psicologia e religiao artigo.pdf

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  • VVII EEPPCCCC CESUMAR Centro Universitrio de Maring

    Maring Paran Brasil

    ISBN 978-85-61091-05-7

    VI EPCC Encontro Internacional de Produo Cientfica Cesumar

    27 a 30 de outubro de 2009

    A RELIGIO NA OBRA DE JUNG: CONTRIBUIES PARA A COMPREENSO DO HOMEM MODERNO.

    Vincius Romagnolli Rodrigues Gomes1; Jhainieiry Cordeiro Famelli Ferret2

    RESUMO: A problemtica religiosa ocupa um lugar central na obra do psiclogo C. G. Jung; sendo que quase todos os seus escritos tratam do fenmeno religioso. Jung encara a religio como uma atitude do esprito humano, atitude que poderamos qualificar a modo de uma considerao e observao cuidadosas de certos fatores dinmicos concebidos como "potncias": espritos, demnios, deuses, leis, idias, ideais, ou qualquer outra denominao dada pelo homem a tais fatores. O homem moderno sente, cada vez mais, falta de apoio nas confisses religiosas tradicionais; sendo que reina atualmente uma grande incerteza no tocante a assuntos religiosos. Neste projeto objetivamos a partir da reviso e discusso bibliogrfica, analisar as contribuies de Jung e sua psicologia analtica no que diz respeito temtica religiosa e suas implicaes na vida do homem moderno, bem como no processo de individuao; conceito central da teoria junguiana.

    PALAVRAS-CHAVE: Jung, Religio, Individuao.

    1 INTRODUO

    As manifestaes religiosas e simblicas sempre despertaram interesse e curiosidade entre os homens, Carl Gustav Jung (1875-1961), filho de um pastor protestante, teve sua a ateno desperta por tais fenmenos e atravs de uma observao cuidadosa e atenta da anlise destas representaes na mente humana ele pde reconhecer como contedos arquetpicos da alma as manifestaes coletivas que embasam as mais diversas religies. Jung via a religiosidade como uma funo natural e inerente psique, chegando a consider-la um instinto, um fenmeno genuno. A religio era vista mais como uma atitude da mente do que qualquer credo, sendo este uma forma codificada da experincia religiosa original.

    "Encaro a religio como uma atitude do esprito humano, atitude que de acordo com o emprego originrio do termo: "religio", poderamos qualificar a modo de uma considerao e observao cuidadosas de certos fatores dinmicos concebidos como "potncias": espritos, demnios, deuses, leis, idias, ideais, ou qualquer outra denominao dada pelo homem a tais fatores; dentro de seu mundo prprio a experincia ter-lhe-ia mostrado suficientemente poderosos, perigosos ou mesmo teis, para merecerem respeitosa considerao, ou suficientemente grandes, belos e racionais, para serem piedosamente adorados e amados." (Jung, 1995, p.10)

    O prprio Jung menciona a importncia da religiosidade para o ser humano, ao afirmar: "Entre todos os meus doentes na segunda metade da vida, isto , tendo mais de

    1 Acadmico do Curso de Psicologia CESUMAR, Maring PR. Acadmico do curso de Histria UEM,

    Maring PR. 2 Mestre em Psicologia, docente do Centro Universitrio de Maring (CESUMAR), Maring PR.

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    35 anos, no houve um s cujo problema mais profundo no fosse constitudo pela questo de sua atitude religiosa. Todos, em ltima instncia, estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religio viva sempre deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse prpria. Isto, claro, no depende absolutamente de adeso a um credo particular ou de tornar-se membro de uma igreja (p.153-154). Jung considerava todas as religies vlidas, visto que todas recolhem e conservam imagens simblicas advindas do inconsciente, elaborando-as em seus dogmas e, assim, realizando conexes com as estruturas bsicas da vida psquica. "As organizaes ou sistemas so smbolos que capacitam o homem a estabelecer uma posio espiritual que se contrape natureza instintiva original, uma atitude cultural em face da mera instintividade. Esta tem sido a funo de todas as religies." (Jung, 1998, p. 57). Jung entendia o termo como religio e religare, ou seja, tornar a ligar. E via a religio exatamente com a funo de ligar o consciente a fatores inconscientes importantes.

    Para Jung, a libido que constri imagens religiosas, representa o lao que nos liga nossa origem. Para designar a vivncia do contato com tais fatores e a forte emoo descrita pelos que a vivenciam, Jung apropriou-se do termo criado por R. Otto: numinoso. Via, ento, a religio como uma observao conscienciosa e acurada do "numinoso", ou seja, um efeito dinmico ou existncia que domina o ser humano; independente de sua vontade. "O termo "religio" nele se subdivide em duas acepes profundamente diferentes, sem por isso ser irreconciliveis. De um lado, uma confisso que toma sua origem numa profisso de f determinada e, de outro lado, uma experincia ou uma srie de experincias primordiais, nas quais o homem entra em relao com um sagrado que provoca nele o sentimento do numinoso. No primeiro caso a religio se apresenta como um sistema de representaes fixas, um conjunto de smbolos nos quais as significaes culturais se sobrepem s correspondncias psquicas naturais e geralmente as oculta. Ela supe o fenmeno da crena e o prolonga com um corpo de dogmas; sem impedir a possibilidade de uma relao direta entre o crente e seu deus, ela no a encoraja e se apresenta, por meio de seus ritos e suas liturgias, como mediadora necessria graas qual o homem encontra o divino e o ego estabelece um dilogo com o Self.

    Desta forma, Jung acreditava que a grande funo da religio era evitar dissociaes neurticas da psique, o que se consegue atravs do autoconhecimento, do embate entre o Ego e o Self, entre a realidade fsica e a psquica. Ele pontuava que a causa de inmeras neuroses est principalmente no fato de as necessidades religiosas da alma no serem mais levadas a srio, "devido paixo infantil do entendimento racional. (...) o que importa j no so os dogmas e credos, mas sim toda uma atitude religiosa, que tem uma funo psquica de incalculvel alcance." (Jung, 1998, p. 44) Ou seja, importante para o homem desenvolver uma atitude religiosa, independente do credo ou do dogma.

    Deve-se ressaltar que Jung utilizava os termos "Deus" ou "divindades" no contexto simblico, sendo que ambos se encontram como tais muito alm do alcance humano e revelam-se a ns como imagens psquicas, isto , como smbolos. Assim sendo, as pessoas realizam os ritos porque "No rito esto prximas de Deus; so at mesmo divinas." (Jung, 1998, p.273). De acordo com Jung, todos os psiclogos que estudem os fenmenos religiosos devem abster-se de considerar como verdadeiro somente o que apresentar-se como um dado fsico, visto no ser este seu nico critrio de veracidade. H, alm, verdades psquicas que no podem ser recusadas, mesmo sendo de difcil explicao. Todas as religies vm do mesmo solo: o inconsciente. No h "revelao", nem deus, nem transcendente; h somente arqutipos, recm-brotados do "mesmo solo materno em que, outrora, se formaram, sem exceo, todos os sistemas filosfico-religiosos." (Jung, 1998). o contato com os "mistrios" de cada religio que fala diretamente simbolicamente com o nosso inconsciente, satisfazendo nossa

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    religiosidade. Diante disso e a partir dos pressupostos tericos da teoria junguiana, em especial os conceitos de religio e individuao, buscaremos abordar a temtica religiosa, tal qual concebida na obra de Jung e as implicaes dessa teoria na prtica, ou seja, na vida do homem moderno, bem como em seu processo de individuao.

    2 MATERIAL E MTODOS

    Partindo do pressuposto de que a pesquisa terica consiste em um levantamento da bibliografia fundamental na rea escolhida, a partir de um problema identificado e de um questionamento com a finalidade de construir explicaes tericas para o problema colocado; acreditamos que o mtodo descritivo, nos permite analisar nosso objeto de uma forma ampla e adequada. A partir de tal mtodo, podemos realizar uma discusso bibliogrfica dos documentos selecionados acerca do tema, bem como fazer uma posterior anlise dessas fontes documentais e uma discusso dos contedos pesquisados, estabelecendo um dilogo crtico com os autores consultados, a fim de atingir os objetivos propostos neste projeto.

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    Objetivamos com a realizao desta pesquisa, ampliar nosso conhecimento acerca do tema, bem como corroborar a importncia do fenmeno religioso e suas implicaes para a vida e a individuao do homem moderno.

    4 CONCLUSO

    Tal pesquisa est em fase inicial, logo, no h dados conclusivos, entretanto, objetivamos corroborar a importncia do fenmeno religioso e suas implicaes para a vida e a individuao do homem moderno.

    REFERNCIAS

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    CAMPBELL, Joseph. O poder do mito com Bill Moyers ; org. por Betty Sue Flowers ; traduo de Carlos Felipe Moiss. -So Paulo: Palas Athena, 1990.

    CAVALCANTI, Tito R. de A. Jung (Folha Explica). So Paulo: Publifolha, 2007.

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    ELIADE, M. Histria das Crenas e das Idias Religiosas. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.

    ELIADE, M. Tratado de Histria das Religies. . So Paulo: Martins Fontes. 1998.

    ELIADE, Mircea. Imagens e Smbolos. So Paulo: Martins Fontes, 1991.

    JUNG, C.G A Vida Simblica. Petrpolis: Vozes. V.XVIII/1. 1998.

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    JUNG, C.G Psicologia e Religio. Petrpolis: Vozes. 1995.

    JUNG, Carl G. O Homem e seus Smbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

    SILVEIRA, Nise da. Jung Vida e Obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

    YOUNG-EISENDRATH, Polly; DAWSON, Terence. Manual de Cambridge para Estudos Jungianos. Porto Alegre: Artmed, 2002.