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QUALIDADE DOS SERVIÇOS NA HOTELARIA: UM ESTUDO NA REDE DE
HOTÉIS ALFA
Quality of Service in the Hotel Industry: A Study within Alfa Chain Hotels
Vanessa Moreira Guedes de Araujo
Mestre em Administração; Especialista em Gestão Hoteleira, Eventos e Gastronomia; Graduada em
Turismo - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR [email protected]
Resumo
A qualidade na prestação dos serviços hoteleiros deve ser almejada pelos empreendedores, uma vez que
representa grande diferencial para que as empresas hoteleiras consigam permanecer no mercado, o qual se
encontra cada vez mais competitivo, em virtude da grande exigência dos clientes, que buscam ter suas
expectativas alcançadas, ou até mesmo superadas. A qualidade é mensurada a partir de uma ótica
subjetiva, de acordo com o atendimento percebido e o esperado pelos clientes. Dessa forma, o presente
artigo foi desenvolvido com o intuito de analisar a qualidade dos serviços oferecidos pela Rede de Hotéis
Alfa de Curitiba, através da satisfação dos clientes em decorrência dos serviços por ela prestados. Assim,
para se chegar ao objetivo principal desta pesquisa, foi importante traçar algumas premissas relevantes
para a compreensão de alguns conceitos básicos. Primeiramente foram apresentados os conceitos de
serviços. Em seguida, foram explorados os conceitos e princípios da qualidade. E, por fim, apresentou-se a qualidade em serviços hoteleiros. Os dados coletados por meio de questionários foram compilados na
forma de gráficos, analisados e descritos de maneira textual, propiciando uma melhor compreensão do
levantamento efetuado para avaliar a qualidade dos serviços prestados pela Rede de Hotéis Alfa. Os
resultados evidenciaram que existem oportunidades de melhoria nos serviços prestados pelos hotéis A e
E, pois apresentaram os índices mais baixos de: satisfação quanto ao atendimento; recomendação do hotel
para outros potenciais clientes; retenção do cliente pesquisado; e qualidade global do atendimento.
Palavras chave: Qualidade, Serviços, Hotelaria. Abstract
The quality in the delivered services is desired by entrepreneurs, as it represents great advantage for the
hotels to survive in the market, which is increasingly competitive, due to the great demand of customers,
who seek to have their expectations achieved or even exceeded. Quality is measured from a subjective
perspective, according to the service perceived and expected by customers. Thus, this article was
developed in order to analyze the quality of the services offered by Alpha Chain Hotels based on their
customers’ satisfaction. Then, to reach the main objective of this research, it was important to describe
some relevant premises to understand some basic concepts. Firstly, it was presented the concepts of service. Next, it was explored the concepts and principles of quality. And finally it was presented the
importance of quality within hotel services. The data collected through questionnaires were compiled in
graphs, analyzed and described in a textual manner, providing a better understanding of the performed
survey which assessed the quality of services provided by Alfa Chain Hotels. The results showed that
there are opportunities for improvements in the services provided by hotels A and E, as they presented the
lowest rates in: satisfaction about the services; hotel recommendation to other potential customers;
customer loyalty; and general quality of the hotel services.
Keywords: Quality, Service, Hospitality.
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INTRODUÇÃO
A qualidade vem ganhando espaço cada vez maior no mercado de consumo,
conquistando um percentual relevante na economia e relacionando-se à satisfação do
cliente, visto que investir em qualidade é investir no bom desenvolvimento do
empreendimento que, sendo diferenciado, permanecerá no mercado, superando
eventuais expectativas.
Conforme o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
SEBRAE (2000, p.19), “A qualidade é inerente ao produto ou serviço, mas é julgada
pelo cliente”. Sendo assim, denota-se que a qualidade do produto ou serviço dependerá
da percepção do cliente, que sempre será subjetiva. Devido a isso, a busca constante
pela qualidade dos serviços na hotelaria pode ser considerada como fator propulsor
para a competitividade no mercado hoteleiro.
Assim, é muito difícil um empreendimento sobreviver no mercado sem
satisfazer as necessidades e desejos dos seus clientes, pois o mercado atual está cada vez
mais competitivo e os consumidores mais exigentes, buscando inúmeras opções que
superem suas expectativas. Para que estes requisitos sejam alcançados com sucesso, faz-
se necessário investir em qualidade, motivo pelo qual é importante analisar como a
qualidade é percebida pelos clientes dos Hotéis da Rede Alfa e quais são as ferramentas
utilizadas pelos mesmos para medir a satisfação dos seus clientes acerca dos serviços
prestados, bem como analisar se tais ferramentas ou métodos utilizados são adequados.
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar a qualidade dos serviços
da Rede de Hotéis Alfa de Curitiba, através da satisfação dos clientes perante os
serviços oferecidos por esta rede de hotéis.
PANORAMA GERAL E CONCEITOS DE SERVIÇOS
Os serviços receberam significativa importância no mercado consumidor com a
chamada sociedade pós-industrial, que permitiu a expansão do setor terciário, ou seja, o
setor no qual os serviços estão inseridos. (LICKFELD, 2000, p. 69).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2002) o
setor de serviços vem crescendo e se destacando na economia mundial, pelos seguintes
fatores: geração de renda e emprego, bem como contribuição econômica para os países.
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Lovelock e Wright (2001, p. 05) dispõem que “serviços são atividades
econômicas que criam e fornecem benefícios para clientes em tempos e lugares
específicos, como decorrência da realização de uma mudança desejada no – ou em
nome do – destinatário do serviço”.
Grönroos (2003) entende que os clientes não compram bens/serviços, compram
os benefícios que estes lhes proporcionam. Adquirem ofertas consistindo em
bens/serviços, informações, atenção pessoal e outros componentes. Essas ofertas lhes
proporcionam serviços e é esse serviço percebido pelos clientes que gera valor para eles.
Salienta-se que a maioria dos serviços é intangível, não podendo ser tocado,
apenas sentido e usufruído, ligado à ideia de satisfação das necessidades e desejos dos
consumidores.
As principais características que se referem à maioria dos serviços são:
intangibilidade, heterogeneidade, inseparabilidade e perecibilidade (KERIN et al., 2003;
KOTLER, 2003; SOLOMON; STUART, 2003).
Conforme Shostack (1977) intangíveis podem ter traços tangíveis. No entanto,
nenhuma quantia em dinheiro pode comprar propriedade física de algo intangível, como
experiência (filmes), tempo (consultoria), ou processo (lavagem a seco). Um serviço
prestado é uma experiência, não pode ser armazenado em uma prateleira, tocado,
provado ou testado. Sendo assim, tangível é algo palpável e material, enquanto
intangível é impalpável ou incorpóreo.
Segundo Bateson (1979) a intangibilidade é a diferença mais citada e
fundamental entre produtos e serviços, pode ser separada em intangibilidade física
(impalpável) e intangibilidade mental (o que não é entendido mentalmente).
Lovelock e Gummenson (2004) entendem que muitos serviços envolvem
atividades de desempenho tangível, as quais os usuários podem experimentar durante a
entrega, por meio de um ou mais dos seus cinco sentidos. Por exemplo, para serviços,
como cirurgia, corte de cabelo, ginástica, limpeza, reparação, ou paisagismo, os
objetivos chave dos consumidores são a obtenção de mudanças tangíveis em si ou nas
suas posses. Os resultados tangíveis dessas mudanças, como sensação de bem estar
físico após uma massagem, um escritório limpo, um corte de cabelo novo, um gramado
recém cortado, móveis restaurados ou cirurgia, compreendem desde o efêmero ato até o
permanente e irreversível. Logo, os serviços em si mesmos são intangíveis, mas os seus
resultados podem ser tangíveis.
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Ressalta-se que a heterogeneidade é uma característica mais relacionada a
serviços de intensa ação humana (LOVELOCK; GUMMESON, 2004). Entretanto,
Levitt (1981) ter defendido a industrialização dos serviços através da utilização de
equipamentos e tecnologias que removam o critério humano, extinguindo ou
minimizando variações na prestação de serviços, tornando-os altamente padronizados,
Solomon e Stuart (2003) notam que padronização não é algo desejável para muitos
serviços, visto que as pessoas, muitas vezes, buscam a personalização para atender suas
necessidades e anseios.
Diante disso, deve existir equilíbrio entre a padronização e a
customização/personalização, que permita a estratégia de diferenciação de um serviço
prestado.
Em relação à inseparabilidade, Lovelock e Gummeson (2004) lecionam que o
processo simultâneo de produção e consumo, abrangendo fatores como a presença do
cliente, é facilmente notável em ambientes de serviços e pode formar uma propriedade
de distinção fundamental entre bens e muitos tipos de serviços. Porém, os autores
mencionam que existem serviços que são separáveis, visto que os consumidores não
precisam estar presentes, pois a produção e o consumo não são simultâneos, como:
lavanderia, frete de transporte, manutenção e limpeza de equipamentos e instalações.
No que tange à perecibilidade Solomon e Stuart (2003) afirmam que os serviços
não podem ser estocados, sendo que há dependência de tempo. Assim, a perecibilidade
pode ser compreendida pela forte relação que tem com o tempo, onde serviços
prestados, mas não consumidos, representam desperdício. A exemplo disso, tem-se o
serviço de hospedagem, onde os quartos não ocupados no mesmo dia representam
capacidade não utilizada.
No entanto, de acordo com Lovelock e Gummeson (2004) existem algumas
exceções, vez que há serviços que podem ser armazenados e reutilizados
posteriormente, sob a forma de uma mídia gravada do evento em que ocorreu a
prestação de serviço, por exemplo, educação, música, notícia e DVDs.
Apesar dos serviços possuírem algumas características, essas não são absolutas,
pois em alguns casos existem exceções.
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PANORAMA GERAL, CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA QUALIDADE
A qualidade não se apresenta como algo novo, sendo que já era fomentada no
início do século XX, quando os próprios artesãos fabricavam os produtos, fiscalizando e
controlando sua qualidade.
Com o passar dos anos, houve aumento significativo na produção, pelo que
nasceu a necessidade de pessoa específica para controle da qualidade dos produtos
fabricados, denominada inspetor, o qual fiscalizava as ações dos operários.
Nos dias atuais os produtos são mais complexos, havendo um mercado cada vez
mais competitivo, onde o consumidor se torna cada vez mais exigente, tornando a
qualidade um diferencial do produto. (RODRIGUES; LEAL; HARGREAVES, 1997).
De acordo com Castelli (2001, p. 142) existem vários conceitos referentes à
qualidade advindos de especialistas e instituições que se preocupam com o tema.
Alguns são mais complexos e outros mais simples como: “qualidade é satisfação do
cliente”; “qualidade é aquilo que o cliente quer”; “qualidade é adequação ao uso”;
“qualidade é conformidade com os requisitos” e “qualidade é atendimento das
expectativas do cliente”.
Já a satisfação do cliente em relação aos serviços tem sido conceituada como a
diferença entre as expectativas previstas do cliente com relação ao que acontecerá e o
que realmente ocorre (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 1985).
Diante de todas as assertivas, conclui-se que o serviço com qualidade gera a
satisfação e a realização do que o cliente busca e o que efetivamente encontra. Portanto,
a qualidade pode ser entendida como satisfação, anseio, adequação, conformidade e
superação das expectativas do cliente.
Para uma empresa vencer no mercado competitivo precisa ter consciência de que
os produtos oferecidos devem ser de qualidade e que deve ter como prerrogativa
comportamento ético e liderança, estando preparada para trabalhar em conjunto com os
funcionários para o cumprimento das metas a serem alcançadas, com treinamentos para
qualificação e preços compatíveis com os seus produtos.
Segundo Castelli (2001, p. 143), “É o consumidor que define e julga o que é
qualidade. Ele o faz a partir da sua ótica, da ótica subjetiva”.
Sendo assim, presume-se que o cliente é quem irá valorar a qualidade, de acordo
com o que esperava do produto ou serviço e o que recebeu efetivamente. Esta valoração
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varia de pessoa para pessoa, pois se trata de uma análise subjetiva, o que pode ser bom
para uma pessoa e atender suas expectativas, pode não ser para outra.
Conforme entendimento abaixo são inúmeros os fatores que contribuem para um
serviço com padrão de qualidade, os quais agem em conjunto, não se podendo falar em
qualidade sem que os mesmos estejam presentes.
Bom padrão de qualidade representa alguma coisa bem feita, bem
concebida, bem projetada, bem elaborada, bem organizada, bem
administrada, que atende às especificações, satisfazendo, assim, produtores,
prestadores de serviços e clientes (RODRIGUES; LEAL; HARGREAVES,
1997, p. 15).
Grönroos (1983) afirma poder ser dividida a qualidade de serviço em duas
partes: técnica e funcional. A qualidade técnica diz respeito ao que o prestador de
serviço fornece durante o processo de provisão do mesmo, como conhecimento do
prestador de serviço sobre o equipamento técnico utilizado e soluções técnicas
implementadas. Por outro lado, a qualidade funcional está ligada ao serviço prestado,
relacionado às contribuições interpessoais efetuadas pelo prestador de serviço.
A qualidade possui dez princípios, os quais são fundamentados pela Qualidade
Total e pelos Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade, tais como:
qualidade centrada no cliente, liderança, melhoria contínua, envolvimento das pessoas,
enfoque pró-ativo e resposta rápida, visão de futuro, gestão baseada em fatos,
responsabilidade social, foco nos resultados, abordagem sistemática da empresa e gestão
dos processos (SEBRAE, 2000).
O primeiro princípio a ser abordado é referente à qualidade centrada no cliente,
sendo que “a qualidade é inerente ao produto ou serviço, mas é julgada pelo cliente”.
(SEBRAE, 2000, p. 19).
O segundo princípio trata-se de liderança e conforme Mello et al. (2002) os
líderes da empresa, para o seu bom desempenho, devem traçar metas e objetivos a
serem alcançados, criando um ambiente de trabalho onde haja boa relação entre líderes
e liderados, tornado assim o ambiente harmonioso e agradável, onde todos os
funcionários estejam empenhados e comprometidos.
Em terceiro lugar tem-se o princípio da melhoria contínua, referente às
mudanças que devem ser empregadas na empresa, de acordo com a necessidade, para
que esta se mantenha em bom funcionamento. Alguns critérios devem ser
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rigorosamente analisados para tanto, como: buscar extirpar qualquer tipo de problema
desde sua raiz; realizar as atividades da melhor forma possível, de modo que se obtenha
o menor custo e maior agilidade para que os problemas que eventualmente surjam
possam ser corrigidos ou sanados. (SEBRAE, 2000).
O quarto princípio trata da importância do envolvimento das pessoas dentro da
empresa, pois sem o mesmo seria impossível o seu bom funcionamento. Um quadro de
funcionários devidamente integrado gera um ambiente de trabalho onde há colaboração
e comprometimento, o que provoca melhorias significativas na empresa. Funcionários
que participam de reuniões, onde lhes é facultada a liberdade de expressão de opiniões,
podem contribuir para a melhoria desta (MELLO et al., 2002).
O quinto princípio salienta o enfoque pró-ativo e resposta rápida. Conforme
SEBRAE (2000) é a ideia de eficácia, ou seja, não somente executar uma atividade, mas
sim alcançar seus objetivos. Uma boa empresa deve ter condições de apresentar
respostas em tempo hábil e flexível, no que se refere ao atendimento de seus clientes e
de fazer corretamente na primeira vez tudo que lhe for cabível. Assim, estará evitando
os erros ou os detectando em tempo hábil e também combatendo o desperdício de
tempo e de dinheiro e aumentando a satisfação de seus clientes significativamente. Uma
empresa que consegue atuar no mercado de maneira a satisfazer as necessidades e os
desejos de seus clientes, agindo de forma rápida, flexível, correta e eficaz possui grande
diferencial no mercado.
O sexto princípio trata-se da visão de futuro de uma empresa, fazendo
planejamentos que busquem prever alterações na sociedade, nos gostos dos clientes e
novos desenvolvimentos que surjam a cada dia (SEBRAE, 2000).
Pelo sétimo princípio, gestão baseada em fatos, as empresas precisam conhecer o
mercado onde estão inseridas, sendo difícil gerenciar uma empresa em que não se tenha
o devido conhecimento acerca dos procedimentos que devem ser seguidos para
obtenção de resultados satisfatórios. Sem este conhecimento estar-se-ia gerenciando
uma empresa com base no “achismo” e não de forma segura e sábia. (SEBRAE, 2000).
O oitavo princípio da qualidade versa sobre a responsabilidade social. É de
extrema importância que as empresas possuam responsabilidade perante a sociedade na
qual estão inseridas, o que caracteriza a ideia de consciência e cidadania. Essa ideia
deve ser colocada em prática dentro das empresas tanto nos relacionamentos internos
(entre empregador e funcionário, empregador e leis e funcionários entre si) quanto nos
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relacionamentos externos (entre empresa e comunidade local), ou seja, interagindo com
a sociedade de forma ética (SEBRAE, 2000).
O nono princípio da qualidade trata-se do foco nos resultados, “A empresa estará
atingindo seus objetivos quando os seus resultados estiverem satisfazendo as partes
interessadas de forma balanceada e harmônica” (SEBRAE, 2000, p. 26).
De acordo com SEBRAE (2000) o décimo princípio refere-se à abordagem
sistêmica e gestão dos processos, que mensura a empresa como sendo segmentos de
atos que formam juntos um processo. Unir as atividades da empresa em processos
facilita a compreensão de todos que estão envolvidos, prevenindo futuros problemas e
melhorando a organização da empresa.
Sendo assim, a gestão da qualidade deve guiar-se por princípios pré-
determinados, compatíveis com a realidade de cada empreendimento e pautados nos
diferenciais competitivos ditados pelo mercado.
1
Qualidade em Serviços Hoteleiros
Atualmente o foco principal das empresas, em todos os setores, tem sido a busca
progressiva pela melhoria de seus produtos e serviços. Isso ocorre juntamente com a
redução de custos; extinção de desperdícios, assim como a redução dos prazos de
projetos, produção e atendimento. Diante deste fator busca-se a satisfação do cliente,
que é o consumidor final e também o sucesso da empresa. (SEBRAE, 2000).
Os consumidores a cada dia tornam-se mais criteriosos, por isso a falta de
qualidade gera ônus aos empreendedores, razão pela qual os mesmos passam a refletir
mais sobre o assunto.
Um número cada vez maior de empresas hoje entende ser o investimento em
Qualidade um dos mais lucrativos. Não fazer nada custa muito mais caro. [...]
“investir em Qualidade resulta em menos defeitos, produtos melhores,
posição financeira melhor, maior bem-estar, menos giro de pessoal, menor
absenteísmo, clientes satisfeitos e uma imagem melhor” (CASTELLI, 1994,
p. 15 - 16).
De acordo com Campos (1992, p. 02), “[...] serviço de qualidade é aquele que
atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no
tempo certo às necessidades do cliente”.
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É extremamente importante a efetivação de programas de qualidade em
empreendimentos, pois trazem maior garantia de eficácia dos serviços, fazendo com que
o cliente deposite maior confiança no serviço contratado.
Segundo Castelli (1994) o cliente é a voz do empreendimento, sendo o mais
indicado para analisar os serviços oferecidos. Sendo assim, é de suma importância ouvi-
lo, dando atenção a sua opinião, porque em decorrência da mesma é que o
empreendimento obterá o devido sucesso.
De acordo com Almeida (2001), existem três motivos para se oferecer um
serviço com qualidade. O primeiro motivo é de ordem material, onde é o cliente quem
gera lucro para a empresa, pagando os salários dos funcionários. O segundo motivo é de
ordem intelectual/filosófica, que se refere à troca. Pessoas que desejam superar suas
limitações, com satisfação pessoal ou oportunidade de crescimento profissional, prestam
serviços com dedicação, recebendo em decorrência disso elogios, agradecimentos,
reconhecimento, gratidão e recomendações. Já o terceiro é de ordem espiritual, pois o
serviço é uma ponte entre o ser humano e Deus, onde há crescimento espiritual.
Diante disso, vários são os motivos para servir, sejam eles pessoais ou
empresariais. No entanto, todos os motivos dizem respeito ao cliente, pelo bom
atendimento, ou seja, pela qualidade percebida pelo mesmo, possibilitando que tanto o
colaborador quanto a empresa utilizem esta qualidade como fator de competitividade.
Conforme Almeida (2001), a percepção do cliente em relação ao atendimento
depende da sua necessidade momentânea, da sua personalidade, experiência e estado de
espírito. O autor entende que cada cliente possui um perfil, devendo o serviço prestado
atender as necessidades momentâneas dos clientes, de acordo com a situação concreta
em que o mesmo se encontre.
É perceptível quando se fala em personalidade do cliente que é impossível
agradar a todos, devendo ser o tratamento baseado na equidade, com atendimento
personalizado, para que seja eficaz. Uma das grandes influências que intervém na
satisfação do cliente é a experiência que este possui com outros serviços já utilizados, o
que o torna mais exigente.
Segundo Rodrigues, Leal e Hargreaves (1997) uma empresa deve conhecer seus
clientes de duas maneiras. A primeira maneira se refere ao conhecimento obtido pela
empresa dos motivos que levam certos clientes a comprarem o que compram e que
padrões são utilizados pelos mesmos para tanto; a segunda forma é individual e
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adquirida de forma tácita, mediante entrosamento com o cliente, pelo atendimento
rotineiro.
Para que não ocorra frustração por parte do cliente, devido a promessas não
cumpridas, a empresa deve certificar-se de alguns pontos:
Estou certo do que estou prometendo? Posso prometer isso? Qual será o
verdadeiro motivo da minha promessa? Será que é para vender? Será que é
para me livrar momentaneamente do Cliente? A empresa pode cumprir o
prometido? Tenho autoridade para prometer isso? Ou tenho que consultar o
meu chefe? O cumprimento dessa promessa depende de quem? de quais
setores? de quais pessoas? Esses setores ou essas pessoas estão preparadas
para cumprir o prometido? Esses setores ou essas pessoas são comunicados
dessas ações? Eles concordam com o prometido ao Cliente? Isso está escrito em algum lugar? É responsabilidade de quem? Há alguma norma sobre o
assunto? (ALMEIDA, 2001, p. 51).
Importante salientar que antes de ser feita uma promessa deve ser analisada a
possibilidade do seu cumprimento, já que as empresas que não as cumprem são vistas
com descrédito e desconfiança pelo cliente e pelo mercado em que atuam. Sendo assim,
a qualidade não está ligada a um serviço de luxo, e sim a um serviço bem prestado,
dentro de uma mesma categoria.
Conforme Petrocchi (2002, p. 42) “Uma pequena pousada com 10 UHs pode ter
uma elevada qualidade dentro da sua dimensão e proposta de produto”. Em outras
palavras, tem-se que para que haja obtenção de qualidade, não se faz necessário luxo,
até porque cada meio de hospedagem possui sua classificação. Um hotel que detém
categoria econômica deve atender prontamente às necessidades e expectativas do seu
cliente específico. Ser econômico e não dispor de área de lazer não significa falta de
qualidade, pois o cliente ao procurar esta categoria de hotel já está ciente de que o
mesmo não possui tal serviço.
O empreendedor antes de investir numa empresa hoteleira, precisa se preocupar
em fazer uma pesquisa de demanda, para saber se realmente há necessidade de um
empreendimento deste porte no local e quais são os produtos que poderão ser
oferecidos. Assim, o empreendedor poderá individualizar o produto que irá oferecer,
pois a probabilidade de sucesso do mesmo será maior (SERSON, 2000).
Segundo Petrocchi (2002), a qualidade total possui cinco dimensões: a
intrínseca, o custo, o atendimento, a moral e a segurança. A qualidade intrínseca é
referente aos serviços oferecidos pelo hotel, já o custo precisa ser de acordo com o
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produto oferecido. No que tange ao atendimento, o quadro de funcionários deve agir
com atenção aos hóspedes, agilidade nos serviços solicitados, educação, simpatia e
competência. A moral está relacionada ao ambiente ético, pois este deve ser de respeito
mútuo, de acordo com os bons costumes. Ainda, o hotel deve proporcionar a seus
funcionários e hóspedes um ambiente que resguarde sua integridade física, segurança.
De acordo com Flores (2002), o hotel não deve somente se preocupar com a
hospedagem, mas com ambientes que proporcionem aos seus clientes momentos de
entretenimento, relaxamento, cuidados com a saúde, bem como gastronomia de
qualidade. Para isso é necessário que esses serviços sejam de qualidade. De nada
adiantará uma boa estrutura sem treinamentos específicos ao quadro de funcionários,
para que venham a prestar tais serviços de forma adequada e eficaz aos hóspedes.
Nota-se a existência de dois obstáculos encontrados pelos gestores da indústria
hoteleira, no que tange a melhoria da qualidade. O primeiro refere-se ao fato de que os
gestores não conhecem quais são os aspectos importantes para os hóspedes quando estes
avaliam sua experiência no hotel. Já o segundo diz respeito à inexistência de
instrumentos ou métodos confiáveis e validados para a medição das percepções dos
clientes quanto à qualidade dos serviços prestados (GUNDERSEN; HEIDE; OLSSON,
1996).
De acordo com Shoemaker (1996, p. 42) “as expectativas dos consumidores
desempenham um papel vital na avaliação da satisfação e da qualidade de um serviço”.
Com isso percebe-se que a qualidade precisa estar focada no cliente, pois é este quem
utiliza os produtos disponíveis e os avalia de acordo com o atendimento ou superação
de suas expectativas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para avaliar a qualidade na prestação dos serviços da Rede de Hotéis Alfa, foi
efetuado um levantamento, o qual “se caracteriza pela interrogação direta das pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer, procede-se a solicitação de informações a um
grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, logo após, através de
uma análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes aos dados coletados”
(GIL, 2008, p. 55).
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Foi efetuado um levantamento nos oito hotéis da Rede Alfa de Curitiba, por
meio de um questionário com perguntas abertas e fechadas. Para tanto, foi tomada uma
amostra com a finalidade de obter informações coerentes e precisas quanto à qualidade
na prestação dos serviços da Rede de Hotéis Alfa.
Considerando a ocupação dos hotéis e a quantidade de quartos de cada hotel da
rede, foram distribuídos 280 questionários, sendo 35 em cada um dos oito hotéis da
Rede, para atingir 90% de confiabilidade do levantamento, com uma variação de erro de
aproximadamente 5%. Foi obtida uma amostra de 100 questionários respondidos, sendo
assim, a margem de erro passou para aproximadamente 8%, a qual foi considerada
como aceitável.
As variáveis para a análise da qualidade dos serviços nos hotéis foram obtidas
por meio de perguntas referentes à avaliação dos serviços prestados, personalização no
atendimento, importância do serviço personalizado para o cliente, superação das
expectativas dos clientes através dos serviços oferecidos, correspondência entre preço
pago e serviços prestados, satisfação em relação ao atendimento, indicação do hotel para
outra pessoa, intenção de nova utilização dos serviços do hotel (probabilidade de
retenção do cliente), reconhecimento dos funcionários e avaliação global da qualidade
no atendimento.
Após a realização do questionário, os dados coletados foram compilados e
apresentados na forma de gráficos, analisados e descritos em forma de texto para uma
melhor compreensão do levantamento efetuado.
2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
Gráfico 1: Avaliação dos serviços prestados.
25%
43%
25%
7% 0%
Excelente
Muito Bom
Bom
Regular
Ruim
Fonte: Araujo, 2007.
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O Gráfico 1 acima, apresenta que mais de dois terços dos clientes avaliaram os
serviços prestados nos níveis “Excelente” ou “Muito Bom”, sendo respectivamente 25%
e 43%. Outros 25% classificaram os serviços prestados no nível “Bom” e apenas 7%
consideraram estes como serviços de nível “Regular”. Com base neste indicador, pode-
se afirmar que os serviços prestados pela Rede de Hotéis Alfa atendem às necessidades
dos seus clientes.
Gráfico 2: Personalização no atendimento
78%
22%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
O Gráfico 2 ilustra que a grande maioria dos hóspedes (78%) identificam na
Rede Alfa a personalização no atendimento dos seus clientes. Ou seja, a Rede Alfa
atende à relevante característica de possuir personalização de seus serviços. Porém, o
índice de 22% dos clientes, que não identificaram a personalização de serviços, pode ser
considerado como alto e sinaliza que esta característica deve ser melhor desenvolvida,
pois é de suma importância na percepção da qualidade na hotelaria. Isto é ratificado
pelo Gráfico 3, a seguir, onde os clientes pesquisados confirmam a relevância da
personalização dos serviços oferecidos pelo hotel.
Gráfico 3: Importância do serviço personalizado para o cliente
97%
3%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
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CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v. 2, p. 131-154, jan./dez. 2013
O Gráfico 3 ratifica a importância de possuir serviços personalizados no hotel,
pois 97% dos clientes confirmaram a relevância desta característica. Apenas 3% dos
clientes se mostraram contrários à personalização dos serviços. Esta pergunta concedia a
possibilidade de justificação da resposta dada, sendo que 22% dos clientes justificaram
suas respostas, tendo todos estes afirmado que a personalização dos serviços é
importante. O Gráfico 4, a seguir, apresenta as justificativas dadas às respostas, sendo
que: metade dos clientes que justificaram, afirmaram que esta característica torna o
“ambiente mais agradável, ou seja, acolhedor”; 32% afirmou que desta forma o hotel
“respeita a diversidade de necessidades dos clientes”; por fim, 9% afirmou que a
personalização é um diferencial importante e outros 9% informou que esta característica
“garante o retorno do cliente”.
Gráfico 4: Justificativa das respostas da pergunta 3
50%
32%
9%9%
Ambiente mais
Agradável
Respeitar Diversidade
de Necessidades dos
Clientes
Diferencial Importante
Garante o Retorno do
Cliente
Fonte: Araujo, 2007.
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Gráfico 5: Superação das expectativas dos clientes através dos serviços oferecidos
66%
34%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
O Gráfico 5, apresentado acima, indica que 66% dos clientes pesquisados
tiveram suas expectativas superadas através dos serviços oferecidos nos Hotéis Alfa.
Outros 34% não tiveram suas expectativas superadas. Esta pergunta permitia ao cliente
pesquisado informar quais serviços contribuíram para a superação ou não de suas
expectativas. Segue abaixo, a relação de serviços por hotel:
a) Hotel A:
- Respostas Sim: Buffet, Hospedagem;
- Respostas Não: Restaurante, Camareira e Bar.
b) Hotel B:
- Respostas Sim: Atendimento, Sala de Ginástica e Apresentação do Quarto;
- Respostas Não: Mensageiro.
c) Hotel C:
- Respostas Sim: Atendimento, Governança, Café da Manhã, Padrão dos
Quartos e Organização de Eventos;
- Respostas Não: Fitness Center, Check-out (no horário de pico) Check-in
demorados e Limpeza.
d) Hotel D:
- Respostas Sim: Atendimento;
- Respostas Não: (Não houve respostas negativas neste hotel).
e) Hotel E:
- Respostas Sim: Atendimento, Mensageiro, Privacidade, Higiene e
Lavanderia;
- Respostas Não: Internet não gratuita, Estacionamento caro.
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f) Hotel F
- Respostas Sim: (não indicado nas respostas o serviços);
- Respostas Não: (Não houve respostas negativas neste hotel).
g) Hotel G:
- Respostas Sim: (não indicado nas respostas o serviços);
- Respostas Não: (Não houve respostas negativas neste hotel).
Gráfico 6: Correspondência entre preço pago e serviços prestados
87%
13%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
Conforme o Gráfico 6, 87% dos clientes consideraram o preço pago como
adequado aos serviços prestados pelos Hotéis Alfa. Porém, 13% dos clientes não
consideraram o preço pago como justo, em relação aos serviços prestados pelo hotel.
Uma particularidade deste índice foi a sua concentração em dois dos hotéis pesquisados:
- 6 clientes do Hotel A (correspondeu a 18,75% dos clientes pesquisados neste
hotel);
- 5 clientes do Hotel E (correspondeu a 27,78% dos clientes pesquisados neste
hotel).
Gráfico 7: Satisfação em relação ao atendimento
25%
60%
13% 2%
Muito Satisfeito
Satisfeito
Nem satisfeito nem
insatisfeito
Insatisfeito
Fonte: Araujo, 2007.
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CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v. 2, p. 131-154, jan./dez. 2013
O Gráfico 7 mostra que os clientes pesquisados, em sua grande maioria,
consideraram satisfatório ou muito satisfatório o atendimento dos Hotéis Alfa, sendo,
respectivamente, 60% e 25% dos clientes. Mostra ainda que 13% dos clientes se
posicionaram de forma indiferente em relação à satisfação com o atendimento. Por fim,
2% ficaram insatisfeitos com relação ao atendimento recebido, sendo um cliente que se
hospedou no Hotel E (representou 5,5% dos clientes pesquisados neste hotel) e outro no
Hotel A (representou 3,1% dos clientes pesquisados neste hotel).
Esta questão evidenciou que os hóspedes, em sua maioria, consideraram o
atendimento dos Hotéis da Rede Alfa satisfatório, porém um expressivo percentual
(15%) dos hóspedes considerou insatisfatório o atendimento recebido, pois os hóspedes
que se posicionaram como “nem satisfeitos, nem insatisfeitos” demonstraram de forma
implícita sua insatisfação com o atendimento.
Gráfico 8: Indicação do hotel para outra pessoa
94%
6%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
Do Gráfico 8 acima, infere-se que 94% dos clientes pesquisados indicariam o
Hotel Alfa utilizado a outras pessoas. Outros 6% não indicariam o hotel, sendo 5
clientes do Hotel A (representou 15,62% dos clientes pesquisados neste hotel) e 1
cliente de Hotel E (representou 5,55% dos clientes pesquisados neste hotel).
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Gráfico 9: Intenção de nova utilização dos serviços do hotel
93%
7%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
O Gráfico 9 demonstra a provável taxa de retenção dos clientes da Rede de
Hotéis Alfa. Sendo que 93% afirmaram que retornariam ao hotel onde se hospedaram.
O índice de clientes que não retornariam ficou em 7%, sendo:
- 4 clientes do Hotel A (representou 12,5% dos clientes pesquisados neste hotel);
- 2 clientes do Hotel E (representou 11,11% dos clientes pesquisados neste
hotel);
- 1 cliente do Hotel B (representou 16,67% dos clientes pesquisados neste hotel).
Gráfico 10: Reconhecimento dos funcionários
84%
15% 1% 0%Reconheço
Às vezes
Quase Nunca
Não Reconheço
Fonte: Araujo, 2007.
Do Gráfico 10 entende-se que 84% dos clientes pesquisados “reconhecem” o
bom trabalho dos funcionários da Rede Alfa. Outros 15% informaram que “às vezes”
reconhecem o bom trabalho dos funcionários. Apenas 1% dos pesquisados indicou que
“quase nunca” reconhecem o bom trabalho dos funcionários. Nenhum pesquisado
afirmou que “não reconhece” o bom trabalho dos funcionários.
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Gráfico 11: Avaliação global da qualidade no atendimento.
96%
4%
Sim
Não
Fonte: Araujo, 2007.
No Gráfico 11 entende-se que 96% dos clientes pesquisados atribuíram, de
forma global, qualidade no atendimento nos Hotéis da Rede Alfa. Dos 4% que não
atribuíram qualidade ao atendimento, 2 clientes se hospedaram no Hotel A (representou
6,25% dos clientes pesquisados neste hotel) e outros 2 se hospedaram no Hotel E
(representou 11,11% dos clientes pesquisados neste hotel).
Após a última pergunta do questionário aplicado, foi concedido espaço para o
hóspede apresentar sugestões gerais. 17% dos hóspedes pesquisados as apresentaram.
Abaixo, encontra-se a lista de sugestões:
a) Hotel B:
- Disponibilizar informações sobre turismo receptivo;
- Instalar suporte para toalha de rosto no banheiro.
b) Hotel G:
- Cuidado com o nível dos serviços prestados e apresentação dos
apartamentos;
- Melhorar serviço na portaria (ausência de funcionários).
c) Hotel A:
- Disponibilizar serviço de restaurante no período noturno;
- Aumentar o número de funcionários para agilizar alguns serviços
(principalmente camareiras).
d) Hotel C:
- Ampliar o cardápio para refeições 24h;
- Disponibilizar o telefone do hotel no sistema de informações da Embratel;
- Instalar espelho grande e elevado no quarto;
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- Melhorar as atividades extra-quarto, tais como: Fitness Center, Piscina e
Wellness.
e) Hotel E:
- Baixar o preço do estacionamento;
- Melhorar serviço de manobrista (muita demora);
- Disponibilizar para compra na recepção, água, refrigerante e balas;
- Maior variedade de produtos no café da manhã;
- Disponibilizar internet gratuita;
- Disponibilizar espaço para estacionar veículos que vão ao hotel para
buscar hóspedes.
RESULTADO
Com base na análise dos dados coletados, percebe-se que a maioria dos clientes
pesquisados avaliou os serviços prestados pelos Hotéis da Rede Alfa como excelentes
ou muito bons. Apesar disto, constata-se que a personalização dos serviços é de extrema
e justificada importância para o cliente e, ainda, que existem melhorias a serem
implementadas nos Hotéis da Rede Alfa com relação a esta característica, ou seja, a
maioria dos hóspedes tem a necessidade de um tratamento individualizado, bem como
serem percebidos, fazendo com que esses se sintam como se estivessem em seus
próprios lares. A implementação destas melhorias na personalização dos serviços,
certamente elevará o índice de superação das expectativas dos clientes e agregará valor
aos serviços prestados pelos Hotéis da Rede. De forma clara e sistemática, verifica-se
que existem oportunidades de melhoria nos serviços prestados pelos hotéis A e E, pois
apresentaram os índices mais baixos de: satisfação quanto ao atendimento;
recomendação do hotel para outros potenciais clientes; retenção do cliente pesquisado; e
qualidade global do atendimento.
Para o sucesso de um empreendimento, é necessário que haja uma preocupação
constante em treinar, capacitando os colaboradores, para que estes possam atender com
qualidade seus clientes, sendo assim, estes ficarão altamente satisfeitos e
consequentemente haverá a fidelização dos mesmos.
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Treinar, motivar e manter um permanente trabalho de informação aos
colaboradores é o objetivo primordial, praticado por alguns hotéis, que já
provaram que o sucesso das vendas está em saber atingir o cliente com
competência e qualidade, e isso é mais fácil com pessoal treinado, capacitado
e com suas necessidades satisfeitas, possibilitando, dessa forma, o uso de seu
potencial voltado unicamente à satisfação do cliente. Tudo deve ser de pleno conhecimento, inicialmente, do público interno, que se constitui no vendedor
nato do hotel. (VIERA, 2004, p. 83).
Segundo Kotler (2000), a satisfação pode ser mensurada em três níveis: os
insatisfeitos, satisfeitos e os altamente satisfeitos ou encantados. Os altamente
satisfeitos não são propensos a mudanças; os satisfeitos, caso apareça uma oferta
melhor, são mais sujeitos a mudanças. O encantamento do cliente gera um vínculo com
a empresa, ocorrendo a sua fidelização.
No mesmo contexto, dispõe Viera (2004, p. 41) que “[...] um hóspede
insatisfeito fala para dez pessoas, enquanto que o satisfeito fala para apenas três”.
Tomando-se como exemplo prático, um hotel que presta seus serviços a um grupo de
100 hóspedes, onde destes, 25 saiam insatisfeitos do hotel e os demais 75 hóspedes
deixem o hotel satisfeitos com os serviços prestados, ter-se-á no processo de divulgação
“boca-a-boca”, conforme exposto anteriormente, um número de pessoas que receberão
informações negativas acerca dos serviços deste hotel, maior que o número de pessoas
que receberão informações positivas. Mais precisamente, 250 pessoas receberão
referências negativas e 225 pessoas receberão referências positivas, apesar do número
de clientes satisfeitos ter sido três vezes maior que o número de clientes insatisfeitos.
Isto confirma, que a busca pela satisfação do cliente deve ser a essência na prestação de
serviços de um empreendimento hoteleiro.
Assim, percebe-se que para atingir a satisfação do cliente, é extremamente
necessário que esse perceba que suas necessidades e desejos foram supridos, para que
dessa forma, suas expectativas com relação à qualidade nos serviços prestados no hotel
sejam atendidas, fazendo com que esse cliente sempre retorne ao hotel e o indique para
outros potenciais clientes.
Especificamente no caso do Hotel A, ainda seria interessante uma ação de
melhoria em relação à comunicação clara do perfil desta unidade, evidenciando
previamente ao hóspede, os serviços disponibilizados, visando compatibilizar as
expectativas do cliente a estes serviços, minimizando possíveis falsas expectativas. Por
fim, recomendar-se-ia analisar detalhadamente as sugestões dadas pelos clientes, quanto
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Recebido: 12/08/2013 Received:08/12/2013
Aprovado: 09/09/2013 Approved: 09/09/2013