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Qualidade do Ar e Efeitos na Saúde da População do Município do Rio de Janeiro
Relatório de conclusão
Programa AreS-Rio
janeiro de 2005
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Ministra Marina Silva
SECRETARIA DE QUALIDADE AMBIENTAL NOS ASSENTAMENTOS HUMANOS
Secretário Victor Zular Zveibil
PROGRAMA DE QUALIDADE AMBIENTAL
Diretor Ruy de Goes Leite de Barros
PROCONTROLE
Gerente Reinaldo Aparecido de Vasconcelos
Assessoras Técnicas:
Lorenza Alberici da Silva
Marie Kalyva
CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/CBC
P279 Qualidade do ar e efeitos na saúde da população do município do Rio de Janeiro: relatório de conclusão / [Ministério do Meio Ambiente], Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos; Instituto de Medicina Social/UERJ; Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana/ENSP/FIOCRUZ.– Rio de Janeiro: Ministério do Meio Ambiente, 2005. 138p. Bibliografia: p.123-127. 1. Ar – Qualidade – Rio de Janeiro(RJ). 2. Ar – Poluição – Rio de Janeiro(RJ). 3. Saúde ambiental. 4. Saúde urbana. I. Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos (Brasil). II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social. III. Escola Nacional de Saúde Pública (Brasil). Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana. IV.Título.
Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos
Qualidade do Ar e Efeitos na Saúde da População do Município do Rio de Janeiro
Relatório de conclusão
Programa AreS-Rio
janeiro de 2005
EQUIPE DE PESQUISA
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Instituto de Medicina Social –
Departamento de Epidemiologia
Pesquisadores:
Antonio Ponce de Leon Gulnar Azevedo e Silva Mendonça
Washington Leite Junger Joana Cunha Cruz
Alessandra Bento Veggi Cynthia Braga da Cunha
Iniciação Científica:
Tamara Queiroz dos Santos Silva Carla Fernandes de Mello
Carolina Pereira Ornelas
Auxiliares de campo:
Cyro Haddad Novello Giovanni Haddad Novello
Renata Cordoville Freire
Fiocruz – Escola Nacional de Saúde Pública – Centro de Estudos da Saúde do
Trabalhador e Ecologia Humana
Hermano Albuquerque de Castro Marisa Moura
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
Maria Isabel de Carvalho
Secretaria Municipal de Meio Ambiente
Vinícius de Oliveira Elias Epaminondas da Silva
Agradecimentos:
Secretaria Municipal de Saúde
Secretaria Estadual de Saúde
Comando Aéreo Regional
Departamento de Climatologia da UERJ
3
SUMÁRIO
Equipe de pesquisa ..................................................................................................................... 2
Sumário....................................................................................................................................... 3
Índice de tabelas ......................................................................................................................... 7
Índice de figuras ....................................................................................................................... 13
SUBPROJETO I Qualidade do Ar e Efeitos Adversos à Saúde da População da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro: Análise dos Dados Secundários.......................................... 18
1 Introdução............................................................................................................................ 18
2 Objetivos............................................................................................................................... 21
2.1 Geral .................................................................................................................................. 21
2.2 Específicos......................................................................................................................... 21
3 Metodologia.......................................................................................................................... 21
3.1 Área geográfica de estudo ................................................................................................. 21
3.2 Período do estudo .............................................................................................................. 21
3.3 Fonte de Dados .................................................................................................................. 22
3.3.1 Desfechos ...................................................................................................................... 22
3.3.2 Poluentes Ambientais ..................................................................................................... 23
3.3.3 Dados Meteorológicos.................................................................................................... 23
3.4 Análise Estatística ............................................................................................................. 23
3.4.1 Construção do banco de dados ....................................................................................... 23
3.4.2 Análise dos dados ........................................................................................................... 24
4 Resultados............................................................................................................................. 26
4.1 Mortalidade e Poluição...................................................................................................... 26
4.1.1 Análise descritiva ........................................................................................................... 26
4.1.2 Efeito da poluição na mortalidade em idosos................................................................. 30
4.2 Internações Hospitalares e Poluição .................................................................................. 43
4.2.1 Análise descritiva ........................................................................................................... 43
4.2.2 Efeito da poluição nas internações hospitalares de crianças e idosos ............................ 48
5 Conclusões............................................................................................................................ 79
SUBPROJETO II Qualidade do ar e sintomas respiratórios agudos em crianças atendidas nas
unidades básicas de saúde de Jacarepaguá ............................................................................... 83
1 Introdução............................................................................................................................. 83
2 Objetivos............................................................................................................................... 84
2.1 Geral .................................................................................................................................. 84
4
2.2 Específicos......................................................................................................................... 84
3 Metodologia.......................................................................................................................... 85
3.1 Área geográfica de estudo ................................................................................................. 85
3.2 População e período de estudo .......................................................................................... 86
3.3 Coleta de dados.................................................................................................................. 86
3.3.1 Unidades de saúde .......................................................................................................... 86
3.3.2 Elaboração do instrumento de coleta de dados............................................................... 86
3.3.3 Estudo piloto................................................................................................................... 87
3.3.4 Dados ambientais............................................................................................................ 88
3.4 Análise Estatística ............................................................................................................. 88
4 Resultados............................................................................................................................. 89
4.1 Análise descritiva .............................................................................................................. 89
4.1.1 Atendimentos ambulatoriais ........................................................................................... 89
4.1.2 Indicadores de poluição do ar......................................................................................... 90
4.2 Efeitos da poluição ambiental na ocorrência de consultas pediátricas.............................. 91
4.2.1 Resultados no Hospital Cardoso Fontes ......................................................................... 91
4.2.2 Resultados na UIS Hamilton Land ................................................................................. 96
5 Conclusões.......................................................................................................................... 100
Subprojeto III Efeitos da Poluição do Ar Urbano na Função Respiratória de Crianças de
Escola da Rede Pública no Município do Rio de Janeiro....................................................... 104
1 Introdução........................................................................................................................... 104
2 Objetivos............................................................................................................................. 106
2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 106
2.2 Objetivos específicos....................................................................................................... 106
3 Metodologia........................................................................................................................ 107
3.1 Área geográfica de estudo ............................................................................................... 107
3.2 Tipo de estudo ................................................................................................................. 107
3.3 População de estudo ........................................................................................................ 108
3.4 Coleta de dados................................................................................................................ 108
3.4.1 Coleta de informações das crianças.............................................................................. 108
3.4.2 Coleta de informações dos poluentes e condições meteorológicas .............................. 109
3.5 Análise estatística ............................................................................................................ 110
4 Resultados........................................................................................................................... 111
4.1 Análise descritiva ............................................................................................................ 111
5
4.1.1 Características dos escolares ........................................................................................ 111
4.1.2 A capacidade respiratória dos escolares ....................................................................... 112
4.1.3 Os níveis de poluição do ar em Manguinhos................................................................ 112
4.1.4 Variáveis meteorológicas ............................................................................................. 114
4.1.5 Efeitos da poluição na função pulmonar de escolares.................................................. 115
4.1.6 O efeito do PM10 na capacidade respiratória dos escolares ........................................ 118
4.1.7 O efeito de CO, SO2 e O3 na capacidade respiratória dos escolares ........................... 119
4.1.8 O efeito do NO2 na capacidade respiratória dos escolares .......................................... 121
5 Conclusões.......................................................................................................................... 122
Referências Bibliográficas..................................................................................................... 125
Anexo A: Estatísticas descritivas e gráficos dos poluentes atmosféricos .............................. 130
Anexo B: Estatísticas descritivas e gráficos dos fatores meteorológicos............................... 135
Anexo C: Análise do efeito de NO2 sobre a mortalidade em idosos ..................................... 138
Anexo D: Instrumento para coleta de dados nas unidades de saúde em Jacarepaguá............ 140
7
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Códigos CID dos desfechos estudados. ..................................................................... 22
Tabela 2 Estatísticas descritivas para mortalidade por DAR, DPOC e PNM para maiores de 65
anos no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.................................................................... 26
Tabela 3 Estatísticas descritivas dos poluentes no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........ 27
Tabela 4 Correlação entre os poluentes no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001..................... 27
Tabela 5 Estatísticas descritivas das variáveis meteorológicas no Rio de Janeiro, set/2000 a
dez/2001. .......................................................................................................................... 29
Tabela 6 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um
acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........................ 31
Tabela 7 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um
acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........................... 32
Tabela 8 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um
acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................. 33
Tabela 9 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um
acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ............................. 34
Tabela 10 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. .................. 35
Tabela 11 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ..................... 36
Tabela 12 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........................... 37
Tabela 13 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ....................... 39
Tabela 14 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. .................. 40
Tabela 15 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ..................... 41
Tabela 16 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........................... 42
Tabela 17 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ....................... 43
8
Tabela 18 Estatísticas descritivas para internações hospitalares (SUS) por DAR, DPOC e
PNM em crianças menores de 5 anos e indivíduos maiores de 65 anos no Rio de Janeiro,
set/2000 a ago/2002. ......................................................................................................... 44
Tabela 19 Estatísticas descritivas dos poluentes no município do Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 45
Tabela 20 Correlação entre os poluentes no Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002................... 46
Tabela 21 Estatísticas descritivas das variáveis meteorológicas no Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 46
Tabela 22 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002 ........................................................................................................................... 49
Tabela 23 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002 ........................................................................................................................... 50
Tabela 24 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DAR em
crianças com até 5 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 51
Tabela 25 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002 ........................................................................................................................... 51
Tabela 26 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002 ........................................................................................................................... 52
Tabela 27 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DPOC em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 54
Tabela 28 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DPOC em
crianças com até 5 anos para cada 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 55
Tabela 29 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DPOC em crianças
com até 5 anos para cada 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. .............. 56
Tabela 30 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DPOC em
crianças com até 5 anos para cada 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 57
9
Tabela 31 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DPOC em
crianças com até 5 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
.......................................................................................................................................... 58
Tabela 32 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 60
Tabela 33 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças
com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 61
Tabela 34 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por PNM em
crianças com até 5 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 62
Tabela 35 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por PNM em
crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro,
set/2000 a ago/2002. ......................................................................................................... 63
Tabela 36 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por PNM em
crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000
a ago/2002. ....................................................................................................................... 64
Tabela 37 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com
mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ... 65
Tabela 38 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com
mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 66
Tabela 39 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com
mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 67
Tabela 40 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com
mais de 65 anos para cada 10µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002....... 69
Tabela 41 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com
mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ........ 70
Tabela 42 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC
em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 71
10
Tabela 43 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC
em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 72
Tabela 44 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC
em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro,
set/2000 a ago/2002. ......................................................................................................... 73
Tabela 45 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC
em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002 ........................................................................................................................... 74
Tabela 46 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC
em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002 ........................................................................................................................... 74
Tabela 47 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em
idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 75
Tabela 48 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em
idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 76
Tabela 49 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em
idosos com mais de 65 anos para 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. . 77
Tabela 50 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em
idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 78
Tabela 51 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em
idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 78
Tabela 52 Estatísticas descritivas das consultas pediátricas, abr/2002 a mar/2003 ................. 89
Tabela 53 Estatísticas descritivas dos poluentes atmosféricos, fatores meteorológicos e chuvas
em Jacarepaguá, abr/2002 a mar/2003. ............................................................................ 90
Tabela 54 Correlação entre os poluentes atmosféricos em Jacarepaguá, abr/2002 a mar/2003
..................... ..................................................................................................................... 91
Tabela 55 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de
PM10 e IC de 95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003..................... 91
11
Tabela 56 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de
SO2 e IC 95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003. ........................... 92
Tabela 57 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de
NO2 e IC 95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003. .......................... 93
Tabela 58 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 1000 µg/m³ de
CO e IC 95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.............................. 94
Tabela 59 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de O3
e IC 95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003. ................................... 95
Tabela 60 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de
PM10 e IC de 95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003............................. 96
Tabela 61 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de
SO2 e IC 95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003. ................................... 97
Tabela 62 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de
NO2 e IC 95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003. .................................. 98
Tabela 63 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 1000 µg/m³ de
CO e IC 95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003...................................... 98
Tabela 64 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de O3
e IC 95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003. ........................................... 99
Tabela 65 Distribuição das características dos escolares (Manguinhos – Rio de Janeiro), 2002 .
........................................................................................................................................ 111
Tabela 66 Distribuição da capacidade respiratória dos escolares (Manguinhos – Rio de
Janeiro), 2002 ................................................................................................................. 112
Tabela 67 Distribuição dos poluentes (Manguinhos – Rio de Janeiro), 2002........................ 113
Tabela 68 Distribuição das variáveis meteorológicas ............................................................ 114
Tabela 69 Decréscimos estimados no pico expiratório de fluxo de crianças (em l/min) para
aumentos de 10 unidades dos poluentes (exceto CO: 1 unidade) e para aumentos
correspondentes à diferença entre o dia menos poluído dos 10% mais poluídos (90º
percentil da distribuição do poluente no período do estudo) e o dia mais poluído dos 10%
menos poluídos (10º percentil da distribuição do poluente no período do estudo) –
Manguinhos, abr/2002 a nov/2002. ................................................................................ 117
Tabela 70 Estatísticas descritivas das concentrações de PM10 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003
........................................................................................................................................ 130
Tabela 71 Estatísticas descritivas das concentrações de SO2 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003
.... .................................................................................................................................... 130
12
Tabela 72 Estatísticas descritivas das concentrações de CO no Rio de Janeiro, 2000 a 2003
........................................................................................................................................ 131
Tabela 73 Estatísticas descritivas das concentrações de NO2 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003
.... .................................................................................................................................... 131
Tabela 74 Estatísticas descritivas das concentrações de O3 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003 131
Tabela 75 Estatísticas descritivas dos fatores meteorológicos no Rio de Janeiro, jan/2000 a
mai/2004 ......................................................................................................................... 135
Tabela 76 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. .................. 138
Tabela 77 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. .................. 138
Tabela 78 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para
um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. .................. 139
13
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Contagens diárias de óbitos por DAR, DPOC e PNM para maiores de 65 anos no Rio
de Janeiro, set/2000 a dez/2001........................................................................................ 27
Figura 2 Médias e padrões primários (linha tracejada) e secundários (linha pontilhada) dos
indicadores de poluição por partículas (PM10), SO2, CO, NO2 e O3 no município do
Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................................................ 28
Figura 3 Médias das variáveis meteorológicas no município do Rio de Janeiro, set/2000 a
dez/2001. .......................................................................................................................... 29
Figura 4 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 na mortalidade por DAR em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 31
Figura 5 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 na mortalidade por DAR em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 33
Figura 6 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO na mortalidade por DAR em idosos com mais
de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001............................................................. 34
Figura 7 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 na mortalidade por DAR em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 35
Figura 8 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 na mortalidade por DPOC em idosos
com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........................................... 36
Figura 9 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 na mortalidade por DPOC em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 37
Figura 10 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO na mortalidade por DPOC em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 38
Figura 11 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 na mortalidade por DPOC em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 39
Figura 12 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 na mortalidade por PNM em idosos
com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ........................................... 40
Figura 13 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 na mortalidade por PNM em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 41
Figura 14 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO na mortalidade por PNM em idosos com mais
de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001............................................................. 42
Figura 15 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 na mortalidade por PNM em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................... 43
Figura 16 Contagens diárias de internações hospitalares por DAR, DPOC e PNM para maiores
de 65 anos e menores de 5 anos de idade no Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.......... 45
14
Figura 17 Médias e padrões primários (linha tracejada) e secundários (linha pontilhada) dos
indicadores de poluição por partículas (PM10), SO2, CO, NO2 e O3 no município do
Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002................................................................................. 46
Figura 18 Médias das variáveis meteorológicas no município do Rio de Janeiro, set/2000 a
ago/2002. .......................................................................................................................... 47
Figura 19 Precipitação média de chuvas em milímetros no município do Rio de Janeiro,
set/2000 a ago/2002. ......................................................................................................... 48
Figura 20 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas internações hospitalares (SUS) por
DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 49
Figura 21 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas internações hospitalares (SUS) por
DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 50
Figura 22 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas internações hospitalares (SUS) por DAR
em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.................................. 51
Figura 23 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas internações hospitalares (SUS) por
DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 52
Figura 24 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas internações hospitalares (SUS) por
DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 53
Figura 25 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas internações hospitalares (SUS) por
asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 55
Figura 26 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas internações hospitalares (SUS) por
asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 56
Figura 27 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas internações hospitalares (SUS) por asma
em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.................................. 57
Figura 28 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas internações hospitalares (SUS) por
asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 58
Figura 29 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas internações hospitalares (SUS) por
asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 59
Figura 30 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas internações hospitalares (SUS) por
PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 60
Figura 31 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas internações hospitalares (SUS) por
PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 61
Figura 32 Efeitos do acréscimo de 1 ppm CO nas internações hospitalares (SUS) por PNM em
crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002........................................ 62
15
Figura 33 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas internações hospitalares (SUS) por
PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 63
Figura 34 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas internações hospitalares (SUS) por
PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ....................... 64
Figura 35 Efeitos do acréscimo de 10µg/m³ de PM10 nas admissões hospitalares (SUS) por
DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ................ 66
Figura 36 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas admissões hospitalares (SUS) por
DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ................ 67
Figura 37 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas admissões hospitalares (SUS) por DAR
em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002........................... 68
Figura 38 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas admissões hospitalares (SUS) por
DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ................ 69
Figura 39 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas admissões hospitalares (SUS) por
DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ................ 70
Figura 40 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas admissões hospitalares (SUS) por
DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. .............. 71
Figura 41 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas admissões hospitalares (SUS) por DPOC
em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002........................... 74
Figura 42 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas admissões hospitalares (SUS) por
PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002. ................ 76
Figura 43 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas admissões hospitalares (SUS) por PNM
em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002........................... 78
Figura 44 Destaque da Região de Jacarepaguá ........................................................................ 85
Figura 45 Consultas pediátricas no Hospital Cardoso Fontes, na UIS Hamilton Land e no
Hospital Lourenço Jorge, em Jacarepaguá, de abr/2002 a mar/2003. ............................. 90
Figura 46 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 e IC de 95% no número de
atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003. .......... 92
Figura 47 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 e IC de 95% no número de atendimentos
pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.................................. 93
Figura 48 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 e IC de 95% no número de atendimentos
pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.................................. 94
Figura 49 Efeitos do acréscimo de 1000 µg/m³ de CO e IC de 95% no número de
atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003. .......... 95
16
Figura 50 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 e IC de 95% no número de atendimentos
pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.................................. 96
Figura 51 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 e IC de 95% no número de
atendimentos pediátricos n a UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003. ................. 97
Figura 52 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 e IC de 95% no número de atendimentos
pediátricos n a UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003......................................... 98
Figura 53 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 e IC de 95% no número de atendimentos
pediátricos na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.......................................... 98
Figura 54 Efeitos do acréscimo de 1000 µg/m³ de CO e IC de 95% no número de
atendimentos pediátricos na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003. .................. 99
Figura 55 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 e IC de 95% no número de atendimentos
pediátricos na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003........................................ 100
Figura 56 Destaque da região do Complexo da Manguinhos................................................. 107
Figura 57 Distribuição das medidas diárias de pico de fluxo para uma amostra de 20 crianças
para o período de 22/abril a 29/nov de 2002. ................................................................. 112
Figura 58 Distribuição da poluição por PM10, CO, SO2, O3 e NO2 no período do estudo.. 114
Figura 59 Distribuição das temperaturas mínima, média e máxima e da umidade relativa (de
baixo para cima) no período do estudo........................................................................... 115
Figura 60 Função pulmonar individual (pico de fluxo) ao longo do tempo para o período de
22/abril a 29/nov de 2002 ............................................................................................... 116
Figura 61 Função pulmonar individual (pico de fluxo) estimada ao longo do tempo para o
período de 22/abril a 29/nov de 2002 ............................................................................. 117
Figura 62 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para PM10. ................................................ 119
Figura 63 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para CO ..................................................... 120
Figura 64 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para SO2.................................................... 120
Figura 65 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para O3 ...................................................... 121
Figura 66 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para NO2 ................................................... 122
Figura 67 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor Praça Saens Peña, 2000 a 2003 .............. 132
Figura 68 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor Largo da Carioca, 2000 a 2003............... 132
Figura 69 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor Praça Cardeal Arcoverde, 2000 a 2003 .. 133
Figura 70 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor São Cristóvão, 2000 a 2003.................... 133
Figura 71 Gráficos de PM10, SO2, CO, O3 e NO2 monitor Presidente Vargas, 2000 a 2003
........................................................................................................................................ 134
Figura 72 Gráficos de PM10, SO2, CO, O3 e NO2 monitor Jacarepaguá, 2000 a 2003 ....... 134
17
Figura 73 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Campos dos Afonsos, 2000 a
2004 ................................................................................................................................ 133
Figura 74 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Galeão, 2000 a 2004 ......... 134
Figura 75 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Maracanã, 2000 a 2001..... 134
Figura 76 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Santa Cruz, 2000 a 2004... 135
Figura 77 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Santos Dumond, 2000 a 2004
........................................................................................................................................ 135
Figura 78 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 na mortalidade por DAR em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ................................................. 136
Figura 79 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 na mortalidade por DPOC em idosos
com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ......................................... 137
Figura 80 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 na mortalidade por PNM em idosos com
mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001. ......................................................... 137
18
SUBPROJETO I Qualidade do Ar e Efeitos Adversos à Saúde da População da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro: Análise dos Dados Secundários
1 Introdução
Os efeitos maléficos da poluição atmosférica sobre a saúde humana têm sido
observados tanto na mortalidade geral (Dockery et al, 1992; Dockery et al, 1993; Pope et al,
1995; Sartor et al, 1995; Schwartz, 1991; Schwartz e Dockery, 1992; Schwartz, 1993; Spix e
Wichmann, 1996; Touloumi et al, 1994), quanto na mortalidade por causas específicas como
por doenças cardiovasculares (Ballester et al, 1996; Borja-Aburto et al, 1997; Dockery e
Pope, 1994; Pope et al, 1992; Schwartz e Dockery, 1992; Schwartz, 1994a; Sunyer et al,
1996) ou doenças respiratórias (Pope et al, 1992; Fairley, 1990; Schwartz, 1994b; Anderson et
al, 1996). Efeitos na morbidade também têm sido observados e incluem aumentos em
sintomas respiratórios em crianças (Braun-Fahrlander et al, 1992; Pope e Dockery, 1992),
diminuições nas funções pulmonares (Pope e Dockery, 1992; Roemer et al, 1993; Hoek et al,
1993), aumento nos episódios de doença respiratória (Dockery et al, 1989; Jaakkola et al,
1991), ou simplesmente aumento no absenteísmo escolar (Ransom e Pope, 1992; Romieu et
al, 1992). Mais recentemente, diversos estudos vêm usando o número de internações
hospitalares como um indicador dos efeitos da poluição na saúde da população (Bates e Sizto,
1983; Burnett et al, 1995; Burnett et al, 1994; Ponce de Leon et al, 1996; Pope, 1989; Pope et
al, 1991; Schwartz, 1996).
Considerando-se a quantidade de pesquisas que vêm sendo produzidas em muitos
países, várias questões, no entanto, merecem maior elucidação, como por exemplo, quais
poluentes estariam mais associados aos efeitos investigados ou quais os indivíduos mais
suscetíveis a estas exposições nocivas. Um estudo recente, que utiliza dados de várias cidades,
mostrou que a exposição diária a poluentes voláteis parece estar mais associada a admissões
por doenças respiratórias do que a exposição a material particulado com diâmetro de até 10
mícrons (PM10) (Hagen et al., 2000).
Os efeitos de poluentes atmosféricos parecem se relacionar de forma diferenciada entre
homens e mulheres. Kotesovec et al (2000), observaram um aumento significativo na
mortalidade diária associado ao aumento dos níveis de TSP e SO2 em homens até 65 anos e
19
não entre mulheres da mesma faixa etária; ao passo que, para população acima de 65 anos a
mortalidade aumentou significativamente apenas entre as mulheres. Zanobetti e Schwartz
(2000) evidenciaram que o efeito de PM10 sobre a mortalidade poderia ser modificado pelo
sexo, sendo a curva de óbitos entre as mulheres 1/3 maior do que a dos homens.
Em relação ao câncer, e mais especificamente ao câncer de pulmão, vários estudos
evidenciaram diferenças na ocorrência desta patologia entre áreas urbanas e rurais (Cohen et
al, 1997). Supõem-se que este diferencial possa ser atribuído a diferentes substâncias
cancerígenas presentes nos poluentes ambientais, mas a dificuldade de se confirmar esta
hipótese é devido a presença de outros fatores de risco que também estariam implicados na
etiologia da doença, como o fumo ativo e passivo e exposições ocupacionais. Em um estudo
experimental, Reymão et al (1997), sugere que a poluição do ar pode facilitar a formação de
determinados tipos de câncer de pulmão em ratos.
Dean (1966) mostrou que os índices mais altos observados em áreas urbanas,
permaneceram mesmo após controle por idade do início do hábito de fumar. Vários estudos
compararam os coeficientes de câncer de pulmão entre áreas de diferentes níveis de poluição
mostrando um leve aumento naquelas mais poluídas (Cohen et al, 1997).
No Brasil, alguns estudos mostraram os efeitos da poluição do ar sobre a saúde da
população. Pena e Dulchiade (1991), compararam médias anuais de material particulado com
as taxas de mortalidade infantil por pneumonia em diversas áreas da cidade do Rio de Janeiro
e encontraram uma associação estatisticamente significante. Em São Paulo, Saldiva e
colaboradores (Saldiva et al, 1994; Saldiva et al, 1995) realizaram dois importantes estudos
utilizando séries temporais, e mostraram associações entre mortalidade infantil por doenças
respiratórias e níveis de óxidos de nitrogênio (NOX) (Saldiva et al, 1994) e mortalidade em
idosos e níveis de material particulado (Saldiva et al, 1995). Mais recentemente, o mesmo
grupo mostrou evidência de associação entre mortalidade intra-uterina e poluição do ar
(Pereira et al, 1998).
Em relação à morbidade, Sobral (1989), utilizando um estudo transversal, comparou as
proporções de escolares com sintomas respiratórios em duas áreas da Grande São Paulo com
níveis diferentes de poluição e encontrou uma correlação positiva. Em Cubatão foram
evidenciadas diferenças na função pulmonar de crianças vivendo em áreas com níveis
variados de poluição (Spektor et al, 1991). Rumel e colaboradores (1993) estudaram a
20
ocorrência de visitas à serviços de emergência por infarto do miocárdio e encontraram uma
associação com níveis de monóxido de carbono (CO) e temperatura ambiental.
Porém, o caráter puramente ecológico de alguns desses estudos, a pouca especificidade
em relação aos grupos etários mais susceptíveis e aos diferentes efeitos na saúde, o curto
período de investigação (em geral apenas um ano), que dificulta o controle das tendências
temporais e o pouco cuidado no controle de variáveis meteorológicas, entre outros problemas,
impediram uma melhor apreciação dos efeitos da poluição do ar na saúde no contexto
brasileiro. Além disso, nenhum dos estudos previamente realizados investigou efeitos da
poluição nas admissões hospitalares, ou tentou definir subgrupos populacionais mais
vulneráveis.
Um estudo de séries temporais englobando um maior período de tempo (3 anos) foi
conduzido com dados da cidade de São Paulo (Gouveia, 1997). Neste estudo, atenção especial
foi dada ao controle de variáveis meteorológicas, e uma investigação de diferentes causas de
morte assim como em diferentes grupos etários foi efetuada. Além disso, foi pela primeira vez
investigado o efeito da poluição na morbidade de crianças usando como indicador o número
diário de admissões hospitalares. Foi encontrado um aumento de 3-4% no número de mortes
por todas as causas (excluindo mortes violentas) e para causas cardiovasculares, em relação a
um aumento nos níveis de poluição do 10º ao 90º percentil. Para causas respiratórias o
incremento foi de 6%. Além disso, foi observado que os efeitos da poluição na mortalidade
foram mais evidentes no subgrupo da população com mais de 65 anos de idade, não havendo
efeito na mortalidade para crianças ou adultos jovens. Por outro lado, as internações por
doenças respiratórias em crianças menores de 5 anos, único subgrupo etário investigado
quanto às hospitalizações, mostraram também uma associação com elevações nos níveis
diários de poluentes.
Nos estudos epidemiológicos baseados em séries temporais o que se pretende é
modelar a variável resposta, invariavelmente a contagem de algum evento de saúde ao longo
do tempo, em função de um fator ou um conjunto de fatores, que também podem ser
observados ao longo do tempo. A modelagem de associações entre a variável resposta e
exposição, devidamente controlado pelas variáveis que podem confundir a estimativa da
medida de efeito, permite a estimativa da magnitude dos efeitos deletérios dos fatores de risco
nos níveis da variável resposta (risco relativo), e portanto que se avalie o impacto da
exposição em questão para a saúde pública.
21
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Analisar a associação entre exposição à poluição do ar e mortalidade e internações
hospitalares em indivíduos de diferentes faixas etárias e por diferentes causas na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro.
2.2 Específicos
Analisar a tendência temporal da mortalidade por doenças respiratórias na população
do Município do Rio de Janeiro de idosos maiores de 65 anos.
Analisar a tendência temporal das internações por doenças respiratórias de crianças
menores de cinco anos e idosos maiores de 65 anos nos estabelecimentos hospitalares
públicos e conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS) no Município do Rio de
Janeiro.
Elaborar curvas de tendência de níveis diários de poluentes atmosféricos para o
Município do Rio de Janeiro.
Analisar a associação entre os poluentes estudados e mortalidade de crianças menores
de cinco anos e idosos maiores de 65 anos por doenças respiratórias na população do
Município do Rio de Janeiro.
Analisar a associação entre os poluentes estudados e internações de crianças menores
de cinco anos e idosos maiores de 65 anos por doenças respiratórias nos
estabelecimentos hospitalares públicos e conveniados do SUS no Município do Rio de
Janeiro.
3 METODOLOGIA
3.1 Área geográfica de estudo
O estudo principal foi conduzido no município do Rio de Janeiro.
3.2 Período do estudo
Devido à disponibilidade dos dados, como período de referência para as análises,
foram utilizados o período de setembro de 2000 a dezembro de 2001 (487 dias) para as
análises de mortalidade e de setembro de 2000 a agosto de 2002 (730 dias) para as análises de
internações hospitalares.
22
3.3 Fonte de Dados
3.3.1 Desfechos
Os desfechos analisados foram: mortalidade por doenças respiratórias (DAR) em
idosos e internações por DAR em idosos e crianças menores de 5 anos, reconhecidamente os
dois grupos etários mais susceptíveis aos efeitos da poluição do ar. Os subgrupos de
diagnósticos pneumonias (PNM) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) também
foram analisados (Tabela 1).
3.3.1.1 Mortalidade
Os dados de mortalidade do Município do Rio de Janeiro foram obtidos no
Departamento de Dados Vitais da Coordenadoria de Informações da Secretaria de Estado de
Saúde e referem-se ao período de 1990 a 2001. Estes bancos de dados contêm informações
como data do óbito, sexo, idade, endereço residencial e a causa básica do óbito codificada de
acordo com a 9ª ou 10ª Classificação Internacional das Doenças (CID), dependendo do
período a ser estudado.
3.3.1.2 Admissões Hospitalares
Dados referentes às internações hospitalares para os hospitais do município do Rio de
Janeiro conveniados ao SUS foram coletados diretamente de bancos de dados informatizados,
disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Estes bancos de dados contêm informações de
todas as internações realizadas no âmbito do SUS através das Autorizações de Internação
Hospitalar (AIH), onde constam informações como sexo, idade, data de internação, data de
alta, diagnóstico, duração da internação, identificação do hospital e unidade da federação.
Tabela 1 Códigos CID dos desfechos estudados.
Desfecho CID-9 CID-10Doenças do aparelho respiratório 460 - 519 J00 - J99DPOC 490 - 496 J40 - J47Pneumonias 480 - 486 J12 - J18
23
3.3.2 Poluentes Ambientais
Dados diários de poluição do ar para o período de setembro de 2000 a agosto de 2002
foram obtidos na Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) e na
Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAC). Medidas diárias de Dióxido de Enxofre
(SO2), Dióxido de Nitrogênio (NO2), Monóxido de Carbono (CO), Ozônio (O3) e Material
Particulado (PM10) foram obtidas. Os monitores automáticos da FEEMA localizam-se nos
bairros de Jacarepaguá e Centro e os da SMAC nos bairros de Copacabana, Centro, São
Cristóvão e Tijuca.
3.3.3 Dados Meteorológicos
Informações adicionais sobre variáveis meteorológicas foram coletadas nos
Departamentos de Climatologia da UERJ e de Meteorologia da Aeronáutica. O Departamento
de Meteorologia da Aeronáutica forneceu informações dos aeródromos de Santa Cruz, Campo
dos Afonsos, Galeão e Santos Dumont. A UERJ disponibilizou informações da região do
Maracanã. Parte das informações foram digitadas em duplicata. Foi criado o banco de dados
de Meteorologia com as médias das medidas diárias das variáveis meteorológicas
(temperatura média, máxima e mínima, umidade do ar, pressão atmosférica, precipitação e
ventos) nas 5 estações de monitoramento para o período de 1991 a 2002.
3.4 Análise Estatística
3.4.1 Construção do banco de dados
As séries diárias dos desfechos de saúde (mortalidade e internações hospitalares) foram
geradas obedecendo aos seguintes critérios: internações hospitalares/mortes com o desfecho
de interesse como diagnóstico principal/causa principal, idade do paciente calculada a partir
da data de nascimento, Rio de Janeiro como município de residência do paciente, Rio de
Janeiro como município de ocorrência da morte/internação e data da internação/morte.
Para obter uma estimativa da exposição diária da população residente no Rio de
Janeiro à poluição por cada poluente para o período de 2000 a 2001, a média aritmética dos
indicadores diários de poluição das estações de monitoramento selecionadas foi estimada.
Procedimentos para reposição de dados ausentes foram adotados devido à falta de
informações nas séries dos poluentes. Para os dias em que havia medidas válidas em pelo
menos três estações de um total de seis, os dados ausentes foram estimados utilizando um
método baseado no algoritmo EM (Expectation-Maximization) e nos modelos de séries
temporais ARIMA (Auto Regressive Integrated Moving Average). Através deste método,
24
desenvolvido para estimação de dados faltando em séries temporais multivariadas, as
estimativas obtidas são explicadas pela correlação espacial entre os níveis do mesmo poluente
nos diferentes monitores e a autocorrelação dos níveis desse poluente no mesmo monitor ao
longo do tempo.
Naqueles dias em que no máximo duas estações de monitoramento tiveram medidas
válidas para um determinado poluente, o dado diário foi considerado ausente. Após este
procedimento, médias aritméticas das estações, já com as reposições, foram calculadas,
obtendo-se assim indicadores diários dos níveis de cada poluente, que representam a
exposição média diária da população à poluição atmosférica.
A exposição média diária da população aos fatores meteorológicos foram obtidas
através da média aritmética das medidas de umidade e temperaturas mínima, média e máxima,
nos diferentes locais de monitoramento.
3.4.2 Análise dos dados
Os dados foram analisados utilizando-se técnicas de análise de séries temporais. Os
Modelos Aditivos Generalizados (MAG), modelos que permitem ajustes de efeitos
paramétricos e não paramétricos, foram adotados na análise de dados. A implementação dos
MAG na plataforma S-Plus foi utilizada. Cada desfecho foi modelado tomando inicialmente
como pressuposto básico de distribuição que as contagens de eventos de saúde (mortes ou
admissões hospitalares) seguem a distribuição de Poisson, e na presença de super-dispersão
dos dados os modelos foram estimados pelo método de quase-verossimilhança, supondo
variância proporcional à média.
A estratégia de análise consistiu em vários procedimentos, implementados em etapas.
Inicialmente tratou-se a sazonalidade e a tendência da série através de splines, funções suaves
dos dados. Em seguida, foram incluídas variáveis indicadoras para controlar os efeitos de
calendário, dias da semana e feriados, que podem influir não só nos níveis da variável resposta
(e.g. admissões em hospitais) como também nos níveis dos poluentes. Para completar o
modelo básico, os fatores de confusão foram modelados através de análises de curvas de dose-
resposta da temperatura e umidade, realizando o ajuste através de splines. Finalmente,
adicionou-se a este modelo básico (ou modelo central de trabalho), de forma linear, termos
correspondentes aos poluentes mais importantes (O3, PM10, NO2, SO2 e CO).
Para a escolha do modelo central de trabalho, após a inclusão de cada covariável,
foram realizados vários diagnósticos do ajuste do modelo, e.g. análise do periodograma
(presença de efeitos sazonais remanescentes de médio e longo prazo), da função de
25
autocorrelação parcial dos resíduos (presença de autocorrelação residual), do gráfico qq-plot
(normalidade assintótica dos resíduos padronizados) e eventualmente do critério de Akaike
(parcimônia do modelo) para decidir entre dois ou mais modelos com quadros-diagnósticos
similares. As etapas descritas acima foram repetidas tantas vezes quanto fosse necessário para
obter um modelo considerado satisfatório em relação a todos os pressupostos estatísticos
requeridos pela teoria.
Nenhum tipo de controle foi introduzido para epidemias de influenza nem para
períodos de inversão térmica.
As manifestações biológicas dos efeitos da poluição sobre a saúde apresentam um
comportamento que mostra uma defasagem em relação à exposição do indivíduo aos agentes
poluidores. Ou seja, eventos que ocorrem num determinado dia estão associados aos níveis de
poluição daquele dia e/ou de dias anteriores. Desse modo, foram testados os valores diários
dos poluentes no mesmo dia e com defasagens de um, dois e três dias, bem como as médias
móveis dos valores diários, com amplitudes de dois a sete dias, considerando sempre o dia
corrente.
Para maior clareza, os resultados apresentados nesta parte do relatório trazem
aumentos percentuais nos números de mortes ou internações, ao invés de Riscos Relativos
(RR) cujos valores são obtidos diretamente das equações de regressão de Poisson. Os
aumentos percentuais apresentados correspondem a um aumento de 10 µg/m³ nos níveis dos
poluentes (exceto para o CO para o qual o aumento de 1 ppm foi considerado) e foram
calculados através da expressão: % RR = (RR - 1)*100. Adotou-se o nível de significância α
= 5% em todas as análises.
Para cada desfecho analisado e cada indicador de poluição vários resultados serão
apresentados em tabelas e gráficos para facilitar a visualização e compreensão do leitor.
Comentários específicos para cada análise serão adicionados ao longo do texto. Para facilitar a
visualização dos achados mais relevantes, os efeitos estatisticamente significativos (5%),
sejam positivos ou negativos, serão marcados em negrito em todas as tabelas do relatório.
26
4 RESULTADOS
4.1 Mortalidade e Poluição
4.1.1 Análise descritiva
4.1.1.1 Mortalidade por doenças do aparelho respiratório (DAR), doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC) e pneumonia (PNM) em idosos
No Rio de Janeiro durante o período do estudo, o número médio diário de mortes de
idosos por DAR foi igual a 10,98, enquanto por DPOC foram 3,34 mortes e por pneumonia,
3,19, como pode ser visto na Tabela 2 e na Figura 1. Os valores relativamente baixos das
contagens de mortes justificam a hipótese de distribuição de Poisson.
Tabela 2 Estatísticas descritivas para mortalidade por DAR, DPOC e PNM para maiores de 65 anos no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Percentis n média dp min 5 25 50 75 95 máx
DAR 487 10,98 3,68 3,00 5,30 8,00 11,00 13,00 17,70 27,00DPOC 487 3,34 1,84 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 7,00 11,00PNM 487 3,19 1,89 0,00 0,00 2,00 3,00 4,00 7,00 10,00n = no de observações; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
510
1520
25D
AR
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
02
46
810
DP
OC
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
02
46
810
PN
M
Figura 1 Contagens diárias de óbitos por DAR, DPOC e PNM para maiores de 65 anos no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
27
4.1.1.2 Poluição
Os indicadores diários dos cinco poluentes considerados neste estudo, classificados por
monitor das redes estadual e municipal e por ano desde 2000, estão resumidos no Anexo A.
Também estão apresentados o número de observasões válidas em cada monitor por ano. No
mesmo anexo, estão apresentados os gráficos dos poluentes por monitor com os limites
primário e secundário estabelecidos pelo CONAMA.
As médias diárias dos níveis de poluição na cidade do Rio de Janeiro calculadas como
descrito na metodologia, durante o período de estudo não ultrapassaram os limites da
resolução CONAMA 003/1990, como pode ser observado na Tabela 3 e na Figura 2.
Tabela 3 Estatísticas descritivas dos poluentes no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Percentis n %nd média dp min 5 10 25 50 75 90 95 máx
PM10 (µg/m³) 487 0 55,85 16,75 17,94 33,76 37,37 44,05 53,52 65,66 78,23 87,62 135,23 CO (ppm) 487 0 1,20 0,45 0,42 0,61 0,69 0,89 1,14 1,45 1,81 2,05 3,06 SO2 (µg/m³) 447 8,21 11,50 6,94 1,25 3,35 4,29 6,51 10,14 14,97 19,79 23,88 49,67 O3 (µg/m³) 421 13,55 29,10 16,01 2,46 6,97 9,13 13,98 31,08 40,71 48,89 55,16 85,68 NO2 (µg/m³) 275 43,53 51,70 24,58 14,51 23,03 25,88 34,53 48,74 62,23 80,37 110,42 207,19 n = no de observações; %nd = percentual de dados faltando após imputação; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
A Tabela 4 mostra os coeficientes de correlação de Pearson de pares de poluentes
durante o período do estudo. Note que PM10, SO2 e CO, dois a dois, estão altamente
correlacionados de forma positiva, enquanto NO2 e O3 estão altamente correlacionados de
forma negativa.
Tabela 4 Correlação entre os poluentes no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
PM SO2 CO NO2SO2 0,643CO 0,614 0,687NO2 0,260 0,260 0,303O3 0,003* 0,016* -0,018* -0,474* não significativos a 5%
28
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
2060
100
PM
10 (µ
g/m
³)
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
010
2030
4050
SO
2 (µ
g/m
³)
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
CO
(ppm
)
01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
5010
015
020
0N
O2
(µg/
m³)
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
020
4060
80O
3 (µ
g/m
³)
Figura 2 Médias dos indicadores de poluição por partículas (PM10), SO2, CO, NO2 e O3 no município do Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
4.1.1.3 Variáveis meteorológicas
O quadro sumário completo das medidas diárias de temperatura e umidade,
classificadas por monitor e por ano desde 2000, está resumido em tabelas e representado em
gráficos no Anexo B.
As séries temporais das médias das medidas de temperatura e umidade da rede de
monitores da Aeronáutica e do monitor da UERJ durante o período de estudo, e que foram os
indicadores meteorológicos utilizados nos modelos estatísticos, estão representadas na Figura
3.
Para o cálculo desses indicadores meteorológicos (do município), todas as medidas
diárias em todos os monitores estavam disponíveis, portanto como os monitores estão bem
espalhados na área do município, pode-se dizer que os indicadores utilizados na modelagem
estatística são representativos da exposição da população à temperatura e umidade.
29
A média da temperatura média na cidade do Rio de Janeiro no período de
aproximadamente um ano e um terço foi de 25,09 ºC com um desvio-padrão de 2,88 ºC
enquanto a média da umidade relativa do ar foi de 77,72% com um desvio-padrão de 6,67%
(Tabela 5). Note que no período de 487 dias do estudo, há um pouco mais de dias de
primavera e verão do que de outono e inverno.
Tabela 5 Estatísticas descritivas das variáveis meteorológicas no Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Percentis n média dp min 25 50 75 máx
Temperatura Mínima 487 21,65 2,74 14,90 19,47 21,62 24,13 26,86 Temperatura Média 487 25,09 2,88 18,06 22,88 25,04 27,69 31,14 Temperatura Máxima 487 29,74 3,80 20,12 27,02 29,65 32,90 38,52 Umidade 487 77,72 6,67 60,34 73,02 77,59 82,05 96,13 n = no de observações; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
1618
2022
2426
Tem
pera
tura
Mín
ima
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
1820
2224
2628
30Te
mpe
ratu
ra M
édia
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
2025
3035
Tem
pera
tura
Máx
ima
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01
6070
8090
Um
idad
e re
lativ
a
Figura 3 Médias das variáveis meteorológicas no município do Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
30
4.1.2 Efeito da poluição na mortalidade em idosos
4.1.2.1 Associação com a mortalidade por DAR em idosos
A Tabela 6, a Tabela 7, a Tabela 8 e a Tabela 9 exibem as estimativas de efeitos
simples e cumulativos de PM10, SO2, CO e O3 respectivamente, na mortalidade de idosos com
mais de 65 anos por DAR no município do Rio de Janeiro, no período de set/2000 a dez/2001.
Mesmo após aplicar um procedimento sofisticado de imputação de dados baseado na
estrutura de covariância espaço-tempo das séries temporais, descrito em Junger (2002), em
cerca de 44% dos dias do período estudado não foi possível construir o indicador municipal de
NO2 (Tabela 3). Na prática, ao ajustar o modelo estatístico previamente construído,
considerando todas as 487 observações, aos dados correspondentes somente aos dias nos quais
o indicador de poluição está disponível, várias propriedades do modelo podem estar sendo
comprometidas, tornando-o inadequado para inferência estatística. Não obstante, as chances
do modelo ser ou não adequado são difíceis de serem previstas. Portanto, os resultados
referentes aos efeitos de NO2 devem ser examinados com muita cautela na análise dos dados
de mortalidade. Nesse sentido, estes resultados são apresentado à parte no Anexo C.
Com relação a mortes por DAR em idosos, PM10 apresentou os efeitos mais
significativos e consistentes no curto prazo (Tabela 6). Os efeitos significativos correspondem
às defasagens de um a três dias e aos indicadores cumulativos, exceto a média móvel de dois
dias. De acordo com os resultados encontrados, um acréscimo diário de 10 µg/m³ de PM10 em
um dado dia seria responsável por cerca de 2% de acréscimo nas mortalidade de idosos por
DAR depois de um, dois ou três dias.
Os efeitos de defasagens simples e cumulativas de PM10 na mortalidade de idosos por
DAR podem ser visualizados na Figura 4. Nesta figura e em outras similares dispostas neste
relatório, a reta horizontal constante igual a 0 representa ausência de efeito do indicador do
poluente, enquanto o ponto central e as barras verticais para cada defasagem simples ou
indicador cumulativo de defasagens representam, respectivamente o risco relativo e o
respectivo intervalo de 95% de confiança para aquele indicador. Finalmente, se a barra
vertical não incluir o valor 0, interpreta-se o efeito como estatisticamente significativo. A
exclusão do 0 por cima indica um efeito deletério do indicador do poluente enquanto se esta
for por baixo indicaria um efeito benéfico.
31
Tabela 6 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 0,22 -1,458; 1,931 0,797defasagem de 1 dia 1,91 0,202; 3,643 0,029defasagem de 2 dias 1,92 0,201; 3,661 0,029defasagem de 3 dias 2,22 0,559; 3,909 0,009média de 2 dias 1,34 -0,551; 3,265 0,167média de 3 dias 2,17 0,086; 4,291 0,042média de 4 dias 2,93 0,707; 5,207 0,010média de 5 dias 2,83 0,489; 5,218 0,018média de 6 dias 2,92 0,467; 5,440 0,020média de 7 dias 3,02 0,442; 5,655 0,022
IC (95%)
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 4 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 na mortalidade por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Neste ponto, é importante esclarecer que devido ao excesso de testes estatísticos
realizados nas análises, e supondo que não exista efeito algum da poluição na mortalidade ou
morbidade, as chances de se obter alguns testes significativos em ambas as direções (erro do
tipo I) são razoavelmente altas. Contudo considerando que há de fato efeitos deletérios da
poluição na saúde, obviamente vários efeitos positivos vão emergir das análises, mas ainda
assim alguns efeitos “benéficos” significativos da poluição também podem emergir. Outra
explicação para a ocorrência de efeitos contrários ao esperado é o controle inadequado dos
fatores de confusão, o que procurou-se evitar na fase da modelagem estatística.
32
Em relação a SO2 e mortalidade por DAR em idosos, apenas os efeitos cumulativos de
6 e de 7 dias foram estatisticamente significativos ao nível de 5% (Tabela 7). Contudo,
gradientes claros podem ser percebidos nos efeitos de SO2 nas mortes por DAR em idosos,
para defasagens simples e cumulativas (Tabela 7 e Figura 5), culminando em efeitos
significativos ao nível de 10% para as defasagens simples e ao nível de 5% para as
cumulativas.
Contudo, sabe-se que os níveis de PM10 e SO2 estão usualmente correlacionados ao
longo do tempo (Tabela 4). Portanto, deve-se analisar estes resultados com cautela.
Tabela 7 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente -1,00 -5,153; 3,341 0,647defasagem de 1 dia 2,38 -1,892; 6,838 0,280defasagem de 2 dias 2,27 -2,133; 6,874 0,318defasagem de 3 dias 3,62 -0,600; 8,029 0,094média de 2 dias 1,17 -3,620; 6,190 0,639média de 3 dias 2,31 -3,133; 8,068 0,413média de 4 dias 4,15 -1,735; 10,391 0,171média de 5 dias 6,33 -0,032; 13,104 0,052média de 6 dias 7,09 0,425; 14,203 0,037média de 7 dias 7,24 0,247; 14,719 0,043
IC (95%)
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 5 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 na mortalidade por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
33
Os efeitos significativos encontrados para CO são o de três dias e os cumulativos a
partir da média móvel de cinco dias. De acordo com a estratégia de relato dos resultados
escolhida, um acréscimo de 1 ppm de CO em um dado dia acarretaria um acréscimo
estatisticamente significativo de cerca de 0,7% nas mortes de idosos por DAR três dias depois
(Tabela 8). Analogamente, o mesmo acréscimo nos níveis das médias móveis de 5, 6 e 7 dias
de CO está associado, para cada um desses indicadores, a um aumento de cerca de 1% nas
mortes de idosos por DAR. Estes efeitos significativos de CO bem como os não significativos
podem ser visualizados na Figura 6.
Tabela 8 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente -0,07 -0,715; 0,588 0,844defasagem de 1 dia 0,39 -0,245; 1,028 0,230defasagem de 2 dias -0,05 -0,693; 0,588 0,868defasagem de 3 dias 0,71 0,080; 1,344 0,028média de 2 dias 0,22 -0,522; 0,969 0,562média de 3 dias 0,16 -0,673; 0,998 0,709média de 4 dias 0,54 -0,358; 1,453 0,239média de 5 dias 0,97 0,006; 1,944 0,049média de 6 dias 1,27 0,243; 2,302 0,016média de 7 dias 1,22 0,142; 2,319 0,027
IC (95%)
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
dia cor r ente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
Figura 6 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO na mortalidade por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
34
Nenhum efeito significativo de ozônio nas mortes de idosos por DAR foi obtido. A
Tabela 9 resume os resultados relativos a O3 enquanto a Figura 7 exibe os padrões
correspondentes. Note que todos os resultados estão longe de serem significantes. Vale
lembrar que para este estudo as medidas de ozônio estavam disponíveis apenas em duas
estações de monitoramento, localizadas em Jacarepaguá e na Avenida Presidente Vargas.
Contudo, baseado em estudos de dispersão de poluição sabe-se que este poluente gasoso tem
uma distribuição razoavelmente homogênea no espaço, em comparação com outros poluentes.
Finalmente, os resultados desta análise podem estar ligeiramente enviesados devido aos 14%
de dados faltando.
Tabela 9 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente -0,62 -2,810; 1,614 0,583defasagem de 1 dia 0,33 -1,901; 2,610 0,775defasagem de 2 dias 0,32 -1,946; 2,647 0,782defasagem de 3 dias 1,12 -1,214; 3,508 0,351média de 2 dias -0,08 -2,421; 2,317 0,947média de 3 dias 0,41 -2,055; 2,943 0,746média de 4 dias 0,33 -2,219; 2,949 0,801média de 5 dias 0,39 -2,262; 3,110 0,777média de 6 dias 0,25 -2,426; 2,996 0,857média de 7 dias 0,14 -2,596; 2,957 0,920
IC (95%)
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 7 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 na mortalidade por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
35
4.1.2.2 Associação com a mortalidade por DPOC em idosos
A Tabela 10, a Tabela 11, a Tabela 12 e a Tabela 13 mostram os efeitos de PM10, SO2,
CO e O3, respectivamente, na mortalidade por DPOC em idosos com mais de 65 anos. Nesta
análise apenas CO apresentou significância estatística (5%), com aumentos de cerca de 2,2%
nas mortes por DPOC para um acréscimo de 1 ppm nas médias móveis de 6 e de 7 dias de CO.
Na análise de SO2, embora todos os percentuais de risco relativo estimados tenham sido
maiores do que zero (o que corresponde a efeitos adversos), nenhuma defasagem ou indicador
de exposição acumulada foi estatisticamente significante.
Os efeitos relativos a PM10 correspondem na sua maioria a aumentos percentuais na
mortalidade, embora nenhum tenha atingido significância estatística (Tabela 10).
Examinando estes efeitos graficamente na Figura 8, observa-se que os de um e dois dias de
defasagem bem como o cumulativo de três dias são os de maiores magnitudes.
Tabela 10 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente -0,62 -3,589; 2,447 0,690defasagem de 1 dia 1,63 -1,427; 4,791 0,299defasagem de 2 dias 2,25 -0,872; 5,474 0,160defasagem de 3 dias -0,58 -3,561; 2,485 0,706média de 2 dias 0,59 -2,766; 4,055 0,735média de 3 dias 1,86 -1,862; 5,719 0,333média de 4 dias 1,19 -2,785; 5,320 0,564média de 5 dias 0,69 -3,478; 5,043 0,749média de 6 dias 0,76 -3,620; 5,350 0,737média de 7 dias 0,60 -3,984; 5,409 0,801
IC (95%)
36
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 8 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 na mortalidade por DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Os efeitos de SO2 na morte de idosos por DPOC foram de magnitude razoável, embora
nenhum deles tenha sido significativo (Tabela 11). Um gradiente claro se forma para os
indicadores cumulativos de defasagens, culminando com efeitos marginalmente significativos
(significantes ao nível de 10%) para as médias móveis de SO2 de 6 e de 7 dias (Figura 9).
Técnicas de estimação para obter efeitos cumulativos de poluentes, desenvolvidas
recentemente, provavelmente indicariam um efeito significante de SO2 neste estudo. Estas
técnicas combinam os efeitos de dias isolados em um único efeito, utilizando conceitos mais
elaborados do que médias móveis simples de poluentes, que foram utilizadas aqui. Esta e
outras técnicas recentes de modelagem estatística serão implementadas no futuro no âmbito
dos projetos deste grupo de pesquisa.
Tabela 11 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 1,95 -5,502; 9,997 0,618defasagem de 1 dia 2,29 -5,242; 10,424 0,562defasagem de 2 dias 2,40 -5,407; 10,860 0,558defasagem de 3 dias 2,80 -4,759; 10,957 0,479média de 2 dias 3,61 -4,888; 12,869 0,417média de 3 dias 4,21 -5,453; 14,869 0,406média de 4 dias 5,83 -4,688; 17,498 0,289média de 5 dias 8,91 -2,586; 21,758 0,134média de 6 dias 10,99 -1,231; 24,719 0,080média de 7 dias 11,37 -1,487; 25,911 0,086
IC (95%)
37
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 9 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 na mortalidade por DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
O CO foi o único poluente que apresentou efeitos significativos na mortalidade de
idosos por DPOC. Cerca de 2,2% das mortes relativas a este desfecho podem ser explicadas
por um acréscimo de 1 ppm nos níveis da média móvel de CO de 6 dias. O mesmo se aplica a
média móvel de CO de 7 dias (Tabela 12). Novamente observa-se um gradiente claro em
relação aos efeitos das médias móveis de CO nas mortes de idosos por DPOC (Figura 10).
Tabela 12 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 0,48 -0,680; 1,646 0,421defasagem de 1 dia 0,43 -0,722; 1,586 0,469defasagem de 2 dias 0,65 -0,513; 1,819 0,277defasagem de 3 dias 0,90 -0,257; 2,065 0,129média de 2 dias 0,61 -0,718; 1,953 0,370média de 3 dias 0,86 -0,632; 2,374 0,261média de 4 dias 1,30 -0,327; 2,958 0,118média de 5 dias 1,73 -0,023; 3,517 0,054média de 6 dias 2,22 0,349; 4,132 0,020média de 7 dias 2,16 0,176; 4,184 0,033
IC (95%)
38
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 10 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO na mortalidade por DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Repetindo o que foi observado em relação aos efeitos de O3 na mortalidade de idosos
por DAR, nenhum efeito de O3 é significativo na mortalidade por DPOC em idosos (Tabela
13). Examinando os padrões exibidos na
Figura 11, conclui-se que os níveis observados de O3 no período do estudo parecem
estar longe de afetar a mortalidade de idosos por DPOC.
Tabela 13 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente -0,01 -3,977; 4,115 0,995defasagem de 1 dia -0,06 -4,104; 4,164 0,979defasagem de 2 dias -2,00 -6,001; 2,173 0,343defasagem de 3 dias -0,58 -4,620; 3,624 0,782média de 2 dias -0,01 -4,239; 4,412 0,997média de 3 dias -0,62 -5,032; 4,007 0,790média de 4 dias -1,06 -5,565; 3,661 0,654média de 5 dias -0,61 -5,270; 4,284 0,804média de 6 dias -0,34 -5,051; 4,604 0,890média de 7 dias -0,40 -5,231; 4,687 0,876
IC (95%)
39
-8.00
-6.00
-4.00
-2.00
0.00
2.00
4.00
6.00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 11 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 na mortalidade por DPOC em idosos com mais de 65 anos -
Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
4.1.2.3 Associação com a mortalidade por pneumonia (PNM) em idosos
A Tabela 14, a Tabela 15, a Tabela 16 e a Tabela 17 resumem os efeitos estimados de
PM10, SO2, CO e O3 respectivamente nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos. O
único efeito significativo encontrado na análise deste desfecho foi o de PM10 com defasagem
simples de três dias, ou seja cerca de 4% das mortes por PNM em um dado dia seriam
explicadas por um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 três dias antes.
Embora dentre todas as defasagens simples de PM10 consideradas apenas a de três dias
tenha sido significativa para explicar a mortalidade de idosos por PNM, observa-se que todos
os efeitos correspondem a aumentos percentuais neste desfecho (Tabela 14). Devido à
crescente magnitude dos efeitos simples os efeitos cumulativos apresentam um gradiente
acentuado (Figura 12).
Tabela 14 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 0,51 -2,552; 3,675 0,746defasagem de 1 dia 1,29 -1,847; 4,520 0,426defasagem de 2 dias 0,40 -2,732; 3,640 0,804defasagem de 3 dias 3,69 0,612; 6,863 0,019média de 2 dias 1,16 -2,291; 4,726 0,516média de 3 dias 1,02 -2,751; 4,937 0,601média de 4 dias 2,43 -1,620; 6,651 0,244média de 5 dias 2,83 -1,454; 7,290 0,200média de 6 dias 3,14 -1,369; 7,864 0,176média de 7 dias 3,86 -0,887; 8,828 0,113
IC (95%)
40
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 12 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 na mortalidade por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Examinando os valores da Tabela 15 e os padrões da Figura 13 conclui-se que SO2
parece não afetar a mortalidade de idosos por PNM. Como mencionado anteriormente SO2 e
PM10 normalmente apresentam-se correlacionados ao longo do tempo. Nesta análise esta
correlação foi de 0,643 (Tabela 4). Isto pode explicar o motivo do efeito positivo, embora não
significativo, observado de SO2 na mortalidade de idosos por PNM para a mesma defasagem
obtida na análise de PM10.
Tabela 15 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente -1,69 -9,232; 6,470 0,675defasagem de 1 dia -2,06 -9,613; 6,130 0,612defasagem de 2 dias -1,94 -9,683; 6,473 0,642defasagem de 3 dias 3,54 -4,134; 11,833 0,376média de 2 dias -2,28 -10,759; 7,013 0,619média de 3 dias -3,23 -12,625; 7,174 0,529média de 4 dias -1,47 -11,566; 9,789 0,789média de 5 dias 1,34 -9,643; 13,657 0,820média de 6 dias 2,18 -9,328; 15,137 0,724média de 7 dias 4,38 -7,889; 18,278 0,502
IC (95%)
41
-15,00
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 13 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 na mortalidade por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
A Tabela 16 resume os efeitos de CO na mortalidade de idosos por PNM. Comparando
com os efeitos de PM10 e SO2, o quadro observado para CO é muito similar, principalmente
em relação a SO2. Novamente o padrão de correlação observado entre os indicadores de
exposição a PM10, SO2 e CO deve ser considerado na interpretação desses efeitos (Tabela 4).
Nenhum efeito de CO é significativo, o que pode ser visualizado na Figura 14.
Tabela 16 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente -0,51 -1,718; 0,715 0,414defasagem de 1 dia -0,16 -1,341; 1,043 0,798defasagem de 2 dias -0,12 -1,296; 1,076 0,847defasagem de 3 dias 0,80 -0,363; 1,974 0,179média de 2 dias -0,47 -1,848; 0,931 0,510média de 3 dias -0,44 -1,968; 1,121 0,581média de 4 dias 0,02 -1,644; 1,705 0,985média de 5 dias 0,34 -1,436; 2,147 0,710média de 6 dias 0,18 -1,712; 2,102 0,856média de 7 dias 0,27 -1,731; 2,303 0,796
IC (95%)
42
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 14 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO na mortalidade por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Mais uma vez o padrão observado para os outros três poluentes se repete para O3, ou
seja efeitos positivos ou negativos de pequena magnitude para o mesmo dia e defasagens
simples de um e dois dias e um efeito positivo de magnitude razoável correspondente a uma
defasagem de três dias (Tabela 17). Também, mais uma vez nenhum efeito de O3 foi
significativo na mortalidade de idosos por PNM (Figura 15).
Tabela 17 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente -2,31 -6,260; 1,817 0,269defasagem de 1 dia -0,59 -4,705; 3,704 0,784defasagem de 2 dias 0,04 -4,124; 4,385 0,985defasagem de 3 dias 2,93 -1,383; 7,439 0,187média de 2 dias -1,74 -5,985; 2,706 0,438média de 3 dias -1,05 -5,528; 3,644 0,656média de 4 dias -0,28 -4,927; 4,588 0,907média de 5 dias 0,31 -4,531; 5,396 0,903média de 6 dias 0,30 -4,582; 5,433 0,906média de 7 dias 0,71 -4,295; 5,971 0,786
IC (95%)
43
-8,00
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 15 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 na mortalidade por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
4.2 Internações Hospitalares e Poluição
4.2.1 Análise descritiva
A Tabela 18, a Tabela 19, a Tabela 20 e a Tabela 21 apresentam, nesta ordem, as
estatísticas descritivas do número diário de internações hospitalares de crianças e idosos, dos
indicadores de poluição do ar, as correlações de Pearson entre os indicadores de poluição e as
estatísticas descritivas das condições meteorológicas no município do Rio de Janeiro, no
período de setembro de 2000 a agosto de 2002. Na Figura 16, estão representadas
graficamente as contagens diárias de internações hospitalares de crianças e idosos. Na Figura
17, estão apresentados os gráficos das médias de poluentes para o município, bem como os
padrões de qualidade do ar primários e secundários. Na Figura 18, são apresentados os
gráficos das médias das variáveis meteorológicas no período de setembro de 2000 a agosto de
2002. E, finalmente, na Figura 19, a precipitação média diária de chuvas no município no
mesmo período. No Anexo A e no Anexo B, as mesmas estatísticas descritivas dos poluentes e
indicadores meteorológicos, diferenciadas por monitor e ano, estão apresentadas.
44
4.2.1.1 Internações por doenças do aparelho respiratório (DAR), doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) e asma e pneumonia (PNM) em crianças e idosos
Tabela 18 Estatísticas descritivas para internações hospitalares (SUS) por DAR, DPOC e PNM em crianças menores de 5 anos e indivíduos maiores de 65 anos no Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Percentis n média dp mín. 5 25 50 75 95 máx.
DAR 5 anos 730 15,75 7,78 1,00 6,00 10,00 15,00 20,00 31,00 43,00 PNM 5 anos 730 9,99 5,30 0,00 3,00 6,00 9,00 13,00 20,00 29,00 DPOC 5 anos 730 2,39 1,85 0,00 0,00 1,00 2,00 3,00 6,00 10,00 DAR 65 anos 730 10,79 4,61 0,00 4,00 7,00 10,00 14,00 19,00 25,00 PNM 65 anos 730 4,44 2,58 0,00 1,00 3,00 4,00 6,00 9,00 14,00 DPOC 65 anos 730 3,48 2,23 0,00 0,00 2,00 3,00 5,00 8,00 14,00 n = no de observações; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
05
1015
2025
DA
R id
osos
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
010
2030
40D
AR
cria
nças
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
02
46
810
1214
DP
OC
idos
os
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
02
46
810
Asm
a cr
ianç
as
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
02
46
810
1214
PN
M id
osos
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
05
1015
2025
30P
NM
cria
nças
Figura 16 Contagens diárias de internações hospitalares por DAR, DPOC e PNM para maiores de 65 anos e menores de 5 anos de idade no Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
45
4.2.1.2 Poluição
Tabela 19 Estatísticas descritivas dos poluentes no município do Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Percentis n %nd média dp min 5 10 25 50 75 90 95 máx PM10 (µg/m³) 728 0,27 57,57 17,20 17,94 34,56 39,12 44,84 54,61 67,68 80,57 88,72 139,73SO2 (µg/m³) 690 5,48 11,73 6,64 1,25 3,55 4,70 6,80 10,53 15,12 19,90 23,22 49,67 CO (ppm) 513 29,73 46,73 25,89 1,20 7,44 15,45 28,42 45,57 61,07 76,68 96,82 207,19O3 (µg/m³) 727 0,41 1,22 0,44 0,40 0,61 0,70 0,90 1,15 1,47 1,81 2,06 3,06 NO2 (µg/m³) 656 10,14 28,07 16,95 2,46 6,67 8,78 13,58 25,84 39,01 50,40 58,23 88,83 n = no de observações; %nd = percentual de dados faltando após imputação; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
050
100
150
200
PM
10
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
0.5
1.5
2.5
CO
29/04/02 29/05/02 29/06/02 29/07/02 29/08/02 29/09/02
020
4060
80S
O2
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
050
100
150
O3
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
010
020
030
0N
O2
Figura 17 Médias e padrões primários (linha tracejada) e secundários (linha pontilhada) dos indicadores de poluição por partículas (PM10), SO2, CO, NO2 e O3 no município do Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
46
Tabela 20 Correlação entre os poluentes no Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
PM SO2 CO NO2SO2 0,619CO 0,594 0,613NO2 0,235 0,211 0,329O3 0,086* 0,011* -0,069* -0,206* não significativos a 5%
4.2.1.3 Variáveis meteorológicas
Tabela 21 Estatísticas descritivas das variáveis meteorológicas no Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Percentis n media dp mín 25 50 75 máx Temperatura máxima (ºC) 730 29,72 3,71 19,45 27,20 29,72 32,58 38,52 Temperatura média (ºC) 730 25,12 2,83 17,93 23,07 25,10 27,46 31,14 Temperatura mínima (ºC) 730 21,67 2,69 14,90 19,55 21,77 24,08 26,86 Umidade Relativa (%) 730 78,01 6,81 60,34 73,19 78,08 82,56 96,14 Chuva (mm) 730 2,77 7,37 0,00 0,00 0,02 1,57 88,71 n = no de observações; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
1618
2022
2426
Tem
pera
tura
Mín
ima
01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
1820
2224
2628
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01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
2025
3035
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Máx
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01/09/00 01/03/01 01/09/01 01/03/02
6070
8090
Um
idad
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a
Figura 18 Médias das variáveis meteorológicas no município do Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
47
01/09/00 01/12/00 01/03/01 01/06/01 01/09/01 01/12/01 01/03/02 01/06/02
020
4060
80
Prec
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huva
s (m
m)
Figura 19 Precipitação média de chuvas em milímetros no município do Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
4.2.2 Efeito da poluição nas internações hospitalares de crianças e idosos
No sentido de tornar o relatório menos extenso algumas figuras relativas aos efeitos
serão omitidas daqui em diante. Entretanto as tabelas completas serão apresentadas para todos
os desfechos e poluentes.
4.2.2.1 Associação com as internações hospitalares por DAR em crianças
A Tabela 22, a Tabela 23, a Tabela 24, a Tabela 25 e a Tabela 26 resumem
respectivamente as análises de PM10, SO2, CO, NO2 e O3, correspondentes ao desfecho acima.
Para PM10, todas as defasagens e indicadores de exposição acumulada mostraram-se
estatisticamente significantes. Para CO, o aumento estimado no número de internações por
DAR em crianças com até 5 anos, para um acréscimo de 1 ppm nos níveis de CO com um dia
de defasagem, foi de 0,49%.
48
Na Tabela 22 e no gráfico da Figura 20 estão apresentados os efeitos estimados para
um aumento de 10 µg/m³ de material particulado (PM10) sobre o número diário de internações
hospitalares na rede SUS de crianças com até 5 anos de idade por DAR. Tanto os efeitos
simples (imediato e defasados) quanto os acumulados foram estatisticamente significativos.
As estimativas variam de 1,9% a 2,8% para as exposições simples de até 3 dias de defasagem
e de 2,6% a 4,3% para as exposições acumuladas de 2 a 7 dias.
Tabela 22 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 2,11 0,876; 3,361 0,001defasagem de 1 dia 1,87 0,635; 3,129 0,003defasagem de 2 dias 2,76 1,453; 4,087 0,000defasagem de 3 dias 1,91 0,706; 3,122 0,002média de 2 dias 2,55 1,182; 3,938 0,000média de 3 dias 3,60 2,084; 5,140 0,000média de 4 dias 4,26 2,635; 5,906 0,000média de 5 dias 4,21 2,517; 5,938 0,000média de 6 dias 3,86 2,093; 5,657 0,000média de 7 dias 3,23 1,403; 5,097 0,001
IC (95%)
-0,50
0,50
1,50
2,50
3,50
4,50
5,50
6,50
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 20 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Para SO2, o efeito estimado foi de 3,5% para defasagem de 2 dias e 4,3% a 7,5% para a
exposição acumulada de 3 a 7 dias (Tabela 23). No gráfico da Figura 21, observa-se um
49
gradiente de crescimento na magnitude do efeito à medida que o dia do evento de saúde se
afasta do dia da exposição. Este padrão sugere a existência de período de latência para a
manifestação do desfecho nos indivíduos expostos ao SO2.
Tabela 23 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 1,06 -2,059; 4,284 0,509defasagem de 1 dia 2,61 -0,587; 5,907 0,111defasagem de 2 dias 3,48 0,101; 6,972 0,044defasagem de 3 dias 1,80 -1,350; 5,058 0,266média de 2 dias 2,39 -1,251; 6,174 0,201média de 3 dias 4,25 0,134; 8,527 0,043média de 4 dias 5,14 0,702; 9,773 0,023média de 5 dias 5,66 0,919; 10,623 0,019média de 6 dias 6,72 1,654; 12,034 0,009média de 7 dias 7,50 2,180; 13,105 0,005
IC (95%)
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 21 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Os efeitos do CO estão apresentados na Tabela 24 e na Figura 22. Para a defasagem de
1 dia o aumento estimado estatisticamente significativo é de 0,5%. Também são
estatisticamente significativos os aumento associados à exposição acumulada de 2 a 7 dias
com valores entre 0,7% e 1,3%.
50
Tabela 24 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DAR em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 0,44 -0,034; 0,912 0,069defasagem de 1 dia 0,49 0,020; 0,971 0,042defasagem de 2 dias 0,24 -0,235; 0,717 0,323defasagem de 3 dias 0,20 -0,264; 0,671 0,396média de 2 dias 0,65 0,105; 1,191 0,020média de 3 dias 0,75 0,151; 1,354 0,014média de 4 dias 0,84 0,192; 1,487 0,011média de 5 dias 1,15 0,457; 1,841 0,001média de 6 dias 1,31 0,579; 2,041 0,000média de 7 dias 1,32 0,557; 2,085 0,001
IC (95%)
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 22 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Para NO2 não foram encontrados efeitos deletérios sobre DAR em crianças. Os efeitos
estimados variam de -1,1% a -1,6%. Estes efeitos “benéficos” requerem maior investigação,
pois deve-se considerar a falta de plausibilidade biológica da proteção devida à exposição a
agentes poluidores na atmosfera (Tabela 25 e Figura 23).
51
Tabela 25 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente -0,46 -1,386; 0,476 0,335defasagem de 1 dia -0,80 -1,732; 0,143 0,097defasagem de 2 dias -1,09 -2,030; - 0,138 0,025defasagem de 3 dias -0,75 -1,707; 0,214 0,127média de 2 dias -0,83 -1,796; 0,142 0,094média de 3 dias -0,96 -1,969; 0,060 0,065média de 4 dias -1,04 -2,063; 0,004 0,051média de 5 dias -1,20 -2,269; - 0,123 0,029média de 6 dias -1,36 -2,440; - 0,264 0,015média de 7 dias -1,64 -2,747; - 0,526 0,004
IC (95%)
-3,00
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 23 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Não foram encontrados efeitos significativos (5%) da exposição a O3. Porém, foi
estimado um aumento marginal (nível de significância de 10%) para a exposição no mesmo
dia de 1,3%, referente a um aumento de 10 µg/m³ de O3 (Tabela 26 e Figura 24).
52
Tabela 26 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente 1,21 -0,101; 2,529 0,071defasagem de 1 dia 0,37 -0,931; 1,694 0,577defasagem de 2 dias 0,65 -0,684; 2,010 0,340defasagem de 3 dias -0,69 -2,001; 0,639 0,308média de 2 dias 0,99 -0,368; 2,374 0,154média de 3 dias 0,96 -0,463; 2,402 0,188média de 4 dias 0,41 -1,032; 1,878 0,578média de 5 dias 0,36 -1,119; 1,859 0,636média de 6 dias 0,29 -1,191; 1,791 0,704média de 7 dias 0,12 -1,391; 1,646 0,881
IC (95%)
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 24 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas internações hospitalares (SUS) por DAR em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
4.2.2.2 Associação com as internações hospitalares por DPOC em crianças
A Tabela 27, a Tabela 28, a Tabela 29, a Tabela 30 e a Tabela 31 exibem os efeitos
estimados de PM10, SO2, CO, NO2 e O3, respectivamente, nos números de internações por
asma em crianças com até 5 anos. Mais uma vez, as flutuações observadas nos níveis diários
de PM10 mostraram-se associados de forma estatisticamente significante com os números
diários de internações. Por exemplo, um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 em um determinado
dia seria responsável, em média, por um aumento de cerca de 4% nas internações dois dias
depois. Em relação à análise para SO2, poucos efeitos significativos foram encontrados, porém
53
aqueles que foram significativos foram de grande magnitude: 10,6% de aumento nas
internações para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 três dias antes e 13% no acumulado até
seis dias.
É importante ressaltar que embora os riscos relativos referentes a exposição à poluição
do ar sejam razoavelmente altos para este desfecho, o correspondente número absoluto médio
diário de internações em crianças com até 5 anos é baixo. Este resultado pode ser interpretado
simplesmente pelo fato do grupo de crianças mais suscetíveis à poluição do ar ser
provavelmente pequeno no município do Rio de Janeiro, contudo o efeito da poluição do ar
neste grupo parece ser mais elevado do que em grupos de crianças mais sadias. Por outro lado,
vale também lembrar que somente as internações no SUS são consideradas nesta análise, logo
o número absoluto de internações no município está subestimado.
Na Tabela 27 e na Figura 25, pode-se observar um aumento estatisticamente
significativo de 4% e 4,3% para um aumento de 10 µg/m³ de PM10 para a exposição defasada
de 2 e 3 dias respectivamente. Quanto à exposição acumulada, foram estimados aumentos que
variam de 4,9% a 5,7% para exposição média de 4 a 6 dias.
Tabela 27 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DPOC em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 1,12 -1,770; 4,096 0,452defasagem de 1 dia 0,83 -2,054; 3,800 0,576defasagem de 2 dias 4,04 0,959; 7,208 0,010defasagem de 3 dias 4,30 1,437; 7,250 0,003média de 2 dias 1,22 -1,975; 4,515 0,459média de 3 dias 2,88 -0,673; 6,562 0,114média de 4 dias 4,91 1,062; 8,897 0,012média de 5 dias 5,68 1,621; 9,902 0,006média de 6 dias 5,35 1,120; 9,764 0,013média de 7 dias 3,82 -0,538; 8,367 0,087
IC (95%)
54
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 25 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas internações hospitalares (SUS) por asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Na Tabela 28 e na Figura 26, estão apresentados os efeitos estimados para a exposição
a SO2 sobre o número diário de internações por asma em crianças de até 5 anos de idade.
Foram encontrados efeitos estatisticamente significativos para a defasagem de 3 dias igual a
10,6% e para a exposição acumulada de 6 dias igual 12,9%.
Tabela 28 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DPOC em crianças com até 5 anos para cada 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente -2,16 -9,034; 5,236 0,557defasagem de 1 dia -2,15 -9,153; 5,397 0,567defasagem de 2 dias 5,79 -1,970; 14,174 0,148defasagem de 3 dias 10,62 2,986; 18,811 0,006média de 2 dias -3,09 -10,947; 5,471 0,468média de 3 dias 0,47 -8,622; 10,466 0,923média de 4 dias 5,79 -4,496; 17,178 0,281média de 5 dias 10,80 -0,696; 23,620 0,067média de 6 dias 12,90 0,642; 26,650 0,039média de 7 dias 7,70 -4,608; 21,606 0,231
IC (95%)
55
-15,00
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
dia cor r ente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
Figura 26 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas internações hospitalares (SUS) por asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Não foram encontrados efeitos estatisticamente significativos do CO sobre o número
de internações diárias de crianças menores de 5 anos por asma (Tabela 29 e Figura 27).
Tabela 29 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DPOC em crianças com até 5 anos para cada 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 0,00 -1,102; 1,123 0,994defasagem de 1 dia 0,13 -0,978; 1,244 0,822defasagem de 2 dias 0,96 -0,147; 2,077 0,090defasagem de 3 dias 0,41 -0,684; 1,519 0,463média de 2 dias 0,08 -1,181; 1,347 0,907média de 3 dias 0,54 -0,854; 1,964 0,447média de 4 dias 0,73 -0,780; 2,267 0,345média de 5 dias 1,21 -0,414; 2,861 0,145média de 6 dias 1,27 -0,428; 2,998 0,144média de 7 dias 1,21 -0,565; 3,017 0,183
IC (95%)
56
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 27 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas internações hospitalares (SUS) por asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Para a exposição ao NO2, também não foram encontrados efeitos estatisticamente
significativos (Tabela 30 e Figura 28).
Tabela 30 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DPOC em crianças com até 5 anos para cada 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente -1,34 -3,744; 1,117 0,282defasagem de 1 dia -0,97 -3,387; 1,505 0,439defasagem de 2 dias -1,93 -4,357; 0,550 0,126defasagem de 3 dias -0,32 -2,817; 2,238 0,804média de 2 dias -1,42 -3,897; 1,130 0,273média de 3 dias -1,38 -3,966; 1,282 0,307média de 4 dias -1,13 -3,774; 1,597 0,414média de 5 dias -2,06 -4,799; 0,766 0,152média de 6 dias -2,60 -5,383; 0,265 0,075média de 7 dias -2,84 -5,678; 0,082 0,057
IC (95%)
57
-7,00
-6,00
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 28 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas internações hospitalares (SUS) por asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Os efeitos estimados de O3 foram de baixa magnitude e não significativos
estatisticamente, ou seja, o aumento neste indicador de poluição do ar não se mostrou
associado com aumentos no número diário de internações hospitalares por asma em crianças
de até 5 anos de idade, no município do Rio de Janeiro. A Tabela 31 e a Figura 29 resumem
estes resultados.
Tabela 31 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por DPOC em crianças com até 5 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente 1,21 -2,079; 4,599 0,477defasagem de 1 dia -1,41 -4,676; 1,967 0,409defasagem de 2 dias 0,84 -2,542; 4,342 0,630defasagem de 3 dias -0,74 -4,074; 2,716 0,672média de 2 dias 0,04 -3,378; 3,582 0,981média de 3 dias 0,00 -3,567; 3,704 0,999média de 4 dias -0,09 -3,737; 3,690 0,961média de 5 dias 0,28 -3,465; 4,171 0,885média de 6 dias 0,72 -3,049; 4,629 0,713média de 7 dias 0,54 -3,297; 4,528 0,787
IC (95%)
58
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 29 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas internações hospitalares (SUS) por asma em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
4.2.2.3 Associação com as internações hospitalares por PNM em crianças
Flutuações diárias nos níveis de PM10, SO2 e CO foram associados de forma
estatisticamente significativa com as flutuações nas contagens diárias de internações por PNM
em crianças com até 5 anos. A Tabela 32, a Tabela 33, a Tabela 34, a Tabela 35 e a Tabela 36
resumem os resultados das estimativas de efeitos de PM10, SO2, CO, NO2 e O3
respectivamente. Nas análises de PM10, SO2 e CO, todos os efeitos cumulativos foram
estatisticamente significativos. Para PM10 todos os efeitos de defasagens simples, do mesmo
dia até três dias, foram fortemente significativos, enquanto para SO2 apenas o efeito de um dia
foi estatisticamente significante. Nesta análise, as magnitudes dos efeitos de SO2 foram
sempre maiores do que as correspondentes de PM10, considerando o mesmo acréscimo
absoluto de 10 µg/m³.
Levando em consideração o número médio diário de internações por PNM em crianças
com até 5 anos de idade, i.e. aproximadamente 10 no período do estudo, e os excessos de
internações estimados pelo modelo estatístico como devidos aos níveis atuais de poluição do
ar, conclui-se que o impacto da poluição do ar relacionado com este desfecho de saúde é
significativo do ponto de vista de saúde pública, pelo menos do que diz respeito ao número de
internações que poderiam ser evitadas caso os níveis da poluição do ar no município fossem
reduzidos.
59
Na Tabela 32 e na Figura 30, estão apresentados os aumentos percentuais de risco
relativo de internação de crianças com PNM devido à exposição a PM10. Todas as defasagens
simples e o dia corrente foram estatisticamente significativos, com magnitude entre 1,7% e
2,4%, bem como os efeitos da exposição acumulada, com valores entre 3,2% e 4,4%.
Tabela 32 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 2,38 1,012; 3,759 0,001defasagem de 1 dia 2,74 1,320; 4,186 0,000defasagem de 2 dias 2,41 0,910; 3,927 0,002defasagem de 3 dias 1,67 0,282; 3,067 0,018média de 2 dias 3,22 1,669; 4,791 0,000média de 3 dias 4,04 2,304; 5,800 0,000média de 4 dias 4,36 2,499; 6,258 0,000média de 5 dias 4,15 2,196; 6,136 0,000média de 6 dias 4,02 1,987; 6,097 0,000média de 7 dias 3,59 1,476; 5,738 0,001
IC (95%)
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 30 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
60
Um aumento de 10 µg/m³ de SO2 com 1 dia de defasagem está associado a um
aumento de 6,4% no número diário de internações hospitalares de crianças de até 5 anos de
idade por PNM. A exposição acumulada de 2 a 7 dias também está associada a um aumento
percentual do risco relativo que varia de 4,7% a 10,1% (Tabela 33 e Figura 31). É importante
notar que um número razoável de crianças são internadas diariamente por PNM no município
(Tabela 18).
Tabela 33 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 0,85 -2,669; 4,493 0,641defasagem de 1 dia 6,42 2,713; 10,261 0,001defasagem de 2 dias 3,37 -0,440; 7,319 0,084defasagem de 3 dias 1,22 -2,339; 4,914 0,506média de 2 dias 4,70 0,497; 9,074 0,028média de 3 dias 6,18 1,365; 11,227 0,012média de 4 dias 6,79 1,545; 12,305 0,011média de 5 dias 8,83 3,121; 14,859 0,002média de 6 dias 10,13 4,076; 16,540 0,001média de 7 dias 8,78 2,510; 15,435 0,006
IC (95%)
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 31 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
61
Para o CO, foram encontrados aumentos estatisticamente significativos. O efeito da
exposição no mesmo dia e com um dia de defasagem foram, respectivamente, 0,8% e 1% para
um aumento de 1 ppm. O efeito da exposição acumulada de 2 a 7 dias também foi
significativo, variando entre 1,3% e 2% (Tabela 34 e Figura 32).
Tabela 34 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por PNM em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 0,79 0,255; 1,332 0,004defasagem de 1 dia 1,05 0,518; 1,592 0,000defasagem de 2 dias 0,37 -0,174; 0,910 0,184defasagem de 3 dias 0,37 -0,167; 0,902 0,179média de 2 dias 1,27 0,658; 1,893 0,000média de 3 dias 1,37 0,681; 2,061 0,000média de 4 dias 1,49 0,747; 2,238 0,000média de 5 dias 1,84 1,042; 2,642 0,000média de 6 dias 1,96 1,128; 2,804 0,000média de 7 dias 1,94 1,069; 2,821 0,000
IC (95%)
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 32 Efeitos do acréscimo de 1 ppm CO nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
62
Como se observa na Tabela 35 e na Figura 33, não foram encontrados efeitos
estatisticamente significativos do NO2 sobre o número diário de internação de crianças por
PNM no município.
Tabela 35 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por PNM em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente -0,45 -1,604; 0,711 0,444defasagem de 1 dia -0,41 -1,572; 0,760 0,489defasagem de 2 dias -0,26 -1,427; 0,925 0,667defasagem de 3 dias 0,01 -1,177; 1,211 0,987média de 2 dias -0,54 -1,736; 0,677 0,385média de 3 dias -0,50 -1,753; 0,772 0,441média de 4 dias -0,39 -1,670; 0,908 0,555média de 5 dias -0,25 -1,582; 1,092 0,710média de 6 dias -0,19 -1,543; 1,172 0,779média de 7 dias -0,30 -1,675; 1,099 0,675
IC (95%)
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 33 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Para a exposição ao O3, também não foram encontrados efeitos estatisticamente
significativos (Tabela 36 e Figura 34).
63
Tabela 36 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares por PNM em crianças com até 5 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição O3 %RR p-valordia corrente 0,46 -1,158; 2,111 0,578defasagem de 1 dia 0,81 -0,818; 2,467 0,332defasagem de 2 dias 0,66 -1,006; 2,359 0,439defasagem de 3 dias -0,48 -2,116; 1,178 0,567média de 2 dias 0,83 -0,867; 2,552 0,341média de 3 dias 0,82 -0,948; 2,623 0,366média de 4 dias 0,53 -1,277; 2,361 0,571média de 5 dias 0,56 -1,286; 2,438 0,555média de 6 dias 0,38 -1,465; 2,256 0,690média de 7 dias 0,28 -1,595; 2,192 0,772
IC (95%)
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 34 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas internações hospitalares (SUS) por PNM em crianças com até 5 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
4.2.2.4 Associação com as internações hospitalares por DAR em idosos
Efeitos estatisticamente significantes imediatos (no mesmo dia) de PM10, SO2 e CO
nos números de internações hospitalares por DAR de idosos com mais de 65 anos foram
encontrados nesta análise. Estes achados são consistentes com os resultados correspondentes à
mortalidade por DAR em idosos, principalmente para PM10 e CO.
Por exemplo, comparando os efeitos de PM10 nos aumentos percentuais nos níveis de
admissões hospitalares e de mortalidade de idosos por DAR, observa-se que PM10 tem um
64
efeito significativo imediato nas internações hospitalares (Tabela 37) e efeitos significativos
com defasagens de um, dois e três dias na mortalidade de idosos por DAR (Tabela 6). Um
quadro similar ocorre com CO, para o qual estimou-se um efeito significativo imediato nas
admissões hospitalares de idosos por DAR (Tabela 39) bem como um efeito significativo com
defasagem de três dias na mortalidade relativa ao mesmo desfecho (Tabela 2). Claramente,
estes efeitos refletem a seqüência natural de eventos de saúde em populações suscetíveis.
Para um acréscimo de 1 ppm de CO estima-se que haja um aumento de cerca de 0,7%
nos níveis de internações hospitalares no mesmo dia. No que diz respeito a PM10 cerca de
1,5% das internações seriam explicadas por um acréscimo de 10 µg/m³ nos níveis deste
poluente, enquanto para o mesmo acréscimo de SO2 associa-se um aumento percentual nas
internações de cerca de 4,4%. Não houve efeitos significativos de NO2 e O3. A Tabela 37, a
Tabela 38, a Tabela 39, a Tabela 40 e a Tabela 41 resumem os efeitos de PM10, SO2, CO, NO2
e O3 respectivamente.
Com exceção dos efeitos imediatos já mencionados, nenhum outro indicador de PM10
ou CO foi significativo, embora em relação ao último poluente alguns efeitos de indicadores
cumulativos tenham sido marginalmente significativos. É interessante notar a existência de
um gradiente, para PM10, SO2 e CO, formado pelos efeitos estimados do poluente no mesmo
dia, no dia anterior e dois antes (Figura 35, Figura 36 e Figura 37). Este padrão nas
estimativas dos efeitos sugere que o fenômeno de “colheita” (harvesting) pode estar ocorrendo
nesta população. Este fenômeno é caracterizado pelo encolhimento de curto prazo no tamanho
de uma população suscetível quando os níveis de exposição à poluição do ar aumentam
repentinamente.
Tabela 37 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 1,49 0,123; 2,869 0,033defasagem de 1 dia 0,36 -1,045; 1,781 0,619defasagem de 2 dias -0,94 -2,414; 0,547 0,214defasagem de 3 dias -0,08 -1,466; 1,316 0,905média de 2 dias 1,22 -0,311; 2,775 0,119média de 3 dias 0,67 -1,026; 2,396 0,441média de 4 dias 0,59 -1,225; 2,440 0,527média de 5 dias 0,38 -1,523; 2,313 0,700média de 6 dias 0,81 -1,173; 2,840 0,425média de 7 dias 0,43 -1,632; 2,526 0,688
IC (95%)
65
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 35 Efeitos do acréscimo de 10μg/m³ de PM10 nas admissões hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Os efeitos estimados de SO2 nas internações hospitalares de idosos por DAR seguem
de perto o perfil dos efeitos estimados para PM10, e já discutidos. Entretanto ao contrário de
PM10, a média móvel de 2 dias de SO2 foi estatisticamente significativa, enquanto as médias
móveis de 3 e de 6 dias foram marginalmente significativas (Tabela 38). Resta verificar se
estes efeitos teriam sido encontrados se não fosse a forte correlação entre PM10 e SO2, igual a
0,619 (Tabela 20). Esta hipótese será verificada posteriormente em estudos mais avançados.
A Figura 36 revela um padrão consistente com a hipótese do efeito de colheita, i.e.
porque uma parte dos indivíduos da população suscetível teria sido deslocada (admitida em
hospitais) devida aos níveis de poluição no mesmo dia das internações, o tamanho desta
população poderia ter decrescido razoavelmente. Desta forma, um, dois ou três dias após os
níveis de poluição terem sido altos, haveriam poucos indivíduos suscetíveis disponíveis e
portanto as admissões em hospitais desses indivíduos não seriam viáveis, mesmo que o risco
(probabilidade) de tais internações seja o mesmo.
66
Tabela 38 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 4,36 0,822; 8,023 0,016defasagem de 1 dia 2,80 -0,783; 6,514 0,127defasagem de 2 dias -0,56 -4,235; 3,259 0,771defasagem de 3 dias -0,37 -3,896; 3,285 0,840média de 2 dias 5,18 1,034; 9,505 0,014média de 3 dias 4,31 -0,360; 9,204 0,071média de 4 dias 3,64 -1,387; 8,922 0,159média de 5 dias 4,12 -1,286; 9,818 0,138média de 6 dias 4,89 -0,805; 10,910 0,094média de 7 dias 4,94 -1,022; 11,253 0,107
IC (95%)
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 36 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 nas admissões hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
A Tabela 39 e a Figura 37 mostram que o quadro de efeitos para CO é praticamente
idêntico aos observados para PM10 e SO2, ratificando a interpretação de que a população de
idosos com mais de 65 anos, no município do Rio de Janeiro é suscetível à poluição do ar, no
que diz respeito a DAR, não somente devido aos efeitos significativos imediatos observados
nas internações como também às quedas igualmente imediatas dos efeitos de PM10, SO2 e CO
quando defasagens de tempo são consideradas.
67
Tabela 39 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 0,70 0,170; 1,235 0,010defasagem de 1 dia 0,06 -0,471; 0,593 0,826defasagem de 2 dias -0,44 -0,978; 0,092 0,105defasagem de 3 dias -0,03 -0,559; 0,501 0,910média de 2 dias 0,56 -0,049; 1,165 0,072média de 3 dias 0,22 -0,458; 0,893 0,532média de 4 dias 0,15 -0,583; 0,879 0,697média de 5 dias 0,37 -0,408; 1,163 0,350média de 6 dias 0,72 -0,092; 1,547 0,083média de 7 dias 0,84 -0,013; 1,698 0,054
IC (95%)
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 37 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas admissões hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
O período de dois anos deste estudo teve início em setembro de 2000, da mesma forma
que o da análise de dados de mortalidade. Como foi indicado anteriormente, a cobertura de
dados de NO2 no primeiro ano deste período é deficiente, tanto que decidiu-se não comentar
os resultados dos efeitos de NO2 na mortalidade por DAR. Contudo, a cobertura dos dados de
NO2 melhorou consideravelmente no segundo ano de monitoramento, o que permitiu a análise
deste poluente para os dados de admissões hospitalares. De fato, após a utilização do
algoritmo de imputação de dados, apenas 10% das observações de NO2 ficaram faltando no
período de setembro de 2000 a agosto de 2002.
68
A Tabela 40 exibe os efeitos de NO2 nas internações hospitalares por DAR de idosos
com mais de 65 anos. Note que, embora nenhum efeito tenha atingido a significância
estatística adotada neste estudo, a média móvel de 7 dias de NO2 foi marginalmente
significativa, enquanto o indicador do mesmo dia se aproximou deste nível de significância.
Na Figura 38, nota-se que praticamente todos os efeitos de NO2 nas internações por DAR de
idosos com mais de 65 anos são positivos, mas apenas os dois extremos, o do mesmo dia e a
média móvel de 7 dias, estão bem próximos à significância estatística usada no estudo.
Tabela 40 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos para cada 10μg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente 0,82 -0,242; 1,899 0,131defasagem de 1 dia 0,57 -0,511; 1,663 0,303defasagem de 2 dias 0,02 -1,051; 1,108 0,967defasagem de 3 dias 0,39 -0,708; 1,502 0,488média de 2 dias 0,71 -0,401; 1,830 0,212média de 3 dias 0,42 -0,731; 1,586 0,476média de 4 dias 0,77 -0,410; 1,957 0,203média de 5 dias 0,80 -0,420; 2,028 0,201média de 6 dias 0,80 -0,434; 2,050 0,205média de 7 dias 1,13 -0,131; 2,405 0,080
IC (95%)
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 38 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 nas admissões hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
69
Finalmente, assim como em todas as análises discutidas previamente, os efeitos de O3
nas internações de idosos por DAR são praticamente nulos e não significativos (Tabela 41 e
Figura 39).
Tabela 41 Aumentos percentuais nas internações hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente 0,20 -1,273; 1,702 0,788defasagem de 1 dia 0,05 -1,428; 1,560 0,943defasagem de 2 dias 0,27 -1,234; 1,804 0,724defasagem de 3 dias 0,05 -1,439; 1,562 0,947média de 2 dias 0,12 -1,422; 1,682 0,882média de 3 dias 0,33 -1,274; 1,963 0,687média de 4 dias 0,01 -1,619; 1,669 0,989média de 5 dias -0,14 -1,798; 1,553 0,873média de 6 dias -0,17 -1,838; 1,524 0,842média de 7 dias -0,20 -1,897; 1,518 0,815
IC (95%)
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 39 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 nas admissões hospitalares (SUS) por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
70
4.2.2.5 Associação com as internações hospitalares por DPOC em idosos
A Tabela 42, a Tabela 43, a Tabela 44, a Tabela 45 e a Tabela 46 resumem os
resultados das estimativas de efeitos de PM10, SO2, CO, NO2 e O3 respectivamente nos
números diários de internações hospitalares por DPOC em idosos. O único efeito
estatisticamente significativo estimado dentre todos os indicadores dos poluentes examinados
nesta análise foi o efeito imediato (mesmo dia) de CO: cerca de 1,1% das internações
hospitalares por DPOC em idosos seriam explicadas pelo acréscimo de 1 ppm nos níveis de
CO (do mesmo dia) que a população do Rio de Janeiro esteve exposta entre 2000 e 2002.
A Tabela 42 e a Figura 40 mostram que os níveis de PM10 não estão associados com as
internações hospitalares no SUS por DPOC em idosos com mais de 65 anos. Note que
nenhum efeito sequer se aproxima da significância estatística adotada. Um resultado quase
similar havia sido obtido para o efeito de PM10 na mortalidade de idosos por DPOC.
Tabela 42 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 0,11 -2,386; 2,670 0,932defasagem de 1 dia -0,75 -3,187; 1,752 0,554defasagem de 2 dias -0,17 -2,635; 2,351 0,892defasagem de 3 dias 0,06 -2,302; 2,482 0,960média de 2 dias -0,35 -3,078; 2,455 0,804média de 3 dias -0,41 -3,337; 2,613 0,789média de 4 dias -0,18 -3,272; 3,021 0,913média de 5 dias -0,91 -4,135; 2,414 0,586média de 6 dias -0,91 -4,277; 2,567 0,602média de 7 dias -0,93 -4,428; 2,701 0,612
IC (95%)
71
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 40 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas admissões hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Todos os efeitos de SO2 nas internações hospitalares por DPOC de idosos com mais de
65 anos são positivos, contudo nenhum se aproximou da significância estatística. Um quadro
similar foi obtido em relação a SO2 e mortalidade de idosos por DPOC. A Tabela 43 exibe
todos os efeitos de SO2 e correspondentes intervalos de 95% de confiança.
Tabela 43 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 1,46 -4,820; 8,146 0,657defasagem de 1 dia 1,12 -5,103; 7,743 0,732defasagem de 2 dias 2,11 -4,424; 9,097 0,536defasagem de 3 dias 1,39 -4,841; 8,022 0,670média de 2 dias 1,96 -5,276; 9,747 0,606média de 3 dias 1,76 -6,254; 10,453 0,677média de 4 dias 3,64 -5,089; 13,163 0,426média de 5 dias 2,58 -6,627; 12,694 0,596média de 6 dias 2,18 -7,414; 12,758 0,669média de 7 dias 2,55 -7,504; 13,692 0,633
IC (95%)
A Tabela 44 mostra os efeitos de CO nas internações hospitalares por DPOC em
idosos. Note que o único efeito significativo encontrado corresponde aos níveis de CO no
mesmo dia das internações, sugerindo que este poluente tem um efeito agudo imediato nas
internações hospitalares por DPOC na população idosa. Note que esta população parece
72
também estar experimentando o efeito da “colheita”, conceito que foi introduzido e discutido
na análise dos efeitos da poluição nas internações hospitalares por DAR em idosos.
É notável a consistência do quadro de efeitos da poluição atmosférica em geral, e de
CO em particular, nas internações hospitalares do SUS por DPOC em idosos, com os efeitos
observados na mortalidade por DPOC em idosos. Também na análise de mortalidade, CO foi
o único poluente a apresentar significância estatística, e mais uma vez a latência dos efeitos
dos desfechos distintos seguiu o curso natural dos eventos da saúde, i.e. admissões
hospitalares seguidas de mortes.
Esta afirmação é apenas especulativa, uma vez que devido ao conteúdo das
informações contidas nas bases de dados de admissões hospitalares do SUS e de mortalidade
do SIM, além das características do desenho do estudo e da modelagem estatística, torna-se
praticamente impossível determinar se as internações e as mortes atribuídas a CO são dos
mesmos indivíduos.
A magnitude do efeito de CO, i.e. 1,1% das internações hospitalares no SUS por
DPOC de idosos seriam devidas a um acréscimo de 1 ppm nos níveis de CO, está entre as
maiores obtidas neste estudo, o que ratifica a interpretação de que a população de idosos com
diagnóstico de DPOC, seja este prévio à internação ou durante a internação, parece ser
suscetível à flutuações bruscas nos níveis da poluição atmosférica.
Na Figura 41 nota-se que logo após o efeito imediato de CO há uma queda nos efeitos
dos níveis de CO defasados de 1, 2 e 3 dias.
Tabela 44 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 1,08 0,143; 2,028 0,024defasagem de 1 dia 0,07 -0,868; 1,013 0,887defasagem de 2 dias -0,10 -1,039; 0,848 0,835defasagem de 3 dias 0,24 -0,694; 1,175 0,621média de 2 dias 0,75 -0,317; 1,832 0,169média de 3 dias 0,55 -0,633; 1,741 0,366média de 4 dias 0,56 -0,710; 1,850 0,389média de 5 dias 0,66 -0,708; 2,038 0,348média de 6 dias 0,71 -0,715; 2,150 0,332média de 7 dias 0,89 -0,598; 2,402 0,243
IC (95%)
73
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 41 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas admissões hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Finalmente, a Tabela 45 e a Tabela 46 resumem os resultados relativos aos efeitos de
NO2 e O3, respectivamente, nas internações hospitalares do SUS por DPOC em idosos.
Nenhum efeito se mostrou significativo.
Tabela 45 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente 0,65 -1,184; 2,518 0,490defasagem de 1 dia -0,61 -2,543; 1,354 0,539defasagem de 2 dias 0,32 -1,670; 2,360 0,752defasagem de 3 dias -0,38 -2,393; 1,666 0,711média de 2 dias 0,13 -1,820; 2,123 0,895média de 3 dias -0,07 -2,136; 2,038 0,947média de 4 dias -0,03 -2,151; 2,143 0,980média de 5 dias -0,21 -2,395; 2,033 0,856média de 6 dias -0,22 -2,435; 2,036 0,844média de 7 dias -0,08 -2,320; 2,219 0,948
IC (95%)
74
Tabela 46 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por DPOC em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente -0,26 -2,988; 2,539 0,852defasagem de 1 dia -0,68 -3,338; 2,042 0,619defasagem de 2 dias -0,89 -3,490; 1,789 0,513defasagem de 3 dias -0,55 -3,144; 2,103 0,679média de 2 dias -0,65 -3,451; 2,234 0,656média de 3 dias -0,71 -3,579; 2,237 0,632média de 4 dias -1,06 -3,944; 1,904 0,479média de 5 dias -1,16 -4,084; 1,853 0,447média de 6 dias -1,14 -4,077; 1,891 0,458média de 7 dias -0,69 -3,679; 2,401 0,660
IC (95%)
4.2.2.6 Associação com as internações hospitalares por PNM em idosos
Embora a maior parte dos efeitos nesta análise tenha correspondido a efeitos adversos
nas internações hospitalares por PNM em idosos com mais de 65 anos, somente alguns efeitos
cumulativos foram estatisticamente significativos, a saber, os efeitos das médias móveis de 6 e
de 7 dias de CO e da média móvel de 6 dias de PM10. Vale ressaltar que todos os três riscos
relativos são de grande magnitude comparados com estimativas anteriores apresentadas neste
relatório.
A Tabela 47, a Tabela 48, a Tabela 49, a Tabela 50 e a Tabela 51 resumem os
resultados das estimativas de efeitos de PM10, SO2, CO, NO2 e O3, respectivamente, nos
números diários de internações hospitalares por PNM em idosos.
Todos os efeitos de defasagens simples de PM10 nas internações hospitalares do SUS
por PNM correspondem a aumentos percentuais variando de 1 a cerca de 2%, porém nenhum
efeito é estatisticamente significativo, apenas o efeito do mesmo dia é marginalmente
significativo (Tabela 47). É interessante destacar que há um gradiente claro nos efeitos das
defasagens simples de PM10 (Figura 42).
Examinando os efeitos das médias móveis de PM10, que refletem a exposição
cumulativa deste poluente no curto prazo, exceto o efeito significativo da média móvel de 6
dias todas as outras médias móveis têm efeitos marginalmente significativos. Em resumo,
acréscimos nos níveis de PM10 parecem de fato estar estatisticamente associados a aumentos
percentuais nas internações hospitalares por PNM em idosos.
75
Tabela 47 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de PM10 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 1,90 -0,354; 4,196 0,100defasagem de 1 dia 1,78 -0,406; 4,008 0,112defasagem de 2 dias 1,46 -0,750; 3,729 0,197defasagem de 3 dias 1,06 -1,047; 3,220 0,326média de 2 dias 2,36 -0,097; 4,886 0,060média de 3 dias 2,60 -0,062; 5,325 0,056média de 4 dias 2,53 -0,285; 5,426 0,079média de 5 dias 2,88 -0,076; 5,923 0,057média de 6 dias 3,65 0,540; 6,846 0,021média de 7 dias 2,94 -0,282; 6,263 0,075
IC (95%)
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 42 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 nas admissões hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
O que se observou no quadro de efeitos de PM10 nas internações hospitalares por PNM
em idosos mais uma vez se repete na análise dos efeitos de SO2, com exceção dos níveis de
significância estatística que no caso de SO2 estão longe do valor de 5% adotado neste estudo.
De qualquer forma, vale destacar a magnitude dos efeitos estimados de acréscimos de 10
µg/m³ de SO2 nos aumentos percentuais nas internações hospitalares (Tabela 48). Embora não
significativas estatisticamente, para as exposições médias acumumuladas de 6 e 7 dias, mais
de 5% das internações seriam atribuídas a este acréscimo de SO2.
76
Tabela 48 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de SO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 0,84 -4,699; 6,691 0,773defasagem de 1 dia 3,62 -1,939; 9,487 0,207defasagem de 2 dias 2,78 -3,055; 8,970 0,358defasagem de 3 dias 0,19 -5,264; 5,965 0,946média de 2 dias 3,76 -2,676; 10,617 0,259média de 3 dias 4,20 -3,004; 11,949 0,261média de 4 dias 2,70 -4,948; 10,956 0,500média de 5 dias 4,04 -4,210; 13,010 0,347média de 6 dias 5,59 -3,166; 15,133 0,219média de 7 dias 5,12 -3,992; 15,092 0,281
IC (95%)
Os efeitos de CO nas internações hospitalares do SUS por PNM em idosos estão
resumidos na Tabela 49 e representados graficamente na Figura 43. Para os indicadores de
dias simples de CO há um gradiente decrescente ao longo das defasagens, mas nenhum dos
efeitos é estatisticamente significante. Por outro lado, os efeitos cumulativos de CO formam
um gradiente crescente começando com valores pequenos e não significativos, culminando
com valores de maior magnitude e estatisticamente significativos.
Este quadro é consistente com efeitos de alta magnitude para as defasagens simples
que não foram estimados diretamente, a saber os efeitos de quatro, cinco e seis dias de
defasagem. Portanto, ao contrário do que foi obtido para CO e internações hospitalares por
DAR em idosos, i.e. a presença de um efeito agudo (no mesmo dia), neste caso, há evidência
de um efeito também agudo, mas com uma latência de até seis dias.
Tabela 49 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos para 1 ppm de CO - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente 0,49 -0,345; 1,328 0,252defasagem de 1 dia 0,14 -0,679; 0,967 0,737defasagem de 2 dias 0,10 -0,735; 0,937 0,819defasagem de 3 dias 0,31 -0,514; 1,135 0,465média de 2 dias 0,47 -0,463; 1,420 0,323média de 3 dias 0,37 -0,669; 1,426 0,484média de 4 dias 0,47 -0,656; 1,609 0,415média de 5 dias 0,82 -0,393; 2,045 0,187média de 6 dias 1,37 0,105; 2,651 0,034média de 7 dias 1,48 0,154; 2,815 0,029
IC (95%)
77
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 43 Efeitos do acréscimo de 1 ppm de CO nas admissões hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
A Tabela 50 e a Tabela 51 exibem os efeitos relativos a NO2 e O3 nos aumentos
percentuais das internações hospitalares por PNM em idosos. Como se observou tanto para
internações por DAR, e por DPOC, não há evidências de que estes gases tenham associação
com o evento de saúde em questão.
Tabela 50 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente 0,06 -1,573; 1,714 0,946defasagem de 1 dia 0,79 -0,882; 2,501 0,355defasagem de 2 dias 0,15 -1,608; 1,937 0,869defasagem de 3 dias -0,26 -2,012; 1,521 0,772média de 2 dias 0,38 -1,322; 2,116 0,662média de 3 dias 0,35 -1,462; 2,186 0,710média de 4 dias 0,59 -1,266; 2,478 0,537média de 5 dias 0,65 -1,261; 2,601 0,507média de 6 dias 0,79 -1,143; 2,759 0,426média de 7 dias 1,24 -0,730; 3,241 0,220
IC (95%)
78
Tabela 51 Aumentos percentuais nos números de internações hospitalares (SUS) por PNM em idosos com mais de 65 anos para cada 10 µg/m³ de O3 - Rio de Janeiro, set/2000 a ago/2002.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente -1,06 -3,387; 1,318 0,379defasagem de 1 dia -0,09 -2,367; 2,235 0,937defasagem de 2 dias 0,94 -1,297; 3,230 0,413defasagem de 3 dias 1,22 -1,018; 3,499 0,289média de 2 dias -0,57 -2,959; 1,887 0,649média de 3 dias 0,11 -2,340; 2,629 0,929média de 4 dias 0,15 -2,321; 2,680 0,907média de 5 dias 0,43 -2,088; 3,004 0,743média de 6 dias 0,71 -1,828; 3,304 0,589média de 7 dias 0,77 -1,810; 3,408 0,564
IC (95%)
5 CONCLUSÕES
Diversos efeitos deletérios da poluição atmosférica na saúde da população do
município do Rio de Janeiro foram obtidos neste estudo. O principal poluente associado com a
mortalidade e morbidade (admissões hospitalares) de idosos e crianças por doenças
respiratórias foi o PM10, seguido de CO e SO2. Nesta seção, os padrões destes efeitos são
resumidos, primeiro para idosos e depois para crianças.
Os níveis de PM10, SO2 e CO mostraram-se significativamente associados com as
internações hospitalares no SUS por DAR em idosos com mais de 65 anos no mesmo dia, e
com a mortalidade no mesmo grupo etário e pelo mesmo grupo de causas com defasagens
simples de um a três dias para PM10 e de três dias para CO e SO2. Em relação ao último
poluente, o efeito na mortalidade foi apenas marginalmente significativo (10%). Os níveis
observados de O3 não foram associados com internações nem com as mortes de idosos por
DAR. Finalmente, em relação aos níveis de NO2, nenhum efeito significativo foi encontrado
para admissões hospitalares de idosos, enquanto que, devido a quantidade de dias disponíveis
para os dados de NO2 no período analisado de mortalidade, optou-se por não discutir esses
resultados.
Os impactos nas admissões hospitalares e mortes de idosos por DAR são facilmente
obtidos a partir das tabelas dispostas neste relatório. Por exemplo, cerca de 1,5% das
internações hospitalares por DAR em idosos seriam explicadas por um acréscimo de 10 µg/m³
nos níveis de PM10 no mesmo dia da internação. Considerando que no período do estudo a
média diária de internações hospitalares de idosos por DAR no SUS foi 10,79, cerca de 118
79
dessas internações teriam sido devidas a um acréscimo de 10 µg/m³ nos níveis de PM10 no
mesmo dia. A este número deve-se somar ainda as admissões hospitalares em hospitais e
clínicas privadas do município do Rio de Janeiro que não fizeram parte da população do
estudo.
Para se ter uma noção mais abrangente dos danos da poluição do ar na saúde
respiratória de idosos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), resultados de
estudos similares em outros municípios da RMRJ devem aumentar razoavelmente este
número, principalmente porque, em alguns municípios desta região, os níveis de PM10, CO e
SO2 são mais altos dos que os observados no município do Rio de Janeiro. Pretende-se
realizar estudos similares aos apresentados neste relatório nos municípios da RMRJ, para os
quais existem monitores de poluição na vizinhança. De fato, esta é uma extensão natural deste
trabalho.
Cálculos similares podem ser realizados para outros poluentes e outros desfechos de
mortalidade ou morbidade a partir das informações contidas nas tabelas do relatório, contudo
deve-se levar em consideração que devido aos padrões de correlação observados entre os
indicadores de alguns poluentes, a contabilidade exaustiva de internações e mortes, que seriam
atribuídas a flutuações nos níveis de poluição atmosférica, pode acarretar dupla contagem de
algumas delas.
Os resultados relativos a DPOC em idosos com mais de 65 anos se resumem a efeitos
significativos de CO nas internações hospitalares no mesmo dia e das médias móveis de seis e
de sete dias do mesmo poluente na mortalidade. A conjunção destes efeitos sugere que a
população de idosos com diagnóstico de DPOC seria altamente suscetível aos níveis de CO, o
que é plenamente compatível com a patologia deste desfecho. Indivíduos expostos a altas
concentrações de monóxido de carbono no ambiente sofrem um aumento da concentração de
carboxihemoglobina e diminuição da concentração de oxigênio no sangue. Portadores de
doenças pulmonares crônicas como câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) têm sua capacidade pulmonar diminuída pela doença e não são capazes de manter o
equilíbrio da pressão de O2 e CO no sangue (Casarett et al, 1999). Resta saber se as
internações e os óbitos correspondem aos mesmos indivíduos.
Finalmente, em relação a PNM em idosos com mais de 65 anos, mais resultados
significativos foram estimados para PM10. Todos os efeitos de médias móveis de PM10 nas
internações hospitalares por PNM são pelo menos marginalmente significativos, enquanto que
apenas o efeito simples de três dias foi significativo para a mortalidade. As médias móveis de
seis e sete dias de CO têm efeitos significativos nas internações hospitalares por PNM mas
80
nenhum indicador de CO foi estatisticamente significativo para a mortalidade. Os poluentes
restantes não apresentaram significância estatística para internações hospitalares por PNM
nem para mortalidade.
Os efeitos deletérios da poluição atmosférica na saúde são mais claros para o grupo de
crianças até 5 anos de idade. E, mais uma vez, os efeitos de PM10 se destacaram em todas as
análises realizadas, seguidos pelos efeitos de CO e SO2. Para DAR, todos os indicadores de
defasagens simples de PM10 foram altamente significantes, com aumentos nas internações
variando de 1,9 a 2,8% para um acréscimo de 10 µg/m³ nos níveis deste poluente. Em relação
as médias móveis, para o mesmo acréscimo os aumentos nas admissões variaram de 2,6 a
4,3% das internações.
Considerando que no período de dois anos do estudo, a média diária de internações de
crianças até 5 anos por DAR no SUS foi igual a 15,75 estima-se que cerca de 242, 215, 317 e
220 do total geral de 11500 de internações hospitalares por DAR em crianças até 5 anos neste
período de dois anos seriam explicadas por acréscimos nos níveis de PM10, no mesmo dia, e
com um, dois ou três dias de defasagem, respectivamente. Note que algumas dessas
internações poderiam estar sendo contadas mais de uma vez.
Os efeitos estimados de CO em internações hospitalares por DAR em crianças até 5
anos também merecem ser mencionados. O efeito imediato de CO é marginalmente
significante, enquanto que o da defasagem de um dia é estatisticamente significativo, bem
como todas as médias móveis de CO. O efeito de SO2 defasado de dois dias e as médias
móveis de três dias em diante também foram significativas, com aumentos variando de 4,3 a
7,5% das internações para acréscimos de 10 µg/m³ nos níveis de SO2. O NO2 apresentou
efeitos protetores para internações hospitalares por DAR de crianças até 5 anos. Resta
investigar o motivo destes resultados inesperados. Resultados parecidos foram encontrados em
estudos similares em outras metrópoles. Em relação a O3, apenas o efeito imediato foi
marginalmente significativo. Cerca de 1,2% das internações de crianças até 5 anos por DAR
seriam explicadas por um aumento de 10 µg/m³ nos níveis de O3.
PM10 e SO2 estão relacionados com aumentos nas internações hospitalares por asma
em crianças de até 5 anos. Os efeitos são de grande magnitude e dentre todas as defasagens
simples, só as de dois e três dias são significativas para PM10 e a de três dias para SO2. Efeitos
cumulativos significativos e marginalmente significativos foram também estimados para PM10
e SO2. CO, NO2 e O3 não apresentaram efeitos significativos.
Para internações hospitalares no SUS por PNM em crianças até 5 anos de idade foram
estimados efeitos altamente significativos de PM10, CO e SO2. As magnitudes desses efeitos
81
foram superiores às encontradas para internações por DAR. Nenhum efeito significativo para
este desfecho foi estimado para NO2 e O3. Os efeitos relativos a PM10 foram os mais
significativos. Todos os indicadores de defasagens simples, bem como todas as médias móveis
de PM10, foram estatisticamente significantes para internações por PNM em crianças até 5
anos de idade. Os aumentos nessas internações associados a acréscimos de 10 µg/m³ nos
níveis de PM10 variaram de 1,7 a 2,7% para as defasagens simples e de 3,2 a 4,4% para os
indicadores cumulativos. O efeito de SO2 com um dia de defasagem foi altamente significante
e de grande magnitude, destacando-se dos efeitos não significativos relativos a outras
defasagens simples de SO2. Em relação a CO, os efeitos imediato e de um dia de defasagem
são altamente significantes, bem como todas os indicadores cumulativos.
De forma geral, podemos concluir que para os dois grupos investigados neste estudo e
no período de tempo analisado, os efeitos agudos da poluição atmosférica são significativos,
com destaque para os danos causados por PM10, SO2 e CO na mortalidade de idosos e nas
internações hospitalares de idosos e crianças. Alguns desses efeitos são altamente
significantes e de magnitude razoável comparados com aqueles encontrados em estudos
similares. Este é o primeiro estudo do gênero realizado no município do Rio de Janeiro.
Estudos similares devem ser realizados em municípios da RMRJ, bem como em outros grupos
suscetíveis na mesma região para que seja possível elaborar um quadro completo dos efeitos
agudos da poluição atmosférica na saúde pública da população da RMRJ.
82
SUBPROJETO II Qualidade do ar e sintomas respiratórios agudos em crianças atendidas nas
unidades básicas de saúde de Jacarepaguá
1 INTRODUÇÃO
Distúrbios respiratórios causados por poluentes atmosféricos têm sido estudados
através de diferentes variáveis de desfecho, como por exemplo, mortalidade (Daumas et al,
2004; Conceição et al, 2001), admissões hospitalares (Katsouyanni et al, 1996), consultas
ambulatoriais e resultados de provas de função pulmonar (van der Zee et al, 1999). As
manifestações clínicas são variadas podendo haver, por exemplo, agravamento dos quadros de
asma brônquica, sinusite, tosse, rinite, faringite, otite. Os registros encontrados na literatura
referem-se principalmente a asma e/ou sintomas agrupados de vias aéreas superiores e
inferiores. Entretanto, a comparação dos resultados é complexa devido às diferenças entre
metodologias adotadas nestes estudos. Por exemplo, vários estudos envolveram indivíduos de
diferentes faixas etárias, os poluentes ambientais aferidos nem sempre foram os mesmos,
assim como diversos métodos estatísticos foram utilizados.
No Chile, em um estudo que investigou a ocorrência de problemas respiratórios em
crianças em relação aos níveis ambientais de O3 e PM10, usando um desenho epidemiológico
ecológico de séries temporais diárias por um período de 18 meses, foram estimados aumentos
de 3% a 12% no número diário de consultas pediátricas por problemas em vias aéreas
inferiores com três dias de defasagem e para um aumento de 50 μg/m³ de PM10 e de 5% no
mesmo dia para um aumento de 50 ppb de O3 (Ostro et al, 1999).
Em Ciudad Juarez, no México um estudo conduzido no período de julho de 1997 a
dezembro de 1998 investigou a relação entre os níveis ambientais de PM10 e O3 e o número de
consultas pediátricas em unidades de saúde de emergência por enfermidades respiratórias
agudas e asma. Estimou-se um aumento de 9% no número das consultas por asma para um
aumento de 20μg/m³ de PM10 na média móvel de cinco dias (Hernández-Cadena et al, 2000).
Na cidade do México, investigou-se a associação entre o número de consultas
pediátricas de emergência por infecções respiratórias altas e baixas e as concentrações
ambientais de O3, SO2 e NO2, no período de janeiro a dezembro de 1993. Durante o período
de inverno foram estimados aumentos de 9,9% e 7,5% para defasagem de 1 e 2 dias,
respectivamente, no número diário de consultas para um aumento de 50 ppb de O3. Também
83
foi estimado um aumento de até 65% no número de consultas para um aumento de 30 ppb na
média acumulada de cinco dias de NO2 (Tellez-Rojo et al, 1997).
Em Londres, foi estudada a relação entre o número de consultas médicas ambulatoriais
de emergência por queixas respiratórias (todas as idades) e concentrações dos poluentes
ambientais NO2, CO, O3, PM10, SO2 e fumaça negra (black smoke) no período de janeiro de
1992 a dezembro de 1994. Na população infantil, foi estimada uma associação positiva entre o
número de internações por todas as queixas respiratórias e concentrações de SO2 (aumento de
6% com defasagem de dois dias) e também entre concentrações de SO2, NO2 e PM10 e asma
(Atkinson et al, 1999).
Na cidade de São Paulo, foi investigada a associação de SO2, CO, PM10, O3 e NO2 com
o número de atendimentos médicos de emergência em crianças, no período de maio de 1991 a
abril de 1993. Os desfechos analisados incluiram todas as queixas clínicas, respiratórias e não-
respiratórias, com chiado no peito e sintomas de vias aéreas superiores e inferiores. Aumentos
nas concentrações de material particulado e O3 foram estatisticamente associados com
aumentos dos números das consultas pediátricas naquele período (Lin et al, 1999).
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Investigar a associação entre poluentes atmosféricos e o número diário de
atendimentos médicos de crianças por problemas respiratórios agudos, controlando-se por
variáveis de confusão.
2.2 Específicos
Elaborar curvas de tendência de níveis diários de poluentes atmosféricos medidos pela
estação da FEEMA localizada em Jacarepaguá;
Analisar a tendência temporal dos atendimentos médicos diários de crianças por
problemas respiratórios agudos realizados em três unidades de saúde do bairro de
Jacarepaguá durante um ano;
Estimar a associação de curto prazo entre exposição à poluição do ar e número diário
de atendimentos médicos por problemas respiratórios agudos em crianças.
84
3 METODOLOGIA
3.1 Área geográfica de estudo
O estudo foi conduzido no bairro de Jacarepaguá localizado na zona oeste do
município do Rio de Janeiro e pertencente a Área de Planejamento de Saúde 4 (AP4).
Fizeram parte do estudo crianças residentes na XVI e XXXIV Regiões Administrativas (RA),
respectivamente, Jacarepaguá e Cidade de Deus compreendendo uma área territorial total de
127,82 km2. A região de Jacarepaguá é limitada pelo Oceano Atlântico e pelos maciços da
Pedra Branca e da Tijuca (Figura 44), o que dificulta a circulação dos poluentes atmosféricos.
De acordo com o censo de 2000, a população de até 14 anos era de 109.649 em Jacarepaguá e
de 10.820 na Cidade de Deus.
A RA de Jacarepaguá é subdividido em dez bairros, porém apenas nove foram
incluídos no estudo: Jacarepaguá, Anil, Gardênia Azul, Curicica, Freguesia, Pechincha,
Taquara, Tanque e Praça Seca. Crianças residentes em Vila Valqueire foram excluídas porque
a localização deste bairro é bastante afastada dos demais. Além destes, também a Cidade de
Deus foi considerada no estudo.
O monitor de poluentes atmosféricos sob operação da FEEMA está localizado na
Estrada dos Bandeirantes, no bairro Taquara e registra os níveis dos principais poluentes
ambientais de forma ininterrupta.
Figura 44 Destaque da Região de Jacarepaguá
&\Ñ
Ñ
Ñ
&\
&\&\
&\
&\
&\
85
3.2 População e período de estudo
Foram incluídas no estudo crianças, com idades entre um mês a doze anos, que
procuraram atendimento médico de emergência, com queixas respiratórias, no Hospital
Municipal Lourenço Jorge, no Hospital Cardoso Fontes ou na Unidade Integrada de Saúde
Hamilton Land, no período de 1 de abril de 2002 a 31 de março de 2003. As crianças deviam
residir nos bairros de Jacarepaguá que compunham a área geográfica de estudo já mencionada:
Jacarepaguá, Anil, Gardênia Azul, Curicica, Freguesia, Pechincha, Taquara, Tanque, Praça
Seca e Cidade de Deus.
3.3 Coleta de dados
3.3.1 Unidades de saúde
Os principais estabelecimentos públicos que prestam atendimento pediátrico de
emergência em Jacarepaguá são três hospitais gerais (Hospital Municipal Lourenço Jorge,
Hospital Cardoso Fontes e Hospital Rafael de Paula Souza), um posto de assistência médica
(PAM Jacarepaguá), um centro municipal de saúde (CMS Jorge Saldanha Bandeira de Mello)
e uma unidade integrada de saúde (UIS Hamilton Land). O PAM Jacarepaguá não foi
considerado para este estudo por situar-se em uma região extrema e devido à limitação de
tamanho da equipe de técnicos para coleta de dados. O Hospital Rafael de Paula Souza foi
excluído por apresentar baixa demanda pediátrica e o CMS Jorge Saldanha Bandeira de Mello
pela impossibilidade de recuperação futura das fichas de atendimento.
Após o estudo piloto, as unidades de atendimento médico-pediátrico de emergência
selecionadas foram: Hospital Municipal Lourenço Jorge, Hospital Cardoso Fontes e Unidade
Integrada de Saúde Hamilton Land. Estas unidades selecionadas possuíam serviço de pronto-
atendimento pediátrico o que garantia a consulta médica no mesmo.
3.3.2 Elaboração do instrumento de coleta de dados
A partir de entrevistas com médicos clínicos gerais e pneumologistas e da revisão da
literatura, foram selecionados sintomas e diagnósticos mais freqüentes em unidades
ambulatoriais e estes foram incluídos no instrumento de coleta de dados. Este procedimento
teve a finalidade de evitar que os técnicos interpretassem as informações anotadas pelos
médicos, já que os sintomas e diagnósticos não são referidos na ficha de atendimento de
acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID).
86
Os campos constantes no instrumento são, além da identificação - idade, sexo,
endereço -, a ocorrência de consultas motivadas por: tosse, tratamento para pneumonia, gripe,
irritação dos olhos, asma, doenças das vias aéreas superiores (VAS), doenças das vias aéreas
inferiores (VAI) ou infecção respiratória aguda.
Foi organizado um manual indicando diretrizes quanto às atitudes e os procedimentos
que os técnicos deveriam adotar durante a coleta de dados nas unidades de saúde. Também
foram incluídas orientações quanto ao preenchimento do instrumento de coleta e as rotinas do
trabalho de campo.
Três técnicos foram selecionados e submetidos a um treinamento para a coleta de
dados. Técnicas de dinâmica de grupo foram utilizadas para avaliar e desenvolver a iniciativa
e criatividade, simulações de consultas médicas pediátricas por problemas respiratórios e
atividades para familiarização com termos médicos.
Foram agendadas reuniões com os diretores das unidades inicialmente selecionadas
(Hospital Municipal Lourenço Jorge, UIS Hamilton Land, Hospital Rafael de Paula Souza,
CMS Jorge Saldanha Bandeira de Mello) e estes ofereceram total apoio à pesquisa.
3.3.3 Estudo piloto
Durante o mês março de 2002 foi desenvolvido um estudo preliminar cujos objetivos
eram selecionar as unidades de saúde que efetivamente fariam parte do estudo, testar o
instrumento de coleta dos dados de saúde e avaliar o desempenho da equipe de técnicos
arrolada no processo de coleta de dados.
O objetivo original do projeto de estudo contemplava três unidades de saúde com
perfis de atendimento diferentes: um hospital (Hospital Municipal Lourenço Jorge), um centro
municipal de saúde (CMS Jorge Saldanha Bandeira de Mello) e uma unidade integrada de
saúde (UIS Hamilton Land). Devido à forma como as fichas dos atendimentos médicos são
arquivadas, impedindo a sua recuperação em um momento posterior, o CMS Jorge Saldanha
Bandeira de Mello foi excluído. Para sua substituição, optou-se pela inclusão do Hospital
Rafael de Paula Souza (Hospital de Curicica). Entretanto, este foi excluído por apresentar uma
demanda pediátrica muito pequena. Finalmente, optou-se por incluir o Hospital Cardoso
Fontes.
O Hospital Municipal Lourenço Jorge e o Hospital Cardoso Fontes são referências
médicas para atendimentos ambulatoriais e de emergência. Estes funcionam 24 horas durante
toda a semana e apresentam grande volume de atendimento geral.
87
Com este estudo preliminar observou-se a necessidade de adequação do instrumento,
uma vez que aquele elaborado inicialmente era muito extenso e não continha, como opção,
alguns sinais e sintomas freqüentes, vide Anexo D.
3.3.4 Dados ambientais
Dados de concentrações de poluentes atmosféricos no período de abril de 2002 a
março de 2003 foram cedidos pela FEEMA. Concentrações horárias dos poluentes foram
medidas pelo monitor automático localizado na Estrada dos Bandeirantes,1099, no bairro da
Taquara em Jacarepaguá.
Os indicadores de poluição do ar analisados neste estudo foram material particulado
com volume aerodinâmico de até 10 mícrons (PM10), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de
nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3).
Devido a um grande número de observações faltando foi necessária a utilização de um
método de imputação de dados desenvolvido pela equipe do projeto (Junger, 2002).
Os dados diários sobre as condições meteorológicas, temperatura e umidade relativa,
foram cedidos pelo Ministério da Aeronáutica e foram medidos na base aérea do Campo dos
Afonsos localizada no bairro de Vila Valqueire. Entre os pontos de monitoramento das
condições meteorológicas disponíveis, este foi selecionado devido à proximidade com a
região de estudo.
Os dados de precipitação de chuva foram obtidos da Secretaria de Obras da cidade do
Rio de Janeiro (Georio). O volume diário de chuvas para a região de Jacarepaguá foi
representado pela média aritmética dos volumes diários nas estações Tanque, Rio Centro e
Cidade de Deus.
3.4 Análise Estatística
A metodologia de análise estatística empregada neste estudo utiliza a mesma
abordagem que aquela utilizada no Subprojeto I. A associação entre poluição do ar e o
número diário de atendimentos de emergência de crianças com idade até 12 anos foi estimada
utilizando-se regressão de Poisson semi-paramétrica (Hastie e Tibshirani, 1990). Foi utilizada
a implementação dos modelos aditivos generalizados (MAG) disponível no pacote estatístico
S-Plus. As séries analisadas apresentaram super-dispersão e foram ajustadas pelo método de
quase-verossimilhança.
Alguns trabalhos (Hajat, 2002; Atkinson et al, 1999) indicam a importância dos
episódios de influenza como desencadeantes de patologias respiratórias, como a asma, e a sua
88
influência nas estimativas das medidas de efeito. Entretanto, informações sobre atendimentos
médicos ambulatoriais por influenza não estão disponíveis no município do Rio de Janeiro e o
uso do número diário de internações hospitalares se mostrou ineficaz.
Os resultados aqui apresentados expressam as variações percentuais nos atendimentos
médicos de crianças por problemas respiratórios correspondentes a um aumento de 10 µg/m³
nos níveis dos poluentes (exceto para o CO para o qual foi usada um aumento de 1000 µg/m³).
Estas variações percentuais são calculadas a partir dos riscos relativos (RR) através da
expressão: % RR = (RR - 1) × 100. Os efeitos foram estimados para a exposição no mesmo
dia, com defasagens que variam de 1 a 3 dias e médias dos últimos 2 a 7 dias. As médias das
concentrações dos poluentes nos períodos que variam de 2 a 7 dias representam a exposição
acumulada neste período. Neste estudo foi adotado um nível de significância de 5% em todas
as análises.
4 RESULTADOS
4.1 Análise descritiva
4.1.1 Atendimentos ambulatoriais
Os resultados apresentados neste relatório referem-se apenas aos atendimentos
pediátricos por causas respiratórias totais diários, independente dos sintomas e diagnósticos
clínicos observados nas fichas de atendimentos. As estimativas dos efeitos considerando o
Hospital Lourenço Jorge não são apresentadas devido a problemas de aferição dos dados
coletados no período outubro de 2002 a fevereiro de 2003, que estão sendo corrigidos.
Foram obtidos os registros médicos das consultas pediátricas por problemas
respiratórios durante 365 dias (abril de 2002 a março de 2003) em duas unidades de saúde
selecionadas: Hospital Geral de Jacarepaguá e Hospital Municipal de Saúde Lourenço Jorge.
Na UIS Hamilton Land, foram consideradas as consultas médicas de somente 290 dias, pois
ocasionalmente as atividades nesta unidade foram suspensas (Tabela 52). Dois motivos
contribuíram para isto: o não funcionamento da unidade em vários sábados, domingos,
feriados ou dias de não funcionamento devido à violência na região e a perda das fichas de
atendimentos médicos nesta unidade de saúde.
Os resultados foram analisados para cada unidade de saúde separadamente devido às
diferentes características do atendimento médico pediátrico entre elas.
89
Tabela 52 Estatísticas descritivas das consultas pediátricas, abr/2002 a mar/2003
Unidade n média dp min p10 p25 p50 p75 p90 maxH. Land 290 15,91 12,40 0 0 3 16 25 31 56L. Jorge 365 34,03 18,00 7 15 20 31 45 57 112C. Fontes 365 62,42 21,45 16 37 47 60 75 92 128
n=nº de observações, dp=desvio-padrão, min=valor mínimo, max=valor máximo e px=x-ésimo percentil
01/04/02 01/06/02 01/08/02 01/10/02 01/12/02 01/02/03
040
8012
0H
ospi
tal C
ardo
so F
onte
s
01/04/02 01/06/02 01/08/02 01/10/02 01/12/02 01/02/03
040
8012
0U
IS H
amilt
on L
and
01/04/02 01/06/02 01/08/02 01/10/02 01/12/02 01/02/03
040
8012
0H
ospi
tal L
oure
nço
Jorg
e
Figura 45 Consultas pediátricas no Hospital Cardoso Fontes, na UIS Hamilton Land e no Hospital
Lourenço Jorge, em Jacarepaguá, de abr/2002 a mar/2003.
4.1.2 Indicadores de poluição do ar
As médias diárias dos níveis de poluição na cidade do Rio de Janeiro durante o período
de estudo não ultrapassaram os limites máximos estabelecidos pelo CONAMA, como pode ser
observado nas tabelas e nos gráficos no Anexo A. As concentrações médias diárias apenas em
Jacarepaguá estão apresentadas na Tabela 53. Entretanto, durante o período de estudo, houve
muitos dias em que os poluentes não foram registrados, principalmente o NO2.
90
Tabela 53 Estatísticas descritivas dos poluentes atmosféricos, fatores meteorológicos e chuvas em
Jacarepaguá, abr/2002 a mar/2003.
Indicador n média dp min p10 p25 p50 p75 p90 maxPM10 (µg/m³) 320 35,27 12,70 11,22 21,78 26,10 32,75 42,34 51,34 79,67SO2 (µg/m³) 276 7,12 3,95 0,00 2,62 4,19 6,77 9,00 11,84 28,74NO2 (µg/m³) 255 39,57 23,47 6,74 13,64 25,57 34,71 49,10 63,42 156,05CO (1000 µg/m³) 319 1,63 0,40 0,40 1,14 1,36 1,64 1,90 2,14 2,76O3 (µg/m³) 281 11,36 6,67 0,58 3,29 6,08 10,43 15,80 21,22 30,79Temp. máxima (ºC) 365 31,17 4,04 19,00 26,00 29,00 31,30 34,00 36,00 40,00Temp. média (ºC) 365 26,31 3,08 18,01 22,08 24,35 26,35 28,65 30,23 32,70Temp. mínima (ºC) 365 22,15 2,97 15,00 18,00 19,80 22,50 24,40 26,00 28,60Umid. relativa (%) 365 76,43 8,11 52,58 66,58 70,75 76,38 81,54 87,33 95,50Chuva (mm) 365 3,59 10,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,73 10,23 76,87
n=nº de observações, dp=desvio-padrão, min=valor mínimo, max=valor máximo e px=x-ésimo percentil
A temperatura média do período foi de 26,31 graus Celsius e umidade relativa do ar
média de 76,43%. O volume de chuvas médio foi de 3,59 mm, porém em seis dias o volume
de chuva ultrapassou 50 mm (chuva forte) (Tabela 53).
Tabela 54 Correlação entre os poluentes atmosféricos em Jacarepaguá, abr/2002 a mar/2003.
PM SO2 CO NO2SO2 0,365CO 0,358 0,365NO2 0,247 0,257 0,305O3 0,155 0,104 -0,159 -0,016* * não significativo a 5%
Na Tabela 54 estão apresentadas as correlações entre as concentrações de poluentes em
Jacarepaguá. Não é estatisticamente significativa a correlação linear entre O3 e NO2.
4.2 Efeitos da poluição ambiental na ocorrência de consultas pediátricas
4.2.1 Resultados no Hospital Cardoso Fontes
Na Tabela 55 e na Figura 46 estão apresentados os efeitos estimados de PM10 sobre o
número médio diário de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes. Foram
estimados efeitos estatisticamente significativos que correspondem a um aumento de 2,3% no
número de atendimentos no mesmo dia da exposição e um aumento de 2,2% para a exposição
acumulada dos últimos dois dias, para um aumento de 10 µg/m³ de PM10.
91
Tabela 55 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de PM10 e IC de
95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente 2,28 0,355; 4,251 0,021defasagem de 1 dia 1,06 -0,700; 2,847 0,241defasagem de 2 dias -0,67 -2,316; 1,010 0,434defasagem de 3 dias -0,07 -1,708; 1,602 0,937média de 2 dias 2,15 0,105; 4,236 0,040média de 3 dias 1,25 -0,889; 3,435 0,255média de 4 dias 0,96 -1,241; 3,214 0,396média de 5 dias 0,13 -2,135; 2,449 0,911média de 6 dias -0,15 -2,501; 2,250 0,899média de 7 dias 0,11 -2,329; 2,603 0,933
IC (95%)
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 46 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre SO2 e o número
diário de atendimentos, como pode ser observado na Tabela 56 e na Figura 47.
92
Tabela 56 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de SO2 e IC
95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente 4,29 -1,966; 10,953 0,184defasagem de 1 dia 0,27 -5,947; 6,901 0,934defasagem de 2 dias -3,38 -9,062; 2,651 0,266defasagem de 3 dias 4,68 -0,926; 10,598 0,104média de 2 dias 1,19 -6,383; 9,382 0,765média de 3 dias 2,43 -7,109; 12,941 0,631média de 4 dias 4,29 -5,703; 15,349 0,414média de 5 dias 8,80 -2,379; 21,249 0,128média de 6 dias 5,10 -6,500; 18,143 0,405média de 7 dias 2,06 -10,170; 15,949 0,755
IC (95%)
-15,00
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 47 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Na Tabela 57 e na Figura 48, pode-se observar efeitos estatisticamente significativos
de NO2 sobre o número médio diário de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes,
para o mesmo dia da exposição, todas as defasagens e exposições acumuladas avaliadas. Os
aumentos estimados variaram de 1,2% a 1,7% para um aumento de 10 µg/m³ de NO2.
93
Tabela 57 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de NO2 e IC
95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente 1,28 0,333; 2,240 0,008defasagem de 1 dia 1,19 0,228; 2,154 0,016defasagem de 2 dias 1,38 0,439; 2,326 0,004defasagem de 3 dias 1,15 0,258; 2,053 0,012média de 2 dias 1,34 0,380; 2,299 0,006média de 3 dias 1,68 0,710; 2,669 0,001média de 4 dias 1,72 0,748; 2,702 0,001média de 5 dias 1,64 0,651; 2,644 0,001média de 6 dias 1,65 0,660; 2,652 0,001média de 7 dias 1,70 0,710; 2,707 0,001
IC (95%)
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 48 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Não foram encontrados efeitos do monóxido de carbono sobre o número diário de
atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes. Foi encontrado um efeito negativo da
exposição acumulada de 6 dias. Entretanto, apesar de ser estatisticamente significativo, a sua
magnitude é muito pequena, 0,1% (Tabela 58 e Figura 49).
94
Tabela 58 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 1000 µg/m³ de CO e IC
95% no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente -0,03 -0,084; 0,020 0,233defasagem de 1 dia 0,02 -0,037; 0,069 0,561defasagem de 2 dias 0,02 -0,035; 0,068 0,523defasagem de 3 dias -0,04 -0,086; 0,016 0,173média de 2 dias -0,02 -0,085; 0,048 0,583média de 3 dias 0,01 -0,071; 0,086 0,852média de 4 dias -0,02 -0,111; 0,062 0,576média de 5 dias -0,07 -0,169; 0,022 0,133média de 6 dias -0,12 -0,222; - 0,020 0,019média de 7 dias -0,08 -0,187; 0,029 0,153
IC (95%)
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
%R
R
Figura 49 Efeitos do acréscimo de 1000 µg/m³ de CO e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
O aumento estimado no número médio de atendimentos diários devido a um aumento
de 10 µg/m³ de O3 foi de 6,3% para a exposição no mesmo dia e de 4,5% para a exposição
acumulada de 2 dias. Os resultados para todas as defasagens de exposição estão apresentados
na Tabela 59 e na Figura 50.
95
Tabela 59 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de O3 e IC 95%
no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente 6,28 1,780; 10,989 0,006defasagem de 1 dia -0,34 -4,445; 3,951 0,876defasagem de 2 dias 0,03 -3,709; 3,915 0,988defasagem de 3 dias -2,20 -5,951; 1,693 0,264média de 2 dias 4,54 -0,153; 9,457 0,059média de 3 dias 2,75 -2,199; 7,950 0,282média de 4 dias 1,93 -2,930; 7,026 0,444média de 5 dias 0,59 -4,461; 5,906 0,823média de 6 dias -0,88 -5,825; 4,332 0,736média de 7 dias -2,25 -7,444; 3,225 0,413
IC (95%)
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 50 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos no Hospital Cardoso Fontes, abril/2002 a março/2003.
4.2.2 Resultados na UIS Hamilton Land
Não foram encontrados efeitos estatisticamente significativos dos poluentes
atmosféricos analisados sobre o número médio diário de atendimentos pediátricos na UIS
Hamilton Land. Os aumentos percentuais estimados para cada poluentes estão apresentados na
Tabela 60, na Tabela 61, na Tabela 62, na Tabela 63 e na Tabela 64, que seguem. E
representados graficamente na Figura 51, na Figura 52, na Figura 53, na Figura 54 e na Figura
55.
96
Tabela 60 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de PM10 e IC de
95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Exposição a PM10 %RR p-valordia corrente -2,53 -6,502; 1,616 0,229defasagem de 1 dia 2,11 -2,339; 6,754 0,359defasagem de 2 dias 2,12 -2,429; 6,886 0,367defasagem de 3 dias 2,91 -1,118; 7,101 0,160média de 2 dias -0,49 -5,175; 4,421 0,841média de 3 dias 0,59 -4,710; 6,181 0,832média de 4 dias 1,59 -3,977; 7,482 0,584média de 5 dias 2,38 -3,349; 8,439 0,425média de 6 dias 2,22 -3,606; 8,391 0,464média de 7 dias 2,70 -3,303; 9,084 0,386
IC (95%)
-8,00
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
PM10
%R
R
Figura 51 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de PM10 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos n a UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Tabela 61 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de SO2 e IC
95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Exposição a SO2 %RR p-valordia corrente -7,68 -19,842; 6,325 0,268defasagem de 1 dia -10,67 -23,483; 4,277 0,154defasagem de 2 dias 3,03 -14,374; 23,976 0,752defasagem de 3 dias 9,41 -5,863; 27,159 0,242média de 2 dias -12,04 -25,949; 4,490 0,145média de 3 dias -12,75 -31,408; 10,981 0,267média de 4 dias -8,19 -29,806; 20,086 0,533média de 5 dias 0,92 -25,900; 37,444 0,954média de 6 dias 10,27 -20,116; 52,209 0,553média de 7 dias -1,43 -30,443; 39,692 0,936
IC (95%)
97
-40,00
-30,00
-20,00
-10,00
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
SO2
%R
R
Figura 52 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de SO2 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos n a UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Tabela 62 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de NO2 e IC
95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente 0,32 -2,191; 2,903 0,803defasagem de 1 dia 0,31 -2,420; 3,121 0,825defasagem de 2 dias 0,37 -2,460; 3,287 0,799defasagem de 3 dias 1,66 -1,125; 4,519 0,247média de 2 dias 0,46 -2,184; 3,174 0,736média de 3 dias 0,47 -2,331; 3,355 0,745média de 4 dias 0,54 -2,335; 3,505 0,715média de 5 dias 0,74 -2,194; 3,764 0,625média de 6 dias 1,49 -1,494; 4,562 0,332média de 7 dias 1,78 -1,324; 4,974 0,266
IC (95%)
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
dia cor r ente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
Figura 53 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
98
Tabela 63 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 1000 µg/m³ de CO e IC
95% na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Exposição a CO %RR p-valordia corrente -0,02 -0,146; 0,105 0,748defasagem de 1 dia 0,01 -0,118; 0,132 0,915defasagem de 2 dias 0,07 -0,056; 0,202 0,268defasagem de 3 dias -0,01 -0,144; 0,123 0,881média de 2 dias 0,01 -0,151; 0,164 0,939média de 3 dias 0,05 -0,143; 0,239 0,621média de 4 dias 0,04 -0,180; 0,261 0,721média de 5 dias 0,01 -0,237; 0,260 0,928média de 6 dias 0,07 -0,196; 0,335 0,610média de 7 dias 0,07 -0,213; 0,350 0,635
IC (95%)
-0,30
-0,20
-0,10
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
dia cor r ente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
CO
Figura 54 Efeitos do acréscimo de 1000 µg/m³ de CO e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Tabela 64 Aumentos percentuais no número de atendimentos pediátricos para 10 µg/m³ de O3 e IC 95%
na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
Exposição a O3 %RR p-valordia corrente -2,76 -11,402; 6,735 0,557defasagem de 1 dia -3,99 -13,087; 6,066 0,424defasagem de 2 dias -2,52 -12,987; 9,210 0,660defasagem de 3 dias -4,06 -14,077; 7,132 0,462média de 2 dias -5,70 -14,986; 4,590 0,268média de 3 dias -5,93 -16,935; 6,536 0,337média de 4 dias -8,64 -19,892; 4,188 0,179média de 5 dias -4,34 -16,912; 10,128 0,537média de 6 dias -12,56 -23,941; 0,514 0,060média de 7 dias -16,64 -28,471; - 2,862 0,020
IC (95%)
99
-35,00
-30,00
-25,00
-20,00
-15,00
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
O3
%R
R
Figura 55 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de O3 e IC de 95% no número de atendimentos pediátricos na UIS Hamilton Land, abril/2002 a março/2003.
5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo indicam a existência de associação estatística entre
as concentrações diárias de poluentes atmosféricos e o número médio diário de atendimentos
médicos de emergência em crianças por problemas respiratórios, residentes em Jacarepaguá e
atendidas em unidades de saúde da mesma região. Os poluentes cujos efeitos foram
estatisticamente significativos foram o PM10, O3 e NO2. Este achado implica que uma parte
dos adoecimentos de crianças residentes na região podem estar sendo causados pela poluição
do ar. Estes resultados foram obtidos apesar de as concentrações dos poluentes atmosféricos
na região não terem ultrapassado os limites máximos recomendados pela resolução CONAMA
3/1990 na região, durante o período de estudo, abril de 2002 a março de 2003,. Estes
resultados são consistentes com aqueles obtidos em estudos desenvolvidos em outros países e
que utilizaram metodologia semelhante (Hernández-Cadena et al, 2000; Ostro et al, 1999;
Atkinson et al, 1999; Tellez-Rojo et al, 1997; Noris et al, 1999).
Durante o período do estudo foram obtidos os registros de atendimento médico infantil
na UIS Hamilton Land correspondentes a 290 dias. A ausência de informações em 20% dos
dias provavelmente não influenciou as estimativas do efeito, uma vez que os motivos que
determinaram a indisponibilidade das fichas de atendimento para os técnicos de coleta, como
por exemplo, a interrupção do atendimento médico em dias de maior violência na região ou
100
não localização das fichas no arquivo, não tiveram relação com os níveis de poluição do ar e
foram distribuídos aleatoriamente durante o período de estudo.
As concentrações dos poluentes NO2 e SO2 e O3, não foram medidas em vários dias
devido a problemas técnicos na estação de monitoramento da qualidade do ar. A fim de
mitigar os efeitos da ausência de dados na estimativa das medidas de efeito e seus intervalos
de confiança, foi utilizado um método de imputação de dados. Mesmo após o processo de
imputação, apenas 70% das concentrações diárias de NO2 e 75% de SO2 estavam disponíveis
na análise.
Os danos causados ao aparelho respiratório devido à exposição aos poluentes
atmosféricos é o resultado dos efeitos combinados de todos os poluentes presentes na mistura
complexa da poluição do ar. Os resultados associados a PM10 e O3 são coerentes com as
fisiopatologias destes dois poluentes. Ambos em uma fase precoce atuam como irritantes
primários das vias respiratórias e podem causar aumento da reatividade brônquica e sintomas
de broncoespasmo. Surgem sinais inflamatórios locais que, geralmente, predominam sobre os
de broncoespasmo (Hernández-Cadena et al, 2000). A combinação de possíveis efeitos
respiratórios em dois momentos distintos pode explicar um maior número de consultas
médicas no mesmo dia e alguns dias após o aumento dos níveis dos poluentes.
Um problema verificado neste estudo e também presente nas investigações que
utilizam como fonte dos dados de saúde, os registros de atendimento médico refere-se a
exatidão da compreensão das informações (Ostro et al, 1999; Gouveia e Fletcher, 2000). Não
existe padronização no preenchimento das informações de saúde obtidas durante as consultas
assim como as conclusões médicas. Alguns profissionais descrevem em detalhes sinais,
sintomas e diagnósticos. Outros são sucintos, anotando, por exemplo, somente a queixa
principal. Ambas as situações poderiam se referir a um mesmo quadro clínico. Este problema
seria eliminado com a utilização na ficha de atendimento médico da Classificação
Internacional de Doenças (CID) correspondente às impressões do médico.
Nos estudos cuja variável de desfecho são os atendimentos médicos pediátricos de
emergência, considerando-se defasagens de um ou mais dias entre a exposição e a procura
pelo serviço de saúde, alguns fatores têm que ser considerados. Um deles é a motivação dos
pais ou responsáveis para procurar a consulta pediátrica que depende, entre outras razões, da
preocupação acerca da saúde da criança (Ostro et al, 1999), do conhecimento dos significados
e dos possíveis agravamentos dos sinais e sintomas respiratórios e também do acesso a uma
unidade de saúde. Outro fator relevante na utilização desta metodologia é a disponibilidade de
consultas médicas pelas unidades de saúde. Neste estudo, nas três unidades de saúde de
101
Jacarepaguá, os períodos de funcionamento, diário e semanal, foram variados. Nos dois
hospitais gerais todos as crianças que procuraram atendimento médico foram atendidas no
mesmo dia, independente da gravidade dos sintomas. O mesmo não pode ser garantido em
relação à UIS Hamilton Land. Assim, o estudo dos efeitos das defasagens entre a exposição a
poluição do ar e o atendimento médico nesta unidade de saúde está sujeita a algumas
limitações.
Os efeitos clínicos dos poluentes ambientais no aparelho respiratório variam segundo
fatores relacionados aos poluentes e aos indivíduos expostos. Crianças menos sensíveis
quando expostas a baixas concentrações ambientais apresentam sintomas leves e de poucas
repercussões clínicas e não necessitam atendimento médico. É razoável supor que se
estimariam efeitos de maior magnitude se estes casos tivessem sido incluídos no estudo.
Quanto a gravidade dos sintomas das crianças consultadas, uma vez que os níveis de
poluição do ar na região de Jacarepaguá permaneceram baixos durante todo o período seria
esperada uma maior incidência de casos leves de doenças respiratórias. Sintomas graves
deveriam ocorrer somente nos indivíduos mais sensíveis.
Exposições crônicas a moderadas concentrações de poluentes atmosféricos ocasionam
alterações patológicas das vias respiratórias, com comprometimento dos mecanismos de
defesa locais. As baixas concentrações destas substâncias observadas durante o período deste
estudo permite supor que a população infantil residente em Jacarepaguá não apresenta este
tipo de lesão. Provavelmente, a maioria das crianças que apresentou problemas respiratórios
relacionados a aumentos das concentrações atmosféricas de PM10, O3 e NO2 pertence ao grupo
das mais sensíveis a estes agentes. É possível que em alguns casos tenha ocorrido
agravamento de patologias respiratórias pré-existentes de origem não relacionada com a
poluição ambiental ou que a poluição tenha aumentado as respostas a substâncias alergênicas
respiratórias.
Este estudo que inicialmente teria a duração de seis meses foi estendido para um ano.
Isto ocorreu pela constatação de que aquele período não permitiria que fossem observadas as
variações sazonais que ocorrem durante um ano nas fontes de poluição, nos níveis e
composição dos poluentes ambientais, nas variáveis meteorológicas e nas consultas médicas.
Entretanto, os trâmites burocráticos para a aprovação desta extensão determinaram um atraso
na evolução do estudo que, aliado à necessidade de validação de alguns resultados obtidos no
Hospital Lourenço Jorge ocasionou o adiamento da análise dos dados deste hospital.
A coleta de dados referente ao período outubro de 2002 a fevereiro de 2003 já está em
andamento e, após sua validação, será possível estimar o efeito combinado da poluição
102
atmosférica sobre o número de atendimentos pediátricos para as três unidades de saúde da
Região de Jacarepaguá.
Os resultados encontrados neste estudo são consistentes com aqueles de estudos
conduzidos em outras cidades do mundo utilizando metodologia semelhante. A maior
importância deste trabalho reside no seu pioneirismo e indica que mesmo com os níveis dos
poluentes atmosféricos atendendo os critérios de qualidade do ar se observa associação
positiva significativa entre as concentrações de PM10, O3 e NO2 e o número de atendimentos
médicos pediátricos por queixas respiratórias.
103
Subprojeto III Efeitos da Poluição do Ar Urbano na Função Respiratória de Crianças de
Escola da Rede Pública no Município do Rio de Janeiro
1 INTRODUÇÃO
Estudos de painel são realizados com frequência para estimar efeitos agudos da
poluição atmosférica em populações suscetíveis, e.g. crianças, crianças asmáticas, adultos
asmáticos, idosos, idosos com doenças coronarianas, etc. Na maioria das vezes estes estudos
são realizados de forma a aproveitar situações nas quais amostras destas populações
suscetíveis permanecem por períodos relativamente longos no mesmo local permitindo,
portanto, que tanto a exposição à poluição atmosférica quanto sintomas respiratórios ou
cardíacos, ou ainda indicadores da capacidade respiratória possam ser mais bem mensurados.
Em outros estudos a exposição à poluição atmosférica dos indivíduos dos grupos suscetíveis é
considerada como a típica, ou seja a que todos os indivíduos estão submetidos em uma dada
região. A seguir alguns artigos recentes sobre efeitos agudos da poluição atmosférica em
crianças e idosos, utilizando desenhos de estudo de painel são apresentados.
Just et al (2003) conduziram um estudo com 82 crianças diagnosticadas como
asmáticas durante um período de 3 meses, durante a primavera e o início do verão em Paris
(França). As respostas analisadas foram a incidência e prevalência de ataques de asma, tosse
noturna, capacidade respiratória medida pelo pico de fluxo bem como a sua variabilidade,
dentre outras. Material particulado (black smoke) e NO2 foram associados significativamente
com aumentos na ocorrência de tosse noturna e de infecções respiratórias, enquanto O3 foi
estatisticamente associado com a ocorrência de ataques de asma, de infecções respiratórias e
com flutuações na capacidade respiratória. Interações estatisticamente significativas foram
identificadas entre O3 e temperatura e entre O3 e pólens na ocorrência de ataques de asma. O3
também esteve associado com o uso de bronco-dilatadores e com a ocorrência de irritações
nos olhos, nariz e garganta em dias nos quais as crianças não fizeram uso de esteróides.
Mar et al (2004) apresentam os resultados de um estudo de painel de longa duração
com 9 crianças e 16 adultos, todos asmáticos, na cidade de Spokane no estado de Washington
(EUA). O objetivo do estudo foi estimar o efeito de material particulado de vários tamanhos
na ocorrência de sintomas respiratórios de indivíduos asmáticos. O número médio de dias com
sintomas registrados em adultos foi 522 ± 181 e em crianças 478 ± 17. Em crianças foram
encontrados efeitos altamente significativos de PM10 e PM2.5 e significativo de PM1.0 na
ocorrência de tosse, contudo nenhum efeito significativo foi obtido na amostra de adultos.
104
Delfino et al (2002) descrevem os resultados de um estudo de painel com 22 crianças
asmáticas de 9 a 19 anos, residentes em áreas rurais no sul da California, seguidas diariamente
de março a abril de 1996. A variável resposta analisada foi a ocorrência de episódios de asma,
obtidos através de diários mantidos pelas crianças. As associações obtidas foram mais fortes
em 12 crianças que não estavam sob medicação, em comparação com as 10 crianças que
estavam sob medicação. PM10 foi o poluente mais fortemente associado com a ocorrência de
episódios de asma.
Delfino et al (2003) em outro estudo de painel conduzido com 22 crianças asmáticas
de 10 a 16 anos de idade e residentes em uma área de tráfego intenso em Los Angeles,
California (EUA), investigaram associações de vários poluentes com indicadores da gravidade
de sintomas de asma e capacidade respiratória (pico de fluxo). As crianças foram seguidas por
um período de 3 meses, nos quais os sintomas foram anotados em diários e as medidas de
capacidade respiratória tomadas duas vezes por dia: uma de manhã e uma à noite. Foram
encontrados efeitos significativos de vários poluentes com a ocorrência de sintomas de asma,
contudo nenhuma associação significativa foi encontrada com a capacidade respiratória das
crianças.
Gent et al (2003) conduziram um estudo prospectivo com 271 crianças asmáticas de
até 12 anos, residentes no sul de New England (EUA). O tempo de seguimento foi de cerca de
seis meses. Os poluentes mensurados foram O3 e PM2.5 e as respostas analisadas foram
sintomas respiratórios e uso de medicação, ambas avaliadas diariamente. O3 foi associado
estatisticamente com sintomas respiratórios e uso de medicação, entretanto nenhum efeito
significativo de PM2.5 foi encontrado.
Mortimer et al (2002) investigaram o efeito da poluição atmosférica utilizando um
estudo coorte de 846 crianças asmáticas em oito áreas urbanas dos EUA. Similar a outros
estudos citados aqui as próprias crianças mediram sua capacidade respiratória utilizando um
aparelho de mensuração de pico de fluxo, após terem sido treinadas para usar o aparelho de
forma correta. Sintomas respiratórios e medidas de capacidade respiratória foram registrados
diariamente, uma vez pela manhã e uma vez antes de dormir. Nenhum poluente foi associado
com sintomas respiratórios noturnos ou com a capacidade respiratória na medida noturna, mas
O3 foi associado com a capacidade respiratória na medida diurna. Todos os poluentes (O3,
NO2, SO2 e PM10) foram associados significativamente com aumentos na incidência de
sintomas diurnos.
Pope et al (2004) relatam efeitos significativos dos níveis de material particulado
(PM2.5) nas flutuações de batimentos cardíacos e de marcadores sanguíneos de inflamações
105
em uma amostra de 88 idosos, residentes em três comunidades de Utah (EUA). Ao todo 250
mensurações foram realizadas, resultando em cerca de 2,85 medidas por indivíduo da amostra.
Os idosos tinham entre 54 e 89 anos, eram aposentados, não-fumantes e residiam com não-
fumantes. As principais fontes de material particulado nas três comunidades eram tráfego
intenso, refinarias de petróleo e a presença de uma siderúrgica. As três comunidades, de
densidades populacionais razoáveis, ficam situadas próximas a região montanhosa de
Wasatch, aonde ocorrem frequentes inversões térmicas no inverno, provocando elevações nos
níveis de material particulado. Devido ao tipo de resposta analisada, poucas observações por
indivíduo foram realizadas neste estudo.
Em um estudo multicêntrico de painel realizado com idosos diagnosticados com
doenças coronarianas, de Hartog et al (2003) relatam efeitos de partículas finas e ultrafinas em
sintomas respiratórios e cardíacos registrados em diários no inverno de 1998-99. O estudo foi
realizado em três cidades: Amsterdam (Holanda), Erfurt (Alemanha) e Helsinqui (Finlândia).
Os tamanhos de amostra foram respectivamente 37, 47 e 47.
A quantidade de estudos de painel encontrados na literatura recente e os tipos de
grupos considerados, demonstram que este desenho de estudo tem um grande potencial para
investigar associações entre a poluição do ar e a saúde em populações suscetíveis.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Investigar a associação entre exposição à poluição do ar e capacidade respiratória de
escolares de 7 a 12 anos de idade em uma escola da rede pública do Complexo de
Manguinhos, Rio de Janeiro.
2.2 Objetivos específicos
Monitorar diariamente os níveis de poluição ambiental na região geográfica do
Complexo de Manguinhos, Rio de Janeiro;
Medir a capacidade respiratória diária dos escolares;
Investigar a prevalência de sintomas respiratórios entre os escolares;
Analisar a associação entre níveis de poluentes e capacidade respiratória dos escolares,
controlando por variáveis individuais e condições meteorológicas e sazonais.
106
3 METODOLOGIA
3.1 Área geográfica de estudo
O estudo foi realizado no Complexo de Manguinhos, no município do Rio de Janeiro
(Figura 56). Antes mesmo do estudo ser realizado, podia-se antecipar que os níveis de
poluição do ar nesta área seriam bastante altos, certamente entre os mais altos do município.
Importantes fontes poluidoras podem ser identificadas nesta região, entre elas uma avenida de
intenso fluxo de veículos pesados (Av. Brasil), uma refinaria (de Manguinhos), uma estação
de transferência de lixo (do Caju), além de várias outras pequenas indústrias.
Figura 56 Destaque da região do Complexo da Manguinhos
3.2 Tipo de estudo
Este tipo de estudo é denominado estudo de painel. Sua principal característica é a
dimensão longitudinal, com medidas diárias da exposição aos poluentes e da função pulmonar
das crianças. A duração deste estudo foi de seis meses. As medidas de poluição são realizadas
diariamente e neste caso são comuns a todos as crianças, enquanto a variável resposta de
interesse é medida diariamente em todas as crianças, e evidentemente variam de criança para
criança.
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107
3.3 População de estudo
O estudo foi realizado em escolares com idade variando entre 7 e 15 anos, residentes a
uma distância de até 2 km do local do estudo. Uma amostra de 120 crianças foi selecionada
aleatoriamente em uma escola pública.
Para a participação da criança no estudo foi necessária a aprovação e consentimento
por escrito dos pais, bem como o consentimento dos professores com vistas a adequar o
projeto à orientação pedagógica da escola.
3.4 Coleta de dados
3.4.1 Coleta de informações das crianças
As informações foram obtidas através da aplicação de questionário; da realização de
exame de pico de fluxo e de teste espirométrico.
O questionário foi respondido pelos pais e continha informações sobre características
sócio-demográficas, sintomas respiratórios prévios, diagnóstico de asma e exposição ao fumo
na família.
O exame de pico de fluxo tem como finalidade avaliar o fluxo máximo expiratório que
representa o maior pico de fluxo encontrado após a expiração forçada e pode ser medido em
litros por segundo ou litros por minuto. As crianças se submeteram a esse exame diariamente
por 6 semanas consecutivas, no primeiro e no segundo semestre do mesmo ano e contaram
com o auxílio de um médico pneumologista e de um técnico em espirometria. A presença ou
ausência de sinais e/ou sintomas respiratórios possivelmente relacionados com a exposição
foram observados semanalmente pelo médico.
O teste espirométrico é uma prova de função pulmonar que tem como objetivo avaliar
fluxos e volumes pulmonares incluindo a curva fluxo-volume. A avaliação espirográfica foi
realizada a partir da determinação da Capacidade Vital Forçada (CVF), que representa o
volume máximo de ar exalado com esforço máximo, a partir do ponto de máxima inspiração.
O exame foi realizado quinzenalmente nas crianças com pessoal técnico treinado e
supervisionado por um médico pneumologista infantil, com orientações para encorajar a
criança a realizar o esforço máximo adequado para o exame.
Foram obtidas as medidas antropométricas das crianças (idade, altura e peso) para
compor a tabela de teóricos. Os valores absolutos foram comparados com os valores teóricos
de “polgar” e as definições de cada parâmetro foram determinadas pelas normas da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 1996).
108
3.4.1.1 Instrumentos utilizados
Questionário sobre sintomas respiratórios
Aparelho de pico de fluxo: O aparelho é portátil e mede o fluxo de ar dos pulmões, após
uma inspiração máxima seguida da saída rápida do ar. O aparelho pode determinar a
severidade e a presença de obstrução ao fluxo aéreo, possibilitando uma avaliação rápida
do padrão obstrutivo ou de redução de fluxos expiratórios. Freqüentemente é utilizado no
monitoramento de pessoas portadoras de obstrução brônquica para acompanhamento de
tratamento. O aparelho tem sido utilizado também com a finalidade de acompanhar o
impacto de poluentes no aparelho respiratório, principalmente na população mais sensível,
como crianças e idosos. As principais vantagens para o uso do aparelho de pico de fluxo
são as medidas diárias de baixo custo com a possibilidade de detectar alterações diurnas
que não são detectadas no momento da espirometria. Além disso, pode ainda identificar
exacerbações de doenças de vias aéreas relacionados aos fatores ambientais.
Espirômetro - aparelho portátil do tipo pneumotacógrafo de Fleisch, marca KOKO,
encontra-se de acordo com a normas aceitas internacionalmente pela American Toracic
Society (ATS, 1990). O espirômetro permanece conectado a um microcomputador durante
o exame e traça as curvas de função pulmonar em tempo real. O aparelho é preparado para
verificar a reprodutibilidade do traçado e a aceitabilidade de acordo com as normas da
ATS. O aparelho foi calibrado diariamente, antes de proceder ao exame, com uma seringa
de 3 litros. Foram aceitas as curvas que permaneceram dentro dos limites de 3,5% ou
0,100 l, ou o que for maior, para CVF ou VEF1 e para fluxo (FEF25-75) de 5,5% ou 0,250
l/s, ou o que for maior.
3.4.2 Coleta de informações dos poluentes e condições meteorológicas
As informações sobre a qualidade do ar foram obtidas da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, através de uma unidade móvel de monitoramento dos poluentes localizada no local
do estudo.
Foram obtidos dados diários dos poluentes PM10, SO2, O3, NO2 e CO que foram
usados como indicadores da exposição das crianças à poluição atmosférica.
Informações meteorológicas foram obtidas na Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(SMAC) através da unidade móvel e no Ministério da Aeronáutica através de medidores
localizados no Aeroporto do Galeão. Foram utilizadas as temperaturas mínima, média e
máxima e a umidade relativa do ar.
109
3.5 Análise estatística
Este estudo possui a estrutura de um estudo de painel ou de medidas repetidas, no qual
para cada criança associa-se uma série temporal de cerca de 120 observações de função
pulmonar.
A abordagem de análise estatística utilizada consistiu em explorar a hierarquia natural
dos dados, i.e. medidas de função pulmonar encaixadas (aninhadas) em crianças. Um modelo
multinível gaussiano pode ser ajustado para os dados de função pulmonar, considerando como
unidades de primeiro nível os dias de avaliação pulmonar nas crianças, e como unidades de
segundo nível as próprias crianças. A variável de exposição à poluição atmosférica e os
fatores meteorológicos são designados às unidades de primeiro nível, enquanto características
individuais das crianças são consideradas como variáveis de segundo nível.
A trajetória temporal média das funções pulmonares foi ajustada por meio de uma
curva polinomial do terceiro grau (spline paramétrica), admitindo que cada criança tenha sua
própria trajetória individual ajustada (efeitos aleatórios nos parâmetros da curva polinomial).
Esta estratégia é usada para que a modelagem dos níveis observados das funções pulmonares
das crianças leve em conta o crescimento das crianças durante o período do estudo, bem como
o aprendizado no uso do aparelho de aferição.
É razoável assumir que tanto a exposição à poluição quanto às condições
meteorológicas possam ter efeitos defasados nas trajetórias da capacidade respiratória.
Portanto, vários indicadores foram criados a partir de defasagens simples e índices
cumulativos (médias móveis) do mesmo dia e dias anteriores dos poluentes e fatores
meteorológicos. Parte da análise foi dedicada à determinação dos indicadores dos fatores
meteorológicos, dentre os vários disponíveis, que melhor se ajustassem aos dados. Métodos
gráficos e testes formais de associação entre as flutuações diárias na capacidade respiratória
das crianças e as dos vários indicadores foram os procedimentos usados para selecionar os
indicadores.
O padrão observado de dose-resposta entre cada indicador escolhido no passo anterior
para os fatores meteorológicos e a capacidade respiratória foi ajustado de forma similar à
descrita acima para a trajetória temporal (paramétrica), mais uma vez admitindo, se
necessário, que as crianças possam ter suas próprias curvas de dose-resposta ajustadas (efeitos
aleatórios).
Nesta abordagem, a ausência de observações em determinados dias (eventual ausência
da criança na escola) não compromete o processo de estimação dos parâmetros do modelo.
Evidentemente, devido à natureza temporal dos dados, padrões de auto-correlação devem ser
110
ajustados adequadamente. Novamente existem diferentes procedimentos para estimar o padrão
de auto-correlação bem como para diagnosticar os modelos ajustados quanto à presença de
auto-correlação dos resíduos. Alguns destes procedimentos foram aplicados a fim de garantir a
correta identificação e modelagem da auto-correlação.
O modelo estimado a partir da realização das etapas descritas acima, chamado de
modelo básico foi diagnosticado com respeito à presença de outliers, normalidade, correta
especificação, etc e sendo considerado adequado foi utilizado nas etapas seguintes de
estimação dos efeitos de interesse.
Os efeitos dos poluentes nos níveis de capacidade respiratória foram estimados tanto
em média quanto para cada indivíduo (efeitos aleatórios). Posteriormente, a significância
estatística de interações entre os efeitos dos poluentes com as características do indivíduo,
e.g., presença de asma e idade foi investigada.
4 RESULTADOS
4.1 Análise descritiva
4.1.1 Características dos escolares
Os escolares incluídos neste estudo tinham idade entre 6 e 15 anos, em média mediam
1,36 m de altura e pesavam 32 kg. Metade dos escolares eram meninas. Das 118 crianças
incluídas no estudo, 18,4% eram asmáticas e 49% conviviam em casa com fumantes. Essas
informações podem ser observadas na Tabela 65.
Tabela 65 Distribuição das características dos escolares (Manguinhos – Rio de Janeiro), 2002
n %nd dp mín p50 máx Sexo feminino 118 50,00 Asmáticos 114 18,42 Domicílios com fumantes 114 49,12 Idade 118 9,14 1,84 6,0 9,0 15,0 Altura (cm) 118 136,31 12,13 115,0 134,5 166,0 Peso (kg) 118 32,34 10,69 18,0 28,5 69,0 n = no de observações; %nd = percentual de dados faltando; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
111
4.1.2 A capacidade respiratória dos escolares
O pico de fluxo expiratório médio foi 243,5 l/m. A menor média do pico de fluxo
expiratório foi 124 l/m e a maior 450 l/m. Em média, os escolares tiveram a capacidade
respiratória medida em 78 dias, variando de 9 a 122 dias com medidas (Tabela 66). A
trajetória diária dessas medidas variou de criança para criança, como pode ser observado na
Figura 57, onde cada gráfico contém as medidas diárias de uma amostra de 20 crianças
durante o período que elas participaram do estudo.
Tabela 66 Distribuição da capacidade respiratória dos escolares (Manguinhos – Rio de Janeiro), 2002
n %nd dp mín p50 máx Pico de fluxo expiratório (peak flow) 118 243,54 58,86 124,3 238,7 450,2 Número de dias com medidas de peak flow 118 78,15 22,43 9,0 82,5 122,0
100
1502
0025
030
010
015
020
025
0300
100
1502
0025
030
010
015
020
025
0300
0 50 100 150 200 0 50 100 150 200 0 50 100 150 200 0 50 100 150 200 0 50 100 150 200
40 41 42 43 44
45 46 47 48 49
50 51 52 53 54
55 56 57 58 59
flow
max
1
tempoGraphs by id
Figura 57 Distribuição das medidas diárias de pico de fluxo para uma amostra de 20 crianças para o período de 22/abril a 29/nov de 2002.
4.1.3 Os níveis de poluição do ar em Manguinhos
As médias diárias dos níveis de poluição em Manguinhos durante o período de estudo
ultrapassaram os limites máximos estabelecidos pelo CONAMA (linha horizontal nos
gráficos) para os poluentes PM10 e O3 e não ultrapassaram para CO, NO2 e SO2 , como pode
112
ser observado na Tabela 67 e na Figura 58. Os dados dos poluentes estavam faltando em
alguns dias, principalmente para SO2. Para PM10 a média no período foi igual a 84 µg/m³ e a
maior concentração média em um dia foi 199 µg/m³. O CO variou de 0,1 a 3 ppm, enquanto o
NO2 variou de 35 a 216 µg/m³.
Tabela 67 Distribuição dos poluentes (Manguinhos – Rio de Janeiro), 2002
n %nd média dp min p10 p25 p50 p75 p90 max PM10 (µg/m³) 210 2,33 84,68 29,47 41,0 53,0 62,0 78,5 103,0 123,1 199,0 CO (ppm) 186 13,49 0,97 0,63 0,1 0,3 0,5 0,8 1,4 1,8 3,0 SO2 (µg/m³) 104 51,63 18,59 17,89 0,0 5,0 7,0 13,5 22,0 40,7 96,0 O3 (µg/m³) 187 13,02 81,08 37,67 12,0 35,6 53,6 79,4 106,1 129,3 192,0 NO2 (µg/m³) 171 20,47 92,50 35,30 35,0 58,0 67,0 86,0 104,5 140,0 216,0 n = no de observações; %nd = percentual de dados faltando; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
050
100
150
200
PM
10
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
0.5
1.5
2.5
CO
29/04/02 29/05/02 29/06/02 29/07/02 29/08/02 29/09/02
020
4060
80S
O2
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
050
100
150
O3
29/04/02 29/06/02 29/08/02 29/10/02
010
020
030
0N
O2
Figura 58 Distribuição da poluição por PM10, CO, SO2, O3 e NO2 no período do estudo
113
4.1.4 Variáveis meteorológicas
As médias diárias das variáveis meteorológicas em Manguinhos durante o período de
estudo são apresentadas na Tabela 68 e na Figura 59. Não houveram dias sem medidas destes
fatores meteorológicos. A temperatura média no período foi 26 ºC e a umidade relativa do ar
variou de 50% a 96%.
Tabela 68 Distribuição das variáveis meteorológicas
n % nd média dp min p10 p25 p50 p75 p90 maxTemperatura mínima (ºC) 215 0,00 21,68 2,39 14,4 18,7 20,1 21,6 23,2 25,1 27,1Temperatura média (ºC) 215 0,00 25,96 3,11 19,5 21,7 23,8 25,9 27,6 30,1 33,6Temperatura máxima (ºC) 215 0,00 31,59 4,65 21,4 25,0 28,5 31,6 34,5 37,8 43,0Umidade relativa (%) 215 0,00 73,57 9,18 50,0 61,0 67,5 74,0 80,0 84,0 96,0n = no de observações; %nd = percentual de dados faltando; dp = desvio padrão; min. = valor mínimo; máx. = valor máximo
0
20
40
60
80
100
120
22apr2002
28apr2002
04may2002
10may2002
16may2
002
22may2
002
28may2002
03 /jun/0
2
09 /jun/0
2
15 /jun/0
2
21/jun/02
27/jun/0
2
03 /jul/0
2
09/jul /0
2
15 /jul/0
2
21/jul/0
2
27 /jul/0
2
02aug2002
08aug2002
14aug2002
20aug2002
26aug2002
01sep2002
07sep2002
13sep2002
19sep2002
25sep2002
01oct2002
07oct2002
13oct2002
19oct2002
25oct2002
31oct2002
06 /nov /02
12/nov/0
2
18/nov/0
2
24/nov/02
Data
Figura 59 Distribuição das temperaturas mínima, média e máxima e da umidade relativa (de baixo para cima) no período do estudo.
4.1.5 Efeitos da poluição na função pulmonar de escolares
A trajetória da capacidade pulmonar dos escolares medida pelo pico de fluxo
expiratório pode ser observada na Figura 60 para uma criança (triângulos maiores). Nesta
figura, as medidas de cada dia de todas as crianças estão representadas pelos triângulos
menores e pode-se observar que variaram de 70 a 510.
114
Na Figura 61 as trajetórias do pico de fluxo expiratório estimadas por um modelo
contendo apenas os termos correspondentes ao crescimento ao longo do tempo de cada escolar
estão representadas em linhas finas. A trajetória média do pico de fluxo expiratório dos
escolares está representada com uma linha mais grossa. Pode-se observar uma tendência de
aumento da capacidade respiratória com o tempo, como seria esperado. As crianças estão em
época de crescimento, e assim, com o aumento dos pulmões, aumenta o volume de ar
inspirado e expirado.
Figura 60 Função pulmonar individual (pico de fluxo) ao longo do tempo para o período de 22/abril a 29/nov de 2002
Medidas de função pulmonar Medidas de função pulmonar de um
115
Figura 61 Função pulmonar individual (pico de fluxo) estimada ao longo do tempo para o período de 22/abril a 29/nov de 2002
O efeito da poluição nas variações diárias da trajetória do pico expiratório de fluxo dos
escolares foi estimado após controlar por fatores que estão associados tanto à capacidade
respiratória dos escolares como aos níveis de poluição. Estes fatores compuseram o modelo
básico da análise, que incluiu a tendência temporal, a temperatura e umidade relativa do ar e
as seguintes características dos escolares: idade, altura, fumo na família e asma. Após
determinar o modelo básico, o efeito da poluição do ar na capacidade respiratória pode ser
estimado e cada poluente e cada uma de defasagens foram incorporados ao modelo básico, um
de cada vez.
Trajetória individual (tempo) Trajetória média (tempo)
116
Tabela 69 Decréscimos estimados no pico expiratório de fluxo de crianças (em l/min) para aumentos de 10 unidades dos poluentes (exceto CO: 1 unidade) e para aumentos correspondentes à diferença entre o dia menos poluído dos 10% mais poluídos (90º percentil da distribuição do poluente no período do estudo) e o dia mais poluído dos 10% menos poluídos (10º percentil da distribuição do poluente no período do estudo) – Manguinhos, abr/2002 a nov/2002.
coef coef(10-90) valor-pPM10 (µg/m³)defasagem de 1 dia -0,11 -0,319; 0,106 -0,74 -2,234; 0,745 0,327defasagem de 2 dias -0,32 -0,526; - 0,120 -2,26 -3,685; - 0,838 0,002defasagem de 3 dias -0,35 -0,555; - 0,136 -2,42 -3,889; - 0,954 0,001média de 2 dias -0,34 -0,605; - 0,078 -2,40 -4,242; - 0,549 0,011média de 3 dias -0,52 -0,824; - 0,211 -3,63 -5,776; - 1,478 0,001CO (ppm)defasagem de 1 dia -0,37 -1,316; 0,585 -0,58 -2,085; 0,927 0,451defasagem de 2 dias -0,82 -1,702; 0,070 -1,29 -2,698; 0,110 0,071defasagem de 3 dias -0,48 -1,483; 0,515 -0,77 -2,351; 0,816 0,342média de 2 dias -0,65 -1,838; 0,545 -1,02 -2,913; 0,863 0,287média de 3 dias -0,87 -2,383; 0,640 -1,38 -3,777; 1,015 0,259SO2 (µg/m³)defasagem de 1 dia -0,28 -0,942; 0,380 -1,00 -3,362; 1,355 0,404defasagem de 2 dias -0,38 -0,986; 0,235 -1,34 -3,519; 0,841 0,229defasagem de 3 dias 0,13 -0,427; 0,688 0,47 -1,523; 2,456 0,646média de 2 dias -0,69 -1,439; 0,066 -2,45 -5,138; 0,236 0,074média de 3 dias -0,56 -1,293; 0,175 -2,00 -4,616; 0,625 0,136O3 (µg/m³)defasagem de 1 dia 0,21 0,016; 0,395 1,92 0,145; 3,695 0,034defasagem de 2 dias -0,11 -0,273; 0,049 -1,05 -2,554; 0,460 0,173defasagem de 3 dias -0,16 -0,330; 0,006 -1,51 -3,088; 0,059 0,059média de 2 dias 0,02 -0,186; 0,233 0,22 -1,738; 2,183 0,824média de 3 dias -0,08 -0,314; 0,159 -0,73 -2,941; 1,487 0,520NO2 (µg/m³)defasagem de 1 dia 0,01 -0,153; 0,165 0,05 -1,251; 1,353 0,939defasagem de 2 dias -0,28 -0,447; - 0,118 -2,31 -3,663; - 0,966 0,001defasagem de 3 dias -0,23 -0,400; - 0,065 -1,91 -3,282; - 0,531 0,007média de 2 dias -0,16 -0,357; 0,037 -1,31 -2,926; 0,305 0,112média de 3 dias -0,22 -0,444; 0,001 -1,82 -3,641; 0,007 0,051
IC(95%) IC(95%)
A Tabela 69 apresenta os efeitos de cada poluente na capacidade respiratória. Os
efeitos de um aumento de 10 unidades do poluente em µg/m³ (exceto para o CO, onde o
aumento considerado foi de 1 ppm) e seus respectivos intervalos de 95% de confiança são
apresentados nas primeiras três colunas. Por exemplo, pode-se observar que os níveis de PM10
de um a três dias antes (lags 1 a 3) bem como as médias móveis de dois e três dias antes
estavam associados a decréscimos na capacidade respiratória dos escolares. As três colunas
seguintes apresentam os efeitos dos poluentes quando se compara o dia menos poluído dos
10% mais poluídos (90º percentil da distribuição de PM10) e o dia mais poluído dos 10%
menos poluídos (10º percentil da distribuição de PM10) e seus respectivos intervalos de 95%
de confiança. A última coluna apresenta a significância estatística de cada efeito estimado.
Valores menores que 0,05 são considerados estatisticamente significantes.
117
4.1.6 O efeito do PM10 na capacidade respiratória dos escolares
O PM10 estava associado a diminuição da capacidade respiratória dos escolares.
Aumentos de 10 µg/m³ de PM10 em um determinado dia provocou diminuição na capacidade
respiratória dos escolares, variando de 0,32 l/min a 0,52 l/min dependendo do número de dias
de defasagem que se considera. Por exemplo, um aumento de 10 µg/m³ de PM10 provoca uma
diminuição de 0,34 l/min na média da função respiratória das crianças, três dias depois. Este e
outros resultados relativos a PM10 estão representados graficamente na Figura 62.
Em relação ao aumento relativo nos níveis de PM10, observa-se que um acréscimo nos
níveis locais de PM10 correspondente à diferença entre o grupo de 10% dos dias mais poluídos
(90º percentil da distribuição de PM10) e o grupo de 10% dos dias menos poluídos (10º
percentil da distribuição de PM10) está associado a um decréscimo de 2,42 l/min na média do
pico expiratório de fluxo. Este valor representa cerca de 1% de decréscimo na média da
função respiratória das crianças, em um dado instante.
-1.00
-0.80
-0.60
-0.40
-0.20
0.00
0.20
lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3
PM10
Figura 62 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para PM10.
4.1.7 O efeito de CO, SO2 e O3 na capacidade respiratória dos escolares
Os efeitos do CO e do SO2 na capacidade respiratória dos escolares não foram
estatisticamente significativos, de acordo com o nível de significância utilizado neste estudo.
Entretanto, os efeitos de dois dias de CO e da média móvel de dois dias de SO2 foram
marginalmente significativos (significativos ao nível de significância de 10%). Vale notar
também que há uma tendência de diminuição na capacidade respiratória dos escolares quando
os níveis de CO e SO2 aumentam. Os efeitos relativos a SO2 devem ser interpretados com
cautela devido a grande quantidade de dados faltando para este poluente no período do estudo.
118
A Figura 63 a Figura 64 mostram os padrões dos efeitos de CO e SO2 nos níveis de
capacidade respiratória das crianças.
-3.00
-2.50
-2.00
-1.50
-1.00
-0.50
0.00
0.50
1.00
lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3
CO
Figura 63 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para CO
-2.00
-1.50
-1.00
-0.50
0.00
0.50
1.00
lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3
SO2
Figura 64 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para SO2
O O3 apresentou um resultado protetor significativo, ou seja um aumento de 10 µg/m³
de O3 estaria associado a um aumento de 0,2 l/min na média da função respiratória das
crianças, um dia depois. Por outro lado, considerando o indicador de três dias de defasagem,
O3 é marginalmente significativo na direção que seria esperada, i.e. diminuição da capacidade
respiratória média das crianças. Análises mais detalhadas serão realizadas oportunamente para
119
tentar justificar estes resultados conflitantes de O3. Os efeitos de O3 podem ser examinados na
Figura 65.
-0.40
-0.30
-0.20
-0.10
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3
O3
Figura 65 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para O3
4.1.8 O efeito do NO2 na capacidade respiratória dos escolares
O NO2 estava significativamente associado a diminuição da capacidade respiratória
dos escolares. Aumentos de 10 µg/m³ de NO2 em um determinado dia provocou diminuição
na capacidade respiratória média dos escolares de 0,23 l/min a 0,28 l/min, dois e três dias
depois, respectivamente. Pode-se observar também que um acréscimo nos níveis locais de
NO2 correspondente à diferença entre o dia menos poluído dos 10% mais poluídos (90º
percentil da distribuição de NO2) e o dia mais poluído dos 10% menos poluídos (10º percentil
da distribuição de NO2) provocou um decréscimo de 3,66 l/min na média do pico expiratório
de fluxo. Este valor representa cerca de 1,5% de decréscimo na média da função respiratória
dos escolares. Finalmente o efeito cumulativo de três dias de NO2 foi marginalmente
significativo. Neste caso, a média do pico expiratório de fluxo das crianças diminuiria cerca
de 0,22 l/min para um acréscimo de 10 µg/m³ nos níveis da média móvel de três dias de NO2.
Os efeitos de NO2 podem ser examinados na Figura 66.
120
-0.50
-0.40
-0.30
-0.20
-0.10
0.00
0.10
0.20
lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3
NO2
Figura 66 Gráficos de efeitos e respectivos IC’s para NO2
5 CONCLUSÕES
Neste estudo, uma amostra aleatória de 118 escolares moradores de Manguinhos,
bairro do município do Rio de Janeiro de classe social baixa e localizado em uma área cuja
exposição a fontes de poluição do ar é notória, foi acompanhada por seis meses. A capacidade
respiratória das crianças e adolescentes foi medida diariamente através do exame de pico de
fluxo e quinzenalmente através do teste espirométrico. Os níveis atmosféricos dos poluentes
PM10, SO2, O3, NO2 e CO foram monitorados diariamente através de uma unidade móvel da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) localizada próxima a escola e as residências
dos escolares. O objetivo deste estudo foi avaliar se alterações na capacidade respiratória dos
escolares estavam associadas a alterações nos níveis locais de poluição atmosférica.
Este tipo de estudo é denominado na literatura de epidemiologia ambiental como
estudo de painel, no qual uma amostra de indivíduos é acompanhada ao longo do tempo, de
forma que medidas repetidas de um ou mais desfechos de saúde possam ser tomadas em cada
indivíduo e posteriormente associadas a determinadas exposições potencialmente de risco,
também medidas ao longo do tempo. Vários modelos estatísticos podem ser usados na análise
de medidas repetidas do tipo que se obteve aqui.
Optou-se neste estudo pelo uso de um modelo multinível com dois níveis de
hierarquia. No primeiro nível estão as medidas repetidas no tempo de cada escolar (desfecho),
de exposição (poluição do ar) e de confusão (tempo e indicadores meteorológicos). O
crescimento experimentado por uma criança no período do estudo obviamente afeta sua
121
capacidade respiratória, porém devido a idade e fatores genéticos é razoável supor que cada
criança teve sua própria curva de crescimento. Portanto, o padrão de crescimento foi
modelado especificamente para cada criança, utilizando modelos de efeitos aleatórios na
trajetória temporal da capacidade respiratória. No segundo nível da hierarquia estão as
características dos escolares que podem explicar ou alterar a associação entre desfecho e
exposição, por exemplo idade, altura, peso, presença de doença respiratória como asma, fumo
passivo, etc.
Como o interesse do estudo é avaliar o efeito da poluição do ar na capacidade
respiratória, os fatores que podem influenciar na relação entre este desfecho de saúde e
poluição do ar como temperatura e umidade do ambiente e características dos escolares como
idade, altura, sexo e ser asmático precisam ser controlados e portanto foram incluídos na
análise. Os resultados da inclusão desses fatores foram avaliados estatisticamente através de
técnicas de diagnósticos de modelos e considerados satisfatórios. Este passo da modelagem
estatística foi repetido tantas vezes quanto necessário até que um modelo básico adequado
fosse obtido, desta forma garantindo que os resultados relativos as medidas de associação
fôssem confiáveis.
Alguns resultados de associação foram significativos. Um aumento de 10 µg/m³ de
PM10 provocou uma diminuição de 0,34 l/min na média da função respiratória das crianças
três dias depois. Aumentos de 10 µg/m³ de NO2 em um determinado dia provocou diminuição
na capacidade respiratória dos escolares que variou de 0,23 l/min a 0,28 l/min de dois a três
dias depois. Houve uma tendência de decréscimo da função pulmonar quando os níveis de
CO, SO2, O3 aumentaram. Entretanto, esses efeitos não foram estatisticamente significativos.
A análise dos dados deste estudo demonstrou que a poluição atmosférica, e principalmente os
poluentes PM10 e NO2, provocaram uma diminuição na capacidade respiratória dos escolares.
Ward e Ayres (2004) realizaram uma revisão sistemática de estudos de painel em
crianças para investigar efeitos de curto prazo da poluição atmosférica. Considerando como
critérios de inclusão a data de publicação até junho de 2002, períodos de seguimento diário de
pelo menos 8 semanas e uso de métodos de regressão apropriados, ao todo 13 estudos
associando flutuações de PM10 com os níveis de fluxo de pico em crianças, na maioria dos
estudos com idades entre 6 e 11 anos, foram identificados.
Os autores concluiram que, para um aumento de um 1 µg/m³ nos níveis de PM10 e
segundo um modelo clássico de meta-análise o efeito médio nos níveis de pico de fluxo das
crianças foi igual a −0,012 l/min (IC 95% −0,017; −0,008). Entretanto, considerando um
modelo de coeficientes aleatórios, o efeito médio foi de −0,033 l/min (IC 95% −0,047;
122
−0,019). No presente estudo o efeito obtido foi de −0,034 l/min (IC 95% −0,053; −0,012) para
o mesmo aumento de de PM10 e uma defasagem de dois dias.
123
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ANEXO A: Estatísticas descritivas e gráficos dos poluentes atmosféricos
Tabela 70 Estatísticas descritivas das concentrações de PM10 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003 n Mínimo P5 P10 Q1 Md Q3 P90 P95 Máximo
Carioca2000 120 74,49 (20,03) 25,00 46,65 53,00 62,75 72,00 85,25 100,00 108,05 136,002001 308 86,08 (22,32) 44,00 59,00 64,00 70,75 81,00 97,00 118,00 127,00 184,002002 236 82,49 (22,05) 41,00 53,75 57,00 68,00 78,00 95,00 111,50 120,00 187,002003 239 66,03 (17,68) 34,00 43,00 45,80 53,50 63,00 74,50 93,20 101,00 124,00
Saens Peña2000 121 55,87 (19,65) 21,00 31,00 36,00 44,00 51,00 64,00 81,00 94,00 131,002001 279 60,47 (16,55) 27,00 38,00 41,80 48,00 58,00 72,00 83,00 89,00 138,002002 334 58,40 (16,04) 23,00 39,00 41,00 47,00 56,00 67,00 79,00 90,00 136,002003 235 53,89 (15,25) 24,00 35,00 38,00 42,00 50,00 62,00 75,60 84,20 103,00
São Cristóvão2000 122 52,88 (20,90) 16,00 27,00 28,10 39,25 48,50 64,75 78,80 93,80 131,002001 283 61,19 (23,81) 20,00 31,10 36,20 44,50 57,00 74,00 92,80 107,90 161,002002 349 74,28 (29,09) 22,00 38,00 42,00 53,00 69,00 91,00 110,00 125,00 193,002003 225 65,62 (27,01) 18,00 34,20 38,00 44,00 58,00 83,00 102,60 114,80 166,00
Cardeal Arcoverde2000 116 52,26 (19,51) 16,00 24,00 30,50 37,00 50,00 65,00 77,00 85,00 115,002001 321 54,92 (20,82) 17,00 28,00 31,00 40,00 51,00 68,00 85,00 93,00 131,002002 321 55,79 (23,77) 13,00 19,00 28,00 41,00 53,00 71,00 85,00 99,00 174,002003 240 49,09 (18,45) 20,00 26,00 29,90 34,75 45,00 60,00 75,20 84,05 108,00
Jacarepaguá2000 95 38,18 (11,78) 11,08 21,35 22,96 28,98 38,46 46,06 52,91 56,41 74,502001 283 36,73 (12,32) 0,25 18,79 22,02 27,88 36,38 45,44 52,07 55,43 81,462002 319 36,01 (12,28) 11,22 19,56 22,02 26,56 34,58 43,31 51,48 57,90 79,042003 202 34,73 (13,11) 12,61 18,01 20,00 25,40 31,87 42,90 53,13 59,87 79,67
Pres. Vargas2000 62 34,89 (18,46) 0,67 1,23 5,77 25,24 35,31 47,35 58,35 60,59 71,422001 261 52,38 (20,93) 12,08 26,17 29,96 37,71 49,21 61,54 76,63 91,50 149,002002 295 52,43 (22,46) 1,88 23,34 26,88 35,96 48,95 64,40 83,10 93,65 128,632003 170 41,60 (23,31) 0,36 15,66 19,45 25,68 38,16 48,73 66,87 86,19 140,50
Média (dp)
Tabela 71 Estatísticas descritivas das concentrações de SO2 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003 n Mínimo P5 P10 Q1 Md Q3 P90 P95 Máximo
Carioca2000 120 8,63 (5,83) 0,00 1,00 1,08 4,27 7,92 11,37 16,05 19,50 31,002001 303 14,87 (11,02) 0,00 2,00 4,00 8,00 12,00 20,00 27,00 36,00 86,002002 361 9,32 (6,96) 0,00 1,00 2,00 4,00 8,00 14,00 19,00 22,00 38,002003 192 9,81 (7,75) 0,00 1,00 2,00 4,00 9,00 14,00 19,00 23,00 52,00
Saens Peña2000 119 7,61 (4,99) 0,00 1,00 2,00 4,12 7,00 9,00 16,00 18,20 22,002001 353 10,82 (6,51) 1,00 3,00 4,00 6,00 9,00 14,00 20,00 24,00 33,002002 349 12,06 (12,87) 0,00 2,00 3,00 6,00 9,00 14,00 20,20 27,60 151,002003 243 16,21 (19,96) 0,00 3,00 4,00 6,00 9,00 15,00 41,00 70,70 97,00
São Cristóvão2000 56 14,23 (31,43) 0,00 1,17 2,08 4,19 8,01 12,09 17,53 20,63 189,522001 355 12,02 (8,66) 0,00 2,00 3,00 6,00 9,54 17,00 25,00 29,51 42,002002 354 10,78 (6,84) 1,00 2,00 3,30 6,00 9,00 14,00 21,00 24,00 45,002003 231 10,75 (7,63) 0,00 1,00 2,00 5,00 9,00 14,50 22,00 25,00 39,00
Cardeal Arcoverde2000 81 15,14 (15,09) 0,00 2,08 3,11 5,37 10,40 21,00 33,00 37,30 85,002001 324 11,85 (7,89) 0,00 3,00 4,58 6,00 10,00 15,00 22,00 26,41 71,002002 216 9,92 (6,72) 0,00 0,00 2,00 5,00 9,00 14,00 19,50 22,00 33,002003 240 12,01 (6,92) 1,00 3,00 4,00 6,75 11,00 17,00 22,00 26,00 32,00
Jacarepaguá2000 3 8,92 (6,51) 1,41 2,51 3,60 6,89 12,38 12,68 12,86 12,92 12,982001 161 7,33 (6,64) 0,00 0,12 0,87 2,37 6,37 10,10 14,51 16,93 38,352002 265 6,58 (4,05) 0,00 0,66 1,79 3,90 6,62 8,36 11,03 13,23 29,952003 195 7,08 (3,83) 0,09 0,82 1,98 3,98 7,33 9,92 12,14 13,14 17,75
Pres. Vargas2000 1 8,43 ND 8,43 8,43 8,43 8,43 8,43 8,43 8,43 8,43 8,432001 262 15,28 (11,89) 0,00 0,43 1,54 5,50 13,42 22,10 32,27 36,53 53,512002 306 20,09 (14,79) 0,34 3,54 4,50 9,79 16,87 27,94 37,19 47,06 107,322003 171 41,25 (36,92) 0,00 0,41 2,07 11,45 36,17 56,38 98,37 118,93 170,17
Média (dp)
129
Tabela 72 Estatísticas descritivas das concentrações de CO no Rio de Janeiro, 2000 a 2003 n Mínimo P5 P10 Q1 Md Q3 P90 P95 Máximo
Carioca2000 122 0,79 (0,53) 0,01 0,07 0,14 0,36 0,70 1,18 1,53 1,72 2,152001 353 0,88 (0,64) 0,05 0,13 0,18 0,41 0,77 1,18 1,62 1,89 5,252002 353 0,97 (0,54) 0,08 0,23 0,33 0,56 0,91 1,29 1,67 2,05 2,902003 233 0,83 (0,55) 0,05 0,13 0,19 0,44 0,73 1,13 1,50 2,06 2,76
Saens Peña2000 119 0,91 (0,47) 0,21 0,34 0,42 0,57 0,82 1,15 1,56 1,73 2,682001 338 0,91 (0,50) 0,08 0,25 0,33 0,53 0,82 1,23 1,64 1,84 2,562002 363 0,95 (0,44) 0,14 0,34 0,41 0,64 0,90 1,18 1,49 1,77 2,762003 229 0,65 (0,39) 0,04 0,19 0,26 0,40 0,53 0,86 1,17 1,40 2,01
São Cristóvão2000 114 0,59 (0,46) 0,06 0,14 0,17 0,27 0,44 0,77 1,17 1,46 2,702001 363 0,81 (0,84) 0,04 0,12 0,17 0,29 0,54 0,95 1,78 2,55 4,532002 347 0,90 (0,71) 0,09 0,18 0,24 0,41 0,68 1,17 1,82 2,49 3,742003 230 0,97 (0,83) 0,11 0,19 0,26 0,36 0,72 1,27 2,21 2,89 3,75
Cardeal Arcoverde2000 122 0,93 (0,47) 0,25 0,29 0,37 0,55 0,88 1,14 1,62 1,92 2,302001 332 0,95 (0,51) 0,13 0,26 0,35 0,55 0,90 1,26 1,66 1,93 2,442002 126 0,85 (0,40) 0,16 0,31 0,36 0,54 0,81 1,11 1,33 1,47 2,682003 238 0,86 (0,40) 0,18 0,32 0,42 0,54 0,78 1,12 1,42 1,61 2,18
Jacarepaguá2000 95 2,36 (0,68) 0,71 1,09 1,53 1,93 2,44 2,74 3,26 3,49 3,882001 283 2,02 (0,61) 0,60 1,13 1,30 1,60 1,96 2,44 2,83 3,05 3,792002 318 1,43 (0,36) 0,35 0,81 0,99 1,19 1,44 1,66 1,88 2,02 2,732003 204 1,44 (0,41) 0,34 0,79 0,94 1,17 1,43 1,74 1,94 2,11 2,65
Pres. Vargas2000 53 1,85 (1,37) 0,29 0,52 0,58 1,03 1,45 2,33 3,96 5,14 5,942001 261 1,89 (0,90) 0,21 0,70 0,90 1,23 1,74 2,35 3,24 3,58 4,892002 143 1,64 (0,70) 0,25 0,68 0,80 1,14 1,61 2,07 2,60 2,88 3,582003 180 1,35 (0,55) 0,24 0,56 0,64 0,96 1,31 1,69 2,07 2,28 3,06
Média (dp)
Tabela 73 Estatísticas descritivas das concentrações de NO2 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003 n Mínimo P5 P10 Q1 Md Q3 P90 P95 Máximo
Jacarepaguá2000 1 9,05 ND 9,05 9,05 9,05 9,05 9,05 9,05 9,05 9,05 9,052001 152 65,56 (59,64) 4,58 9,52 15,10 25,46 43,76 72,63 175,12 205,24 230,672002 262 33,18 (26,37) 0,00 3,20 5,46 12,55 29,35 44,62 59,77 87,51 156,052003 239 77,59 (37,85) 1,91 26,17 30,54 46,18 74,38 104,07 133,84 147,96 161,05
Pres. Vargas2000 6 51,01 (18,86) 20,75 27,09 33,43 46,83 52,01 55,79 67,60 73,39 79,172001 258 47,61 (32,78) 0,00 1,26 9,08 14,83 49,47 71,28 85,32 95,11 208,272002 312 46,88 (36,20) 0,00 3,40 6,60 14,33 42,85 72,69 97,56 107,63 187,062003 178 80,44 (32,33) 11,09 34,44 46,71 58,50 74,57 99,78 128,46 144,29 181,34
Média (dp)
Tabela 74 Estatísticas descritivas das concentrações de O3 no Rio de Janeiro, 2000 a 2003 n Mínimo P5 P10 Q1 Md Q3 P90 P95 Máximo
Jacarepaguá2000 90 5,15 (3,18) 0,00 0,98 1,64 2,98 4,92 6,37 8,08 10,10 17,112001 276 15,93 (22,36) 1,05 2,17 2,89 4,21 8,35 14,68 42,88 68,37 115,802002 292 14,01 (22,18) 0,63 1,98 2,61 4,12 8,21 13,56 22,29 34,33 146,532003 227 12,12 (7,19) 0,20 0,61 3,02 7,11 11,35 16,14 21,83 24,14 45,25
Pres. Vargas2000 6 10,21 (2,16) 7,89 8,03 8,17 8,63 9,87 11,28 12,59 13,13 13,672001 260 8,51 (6,21) 0,08 1,54 2,04 3,97 7,15 11,91 15,68 20,41 43,592002 302 18,40 (13,98) 0,00 1,64 3,31 7,73 14,85 26,65 38,69 45,52 72,002003 206 23,91 (18,18) 0,18 1,11 3,52 9,92 21,57 35,18 48,94 57,26 85,11
Média (dp)
130
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
200
PM10
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0
SO2
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
02
46
810
CO
Figura 67 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor Praça Saens Peña, 2000 a 2003
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
200
PM10
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0
SO2
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
02
46
810
CO
Figura 68 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor Largo da Carioca, 2000 a 2003
131
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
200
PM10
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0SO
2
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
02
46
810
CO
Figura 69 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor Praça Cardeal Arcoverde, 2000 a 2003
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
200
PM
10
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0S
O2
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
02
46
810
CO
Figura 70 Gráficos de PM10, SO2 e CO, monitor São Cristóvão, 2000 a 2003
132
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
20P
M10
01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0S
O2
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
02
46
810
CO
01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
O3
01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0N
O2
Figura 71 Gráficos de PM10, SO2, CO, O3 e NO2 monitor Presidente Vargas, 2000 a 2003
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
200
PM10
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0S
O2
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
02
46
810
CO
01/10/00 01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
050
100
150
O3
01/07/01 01/04/02 01/01/03 01/10/03
010
020
030
0N
O2
Figura 72 Gráficos de PM10, SO2, CO, O3 e NO2 monitor Jacarepaguá, 2000 a 2003
133
ANEXO B: Estatísticas descritivas e gráficos dos fatores meteorológicos
Tabela 75 Estatísticas descritivas dos fatores meteorológicos no Rio de Janeiro, jan/2000 a mai/2004
Campo dos Afonsos n média dp mín p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 máxTemperatura mínima (ºC) 1460 21,61 3,43 10,00 15,79 17,00 19,00 22,00 24,50 26,00 26,51 28,60Temperatura média (ºC) 1459 25,79 3,18 16,70 20,30 21,40 23,67 25,80 28,30 29,90 30,62 32,80Temperatura máxima (ºC) 1459 30,77 4,05 18,20 23,20 25,30 28,00 31,00 33,80 36,00 37,00 41,00Umidade relativa (%) 1460 76,98 7,45 52,58 65,00 67,25 72,00 77,00 82,00 87,00 90,00 98,00Galeão n média dp mín p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 máxTemperatura mínima (ºC) 1383 20,65 3,02 9,00 16,00 17,00 18,00 21,00 23,00 24,00 25,00 29,00Temperatura média (ºC) 1383 24,24 3,04 15,20 19,21 20,18 22,10 24,21 26,67 28,30 29,00 31,88Temperatura máxima (ºC) 1383 28,72 4,06 18,00 22,00 23,00 26,00 29,00 32,00 34,00 35,00 40,00Umidade relativa (%) 1368 84,45 8,59 37,10 69,96 73,00 78,82 85,27 90,79 95,00 97,50 100,00Maracanã n média dp mín p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 máxTemperatura mínima (ºC) 654 21,38 3,02 11,30 16,47 17,60 19,20 21,40 23,90 25,07 25,80 27,90Temperatura média (ºC) 782 25,96 3,41 15,22 20,06 21,46 23,40 26,15 28,68 30,33 31,00 33,46Temperatura máxima (ºC) 796 31,36 4,41 18,40 23,28 25,25 28,50 31,70 34,90 36,90 37,70 40,60Umidade relativa (%) 774 68,14 9,44 44,47 52,52 56,09 61,66 68,09 73,86 80,70 85,00 94,64Santa Cruz n média dp mín p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 máxTemperatura mínima (ºC) 1457 20,47 3,07 7,40 15,40 16,30 18,10 20,90 23,00 24,14 24,84 28,00Temperatura média (ºC) 1457 24,20 3,10 14,01 18,87 19,97 22,01 24,30 26,60 28,20 28,90 31,00Temperatura máxima (ºC) 1457 29,25 4,18 18,00 22,00 23,70 26,20 29,30 32,30 34,54 35,82 39,80Umidade relativa (%) 1456 79,04 7,82 40,00 65,99 69,00 74,03 79,54 84,00 88,96 91,89 98,00Santos Dumont n média dp mín p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 máxTemperatura mínima (ºC) 1461 21,96 2,64 12,40 17,50 18,40 20,00 22,00 24,00 25,40 26,00 28,20Temperatura média (ºC) 1461 24,58 2,84 15,81 19,81 20,84 22,53 24,65 26,78 28,30 29,02 31,93Temperatura máxima (ºC) 1461 27,78 3,53 17,40 22,00 23,40 25,20 27,80 30,20 32,40 33,60 39,00Umidade relativa (%) 1461 76,09 7,08 48,00 64,29 67,00 71,83 76,00 81,00 84,63 87,08 95,00
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
ínim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
édia
(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
áxim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
020
4060
8010
0U
mid
ade
Rel
ativ
a(%
)
Figura 73 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Campos dos Afonsos, 2000 a 2004
134
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
ínim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
édia
(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
áxim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
020
4060
8010
0U
mid
ade
Rel
ativ
a(%
)
Figura 74 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Galeão, 2000 a 2004
01/01/2000 10/01/2000 07/01/2001
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
ínim
a(°C
)
01/01/2000 10/01/2000 07/01/2001 04/01/2002
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
édia
(°C
)
01/01/2000 10/01/2000 07/01/2001 04/01/2002
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
áxim
a(°C
)
01/01/2000 10/01/2000 07/01/2001 04/01/2002
020
4060
8010
0U
mid
ade
Rel
ativ
a(%
)
Figura 75 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Maracanã, 2000 a 2001
135
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
ínim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
édia
(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
áxim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
020
4060
8010
0U
mid
ade
Rel
ativ
a(%
)
Figura 76 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Santa Cruz, 2000 a 2004
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
ínim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
édia
(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
010
2030
40Te
mpe
ratu
ra M
áxim
a(°C
)
01/01/2000 07/01/2001 01/01/2003
020
4060
8010
0U
mid
ade
Rel
ativ
a(%
)
Figura 77 Gráficos de temperaturas e umidade relativa, estação Santos Dumond, 2000 a 2004
136
ANEXO C: Análise do efeito de NO2 sobre a mortalidade em idosos
Tabela 76 Aumentos percentuais nas mortes por DAR em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10
µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente -1,65 -3,231; - 0,053 0,044defasagem de 1 dia -0,61 -2,203; 1,012 0,460defasagem de 2 dias -0,65 -2,181; 0,915 0,416defasagem de 3 dias 0,23 -1,306; 1,781 0,774média de 2 dias -1,25 -2,899; 0,418 0,141média de 3 dias -1,41 -3,112; 0,331 0,113média de 4 dias -0,76 -2,491; 0,999 0,395média de 5 dias -0,83 -2,613; 0,985 0,368média de 6 dias -0,17 -1,965; 1,666 0,858média de 7 dias 0,00 -1,840; 1,882 0,997
IC (95%)
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 78 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 na mortalidade por DAR em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Tabela 77 Aumentos percentuais nas mortes por DPOC em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente -1,94 -4,776; 0,982 0,192defasagem de 1 dia -2,74 -5,563; 0,167 0,065defasagem de 2 dias -1,48 -4,295; 1,410 0,312defasagem de 3 dias -1,22 -4,014; 1,658 0,403média de 2 dias -2,40 -5,328; 0,625 0,120média de 3 dias -2,67 -5,738; 0,493 0,098média de 4 dias -2,41 -5,519; 0,796 0,140média de 5 dias -2,57 -5,786; 0,763 0,130média de 6 dias -1,95 -5,188; 1,393 0,250média de 7 dias -1,21 -4,536; 2,227 0,485
IC (95%)
137
-7,00
-6,00
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 79 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 na mortalidade por DPOC em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Tabela 78 Aumentos percentuais nas mortes por PNM em idosos com mais de 65 anos para um acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
Exposição a NO2 %RR p-valordia corrente -2,82 -5,651; 0,105 0,059defasagem de 1 dia -1,18 -4,153; 1,887 0,447defasagem de 2 dias -1,79 -4,625; 1,122 0,226defasagem de 3 dias -1,05 -3,882; 1,858 0,475média de 2 dias -2,31 -5,311; 0,789 0,143média de 3 dias -2,69 -5,809; 0,533 0,102média de 4 dias -1,94 -5,095; 1,327 0,242média de 5 dias -1,85 -5,121; 1,544 0,283média de 6 dias -1,82 -5,129; 1,596 0,292média de 7 dias -1,68 -5,082; 1,851 0,348
IC (95%)
-7,00
-6,00
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
dia corrente lag 1 lag 2 lag 3 mm 2 mm 3 mm 4 mm 5 mm 6 mm 7
NO2
%R
R
Figura 80 Efeitos do acréscimo de 10 µg/m³ de NO2 na mortalidade por PNM em idosos com mais de 65 anos - Rio de Janeiro, set/2000 a dez/2001.
138
ANEXO D: Instrumento para coleta de dados nas unidades de saúde em Jacarepaguá
unidade: ____________________________________data:____/____/____
Estudo sobre prevalência de problemas respiratórios em crianças atendidas
coletador: ____________________nas Unidades Básicas de Saúde de Jacarepaguá - RJ
ID registro bairro rua e n. idade irri
taçã
o
no
s o
lho
s
toss
e
gri
pe
asm
a
D.V
.A.
Su
p
D.V
.A.
Inf
IRA