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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA EXTRAÇÃO DE ORQUÍDEAS: UM DANO AMBIENTAL Por: Manoel Luiz Portugal Gomes Orientador Prof. Maria Esther de Araujo Olveira Rio de Janeiro 2012

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE …estão sujeitos aqueles que danificam o meio ambiente de forma geral. Fala também sobre a Educação Ambiental, que é obrigatória

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

EXTRAÇÃO DE ORQUÍDEAS: UM DANO AMBIENTAL

Por: Manoel Luiz Portugal Gomes

Orientador

Prof. Maria Esther de Araujo Olveira

Rio de Janeiro

2012

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TEXTRAÇÃO D EORQUIDEAS: UM DANO AMBIENTAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista Em Gestão Ambiental.

Por: . Manoel Luiz Portugal Gomes

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus familiares e

amigos a força para continuar os

estudos afim de alcançar mais este

objetivo em minha vida em busca de

novos conhecimentos.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista a toda minha

família, em especial ao meus parentes in

memória, minha companheira de todas as

horas, minha neta pela sua alegria de

viver e a todos que me incentivaram.

5

RESUMO

O trabalho apresentado, relata sobre a história das orquídeas e algumas de

suas características como crescimento, morfologia, além de abordar algumas

espécies nativas do Brasil, sua comercialização interna e externa.

Aproveitando para falar também sobre a valoração de algumas espécies, em

especial a Cattleya granulosa, uma das principais espécies ameaçadas de

extinção no meio ambiente, devido a sua extração irregular e desgovernada

para fim lucrativo, abordando ainda os danos ambientais e as políticas

públicas, que sancionam as penas as quais, individualmente ou coletivamente

estão sujeitos aqueles que danificam o meio ambiente de forma geral.

Fala também sobre a Educação Ambiental, que é obrigatória nas escolas de

acordo com normas brasileiras de educação, mas que infelizmente não é

realizada de forma correta e algumas escolas nem possuem a disciplina em

seu quadro.

O Brasil é um país rico em espécies nativas, o que o torna alvo da cobiça de

outros países, levando assim a extração das espécies, causando a sua

extinção. Um método eficaz para ajudar a combater a extinção é a reprodução

de mudas em laboratórios para a comercialização, sem assim danificar o meio

ambiente.

METODOLOGIA

6

A Metodologia usada foi a realização de pesquisas em revistas, sites, livros e

artigos encontrados na internet, bem como uso de fotos de minha propriedade

e algumas retiradas de livros e sites.

SUMÁRIO

7

1. Introdução.......................................................................................................... 09

Capítulo I – A Historia da

Orquidofilia..................................................

15

1.1. – Aspectos Gerais................................................................................ 16

1.1.2 – Saprófitas........................................................................................ 17

1.1.3 – Epífitas ou Dendrículas................................................................... 17

1.1.4 – Terrestres........................................................................................ 18

1.1.5 – Ripícolas........................................................................................ 19

1.2 – Tipos de Crescimento......................................................................... 20

1.3 – Morfologia Geral ................................................................................ 20

Capítulo II - A Educação Ambiental e as

Orquídeas............................

25

2.1 – A educação ambiental por meio do cultivo de orquídeas no cerrado. 29

2.2 – A Ética como

fundamento................................................................... 30

2.3 – A Ecologia como base para os princípios fundamentais:

aprendendo com a alfabetização

ecológica..............................................................................

33

2.4 – A estrutura formal do curso: entre o vivenciar e o construir................ 36

Capítulo III – O Brasil e o estudo de suas Espécies........................... 38

3.1 – A Riqueza das Espécies Nativas......................................................... 39

3.2 – A Exportação de Nossas Orquídeas.................................................... 40

3.3 – Algumas de Nossas Espécies.............................................................. 40

3.3.1 – Hadrolaélia purpurata........................................................................ 42

3.3.2 – Catasentum macrocarpum................................................................ 42

3.3.3 – Cattleya aclandiae............................................................................. 43

3.3.4 – Cattelya walkeriana........................................................................... 44

3.3.5 – Cattelya granulosa............................................................................. 46

8

3.4 – Serviços Ambientais da Família Orquidácea...................................... 48

Capítulo IV – Danos Ambientais e as Políticas Públicas 49

4.1 – Dano Ambiental Coletivo 49

4.2 – Dano Ambiental Individual 50

4.2.1 – Pulverização das vítimas 50

4.2.2 – Difícil Reparação 50

4.2.3 – Difícil Valoração 51

Capítulo V – Valoração Econômica dos Recursos Naturais 55

Conclusão

Bibliografia Citada

60

61

9

1- Introdução:

De acordo com o artigo disponível no Wikipédia (on line), supõe-se que

a história da cultura das orquídeas tenha começado no extremo oriente,

sobretudo no Japão e na China, há cerca de 3.000/4.000 anos. A palavra

chinesa para orquídea (lan) já aparece no herbário chinês desde então.

Entretanto, não se sabe ao certo quando ela passou a ser cultivada pelo

homem e nem se este cultivo foi motivado por razões estéticas ou apenas

medicinais.

A primeira referência direta à orquídea encontrada foi feita pelo

imperador chinês Sheng Nung, ao dar alguns conselhos sobre o uso do

Dendobrium com finalidade medicinal. Confucius (551 - 479 ac. ) também fez

referência ao perfume das orquídeas. Em outros livros chineses, datados de

290 a 370 de nossa era, há referências diretas às orquídeas. Apesar das

inúmeras citações também feitas aos gêneros Vanda e Dendrobium, o

Cymbidium foi sempre o mais citado dos três. No século III, um manuscrito

chinês de botânica menciona duas espécies que hoje são conhecidas como

Cymbidium ensifolium e Dendrobium moniliforme. .

No ocidente, a referência mais antiga é encontrada em Theophrastus,

aluno de Aristóteles, considerado por muitos como pai da botânica. Em seu

trabalho denominado "Investigação sobre as Plantas", datado do ano 300

antes de Cristo, ele usa a palavra "orchis" para denominar certas espécies.

"Orkhis" é a palavra grega para testículos e apesar dele ter sido o primeiro a

10

mencionar, possivelmente não foi o primeiro a observar a semelhança entre as

raízes de certas orquídeas terrestres (que vegetam sobretudo nas zonas

temperadas da Europa) e os testículos. Ainda hoje estas espécies são

conhecidas pelo mesmo nome (Orchis maculata, simia, mascula, spectabilis) e

dele derivou o nome de toda família: "Orchidaceae".

No primeiro século depois de Cristo, um médico grego de nome

Dioscórides, que serviu como cirurgião do exército romano, reuniu informações

sobre 500 plantas medicinais, entre elas duas "orchis", em um trabalho

intitulado "Matéria medica". No período que vai de 960 a 1279 (Dinastia Sung),

muitas monografias e tratados sobre estas plantas foram elaborados na China.

Com a descoberta de novos mundos, outros gêneros de orquídeas

(principalmente as epífitas) , até então desconhecidos, passaram a fazer parte

do universo europeu, que só conhecia as "orchis" terrestres. Antigas

inscrições astecas falam de como a fava da Vanilla era usada pelos seus

ancestrais para perfumar a bebida feita a partir do cacau. Os Maias também a

utilizavam.

Os colonizadores espanhóis foram responsáveis pela introdução da

utilização da fava, na Europa. Em 1552, no "Manuscrito de Badianus", pela

primeira vez na literatura do Ocidente foi mencionada uma orquídea originária

do novo mundo, a "Vanilla". Este primeiro estudo sobre a flora da América do

Sul. Informava que ela era usada como especiaria, como perfume e sob a

forma de poção, indicada para se ter uma boa saúde.

11

Em 1597, foi publicado o "Herbário de Gerard" (John Gerard -

1542/1612), onde as orquídeas são denominadas Satyrion feminina, pois

acreditava-se que elas seriam alimento dos sátiros e que seus excessos eram

por elas provocados. Em 1688, John Ray, em sua "História do Plantarum",

descreveu a Disa uniflora, a mais bonita orquídea da África do Sul. Em 1712,

Englebert Kaempfer, médico alemão, num trabalho denominado "Amoenitatum

exoticarum" citou, pela primeira vez, uma orquídea oriental. Em 1728, aparece

o primeiro livro publicado no Japão sobre orquídeas: "Igansai-ranpin". Em

1735, Carl Von Liné (Linnaeus), botânico sueco, estabeleceu a primeira

classificação coerente das plantas (nome genérico seguido do nome

específico) além das linhas de desenvolvimento dos seres vivos e das leis da

evolução. Em seu trabalho denominado "Genera Plantarum" ele utilizou a

palavra "Orchidaceae" (derivada de "Orkhis") para denominar toda a família

das orquídeas. Suas obras abririam mais tarde o caminho para os estudos de

Darwin. Em 1763, ele publicou um outro tratado com centenas de espécies

diferentes mas as classificou todas como Epidendrum. Em 1768, a segunda

edição do "Dicionário do Jardineiro", de Miller, fala das orquídeas, mas também

as trata de Epidendrum, nome dado na época a todas as espécies tropicais.

Em 1772, Matsuoka publicou um livro em chinês, que provavelmente era

uma tradução do "Igansai-ranpin" japonês, onde são citadas seis orquídeas.

Em l830, John Lindley (botânico e taxonomista) fez a primeira classificação das

orquídeas. Ele escreveu diversos livros sobre plantas, mas foram seus

trabalhos sobre orquídeas que mais lhe renderam fama, sobretudo "O gênero e

12

espécies das plantas orquidáceas". Ele deixou um livro inacabado, mas que é

ainda assim considerado um clássico da botânica, "Folia Orchidacea".

O trabalho apresentado procura abordar algumas das espécies de orquídeas

encontradas na Região Sudeste, dentre elas alguma espécies ameaçadas de

extinção. Provavelmente a primeira referência documentada desse nome tenha

sido feita no terceiro século a.C. pelo filósofo e naturalista grego Teofrasto, em

sua obra sobre as plantas. Esse estudioso foi discípulo de Aristóteles e é

conhecido como o pai da Botânica.

No século XVI, eram mencionadas apenas 13 espécies européias de

orquídeas, todas terrestres. Só Bem mais tarde os botânicos começaram

realmente a tentar classificar as espécies de forma mais ordenada,

aparecendo então menções de orquídeas vindas da Europa e de várias partes

do mundo. O Brasil é um dos países mais ricos em orquídeas, comparável

somente com a Colômbia e Equador. Estudos recentes registram cerca de

duas mil e trezentas espécies para o território brasileiro. Existem no Brasil mais

de 2.500 espécies catalogadas. O estudo foi realizado com a finalidade de se

conhecer mais sobre esta família, da ordem das Asparagales, grupo de

angiospérmicas que vem deslumbrando milhares de pessoas, inclusive a mim.

Procurei abordar temas como morfologia, cultivo, formas de reprodução,

substratos. Algumas espécies se dividem em: Epífitas ( a maioria das

orquídeas), Terrestres, Saprófitas e Rupícolas (espécie tipicamente brasileira).

Dentre as orquídeas estudadas, darei destaque a algumas das espécies que

cultivo. Seu habitat, composição das flores, reprodução na natureza e em

laboratórios, além da valorização delas no meio ambiente. Espécies estas,

13

citadas acima, que cultivo, além de outras que possuo, mas não consegui

realizar a classificação.

Apesar da enorme variedade de espécies, poucos são os casos em que

as orquídeas possuem utilidade comercial além do uso ornamental. Entre eles,

o único amplamente difundido é o da produção de baunilha a partir dos frutos

de algumas espécies do gênero Vanilla. Mesmo em caso de uso ornamental,

apenas uma pequena parcela das espécies é utilizada, pois em sua maioria,

elas apresentam flores e folhas pequenas e de poucos atrativos. Já no caso

das espécies que atraem mais os interesses comerciais, os orquidicultores,

vêm obtendo grandes quantidades de híbridos com grande apelo comercial,

caso das Cattleyas, Phalaenopsis, entre outras. A família orquidácea, esta

distribuída em inúmeras espécies, subfamílias, gêneros.

Esta pesquisa está sendo realizada, para desenvolver melhor meus

conhecimentos sobre esta espécie, os cuidados ao cultivar, ao realizar um

novo cruzamento entre famílias orquidáceas. Esta pesquisa faz parte da pós-

graduação que pretendo realizar se possível for à área de Botânica. Sobre tudo

pretendo alertar as pessoas para a conservação da flora brasileira e suas

belezas. Serão realizadas pesquisas em websites, livros e revistas para

descrever o habitat de algumas espécies; saber como processar a reprodução

das orquidáceas em laboratório. Além Conhecer melhor o ciclo de vida das

orquidáceas e identificar algumas espécies em extinção; A metodologia usada

para a realização desta pesquisa foi a consulta em websites, livros, revistas,

consultas a artigos publicados, tiragem de fotos para mostrar as três espécies

14

que estou cultivando, além entrevistas a pessoas que tem o prazer de cultivar

orquídeas e se encantarem coma a sua beleza.

15

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA ORQUIDOFILIA

Para alguns historiadores, a palavra orquídea tem origem no vocábulo

grego “orkhis”, por significar testículos. O nome da família - orquidácea – foi

assim estabelecido pelo fato das primeiras espécies conhecidas, possuírem

pequenas túberas ( espécie de calo) gêmeas, que na visão dos povos que as

descobriram sugeriam os testículos humano.(www.wikipedia.com.br/online)

Provavelmente a primeira referência documentada desse nome tenha

sido feita no terceiro século a.C. pelo filósofo e naturalista grego Teofrasto, em

sua obra sobre as plantas. Esse estudioso foi discípulo de Aristóteles e é

conhecido como o pai da Botânica.

Naquela época as pessoas acreditavam que os tubérculos existentes

nas orquídeas tinham poderes afrodisíacos e então os usavam na alimentação.

Depois de convictamente separados. No meio de tamanha obscuridade,

podemos citar as referências feitas às orquídeas pelos chineses há

aproximadamente 4 mil anos, quando a palavra “lan” que identifica estas

palavras aparece citada. O célebre Confúcio (551 a 479a.C) também faz

algumas referências às orquídeas, e no século III, são mencionadas duas

espécies dessa família de plantas num manuscrito chinês de botânica. Ainda

na China, durante a Dianstia Sung ( 960 a 1279 ), apareceram muitos

trabalhos dissertando sobre as orquídeas, abrangendo os mais diversos

aspectos.

16

Na história dos antigos povos das Américas, também são feitas

referências sobre as orquídeas, sendo a mais importante no que diz respeito a

utilização pelos Astecas e mais das favas da Vanilla que os mesmos usavam

para dar aroma a alguma das bebidas. O nome astecas para as baunilha era

“tlixochitl”, que significa flor negra, numa alusão as favas pretas dessa planta

quando maduras, já os Maias a chamavam de sisbic”. Hoje em dia a Vanilla é

utilizada em todo mundo como aromatizante com o nome de baunilha, fato

este atribuído ao domínio dos espanhóis sobre os povos citados acima.

No século XVI, eram mencionadas apenas 13 espécies européias de

orquídeas, todas terrestres.Só Bem mais tarde os botânicos começaram

realmente a tentar classificar as espécies de forma mais ordenada,

aparecendo então menções de orquídeas vindas da Europa e de várias partes

do mundo. O Brasil é um dos países mais ricos em orquídeas, comparável

somente com a Colômbia e Equador. Estudos recentes registram cerca de

duas mil e trezentas espécies para o território brasileiro.

1.1 - Aspectos gerais.

A família orquidácea é formada por plantas monocotiledôneas, um dos

grupos de Angiospermas, ou seja, que produzem flores e frutos. Ela conta

com cerca de 35 mil espécies naturais e aproximadamente 65 mil híbridos. É

considerada pelos botânicos com a mais importante do reino vegetal.

Dentro da família orquidácea, existem três tipos de plantas, que são

classificadas de acordo com seu habitat de origem.

17

1.1.2 Saprófitas:

Segundo ENDSFELDZ (1997), apenas uma orquídea pode ser

genuinamente considerada saprófita, trata-se da curiosa Rhizanthella garneri

(muitos orquidófilos a consideram parasita e não saprófita), coleta pela

primeira vez em 1928 na Austrália, e que às vezes floresce dentro do solo. O

termo sapórfita vem ao longo dos anos trazendo muita discórdia entre os

orquidófilos, pois muitos costumam classificar suas plantas como saprófitas,

mesmo quando estas possuem clorofila e, portanto realiza fotossíntese, o que

se caracteriza um erro em termos de terminologia biológica. Outros mais

coerentes usam a terminologia humícola, que biologicamente, não traz nenhum

erro de conceito, como o termo saprófita, mas que mesmo assim não serve

para desgnar algumas espécies de orquídeas, que não se encaixam muito bem

nesta classificação (BLOSSFELD, 1999). Assim se torna necessário um estudo

botânico profundo para realmente se descobrir qual terminologia deve-se ser

utilizada, quando da classificação destas Orchidaceae, por parte dos

profissionais da área. são as orquídeas desprovidas de clorofila e crescem nos

húmus das florestas, apresentando flores pequenas e pálidas.

1.1.3 - Epífitas ou Dendrícolas:

Ainda segundo ENDSFELDZ (1997), a maior parte das orquídeas, vivem

em troncos de árvores, mas não são parasitas, pois realizam fotossíntese a

partir de nutrientes absorvidos pelo ar e pela chuva. Ao contrário do que se

pensa não sugam a seiva das árvores. São aquelas que se desenvolvem sobre

18

as árvores, usando-as apenas como suporte, ou seja, como local onde possam

receber níveis adequados de luz.Se fossem parasitas como muitos acreditam

estas não poderiam ser cultivadas em pedaços de cascas de árvores, ripas de

madeiras ou, muito menos, em vasos preparados apenas com pedaços de

xaxim, pois estes materiais são inertes, sendo que, se estas fossem realmente

parasitas não teriam como realizar sua nutrição.

As orquídeas epífitas, na natureza, geralmente se nutrem através de

elementos químicos e substâncias excretadas pelas folhas das árvores por se

encontrarem em excesso dentro destas, assim, quando ocorrem às chuvas, os

nutrientes são arrastados caule abaixo e assim não absorvidos em primeiro

lugar pelas folhas e em menor quantidade pelas raízes das orquídeas.

1.1.4 - Terrestres:

Vivem como plantas comuns na terra. Embora aceitam o plantio em

xaxim desfibrado. As orquídeas terrestres apresentam um grande número de

formas e coloridos variáveis, o que promove um grande fascínio por parte dos

orquidófilos, mas também seu difícil cultivo já originou a desistência de muitos

iniciantes dos caminhos da orquidofilia. Estas, obviamente crescem sobre o

solo, ao qual fixam profundamente suas carnosas raízes e buscam seus

nutrientes (ENDSFELDZ, 1997). Suas raízes também possuem uma enorme

quantidade de pêlos absorventes, responsáveis pelo aumento da superfície de

contato com as partículas que constituem o solo em até 85%. Estas requerem

um ambiente com alta umidade relativa do ar e de regas diárias, pois

19

geralmente são muito suscetíveis ao dessecamento devido suas

características morfo-fisiológicas.

1.1.5 - Rupícolas:

É um grupo de orquídeas tipicamente brasileiro, que foge à classificação

mencionada e que tem as rochas como suporte fixado em liquens das fendas.

Estas orquídeas vivem sobre pedras em pleno sol. Muitas vezes protegem a

ponta das raízes mergulhando-as por baixo do limo que nasce nas fendas das

rochas. Mas não é raro ver orquídeas deste tipo vivendo sobre rochas que

atingem altas temperaturas, e notar que o calor e insolação não provocam

maiores danos às raízes (ENDSFELDZ (1997). Geralmente as orquídeas

rupícolas formam toceiras compactas que cobrem pequenas áreas sobre as

rochas (Blossfeld, 1999). Tudo indica que estas plantas, em geral, apresentam

metabolismo CAM (Metabolismo Ácido das Crassuláceas), o que lhes permite

evitar a perda de água durante o dia, através da não abertura estomática

durante este período, sendo que esta estrutura foliar anexa, apenas se abre

durante a noite para a realização das trocas gasosas importantes para a

formação de ácidos que serão estocados nos vacúolos das células, e que

depois durante o dia serão utilizados nos processos fotossintéticos.Ex:Laelia

flava

1.2 – Tipos de Crescimento

20

Em relação ao crescimento as orquídeas podem ser classificadas em

Monopodial e Simpodial.

Ø Monopodial, é o crescimento ilimitado, ou seja, contínuo. Suas

folhas são lineares, rígidas e carnosas, muitas vezes sulcadas ou

semicilindricas e dispostas simetricamente no caule da planta.

Ex: Vanda, Phalaenopsis e Dendrobium.

No caso das Dendrobiuns, ao longo da haste floral, numa época de

estado vegetativo da planta costuma surgir rebentos que podem ser utilizados

para a propagação vegetativa.

Ø Simpodial, as plantas apresentam crescimento limitado, ou seja,

após o término do crescimento de um caule ou pseudobulbo, o

novo broto se desenvolve formando o rizoma e um novo

pseudobulbo, num crescimento continuo, ou seja, em duas

direções.

1.3 – Morfologia Floral

Na flor em botão de uma orquídea, sépalas e pétalas, são muito unidas

e dobradas, fechando e protegendo os elementos encarregados da

reprodução, tornando-se visíveis somente depois que a flor abrir. Quando um

grão do pólen se desenvolve sobre o estigma, origina uma longa estrutura –

tubo polínico – que cresce estimulada por substâncias químicas o óvulo

desprende. O encontro do tubo polínico e o óvulo permite a ocorrência da

fecundação.

21

As orquídeas se apresentam com sépalas e pétalas em número de três

ou múltiplos de três. As sépalas são de formato mais simples e possuem a

função de proteger a flor quando em botão; após desabrochar são tão bonitas

e coloridas como as pétalas. Uma das pétalas, denominada de Rabelo é a

mais desenvolvida e diferente das demais, podendo ter coloração mais viva,

listras, pontuações e manchas.

Esta forma diferente por vezes mimetiza o corpo de um inseto, para

atraí-los para o néctar contido no fundo da flor. Ao entrar para buscar o néctar,

acabam por carregar o pólen e ajudar na polinização. Esta é necessária e o

objetivo maior das plantas, para a produção de frutos contendo as sementes

para perpetuação das espécies.

Além das estruturas descritas acima, as orquídeas são constituídas

ainda das seguintes partes e órgãos.

• Coluna ou ginostêmio – Órgão carnudo e claviforme que swe projeta

do centro da flor, resultado da fusão dos órgãos masculino(ESTAME) e

feminino (CARPELO);

• Antera – contém grãos de polen agrupados de 2 a 8 massas chamdas

de POLINIAS;

• Estgma – depressão de superfície viscosa, órgão receptivo feminino

onde são depositadas as polínias durante a polinização;

• Ovário – local onde se desenvolve as sementes após a fecundação

• Sépala Dorsal – é a pétala que se localiza acima da flor da orquidea

• Pétala – como o próprio nome já diz, são as pétalas superioroes,

encontradas uma de cada lado

22

• Sépala Lateral – são pétalas localizadas abaixo das pétalas, uma de

cada lado, separadas pelo labelo

• Labelo – é a pétala com formado diferenciado e localizada no centro

para baixo. Possui em geral, formato d eum cone ou canudo. Dentro

dele está o órgão reprodutor da orquídea com a antera, o estigma e a

coluna.

Foto:Fernando Terra Manzan,http://www.orquideasterra.com.br/?contato*

• Pseudobulbos – só está presente em orquídeas de crescimento

simpodial, ou seja de crescimento horizontal

• Rizoma – é o eixo de crescimento da orquídea e uma das estruturas

mais importantes

• Raízes – absorventes e aderentes, são responsáveis pela a alimentação

da planta e sua fixação

• Gema – são as estruturas de crescimento, podem estar ativas ou

inativas.

23

Foto:Fernando Terra Manzan,http://www.orquideasterra.com.br/

• Cápsula – se forma quando o estigma se fecha, a flor começa a secar e

o ovário inicia a formação da mesma, que contém as sementes, até 500

mil ou mais e leva de 6 meses a um ano para amadurecer.

Cápsula formada com flor seca Fotos Manoel Luiz Portugal Gomes (orquídeas em casa)

• Folhas – responsáveis pela respiração e alimentação da planta

• Espata – o cabo da flor nasce de uma espécie de folha dupla, que

possui o formato de uma faca, esta formação que recebe o nome de

espata

• Pedicielo ( penduculo) – é a haste floral

24

• Bainha – membrana paleácea que protege a parte externa e inferior dos

pseudobulbos. Ela tem a função de preservar as gemas e as novas

partes da planta contra os raios solares fortes e insetos daninhos.

Segundo NEVES,(2000), por não se enquadrarem corretamente entre as

categorias clássicas, mini ou micro, grande parte das espécies ou exemplares

de orquídeas são consideradas simplesmente BOTÂNICAS. Essa

nomenclatura apenas reforça o que realmente são. Porém, como

citar uma planta grande com flores pequenas? Ou uma planta grande com

flores médias

ou pequenas, isoladas em cachos ou em hastes? Como não se pode criar uma

categoria para cada espécie, as “sacrificadas” estão unidas em uma só.

CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS ORQUIDEAS

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), do ensino

médio, mais do que fornecer informações é fundamental que o ensino de

Biologia se volte ao desenvolvimento de competências que permitam ao aluno

25

buscar informações, compreendê-las, elaborá-las, refutá-las, quando for o

caso, enfim compreender o mundo e nele agir com autonomia, fazendo uso de

conhecimentos adquiridos de Biologia e de tecnologia. Para que essas

competências se desenvolvam é de fundamental importância que algumas

estratégias metodológicas mais eficazes sejam aplicadas. Alguns

procedimentos, tais como dramatizações, simulações, discussões,

experimentações, excursões, debates, vídeos, o uso de mapas conceituais e

de jogos didáticos, são alguns dos recursos ou métodos que podem ser

trilhados para satisfazerem as exigências propostas pelos PCNs no tocante ao

ensino de biologia. Somando-se a esses procedimentos, a educação ambiental

constitui um inovador caminho educacional como parte da solução para a

problemática da degradação ambiental que preocupa e envolve todos os

setores da sociedade. Com ela pode-se desenvolver conhecimento,

compreensão, habilidades, motivação nos atores sociais, para adquirirem

valores, mentalidades, atitudes necessárias para lidar com questões/problemas

ambientais e encontrar soluções sustentáveis. O mesmo autor, DIAS,

estabelece, como finalidades da educação ambiental, promover a

compreensão da existência e da importância da interdependência econômica,

social, política e ecológica; proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de

adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as

atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente e induzir novas

formas de conduta nos indivíduos e na sociedade, a respeito do meio

ambiente. Ele também propõe uma série de categorias de objetivos da

educação ambiental. São eles:

26

• conscientizar os indivíduos e grupos sociais a sensibilizarem-se a

respeito do meio ambiente global e suas questões,

• oferecer a oportunidade para esses indivíduos adquirirem conhecimento

sobre a diversidade de experiências e buscarem a compreensão

fundamental sobre o meio ambiente e seus problemas,

• levar as pessoas a comprometerem-se com uma série de valores e a

sentirem interesse pelo meio ambiente, bem como a adquirirem as

habilidades necessárias para identificar e resolver problemas

ambientais.

De acordo com o professor Marcos Sorrentino, especialista em Educação

Ambiental, existem as “portas que levam a educação ambiental”, meio pelo

qual, alguns começam a participar motivados pela defesa de uma espécie

animal, ou outro elemento da natureza. Outros se sensibilizam por passeios ou

atividades esportivas também na natureza. Outros ainda começam defendendo

os direitos democráticos, na luta contra a poluição de uma fábrica, ou por uma

praça no bairro. E há os que tentam solucionar problemas ambientais e ao

mesmo tempo gerar renda e empregos, por exemplo, pela reciclagem de lixo.

A colocação do professor Sorrentino é que: “se as portas da Educação

Ambiental são tantas quem começa a praticá-las passa a perceber que esta é

uma área muito rica, pela qual podemos pensar a nossa realidade e traçar

caminhos para passar dos problemas aos sonhos”.

Segundo a Educação Ambiental trata-se de uma ação transformadora,

que “levanta poeira”, faz as pessoas “porem a mão na massa, mudar o

mundo”. Nesse sentido, trata-se de um processo no qual se começa

27

trabalhando a auto-estima de cada um (esfera da afetividade). Segundo a

educadora grande parte das pessoas nunca se deu conta do potencial que

têm. A Educação Ambiental ajuda a reverter o quadro. Um dos segredos para

as pessoas conquistarem a auto-estima é descobrir que o ambiente onde

vivem possui algo único, cuja sobrevivência depende delas. Numa área de

preservação é possível escolher uma espécie símbolo, como planta ou animal.

Mas há muitas outras opções para os demais locais: pode-se optar por um

atributo paisagístico, como uma montanha especial, uma cachoeira, uma praia;

por um prédio ou conjunto de edificações de valor histórico, ou até por uma

atividade artesanal típica da região.

A experiência que se quer relatar neste texto é um trabalho com

orquídeas, eleita espécie símbolo ou bandeira dentro da imensidão de

espécies botânicas, exatamente como propõe a professora Suzana. As

orquídeas pertencem à família orquidácea, que constitui a maior família de

angiospermas. Existem pelo menos 24 000 espécies de orquídeas, sendo que

raramente estas espécies são abundantes em números de indivíduos. A

maioria das espécies de orquídeas é tropical, sendo que somente umas 140

espécies são nativas, por exemplo, nos EUA e Canadá. Na produção comercial

de orquídeas, as plantas são clonadas por intermédio de divisões do tecido

meristemático e milhares de plantas idênticas podem ser produzidas rápida e

eficientemente. Existem mais de 60 000 híbridos de orquídeas registrados,

muitos deles envolvendo dois ou mais gêneros. Há muitas espécies na Zona

da Mata Mineira que correm um sério risco de extinção.

28

O conhecimento desse fato é também responsável pela realização dessa

experiência pedagógica e, conforme previsto, foi extremamente proveitoso

para conquistar a auto-estima dos alunos, de modo que eles se

responsabilizassem pela identificação e busca de conhecimento de seus

“hábitos de manejo” passando daí a preservação de um grupo de plantas que

é único dentro da região em que eles estão inseridos. Desse modo, eles

podem se sentir estimulados a assumirem uma atitude conservacionista

desenvolvendo competências louváveis, com o auxílio e incentivo do professor,

descobrindo enfim, o potencial que possuem para conhecer e preservar o meio

ambiente. Outro aspecto relevante que justifica a utilização das orquídeas para

esse tipo de trabalho é o fato de elas serem consideradas importantes

indicadores do grau de preservação de uma determinada área, como os

campos de altitude ou do grau de sucessão de uma floresta atlântica em

processo de regeneração. Assim, a densidade de epífitas numa determinada

floresta, pode ser claramente observada pelos alunos de modo que eles

mesmos possam fazer inferências a respeito do estágio seccional em que

aquela floresta se encontra.

Sabendo do problema da velocidade da degradação dos recursos

naturais como um todo e, considerando nesse trabalho, o caso específico da

flora , como material didático no ensino de biologia vegetal e ecologia, busca-

se saber se as escolhas de um trabalho de campo e de uma excursão como

estratégia metodológica, seguida de um curso envolvendo a experimentação

em laboratório, tendo o enfoque específico sobre uma família botânica, no

caso das orquidáceas, constituem ferramentas eficazes para serem uma “porta

29

que leva a educação ambiental”, que sensibilizam suficientemente os alunos

para trilharem no caminho que cumpre todas ou parte das finalidades e

objetivos da educação ambiental e que por fim, desenvolvam nestes, algumas

das competências e habilidades em biologia previstas nos PCNs.

2.1 - A experiência de educação ambiental por meio do cultivo de

orquídeas no cerrado

O curso de formação que vem sendo desenvolvido em São João

D'Aliança/GO vai muito além da mera transmissão de conhecimentos ou da

prática dos tratos adequados às espécies de orquídeas. Trata-se também da

oportunidade de reflexão e de questionamento sobre a própria vida. Um

primeiro reconhecimento se impõe: existem conhecimentos que são

fundamentais para a nossa vida. (Savater, 2002). É um saber essencial, neste

sentido, verificar que há certas coisas que nos convêm e outras não. Saber o

que nos convém, distinguir o bom e o mau, é um conhecimento que todos

tentamos adquirir. Há coisas que, em alguns aspectos, são boas, mas em

outros, são más. Nas nossas relações, tanto sociais quanto ambientais, essas

ambigüidades ocorrem com maior freqüência ainda.

Saber viver significa saber lidar com diversos critérios opostos. No viver

as opiniões não são unânimes, pois advindas de pessoas diferentes. Se há

uma igualdade é a de que somos todos diferentes, da mesma forma que se há

uma única concordância é que não concordamos com todos.

O que é nossa vida? Resultado, pelo menos em parte, daquilo que

queremos. E a liberdade? Escolha dentro do possível. Somos educados dentro

30

de uma tradição cultural. E é nela que nos constituímos produtos e produtores

da sociedade. Mas somos apenas condicionados, não somos determinados.

(Paulo Freire: 2000). Não somos livres para escolher o que acontece, mas

somos livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo.

Sermos livres para tentar algo não significa, infalivelmente, conseguir. Quanto

maior nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter da

nossa liberdade. Muitas forças limitam nossa liberdade, mas nossa liberdade

também é uma força. A maioria das pessoas tem mais consciência do que

limita a sua liberdade do que da própria liberdade.

2.2 – A Ética como fundamento

O que é Ética? Um saber viver que nos permite acertar. Exercer a

liberdade. Liberdade é decidir e darmos conta de que estamos decidindo. É

diferente de deixar-nos levar. Sob o ponto de vista da nossa vida, é fácil

percebermos que muitas vezes recusamos admitir que estamos fazendo

escolhas. Sob o ponto de vista ambiental, esta constatação é mais sutil:

implica reconhecer nossas ações e escolhas com um distanciamento maior,

dado pela coletividade, e é na coletividade que, muitas vezes, nos escondemos

para justificar nossas ações.

Ética é diferente de moral. A Moral pode ser definida como um conjunto

de comportamentos e normas convencionados como válidos, seja de modo

absoluto ou para apenas um grupo. Já a Ética é a reflexão sobre o porquê os

consideramos válidos e a comparação entre comportamentos moralmente

diferentes. Existe um lema fundador da ética - faça o que quiser! Pergunte a si

31

mesmo o que lhe convém. Dispense tudo que o dirija de fora. Não somos livres

para não sermos livres; ao contrário, é inevitável que sejamos livres. A

liberdade é a própria existência de ser. E até mesmo a não liberdade adviria de

uma escolha livre.

Não há humanidade sem aprendizagem cultural. O leão nasce leão, a

abelha nasce abelha. O homem, não. O que nos torna humanos é um

processo recíproco como a linguagem. Ninguém aprende a falar sozinho. Falar

com alguém e escutá-lo significa tratar o outro como pessoa, como o que

queremos ser. Para que os outros possam fazer-me humano, tenho de os

fazer humanos. E justamente o que diferencia o homem do leão e da abelha é

reconhecer-se inconcluso, e é neste inacabamento que se dá a educação

(Freire: 2001)

O que temos também nos tem; o que possuímos nos possui, o que

mantemos agarrado também nos agarra. Condição ética é estar decidido a não

viver de qualquer modo, estar convencido de que nem tudo dá na mesma, e

reconhecer que a ação de um faz a diferença a ser validada, ou não, pela

coletividade.

Os humanos se humanizam uns aos outros. O que a ética tenta

averiguar é em que consiste o bem viver. Não é se submeter a um código ou

se opor ao estabelecido, mas compreender porque certas coisas nos convêm e

outras não, para que serve a vida e o que pode torná-la boa para nós, todos os

seres vivos. Compreender o mundo como um sistema vivo e saber

compreender os subsistemas que habitam o mundo.

32

E as orquídeas? As orquídeas são a expressão da vida e da beleza da

vida. Observando as orquídeas percebemos que precisamos da sua beleza.

Mas para contemplar sua beleza é essencial que ela seja respeitada como um

ser vivo.

Retirá-la do seu habitat para levar sua beleza conosco e, assim, nos

fazermos mais belos, significa sacrificá-la, impondo-lhe sua morte e impondo-

nos viver a morte. Ao invés da beleza, levamos conosco a morte. Morte, não

apenas daquele indivíduo e da sua espécie, mas de um conjunto mais amplo

de seres vivos interdependentes, dos quais também fazemos parte.

Compreendemos, então, que beleza é sinônimo de vida. Para ser bela,

a planta precisa de estar integrada à natureza. Tanto quanto nós, seres

humanos. E aí, a planta nos ensina o que é essencial à vida. Compreender-se

parte da natureza pressupõe não ter mais a necessidade de reter o que quer

que seja.Significa perceber-se parte da mesma beleza que integra a flor e o

mundo e sair de um paradigma que via o ser humano como proprietário da

natureza para vê-lo como parte integrante dela, em uma profunda intimidade

fraternal. Como disse Brandão (1994): "não mais senhores do mundo, mas

irmãos do universo".

A discussão de questões filosóficas provocadas pelo contato com as

orquídeas é uma oportunidade única de afastarmo-nos do nosso pensamento

e de nos percebermos pensando, fazendo nossas escolhas, sabendo porque

as fizemos. Como seres pensantes, somos capazes de reposicionar a moral e

a ética em todos os domínios da nossa vida. Podemos, assim, sermos

efetivamente livres alcançando

33

A inevitabilidade de nossa própria existência.

2.3 - A Ecologia como base para os princípios educacionais: aprendendo

com a alfabetização ecológica.

O curso está estruturado de acordo com os princípios da alfabetização

ecológica, definidos por Fritjof Capra (1997). Tem o compromisso de

transformar um aglomerado de pessoas, seus participantes, em uma

comunidade de aprendizagem cooperativa: tanto quanto as orquídeas integram

sistemas vivos vibrantes que seguem os princípios e valores dos ecossistemas

naturais, assim também o grupo se compreende.

No curso também aprendemos a lidar com nossa interdependência. As

orquídeas, na condição de membros de um ecossistema, estão interligadas

numa teia de relações em que todos os processos vitais dependem uns dos

outros.

Numa comunidade de aprendizagem todos estamos ligados em uma

rede de relações, trabalhando juntos para promover a construção coletiva do

nosso conhecimento. Sob o ponto de vista da sustentabilidade, somos levados

a compreender que a sobrevivência das orquídeas, ao longo dos tempos,

depende de uma base limitada de recursos. No caso das orquídeas do

Cerrado, podemos verificar como são cada vez mais escassos esses recursos.

A ação do ser humano, decorrente do próprio desenvolvimento do mundo,

geralmente, é descontextualizada do sistema maior de relações. Preserva-se,

legalmente, uma parte de mata e quando chegamos lá não vemos uma

orquídea sequer com cápsulas de semente: os agentes polinizadores não

34

conseguem se sobrepor às barreiras que foram implantadas em meio a seus

caminhos, como: edificações e desmatamentos.Numa comunidade de

aprendizagem colaborativa, todos podemos contribuir com reflexões que

trazem crescimento ao coletivo, bem como ter a noção do impacto que

causamos sobre os demais no longo prazo, mas nossas ações desprendem -

se do nosso controle; ganham autonomia. É o que Edgar Morin chama de

ecologia das ações. (2001).

Como toda realidade possui suas contingências, seus futuros incertos,

pois decorrem de nossas ações no presente, os sistemas de rede de

aprendizagem tomam-se a melhor alternativa para atuarmos sobre ela. Ao

mesmo tempo em que produzem uma inteligência coletiva muito mais

complexa a simples soma das individuais, promovem um reencontro humano e

cultural alicerçado pela sensibilidade ética e estética. (Mance:2002).

A interdependência entre as orquídeas e outros membros do seu

ecossistema envolve trocas de matéria e energia em ciclos contínuos. Estes

ciclos agem como circuitos de regeneração. Numa comunidade de

aprendizagem, o foco é a aprendizagem e cada um é ao mesmo tempo aluno e

professor. (Paulo Freire: 1999).

A energia solar, transformada em energia química pela fotossíntese das

plantas, comanda os ciclos ecológicos. Compreendemos no curso que, como

comunidade de aprendizagem, constituímos um espaço aberto, no qual as

pessoas podem entrar e sair, deslocar-se com freqüência até que encontrem

seus lugares dentro do conjunto.

35

Além disso, aprendemos que as orquídeas, como membros vivos de um

ecossistema, participam de uma interação sutil, através da competição e da

cooperação, que envolve inúmeras formas de associação. Da mesma maneira,

o grupo deve ser pautado pela cooperação e pelo trabalho em associação.

Ao agirem como circuitos de regeneração, os ciclos ecológicos

apresentam tendência à flexibilidade caracterizada pelas flutuações de suas

variáveis. Na comunidade de aprendizagem viabilizada pelo curso, as

programações são flexíveis. O ambiente de aprendizagem é sempre recriado

pelos componentes do grupo, promovendo um intenso fluxo de informações,de

energia e de negociações, em que os interesses da coletividade respeitam os

individuais evice-versa, em um processo dialógico.

A estabilidade de um ecossistema depende muito do grau de

complexidade ou da diversidade de sua rede de relações. Experiências que

encorajem os participantes a utilizar diversas maneiras de aprender são

essenciais na comunidade de aprendizagem.

36

As orquídeas, tanto quanto a maioria das espécies de um ecossistema co-

evoluem através da interação entre criação e adaptação mútua. Do mesmo

modo, as organizações comunitárias já existentes na região e outras que

venham a ser criadas a partir do curso. precisam trabalhar em associação, de

modo a que cada um possa melhor compreender as necessidades do outro e,

assim, "co-evoluir”.

2.4 – A estrutura formal do curso: entre o vivenciar e o construir

De acordo com MARTINS(2002), foram realizados encontros e reuniões

preparatórias no decorrer do ano de 2002, ainda por ocasião da execução de

outros projetos, e um encontro formal em fevereiro de 2003. Para

apresentação da proposta de trabalho e levantamento dos interesses e das

disponibilidades de horários.

O curso tem a duração de setembro de 2003 a junho de 2004. com um

encontro mensal, para troca de informações, com duração de 4 horas, cada,

totalizando 10 encontros - 40 horas. Serão realizadas, ainda, visitas técnicas

no decorrer do primeiro semestre de 2004, para registro fotográfico de

espécies da região e organização de espaços de cultivo, seja individual ou

coletivo, para os interessados.

Todos os encontros são marcados pela observância de regras

consensualmente construídas: nosso propósito fundamental é nutrir as

possibilidades inerentes ao desenvolvimento humano de todos quantos

possam ter a oportunidade de participar; cada participante é único e valioso;

aprender é essencialmente uma questão de experiência; o papel dos

37

educadores é facilitar o processo natural da aprendizagem; nossa organização

deve ser verdadeiramente democrática; temos um compromisso comum,

traduzido na profunda reverência pela vida em todas as suas manifestações. O

que se pode entender com tudo isso, é que se existe uma possibilidade de se

evitar a extinção das orquídeas, com uma educação ambiental onde se aborda

os aspectos sobre os danos causados com sua extração, esta possibilidade

tem de ser usada nas escolas e na vida de forma geral para uma

conscientização melhor das pessoas sobre os atos impensados ou não. Uma

sociedade mais consciente torna faz com que o meio ambiente seja mais

protegido e não tanto degradado.

38

CAPÍTULO III

O BRASIL E O ESTUDO DE SUAS ESPÉCIES

Em 1906, foi publicado o volume III da "Flora Brasiliensis", a primeira grande

obra dedicada exclusivamente às orquídeas brasileiras e inclui descrição das

plantas e apresentação de desenhos. A coleção (40 volumes) foi iniciada por

Von Martius, diversos cientistas trabalharam em sua conclusão e coube a

Cogniaux completar o estudo sobre as orquídeas que contou com a

colaboração de Barbosa Rodrigues que cedeu seus desenhos e aquarelas.

É preciso registrar a importância do trabalho de Barbosa Rodrigues (1842-

1909). Além de ter sido um importante botânico e respeitabilíssimo diretor do

Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ele deixou um legado muitas obras

científicas nos mais diferentes campos (arqueologia, entomologia, zoologia,

botânica e história) e também aquarelas e desenhos onde ele aliava o rigor

científico a um agudo senso artístico.

Os originais de suas aquarelas, recuperados pela Universidade da Basiléia,

Suíça, foram publicados em 2 volumes ( "Iconographie des Orchidées du

Brésil"), depois de 6 anos de pesquisas, de trabalho e de longas negociações

diplomáticas. São 380 aquarelas documentando 700 espécies de orquídeas e

que ficaram praticamente inéditas durante 100 anos. Infelizmente das 1.000

obras resta apenas menos da metade.

39

No século passado, muitos estudiosos brasileiros e estrangeiros também

deram sua contribuição ao conhecimento das espécies brasileiras. Rolfe,

Porsch, Kraenzlin, Schlecther, Loefgren, Brade, Campos Porto. Em 1935,

Porto e Brade publicaram um índice abrangendo todas as espécies novas e

alterações de l907 até 1932 (Revista Rodriguesia, Tomo II.)

3.1 – A riqueza das espécies nativas

A riqueza de espécies nativas brasileiras de orquídeas e as inúmeras

possibilidades de cruzamento entre plantas fazem da produção nacional um

mercado atraente para orquidófilos de outros países. De um universo de cerca

de 35 mil espécies conhecidas no mundo, 10% são nativas do Brasil, calcula o

produtor Apraham Minassian, da Armênia Orquídeas, na capital.

Segundo o artigo do produtor Gerson Augusto Calore, da Biorchids, (on

line) em Várzea Paulista (SP).”O cruzamento mais comum é de espécies

nativas com exóticas, até chegar às características desejadas”. Em laboratório,

explica o engenheiro agrônomo Antonio Schmidt, da Bela Vista Orchids, em

Assis (SP), pode-se obter uma determinada cor após a terceira geração de

cruzamentos. "A cor amarela vem de uma catléia exótica; o vermelho, da

nativa Sophronitis; o branco, da catléia alba. Depois da terceira geração de

cruzamentos destas espécies com a catléia lilás, obtêm-se as cores

desejadas", explica. De cruzamento em cruzamento, uma planta pode levar 15

anos ou mais até ficar pronta.

40

3.2 – A Exportação das nossas orquídeas

De acordo com o artigo publicado pelo ESTADÃO.COM, a exportação deve ser

autorizada pelo Ministério da Agricultura e pelo IBAMA. Schmidt diz que, além

do registro no Mapa, pela legislação, todas as plantas destinadas ao comércio

devem ter o Registro Nacional de Cultivares (RNC). A Bela Vista produz de 500

a 1.500 plantas por espécie. São 400 espécies disponíveis ao comércio, entre

nativas e exóticas, e a exportação, para EUA, Europa e Ásia, corresponde a

5% do total produzido.

O IBAMA emite a autorização prevista pela Convenção sobre o Comércio

Internacional das Espécies da Flora e da Fauna (Cites). "O Cites é pedido via

internet, paga-se a taxa e ele sai em 15 dias", diz Schmidt. O produtor então

encaminha ao Mapa pedido de permissão de exportação. "É uma lista das

plantas exportadas, os registros, nota fiscal e o Cites." No embarque, o Mapa

emite o certificado fitossanitário, que comprova que a planta é isenta de

pragas.

O produtor deve, ainda, apresentar um cronograma semestral de produção,

com as espécies disponíveis para comercialização, e comprovar que as

plantas foram reproduzidas em laboratório registrado, e não coletadas na

natureza, informa a responsável pela Coordenação de Proteção e

Conservação Florestal do IBAMA, Claudia Maria Correia de Mello. "Os

principais importadores são Alemanha e EUA; 70% das vendas externas saem

do Estado de São Paulo", diz Claudia.

41

Até chegar ao destino final, a planta percorre um longo caminho, que começa

no laboratório, onde é feita a seleção. Depois, uma limpeza minuciosa deixa a

raiz sem nenhum resíduo de substrato. Com a raiz nua e limpa, a planta, sem

umidade, é embrulhada em papel e embalada em caixas de papelão. No

aeroporto, se houver suspeita de praga, recebe a aplicação de produto

químico, devidamente informado ao comprador.

De acordo com SCHMIDT, não há limite de idade para exportar uma orquídea

e cada mercado tem suas preferências. "Os americanos gostam de plantas

robustas e os japoneses preferem plantas compactas, por causa da falta de

espaço. A maioria procura plantas de cores vivas. Os mais técnicos procuram

por qualidade de forma, que envolve cores, textura, durabilidade, tamanho e

raridade."

D"Andrea garante que a planta agüenta até 30 dias dentro da caixa, mas

costuma chegar ao destino em 3 dias. "Ao chegar, a orquídea é reclimatizada

por uma semana, até ser plantada no local definitivo."

3.3 – Algumas de nossas espécies

As espécies brasileiras citadas a seguir foram consultados no site

wikipédia.com.br, acessado no dia 23 de janeiro de 2012.

42

3.3.1 - Hadrolaelia purpurata

Também conhecida como Laelia purpurata, é uma orquídea endêmica do sul

e sudeste do Brasil. Possui comportamento epífito, possui caule do tipo

pseudobulbo, folhas oblongas, atinge cerca de trinta centímetros de altura e

suas flores de coloração branca e púrpura são muito apreciadas. Por suas

características ornamentais a espécie é largamente cultivada e comercializada,

facilmente encontrada nas floriculturas de todo o país.

Geralmente floresce no verão, porém em estufa chega a florescer durante todo

o ano.

É considerada por muitos a flor nacional do Brasil por excelência, uma vez que

o ipê-amarelo é uma árvore. É a flor símbolo do estado de Santa Catarina.

3.3.2 - Catasetum macrocarpum

No reino das Orquídeas, o gênero Catasetum , descrito primeiramente por

Rich. ex Carl Kunth em 1820, contem mais de 60 espécies conhecidas.O nome

Catasetum se origina do grego kata, que significa "embaixo", e do latim seta,

referindo-se a dois prolongamentos na base da coluna da flor, em forma de

seta.

Este gênero tem indivíduos com flores femininas e indivíduoas com flores

masculinas. Este exemplar foi encontrado em área sombria no interior da

floresta, em tronco envelhecido e úmido, mas é também encontrado em cima

de copas de árvores e das palmeiras.Distribuição: América Central, Trinidad,

43

Peru, Equador, Suriname, Guiana Francesa, Venezuela e Colômbia. No Brasil:

Amazonas, Pará, Amapá, Maraanhão, Tocantins, Mato Grosso, Bahia e Rio de

Janeiro.

Habitat: Epífita de muitos ecossistemas brasileiros, floresta de terra firme,

floresta ribeirinha, igapó, campina, cerrado, campo rupestre, savana e lagos

artificiais.

Suas flores têm um suave e agradável perfume. Através de um complexo

processo, a polinização ocorre quando uma específica abelhavisita suas flores

e carrega sem perceber, grudada em suas costas, a polínia com o polen.

O quadro original pertence aos Reis da Espanha. Foi o presente oferecido pelo

Presidente da República. durante a visita oficial que fizeram ao Brasil, em julho

de 2000. Dimensão original da prancha original: 68 cm x 51 cm.

3.3.3 - Cattleya aclandiae

É uma orquídea endêmica da Bahia, especificamente da regiões sul e sudeste

do estado. Foi descrita originalmente pelo botânico inglês John Lindley no ano

de 1840. A espécie é geralmente encontrada na faixa de Mata Atlântica acima

de 400 metros de altitude. Tem comportamento epífito, atinge cerca de 20

centímetros, folhas lisas, rígidas e elípticas e flores que variam de verde claro

ao verde escuro com manchas marrons e labelo de cor lilás.

Necessita de bastante umidade para se desenvolver bem. Em seu habitat,

existem brisas marítimas constantes, que trazem à planta umidade vinda do

44

mar. Em cultivo, não se adapta a vasos, devendo ser, portanto, plantadas em

cascas de árvores. Antigamente era rara nas coleções mas hoje, seu cultivo já

é mais difundido.

3.3.4 – Cattleya walkeriana

Foi descoberta por Gardner, em 1839, próximo ao rio São Francisco (MG). Seu

nome foi dado em homenagem ao seu fiel assistente, Edward Walker, que o

acompanhou em sua segunda viagem ao Brasil a serviço do Jardim Botânico

do Ceilão, no Sri Lanka. O brasileiro Barbosa Rodrigues descreveu, em 1877,

a Cattleya princeps, hoje considerada uma variedade da Cattleya walkeriana.

A Cattleya walkeriana, hoje mundialmente conhecida e apreciada pelos

belíssimos híbridos que tem produzido, é encontrada nas regiões mais

diferentes do Brasil, seja crescendo sobre pedras, no Estado de Goiás, ou

sobre árvores, nos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais,

sempre próxima às águas de lagos, rios ou pântanos. São plantas de cultivo

extremamente fácil, que os orquidófilos do mundo inteiro já dominam. Deve-se

destacar que a maioria das plantas que hoje se encontram nas coleções foram

produzidas por semente ou meristema (clonagem).

A fácil adaptabilidade dessa espécie se comprova na maneira como é

cultivada. No Brasil, que abriga todos os tipos de clima, temos visto a Cattleya

walkeriana cultivada em vasos de cerâmica baixos e furados (chamados

piracicabanos), em vasos comuns com xaxim desfibrado, em pequenos

45

pedaços de casca de árvore (peroba, aroeira, ipê, etc.), em casca de pinheiro,

em placas de xaxim ou, ainda, em muros de pedra. É uma planta que tolera

muito bem a luz solar intensa, porém não direta. Gosta de ambientes úmidos e

bastante ventilados, detestando substratos encharcados. Em Rio Claro

(175 km ao norte de São Paulo), resistem muito bem às altas temperaturas de

verão (38°C), assim como às baixas temperaturas de inverno (10°C), ocasião

em que devem ser protegidas do vento frio do sul e ter suas regas diminuídas.

O pico de floração é no mês de Maio, o que lhe faculta os mais variados

cognomes: flor de Maria, flor das noivas, flor das mães, flor de inverno, etc.

Após o aparecimento das flores, dá-se a brotação pesada, por volta do mês de

Agosto, período em que deve-se intensificar as regas e a adubação para a

formação do bulbo vegetativo. É importante lembrar que a Cattleya walkeriana

pode florescer em broto especial ou em broto com folha comum (Cattleya

walkeriana variedade princeps, que floresce em Setembro).

É uma planta extremamente sensível às divisões (separação de mudas). Para

poupá-la, deve-se evitar a floração no ano seguinte à divisão. Com este

cuidado, ela economiza forças. Quando a planta mostra os botões, deve-se

cortá-los utilizando ferramenta esterilizada para evitar contaminações, vírus ou

bactérias. Isto pode ser feito usando-se a chama de um isqueiro ou vela por

uns trinta segundos na lâmina da ferramenta. Nesta espécie, são encontradas

as formas tipo lilás, alba (branca), coerulea (azulada), semialba (branca com

labelo lilás), lilacínea (rosada), flammea (lilás com riscos púrpura), vinicolor

(vinho), entre outras.

46

3.3.5 - Cattleya granulosa

Segundo RAMALHO & PIMENTA(2010), a orquídea Cattleya granulosa é uma

espécie endêmica do bioma Mata Atlântica ameaçada de extinção em

decorrência de fatores antrópicos que degradaram a floresta original em 8% e

fragmentaram em corredores ecológicos ao longo do litoral brasileiro. Essa

redução do total de habitats disponíveis à espécie aumentou o seu grau de

isolamento entre suas populações, diminuindo o fluxo gênico, o que acarreta

em perdas de variabilidade genética e, conseqüentemente, implica em ameaça

de extinção da espécie (BRASIL, 2009). Dentre as orquídeas apreendidas pela

Guarda Ambiental Municipal no Parque Natural Dom Nivaldo Monte, está C.

granulosa. Esta espécie é muito visada em ações de biopirataria e coleta

predatória em função de sua beleza singular (CASTRO, 2008).

Esta orquídea desenvolve-se melhor na região compreendida numa faixa de 2

a 20 quilômetros próximos à orla marítima, sendo encontrada desde o nível do

mar até o topo de algumas dunas especialmente no Rio Grande do Norte, mas

também em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Paraíba (NATAL, 2008).

A orquídea C. granulosa é uma espécie epifita que se ambientou em um

regime vegetativo de Restinga Arbustiva associada à Restinga Arbórea,

apresentando-se em grupamentos espaçados, bem característicos (MARTINS

et al., 2009). A ventilação constante é marcante e, aliada ao período de

insolação, à temperatura e à umidade relativa, elementos climáticos com certa

homogeneidade, indicam ser determinantes para caracterizar todo o entorno.

47

Quanto à ocorrência da Cattleya granulosa associa-se a um grupamento

vegetal caracterizado pela presença dominante de representantes da família

Myrtaceae, onde elas se fixam, e de representantes terrestres da família

Bromeliaceae que cobrem boa parte do solo. A espécie atinge de 40 a 60 cm

de altura. As cores de suas flores variam de verde amarelado a várias

tonalidades de marrom, dependendo da luminosidade do ambiente, possuindo

ou não pintas na cor castanho-avermelhada, tendo suas inflorescências

constituídas por cinco a nove flores com perfume adocicado e diâmetro entre 8

a 10 cm.

Segundo GUIMARÃES(2009), esta espécie endêmica e ameaçada de

extinção, tem sido a espécie mais visada pelos infratores por sua beleza

cênica, raridade e alto valor no mercado ilegal. Esta espécie é um epífito

vascular de 40 a 60 cm de altura que se ambientou em um regime vegetativo

de Restinga Arbustiva associada à Restinga Arbórea influenciando

positivamente nos processos e na manutenção da Mata Atlântica. Destaca-se

que as extrações constantes têm comprometido a integridade do ecossistema

e conseqüentemente a quebra dos serviços ambientais oferecidos pela

espécie, em especial, sua função como bioindicador, pois são sensíveis às

interferências em matas primárias em virtude da ocupação de nichos

especializados. Este dano ambiental é de difícil reparação e valoração por se

tratar de uma espécie ameaçada de extinção. Isso porque quanto mais

escasso for o recurso natural, dificilmente se retorna ao estado original e mais

árduo será o cálculo da indenização (GUIMARÃES, 2009).

48

3.4 - Serviços Ambientais da Família Orchidaceae:

Parte da diversidade florística em florestas tropicais úmidas advém de espécies

epífitas que perfazem 10% de todas as plantas vasculares que influenciam

positivamente nos processos e na manutenção dos ecossistemas (MARRARA

et al., 2007). A Família Orchidaceae abrange 70% do número total de epífitos

vasculares típicos de florestas tropicais e subtropicais úmidas. No entanto, a

abundância e a diversidade são fortemente influenciadas pela mudança de

condições ecológicas ao longo de gradientes altitudinais, latitudinais e

continentais, sendo a distribuição de chuvas ao longo do ano, combinadas com

as variações de temperaturas, os fenômenos mais importantes para o sucesso

destes epífitos. Orquídeas constituem excelentes bioindicadores, pois são

sensíveis às interferências em matas primárias em virtude da ocupação de

nichos especializados. Quando extraídas do seu ambiente natural, perdesse

diversidade florística e a característica de indicador ambiental fica comprimento

pela interferência desta infração ambiental.

CAPÍTULO IV

Dano Ambiental e as políticas públicas

49

Antunes (2000) explica que dano é o prejuízo causado a alguém por um

terceiro que se vê obrigado ao ressarcimento. Segundo este autor, o dano

ambiental é o prejuízo ao meio ambiente, sendo este um bem jurídico de uso

comum do povo (art. 225 da Constituição Federal). Portanto, cabe ao infrator

ressarcir a sociedade pelo prejuízo causado.

A Lei 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, em seu

Art. 14, § 1o, prevê duas modalidades de dano ambiental ao referir-se a

"danos causados ao meio ambiente e a terceiros". Assim, Guimarães (2009),

classifica o dano ambiental como coletivo e individual conforme é mostrado a

seguir:

4.1 - Dano ambiental coletivo

Causado ao meio ambiente globalmente considerado, em sua concepção

difusa, como patrimônio coletivo, atingindo um número indefinido de pessoas,

sempre devendo ser cobrado por Ação Civil Pública ou Ação Popular. Quando

cobrado tem eventual indenização destinada a um Fundo, cujos recursos serão

alocados à reconstituição dos bens lesados.

4.2 - Dano ambiental individual

Viola interesses pessoais, legitimando os lesados a uma reparação pelo

prejuízo patrimonial ou extra patrimonial. Podem ser ajuizadas ações

individuais, de maneira independente, não havendo efeito de coisa julgada

50

entre a ação individual e a coletiva. Está-se discutindo a possibilidade da

propositura de Ação Civil Pública em defesa de vários indivíduos prejudicados

por uma poluição ambiental por representar um "interesse individual

homogêneo".

Ainda segundo GUIMARÃES(2009), os danos ambientais também possuem

suas características fundamentais, como é relatado a seguir:

4.2.1 - Pulverização de vítimas

Contrapõe-se o dano ambiental ao dano comum pelo fato de que, enquanto

este atinge uma pessoa ou um conjunto individualizado de vítimas, aquele

atinge, necessariamente uma coletividade difusa de vítimas, mesmo quando

alguns aspectos particulares da sua danosidade atingem individualmente

certos sujeitos.

4.2.2 - Difícil reparação

Na grande maioria dos casos de dano ambiental, a reparação ao status quo

ante é quase impossível e a mera reparação pecuniária é sempre insuficiente e

incapaz de recompor o dano. Como repor o desaparecimento de uma espécie?

Como purificar um lençol freático contaminado por agrotóxicos?

4.2.3 - Difícil valoração

Nem sempre é possível calcular o dano ambiental, justamente em virtude de

sua irreparabilidade. Existem três características do dano ambiental,

necessários à configuração do dever de indenizar: a sua anormalidade

51

(quando houver modificação das propriedades físicas e químicas dos

elementos naturais de tal grandeza que estes percam, parcial ou totalmente,

sua propriedade ao uso); a sua periodicidade, não bastando eventual emissão

poluidora; e a sua gravidade, devendo ocorrer transposição daquele limite

máximo de absorção de agressões que possuem os seres humanos e os

elementos naturais.

Quanto à reparação do dano ambiental a Constituição Federal, em seu art.

225, § 2o, determina que: "aquele que explorar recursos minerais fica obrigado

a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica

exigida pelo órgão público competente, na forma da lei." O §3o acrescenta: "as

condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os

infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,

independentemente da obrigação de reparar o dano."

Para GUIMARÃES (2009), as sanções penais e administrativas têm um caráter

de castigo, já à reparação do dano busca a recomposição daquilo que foi

destruído, ambas as hipóteses procuram impor um custo ao poluidor. A

reparação não visa apenas reparar a agressão à natureza, mas também a

privação, imposta à coletividade, do equilíbrio ecológico, do bem estar e da

qualidade de vida que aquele recurso ambiental proporciona, em conjunto com

os demais. Enfatiza-se que esta reparação pode ocorrer de duas formas: a

recuperação natural ou o retorno ao status quo ante, modalidade ideal; e a

indenização em dinheiro, forma indireta de reparar a lesão. Apenas quando

essa recuperação não for viável é que se admite indenização em dinheiro.

52

No entanto, entende-se que a proteção ao meio ambiente deve ser preventiva,

quando possível, e não reparatória. Pelo o princípio da precaução e da

prevenção devem ser adotadas políticas públicas que evitem os danos

ambientais. Ou seja, que as medidas adotadas pelo poder público, não sejam

meramente reparadoras, como a cobrança de indenização.

Destaca-se que o princípio da prevenção do dano ambiental consiste no

comportamento efetuado com o intuito de afastar o risco ambiental.

Antecipam-se medidas para evitar agressões ao meio ambiente. Este preceito

encontra-se previsto no artigo 225, da Constituição Federal, quando se

incumbe ao Poder Público e à coletividade o dever de proteger e preservar o

meio ambiente às presentes e futuras gerações. A noção de prevenção diz

respeito ao conhecimento antecipado dos sérios danos que podem ser

causados ao bem ambiental em determinada situação e a realização de

providências para evitá-los. Já se verifica um nexo de causalidade

cientificamente demonstrável entre uma ação e a concretização de prejuízos

ao meio ambiente.

Já o principio da precaução afirma que na ausência da certeza científica

formal, a existência de um risco de um dano sério ou irreversível requer a

implementação de medidas que possam prever este dano. Logo, este princípio

é um estágio além da prevenção, enquanto que o da precaução tende à não

realização de uma atividade, se houver risco de dano irreversível, o da

prevenção busca, ao menos em um primeiro momento, a compatibilização

entre a atividade e a proteção ambiental (CUNHA, 2009).

53

Nesse sentido, para Marin Filho (2005) uma política pública consiste na

“expressão da postura do poder público em face dos problemas e dos

diferentes atores que compõem o cenário e sua intenção de dar respostas

afeiçoadas ao papel do Estado na sua relação com a sociedade”. Esta postura

governamental deve ser sustentada por ações de planejamento (concepção ou

formulação das políticas), com base orçamentária (alocação de recursos para

a viabilização das políticas) e execução (implementação ou operacionalização

das medidas para realização das políticas públicas). Para Barbieri (2004) uma

política pública ambiental consiste em um conjunto de objetivos, diretrizes e

instrumentos de ação de que o poder público dispõe para produzir efeitos

desejáveis sobre o meio ambiente. As políticas ambientais são sistematizadas

através dos instrumentos de políticas públicas ambientais que visão evitar

novos problemas ambientais, sendo eles:

• Comando e controle – o Estado exerce o poder de polícia por meio de

proibições, restrições e obrigações impostas aos indivíduos e

organizações, sempre autorizadas por normas legais, a exemplo dos

padrões de emissão, qualidade e desempenho, licenciamento e

zoneamento ambiental;

• Econômico – os instrumentos fiscais procuram influenciar o

comportamento de pessoas e das organizações em relação ao meio

ambiente utilizando medidas que representem benefícios ou custos

adicionais para elas, a exemplo da tributação sobre a poluição e sobre o

uso de recursos naturais. Segue o princípio do poluidor-pagador;

54

• Preventivos – esses instrumentos que seguem os princípios da

precaução e prevenção para evitar os danos ambientais, a exemplo das

inovações tecnológicas, educação ambiental, fiscalização, criação de

Unidades de Conservação e informações ao público.

Porém, o Governo tem agido com maior ênfase através dos mecanismos de

comando e controle, os quais têm criado uma série de dificuldades,

principalmente pela abrangência territorial dos estados, o que demanda uma

infra-estrutura satisfatória para ações de fiscalização e licenciamento, além

disso, muitos danos ambientais não são devidamente valorados e cobrados

aos infratores sem necessariamente implicar na integridade das questões

sócio-ambientais.

CAPÍTULO V

VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS RECURSOS NATURAIS

55

Segundo Brasil (2009a), a necessidade de atribuir o valor de determinado

recurso natural, de estimar por meio de uma medida monetária o valor de um

dano ecológico é fundamental, na medida em que se pretenda compatibilizar o

artigo 170 com o artigo 225 da Constituição Federal de 1988, disciplinando a

apropriação dos recursos naturais, trabalhando com os princípios do poluidor-

pagador, da responsabilidade por danos e do desenvolvimento sustentável.

Uma gestão responsável e eficiente dos recursos naturais, a busca de uma

poupança ou preservação desses recursos para as gerações futuras só poderá

ser alcançada quando forem mais amplamente conhecidos os limites de sua

utilização e os custos do consumo de tais recursos.

Ainda Brasil (2009a) afirma que a valoração dos recursos naturais está

fundada no fato da legislação ambiental básica estar centrada no princípio da

responsabilidade que impõem a reparação do equivalente após a ocorrência

do dano. O próprio princípio do poluidor pagador obriga ao conhecimento dos

custos, dos valores que o poluidor potencial pagará desenvolver a atividade.

Por fim, algumas propostas, envolvendo alteração constitucional sugeriam a

introdução no texto do artigo 145 da Constituição Federal de 1988 de um

tributo ambiental, propondo alíquotas diferentes em função do grau de

danosidade ambiental da atividade.

O artigo 19 da Lei nº 9.605/1998 recomenda que na constatação do dano

ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para

efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. O Decreto nº 3.179/1999, ao

especificar as sanções aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente, fixou

56

o valor das multas administrativas, fornecendo também elementos para uma

avaliação, para a valoração dos danos. Por fim, explica que há outra vertente a

exigir a avaliação econômica dos recursos naturais: justificar a soma de

recursos da sociedade gastos para preservar e recuperar o meio ambiente, ou

seja, se exigimos que o poder público gaste recursos para recuperar e

preservar é algo crucial que os bens a serem preservados devem representar

um valor (BRASIL, 2009).

A valoração de recursos naturais resume-se em um conjunto de métodos úteis

para mensurar os benefícios proporcionados pelos ativos naturais e

ambientais, os quais se referem aos fluxos de bens e serviços oferecidos pela

natureza às atividades econômicas e humanas (MOTA, 2001).

Esses métodos são baseados na teoria neoclássica ou economia do bem-

estar, pois estimam os valores que as pessoas atribuem aos recursos

ambientais, com base em suas preferências individuais pela preservação,

conservação ou utilização de um bem ou serviço ambiental (NOGUEIRA et al.,

1998). Os economistas iniciam o processo de mensuração distinguindo entre

valor de uso e valor de não-uso do bem ou serviço ambiental:

• Valor de uso refere-se ao uso potencial que o recurso pode prover. Este

é subdividido em:

-Valor de uso propriamente dito;

-Valor de opção que se refere ao valor da disponibilidade do recurso ambiental

para uso futuro;

57

-Valor de quase-opção que representa o valor de reter as opções de uso futuro

do recurso sobre as possibilidades futuras do recurso ambiental sob

investigação científica.

• Valor de não-uso ou valor de existência reflete um valor que reside nos

recursos ambientais, independentemente de uma relação com os seres

humanos, de uso efetivo no presente ou de possibilidades de uso futuro.

Para NOGUEIRA et al. (1998) o Valor Econômico Total (VET) de um bem ou

serviço ambiental é definido com o somatório a variáveis: valor de uso, valor de

opção, valor de quase-opção e valor de existência.

Ainda para Nogueira não existe uma classificação universalmente aceita sobre

as técnicas de valoração econômica ambiental. Desta forma, Nogueira et al.

(1998) analisa as características básicas dos seis principais métodos de

valoração de bens e serviços ambientais, conforme, descrição a seguir:

• Método de Valoração Contingente (MVC): O MVC busca extrair a

disposição a pagar (DAP) ou a disposição a receber compensação –

DAC por uma mudança no nível do fluxo do serviço ambiental de uma

amostra de consumidores através de questionamento direto, supondo

um mercado hipotético cuidadosamente estruturado.

• Método Custos de Viagem (MCV): A idéia do MCV é que os gastos

efetuados pelas famílias para se deslocarem a um lugar, geralmente

para recreação, podem ser utilizados como uma aproximação dos

benefícios proporcionados por essa recreação. Esses gastos de

consumo incluem as despesas com a viagem e preparativos

58

(equipamentos, alimentação, etc.), bilhetes de entrada e despesas no

próprio local.

• Método de Preços Hedônicos (MPH): Quando uma pessoa vai ao

mercado imobiliário comprar um imóvel, ela considera também as suas

características locacional e ambiental fazer a sua escolha. Ao tomar a

sua decisão, ela está “valorando” essas particularidades do imóvel. O

método tem aplicação apenas nos casos em que os atributos

ambientais possam ser capitalizados nos preços de residências ou

imóveis.

• Método Dose-Resposta (MDR): O MDR é um método que trata a

qualidade ambiental como um fator de produção. Mudanças na

qualidade ambiental levam a mudanças na produtividade e custos de

produção, os quais levam por sua vez a mudanças nos preços e níveis

de produção, que podem ser observados e mensurados. O MDR se

caracteriza por utilizar preços de mercado (ou o ajustamento de preço-

sombra) como aproximação.

• Método Custo de Reposição (MCR): O Método Custo de Reposição

(MCR) apresenta uma das idéias intuitivas mais básicas quando se

pensa em prejuízo: reparação por um dano provocado. Assim, o MCR

se baseia no custo de reposição ou restauração de um bem danificado e

entende esse custo como uma medida do seu benefício. Por também

utilizar preços de mercado (ou preço-sombra) também se inclui na

abordagem de mercado.

59

• Método de Custos Evitados (MCE): A idéia do MCE é de que gastos em

produtos substitutos para alguma característica ambiental podem ser

utilizados como aproximações para mensurar monetariamente a

“percepção dos indivíduos” das mudanças nessa característica

ambiental. Seria o caso de um indivíduo comprar água mineral

engarrafada para se proteger de uma contaminação da água no local

onde reside. Assim, ao tomar a decisão individual de comprar esses

bens substitutos, ele está “valorando” essa perda na qualidade do

recurso água potável em termos do valor de comprar a água

engarrafada, mais as despesas médicas e o aborrecimento inerente por

contrair uma doença.

60

CONCLUSÃO

Com a realização do trabalho, foi possível aumentar os conhecimentos sobre

as orquídeas quanto a sua formação estrutural, formas de se obter novas

mudas, bem como os diferentes tipos de crescimento entre elas e suas

peculiaridades. Outro fato importante que chama a atenção é de que no Brasil,

as orquídeas são rupículas, fugindo as classificações tradicionais. Talvez por

este motivo elas estejam sendo tão desejadas nos outros países e as

exportações obtendo um crescimento significativo para os produtores, que

produzem mudas em seus laboratórios.

Vale também ressaltar a importância da Educação Ambiental em todo o

território nacional, afim de se reduzir com grande significância os impactos

ambientais, pois através da mesma, poderemos formar cidadãos mais

conscientes de seus deveres e sua obrigações em relação a proteção do meio

ambiente e ajudar na conscientização de outras pessoa também.

A importância de uma sociedade capaz de entender os danos causados amo

meio ambiente é um fator de suma importância para um desenvolvimento

social e sustentável, sabendo que cada um é responsável individualmente e

coletivamente pelo ambiente onde vivemos e as sansões a que estamos todos

sujeitos perante as normas legais e leis que visam proteger o meio ambiente,

como no caso do art. 225 da Constituição Federal. O que não se deve admitir é

que os órgãos responsáveis pelas fiscalizações fechem os olhos e finjam que

nada está acontecendo na natureza.

BIBLIOGRAFIA CITADA

61

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Berkeley, Califórnia. 1997.

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BRANDÃO, Carlos Rodrigues; Somos as águas puras. Campinas, SP: Papirus,

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62

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PIMENTA Handson Cláudio Dias. Professor do Instituto Federal do Rio Grande

do Norte - IFRN, Mestre em Ciências em Engenharia de Produção, Engenheiro

de Produção (UFRN) e Graduado em Tecnologia em Meio Ambiente

(CEFET/RN).

http://www.biorchids.com.br/, acessado em 14 de Dezembro de 2011

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63

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Gestão Ambiental (IFRN) e Graduada em Tecnologia em Meio (CEFET/ RN).

SAVATER, Fernando. Ética para meu filho.Canadá: Editora Martins Fontes,

2002.

ÍNDICE

64

FOLHA DE ROSTO .........................................................................................

2

AGRADECIMENTOS........................................................................................ 3

DEDICATÓRIA.................................................................................................. 4

RESUMO...........................................................................................................

5

METODOLOGIA................................................................................................

6

SUMÁRIO..........................................................................................................

7

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 9

CAPÍTULO I – A Historia da Orquidofilia.......................................................... 15

1.1. – Aspectos Gerais............................................................................. 16

1.1.2 – Saprófitas...................................................................................... 17

1.1.3 – Epífitas ou Dendrículas................................................................. 17

1.1.4 – Terrestres....................................................................................... 18

1.1.5 – Ripícolas......................................................................................... 19

1.2 – Tipos de Crescimento....................................................................... 20

1.3 – Morfologia Geral ............................................................................... 20

CAPÍTULO II - A Educação Ambiental e as Orquídeas................................... 25

2.1 – A educação ambiental por meio do cultivo de orquídeas no cerrado 29

2.2 – A Ética como fundamento.................................................................. 29 2.3 – A Ecologia como base para os princípios fundamentais: aprendendo30

com a alfabetização ecológica......................................................................... 33 2.4 – A estrutura formal do curso: entre o vivenciar e o construir............. 36

CAPÍTULO III – O Brasil e o estudo de suas Espécies.................................... 38

3.1 – A Riqueza das Espécies Nativas...................................................... 39

3.2 – A Exportação de Nossas Orquídeas................................................. 40

3.3 – Algumas de Nossas Espécies........................................................... 41

3.3.1 – Hadrolaélia purpurata.................................................................... 42

3.3.2 – Catasentum macrocarpum............................................................ 42

3.3.3 – Cattleya aclandiae......................................................................... 43

65

3.3.4 – Cattelya walkeriana....................................................................... 44

3.3.5 – Cattelya granulosa......................................................................... 46

3.4 – Serviços Ambientais da Família Orquidácea.................................... 47

CAPÍTULO IV – Danos Ambientais e as Políticas Públicas............................. 49

4.1 – Dano Ambiental Coletivo.................................................................. 49

4.2 – Dano Ambiental Individual............................................................... 50

4.2.1 – Pulverização das vítimas.............................................................. 50

4.2.2 – Difícil Reparação.......................................................................... 50

4.2.3 – Difícil Valoração........................................................................... 51

CAPÍTULO V – Valoração Econômica dos Recursos Naturais....................... 55

CONCLUSÃO................................................................................................... 60

BIBLIOGRAFIA CITADA................................................................................... 61