ajudar a conduzir as mudanças organizacionais.

O último P (Persistence). O conceito de persistência é semelhante ao provérbio de velho

marketing – diga a eles o que você vai dizer a eles, e então eles dirão o que você disse a eles. A

persistência é crítica porque organizações são inerentemente resistentes às mudanças. O sucesso é

construído como um impulso através de esforços persistentes para superar resistência.

A persistência inicia no topo da organização. Nenhuma mudança estratégica acontecerá se

ela não estiver sendo constantemente reforçada e monitorada pelas pessoas do topo, e então

conduzida ao longo da cadeia de comando da administração.

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Concluindo, a mudança leva tempo e reforço constante das equipes de administradores.

Eles têm que estar focados na nova cultura e no modo que a organização fará negócio no futuro -

eles são os modelos para a organização.

Como pode ser visto, vários instrumentos gerenciais estão à mão dos Gestores de Pessoas,

cabe a eles encontrarem a forma mais adequada de desenvolver as competências necessárias para

que os colaboradores possam desempenhar estas novas funções gerenciais na empresa.

2.4 Gestão da Informação

Um fator importante no processo de melhoria é a Informação. Ela é o canal que conduz o

fluxo de processo e ajuda os gestores tomarem suas decisões. Por outro lado, o fluxo de

informação necessita de ferramenta adequada para sua condução, e Tecnologia da Informação

ajuda no acesso a essas informações, geradas na empresa, e processa a análise fornecendo melhor

condição para as tomadas de decisão.

Neste item, será tratadas a necessidade e importância da informação para o processo de

mudança gerencial das empresas, bem como classifica-la quando ao uso. Para tanto, é

indispensável para os gestores o conhecimento e entendimento conceitual das ferramentas

utilizadas para gerar as informações.

2.5.1 O que é Gestão da Informação

Segundo Spinola e Pessôa (1998) a informação é um elemento integrador e alimentador das

diversas atividades, desde os níveis mais altos de decisão até as tarefas cotidianas e repetitivas.

Porém várias definições podem ser encontradas na literatura. Todas têm pontos em comum,

tais como: permite a tomada de decisão, preserva as relações coorporativas, é uma agregadora de

valor, etc. (Chopra e Meindl, 2004, Spinola e Pessôa, 1998, Furtado, 1998, Jones e Womack,

2004).

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Portanto, entende-se que a informação pode ser vista como um instrumento organizacional,

que precisa ser gerenciado, para conduzir as mudanças internas necessárias para um fluxo de

informação enxuto, por meio da geração de dados com valor agregado, integrando os setores ou

departamentos de forma cooperativa para a tomada de decisão eficaz.

No contexto de processo de melhoria, existem normalmente dois objetivos para a obtenção

das informações geradas pelos colaboradores. O primeiro, serve para construir o conhecimento

através daqueles que detêm as informações. Segundo, para obter um efeito desejado na relação

entre aqueles que obtém e aqueles fornecem as informações. Este efeito deve ser estendido

freqüentemente para as equipes que são representadas pelos indivíduos fazem parte na troca de

informações. Os dois objetivos quando planejados, pelos gestores, devem considerar os

colaboradores como agentes de geração das informações e facilitadores na tomadas de decisão..

Para Chopra e Meindl (2004), a informação deve ter as seguintes características para que

possa ser útil nas tomadas de decisão:

− As informações devem ser precisas: sem informações verdadeiras, torna-se muito difícil

tomar as decisões. Isso não significa que 100% das informações sejam corretas, mas que

os dados disponíveis devem criar uma imagem da realidade que esteja no mínimo

inclinada à precisão;

− As informações devem estar acessíveis no tempo certo: muitas vezes existem

informações precisas, mas no momento em que se tornam acessíveis já estão defasadas

ou, quando são atualizadas, não se encontram acessíveis. Para tomar boas decisões, a

gerente precisa de informações atualizadas, de fácil acessibilidade.

− As informações devem ser úteis: os responsáveis pelas decisões precisam de

informações que possam utilizar. Muitas vezes as empresas possuem enormes

quantidades de dados que não colaboram para a tomada de decisões. As empresas

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precisam analisar quais informações devem ser registradas para que fontes valiosas não

sejam desperdiçadas com dados insignificantes e para que os dados realmente

importantes não passem despercebidos.

Assim, comentado por, Bowersox e Closs (1996) apud Lima, et. al. (2003), se tratando da

necessidade de informações rápidas, em tempo real e com alto grau de precisão, para gerar uma

gestão eficiente dos processos, destaca-se que há três razões para tal: Primeiro, os clientes

entendem que informações do andamento do processo são elementos fundamentais do serviço ao

cliente. Segundo, com a meta de reduzir os estoques, os gerentes percebem que com informações

adequadas, eles podem, efetivamente, reduzir estoques e necessidade de recursos humanos. E

terceiro, a disponibilidade de informações aumenta a flexibilidade com respeito, a saber, quanto,

quando e onde os recursos podem ser utilizados para obtenção da vantagem competitiva.

2.5.2 O sistema de gestão da informação como ferramenta de eliminação de desperdícios

A eficiência na geração da informação é um fator a ser considerado pelos gestores no

momento das tomadas de decisão que implicam em risco para as empresas.

Jones e Womack (2004) ressaltam que mesmo nestes tempos modernos, com o

gerenciamento automático de informações, a maioria dos gerentes aceita inconscientemente a

noção de que informação é algo bom, mais informação é melhor e toda a informação possível é

sensacional. Na verdade, segundo os autores, a informação para o controle de operações é um

desperdício necessário (Tipo 1). Os gerentes precisam minimizar a necessidade por esse tipo de

informação em vez de maximizar a sua disponibilidade.

Espínola e Pessoa (1998), destacam que os gerentes ao projetar uma estrutura e um ciclo de

informação para uma organização, devem considerar:

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− Quem é o usuário que recebe a informação: a informação é tanto mais relevante e

significativa para determinado usuário quanto mais orientada a suas específicas

necessidades;

− Quando o usuário necessita recebe a informação: um dia ou mesmo, alguns minutos de

atraso podem reduzir drasticamente o valor da informação; e

− Em que contexto de informação.

Os desperdícios causados, frutos da geração de informações ineficientes podem ser

eliminados quando observadas estas recomendações de projeto de gestão da informação.

Womack em seu artigo “Gerenciamento Lean de Informação” traduzido por Thompson

(2005), destaca a necessidade da gestão enxuta de informação, com isso descreve seis princípios

simples:

1. Simplifique cada processo para minimizar a necessidade de gerenciamento de

informações

2. Faça com que cada etapa no processo tenha capacidade e disponibilidade.

3. Programa cada fluxo de valor a partir de somente um ponto.

4. Use um controle de produção reflexivo fluxo acima partindo do ponto de programação.

5. Envie a informação em pequenos lotes.

6. Faça seu gerenciamento de informação transparente e intuitivo.

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Com base na eliminação dos desperdícios na informação, é necessária uma visão mais

abrangente da estrutura que possa dar sustentação a dinâmica exigida pela geração das

informações. Neste sentido entra no cenário das organizações os Sistemas de Informação, como

instrumentos integradores capazes de traçar e fornecer as informações relevantes aos usuários do

sistema.

2.5.3 Otimizando o fluxo de informações para melhoria dos processos

A otimização do fluxo de informação é resultado do quão eficaz é o Sistema de Informação

utilizado pela organização, porém só o Sistema de Informação não é necessário para que a

informação chegue ao usuário, é preciso que pessoas assumam a responsabilidade de alimentação

dos bancos de dados e disponibilizem em tempo real para todos os usuários.

Portanto, a definição de Sistema de Informação, na visão de Polloni et. al. (1993), é

qualquer sistema usado para prover informações (incluindo seu processamento), qualquer que

seja sua utilização. Os autores vão mais além quando definem que Sistema de Informação

Gerencial é o sistema de informação que engloba todos os componentes da organização e todo os

seus níveis de decisão. Com isso os autores evidenciam a estreita relação que existe entre sistema

de informação e a organização.

Slack (2002) define a tecnologia de informação como um dispositivo que colete, manipule,

armazene ou distribua informações. Para o autor, a presença de tecnologia de informação em

quase todos os tipos de operações e o ritmo intenso do desenvolvimento tecnológico fazem com

esta seja particularmente importante. Questões operacionais e organizacionais são geralmente os

principais obstáculos na aplicação da tecnologia da informação porque os gerentes sentem-se

inseguros a respeito da melhor forma de usar o potencial tecnológico.

Concluindo, para Furtado (1996), qualquer organização, independentemente de sua missão

ou natureza, precisa criar cultura institucional para geração e uso de informação e contar com os

parceiros e colaboradores.

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Cabe, a alta administração traçar os caminhos que possam integrar o Sistema de Gestão da

Informação através, do uso dos recursos humanos disponível, para gerar produtos (bens e

serviços) de qualidade, atendendo seus clientes com rapidez no tempo que eles precisam.

Segundo Lima, Pinsetta e Lima (2005) o desafio gerencial é melhorar o desempenho

organizacional de forma eficiente e eficaz, descentralizando as tomadas de decisão que possam

gerar melhores resultados para o departamento, setor ou serviço dentro da organização. Este

desafio é testado utilizando o modelo integrado para implementação do pensamento enxuto em

ambientes administrativos.

A Figura 2.5, abaixo, apresenta o modelo para implementação do pensamento enxuto,

desenvolvido por Lima, Pinsetta e Lima (2005), integrando os três sistemas de gestão abordados.

O capítulo 4 aborda com mais detalhes as fases do modelo.

Figura 2.5 - Fases do modelo de sistemas integrados para implementação do pensamento enxuto

em ambientes administrativo. Fonte: Lima, Pinsetta e Lima, 2005.

MELHORIA

FERRAMENTA DE MELHORIA

GESTÃO DE

PESSOAS

GESTÃO DA

QUALIDADE

TOTAL

GESTÃO DA

INFORMAÇÃO

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE IMPLEMENTAÇÃO

FFAASSEE 11

FFAASSEE 22

FASE 3 e FASE 4

FASE 5

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Capítulo 3

Metodologia

3. Metodologia Científica

Para desenvolvimento da pesquisa e do modelo para implementação do Sistema de

Produção Enxuta em ambientes administrativos faz-se necessário, para entendimento do método a

ser implementado, uma visão geral sobre as considerações a respeito da metodologia científica

como instrumento balizador da pesquisa.

Segundo Selltiz, (1974), a importância da utilização da metodologia cientifica para

responder as questões de uma pesquisa consiste no fato de ela aumentar a chance das respostas

encontradas serem precisas e não viesadas.

Portanto, para que a integração proposta no modelo seja desenvolvida com confiabilidade

e capacidade de repasse da pesquisa no ambiente analisado, apoia-se nas abordagens da

metodologia científica.

Lakatos e Marconi (1995) ressaltam que a metodologia científica consiste em uma série de

atividades sistemáticas e racionais para se buscar, de maneira confiável, soluções para

determinado problema. Ressaltam, ainda, que não há ciência sem o emprego deste tipo de

modelo.

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Para entendimento da aplicação dos conceitos da metodologia científica é necessário que

sejam abordados os aspectos dos métodos e das técnicas de pesquisa como elementos essenciais

para qualquer aplicação no desenvolvimento do modelo estudado.

Quanto aos métodos de pesquisa são encontradas duas subdivisões: métodos amplos e

métodos de procedimentos. O primeiro trata de questões genéricas e abstratas enquanto o segundo

contém estratégias e abordagens de pesquisa.

Em relação aos métodos de procedimentos – base para desenvolvimento do modelo - é

comum encontrar confusão entre a utilização das duas formas de pesquisa como relata Yin

(1981). No entanto, a aplicação da estratégia ou, da abordagem de pesquisa, é utilizada como

complemento dentro do desenvolvimento do modelo neste estudo, desde que, o pesquisador

entenda a necessidade de abordagens ao quantificar variáveis definidas em hipóteses formuladas a

partir de informações literárias. A variável qualitativa, por outro lado, busca levantar eventos que

dêem suporte à compreensão dos fenônemos que possam gerar perspectiva aos atores

participantes de uma determinada situação em estudo.

Neste estudo da metodologia adequada como elemento de suporte para o desenvolvimento

do modelo de implementação dos princípios do Sistema de Produção Enxuta em ambientes

administrativos ou, “Pensamento Enxuto”; o método mais apropriado para embasar o modelo está

focado na estratégia da pesquisa, especificamente na pesquisa-ação, devido a completa interação

do pesquisador com o objeto de estudo, o que caracteriza a escolha.

Para Martins (1999), a estratégia de pesquisa pode ser classificada como abaixo ilustrado

na Figura 3.1.

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Figura 3.1 - Passos da metodologia científica utilizada para desenvolvimento do modelo integrado de gestão para implementação do pensamento enxuto. Fonte: Martins (1999)

A definição da estratégia de pesquisa como ferramenta de sustentação para o

desenvolvimento do modelo de implementação decorre da participação efetiva e integral do

pesquisador no contexto da pesquisa. Neste sentido, participando ativamente da elaboração e

desenvolvimento da teoria, Thiollent (1988) destaca que a pesquisa-ação é um método que visa a

resolução de problemas por meio de ações definidas pelo pesquisador e o sujeito envolvido com a

situação sob investigação. Destaca, ainda, que a pesquisa-ação é uma forma de pesquisa

participante.

Vergara (2005) enfatiza que na pesquisa-ação, o problema não é definido a priori mas, deve

ser formulado com base nos dados coletados para o diagnóstico e na discussão do tema com os

sujeitos envolvidos. Segundo a autora, este método de pesquisa demanda grande dedicação por

parte do pesquisador e dos envolvidos.

METODOLOGIA

CIENTÍFICA

MÉTODO DE

PESQUISA

TÉCNICAS DE

PESQUISA

MÉTODOS AMPLOS

MÉTODO DE

PROCEDI MENTO

ESTRATÉGIA DE PESQUISA

ABORDAGEM DA PESQUISA

ESTUDO DE CASO SURVEY EXPERIMENTO PESQUISA -AÇÃO

QUALITATIVA QUANTITATIVA

COLETA DOS DADOS

ANÁLISE DOS DADOS

ENTREVISTA QUESTIONÁRIO DOCUMENTOS OBSERVAÇÃO SIMULAÇÃO

INDUTIVO DEDUTIVO HIPOTÉTICO/DEDUTIVO DIALÉTICO

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Para Thiollent (1997), outro aspecto a ser considerado é a linguagem utilizada pelos

participantes, ou seja, a utilização do método implica interação e comunicação, a linguagem deve

ser comum a todas as pessoas envolvidas.

Neste sentido, deve-se buscar, sempre que possível, a disseminação das informações entre

os participantes, não só para que o processo seja, de fato, participativo, como também para

permitir a condução de trabalhos futuros.

3.1. Breve histórico da pesquisa-ação

Segundo McNiff e Whiteread (1992), o termo pesquisa-ação foi criado por, entre outros,

Kurt Lewin em 1946, com o propósito de criar um plano de ação básico para melhoria de práticas

através da observação, da investigação de qualquer problema, de uma proposta de solução para os

problemas, uma implementação de soluções propostas, da avaliação para ver se a solução foi

efetiva e, de uma modificação subseqüente na prática. Para Lewin, isto constituía um ciclo de

reflexão de ação que podia, então, ser rapidamente aplicada por todos a fim de modificar uma

situação problema para um resultado desejado.

Nesta abordagem, Sommer e Amick (2003) enfatizam que Lewin propunha mudanças

organizacionais e sociais combinadas com a avaliação no contexto de uma concepção

experimental. Destacam, ainda, que ele argumentava que não deve haver pesquisa sem avaliação,

nem avaliação sem reestruturação. Além disso, para Lewin, os programas de melhoria

transformam-se em experimentos a serem avaliados e contribuem para o avanço de teorias e de

práticas futuras e, aqueles que são afetados pelas mudanças, os participantes de estudos

organizacionais ou comunitários, são envolvidos intimamente em todas as fases da pesquisa.

Lewin percebeu a necessidade de um modelo alternativo para as ciências do

comportamento que enfatizasse o envolvimento do pesquisador com os sujeitos estudados,

usuários potenciais desta informação.

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As melhores práticas na utilização da pesquisa-ação, são encontradas no trabalho “The

Actions Research Planner” desenvolvido por Kemmis e McTaggart (1982) e Elliott (1981), que

desenvolveram um guia de passo-a-passo para aplicação da pesquisa-ação. Eles apresentaram um

guia de procedimento para professores e administradores interessados em implementar mudanças

e melhorias em suas escolas ou salas de aula, cumprindo ações onde as melhorias são potenciais;

monitorando e avaliando os efeitos das ações com a finalidade de dar continuidade na melhoria

proposta.

Todos os autores publicaram formas de ação seguindo uma seqüência de ação básica,

“observar-refletir-planejar-agir-avaliar-modificar”, que pode ser repetida conforme a necessidade

do avaliador ou pesquisador.

Muitos outros pesquisadores contemporâneos utilizam esta abordagem da pesquisa-ação

para solucionar problemas encontrados após diagnósticos realizados nos mais diversos segmentos

de pesquisa. Na seqüência, serão abordadas algumas definições modernas de pesquisa-ação.

3.2. Definições modernas de pesquisa-ação

Thiollent (1986) descreve a pesquisa-ação como um tipo de pesquisa social com base

empírica, concebida e realizada em estreita associação com a ação ou, com a resolução de um

problema coletivo em que os pesquisadores e os participantes representativos da situação, ou

problema, estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Neste sentido, observa-se que o envolvimento dos atores no processo de melhoria já é uma

exigência de Thiollent. Portanto, não só o pesquisador é membro da busca de solução-problema

mas, também, todas as pessoas da organização.

Por outro lado, a pesquisa-ação cooperativa, ou colaborativa, é voltada para o

desenvolvimento e promoção de hábitos, atitudes, habilidades e atividades relacionadas com o

processo organizacional, enquanto que a pesquisa-ação participativa é desenvolvida junto ao

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grupo de pesquisa e, as decisões sobre as ações são tomadas coletivamente. O diálogo

pesquisador/grupo e o trabalho participativo estabelecem uma relação entre o conhecimento

popular e o científico, proporcionando uma troca de saberes que, segundo Vasconcelos (1998),

garante sentido social à produção de conhecimento.

Vergara (2005), define pesquisa-ação como um método de pesquisa que visa à resolução

de problemas por meio de ações definidas por pesquisadores e sujeitos envolvidos com a situação

sob investigação e objetiva, simultaneamente: a intervenção, a elaboração e o desenvolvimento da

teoria.

Alguns pressupostos são confundidos nas definições e aplicações do método de

procedimento da pesquisa-ação conforme mostrado por alguns autores:

Roesch (2001) alerta para a diferença entre pesquisa-ação e consultoria. Para ele, o

método da pesquisa-ação busca a elaboração e o desenvolvimento do conhecimento teórico, ao

mesmo tempo em que tenciona resolver problemas práticos.

Thiollent (1987, 1988) faz alerta para que não se confunda “pesquisa-ação” com “pesquisa

participante”, pois, pesquisa-ação é uma forma de pesquisa participante, porém, nem toda

“pesquisa participante” é considerada uma “pesquisa-ação” uma vez que este método é centrado

na intervenção planejada em uma dada realidade, por parte dos sujeitos. Ou seja, a participação

do pesquisador não é suficiente para que a investigação seja considerada pesquisa-ação.

Muitos pesquisadores confundem a utilização entre as diversas estratégias de pesquisa e

alguns pontos devem ser considerados na hora da escolha da estratégia: o problema pesquisado

não é conhecido a priori, demanda grande dedicação por parte do pesquisador e dos sujeitos

envolvidos, além disso, a linguagem utilizada deve ser comum a todas as pessoas envolvidas,

Thiollent (1997).

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Vergara (2005) destaca que há uma grande necessidade de disseminação da informação

entre os participantes, não só para que o processo seja, de fato, participativo, como também para

permitir a condução de trabalhos futuros.

Observa-se nas definições que a pesquisa-ação é um ponto de contato entre a teoria e a

prática, no momento em que procura fazer uma intervenção inovadora na busca de soluções de

problemas diagnosticado, implementando mudanças durante o próprio processo de investigação e,

não como recomendação no final da pesquisa, como faz outros autores.

A aplicação desse método de procedimento com estratégias de pesquisa-ação não é

instrumento apenas da área educacional e Thiollent apud Vergara (2005) registra que em outras

áreas do conhecimento há propostas de pesquisa-ação com objetivos diversos.

− Dixon (2001) utilizou a pesquisa-ação em um museu canadense;

− Lourenço (1998) aplicou a abordagem para realizar um estudo em uma ONG de

assistência ao menor;

− Macke (2002) utilizou-a em um trabalho realizado em uma industria vermelha (fábrica

de cerâmica) em Porto Alegre;

− Tenório et all. (1998) desenvolveram a pesquisa-ação em uma experiência de parceria

entre uma instituição acadêmica, uma instituição religiosa e representante de

comunidade da cidade do Rio de Janeiro.

Outros exemplos são descritos por Sommer e Amick (2003) aplicaram a pesquisa-ação em

famílias de doentes mentais, em lojas de comidas naturais e em um departamento de

planejamento da cidade.

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3.3. Características da pesquisa-ação

Para Engel (2000), a pesquisa-ação apresenta as seguintes características:

− O processo de pesquisa deve tornar-se um processo de aprendizagem para todos os

participantes e deve-se eliminar a separação do sujeito, do objeto de pesquisa;

− Como critério de validade dos resultados da pesquisa-ação sugere-se a utilidade dos

dados para os clientes: as estratégias e os produtos serão úteis para os envolvidos se

forem capazes de aprender sua situação e, de modificá-la. O pesquisador, neste

contexto, é semelhante a um praticante social que intervém em uma situação com o

fim de verificar se um novo procedimento é ou não eficaz;

− A situação problemática é interpretada a partir do ponto de vista das pessoas

envolvidas, baseando-se, portanto, nas representações que os diversos atores têm da

situação;

− A pesquisa-ação é situacional, ou seja, procura diagnosticar um problema específico

em uma situação também específica, com o fim de atingir uma relevância prática dos

resultados.

− A pesquisa-ação é auto-avaliativa, isto é, as modificações introduzidas na prática são

constantemente avaliadas no decorrer do processo de intervenção e o feedback obtido

no monitoramento é traduzido em modificações, mudança de direção e redefinições,

conforme necessário, trazendo benefícios para o próprio processo, isto é, para a

prática.

− A pesquisa-ação é cíclica: as fases finais são utilizadas para aprimorar os resultados

das fases anteriores.

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Holanda e Riccio destacam que a partir da definição de Lewin várias outras subseqüentes

denotam que outros autores mudaram a definição original para enfatizar aspectos diferentes do

processo de pesquisa-ação. Sobres os autores, Cunningham destaca o aprendizado no

relacionamento de longo prazo do investigador com o problema; Argyris e Schon destacam ainda,

que as intervenções são uma manipulação experimental e, a meta é a resolução do problema;

Elden e Chisholm focalizam-se na adaptação de sistemas e na habilidade para inovar. No entanto,

a maioria dos investigadores de ação concorda que “pesquisa-ação” consiste em ciclos de

planejamento, ação, reflexão ou avaliação e, mais adiante, ação.

3.4. Justificativa do uso da pesquisa-ação

Considerando a necessidade de aplicar uma metodologia adequada, para que, em conjunto

com os princípios e regras do Sistema Toyota de Produção aplicar o modelo de gestão proposto,

utiliza-se então o método de procedimento da estratégia de pesquisa-ação a fim de:

− aumentar o envolvimento das pessoas em causas ou problemas;

− desenvolver um grupo interessado em mudança;

− reduzir a distância entre pesquisador e sociedade;

− assegurar que a pesquisa seja de interesse para muitos;

− basear mudanças em fatos comprovados por pesquisa e, não em especulações

(ideologia) sem experimentação;

− ensiná-los a conduzir pesquisa de campo, onde as condições são fluidas e nem todas as

variáveis chaves podem ser especificadas previamente.

Finalmente, para Sommer e Amick (2003), o pesquisador que se dedica à pesquisa-ação

precisa estar familiarizado com os conceitos e teorias, com os métodos de coleta de dados e de

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análise estatística e, precisa ter conhecimento de como disseminar os achados das pesquisas, tanto

para audiências técnicas quanto para o público em geral. Precisa ainda, de qualificações de um

pesquisador acadêmico e de algumas qualificações a mais.

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Capítulo 4

Desenvolvimento do Modelo

4.1. Descrição do Modelo

A pesquisa realizada busca produzir conhecimentos que tenham relevância científica e

gerencial. Para tanto, como afirmado anteriormente, utilizou-se a metodologia científica por

meio da estratégia da pesquisa-ação, como o instrumento facilitador para desenvolvimento e

definição da forma de intervenção eficaz no ambiente administrativo.

O uso da metodologia de estratégia da pesquisa-ação como instrumento de apoio à

implementação dos princípios e regras do pensamento enxuto em ambientes administrativos, é

precedido pelas fases iniciais do modelo mostrado na Figura 2.5, constituído de cinco fases:

planejar, analisar, intervir, medir e maturar.

Essas fases são descritas no próximo item 4.2.

4.2. Modelo de gestão proposto.

O modelo proposto para implementação do STP em ambientes administrativo, é apoiado

pelo desenvolvimento em cinco fases que se desenvolvem interdependentes e de forma

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simultânea sobrepondo atividades que podem ser desenvolvidas sem que necessariamente tenha

que esperar o fim da aplicação de uma atividade precedente.

A seguir serão descritas as fases que compõe o modelo

Fase 1 – Planejar: Estuda-se estrategicamente a organização para: entender e traçar as diretrizes,

bem como os processos operacionais, analisar o ambiente interno, traçar cronograma de

implementação e os indicadores, escolher o método de melhoria a ser adotado (Produção Enxuta,

Seis Sigma, Gestão por Processos, etc.), eleger o “Processo Crítico”, definir a equipe de melhoria

e intervenção (Contratar um Agente de Mudança ou uma Empresa de Consultoria), a fim de sanar

os problemas detectados.

Fase 2 – Analisar: Analisa-se o planejamento estratégico com o objetivo de conhecer e tomar as

decisões para medidas preliminares que possam dar sustentação à fase seguinte, avaliar a empresa

com relação aos sistemas de gestão de qualidade, pessoas e de informação, adotados,

internamente.

Fase 3 – Intervir: Realiza-se a implementação de ferramentas e técnicas de melhoria a serem

adotadas (Pensamento Enxuto), o envolvimento e o comprometimento de todos com os

resultados. Deve-se apresentar a todos, tanto a forma de intervenção utilizada, os resultados

esperados, quanto as equipes responsáveis pela implementação. Por fim, com a participação do

Interventor, dá-se início ao processo de melhoria.

Fase 4 – Medir: Momento de avaliar as melhorias alcançadas e a eficácia da ferramenta de

melhoria adotada (Pensamento Enxuto), apresentar um feedback para a administração superior da

empresa, comparando os resultados alcançados com os objetivos organizacionais, e, ao projeto de

melhoria.

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Fase 5 - Maturar: Implica na busca de melhoria contínua, estruturação da ferramenta de

melhoria utilizada (Pensamento Enxuto) na cultura organizacional e, implementação da

metodologia em outras áreas da organização.

Com a implementação das Fases do modelo - Planejar, Analisar, Intervir, Medir e Maturar

- é possível alcançar resultados significativos para qualquer organização prestadora de serviço.

Nos itens a seguir serão detalhados cada fase com os respectivos instrumentos utilizados no

modelo de gestão proposto.

4.2.1. Fase 1 – Planejar

Planejamento Estratégico para Implementação.

Nesta fase, é necessário realizar um estudo mais amplo da organização, a fim de se obter

um maior conhecimento da estrutura organizacional. Para isso, é importante que se:

− Análise o Ambiente;

− Trace as Diretrizes Organizacionais;

− Estabeleça um Processo de Implementação;

− Desenvolva Indicadores Organizacionais;

− Mantenha um Controle Estratégico.

O estudo desta fase favorece a alocação dos recursos necessários para implementação e o

conhecimento do processo crítico de maior potencial de melhoria para a organização.

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A análise do ambiente garante à alta administração conhecer a situação econômica da

empresa, bem como sua relação com o ambiente interno e externo, os riscos e oportunidades a

serem considerados e, que garantam melhorias significativas. Outro passo importante nesta fase é

a determinação das políticas de crescimento da organização, com declaração da Visão, Missão e

Objetivos a serem seguidos.

Conhecidas as Diretrizes, a alta administração deve estabelecer o processo adequado para

solucionar problemas detectados e, qual a forma para implementação da estratégia de melhoria. É

nesta fase que deve ser definido que tipo de ferramenta de melhoria deve ser aplicada, qual a

forma de intervenção desejada, que metodologia mais adequada será utilizada e, outras

informações necessárias para a eficácia da implementação.

Conhecidos os objetivos organizacionais, cabe à administração superior desdobrá-lo para o

interior da organização de forma a criar os indicadores organizacionais que irão nortear a busca

das melhorias desejadas. A Figura 4.1 mostra a estratégia de desdobramento dos objetivos

organizacionais. Estes indicadores favorecem a condução gerencial do processo de

implementação das melhorias e dão uma visão clara à administração do desempenho

organizacional frente aos seus concorrentes e ao mercado em que a empresa atua.

Conquistado os objetivos organizacionais, é função da média gerência manter e melhorar o

desempenho organizacional alcançado buscando através de benchmarking, avaliar o quanto a

organização cresce e que rumo deve seguir para superar os concorrentes. Para tanto, cabe a média

gerência traçar as tarefas gerenciais que irão garantir os resultados esperados.

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Figura 4.1 - Estratégia de desdobramento de objetivos para implementação do modelo. Adaptado de Arantes, 1998

Dentro deste contexto, é importante destacar o estilo gerencial que irá conduzir o processo

da estratégia de implementação do modelo. Este tema será abordado com mais detalhe na Fase 2.

Porém, é na Fase 1, que se define quais tarefas devem ser desempenhadas pelas equipes, de

maneira que possam gerar os resultados esperados. Tais tarefas são descritas abaixo:

− Criar produtos com valor: entender as necessidades do cliente de forma que o

processo de produção dos serviços prestados atinja o valor pela a ótica do cliente.

− Criar e manter clientes satisfeitos: atender os clientes em tempo hábil, não mais nem

menos, nem tarde nem cedo, mas, no tempo que ele deseja.

− Promover a capacidade de evolução: proporcionar aos funcionários treinamento e

capacitação para inovar e entregar produtos de qualidade.

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− Atrair, desenvolver e manter talentos: através da gestão do conhecimento e de

pessoas, utilizar os próprios funcionários como elementos de transformação da cultura

organizacional.

− Construir e manter relações significativas: implementar a transparência através da

comunicação de duas vias, com ética e responsabilidade no tratamento com

fornecedores.

− Usar os recursos produtivamente: desenvolver o ambiente profissional, com relação

afetuosa, eliminando stress e conflitos internos.

− Praticar princípios de conduta aceitos: manter o respeito entre os demais níveis

hierárquicos, envolver os funcionários no processo de planejamento e mantê-los

informados sobre os objetivos organizacionais.

− Reduzir os custos operacionais: eliminar os custos associados a desperdícios, gargalos

e má utilização dos recursos organizacionais.

− Descrever a definição operacional: esclarecer os termos utilizados no controle da

estratégia para a função “análise dos resultados”.

Quanto às diretrizes organizacionais, cabe, nesta fase, a definição da visão, missão e os

objetivos que irão nortear o processo de implementação do modelo. Desta forma, com a

declaração da visão da organização é possível estabelecer os objetivos organizacionais e criar a

missão da empresa buscando atender a necessidade do cliente.

O processo de implementação do modelo deve estar apoiado no planejamento estratégico e

ser conduzido por equipes de melhoria, gerenciadas ou assessoradas por pessoas que tenham

conhecimento das técnicas e ferramentas de gestão, capazes de gerar as mudanças necessárias.

Nesta fase, para atender o processo de implementação, cabe à alta direção, em conjunto com a

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equipe de gerentes, conduzir o processo de desenvolvimento e a classificação de pessoal e,

direcionar esta atividade para o sistema de gestão de pessoas, definindo o perfil profissional

necessário para ocupar os cargos chave da empresa.

Após a definição do processo de implementação, cabe aos gerentes definir os parâmetros e

métricas que irão avaliar a eficiência do processo de melhoria, tais como: objetivos, metas e

indicadores e, desdobrá-los para todos os envolvidos no processo gerencial de produção dos

serviços gerados pela organização. A utilização destes parâmetros é uma das mais difíceis

tomadas de decisão que os gerentes devem considerar, pois, uma nova realidade exige que os

avaliadores dos indicadores o analisem sob novos olhares. Portanto, faz-se necessário comunicar

adequadamente estas questões a diferentes áreas, que entendam a organização e seu desempenho

de diferentes maneiras.

Figura 4.2 - Desdobramento dos objetivos empresariais para implementação do modelo. Adaptado de Arantes, 1998

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O desdobramento dos objetivos organizacionais requer dos gerentes uma forma

diferenciada e inovadora na condução da elaboração destes, por meio de envolvimento de todos

os sujeitos do projeto de melhoria no entendimento e comprometimento com os resultados

esperados. Requer ainda reuniões de equipes para formular os planos que irão conduzir o

processo de mudança gerencial e definir as metas a serem alcançadas num determinado período.

Na implementação do plano é necessário que gerentes e funcionários estejam capacitados e

treinados a atingir os objetivos dentro do prazo estabelecido nos objetivos empresariais. A

execução do plano garante os resultados traçados pela equipe de melhoria atendendo aos prazos

pré-estabelecidos. Quanto aos indicadores, eles servem para balizar e avaliar os resultados que

são confrontados com os objetivos. No caso de não-conformidade, é possível reformular o plano,

implementá-lo e avaliar o novo resultado gerando um novo ciclo de melhoria contínua.

Segundo Battaglia (2004), o passo seguinte é repensar a natureza dos indicadores, a maneira

como são gerados e o uso que se faz deles. Portanto, muito mais importante que estabelecer

indicadores, é registrar os dados e resultados que os geram - de forma confiáveis - bem como,

estabelecer as causas e efeitos do processo.

Por outro lado, as metas são valores pretendidos para o indicador de um produto ou

processo a ser atingido em determinadas condições e prazos estabelecidos no planejamento

estratégico e, são fixadas, levando em consideração os objetivos e estratégias da organização,

referenciais externos de comparação os indicadores e as metas do nível superior. No nível mais

elevado da estrutura organizacional, os indicadores e as metas são, em geral, fortemente

relacionados aos objetivos empresariais.

A organização ao estabelecer uma meta, deve procurar proporcionar aos clientes um valor

sempre crescente, aprimorando também seu desempenho. O desdobramento dos indicadores e

metas pode ser realizado para qualquer tipo de indicador, sendo mais evidente para os indicadores

relacionados à produção e ao custo.

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As melhorias da qualidade do produto ou do desempenho do processo apresentado pelos

indicadores podem ser expressas quando a aprendizagem de um processo ocorre pela

realimentação entre o processo e seus resultados. Podemos estabelecer, assim três tipos de

melhorias utilizando os indicadores: melhoria Revolucionária ou radical; melhoria Contínua ou

incremental e melhoria de Restauração.

Ainda nesta fase é definido o sistema de gestão que dará sustentação às tarefas gerenciais,

como é evidenciado na Figura 4.2, o modelo trabalho com os seguintes sistemas: gestão da

qualidade total (TQM), gestão de pessoas (GP) e de gestão da informação (GI) que serão tratados

na Fase 2, a seguir.

4.3.2. Fase 2 – Analisar

Gestão da Qualidade Total, Gestão de Pessoas e Gestão da Informação.

O uso da filosofia da Gestão da Qualidade Total (TQM) é um dos pilares que dão

sustentação e facilitam a implementação do projeto de melhoria com uso de ferramentas que

transformam a cultura do ambiente e uniformizam a linguagem interna. O segundo pilar de

sustentação está relacionado ao nível operacional, sendo necessário que se estabeleçam critérios

de capacitação e treinamento para todos os funcionários de forma a eliminar o nível indesejável

de desperdícios, resultantes da falta de conhecimento e padronização das atividades

desenvolvidas por todos, a fim de garantir os objetivos organizacionais. O terceiro pilar relaciona-

se ao Sistema de Gestão da Informação como ferramenta para o auxilio no fluxo de informação a

fim de garantir a comunicação interna de duas vias, necessárias para o funcionamento eficiente

das atividades evitando, assim, o desperdício com esperas desnecessárias no processo de

melhoria, gerando maior velocidade na execução das atividades.

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Gestão da Qualidade Total – TQM

Como primeiro pilar, o Sistema de Gestão da Qualidade Total (TQM) é o elemento chave

para a imagem da organização, visto que, é o sistema capaz de influenciar a percepção dos

clientes e fornecedores internos e externos quanto à qualidade dos serviços prestados.

Vários autores retratam o TQM como ferramenta gerencial para transformação de bens e

serviços com resultados significativos. Sashkin (1994) destaca que apenas o uso das ferramentas

de qualidade não garante o sucesso na implementação do TQM e que é necessário que seja

considerado outros dois aspectos essenciais que são: clientes e cultura, onde o primeiro representa

“o porquê” e o segundo o “como” dinâmico do TQM.

Para o modelo proposto, os pontos essenciais são o envolvimento e comprometimento

efetivo dentro da organização com os projetos de melhoria, pois garantem a mudança na cultura

organizacional e uma grande sinergia para conquistar os resultados desejados. Daí a necessidade

de entender e trabalhar o TQM não só como uma ferramenta isolada, mas, sim, como uma

filosofia gerencial capaz de gerar bons resultados.

Neste sentido, a definição de TQM para uso no modelo proposto, deve abordar não só os

aspectos relacionados com as técnicas do medir, mas, incorporar os princípios filosóficos do

sistema de gestão gerencial capaz de mudar o estilo da cultura organizacional existente.

Portanto, a definição utilizada para implementação do modelo abrange os aspectos culturais

das pessoas e da organização entendendo os dois como complementares em relação aos projetos

de melhoria e utilizando o método TQM. Este tema será discutido mais adiante, ainda nesta Fase

2.

Como base complementar para o entendimento no uso do TQM como método de

implementação do modelo estudado, o modelo de Gestão da Qualidade Total desenvolvido por

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Oakland (1999) como instrumento gerencial em que destaca os elementos essenciais a serem

considerados no uso desta filosofia, que são: cultura, comunicação e comprometimento.

Estes três aspectos exercem uma função de destaque na base da gerência, direcionado para

o estilo gerencial desejado para a implementação do Sistema de Produção Enxuta em ambientes

administrativos.

Oakland destaca que estes elementos são desdobrados em duas partes, sendo a primeira o

soft do TQM, a saber, cultura, comunicação e comprometimento, enquanto que o hard do TQM é

formado pelos sistemas, ferramentas e pelos grupos de melhoria.

Esta conotação descrita por Oakland reforça o desenvolvimento do modelo para

implementação do pensamento enxuto em ambientes administrativos, uma vez que vem de

encontro aos princípios e regras do Sistema Toyota de Produção.

Oakland apresenta, ainda, dez pontos que norteiam a implementação do TQM como

filosofia gerencial, e que dão o suporte para implementação do modelo proposto, a saber:

− A organização precisa de comprometimento de longo prazo para melhoria contínua;

− Adotar a filosofia do zero defeitos/erros e mudar a cultura para fazer o certo na primeira

vez;

− Treinar os funcionários para compreender o relacionamento cliente/fornecedor;

− Não comprar produtos ou serviços levando em conta, unicamente, o preço mas. analisar

seu custo total;

− Reconhecer que o melhoramento dos sistemas precisa ser administrado;

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− Adotar métodos modernos de supervisão e treinamento, eliminando o medo;

− Eliminar as barreiras entre departamentos pelo controle de processo, melhorando a

comunicação e o trabalho em grupo;

− Eliminar: metas arbitrárias sem métodos, padrões baseados apenas em números,

barreiras ao orgulho pelo trabalho profissional e ficção, ou seja. obter fatos utilizando

ferramentas corretas.

− Instruir e retreinar, constantemente, os funcionários; desenvolver especialistas na

empresa;

− Desenvolver uma abordagem sistemática para gerenciar a implementação do TQM.

Para o desenvolvimento desse modelo integrado, a definição de TQM é descrita como

mudança da cultura organizacional com foco na satisfação dos clientes por meio de sistema de

gestão de forma integrada, a fim de envolver todos os processos administrativos capazes de gerar

resultados de alto padrão de qualidade com utilização de técnicas e ferramentas adequadas.

Porém, pode-se observar que com a utilização desse que a mudança da cultura

organizacional depende do quanto os funcionários estão dispostos a mudar o comportamento

interno da organização (princípios e valores), bem como suas atitudes. Neste sentido, é preciso

que a abordagem na Gestão de Pessoas seja definida com base na cultura do TQM, como suporte

às mudanças necessárias.

Gestão de Pessoas - GP

Atualmente, muito se tem discutido quanto a participação do Departamento de

Recursos Humanos nas organizações, do ponto de vista de dar respostas às necessidades, tanto

para a Organização quanto para os funcionários, no diz respeito à capacitação e ao

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desenvolvimento pessoal e profissional gerando uma desconfiança quanto a estabilidade

funcional nas organizações.

Gil (2001) destaca que Gestão de Pessoas é uma função gerencial que visa à cooperação das

pessoas que atuam nas organizações, para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto

individuais. Segundo o autor, este conceito é uma evolução das áreas designadas no passado

como Administração de Pessoal, Relações Industriais e Administração de Recursos Humanos.

Para alguns autores, a nomenclatura muda a abordagem dada para o termo “administração

de recursos humanos” pois para eles os funcionários e empregados não são mais simples recursos

da empresa mas, colaboradores ou parceiros envolvidos e comprometidos na busca dos objetivos

organizacionais e profissionais.

É com esta visão que o modelo de gestão proposto passa a ser desenvolvido para dar

suporte a implementação do SPE em ambientes administrativos. Ou seja, os gerentes passam a

enxergar os funcionários como parceiros e colaboradores na busca de soluções para problemas

emergentes em cada ambiente da organização.

A própria ISO 9001-2000 destaca, na seção 6.2 - “Pessoas” declarada em 6.2.1,

“Envolvimento de Pessoas”, que: “convém que a direção melhore a eficácia e eficiência da

organização, por meio do envolvimento e do apoio das pessoas. Como ajuda para atingir seus

objetivos de melhoria do desempenho, convém que a organização encoraje o envolvimento e

desenvolvimento de seu pessoal”:

− proporcionando treinamento contínuo e planejamento de carreira,

− reconhecendo e recompensando,

− facilitando a comunicação da informação de forma aberta e mão dupla,

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− realizando continuamente análises críticas das necessidades de seu pessoal,

− criando condições para encorajar a inovação,

− assegurando trabalho em equipe eficaz,

− comunicando sugestões e opiniões,

− usando medida de satisfação de seu pessoal, e

− investigando porque as pessoas ingressam e deixam a organização.

Para o modelo estudado, é exigência primordial a transparência das atividades, a

comunicação em duas vias e a troca de informação direta, quebrando a barreira da concentração

de poder por parte da média gerência, com delegação de poderes para os níveis hierárquicos mais

baixos da organização de forma a conhecer e entender os objetivos organizacionais e atuar para

responder com resultados significativos para a alta direção da organização.

Nesta etapa da fase 2, a análise da situação atual, dentro do ambiente administrativo

estudado, deve ser conduzida para eliminação dos desperdícios e produção de serviços com

menor recurso possível. Através da delegação de poderes, é possível eliminar os desperdícios

quando a tomada de decisão passa a ser exercida pelos próprios colaboradores ou parceiros.

A Figura 4.3 representa uma escala de redução de desperdício, à medida que a tomada de

decisão passa a ser exercida pelas camadas mais baixas da organização.

Observando os níveis das setas, à medida que ela é elevada ao topo da escala hierárquica,

do nível operacional para a alta-direção mais poder de decisão é dado aos gerentes ou líderes e,

conseqüentemente, menor será o índice de desperdício.

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Figura 4.3 - Escala de avaliação entre o poder de decisão e a geração de desperdícios.

A interpretação desta figura é de suma importância para que a alta-direção e a média

gerência compartilhem a tomada de decisão com os colaboradores de nível mais baixo da

organização, gerando desta forma uma redução/eliminação dos desperdícios entre os níveis

gerenciais existentes na organização.

A dinâmica da eliminação dos desperdícios com base neste modelo de gestão consiste na

delegação de poderes para as camadas mais baixas com desenvolvimento de líderes que possam

atuar dentro das células de trabalho com poder para tomar as decisões necessárias para tornar o

fluxo da cadeia de valor contínuo. No nível 1 apresentado na figura 4.3 observa-se que no nível

operacional há pouco poder na tomada de decisão conseqüentemente a possibilidade de gerar

desperdício é maior, no nível 2 ao aumentar o poder de decisão, observa-se que já há uma

pequena redução dos desperdícios devido ao maior poder de decisão delegado, o que percebe-se

nitidamente no nível 3 e assim por diante, onde o poder de decisão já é bem nítido e o desperdício

tende a ser eliminado e/ou reduzido.

PODER DE DECISÃO

MÉDIA GERÊNCIA

(Maior)

(Menor) ALTA DIREÇÃO

NÍVEL OPERACIONAL

NÍVEL DE DESPERDÍCIO

DECISÃO

DESPERDÍCIOS

Nível 3

Nível 1

Nível 2

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Vale ressaltar que o fato da alta-direção estar no topo de escala hierárquica, este não possa

gerar desperdício, é preciso observar que uma tomada de decisão equivocada da alta-direção pode

gerar um impacto drástico e grave para a organização. Portanto, a delegação de poderes, as

tomadas de decisão, o envolvimento e comprometimento dos gerentes são os pontos estratégicos

dentro do modelo proposto.

Com base na escala exposta acima, cabe então, ao Gestor de Pessoas caçar, desenvolver, e

manter os talentos existentes na organização, que sejam capazes de gerar processos

administrativos eficazes através de tomada de decisão como suporte para a eliminação dos

desperdícios. Com isso, é possível dar maior velocidade aos processos, ou melhor, reduzir o lead

time dos processos administrativos.

Dessa forma, a delegação de poder dá suporte a um novo estilo de gestão que permite aos

colaboradores, e/ou parceiros, usar e desenvolver suas habilidades e conhecimento para elevar o

seu potencial. Sem delegar, você perde este potencial humano e o horizonte no gerenciamento dos

processos administrativos.

Algumas ações adicionais são necessárias para a formação do profissional capaz de gerar os

resultados baseados no modelo de implementação do SPE em ambientes administrativos, tais

como:

− Treinamento nas ferramentas básicas de qualidade;

− Formação e desenvolvimento de líderes;

− Disciplina na utilização de padrões de trabalho;

− Desenvolver trabalho em equipe;

− Disseminação do conhecimento;

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− Comprometimento com os resultados organizacionais.

Neste sentido, cabe ao Gestor de Pessoas desenvolver treinamento e capacitação deste novo

perfil profissional exigido pela nova cultura organizacional, ou seja, integrar a gestão de pessoas

às necessidades da cultura do TQM, delegando poder igual a responsabilidade, desenvolvendo a

cooperação como base do trabalho em equipe, garantindo a estabilidade funcional gerando

recompensas pelos resultados e, tendo, ainda, o cultivo da transparência e da justiça.

Portanto, para habilitar os colaboradores ou parceiros a fazer as atividades que eram

delegadas a você, é preciso assegurar que:

− Eles saibam o que você quer;

− Eles tenham autoridade para alcançar o que você deseja;

− Eles saibam como fazer o que você quer.

Para atingir o objetivo desejado com a delegação de poder é preciso comunicar claramente a

natureza da tarefa, a extensão de sua discrição, as fontes de informações e conhecimento

relevantes.

Gestão da Informação - GI

O último pilar do modelo para implementação do SPE em ambiente administrativo trata da

Gestão da Informação, ou melhor, da forma como o fluxo de informação é transparente e como a

informação é diluída por todos os setores da organização.

Nesta etapa, o importante para o desenvolvimento do modelo não é a complexidade da

Tecnologia da Informação mais adequada e sim, a forma simples de tratar a informação a fim de

que todos tenham acesso rápido e transparente à mesma.

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Cabe à alta direção da empresa, proporcionar os recursos necessários para que o fluxo de

informação seja desenhado sem interrupção ou gargalos. Tal sistema só pode operar

prosperamente se os detentores do poder de decisão (gerentes, líderes e colaboradores) tiverem

acesso rápido às informações relevantes. Ou seja, estabelecer um sistema para habilitar o fluxo de

informações. Isto deve pelo menos incluir trocas regulares entre todos os participantes do

processo de forma que cada colaborador ou parceiro esteja ciente do que os outros estão fazendo.

O sistema deve incluir também instruções específicas para as informações que forem

recebidas enquanto estas estiverem nas mãos dos gerentes; uma vez que, se os gerentes

precisarem delegar tais atividades aos líderes e colaboradores, estes precisarão também conhecer

e saber executar as atividades que lhes foram delegadas.

Uma das reivindicações principais do modelo é a utilização de informações

computadorizadas, uma vez que facilitam a disseminação rápida da informação.

Alguns usuários de computadores apontam que tais sistemas instigam mudanças no poder

administrativo, compartilhando com muitos o fato de que o conhecimento dos colaboradores

aflorará assumindo o controle e a inovação espontaneamente por parte dos profissionais

colaboradores, em vez de concentrarem as informações somente nas mãos de poucos: é quase

impossível acreditar nesta visão, porém, é fácil entender esta premissa.

Imagine que um gerente restrinja o acesso às informações, sendo assim, só ele poderá tomar

decisões baseadas nessas informações. Uma vez que o acesso às informações é aberto para todos,

os colaboradores, também, podem fazer todas as atividades e tomar decisões acertadas e

conseqüentemente eliminar os desperdícios gerados nos processos administrativos.

O objetivo da gestão da informação para o desenvolvimento do modelo é tornar o fluxo dos

processos administrativos sem gargalos e interrupções, facilitando assim o caminhar pelo fluxo de

valor, de maneira que o diagnóstico da situação atual da organização possa ser enxergado e

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analisado pelo agente de mudança no momento do mapeamento do fluxo de valor ao longo do

processo crítico estudado.

4.2.3. Fase 3 e Fase 4 – Intervenção e Medição

Etapa de Intervenção

A intervenção e a medição caminham simultaneamente juntas, uma vez que na Fase 3 é

definido a ferramenta de melhoria a ser adotada, no caso da Divisão de Suprimentos adota-se o

Sistema de Produção Enxuta. Com a adoção do SPE, é feita a opção pela intervenção para dar

resposta à metodologia a ser adotada, no caso do modelo, é escolhida a estratégia de pesquisa-

ação como suporte para a investigação e aplicação das melhorias (Kaizen ou Kaikaku) no

momento em que se caminha pelo fluxo do processo em estudo. Ainda nesta etapa é possível

desenhar o fluxo da cadeia de valor e mostrar através de gráfico o mapa do Estado Atual e os

desperdícios e gargalos encontrados na cadeia de valor.

Essa dinâmica da intervenção consiste na participação efetiva do agente de mudança e dos

sujeitos envolvidos no projeto de melhoria, nas reuniões, nas tomadas de decisões dos grupos, no

planejamento para as melhorias, nas equipes de qualidade, girando o ciclo PDCA e PDSA

constantemente até atingir o nível de excelência desejado pelo grupo, sem deixar de buscar a

perfeição. É necessário que o agente de mudança esteja envolvido com todas as atividades do

processo administrativo estudado, pois a etapa de medição exige que o dados sejam coletados no

sistema porta-a-porta durante o caminhar pelo fluxo de valor.

Com a análise desenvolvida a partir da Fase 4, respondendo a metodologia da pesquisa-

ação, oportunidades de melhorias são detectadas e, imediatamente, implementadas após avaliação

das medições alcançadas, no momento em que se caminha pelo fluxo da cadeia de valor. Com o

mapa da cadeia de valor e, com as medições realizadas, traça-se o mapa para o Estado Futuro,

mostrando a forma mais clara de se produzir sem desperdício, sem gargalos, com redução do lead

time, conhecendo o Tempo de Ciclo de cada operação e, com conhecimento do takt time;

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garantindo, dessa forma, um fluxo da cadeia de valor eficaz e eficiente capaz de responder em

tempo hábil as necessidades dos clientes.

Com as métricas utilizadas para balizar as mudanças desejadas, o modelo para

implementação do pensamento enxuto em ambientes administrativos segue os princípios e regras

desenvolvido pela Toyota, citado respectivamente em: Womack (1998) e Spear e Bowen (1999),

com a ferramenta do Mapeamento da Cadeia de Valor (VSM) Rother e Shook (1999) e Tapping e

Shuker (2003) com os oito passos para aplicação do VSM em escritórios, tendo na base da

estrutura da intervenção a Fase 2 onde são desenvolvidos os três sistemas de gestão de forma

integrados.

Etapa de Medição

Para determinação dos dados a partir das métricas estudadas, o modelo utiliza os

elementos do SPE para implementar as melhorias a partir da análise dos resultados encontrados.

Portanto, cabe ao interventor definir os elementos que podem compor um conjunto de técnicas e

ferramentas capazes de responder às melhorias desejadas.

Assim os elementos do Sistema de Produção Enxuta, descrito por Pyzdek (2000), utilizados

no desenvolvimento do modelo, foram os seguintes: Controle visual; produção nivelada; Garantia

da Qualidade; operação padrão; fluxo de produção e a filosofia do Programa 5S (Seiri, Seiton,

Seiso, Seiketsu e Shitsuke).

Várias métricas são apontadas dentro do Sistema de Produção Enxuta que podem ser

utilizadas para análise dos resultados encontrados no uso desta ferramenta de melhoria. Porém

para o ambiente administrativo estudado dois elementos foram avaliados por comprometerem

sobremaneira o desempenho organizacional que são: o lead time que é o tempo que um processo

de aquisição dá entrada na célula de compras e fecha o contrato com o fornecedor e o tempo de

ciclo que é a freqüência com que uma atividade do processo de aquisição é realmente completada

em um processo, cronometrada como observado, pode também ser considerado o tempo que um

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funcionário leva para percorre todos os elementos de trabalho antes de um novo processo de

aquisição chegar em suas mãos. Outra métrica levantada neste estudo é o tempo de agregação de

valor que é definido como o tempo dos elementos de trabalho que efetivamente transformam o

serviço de uma maneira que o cliente está disposto a aceitar. Também é realizado o cálculo do

takt time para que seja feito o balanceamento dos elementos de trabalho dentro das células e entre

as mesmas.

4.2.4. Fase 5 – Maturação.

Melhoria Contínua

Um aspecto importante nesta fase é a participação e o envolvimento de todos os

colaboradores e parceiros para garantia das melhorias alcançadas. Para tanto, torna-se importante

que a alta direção esteja mais uma vez comprometida com os resultados atingidos até a fase

anterior e, responda às necessidades de melhoria dos aspectos que estão diretamente relacionados

com a Fase 2, dando início a um novo ciclo.

Com esse novo ciclo de melhoria iniciado na Fase 2, deve-se observar que tipos de

melhorias podem ser implementadas, tias como:

− Melhoria no layout da área, passando de um fluxo departamental para um fluxo celular;

− Melhoria no Sistema de Informação a fim de responder com mais eficiência ao processo

de aquisição;

− Envolvimento dos funcionários (estratégicos) de forma efetiva no planejamento

estratégico, para que toda a cadeia conheça os objetivos organizacionais;

− Desenvolvimento de política para capacitação e desenvolvimento profissional, dando

oportunidade para que todos possam crescer com a organização.

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− Criar uma política de qualificação de fornecedores, mais eficaz, para que o fornecimento

em tempo hábil, seja garantido.

Esta fase é apresentada como a mais difícil para a administração superior da empresa, uma

vez que alcançados os objetivos estabelecidos na Fase 1, de planejamento, o importante é mantê-

los e melhorá-los. A dificuldade, aqui, está na saída do agente de mudança, caso este seja de fora

da organização; porém, um esforço adicional neste modelo está no fortalecimento da Fase 2, em

que cada etapa da fase deve ser bem implementada e, através de uma forte sinergia entre os

participantes, incorporar as lições aprendidas na cultura da organização.

A figura 4.4 apresenta um cronograma de implementação em ambiente administrativo de

cada fase do modelo desenvolvido, descrevendo as etapas necessárias para conclusão de cada

fase. Ressalta-se, porém, que a partir da fase 2 as etapas podem se sobrepor entre as fases, como

por exemplo: enquanto se estrutura o TQM na Fase 2, é possível se levantar dados com as

métricas e ferramentas estabelecidas na Fase 3 e Fase 4. Da mesma forma, enquanto se treina a

equipe para entendimento do pensamento enxuto na Fase 3 é possível preparar colaboradores para

substituir o agente de mudança quando do término do projeto, atendendo a etapa “preparar para a

transição” na Fase 4.

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Figura 4.4 - Cronograma para implementação do modelo de gestão proposto.

Quanto ao tempo de implementação de cada fase, esse depende do tipo de organização,

podendo o prazo de conclusão ser mais curto ou mais longo. Se a organização já possui um

sistema de qualidade declarado, esta etapa pode ser pulada no cronograma. Assim, como qualquer

outra etapa dentro de cada fase, reduzindo o tempo de implementação do pensamento enxuto.

No próximo capítulo serão abordados a implementação do modelo de gestão proposto na

Divisão de Suprimento do Hospital de Clínicas da UNICAMP com objetivo de reduzir o lead

time e criar equipes multifuncionais trabalhando com layout celular e, com poder de decisão

delegada aos líderes de cada célula de compra.

FASE 2

EESSTTRRUUTTUURRAAÇÇÃÃOO DDOO TTQQMM DDEESSEENNVVOOLLVVEERR EE CCAAPPAACCIITTAARR AASS PPEESSSSOOAASS EELLIIMMIINNAARR OOSS OOBBSSTTÁÁCCUULLOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOO SSIISSTTEEMMAA DDEE IINNFFOORRMMAAÇÇÃÃOO EESSTTAABBEELLEECCEERR AASS FFEERRRRAAMMEENNTTAASS DDEE QQUUAALLIIDDAADDEE AA SSEERREEMM UUTTIILLIIZZAADDAASS

1122 MMEESSEESS

FASE 3 E FASE 4 IIMMPPLLEEMMEENNTTAARR AA TTRRAANNSSPPAARRÊÊNNCCIIAA AAPPRREENNDDIIZZAADDOO DDOO PPEENNSSAAMMEENNTTOO EENNXXUUTTOO FFEERRRRAAMMEENNTTAASS DDOO TTAAMMAANNHHOO CCEERRTTOO EESSTTAABBEELLEECCEERR AASS MMÉÉTTRRIICCAASS

1122 aa 3366 MMEESSEESS

FASE 5 ENVOLVA FORNECEDORES E CLIENTES DESENVOLVER ESTRATÉGIA GLOBAL PREPARAR A TRANSIÇÃO DA MELHORIA

>> 3366 MMEESSEESS

FASE 1 4 MESES

IIDDEENNTTIIFFIICCAARR OO AAGGEENNTTEE DDEE MMUUDDAANNÇÇAA MMIINNIISSTTRRAARR UUMM CCIICCLLOO DDEE WWOORRKKSSHHOOPP

MAPEAR A CADEIA DE VALOR TTRRAAÇÇAARR OO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO DDOO AAMMBBIIEENNTTEE DESDOBRAR A POLÍTICA DA QUALIDADE

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Capítulo 5

Implementação do modelo e análise dos resultados

5.1. Caracterização do ambiente

A pesquisa realizada no Hospital de Clínicas da UNICAMP busca produzir conhecimentos

que tenham relevância científica e gerencial. Para tanto, utiliza-se a metodologia científica da

pesquisa-ação e os princípios e regras do Sistema de Produção Enxuta como instrumento

facilitador para uma intervenção de forma eficaz na cadeia de suprimento do Hospital.

O Hospital de Clínica (HC) na cidade de Campinas, Estado de São Paulo é uma Unidade da

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e está situado no campus da Cidade Universitária,

no bairro de Barão Geraldo, com uma área construída de aproximadamente 56 mil m², possui

uma extensa área para atendimento ambulatorial e uma Unidade de Emergência Referenciada

(UER).

Considerado um centro referenciado de tratamento e atenção a saúde, o HC tem por

objetivo o ensino, a pesquisa e a assistência aos necessitados ou, mais especificamente: servir de

campo de ensino e treinamento multiprofissional, prestar assistência médico-hospitalar universal

referenciada, proporcionar meios para o desenvolvimento da pesquisa científica, colaborar para o

exercício da medicina preventiva e educação sanitária da comunidade.

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Além disso, o HC é considerado a maior unidade da área da saúde da Unicamp, e engloba

também o Centro de Assistência Integral a Saúde da Mulher (CAISM), o Hemocentro (centro de

referência hematológica e hemoterápico), o Gastrocentro (Centro de Tratamento e Pesquisa de

Doenças do Aparelho Digestivo), o Centro Interdisciplinar de Pesquisa Hematológica (CIPOI) e o

Hospital Estadual de Sumaré (situado na cidade de Sumaré, Estado de São Paulo). Todas estas

Unidades estão subordinadas a um Conselho de Administração, cujo presidente é o diretor da

Faculdade de Ciências Médicas e, na composição deste conselho, estão os chefes de

departamento da respectiva faculdade.

O Hospital de Clínicas está inserido no Sistema Único de Saúde (SUS) e, hoje é

considerados uma unidade de grande porte, com atendimento terciário e centro de transplante

regional. É referência a uma população de 5 milhões de habitantes distribuídas por mais de 100

cidades do estado de São Paulo, por isso, estratégico nas três esferas de governo.

Sua estrutura organizacional é do tipo funcional, onde o superintendente necessariamente é

um docente da Faculdade de Ciências Médicas é subordinado a ele há uma Coordenadoria de

administração e uma Coordenadoria de assistência: está subordinada respectivamente a elas, às

áreas administrativas e operacionais e, às áreas técnicas assistenciais.

O Hospital de Clínicas apresenta as seguintes características enquanto hospital de

referência:

− Possui 403 leitos;

− Taxa de ocupação de 90%;

− Atendimento ambulatorial de 30 mil/mês;

− Atendimento na unidade de emergência referenciada igual a 6 mil/mês;

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− Realiza aproximadamente 1200 cirurgias/mês;

− Possui orçamento de 140 milhões/ano.

A Figura 5.1 apresenta o esboço da área de atuação do trabalho dentro de uma cadeia de

suprimentos, mostrando que a pesquisa se limita ao ambiente interno do Hospital de Clinicas, ou

seja, se restringe apenas a Divisão de Suprimentos como uma unidade responsável pelo processo

de aquisição de materiais e equipamentos hospitalares.

Figura 5.1 - Esboço da área de estudo, mostrando os segmentos da cadeia de suprimento do HC. Fonte: Lima e Pinsetta, 2006.

No presente trabalho, o ambiente de estudo é a Divisão de Suprimento (DS), uma área

administrativa do Hospital de Clínicas, subordinada a Coordenadoria de Administração. Esta área

é composta pelos seguintes serviços: compras, administração de contratos, planejamento de

materiais, almoxarifado e patrimônio de materiais.

5.2. Caracterização da Cadeia de Suprimentos

O conceito de Cadeia de Suprimentos vem evoluindo ao longo dos últimos anos e teve

início, a partir dos conceitos de logística que, por sua vez, surgiu da evolução das teorias de

Tecnologia de Grupo. Portanto, Cadeia de Suprimentos é uma rede de negócios, autônomas ou

FORNECEDOR CLIENTE HOSPITAL DE CLÍNICAS

C A D E I A T O T A L D E V A L O R

Área de Estudo

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semi-autônomas, responsáveis coletivamente pela busca e compra de matéria prima, manufatura e

atividade de distribuições associadas com uma ou mais famílias de produtos (Simchi-Levi et.al.,

2000).

Cadeia de Suprimentos é também descrita como sendo uma interconexão das empresas que

se relacionam por meio de ligações à montante e à jusante entre os diferentes processos e,

produzem valor na forma de produtos e serviços para um consumidor final, (Slack et al. 2002).

Enfatiza ainda, que os fatores chaves para uma eficiente gestão da Cadeia de Suprimentos estão

centrados na necessidade de satisfazer os clientes de forma eficaz e gerenciar as necessidades dos

clientes de forma eficiente.

O entendimento da terminologia “Cadeia de Suprimentos” é o instrumento que gera

objetividade na gestão da cadeia. Para tanto, é importante a descrição dos termos para facilitar

que os funcionários compreendam a aplicação dos conceitos, proposta pela Cadeia de

Suprimento, no dia-a-dia das atividades por eles processadas.

A Figura 5.2 apresenta a configuração e terminologia utilizada em uma Cadeia de

Suprimentos onde cada função no sistema é percebida e compreendida por cada elo da cadeia.

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Figura 5.2 - Configuração e Terminologia da Cadeia de Suprimentos. Fonte: Slack, et. al., 2002

Observando a abrangência da cadeia de suprimentos mostrada na Figura 5.2, a pesquisa se

desenvolveu na Divisão de Suprimentos do HC que apresenta uma cadeia de suprimento menor

enfocando especificamente no Serviço de Compras, onde se desenvolveu o sistema de gestão

integrado para a atividade de compras do HC. Outros autores abordam outras terminologias para

a cadeia de suprimentos, porém para efeito de ilustração adotaremos uma abordagem exercida

pelo próprio hospital

5.3. Abordagem da Gestão da Divisão de Suprimentos do HC

A Divisão de Suprimentos é uma unidade administrativa dentro do organograma do HC que

tem como função abastecer e suprir os setores internos do hospital com material de boa qualidade

e no tempo hábil para atendimento das necessidades dos seus clientes. A DS engloba quatro

setores internos que são: serviço de compras, serviço de planejamento de materiais, serviço de

contratos, almoxarifado e patrimônio.

A operação

Lado do fornecimento Lado da demanda

Fornec. de segunda camada

Fornec. de primeira camada

Consum. de primeira camada

Consum. de segunda camada

Gestão de compras

Gestão de distribuição

Logística

Gestão de materiais

Gestão da Cadeia de Suprimentos

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O foco gerencial dentro da Divisão de Suprimentos estar voltado para o atendimento das

necessidades dos clientes e, para o Hospital de Clínicas, são os médicos e pacientes que

demandam por serviços. Portanto, a Gestão de Compras, destacada na figura acima, torna-se um

dos mais importantes elos da cadeia para o abastecimento do hospital, atendendo com insumos

necessários para o sequenciamento dos procedimentos médicos requeridos.

Cabe ao gestor de compras estabelecer uma conexão harmoniosa entre os colaboradores que

processam as aquisições e os fornecedores, tentando manter com estes um relacionamento estreito

e cooperativo.

O processo de aquisição inicia-se com a capacitação dos potenciais fornecedores de

insumos necessários para garantir a eficiência dos procedimentos médicos. Cabe então, a função

compra preparar requisições bem especificadas e encaminhá-las aos seus fornecedores para que

possam fazer as devidas cotações e devolvê-las para processamento interno, envolvendo as áreas

de armazenamento e do planejamento de materiais e financeiro, gerando, assim, um fluxo de

valor interno contínuo melhorando desta forma o desempenho da cadeia.

Para Oliveira e Carvalho (2004), a melhoria de desempenho do processo de aquisição de

uma cadeia de suprimentos pode vir pela redefinição do processo físico ou do processo de

decisão. Os autores enfatizam, ainda, que a integração pode se apresentar em diferentes formas e

é fundamentada na cooperação, onde as parcerias entre fornecedores e empresas podem trabalhar

de forma independente. Contudo, com objetivos e estratégias comuns.

Uma boa programação e um bom planejamento do abastecimento de materiais e serviços

são de fundamental importância para o desempenho da Cadeia de Suprimentos. Sendo assim, a

gestão da função compras é exigida para manter as aquisições com qualidade, entregas rápidas,

no momento certo e na quantidade correta, sendo capaz de flexibilizar sua programação,

alcançando preços compatíveis.

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Neste trabalho de pesquisa utiliza-se a filosofia do pensamento enxuto e a aplicação da

ferramenta de Mapeamento da Cadeia de Valor como instrumento de melhoria do desempenho na

Cadeia de Suprimentos do HC/UNICAMP. Porém, a gestão da “função compras”, por si só, não

garante a eficácia no sistema. Faz-se necessário, portanto, considerar a gestão da qualidade, de

pessoas e de informação como complementos gerenciadores da eficiência e eficácia capaz de

melhorar o desempenho operacional na cadeia.

A Cadeia de Suprimentos do HC apresenta características bem peculiares que a torna

diferente das demais cadeias, principalmente se comparada ao setor industrial.

Sua visão da cadeia é diferenciada pela forma de relacionamento com os demais elos, uma

vez que, primeiro: os clientes de primeira camada estão dentro do próprio hospital e segundo: a

Divisão de Suprimentos não faz gestão sobre os seus fornecedores. Contudo, a primeira

característica favorece e, a segunda, dificulta a gestão do processo de aquisição do hospital.

A Figura 5.3 apresenta o esquema da Cadeia de Suprimentos do HC com ênfase na Divisão

de Suprimentos onde se caracteriza internamente o serviço de compras como o processo crítico

para a equipe de melhoria e Alta Administração do HC.

O processo de aquisição se desenvolve a partir do pedido do cliente que sente a necessidade

de atendimento dos clientes de segunda camada. Este pedido entra na divisão de suprimentos

através de um pedido de compra que depois de processado é encaminhado ao fornecedor.

Depois de processado este pedido é entregue na divisão e suprimentos, setor de almoxarifado e

processado a entrega para o cliente de primeira ordem.

Entende-se cliente de primeira ordem os médicos, enfermeiros, laboratórios entre outros

setores internos ao HC e cliente de segunda ordem os pacientes usuários do hospital

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Figura 5.3 - Configuração esquemática da Cadeia de Suprimentos do HC com ênfase na Divisão de Suprimentos. Fonte: Lima e Pinsetta, 2006

A partir desta visão interna da cadeia é que se alavanca a melhoria de desempenho, porém,

vários fatores influenciam e limitam o processo de aquisição dentro desta configuração,

respectivamente citados nos dois itens abaixo.

− A aproximação dos clientes com a Divisão de Compras facilita os feedbacks

necessários para dirimir quaisquer dúvidas no processo; a participação dos clientes na

programação de compra enriquece o planejamento de aquisição de materiais e, a

avaliação prévia realizada pelos próprios clientes, antes da aquisição dos materiais que

entram no hospital favorece a eliminação dos desperdícios.

− Ambiente altamente burocrático; inflexibilidade nos processos administrativos;

funcionários resistentes e com vícios profissionais; fluxo de informação truncado e

imposição da lei 8666 com regulamentos e critérios de aquisição.

5.4. Dinâmica para implementação do modelo

A implementação do modelo anteriormente citado se dá por meio do Mapeamento do

Fluxo de Valor onde, o pesquisador caminha por todo o fluxo do processo de aquisição dentro da

CLIENTES FORNECEDORES

FABRICANTE DISTRIBUIDOR VAREJISTA

DIVISÃO DE SUPRIMENTOS

TODAS AS ÁREAS DO HOSPITAL

FOLLOW UP

MATERIAL MATERIAL

PEDIDOS

MELHORIAS

CLIENTE DE SEGUNDA

CAMADA

IN PUT OUT PUT

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cadeia de suprimentos do Hospital de Clínicas e com auxílio de papel e lápis, traça os mapas do

estado atual e futuro (MEF), para o processo a ser estudado.

Antes de traçar o primeiro mapa, é importante ter definido as famílias de produtos que serão

avaliados e seus fluxos, percorridos de modo que o pesquisador ou agente de mudança possa

visualizar o processo, desde sua saída até a entrada do pedido no ambiente a ser estudado. Ou

seja, deve percorrer o fluxo da cadeia de valor no sentido anti-horário, começando pelo

recebimento de material.

Outros pontos importantes, ainda nesta fase, são as Definições Operacionais que irão

facilitar a descrição do escopo do trabalho, bem como a Definição das Métricas a serem utilizadas

no diagnóstico em cada fase do mapeamento.

Portanto, a dinâmica de implementação do Mapeamento do Fluxo de Valor no HC, segue o

modelo descrito por Rother e Shook (1998), como mostrado na Figura 5.4:

Figura 5.4 - Dinâmica do Mapeamento do Fluxo de Valor. Fonte Rother e Shook, 1999.

PLANEJAR E IMPLEMENTAR

Plano de trabalho

Desenho do estado futuro

Desenho do estado atual

Definição da família de produtos

O entendimento do fluxo do processo no

ambiente administrativo, facilita o desenho do

estado futuro.

Projetar fluxo enxuto e desenvolver um novo

diagnóstico.

Determine as famílias de produtos, agrupando-as por similaridades de processo e afinidade pessoal.

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5.5. Planejamento estratégico para implementação

Utilizando o modelo integrado proposto, dá-se início a implementação do pensamento

enxuto em ambiente administrativo prestador de serviço, é preciso que a alta administração esteja

comprometida com o desenvolvimento da Fase 1 (planejamento estratégico) para implementação

do SPE. Para tanto, o Diretor da empresa, precisa alocar os recursos necessários para

desenvolvimento das etapas do planejamento, a saber:

− Análise do ambiente administrativo estudado para que se conheça a situação atual do

local a ser implementado, analisando as várias situações: financeira, de pessoal, de

processo, de produção, de informação, etc.

− Definição da missão, visão e objetivos a fim de que toda a organização conheça e

entenda as diretrizes organizacionais como suporte ao comprometimento e engajamento

no projeto de melhoria.

− Formular a estratégia organizacional e funcional. A organização deve proporcionar, a

todos os colaboradores a participação no processo de desenvolvimento do planejamento

para implementação do modelo, fazendo com que todos participem das tomadas de

decisão em cada nível hierárquico.

− Desenvolver um perfil de implementação, pois os gerentes precisam ter um perfil

gerencial compatível e desenvolver um único padrão para a implementação das

melhorias.

− Estabelecer o controle estratégico em que a auditoria de melhoria deve ser garantida com

critérios definidos para se avaliar o progresso das melhorias alcançadas.

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Análise do ambiente administrativo

Quanto à análise do ambiente administrativo, realiza-se um estudo amplo sobre a situação

financeira, estrutural e de pessoal do HC, para obter o entendimento de como seria conduzido o

projeto de melhoria, aplicando a filosofia do SPE. Neste sentido, dá-se início ao planejamento

necessário para implementação do modelo utilizando as técnicas de análise do ambiente

desenvolvida por Certo (1993), que avalia os seguintes aspectos:

− organizacionais;

− financeiros;

− de pessoal;

− de produção;

− de informação.

No primeiro aspecto, o organizacional, as respostas solicitadas abrangem uma análise de

como o hospital responde quanto à hierarquia interna dentro do organograma do HC: o que os

gerentes fazem para envolver os funcionários no projeto de melhoria, como as decisões são

desdobradas pelos vários setores do hospital e, se existe transparência na definição da missão e

dos objetivos traçados.

No aspecto Financeiro, o HC respondeu na avaliação do planejamento, o quanto estaria

disposto a investir no projeto de melhoria, de modo a não criar expectativa excessiva no ambiente

e se reduzir a possível resistência às mudanças que serão implementadas.

Quanto ao aspecto de pessoal, observa-se a necessidade de os gestores conhecerem o

potencial profissional dos funcionários nas diversas áreas do HC, darem oportunidade de

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treinamento e crescimento profissional, traçarem perfil profissional para desenvolvimento de

talentos e, desenvolverem processo de avaliação do desempenho funcional justo e periódico.

Segundo Gil (2001), a tendência nas organizações modernas é que se reconheça o

empregado como parceiro, já que todo processo produtivo realiza-se com a participação conjunta

de diversas parceiras, com fornecedores, acionistas e clientes.

Quanto ao aspecto da produção, avaliou-se o parque produtivo, o layout interno, as

tecnologias existentes, o fluxo de produção, a rejeição ou refugos dos processos administrativos,

o fluxo de informação, e a definição do processo crítico da área onde o projeto de melhoria seria

implementado.

Com o resultado desta análise do ambiente foi possível identificar algumas características

gerenciais do HC que direcionaram o projeto de melhoria, como:

− A estrutura hierárquica do HC é funcional, com vários níveis de decisão;

− As tomadas de decisão dentro do hospital são, muitas vezes, altamente centralizadas nas

mãos da alta gerência, portanto, não é padrão que seus funcionários participem dessas

tomadas de decisão;

− Além disso, há uma certa imposição por parte dos gerentes, do tipo “faça o que eu

mando”;

− Os funcionários desconhecem os objetivos organizacionais e não sabem qual a missão

do setor em que atuam;

− Apesar do desconhecimento de seus objetivos e de sua missão, observa-se um alto grau

de comprometimento dos funcionários em realizar as tarefas, porém, sem o compromisso

com a qualidade dos resultados;

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− Muitos funcionários apresentam defasagem profissional em decorrência de falta de

treinamento e capacitação;

− Os desperdícios nos processos administrativos são elevados e, muitas vezes, ignorados

pela média gerência.

− A sonegação da informação pela média gerência é um fator decisivo para a geração dos

desperdícios encontrados.

Definição da missão, visão e objetivos organizacionais

A missão do Hospital de Clínicas, definida pela alta direção, é a de ser um hospital de

referência e excelência, prestando assistência complexa e hierarquizada, formando e qualificando

recursos humanos, produzindo conhecimento, atuando no Sistema de Saúde e valorizando os

princípios de humanização com racionalização de recursos e otimização de resultados.

Vale ressaltar que essa declaração de missão direcionou as diretrizes a serem traçadas pela

Divisão de Suprimentos para atingir os padrões de qualidade nos serviços prestados por esta

unidade administrativa.

Portanto, a missão da Divisão de Suprimento, declarada pela equipe de melhoria é, a de

“suprir o Hospital de Clínicas com materiais, medicamentos, gêneros alimentícios, e

equipamentos necessários ao desenvolvimento de suas atividades, gerenciando os contratos de

fornecimento de materiais e serviços, planejando, administrando e controlando o estoque do

almoxarifado e o controle patrimonial”.

Os colaboradores declararam ainda que os valores da Divisão de Suprimentos, no qual se

apóiam para desenvolver e comprometerem-se com os objetivos organizacionais, que são

(declaração extraída de reunião de kaizen):

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− “Nossos clientes são o foco de tudo que fazemos”;

− "As pessoas são as fontes de nossa força competitiva”;O envolvimento e trabalho em

equipe são nossos métodos de operação”;

− “A melhoria contínua é essencial para o nosso sucesso”;

− “A comunicação aberta, de duas mãos, é essencial ao processo de melhoria e à nossa

missão”.

Quanto ao futuro desejado pela Divisão de Suprimentos, após a implementação do projeto

de melhoria, foi declarada, pelos próprios funcionários do hospital, a visão da área estudada,

conforme descrita:

“Nossa Visão é tornar-se uma unidade administrativa do HC eficaz e eficiente nas respostas

rápidas às necessidades e expectativas de nossos clientes”

Diante dessa visão e, como passo seguinte no processo de melhoria, realizou-se um

diagnóstico da área com objetivo de conhecer seus pontos fracos e fortes bem, como as

oportunidades e riscos que pudessem ser detectados pelo projeto de melhoria no processo de

aquisição.

A matriz SWOT apresentada abaixo na Figura 5.5, descreve um resumo do diagnóstico

quanto à estrutura da Divisão de Suprimentos.

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Figura 5.5 - Resultado da análise da matriz SWOT na DS

Formular a estratégia organizacional e funcional

Diante dos fatos acima descritos e, da necessidade de se suprir o hospital com eficiência,

eficácia e melhorar sua qualidade no processo de aquisição, elegeu-se a Divisão de Suprimentos

como a área crítica em que o projeto de melhoria deveria ser implementado. Na formulação da

estratégia para implementação das melhorias desejadas, definiu-se, então:

− Identificar o agente de mudança;

− Mapear a cadeia de valor da Divisão de Suprimentos;

− Traçar o diagnóstico do ambiente da DS;

− Desdobrar a política da qualidade do HC para a DS.

Funcionários experientes Ambiente estável Alta Direção do HC comprometida

Funcionários desmotivados Recursos financeiros escassos Desperdícios excessivos

Funcionários envolvidos Receptividade o projeto de melhoria Envolvimento da Alta gerência

Gerar alta expectativa no ambiente Rotatividade de funcionário Desperdícios por falta de recursos

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

OPORTUNIDADES RISCOS

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Para entendimento da cadeia de valor utiliza-se o método do Mapeamento do Fluxo de

Valor para diagnosticar os possíveis processos críticos, o nível de estoque em processo, gargalos

e desperdícios. Para tanto, coleta-se os resultados de cada etapa do processo de aquisição onde

foram observadas durante o primeiro período da pesquisa dez amostras aleatórias sendo

analisadas na planilha de controle do processo de aquisição (Anexo 1), em seguida faz-se um

estudo dos tempos em cada etapa do processo avaliando os elementos de trabalho utilizando a

Planilha de Estudo do Processo (Anexo 2), com este levantamento cria-se o Fluxograma Vertical

para cada modalidade de aquisição tais como elas se desenvolvem, cronometrando os tempos de

cada atividade do processo de acordo com a função que cada setor desempenha no processo de

aquisição (Anexo 3), com o objetivo de determinar os tempos de ciclo em cada atividade foi

cronometrado as atividades de cada setor para conclusão de cada elemento de trabalho estudado,

com o auxilia da Planilha do Kaizen no Papel para Análise do Conteúdo de Trabalho levantou-se

o Tempo de Ciclo total do Processo de Aquisição (Anexo 4). A partir desta análise foi traçado o

Mapa do Estado Atual da Divisão de Suprimentos conforme apresentado na Figura 5.6.

Figura 5.6 - Mapa do Estado Atual do processo de aquisição na Divisão de Suprimentos

O diagnóstico apresentou o processo de aquisição com muitos problemas relacionados à

burocracia existente, pela concentração de poder e pela inflexibilidade dos gerentes quanto às

mudanças, no que tange ao fluxo de informação.

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Observa-se ainda uma quantidade excessiva de estoques em processo o que demonstra um

alto nível de desperdício e gargalo na Divisão de Suprimentos.

Outro ponto importante, caracterizado como um “incômodo” para a alta-administração do

HC, é o tempo médio excessivo para finalizar um processo de aquisição, definido como lead time

do processo. Além disso, o elevado tempo de ciclo era um outro fator que contribuía para o baixo

desempenho do processo de aquisição, devido as paradas excessivas das atividades, ocasionadas

pelas esperas desnecessárias, movimentação excessiva e retrabalhos.

O controle de entrega dos produtos adquiridos também foi diagnosticado como um fator

gerador de desperdícios, uma vez que as entregas feitas, ora no almoxarifado ora diretamente para

o usuário, muitas vezes, gerava duplicidade de compra e estoque desnecessários.

Diante desses resultados, foram coletados dados do processo, tal como se comportava no

sistema, e posteriormente plotados, e constatou-se a média dos valores, resultando em lead times

altamente elevados para o processo de aquisição: 245 dias para aquisição com modalidade com

licitação e 95 dias para modalidade sem licitação. Visa ressaltar que, estes resultados

surpreenderam, até mesmo a alta direção do HC.

O diagnóstico direcionou assim, os objetivos traçados pela equipe de melhoria da DS, onde

o tempo de processamento passou a ser o objetivo principal a ser melhorado na implementação do

modelo.

Desenvolver um perfil de implementação das melhorias

Diante do diagnóstico apresentado no Mapa do Estado Atual, a equipe de melhoria em

conjunto com todos os funcionários, definiu os objetivos a serem alcançados pelos compradores

do Serviço de Compras, descritos na Tabela a seguir:

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Tabela 5.1 – Descrição dos objetivos, metas e indicadores da DS

Definido as diretrizes organizacionais e o desdobramento para dentro da Divisão de

Suprimentos, o passo seguinte corresponde à descrição dos padrões a serem atingidos pelo

serviço de compras da DS.

Depois de declarados os objetivos da Divisão de Suprimentos, se desenvolveu o plano de

ação para implementação das melhorias desejadas, Figura 5.7, onde aplica-se ferramenta 5W1H

para delegar responsabilidades nas atividades entre os colaboradores da DS.

Diante da definição do plano de ação, o resultado aparece descrito a seguir.

Os setores eleitos a serem estudados foram: planejamento de materiais, serviço de contrato

e de compras. Porém, o último foi eleito o processo crítico dentro de toda área.

OBJETIVOS, METAS E INDICADORES Folha:

1/1

OBJETIVOS METAS INDICADORES

REDUZIR O TEMPO DOS PROCESSOS DE AQUISIÇÃO

Reduzir o LEAD TIME dos processos até jul/2004

LEAD TIME ≤ 80 dias

ATENDER A DEMANDA COM PONTUALIDADE

Reduzir os atrasos nas entregas até jul/2004

≤ 20 %

MELHORAR O ESEMPENHO OPERACIONAL

Reduzir a % de erros na emissão de doc. até jul/2004

≤ 10 %

ATENDER OS CLIENTES COM EFETIVIDADE

Responder ao usuário no menor tempo possível

≤ 10 dias

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Figura 5.7 - Plano de ação para implementação das melhorias na DS

A partir de então, desdobra-se o objetivo organizacional para os colaboradores do serviço

de compras estabelecendo as métricas qualitativas e quantitativas a serem atingidas, conforme

mostra na Figura 5.8.

Figura 5.8 - Desdobramento do objetivo organizacional no serviço de compras da DS

PLANO DE AÇÃO ONDE: Definir os setores a serem estudados, conhecer fornecedores e clientes internos. QUE: Detalhar claramente o que será executado. PORQUE: Descrever de forma clara e transparente os objetivos organizacionais. QUANDO: Definir o dia da alavancagem do projeto. QUEM: Definir os sujeitos, Equipes de melhoria, Agente de Mudança. COMO: Realização de workshop, treinamento e capacitação funcional e

padronização dos processos administrativos.

DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS QUANTITATIVOS

• Redução de LEAD TIMES

• Eliminação dos DESPERDÍCIOS

• Aumento de PRODUTIVIDADE

• Ganho de ÁREA

• Trabalho dentro do TEMPO TAKT QUALITATIVOS

• Aumento do DESEMPENHO operacional

• Gerar FLUXO contínuo

• Aumentar a MOTIVAÇÃO da equipe

• Criar equipe MULTIFUNCIONAL

• Implementar o 5S

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O plano de ação foi desenvolvido para que a implementação se desse imediatamente, o

que ocorreu ainda no segundo semestre de 2003 com a criação das equipes de melhoria.

Neste mesmo momento elegeu-se o Coordenador Administrativo como o Gestor do

Projeto de Melhoria, a equipe de melhoria foi composta por colaboradores de todos os setores da

DS, com objetivo de facilitar o entendimento da conexão dos processos administrativos; o Agente

de Mudança é um pesquisador externo à organização e recebe apoio interno de um facilitador,

para conhecer e caminhar pelo hospital, entender o fluxo do processo de aquisição dos materiais e

equipamentos hospitalares.

Por fim, respondendo ao “como” do plano de ação, foi consenso na DS que os trabalhos

de workshop (treinamento e capacitação) seriam todos gerenciados pelo agente de mudança em

conjunto com o facilitador e o gestor do projeto; enquanto que a padronização das atividades seria

de competência dos próprios colaboradores e, discutida e aprovada pela equipe de melhoria.

Estabelecer o controle estratégico

O controle estratégico foi definido através do desdobramento do objetivo organizacional

para o interior do serviço de compras da Divisão de Suprimentos e recaíram sobre os processos de

aquisições realizadas através das modalidades licitação e pequenas aquisições, a partir das ações

de melhoria, definidas pela equipe de melhoria e analisadas a partir do mapa do estado atual,

mostrado na Figura 5.6.

Diante dos resultados da análise, foram apresentadas as seguintes Ações de melhoria a

serem implementadas no serviço de compras, gerando o Mapa do Estado Futuro 1:

− Redesenhar os fluxos dos processos de aquisição;

− Eliminar as etapas que não agregam valor ao processo;

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− Treinar os funcionários nos conceitos de TQM e SPE;

− Traçar o Mapa do Estado Futuro 1.

Na análise do redesenho dos fluxos dos processos de aquisição foi possível eliminar os

desperdícios gerados no processo de aquisição conforme descritos no Anexo 5 sendo alguns

listados como: excesso de assinaturas, ambigüidade de fluxo de informação devido a falha na

especificação dos materiais o que ocasionava grande volume de desperdícios, além de reduzir os

movimentos desnecessários realizados pelos compradores em função de falta de equipamentos

mais próximos do setor de trabalho. O levantamento destes desperdícios foi realizado num

período de três meses, sendo acompanhado em cada setor da DS e lançado na Planilha de

Levantamento de Desperdício (Anexo 6), sendo resumido na Planilha de Quantificação de

Desperdício (Anexo 8). Todas as etapas de discussão da equipe de melhoria foram desenvolvidas

utilizando o Formato A3 para planejamento das melhorias (Anexo 7).

Da mesma forma de avaliação do Mapa do Estado Atual apresentado na Figura 5.6, fez-se o

estudo dos Elementos de Trabalho para levantar o tempo de cada etapa do processo mostrado no

Anexo 9. A partir de então, desenhou-se o fluxograma vertical (Anexo 10) para esta nova

situação do estado futuro do processo. Para o estudo dos tempos que não agregam valor ao

processo de aquisição avaliou-se os elementos de trabalho apresentados no Anexo 4 na situação

Atual e depois da eliminação das atividades não agregadoras de valor e do estudo do Kaizen no

Papel (Anexo 11), ao processo melhorado passando este a ser o processo Atual no novo Mapa do

Estado Atual.

Com as medidas acima descritas e com treinamento dos funcionários, novos dados do fluxo

da cadeia de valor, dentro da DS, foram levantados e analisados por meio do Mapa do Estado

Futuro 1, (Figura 5.9).

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Figura 5.9 - Mapa do Estado Futuro 1

Com as melhorias implementadas e com o desenho do MEF 1, novas coletas de dados

foram realizadas para avaliação final do primeiro semestre do Projeto de Melhoria, apresentando

novos resultados discutidos a seguir.

Diante do Mapa do Estado Futuro 1, foram coletados, ao longo do primeiro ano de

implementação do modelo integrado de gestão, os valores referentes ao lead times e do tempo de

ciclo do processo de aquisição na modalidade, com licitação; sendo estes resultados ilustrados no

gráfico da Figura 5.10. Observa-se, também, uma drástica redução dos valores encontrados no

Mapa do Estado Atual (Figura 5.6), confirmando a eficácia da implementação das ações de

melhoria como fator de sucesso nesta primeira análise do Projeto de Melhoria do HC.

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114

Figura 5.10 - Diagnóstico do lead time no processo de aquisição com licitação

Da mesma forma foram coletados os dados para a modalidade sem licitação, e plotados em

gráficos gerados pelo Excel, apresentando também, resultado bastante elevado para o lead time,

apesar de a redução também se ter mostrado bastante drástica ao longo do primeiro ano de

implementação do modelo, conforme mostra a Figura 5.11.

Figura 5.11 - Diagnóstico do lead time no processo de aquisição sem licitação

Um ponto de análise a ser considerado neste primeiro levantamento de dados diz respeito à

utilização das médias dos valores coletados no processo de aquisição, gerando questionamentos

sobre a análise da variabilidade do processo, uma vez que os gráficos acima, não apresentam esta

variação em função dos valores médios.

MELHORIAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO COM LICITAÇÃO

245184

133 12190 90 90 90

050

100150200250300

1ºT

RIM

ES

TR

E

2ºT

RIM

ES

TR

E

3ºT

RIM

ES

TR

E

4ºT

RIM

ES

TR

E

P E R Í O D O S

DIA

S LEAD TIME

META

MELHORIAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO SEM LICITAÇÃO

95 80 682830 30 30 30

050

100150200

1ºT

RIM

ES

TR

E

2ºT

RIM

ES

TR

E

3ºT

RIM

ES

TR

E

4ºT

RIM

ES

TR

E

P E R Í O D O S

DIA

S LEAD TIME

META

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115

Com objetivo de aproveitar as potencialidades encontradas no fluxo da cadeia de valor,

implementou-se, ainda, a estratégia para desenvolvimento e capacitação funcional dos

colaboradores, gerada a partir da Fase 2 do modelo.

Há necessidade de implementação de novas melhorias e da mudança de comportamento dos

colaboradores para novos desafios, pois o modelo exige a aplicação de conceitos de gestão de

qualidade, de pessoas e de informação como elementos diferenciadores da estrutura

organizacional a ser traçada pelo novo ciclo de melhoria (PDSA)

5.6. Gestão da Qualidade, Gestão de Pessoas

Para dar continuidade à implementação do modelo e à utilização da filosofia do Sistema de

Produção Enxuta na DS é necessário o alinhamento na base do modelo, Fase 2, com aplicação

dos conceitos de gestão da qualidade, de pessoas e da informação capazes de gerar um fluxo de

processo contínuo, por meio de trabalhos padronizados e fluxo de informação de duas vias.

Nos itens a seguir, serão abordados os elementos desta fase, seguidos na implementação da

filosofia do SPE para gerar os resultados desejados.

Gestão da Qualidade

Nesta fase da implementação, foram realizadas seções de workshop necessárias para alinhar

a linguagem da qualidade e disseminar os conceitos em todas as áreas da Divisão de Suprimentos

para que todos tivessem conhecimento das técnicas e ferramentas a serem utilizadas para coleta

dos dados, bem como, entender o processo de melhoria.

A disseminação dos conceitos de qualidade consolidou-se com uma série de atividades e

reuniões onde todos os funcionários, fornecedores e clientes internos contribuíram para as

mudanças desejadas. As atividades desenvolvidas nesta fase foram:

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116

− Pesquisa de opinião dos clientes;

− Workshops;

− Criação de Equipes de Melhoria;

− Implementação do programa de 5S;

− Aplicação das ferramentas básicas da qualidade;

− Desenvolvimento de Células de Trabalho;

− Trabalho padronizado.

Aplicou-se, então, a pesquisa de opinião dos clientes , para que a DS pudesse conhecer e

definir o valor sobre a ótica dos clientes (Principio 1 do pensamento enxuto) e, a partir deste

conhecimento, traçar os objetivos que venham atender estas exigências. A metodologia aplicada

nesta etapa da implementação foi a entrevista direcionada e, os formulários (Anexo 12) foram

enviados para todos os clientes da DS com prazo determinado para resposta.

Do total de clientes pesquisados, 45% devolveu os formulários respondidos e os resultados

apresentaram-se bastante significativos para análise dos dados: em primeiro lugar, os clientes

queriam velocidade no processo de aquisição (menor lead time) como valor requerido pelos

clientes, em segundo os respondentes apontaram para a participação no planejamento do processo

de aquisição, resultado esse, sobre a ótica dos respondentes que continham maior significado para

o processo de aquisição.

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117

Nos eventos realizados através do workshop, vários mini-cursos foram ministrados para

nivelamento do conhecimento no uso de ferramenta e técnicas de coleta de dados e uniformização

da linguagem interna voltada para um ambiente de qualidade.

Um dado relevante nesta etapa de implementação foi o alto índice de participação dos

funcionários nos mini-cursos, chegando a 92,8% do total de 106 funcionários lotados na Divisão

de Suprimentos.

Dessa forma, com aproximadamente 10 mini-cursos ministrados, de duração média de 108

horas no primeiro ano, foi possível uniformizar a linguagem interna, ter conhecimento das

ferramentas básicas da qualidade e do programa 5S como base para a melhoria contínua dos

processos.

Após a realização dos treinamentos criou-se, então, o grupo gestor, formado pelos

funcionários. Esse grupo é responsável para dar andamento ao projeto de melhoria, conduzir as

reuniões de kaizen e padronizar as atividades desenvolvidas pelos funcionários.

Criou-se, ainda, a equipe de 5S responsável pela melhoria radical (Kaikaku) através da

implementação do programa de 5S no Serviço de Compras trabalho não concluído por não fazer

parte do escopo do projeto, uma vez que já havia, dentro do HC, uma equipe que desenvolvia este

programa.

Para conclusão desta fase, realizou-se a reestruturação física do ambiente e de aproximação

das atividades, possibilitada pela implementação de células de trabalho e do trabalho

padronizado, bem como, pela aquisição de novos equipamentos.

Gestão de Pessoas

Como base de sustentação do modelo, a gestão de pessoas teve uma abordagem

diferenciada do padrão desenvolvido pela Administração de Recursos Humanos. Conscientes de

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118

que esta etapa exige maior qualidade no tratamento com os funcionários, maior ativo da empresa,

foram desenvolvidas as seguintes mudanças na gestão dos processos administrativos:

− Formação de líderes: os funcionários, após treinamento no curso de liderança e

motivação para a qualidade, foram classificados como líderes de células. Com esta

nova função, agora é possível eliminar desperdícios no processo de aquisição.

− Atividades multifuncionais: o treinamento para desenvolver atividades múltiplas

facilitou a montagem das células de produção, uma vez que os funcionários passaram

do desenvolvimento de atividades individuais para o de trabalho em equipe.

− Autonomia: com a mudança na estrutura física da Divisão de Suprimentos e

estruturação das células de trabalho, torna-se necessário delegar competência às líderes

de células a fim de desenvolverem as atividades com autonomia e sem

desperdícios.Tomada de decisão: com poder para tomar as decisões necessárias e

garantir o fluxo contínuo dos processos de aquisição pelas próprias células, foi possível

reduzir o lead time atendendo, desta forma, os objetivos organizacionais.

− Reclassificação profissional: a organização deve nivelar os cargos administrativos dos

colaboradores, porém a estrutura burocrática impediu que este processo se

concretizasse, gerando um desconforto para o progresso do projeto, contornado pelo

comprometimento da equipe de melhoria.

Para Chakravorty e Halles (2003), é importante que antes de se iniciar a discussão sobre a

implementação de células de trabalho, que seja identificado alguns passos para esta abordagem,

quais sejam:

− Estabelecer um contexto estratégico;

− Analisar o desempenho do sistema existente;

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− Produzir um alto nível estrutural e operacional;

− Fixar produtos, equipamentos e pessoas para a célula;

− Conduzir detalhes do projeto da célula que ajudem nas questões estruturais e

operacionais;

− Implementar o novo desenho; e

− Avaliar e melhorar o desenho continuamente.

Diante das mudanças desenvolvidas após o diagnóstico realizado na DS, os funcionários

passaram a desenvolver as atividades multifuncionais e trabalhar com layout celular, através de

famílias de produtos.

Após o desenvolvimento desta etapa, criou-se, então, o processador de compras e, assim,

uma visão diferenciada, por parte do Gerente da Unidade da gestão do processo de aquisição, uma

vez que, a partir de então, a distribuição dos pedidos de compras passou a ser direcionada para

cada célula dentro do processador, conforme mostrado na Figura 5.12.

Figura 5.12 - Processador de compras mostrando a composição das células e as famílias de produtos

Com esta nova configuração de layout, as tomadas de decisão quanto à modalidade de

aquisição dos materiais e equipamentos hospitalares a serem adquiridos, passam a ser dos líderes

e membros de cada célula.

CÉLULA A

4 4 3 3

Médico-Hospitalar

Diversos e Engenharia Eventuais

CÉLULA B CÉLULA C CÉLULA D

PROCESSADOR DE COMPRAS

Farmácia,

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120

Para classificação das células e das famílias de produtos foram considerados os seguintes

aspectos:

− Experiência profissional do comprador;

− Afinidade do comprador com os fornecedores;

− Conhecimento dos materiais e do usuário;

− Facilidade de entendimento do material a ser adquirido;

− Troca de informação com os usuários;

− Similaridade dos processos de aquisição.

Com as etapas de Gestão de Qualidade e Gestão de Pessoas, trabalhadas no serviço de

compras da DS, foi possível avaliar e redesenhar um novo Fluxo da Cadeia de Valor para o

processo de aquisição. Diante dos resultados da análise, foram apresentadas as seguintes Ações

de Melhoria que geraram o Mapa do Estado Futuro 2:

− Redesenho e análise do fluxo dos processos;

− Eliminação dos gargalos e desperdícios;

− Estabelecimento da conexão dos processos na cadeia de valor;

− Reformulação do layout;

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− Definição das famílias de produtos;

− Desenvolvimento do processador de compras;

− Desenho do Mapa do Estado Futuro 2.

Redesenhar o fluxo de valor requer, novamente, caminhar pela cadeia do fluxo de valor

para encontrar os gargalos ainda existentes e eliminar os desperdícios encontrados. Neste

caminhar foi possível traçar uma matriz que demonstrasse a responsabilidade de cada setor da

cadeia na geração dos desperdícios encontrados, eliminando-os e, imediatamente, estabelecendo

um novo fluxo de informação capaz de reduzir o lead time a partir desta intervenção.

Segundo Lima e Lima (2006), as ações de melhoria que dão sustentação ao modelo

proposto de gestão e aos resultados são:

− Criação de um processador de compras com funções gerenciais;

− Divisão das atividades em células de trabalho;

− Classificação dos materiais em famílias de produtos;

− Delegação poderes para os líderes das células;

− Desenvolvimento de equipes multifuncionais;

− Tomada de decisão com base em ampla discussão das equipes.

Para tanto, a equipe de melhoria realizou, ainda, um estudo muito criterioso para redesenhar

o layout da cadeia de valor, de forma que os processos de aquisição pudessem ser desenvolvidos

com atividades multifuncionais por todos os participantes das células. Disso, criou-se, então, no

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Serviço de Compras da DS quatro células para atender as famílias de produtos elaboradas pela

equipe de melhoria, conforme mostrado na Figura 5.9. Essas células foram disponibilizadas num

“processador de compras”, termo este definido para diferenciar as atividades dos compradores

daquelas desenvolvidas pelo serviço de compras que não deixou de existir.

Ao analisar o novo desenho dos fluxos dos processos de aquisição observa-se que ainda há

desperdícios no processo de aquisição que devem ser removidos. Inicia-se um novo ciclo de

melhoria através do Estudo do Processo (Anexo 13) gerando assim o novo Fluxograma Vertical

(Anexo 14) para o Processo de Aquisição que após supressão das atividades que não agregam

valor traçou-se o Mapa do Estado Futuro 2.

Desta forma, a avaliação do Mapa do Estado Futuro 1 apresentado na Figura 5.9, requereu

a avaliação dos Elementos de Tempo utilizando o Kaizen no Papel (Anexo 15). Implementadas as

ações de melhoria nesta fase, o próximo passo foi mapear a cadeia de valor para traçar o Mapa do

Estado Futuro 2, mostrado na Figura 5.13.

Figura 5.13 - Mapa do Estado Futuro 2

Analisando o Mapa do Estado Futuro 2, acima apresentado, observa-se que o lead time

reduziu para 90 dias, o que corresponde a pouco mais do que fora definido como objetivo a ser

atingido pela Divisão de Compras (Tabela 5.1) e, que o tempo de ciclo reduziu para 3,0 horas na

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123

atividade chegando a 60% do realizado no Mapa do Estado Futuro 1. Este dado foi resultante da

forma em que os pedidos passaram a ser encaminhados do almoxarifado para o usuário e

posteriormente, ao planejamento de materiais por via informatizada e, ainda, devido o quanto de

velocidade, a multifuncionalidade exercida pelos colaboradores, pôde gerar como resposta rápida

aos clientes internos e externos.

Esta fase da implementação se estende no Projeto até 24 meses do início da pesquisa.

Inicia-se pela transparência dos objetivos para o interior da organização a fim de gerar um

comprometimento dos clientes na busca das melhorias, estabelecer um aprendizado contínuo da

filosofia do pensamento enxuto a ser utilizada por todos os colaboradores do serviço de compras,

estabelecer as ferramentas e técnicas certas para controle do processo de aquisição e, por último,

definir as métricas que possam responder como indicadores das melhorias alcançadas.

Portanto, os resultados analisados nesta fase, remetem-se ao primeiro semestre do início do

projeto e estendem-se por três semestres consecutivos, onde é avaliado se o resultado encontrado

realmente caracteriza uma melhoria.

Diante da necessidade de melhorar a análise dos dados coletados, redefiniu-se a técnica de

pesquisa para análise dos dados, onde passou a utilizar o software MiniTab, para plotagem e

análise dos dados por meio de gráficos de controle.

Quanto ao processo de aquisição com licitação, o resultado se confirmou para o lead time

no final do quarto trimestre quando utilizado o software MiniTab e realizada a análise por

gráficos de controle, conforme ilustra a Figura 5.14.

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124

0Subgroup 10 20 30 40

0

100

200

VA

LOR

ES

IN

DIV

IDU

AIS

Média=95,3

LSC=159,4

LIC=31,17

1º TRIMESTRE

0102030405060708090

AM

PLI

TUD

E

R=24,11

LSC=78,78

LIC=0

GRÁFICO DE CONTROLE DO LEAD TIME POR TRIMESTRE

2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE 4º TRIMESTRE

1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE 4º TRIMESTRE

Figura 5.14 – Gráfico mostrando a redução do lead time após MEF – 2 no processo de aquisição

com licitação

Da mesma forma, os processos de aquisição na modalidade sem licitação sofreram

significativa melhoria ao longo do primeiro ano do projeto, como ilustra a Figura 5.15.

0Subgroupo

10 20 30 40

0

50

100

150

VA

LOR

ES

IN

DIV

IDU

AIS

Média=30,8

LSC=68,63

LIC=-7,025

1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE 4º TRIMESTRE

0

50

100

AM

PLI

TUD

E

R=14,22

LSC=46,47

LIC=0

GRÁFICO DE CONTROLE DO LEAD TIME POR TRIMESTRE

1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE 4º TRIMESTRE

Figura 5.15 - Gráfico mostrando a redução do lead time após MEF - 2 no processo de aquisição sem licitação

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125

Nesta fase do projeto, a análise das atividades desenvolvidas e dos elementos de trabalho do

processo de aquisição indicaram que a modalidade sem licitação se dividia em duas vertentes, a

saber: as pequenas aquisições e os eventuais; sendo a primeira relacionada a aquisições de itens

de estoque que não tinham sido atendidas ou entregues pelos fornecedores ao firmarem contratos

parcelados e, a segunda vertente relaciona-se com materiais e equipamentos que não são itens de

estoque e que podem ou não gerar uma licitação.

Diante deste fato, realizou-se a coleta de dados a partir do primeiro semestre de 2004, por

meio de dados históricos coletados nos processos finalizados. A partir do segundo semestre, a

coleta de dados foi acompanhada como as demais modalidades ao longo do fluxo da cadeia de

valor. Os resultados da pesquisa estão ilustrados na Figura 5.16, a seguir.

Figura 5.16 - Gráfico mostrando a redução do lead time após MEF -3

no processo de aquisição de produtos eventuais

0SUBGRUPO 10 20 30

-100

-50

0

50

100

150

200

250

VA

LOR

ES

IN

DIV

IDU

AIS

Média=32

LSC=82,24

LIC=-18,24

1º SEMESTRE

0

50

100

150

AM

PLI

TUD

E

R=18,89

LSC=61,72

LIC=0

GRÁFICO DE CONTROLE DO LEAD TIME PARACOMPRAS EVENTUAIS

2º SEMESTRE 3º SEMESTRE

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Observando-se o Mapa do Estado Futuro acima, o primeiro dado relevante foi a drástica

redução do lead time, com um valor significativo de aproximadamente 48,97%. Também o fluxo

de informação passou a ser mais bem disponibilizado, reduzindo os estoques em processo.

Além disso, áreas que apareciam no mapa do estado atual, como FUNCAMP e Serviço de

Opção, foram retirados do escopo do estudo, uma vez que desenvolviam as mesmas atividades

paralelas as desenvolvidas pela DS. Com isso, foi possível enxergar o fluxo mais facilmente e

estabelecer o escopo da pesquisa, porém, ainda existiam potencialidades de melhoria a serem

desenvolvidas no serviço de compras e no fornecedor.

Outros pontos relevantes que contribuíram para a melhoria nesta fase foram: a definição das

entregas feitas somente no almoxarifado, as entregas dos pedidos protocolados pelo expediente da

DS com aplicação do FIFO eliminando os estoques no setor e, ainda estabeleceu-se um prazo

para entrada dos pedidos afim de se eliminar os processos intermitentes que geravam muitas

perdas, dificultando a programação do planejamento de materiais e financeiro.

Com as etapas de Gestão de Qualidade e Gestão de Pessoas trabalhadas na DS, o resultado

encontrado na fase anterior já apresenta melhorias altamente significativas se comparado ao

estado primeiro, detectado no início do projeto. Entretanto, ainda é visível a implementação de

melhorias no fluxo de informação para gerar resultados ainda melhores, descritas na seção a

seguir.

5.7 - Gestão da informação na Cadeia de Suprimentos do HC

O sistema de informação no interior do hospital foi outro problema identificado pelo

mapeamento do fluxo de valor, como o maior gargalo no fluxo do processo de aquisição na

Divisão de Suprimentos. Portanto, o desafio da equipe de melhoria foi encontrar caminhos e

estratégias de geração de informação que pudessem garantir o suprimento necessário para a linha

de produção dos serviços gerados pelo processador de compras, sendo assim, definiram o uso dos

equipamentos e dos softwares existentes para solucionar este problema.

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Partindo deste desafio, a equipe de melhoria traçou as seguintes ações de melhoria a serem

implementadas nesta fase do projeto:

− Análise dos fluxos dos processos;

− Criação de equipes de padronização de materiais e equipamentos hospitalares;

− Triagem dos pedidos realizados pelo planejamento de materiais;

− Entrega diária dos pedidos, realizada pelo expediente;

− Criação da central de informação;

− Definição do Mapa de Estado Futuro 3.

Por outro lado, o avanço do sistema de informação favorece a comunicação de forma

eficaz, gerando velocidade nas tomadas de decisão. Porém, a realidade em alguns setores do HC,

assim como em empresas prestadoras de serviços, tem se mostrado bem diferente do setor de

produção das grandes indústrias.

As limitações orçamentárias, bem como as dificuldades de alocação de recursos, dificultam

o desempenho e geram gargalos e desperdícios consideráveis para o processo de aquisição, tais

como: movimentações desnecessárias, filas, esperas e superprodução, desperdícios estes

encontrados em todas as fases da cadeia.

Como solução para o setor estudado e um pouco de percepção e habilidade gerencial por

parte dos gestores da área, foi possível gerar um fluxo de informação capaz de eliminar os

desperdícios e gargalos no processo. Para isso, desenvolveram-se programas simples com a

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utilização de softwares como: excel e access; possibilitando que a informação chegasse no lugar

certo, em tempo certo e para a pessoa certa.

Todo esse trabalho possibilitou processos velozes e eficazes, bastando, para isso, que os

gerentes compartilhassem as informações concentradas em seu poder e disponibilizassem o fluxo

da cadeia de valor, de forma a garantir ao processo responder com eficiência e eficácia aos

clientes da Divisão de Suprimentos, fossem esses internos ou externos.

Da mesma forma, o relacionamento com fornecedores é identificado como uma dificuldade

na troca de informação, onde as demoras nas entregas são caracterizadas pela falta de uma

comunicação mais eficaz, de um follow-up mais eficiente e de parceria mais estreita entre as

empresas.

Percebe-se ainda, que há um certo desconforto no relacionamento cliente/fornecedor,

muitas vezes realizado de forma conflituosa gerada pela má comunicação exercida por ambas as

partes.

A visão apresentada no escopo deste trabalho de pesquisa é, é então definida pela

eliminação dos desperdícios utilizando o conceito de sistema de informação, porém as

dificuldades financeiras encontradas no hospital fizeram com que as equipes de melhorias

repensassem a forma de disponibilizar as informações de maneira a não tornar tão onerosa a

implementação do programa de melhoria no Serviço de Compras.

Sendo assim, desenvolveu-se um fluxo de informação interno utilizando os recursos

existentes com baixo custo de implementação. Para tanto, vários ciclos de melhorias foram

utilizados através do Ciclo PDSA para busca de solução mais viável para o processo de aquisição.

O Anexo 16 apresenta um exemplo de aplicação do ciclo PDSA na Divisão de Suprimentos do

HC para estudo do Fluxo de Informação interna.

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129

Para efeito de melhoria do sistema de informação com baixo custo, utilizou-se ainda, como

estratégia, concentrar as informações em uma Central de Informação (CI) onde todos os

envolvidos no fluxo da cadeia de valor disponibilizassem informações que são armazenadas na CI

e consultadas pelos interessados pelas informações nos processos de aquisição.

A Figura 5.17 apresenta esse modelo de fluxo de informação onde outros setores do HC

contribuem para gerar as informações necessárias para a Divisão de Suprimentos.

Figura 5.17 - Central de Informação da Cadeia de Suprimentos do HC. Fonte: Lima e Pinsetta, 2006

A dinâmica na gestão da Central de Informação consiste na alimentação da central pelos

setores de planejamento de materiais, equipe de padronização de materiais, equipamentos

hospitalares e coordenação administrativa do HC desenvolvidos pelos seguintes passos.

− A coordenação administrativa descreve os objetivos, disponibiliza os cronogramas de

aquisição, aloca os recursos financeiros e estarta o processo de compra.

− A equipe de padronização de materiais e equipamentos hospitalares recebe os produtos

dos fornecedores, elabora o processo de teste, qualifica e homologa os materiais e

equipamentos testados e, alimenta a lista de materiais e equipamentos qualificados,

disponibilizando esta lista na Central de Informação.

PLANEJAMENTO DE MATERIAIS

COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA

EQUIPE DE PADRONIZAÇÃO

CENTRAL DE INFORMAÇÃO

DIVISÃO DE SUPRIMENTOS

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130

− O setor de Planejamento de Materiais estabelece as quantidades necessárias para suprir

o estoque e disponibiliza, para a CI, a programação de abastecimento do material a ser

estocado, bem como as programações de entrega pelos fornecedores.

− A Divisão de Suprimentos enxerga as informações existentes e desenvolve o

cronograma de aquisição, estabelece a modalidade de compra e, processa a aquisição

conforme as solicitações dos clientes na quantidade, tempo e preço certos, dando

feedback às outras áreas que compõe o modelo do fluxo de informação, caso algum

material ou equipamento tenha sido alterado no fornecedor.

Desta forma, foi possível reduzir o tempo de compra, lead time, no processo, eliminando os

desperdícios gerados pelo desconhecimento por parte da DS das quantidades de materiais, dos

prazos para abastecimento, dos produtos utilizados pelos clientes da DS, das especificações

técnicas dos materiais e equipamentos e, por parte dos recursos disponíveis, elementos, estes,

geradores de desperdícios e gargalos, tais como superprodução, movimento desnecessário,

retrabalhos, espera, processamento incorreto, excesso de estoque e defeitos.

O desenvolvimento da Central de Informação, como ferramenta do fluxo de informação na

cadeia do fluxo de valor, foi um dos maiores avanços no projeto de melhoria da DS, uma vez que

foi possível gerar um fluxo contínuo no processo de aquisição com envolvimento de todos os

participantes da Cadeia de Suprimentos do HC.

Esta atividade possibilitou um fluxo de mão dupla capaz de dar a velocidade desejada pela

alta direção para o abastecimento do Hospital de Clínicas. O estudo dos Elementos de Trabalho

(Anexo 17) apontam para uma redução do Lead Time para 67 dias e um tempo de ciclo

melhorado (Anexo 15) para 2,5 horas (150 min.) com novo Fluxograma Vertical (Anexo 18), o

que resultou no Mapa do Estado Futuro 3 ilustrado na Figura 5.18.

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131

Figura 5.18 - Mapa do Estado Futuro 3

Os resultados alcançados após o Mapeamento do Fluxo de Valor apresentam valores para o

lead time e para o tempo de ciclo bem abaixo do que fora definido como objetivos

organizacionais, mostrados na Tabela 5.1.

Com a implementação da central de informação, foi possível atender as exigências dos

clientes da Divisão de Suprimentos por meio de processos com valor agregado e, pela

participação destes no planejamento das aquisições, através da alimentação com dados na central

de informação.

É importante ressaltar que a central de informação, também contribuiu para a interconexão

dos processos administrativos uma vez que outros setores, dentro da cadeia, passaram a enxergar

o fluxo da cadeia de valor e a tomar decisões quanto ao que executar, quanto a pré e pós-chegada,

dos processos de aquisição nos respectivos setores. Isto contribui sobremaneira na redução do

lead time, como pode ser visto no Mapa do Estado Futuro 3, apresentado na Figura 5.18.

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132

Para análise dos resultados, os dados coletados foram selecionados e plotados por semestre,

resgatando os valores do início do projeto de melhoria realizado no período de julho a dezembro

de 2003 e, finalizando no segundo semestre de 2005.

Analisando o gráfico da 5.19, é possível observar a redução do lead time no processo de

aquisição na modalidade com licitação. Isto é decorrente das ações de melhoria implementadas.

Figura 5.19 - Gráfico mostrando a redução do lead time após MEF - 3

no processo de aquisição com licitação

A mesma forma de análise foi desenvolvida para as aquisições na modalidade sem licitação

com o gráfico de controle apontando a redução do lead time ao longo do período do projeto de

melhoria.

Para esta modalidade, já no primeiro ano de implementação do modelo, é visível a melhoria

alcançada conforme ilustra a Figura 5.20 a seguir:

0 10 20 30 40 50

50

100

150

200

1

MÉDIA=64LSC=81,43

LIC=46,57

0102030405060708090

R=6,556

LSC=21,42

LIC=0

1 2 3 4 5

GRÁFICO DE CONTROLE SEMESTRAL DO LEAD TIME - COM LICITAÇÃO

2º SEMESTRE/03 1º SEMESTRE/04 2º SEMESTRE/04 1º SEMESTRE/05 2º SEMESTRE/05

VA

LOR

ES

IND

IVID

UA

IS

SUBGRUPOS

AM

PL

ITU

DE

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133

Figura 5.20 - Gráfico de Controle mostrando a redução do lead time após MEF - 3

no processo de aquisição sem licitação

A outra vertente dos processos de aquisição recai sobre os produtos eventuais, não

participantes dos itens de estoque do hospital, porém, que comprometem o processo

administrativo na Divisão de Suprimentos. A outra, vê que o tempo de resposta desta modalidade

de aquisição apresenta um lead time elevado, justificando as compras realizadas pela

FUNCAMP, com custo elevado para o HC.

Com a análise gráfica da Figura 5.21, desta modalidade, é notado que ao longo dos anos de

pesquisa houve uma redução significativa no processo de aquisição, chegando a média de

aproximadamente 11 dias para conclusão de um processo com uma variação de 7 dias para mais e

para menos. Ou seja, com limite superior de 18 dias e limite inferior de aproximadamente 4 dias.

Estes valores sofrem reflexo da complexidade do produto a ser adquirido, bem como do local em

que o fornecedor do produto (regional, estadual, nacional ou internacional) está inserido.

5040302010SUBGRUPO 0

200

100

0

VA

LOR

ES

IN

DIV

IDU

AIS 1

MÉDIA=19,6LSC=33,19

LIC=6,007

100

50

0

AM

PLI

TUD

E

1

R=5,111LSC=16,70

LIC=0

1 2 3 4 5

GRÁFICO DE CONTROLE SEMESTRAL DO LEAD TIME - SEM LICITAÇÃO

2º SEMESTRE/03 1º SEMESTRE/04 2º SEMESTRE/04 1º SEMESTRE/05 2º SEMESTRE/05

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134

Com esta melhoria no processo de aquisição de produtos eventuais, a média gerência tomou

como decisão estratégia reduzir os volumes de aquisições realizadas pela FUNCAMP, uma vez

que os custos, nesta modalidade, correspondiam a aproximadamente 25% a mais que

correspondia a 6% de taxa administrativa da FUNCAMP, mais a isenção de 18,5% do ICMS

concedida aos fornecedores que vendiam para o Governo do Estado de São Paulo.

Figura 5.21 - Gráfico mostrando a redução do lead time após MEF - 3

no processo de aquisição eventual

Esta primeira análise realizada neste capítulo teve como foco o fluxo de processo de

aquisição com ênfase no potencial de melhoria destes fluxos, porém, as análises do diagnóstico

do Mapa do Estado Atual, apontaram para consecução dos bons resultados alcançados em função

da mudança na estrutura organizacional e do estilo gerencial, que contribuíram para a

implementação do modelo com vistas a inserir na cultura organizacional as inovações que

estavam sendo propostas, tema a ser discutido na seção a seguir.

5040302010SUBGRUPO 0

250

200

150

100

50

0

-50

-100VA

LOR

ES

IND

IVID

UA

IS

MÉDIA=11,6LSC=18,99

LIC=4,212

150

100

50

0

AM

PLI

TU

DE

R=2,778LSC=9,076

LIC=0

1 2 3 4 5

GRÁFICO DE CONTROLE SEMESTRAL DO LEAD TIME - EVENTUAIS

2º SEMESTRE/03 1º SEMESTRE/04 2º SEMESTRE/04 1º SEMESTRE/05 2º SEMESTRE/05

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135

Portanto, a dinâmica da intervenção para implementação do sistema de gestão, utilizando a

filosofia do Sistema de Produção Enxuta, requer uma mudança na estrutura organizacional e na

adequação das tarefas gerenciais a cada estágio do processo de evolução do projeto de melhoria.

Neste estágio do projeto, vale ressaltar a importância do conhecimento dos objetivos

organizacionais, pois estes influenciam diretamente o processo de mudança, uma vez que na

avaliação dos indicadores, um ponto negativo requer revisão no planejamento, na visão e missão

organizacional; bem como mudança de comportamento dos colaboradores e, isto requer um certo

tempo para ser alcançado.

A Figura 5.22 apresenta o processo de evolução das mudanças ao longo do período de

implementação do modelo com a utilização do Mapeamento da Cadeia de Valor (MCV) e da

revisão dos planos, por meio do Ciclo de Melhoria PDCA; atuando num ciclo contínuo de

melhoria nas tarefas gerenciais.

Figura 5.22 - Processo de evolução da mudança na implementação do modelo

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136

5.8. Análise da Estrutura Organizacional

O conceito de Produção Enxuta veio modificar substancialmente os procedimentos

gerenciais e operacionais na Gestão de Compras do Hospital. No entanto, a implementação do

SPE em ambientes administrativos, requer um esforço da alta administração para garantir as

mudanças necessárias na cultura organizacional, afim de que o projeto de melhoria não venha

fracassar depois de atingir o objetivo desejado.

Considerando que o Hospital de Clínicas está inserido num mercado de mudanças

constantes, logo, precisa se adaptar às novas realidades com as quais se defronta.

Tais realidades poderiam ser a necessidade de uma nova política de recursos humanos com

foco em gestão de pessoas, ou uma nova forma de gestão focada na qualidade e planejamento; ou

ainda, mudanças nas estruturas administrativas internas, sistemas e processos ou, ainda, gestão da

informatização e, até mesmo, mudanças políticas e novas tecnologias.

Como se percebe, a estrutura organizacional do ambiente estudado se enquadra neste

contexto, requerendo, desta forma, a mudança da cultura organizacional.

A cultural organizacional é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos

expressos em elementos simbólicos que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significações,

construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de comunicação e consenso,

como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação (Fleury, 1989).

Portanto, a mudança no cenário estudado deve englobar alterações fundamentais no

comportamento de seus funcionários, por meio de trabalhos padronizados e de valores; a fim de

responder às modificações ou, antecipar alterações estratégicas, recursos e tecnologia.

Como se percebe, a chave para se alcançar, com sucesso, o processo de mudança está na

gestão de pessoas, mantendo o alto nível de motivação, delegação e transparência nas tomadas de

decisão, trabalho em equipe e fortalecendo a mudança cultural do profissional.

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137

Neste trabalho é visível que o grande desafio não é a mudança tecnológica, mas sim, a

mudança no comportamento das pessoas e na cultura organizacional, renovando os valores para

ganhar vantagem competitiva.

Abaixo, seguem alguns fatores-chave observados neste trabalho e que influem na mudança

da cultura organizacional:

− deve-se construir uma cultura organizacional com base nas forças e nos valores

internos;

− considerar a participação dos colaboradores em todos os níveis;

− estabelecer “olhar gerencial” de forma holística, relacionando-se com estrutura,

estratégia, sistemas de recompensa, sistemas de controle;

− exigir da alta gerência todo apoio ao processo de mudança, de forma contínua;

− estabelecer uma mudança, planejada a longo prazo e executada em etapas.

Um novo modelo de gestão deve, então, ser criado neste cenário de competitividade

crescente, tanto no nível das relações externas quanto internas. À medida que os cenários mudam,

os seres humanos são instados a mudar, a oferecer soluções criativas e a mobilizar novos recursos

e a transformação desse fluxo de mudanças encontra-se na sinergia, na parceria e na globalização,

que são as formas encontradas pela implementação do modelo para convergência de objetivos.

No cenário administrativo estudado, observa-se, ainda, um distanciamento entre os

objetivos organizacionais e os objetivos profissionais e/ou individuais. Este fator dificulta as

mudanças necessárias para gerar competitividade e colocar a organização no mercado cada vez

mais exigente por serviços de qualidade.

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138

O nível de dificuldade encontrado nas organizações prestadoras de serviço varia de

pequenas à grandes dificuldades, correspondente ao grau de envolvimento e de atuação do

funcionário no processo de mudança e, ao quanto a organização é capaz de gerir suas

competências organizacionais dentro de estratégias de mudança de curto, médio e longo prazo,

sem esquecer-se que conhecimento, habilidade, atitude e mudança de comportamento devem ser

considerados no processo de avaliação das mudanças requeridas. A Figura 5.23 apresenta um

esboço relacionando as dificuldades encontradas no processo de mudança e o tempo necessário

para que ocorram.

Observando a Figura 5.23 as competências adquiridas dentro das organizações demandam

um certo tempo para se alcançar. Observa-se que o funcionário já entra na organização com o

conhecimento necessário para desenvolver suas atividades, porém leva um certo tempo para

adquirir a habilidade principalmente no relacionamento interpessoal requerendo da organização

atividades sociais que possam integrar este novo funcionário no ambiente de trabalho. Só com o

passar dos tempos é que entra a questão da atitude como uma dificuldade de médio prazo dentro

da organização uma vez que este novo funcionário não detém poderes para tomada decisão que

possa solucionar os problemas detectados. A partir do desenvolvimento das competências

necessárias ocorre a mudança de comportamento deste funcionário após entender a cultura interna

da organização, porém os líderes devem estar preparados para desenvolver talentos uma vez que

o mercado é dinâmico e exige profissionais que assumam responsabilidades capazes de

solucionar os problemas existentes.

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139

Figura 5.23 - Grau de dificuldade de mudança da cultura organizacional

Na análise deste trabalho, entende-se neste tipo de ambiente que o conhecimento é um

ponto intrínseco ao profissional que ocupa determinado cargo ou função e, que corresponde a um

pequeno grau de dificuldade e um tempo curto para se chegar às mudanças desejadas, porém,

muitas vezes, os cargos são ocupados por profissionais que não detêm o conhecimento esperado

para a função que ocupam, por imposição de uma competência delegada, situação esta que gera

grandes conflitos entre os objetivos organizacionais e profissionais/pessoais.

Neste sentido, é necessário que a alta administração atente para a formação da média

gerência buscando, dentro da própria organização, os talentos internos que possua o

conhecimento dos processos administrativos e assumam as funções, ou cargos, pela competência

adquirida ao longo do tempo de atividade na empresa e também o potencial para desenvolver as

habilidades necessárias ao desenvolvimento das atividades exigidas e com atitude para tomada de

decisão.

Conhecido os talentos internos, cabe - a médio prazo - à organização desenvolver no

profissional que detém o conhecimento, as habilidades necessárias para desdobrar os objetivos

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140

organizacionais, traçar e implementar os planos; bem como, ter habilidades gerenciais para

conduzir equipes de melhoria na busca dos objetivos organizacionais.

Quanto às habilidades gerenciais, dependendo do perfil gerencial, em um médio tempo e

com um maior grau de dificuldade, é possível influenciar as atitudes dos funcionários voltadas

para o foco nos resultados organizacionais.

Como resultado desta prática na implementação do modelo na DS, os resultados foram

bastante significativos quanto à mudança na estrutura organizacional deste novo ambiente

administrativo.

A Tabela 5.2 mostra as mudanças realizadas na estrutura da Divisão de Suprimentos como

reflexo do desdobramento dos objetivos organizacionais e dos estilos requeridos pelo novo

ambiente administrativo gerado pelo modelo.

Tabela 5.2. Modificações Implementadas na Estrutura Organizacional

ATIVIDADES ANTES DEPOIS

Estrutura Gerencial Centralizada Delegada

Tomada de Decisão Impositiva Participativa

Layout Departamental Celular

Relacionamento Verticalizado Horizontalizado

A estrutura gerencial delegada proporcionou ao serviço de compra maior responsabilidade e

comprometimento com a qualidade dos resultados por parte dos colaboradores e, tirou uma carga

de atividades da média gerência e passou a atuar mais enfaticamente nas funções estratégicas

desta área.

Um ponto positivo foi a tomada de decisão com maior envolvimento e participação de

todos os pares, o que, mais uma vez gerou o comprometimento dos colaboradores por meio do

relacionamento horizontalizado, com transparência no processo decisório dentro do serviço de

compras.

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141

Um outro resultado foi a mudança da estrutura departamental existente para o layout

celular, aproximando, desta forma, as atividades similares com visão de famílias de produtos e

encurtando o caminho percorrido pelos colaboradores para conclusão dos processos de aquisição.

De posse dos elementos que compõe as competências (conhecimento, habilidade e atitude)

foi possível à média gerência desenvolver equipes altamente eficazes e capazes de gerar

resultados competitivos. Como lições aprendidas, cabe à alta administração e a média gerência

garimparem dentro da própria organização ou do setor em que atuam, as devidas competências,

que são construídas e adquiridas pelos próprios colaboradores da organização.

5.9. Análise da Função Gerencial

Para a função gerencial, foi altamente relevante a implementação do modelo, uma vez

que, as mudanças na cultura organizacional apresentaram resultados significativos para a média

gerência e garantiram a qualidade no processo de aquisição na Divisão de Suprimentos, resultado

este que refletiu no desempenho operacional do serviço de compras em função dos resultados

alcançados.

O resultado qualitativo na Divisão de Suprimentos é mostrado na Tabela 5.3 e representa

um avanço para o estilo gerencial exigido pelo modelo.

Tabela 5.3. Melhorias alcançadas na Função Gerencial

ATIVIDADES ANTES DEPOIS

Processos Rotineiros s/ padronização Padronizados

Comunicação Interna Física - formulários Informatizada

Melhoria Lentas – não participativa Rápidas – equipes de melhoria

Medições No final do processo Ao longo do processo

A padronização das atividades (Anexo 18) foi o resultado chave no aumento do

desempenho da Divisão de Suprimentos, porém, a falta de constância na utilização e na

padronização de todas as atividades estabeleceu um freio no nível de qualidade alcançado, e a

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142

mudança na forma de aquisição, com a introdução da modalidade de Pregão, contribuiu

sobremaneira para o abandono do padrão já estabelecido para as demais modalidades, este fato

não influiu diretamente sobre os resultados estudados nas modalidades de Licitação e Sem

Licitação.

Outro fator a ser lembrado é que, um dado apresentado quando da padronização das

atividades foi a descoberta da modalidade de Compras Eventuais que, a partir desta descoberta,

passou a fazer parte do estudo.

Quanto à comunicação interna, no primeiro diagnóstico, foi detectada a existência de

muitos gargalos e desencontros no fluxo de informação na Divisão de Suprimentos, porém por

meio de reuniões com o Serviço de Informática do HC, foi possível desenvolver um software,

simples e caseiro, que pudesse gerar as informações relevantes para as pessoas certas e no tempo

apropriado, o que alavancou as melhorias no processo de aquisição e no aumento do desempenho

operacional do serviço de compras.

Dois aspectos relevantes na implementação do modelo, que alteraram o estilo gerencial na

DS, foram: primeiro, a forma de discussão e busca de solução para os problemas detectados, que

passaram a ser solucionados de forma rápida através de decisão por consenso da equipe de

melhoria e, segundo, o controle do processo de aquisição, antes realizado no final do processo e, a

partir de então, a ser realizado ao longo do processo de aquisição, através de uma lista de

verificação das atividades.

Para o processo de aquisição em si, os resultados foram muito satisfatórios quando

comparados com o início da implementação deste projeto. Para tanto, após análise da estrutura e

do estilo gerencial, foi desenvolvido um diagnóstico da situação atual do Serviço de compras do

Hospital de Clínicas para obter uma visão geral da cadeia do fluxo de valor, análise que será

discutido no item a seguir.

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143

Concluído o Mapeamento do Fluxo de Valor, novas ações de melhoria foram estabelecidas

pelo Grupo Gestor na Divisão de Suprimentos, e os resultados são descritos no próximo item a

seguir.

5.10. Análise Geral do Projeto de Melhoria

A Tabela 5.4 apresenta os ganhos percentuais totais alcançados com as melhorias

desenvolvidas no processo de aquisição.

Tabela 5.4. Melhorias alcançadas no Processo de Aquisição.

ATIVIDADES ANTES DEPOIS % GANHOS

Takt time Sem medição 45 minutos ---

Tempo de Ciclo 8,8 horas 2,5 horas 71

Lead time com licitações 245 dias 64 dias 74

Lead Time sem licitação 80 dias 19 dias 75

Lead Time – Compras eventuais 105 dias 11 dias 89

Os resultados apresentados, obtidos no processo de aquisição, refletiram a melhoria do

desempenho operacional do serviço de compras na Divisão de Suprimentos do HC, conforme

mostrado na Figura 5.24.

Nota-se, ainda, que a partir da amostra 20 é possível perceber que o tempo de

processamento para compras sem licitação começa a atender o tempo exigido pelo planejamento

de materiais, sendo que, hoje, este tempo é bem menor (observado da amostra 38 à amostra 50)

exigindo por parte do planejamento um alinhamento em seu cronograma, uma vez que já se

começa a perceber um estoque indesejável (desperdício), decorrente da velocidade no processo de

compras.

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Figura 5.24. - Gráfico mostrando a melhoria do desempenho no processo de aquisição.

Considerando o tempo de implementação do projeto de melhoria, no período de 2003 a

2005, várias melhorias (Kaizen) foram exercitadas ao longo desta pesquisa e os resultados

financeiros com a eficácia do processo de aquisição podem ser observados na Figura 5.25, a

seguir:

Fonte: Divisão de Planejamento Financeiro do HC

Figura 5.25 – Resultado dos ganhos alcançados no Processo de Aquisição de Materiais

Gráfico mostrando o Lead Time do usuário vs Lead Time do Processo para compras Sem Licitação

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49

Amostras

Lea

d T

ime

LEAD TIME DOPROCESSO

LEAD TIME DOUSUÁRIO

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145

Até o primeiro semestre de 2005, as aquisições eram realizadas por Processo de Licitação,

começando, a partir do segundo semestre, a serem realizados alguns Pregões (aproximadamente

60% das aquisições) consolidando o planejamento das aquisições dos materiais traçados para o

ano de 2006. Estima-se com essas medidas, melhorar o desempenho operacional no Serviço de

Compras e, conseqüentemente, aumentar ainda mais o desempenho financeiro do hospital.

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146

Capítulo 6

Conclusões e Recomendações para trabalhos futuros

Neste capítulo são apresentadas as conclusões obtidas no desenvolvimento do projeto da

tese de doutorado a partir da implementação do pensamento enxuto na Divisão de Suprimentos

do Hospital de Clínicas da UNICAMP. Serão comentadas e propostas saídas para conflitos

existentes neste tipo de ambiente quando se propor mudanças nos processos administrativos

internos. Por fim, será apresentada alguma recomendação para novos trabalhos.

6.1. Conclusões sobre a integração dos sistemas

Conforme descrito no Capítulo 1, o principal objetivo deste trabalho é a implementação do

pensamento enxuto no ambiente administrativo através da integração dos sistemas de gestão da

qualidade, de pessoas e de informação. Considerando as características do ambiente pesquisado,

os resultados encontrados mostram que a utilização destes sistemas favoreceu sobremaneira o

processo de implementação do pensamento enxuto.

Na primeira fase do modelo proposto, foi visível o resultado quando elaborado a partir de

um planejamento estratégico para implementação do pensamento enxuto, uma vez que todos os

envolvidos tiveram conhecimento do projeto, traçaram os objetivos de cada setor a partir dos

objetivos da organização, estabeleceram os prazos para conclusão das etapas do projeto,

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147

definiram as métricas a serem avaliadas no processo e tiveram a oportunidade de avaliá-las e

melhorá-las

Na segunda fase do modelo que engloba os Sistemas de Gestão, observa-se que o projeto de

melhoria no hospital gerou resultados significativos o que alavancou o sucesso do projeto.

Inicialmente, com a adoção do TQM ouve uma interação por parte dos colaboradores, fato

este percebido pela participação dos mesmos nos cursos de melhoria ministrado no ambiente

administrativo estudado, com índice de 92% de participação. A adoção desta prática desenvolvida

para gerar o envolvimento dos colaboradores, foi altamente significativo para a organização.

O ponto forte da metodologia utilizada é o processo de mudança gerada pela aplicação dos

conceitos do Sistema de Integração com disseminação por todas a área estudada. Como indicador

de qualidade desta fase de implementação, é a fácil identificação, por parte do pesquisador e dos

colaboradores, da descrição dos objetivos organizacionais e do projeto, para gerar qualidade no

serviço prestado pela Divisão de Suprimentos.

Outro ponto que a ser considerado foi a mudança de mentalidade dos colaboradores, que

atuavam diretamente no processo de aquisição, após a uniformização da linguagem interna,

tornando-se fácil a condução do processo de mudança. Porém, a adoção do pensamento enxuto

exigiu da alta administração maior comprometimento com o projeto de melhoria.

Neste sentido, vale ressaltar que o comprometimento da alta administração foi percebido

por todos, através da participação dos dirigentes nos seminários de avaliação do projeto de

melhoria, onde eram apresentados os resultados em cada fase da implementação, bem como nas

reuniões semanais, onde o Coordenador Administrativo conduzia a reunião de melhoria, e com

participação da média gerência discutiam-se e aprovavam-se as melhorias a serem

implementadas.

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148

Um fator negativo, mas que não chegou a comprometer o processo de mudança foi a baixa

participação da média gerência nas decisões nos níveis mais baixos, onde os colaboradores

sentiam falta do reforço que os gerentes podiam dar quanto ao bem estar no ambiente, enquanto

que, muitas vezes, os gerentes tinham preocupação apenas em atingir os resultados que eram

determinados pela alta direção, e com isso perdiam o foco nas pessoas que geravam tais

resultados.

Apesar da percepção, os colaboradores se sentiam motivados pela oportunidade gerada com

o projeto e se comprometiam em buscar os melhores resultados em cada processo de aquisição

desenvolvido. Ou seja, foi possível incorporar na cultura interna do Serviço de Compras o “valor”

sobre a ótica dos clientes. Aí então, percebe-se a grande importância dos seminários para alinhar a

linguagem interna da organização, focada nas terminologias adotadas nos programas integrados

dos Sistemas de Gestão e do Pensamento Enxuto.

Estas práticas do Sistema de Gestão da Qualidade foram bem absorvidas pela Serviços de

Compras, porém foi preciso estruturar um layout que garantisse os resultados com a participação

efetiva dos colaboradores na solução de problemas e eliminação dos desperdícios gerados pelo

processo. Para solução desta fase, foi preciso o desenvolvimento das competências adquiridas ao

longo de anos de trabalho e que precisavam ser valorizados pela alta direção.

A partir de então, adota-se como base de desenvolvimento das competências com

abordagem no Sistema de Gestão de Pessoas, uma vez que o RH existente no HC não foi

envolvido no projeto de melhoria, isto porque, os próprios colaboradores já viam neste setor um

gargalo para qualquer processo de mudança. O resultado principal deste enfoque foi o

desenvolvimento de líderes para atuarem em células de produção, com tomada de decisão

delegada para algumas funções gerenciais. Outro resultado advindo da abordagem de Gestão de

Pessoas foi a multifuncionalidade nas operações, o que antes era realizado com o seguinte jargão

“já fiz a minha parte, agora...”.

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149

As lições aprendidas nesta prática de utilização da Gestão de Pessoas, é que os indivíduos

que atuam diretamente nos processos críticos da organização precisam ser olhados com mais

atenção, com imparcialidade nas funções que desempenham e, sobretudo aproveitando as

competências adquiridas nestes longos anos de atividade na organização. Assim como, cabe a

organização descobrir dentro da própria organização, onde estão os talentos, desenvolvê-los e

mantê-los comprometidos com a organização, em vez de buscar pessoas fora deste ambiente,

gerando conflitos de objetivos pessoais em detrimento dos objetivos institucionais.

A eliminação dos desperdícios também foi percebida durante a implementação do

pensamento enxuto e o instrumento que proporcionou estes resultados, positivos, foi a utilização

da Gestão da Informação, com a utilização da qualificação e homologação de produtos utilizados

pelo hospital. Foi geradas uma lista destes materiais e uma central de informação que armazenava

dados sobre os produtos utilizados pelo hospital, sendo disponibilizado para acesso para todos os

participantes do processo de aquisição, com esta ação de melhoria, vários desperdícios foram

eliminados, como retrabalho, espera desnecessária, movimentação/transporte entre outros.

Quanto ao layout da área, a disposição das atividades em células de produção disposta num

processador de compras, facilitou enxergar e eliminar os desperdícios, uma vez que houve uma

aproximação das atividades que antes necessitavam de grandes deslocamentos e espera. Como

exemplo, temos a utilização de fax que se concentrava no expediente e no serviço de contratos

tendo os compradores que se deslocar e esperar para utilizar os equipamentos. Outro ponto

positivo nesta etapa foi a aquisição de microcomputadores e aparelhos de fax para o processador

de compras, com isto ficou fácil a comunicação entre os setores, bem como a utilização da lista

de produtos qualificados.

Nas estratégias de mudança gerencial, a disposição das células, o desenvolvimento de

líderes, criação de equipes de melhoria, central de informação e atividades multifuncionais foram

os aspectos de maior relevância no processo de mudança organizacional. Com todas estas

atividades desenvolvidas o processo de aquisição ganhou velocidade e conseqüentemente redução

do lead time, e o tempo de ciclo ao longo do projeto. E todo este ganho conquistado, vale

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ressaltar, com pouco investimento na área. O resultado final foi a rapidez na resposta aos usuários

e a qualidade dos serviços produzido, sendo percebido por alguns setores dentro do hospital.

Quando são avaliados os gráficos de controle em todas as modalidades de compras

(licitação, sem licitação ou pequenas aquisições – PA e as compras eventuais) percebe-se que ao

longo dos três anos a redução do lead time tornou-se uma realidade, conforme descrito nos

objetivos do trabalho. Porém, a última medição no final de 2005 mostra o valor de lead time igual

a 64 dias, que foi resultado encontrado nas aquisições com licitação. Um fato que deve ser

considerado neste valor é a exigência da lei para esta modalidade de aquisição, onde no máximo,

45 dias devem ser preservados para aplicação dos procedimentos legais conforme a Lei 8666.

Porém quando se analisa os gráficos de controle das aquisições sem licitação, este valor é igual a

29 dias em média.

Considerando a diferença, entre as duas modalidades de aquisição, observa-se que o

resultado médio é igual a 35 dias, ou seja, o fluxo de valor não varia em função da modalidade de

aquisição e sim é influenciado pela Lei. É importante considerar que a variação legal das diversas

modalidades varia de 0 a 45 dias dependo da modalidade de compra.

Portanto, com esta análise, concluiu-se que o processo de aquisição nas três modalidade

estavam trabalhando sob controle e que as variabilidades dos processos foram reduzidas, gerando

maior confiabilidade no processo. Esta análise gerou outra discussão por parte das equipes de

melhoria sobre a participação da FUNCAMP na aquisição de determinados produtos para o HC.

A justificativa da presença deste terceirizado estava na velocidade de aquisição que era

produzido pelos funcionários desta parceira. No entanto, as compras eventuais efetuadas pela

Serviço de Compras do próprio HC mostraram-se altamente eficazes não justificando mais a

utilização da parceria. Quanto a análise dos custos de aquisição, via terceirizada, estes

dispendiam 6% sobre o preço de compra, valor este bastante significativo para as despesas do

HC. Outra perda decorrente da utilização de terceiros correspondia à isenção de ICMS concedida

pelo governo estadual aos fornecedores que vendessem diretamente para o hospital. No

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151

acumulado, os valores de aquisição correspondiam aproximadamente a 25% com pagamento por

este serviço.

Quanto a terceira e quarta fases do modelo desenvolvido par implementação do pensamento

enxuto, estas trouxeram resultados também significativos considerando as métricas utilizadas

para avaliação dos resultados. Tais valores correspondem à utilização dos elementos do

pensamento enxuto. As células proporcionaram desenvolvimento das competências, promoção

funcional, qualidade dos serviços prestados, liderança entre outras. Quanto aos mapeamentos da

cadeia de valor, os mapas desempenharam papel relevante para o entendimento do processo no

momento em que se caminhava ao longo do fluxo de valor.

O ganho financeiro também foi contemplado com o projeto, segundo informações do

planejamento financeiro do HC, no período de 2003/2004 foram economizados em torno de 2%

no processo de aquisição, resultado considerável naquele momento. No período de 2004/2005

esta margem aumentou para aproximadamente 3,8% do montante de aquisição. Deve-se

considerar nesta análise a entrada de nova modalidade de aquisição no segundo período,

conhecida como “Pregão”, porém a estratégia de utilização e seleção da modalidade de aquisição

para o ano de 2006 teve origem na participação e discussão da equipe de melhoria da Divisão de

compras, traçando planejamento para a aquisição.

Concluindo, durante a implementação do pensamento enxuto na Divisão de Compras do

HC, vários pontos observados pelo pesquisador, são relevantes na análise do comportamento

organizacional para que outras melhorias, já na quinta fase, possam ser implementadas e/ou

corrigidas, são elas:

− Os gerentes precisam de maior envolvimento no processo de mudança;

− A valorização dos colaboradores poderia gerar maior impacto na mudança se não fosse

a burocracia existente e a inflexibilidade do sistema;

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− O ideal seria concentrar toda a Divisão de Suprimentos em um único espaço: com isto

se reduziria o desperdício de movimentação, espera, transporte desnecessário,

conseqüentemente eliminavam-se os estoque em processo.

− As pessoas envolvidas no processo de mudança devem ter participação mais efetiva no

desenvolvimento e desdobramento dos objetivos organizacionais.

6.2. Recomendações para trabalhos futuros

Com a aplicação dos conceitos estudados e aplicados na Divisão de Suprimentos, ficou a

visão de que, com a estruturação e integração dos sistemas nesta área, precisamente no serviço de

compras outras áreas podem também aplicar e obter resultados significativos, como o serviço de

contratos e de apoio.

Outros trabalhos podem ser elaborados e projetados para área como atendimento do HC,

laboratórios clínicos, patrimônio de materiais e protocolo geral. Cada uma dessas áreas tem suas

peculiaridade, portanto, exigem métricas diferenciadas a ser definida pelo projeto. Outro fator que

estimula a aplicação nestas áreas é a necessidade de conexão de todos os processos

administrativos, como exemplo, a desconexão entre serviço de contratos e protocolo geral,

almoxarifado e patrimônio entre outros observados ao longo da pesquisa desta tese.

O trabalho pode se estender para as áreas assistenciais, como enfermagem na elaboração de

mapas do fluxo de valor que possam auxiliar o fluxo de entrada de pacientes nas enfermarias para

disponibilizar leitos, no centro cirúrgico para cálculo de custo de cirurgias com utilização de

materiais consignados, farmácia entre outras áreas potenciais.

Concluindo, o ambiente administrativo seja ele qual for o segmento tem muitas áreas

potenciais que podem ser beneficiadas com a metodologia empregada nesta tese, desde que seja

seguida de forma estruturada, envolvendo as pessoas e com alta grau de comprometimento da alta

administração.

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ANEXOS

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165

PARCIAL TOTAL

Observações:

MODALIDADE DE COMPRA:

DATA DE ENTRADA

PROCESSOS FILHOS

EMISSÃO DA AF

DATA DE ENTREGAMODALIDADE ITENS

Nº DO PROCESSO

DATA DO PEDIDO

ANEXO 1 - PLANILHA DE LEVANTAMENTO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

Data de Atualização: 11/11/04

PREVISÃO CHEGADA

LEAD TIME

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166

ANEXO 2 - Estudo do Processo Processo: Compras c/ Licitação

Observador Willians Pinsetta e Adalberto Lima

Data: Outubro/2003

Página 01

Operador

Etapas do Processo Elementos de Trabalho Tempo Observado Menor Repetido

Tempo de Ciclo Observações

Almoxarifado Item 2 1 2 1 1 1 2 1 1 3 1 1 Item 3 5 4 4 3 4 4 4 6 5 4 4 Item 5 1 2 4 4 2 2 2 3 2 5 2 Expediente

Item 7 1 3 4 4 3 3 3 3 2 5 3 Item 4 3 4 4 4 4 2 5 6 4 4 4 Item 9 3 3 3 5 6 3 3 3 3 3 3 Item 11 45 50 55 55 60 55 55 63 55 50 55 Item 13 2 3 1 3 3 3 4 5 4 4 3 Item 15 1 1 1 1 1 2 1 1 2 2 1 Item 18 3 5 5 5 4 6 5 5 7 6 5 Item 20 3 1 2 2 1 2 3 1 1 1 1

Serviço de Compras

Item 22 3 4 4 4 4 5 6 6 5 4 4 Item 06 6 8 9 9 8 8 7 9 8 8 8 Serviço de Orçamenta-

ção Financeira Item 21 7 7 7 7 6 6 7 9 9 8 7 Item 8 10 11 10 13 15 10 10 12 16 12 10 Item 17 11 12 15 16 12 12 20 16 12 06 12 Diretoria de Suprimentos

Item 19 6 6 6 5 6 7 6 9 6 6 6 Item 10 7 7 9 10 9 6 7 7 9 10 7 Item 14 8 6 6 11 6 5 5 5 5 4 5 Item 16 6 5 5 3 3 3 3 3 5 3 3 Item 23 60 56 53 45 48 52 46 45 45 47 45

Setor de Licitação

Item 26 4 4 4 3 7 6 7 3 4 3 3 Usuário Item 12 15 22 23 18 20 20 18 21 18 16 18 Coord. Administrativo Item 24 5 5 5 5 5 5 5 5 3 6 5 Procuradoria Geral Item 25 10 10 15 9 11 8 8 10 12 9 8

Item 27 3 4 1 1 1 2 1 4 1 1 1 Serviço de Contrato

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167

ANEXO 3 - FLUXOGRAMA VERTICAL DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

N Símbolos Funções Elementos de Trabalho Tempo

(dia) 01

Início

02

Almoxarifado Encaminha carteira (REP) a Divisão Suprimentos 1

03

Expediente Recebe documento encaminha ao Compras 4

04

Serviço de Compras Retira cópia da última compra, abre processo e faz a juntada 4

05

Expediente Recebe processo e encaminha ao SOF 2

06 Serviço de Orçamentação

Financeira Faz reserva de recursos 8

07

Expediente Recebe processo e encaminha a Compras 3

08

Diretora de Compras Define Comissão de Licitação 10

09

Serviço de Compras Cadastra Itens 3

10

Setor de Licitação Agenda licitação, elabora edital e publica 7

11

Serviço de Compras Convoca as empresas, aguarda o Encerramento, Elabora o termo de encerramento, CRC, Elabora a ata, junta as propostas, faz a grade

55

12

Usuário Para Opção 18

13

Serviço de Compras Emite parecer do comprador 3

14

Setor de Licitação Faz análise, correção e publicação 5

15

Serviço de Compras Faz levantamento das últimas compras 1

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168

16

Setor de Licitação Planilha de Comparação de Preço 3

17

Diretora de Compras Analisa as planilhas 12

18

Serviço de Compras Negocia Preço 5

19

Diretora de Compras Define a Homologação 6

20

Serviço de Compras Faz a decisão de Compras 1

21 Serviço de Orçamentação

Financeira Se necessidade de Suplementação de Verba 7

22

Serviço de Compras Abre Processos Secundários 4

23

Setor de Licitação Homologa, Publica e Contrata 45

24 Coordenador

Administração Assina e/ou Autoriza a contratação 5

25

Procuradoria Geral Modalidade Licitação Exceto Convite 8

26

Setor de Licitação Enviar os Processos Secundários para Área de Contratos 3

27

Serviço de Contratos Recebe os Contratos 1

28

Serviço de Contratos FIM

TOTAL 224

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169

(min.) (min.)550 550

ATUAL MELHORADO

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

275

300

325

350

375

400

425

450

475

500

525

25

125

100

75

50

225

350

200

175

150

325

300

275

250

450

425

400

375

ANEXO 4 - KAIZEN NO PAPEL PARA ANÁLISE DO CONTEÚDO DE TRABALHO

525

500

475

Assina contrato

Homologa, publica e contrata

Abre proc. secundários

Solicita suplementação de verba

Faz decisão de Compras

Define Homologação

Negocia preço

Analisa planilha

Faz a planilha de comparação de preços

Analisar, corrigir e publicar edital

Emitir parecer

Fazer opção do material

Fazer a grade

Juntar propostas

Convocar as empresas, preparar termo de

encerramento, elaborar ata, fazer juntada e grade

Publicar edital

Elaborar o edital

Agendar licitação

Cadastrar os itens de compra

Definir comissão de licitação

Protocolar e encaminhar a DS

Fazer reserva

Protocolar e encaminhar ao SOF

Retirar cópia da última compra, abrir processo e fazer

juntada

Abrir processo de compra

Protocola e encaminha a DS

Encaminhar carteira para a DS

Início do processo de compra

Encaminhar contrato ao Serviço de Contratos

Assina contrato

Homologa, publica e contrata

Abrir processos secundários

Caso necessário solicita suplementação de verba

Faz decisão de Compras

Define Homologação

Negocia preço

Planilhar propostas

Levantar última compra

Analisar, corrigir e publicar edital

Analisa o material e faz opção de compra

Convocar as empresas, preparar termo de

encerramento, elaborar ata, fazer juntada e grade e

emitir o parecer final

Cadastrar itens, Agendar licitação, elaborar e publicar

edital, definir comissão de licitação

Protocolar e encaminhar a DS

Fazer reserva

Protocolar e encaminhar ao SOF

Retirar cópia da última compra, abrir processo e fazer

juntada

Abrir processo de compra

Protocola e encaminha a DS

Encaminhar carteira para a DS

Início do processo de compra

Encaminhar contrato ao Serviço de Contratos

Eliminar: criar comissão de

qualificação de material

Disponibilizar recursos:

alocar equipamentos no

serviço de compras

Melhorar desempenho dos

computadores da área do

expediente

Delegar esta atividade para

o Serviço de Compras

Repassar esta atividade

para o serviço de compras

Repassar esta atividade no

tempo para o serviço de

compras

Repassar esta atividade no

mesmo tempo para o

serviço de compras

Colocar no mesmo tempo

da atividade no serviço de

compras

Colocar no mesmo tempo

da atividade no serviço de

compras

Colocar no mesmo tempo

da atividade no serviço de

compras

Repassar para o setor de licitação

dentro do tempo da atividade de

comparação de preço, homologação

e analises

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170

ANEXO 5 – DESCRIÇÃO DOS DESPERDÍCIOS ADMINISTRATIVOS

TIPO DE MUDA

SP Superprodução

EP Espera no Processo

TRTransporte

desnecessário

PR Processamento

MOMovimento nas

operacõesMovimentos desnecessários. Utilização de máquinas e equipamentos não disponíveis no setor, coleta de informação não disponíveis on line, etc.

EVIDËNCIAS

Excesso do número de componentes ou operações necessárias para produzir determinado serviço. Alto índice de atividades que não agregam valor ao processo, controle da qualidade dos serviços no final do fluxo da cadeia de valor, etc.

Desperdicio de tempos e recursos, as atividades de transporte e movimentação devem ser eliminadas ou reduzidas ao maximo. Movimento para coleta de assinaturas nos processos, adequação das especificações, utilização de equipamentos em outros setores, etc.

Produzir mais que o necessario, falta de coordenação entre o pedido e a execução das tarefas, de alocação de recursos financeiros, etc.

Resulta da formação de filas que visam garantir altas taxas de utilização do pessoal. Parada do processo por falta de assinaturas, especificação correta dos materiais, quantidades que não estão de acordo com o planejado, etc.

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171

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SP SuperproduÇÃo 0 #DIV/0!

EP Espera no Processo 0 #DIV/0!

TR Transporte desnecessário 0 #DIV/0!

PR Processamento 0 #DIV/0!

MO Movimento nas operações 0 #DIV/0!

PE Processos Errados 0 #DIV/0!

ES Estoque 0 #DIV/0!

0 #DIV/0!

DATA DO LEVANTAMENTO: PRÓXIMO LEVANTAMENTO:

TOTAIS

ANEXO 6 - PLANILHA PARA LEVANTAMENTO DOS DESPERDÍCIOS

DIVISÃO DE SUPRIMENTOS

EVIDÊNCIASTIPO DE DESPERDÍCIO QTDE %

Resp.SETOR:

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

SP EP TR PR MO PE ES

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172

DATA:

FLUXO VALOR:

ANEXO 7 – FORMATO A3 PARA PLANEJAMENTO DAS MELHORIAS

SUPERVISOR:

EQUIPE:

ESTADO ATUAL

ESTADO FUTURO

MÉTRICAS PLANEJAMENTO

PROPOSTA DE MELHORIAS

1ª Sem.

2ª Sem.

3ª Sem.

4ª Sem.

ATUAL INDICADOR ATUAL INDICADOR ATUAL INDICADOR

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173

Periodo

SP 0 #DIV/0!EP 0 #DIV/0!TR 0 #DIV/0!PR 0 #DIV/0!MO 0 #DIV/0!PE 0 #DIV/0!ES 0 #DIV/0!

TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 #DIV/0!

SETOR E TOTAL %

ANEXO 8 -PLANILHA DE QUANTIFICACAO DE DESPERDÍCIOS POR SETOR

Proximo Levantamento

SETORFTIPO DE MUDA SETOR A SETOR C SETOR DSETOR B

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

SP EP TR PR MO PE ES 0

20

SETOR A SETOR B SETOR C SETOR D SETOR E SETORF

SP1%EP1%TR1%PR1%MO1%PE1%ES1%

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174

ANEXO 9 - Estudo do Processo Processo: Compras c/ Licitação

Observador Willians Pinsetta e Adalberto Lima

Data: Janeiro/2004

Página 01

Operador

Etapas do Processo Elementos de Trabalho Tempo Observado Menor Repetido

Tempo de Ciclo Observações

Almoxarifado Item 2 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 Item 3 2 2 2 3 2 2 3 4 2 2 2 Item 6 1 3 4 4 3 3 3 3 2 5 3 Expediente

Item 4 1 1 4 1 2 1 2 2 1 3 1 Item 7 4 3 5 5 6 5 5 7 5 6 5 Item 8 45 50 48 45 52 45 45 53 43 50 45 Item 11 1 1 1 3 3 1 2 3 4 4 1 Item 13 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 1 Item 15 2 2 2 2 4 5 5 2 4 2 2

Serviço de Compras

Item 5 6 6 8 10 9 6 7 9 8 6 6 Serviço de Orçamenta-

ção Financeira Item 14 5 5 5 8 4 5 3 4 4 4 4

Usuário Item 9 17 19 12 12 21 14 11 12 16 16 12 Item 10 4 3 3 3 5 5 4 3 3 2 3 Item 12 5 8 8 9 6 6 6 8 9 8 6 Item 16 18 22 20 20 15 28 18 20 21 23 18 Item 19 1 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2

Setor de Licitação

Coord. Administrativo Item 16 2 2 2 2 2 2 2 5 2 2 2 Procuradoria Geral Item 17 10 9 7 6 6 9 10 8 10 5 6

Item 20 2 5 1 1 1 1 2 1 1 1 1 Serviço de Contrato

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175

ANEXO 10 - FLUXOGRAMA VERTICAL DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

Nº Símbolos Funções Elementos de Trabalho Tempo (dias)

01

Início

02

Almoxarifado Encaminha carteira (REP) a Divisão Suprimentos 1

03

Expediente Recebe documento encaminha ao Serviço de Compras 2

04

Serviço de Compras Retira cópia da última compra, abre processo e faz a juntada e encaminha para o SOF

1

05 Serviço de Orçamentação

Financeira Faz reserva de recursos 6

06

Expediente Recebe processo e encaminha a Compras 3

07

Serviço de Compras Cadastra Itens, Agenda licitação, elabora e publica o edital e Define a Comissão de Licitação

5

08

Serviço de Compras Convoca as empresas, aguarda o Encerramento, Elabora o termo de encerramento, CRC, e a ata, junta as propostas, faz a grade e emite o parecer final

45

09

Usuário Analisa o material e faz a opção de compra 12

10

Setor de Licitação Faz a análise, correção e publicação 3

11

Serviço de Compras Faz levantamento das últimas compras 1

12

Setor de Licitação Planilha as propostas, Compara e Negocia Preço, Analisa e Define a Homologação 6

13

Serviço de Compras Faz a decisão de Compra 1

14 Serviço de Orçamentação

Financeira Se necessidade de Suplementação de Verba 4

15

Serviço de Compras Abre Processos Secundários 2

16

Setor de Licitação Homologa, Publica e Contrata 18

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176

17 Coordenador

Administração Assina e/ou Autoriza 2

18

Procuradoria Geral Modalidade Licitação Exceto Convite 6

19

Setor de Licitação Envia os Processos Secundários para o Serviço de Contratos 2

20

Área de Contratos Recebe os Contratos e finaliza o processo de compra 1

TOTAL 121

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177

(min.) (min.)

550 550

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

25 25

50

75 75

100

125 125

150

175 175

200

225 225

250

275 275

300

325 325

350

375 375

400

425 425

450

475 475

500

525 525

ANEXO 11 - KAIZEN NO PAPEL PARA ANÁLISE DO CONTEÚDO DE TRABALHO

ATUAL MELHORADO

Assina contrato

Homologa, publica e contrata

Abrir processos secundários

Caso necessário solicita suplementação de verba

Faz decisão de Compras

Define Homologação

Negocia preço

Planilhar propostas

Levantar última compra

Analisar, corrigir e publicar edital

Analisa o material e faz opção de compra

Convocar as empresas, preparar termo de

encerramento, elaborar ata, fazer juntada e grade e

emitir o parecer final

Cadastrar itens, Agendar licitação, elaborar e publicar

edital, definir comissão de licitação

Protocolar e encaminhar a DS

Fazer reserva

Protocolar e encaminhar ao SOF

Retirar cópia da última compra, abrir processo e fazer

juntada

Abrir processo de compra

Protocola e encaminha a DS

Encaminhar carteira para a DS

Início do processo de compra

Encaminhar contrato ao Serviço de Contratos

Assina contrato

Homologa, publica e contrata

Abrir processos secundários

Caso necessário solicita suplementação de verba

Faz decisão de Compras

Planilhar propostas, comparar e negociar preços,

analisr e definir homologação

Analisar, corrigir e publicar edital

Analisa o material e faz opção de compra

Convocar as empresas, preparar termo de

encerramento, elaborar ata, fazer juntada e grade e

emitir o parecer final

Cadastrar itens, Agendar licitação, elaborar e publicar

edital, definir comissão de licitação

Protocolar e encaminhar a DS

Fazer reserva

Retirar última compra, abrir processo de compra e

encaminhar ao SOF para reserva

Protocola e encaminha Ao serviço de compras

Encaminhar carteira para a DS

Início do processo de compra

Encaminhar contrato ao Serviço de Contratos

Atividades desenvolvidas dentro do

tempo das células de compras.

Padronizar estas atividades

Atividade deve ser repassada para a

comissão de licitação dentro das

células de compras

Esta atividade bem como as duas

seguintes devem ser repassadas

para as comissões de licitação

Esta atividade deve ser atribuída às

células de compras

Atividades padronizadas

Eliminar: colocar dentro do tempo

da atividade da célula de compra

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178

1.1 - Conheço a missão da DS (o que está tentando cumprir) 1 2 3 4 5

1.2 - A Diretoria da DS cria um canal de comunicação com outros setores do HC

1 2 3 4 5

1.3 - As informações internas e externas são compartilhadas pela diretoria da DS com seus clientes

1 2 3 4 5

1.4 - A Diretoria da DS traza a meu conhecimento o que ela considera mais importante

1 2 3 4 5

1.5 - A Diretoria da DS ouve minha opinião quando planeja 1 2 3 4 5

2.1 - A medida que planeja o furturo, a DS solicita minha opinião 1 2 3 4 5

2.2 - Conheço as partes dos planos da DS que afetarão a mim e ao meu trabalho

1 2 3 4 5

2.3 - Estamos progredindo na parte do plano de aquisição do material necessário para desenvolver meu trabalho

1 2 3 4 5

3.1 - Sei medir a qualidade dos serviços prestados pela DS 1 2 3 4 5

3.2 - Recebe informações que me levam à análise dos serviços prestados pela DS

1 2 3 4 5

3.3 - Uso essas análises para tomar decisões sobre meu trabalho 1 2 3 4 5

3.4 - Sei como os indicadores de meu trabalho se adaptam aos indicadores gerais de melhoria da DS

1 2 3 4 5

3.5 - Recebo informações que me ajudam a dar "feedback" ao plano de melhoria da DS

1 2 3 4 5

4.1 - Sempre que solicito informações sobre os pedidos, as pessoas estão aptas a me informar

1 2 3 4 5

4.2 - Sempre sou chamado para tirar dúvidasno processo de aquisição da DS

1 2 3 4 5

4.3 - As pessoas sempre me atendem com presteza e polidez, quando procuro informação na DS

1 2 3 4 5

4.4 - Sempre sou chamado para reuniões, treinamentos e planejamento do processo de compra.

1 2 3 4 5

5.1 - Consigo todos os materiais de que preciso, no momento certo, para realizar meu trabalho

1 2 3 4 5

5.2 - Recolho informações (dados) "on line" sobre a aquisição de meu pedido de material

1 2 3 4 5

5.3 - Temos bons processos de aquisição de material na DS 1 2 3 4 5

5.4 - De posse das informações, mantenho controle sobre os processos de aquisição de meu material

1 2 3 4 5

ANEXO 12 - PESQUISA - NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS CLIENTES

CATEGORIA 1: LIDERANÇA

CATEGORIA 2: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

CATEGORIA3: INFORMAÇÃO E ANÁLISE

Nesta fase queremos saber sua opinião sobre o grau de satisfação dos clientes da Divisão de Suprimentos. Os quisitos da pesquisa são afirmativas, portanto, ao responder entenda sua afirmativa de acordo com a escala acima. (1) discordo plenamente, (2) disc

CONCORDO PLENAMENTE

Com o objetivo de melhorar os processos internos da Divisão de Suprimentos do Hospital de Clínicas, afinado aos objetivos da Superintendência, estamos solicitando sua colaboração no preenchimento deste questionário visando conhecer o nível de satisfação d

FASE I - ENXERGANDO A DIVISÃO DE SUPRIMENTOSDISCORDO

PLENAMENTEDISCORDO

NÃO DISCORDO NEM CONCORDO

CONCORDO

CATEGORIA 4: ENFOQUE NOS RECURSOS HUMANOS

CATEGORIA 5: GESTÃO DE PROCESSOS

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179

ANEXO 13 - Estudo do Processo Processo: Compras c/ Licitação

Observador Willians Pinsetta e Adalberto Lima

Data: Junho/2004

Página 01

Operador

Etapas do Processo Elementos de Trabalho Tempo Observado Menor Repetido

Tempo de Ciclo Observações

Almoxarifado Item 2 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1

Item 3 2 2 2 3 2 2 3 4 2 2 1

Item 6 1 3 4 4 3 3 3 3 2 5 1 Expediente

Item 4 1 1 4 1 2 1 2 2 1 3 1

Item 7 4 3 5 5 6 5 5 7 5 6 3 Item 8 45 50 48 45 52 45 45 53 43 50 45

Item 11 1 1 1 3 3 1 2 3 4 4 1

Item 13 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 1

Item 15 2 2 2 2 4 5 5 2 4 2 2

Células de Compras

Item 5 6 7 4 6 4 4 4 9 6 4 4 Serviço de Orçamenta- ção Financeira Item 14 2 2 1 1 3 4 1 1 2 1 1

Usuário Item 9 7 9 10 11 10 9 7 10 7 7 7

Item 10 3 3 3 3 5 2 3 3 3 3 3 Item 12 3 2 3 3 3 3 3 3 2 2 2

Item 16 8 12 12 12 10 9 9 9 8 9 9

Item 19 1 3 3 3 1 1 2 2 1 1 1

Comissão de Licitação

Coord. Administrativo Item 17 2 3 3 3 2 2 4 4 2 2 2

Procuradoria Geral Item 18 5 8 10 6 6 6 7 7 10 6 6

Item 20 1 3 1 1 1 1 3 1 1 1 1 Serviço de Contrato

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180

ANEXO 14 - FLUXOGRAMA VERTICAL DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

Nº Símbolos Funções Elementos de Trabalho Tempo (dias)

01

Início

02

Almoxarifado Encaminha carteira (REP) a Divisão Suprimentos 1

03

Expediente Recebe documento encaminha ao Serviço de Compras 1

04

Célula de Compras Retira cópia da última compra, abre processo e faz a juntada e encaminha para o SOF

1

05 Serviço de Orçamentação

Financeira Faz reserva de recursos 4

06

Expediente Recebe processo e encaminha a Compras 1

07

Célula de Compras Cadastra Itens, Agenda licitação, elabora e publica o edital e Define a Comissão de Licitação

3

08

Célula de Compras Convoca as empresas, aguarda o Encerramento, Elabora o termo de encerramento, CRC, e a ata, junta as propostas, faz a grade e emite o parecer final

45

09

Usuário

10

Comissão de Licitação Faz a análise, correção e publicação 3

11

Célula de Compras Faz levantamento das últimas compras 1

12

Comissão de Licitação Planilha as propostas, Compara e Negocia Preço Analisa e Define a Homologação 2

13

Célula de Compras Faz a decisão de Compra 1

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181

14

SOF Se necessidade de Suplementação de Verba 1

15

Célula de Compras Abre Processos Secundários 2

16

Comissão de Licitação Homologa, Publica e Contrata 9

17 Coordenador

Administração Assina e/ou Autoriza 2

18

Procuradoria Geral Modalidade Licitação Exceto Convite 6

19

Comissão de Licitação Envia os Processos Secundários para o Serviço de Contratos 1

20

Área de Contratos Recebe os Contratos e finaliza o processo de compra 1

TOTAL 92

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182

(min.) (min.)

550 550

25 25

50 50

75 75

100 100

125 125

150 150

175 175

200 200

225 225

250 250

275 275

300 300

325 325

350 350

375 375

400 400

425 425

450 450

475 475

500 500

525 525

ANEXO 15 - KAIZEN NO PAPEL PARA ANÁLISE DO CONTEÚDO DE TRABALHO

ATUAL MELHORADO

Assina contrato

Homologa, publica e contrata

Abrir processos secundários

Caso necessário solicita suplementação de verba

Faz decisão de Compras

Planilhar propostas, comparar e negociar preços,

analisr e definir homologação

Analisar, corrigir e publicar edital

Analisa o material e faz opção de compra

Convocar as empresas, preparar termo de

encerramento, elaborar ata, fazer juntada e grade e

emitir o parecer final

Cadastrar itens, Agendar licitação, elaborar e

publicar edital, definir comissão de licitação

Protocolar e encaminhar a DS

Fazer reserva

Retirar última compra, abrir processo de compra e

encaminhar ao SOF para reserva

Protocola e encaminha Ao serviço de compras

Encaminhar carteira para a DS

Início do processo de compra

Encaminhar contrato ao Serviço de Contratos

Assina contrato

Homologa, publica e contrata

Abrir processos secundários

Caso necessário solicita suplementação de verba

Faz decisão de Compras

Planilhar propostas, comparar e negociar preços,

analisr e definir homologação

Convocar as empresas, preparar termo de

encerramento, elaborar ata, fazer juntada e grade e

emitir o parecer final

Cadastrar itens, agendar licitação, elaborar e publicar

edital, definir comissão de licitação

Protocola e encaminha Ao serviço de compras

Encaminhar carteira para a DS

Início do processo de compra

Encaminhar contrato ao Serviço de Contratos

Analisar, corrigir e publicar edital

Retirar última compra, abrir processo e fazer juntada

Esta atividade deve ser

desenvolvida pelas células de

compras. Atividade Padronizada

Eliminar: disponibilizar lista

informatizada de material

qualificado pelo HC

Eliminar: disponibilizar lista

informatizada de material

qualificado pelo HC

O SOF aloca os recursos e disponibiliza

informatizada para consulta. Atividades

padronizadas

Atividade transferida para as

comissões de licitação. Padronizar

as atividades

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183

ANEXO 16 – PLANILHA PARA UTLIZAÇÃO DO PDSA

Projeto: Informação PDSA: 06 Data: 23/05/05 Objetivo (Obter conhecimento sobre o que e para que)? Obter conhecimento do sistema de informação interna e externa da DS para que a conexão entre as áreas (compras, contrato e planejamento) trabalhem de forma eficaz, gerando resultados compartilhados.

PLAN Questões (pertinentes ao Objetivo) Predições (sobre as questões)

1. Como devemos melhorar a informação interna para que o processo ganhe em velocidade e qualidade?

1. Sendo o sistema de informação observado por todos dentro do setor, a velocidade de resposta é bem maior que o praticado hoje.

2. Definindo o modelo do sistema de informação compartilhado, torna mais fácil o compartilhamento das planilhas desenvolvidas por cada serviço?

2. O modelo de sistema de informação proposto, facilita a programação emitida pelo planejamento e compras compartilhada com o serviço de contratos.

3. O sistema de informação reduz o leadtime das atividades internas do serviço de contratos?

3. Enxergando a cadeia de informação da DS, o leadtime torna-se bem menor pois os tempos de processamento e deslocamento também reduzem.

Inclua mais questões se necessário Plano para coletar dados que respondam as questões acima - Discutir com a equipe do serviço de contratos o fluxograma das atividades internas e as

conexões entre os demais serviços da DS. - Descrever as necessidades de informações requeridas pelas áreas e formatar para facilitar a

leitura pelo serviço de informática do HC. - Reunir com a Diretora do serviço de informática para passar detalhes da necessidade do

serviço de contratos. - Desenvolver um formulário para coleta dos dados levantados. - Será definido um formulário para coleta dos dados, e apresentados em gráficos de controle I-

MR apresentando a produtividade antes e depois das mudanças.

DO

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184

ANEXO 17 - Estudo do Processo Processo: Compras c/ Licitação

Observador Willians Pinsetta e Adalberto Lima

Data: Dezembro/2004

Página 01

Operador

Etapas do Processo Elementos de Trabalho Tempo Observado Menor Repetido

Tempo de Ciclo Observações

Almoxarifado Item 2 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1

Item 3 1 1 1 2 2 1 1 2 1 1 1

Expediente

Item 4 6 8 4 4 5 5 4 7 4 3 4

Item 6 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Células de Compras

Item 5 38 49 45 55 53 45 45 45 48 51 45

Item 7 3 2 2 2 2 5 2 2 2 2 2

Item 9 3 5 3 6 3 3 3 3 3 3 3 Comissão de Licitação

Coord. Administrativo Item 10 2 2 2 1 2 2 3 3 2 2 2

Procuradoria Geral Item 11 8 8 9 5 6 6 6 6 8 6 6

Serviço de Contrato Item 12 1 2 1 1 1 1 3 3 1 1 1

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185

ANEXO 18 - FLUXOGRAMA VERTICAL DA MODALIDADE COMPRAS COM LICITAÇÃO

Nº Símbolos Funções Elementos de Trabalho Tempo (dias)

01

Início

02

Almoxarifado Encaminha carteira (REP) a Divisão Suprimentos 1

03

Expediente Recebe documento encaminha ao Serviço de Compras 1

04

Célula de Compras Retira cópia da última compra, abre processo e faz a juntada Cadastra Itens, Agenda licitação, elabora e publica o edital Faz a análise, correção e publicação e Define a Comissão de Licitação

4

09

Comissão de Licitação Convoca as empresas, aguarda o Encerramento, Elabora o termo de encerramento, CRC, e a ata, junta as propostas, faz a grade e emite o parecer final

45

11

Célula de Compras Faz levantamento das últimas compras 1

12

Comissão de Licitação Planilha as propostas, Compara e Negocia Preço, Faz a decisão de Compra, Analisa e Define a Homologação

2

19

SOF Se necessidade de Suplementação de Verba 1

20

Comissão de Licitação Homologa, Publica e Contrata, Abre Processos Secundários e Envia para o Serviço de Contratos

3

22 Coordenador

Administração Assina e/ou Autoriza 2

23

Procuradoria Geral Modalidade Licitação Exceto Convite 6

25

Área de Contratos Recebe os Contratos e finaliza o processo de compra 1

TOTAL 67