Quem Acredita Nos Gurus

7/26/2019 Quem Acredita Nos Gurus

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Revista Exame

QUEM ACREDITA NOSGURUS DA GESTO

Os editores do The Economist lanaram a polmica ao expor asfraquezas de um dos negcios mais atractivos deste final de sculo: a

indstria dos gurus. !uventude da ci"ncia da gest#o e a ansiedade

dos executivos explicam o seu florescimento. $e!a como ser mais

selectivo

Por John Micklethwait eAdrian Wooldride

As teorias de gesto esto a mudar as instituies, a linguagem e a vida das pessoas.

Em seu nome 43 milhes de empregos foram eliminados nos Estados Unidos nos ltimos! anos. "t# na paternalista "lemanha, a teoria do do$ns%ing levou ao desemprego 4milhes de pessoas em &''(, o valor mais alto de sempre desde a )egunda *uerra+undial. o -apo, pas do emprego para toda a vida, os tra/alhadores tempor0rios e emregime de part1time 20 representam um uarto da fora de tra/alho. o Reino Unido, h0(,( milhes de homens, desempregados desde &''!, e 3,' milhes de mulheres nessasituao.

Em todo o mundo os tra/alhadores no ualifiados sa/em ue podem ser despedidos aomnimo sinal de rise. E os gestores tornaram1se uma das profisses mais ameaadas.

os Estados Unidos era de tr5s uartos das empresas fi%eram reestruturaes nosltimos dois anos. Uma das mais dram0tias foi a da "66, em &''(, ue despediu 4! milpessoas. " notia hoou o mundo 20 ue a empresa at# estava em /oa situaofinaneira. 7epois dessa deiso a otao da "66 disparou na 8olsa. E o presidente 8o/"llen ganhou 9 milhes de d:lares om a operao. 6odos lura1 ram, menos as vtimasdos despedimentos.

" reengenharia foi um dos grandes respons0veis por esta onda sanguin0ria.Reeengineering the ;orporation, o livro ue lanou o novo oneito, vendeu mais de milhes de exemplares. < suesso foi tal ue os autores -ames ;hamp= e +ihael>ammer lanaram ada ual o seu livro ue tam/#m atingiu o top de vendas da 6he e$

?or@ 6imes. < movimento da reengenharia /enefiiou os neg:ios da onsultoria, dossemin0rios, dos ursos de formao, dos vdeos Afaa vo5 mesmoA e do ensino Baopassar a fa%er parte dos urrulos das melhores universidades de gestoC.

>o2e, 20 h0 sinais de um retroesso. +uitos autores ritiam a sua difiuldade deapliao e di%em tratar1se de do$nsi%ing disfarado.


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A! ra"#e! do $en%&eno

Drederi@ 6a=lor foi o pioneiro dos gurus. o prinpio do s#ulo riou o oneito deadministrao ientfia do tra/alho. < suesso do livro aumentou a sua arteira delientes, ue lhe pagavam 39 d:lares por dia B>enr= Dord foi um delesC. 7epois da

)egunda *uerra +undial, 7eming seguiu1lhe as pisadas ao introdu%ir o oneito deualidade total. "s suas t#nias de ontrolo de ualidade foram largamente reonheidasno -apo, a/rindo aminho a outro grande mestre da ualidade -oseph -uran. "t# oinsuspeito Peter 7ru@er foi ontratado por "lfred )loan para um tra/alho de onsultoriana *eneral +otors.

+as o interesse pelas teorias de gesto s: explodiu, em &'F!, devido a ausas omo aasenso nip:nia, a /anali%ao dos omputadores e as mudanas nas relaes detra/alho. Este foi o terreno ue proporionou a asenso de uma gerao de gurusliderados por 6om Peters, ue em &'F, lanou om Ro/ert Gaterman a o/ra a )endada Exel5nia. < livro vendeu mais de 9 milhes de exemplares, tornando os dois autores

milion0rios.

>o2e, nos Estados Unidos Bo maior onsumidor mundialC a indstria dos livros de gesto20 movimenta H9! milhes de d:lares. Este # apenas um lado visvel do ie/ergue ueinlui as universidades de gesto, os semin0rios, as onsultoras e at# a imprensaespeiali%ada. AEsta # uma indstria lurativa ue # imune aos ilos eon:mios."ntigamente apelava aos gestores ue ueriam su/ir nas arreiras, ho2e dirige1se aos uevivem em pInio de fiar para tr0sA, eslaree 6homas *errit=, deo da Gharton )hooJ.

Tr'! ne%cio! e& a!cen!(o

" indstria das teorias de gesto pode ser dividida em tr5s grandes grupos. < primeiro, #o dos onsultores. Emprega mais de &!! mil pessoas em todo o mundo e est0 a reserom o do/ro da rapide% do ue a eonomia mundial. " "ndersen ;onsulting lidera osetor om 3,9 mil milhes de d:lares de reeitas. +ais do ue a faturao on2unta dastr5s rivais Ernst K ?oung, 7eloitte K 6ouhe e ;oopers K J=/rand. o entanto, a maislurativa do setor # a +Linse= Bsegunda maior em reeitasC ue tem uma faturao de4(F mil d:lares por partner.


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Revie$ ontri/uem para divulgar pelo mundo as mais reentes teorias de gesto,promovendo os seus autores e as pr:prias esolas.

< tereiro grupo, # o dos hamados gurus da gesto. >0 mltiplas oportunidades para seenriueer neste neg:io. " mais :/via est0 em esrever um livro de gesto ue se

onsiga difereniar dos era de mil ue so lanados anualmente. " mais lurativa #,no entanto, a indstria de semin0rios. 6om Peters, um mestre nesta arte, ganha (! mild:lares por ada apresentao Be fa% era de (! por anoC. 6al omo a indstria de>oll=$ood, os gurus aproveitam o suesso de um livro para diversifiar o produto poruma s#rie de meios vdeoM 0udioM OnternetM e semin0rios. "lguns riam as suas pr:priasonsultoras aso de +ihael Porter, *ar= >amel, Rosa/eth +oss Lanter e -ohn La=. "t#a imprensa foi atingida pelo fen:meno.


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pode ser ignorada. >0, no entanto, ue tomar preaues uanto ao onsumo exageradode reeitas prontas.

Enuanto os eonomistas e os ientistas t5m de esperar d#adas para verifiar se as suasinvestigaes tiveram algum efeito pr0tio, as ideias dos gurus so testadas

imediatamente. "t# os mais influentes teori%adores da gesto admitem ue a i5niaainda est0 longe de ser respeit0vel. Por isso, Peter 7ru@er, o mais famoso dosinvestigadores, no gosta ue lhe hamem guru Buando o #, de fatoC. 6eme poder seronfundido om harlato. "t# nos Estados Unidos as esolas de gesto ainda so olhadasom alguma desonfiana pelas outras i5nias rivais.

o2e, o ilo de vida dos oneitosde gesto redu%iu1se de uma d#ada para um ano.


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identifiou 43 empresas de exel5nia. ;ino anos depois, dois teros dessas empresasestavam em difiuldades Baso da "tari, "von, Gang, 7u Pont e O8+C.

Para os gurus tam/#m no # f0il alimentar o ilo. Preisam de atuali%ar os asos deempresas e deso/rir novas ideias antes ue as anteriores entrem em delnio. -ulgamos,

no entanto, ue as rtias ao modismo falham o alvo prinipal. o # neessariamenteerrado experimentar novas ideias. "s empresas neessitam de exeritar regularmente osuadros om novas teorias Bve2a1se o suesso dos entros de formao riados por -a@Gelh, na *eneral EletriC. < pro/lema surge uando essas ideias so ontradit:rias. )ealguns autores di%em ue a soluo est0 na ualidade, ue salienta a importInia doontrolo e reduo de defeitos, outros insistem ue a vari0vel tempo # a mais importanteBo ue implia dar menor ateno ao ontrolo de ualidadeC.

6am/#m no h0 onsenso so/re se # mais importante ser glo/al ou loal, grande oupeueno, satisfa%er as neessidades dos aionistas ou dos empregados e lientes. "maioria dos autores aa/a por reomendar ue o melhor # fa%er am/as.

D,a! e!cola! e& con$ronto

"s ontradies so ainda mais graves uando envolvem as relaes entre a empresa e osempregados, u2os interesses so, em regra, divergentes. < ue as empresas fa%em para sesentir mais seguras Bdespedir pessoas, aumentar a flexi/ilidade la/oral, ou ter maisontratados a pra%oC # preisamente o ue fa% os tra/alhadores sentirem1se maisinseguros. a sua origem est0 uma onfuso inteletual ue a i5nia da gesto ainda noresolveu.


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passado. +uitas das suas premissas fundamentais ainda esto por ser esritas. " gestoainda aguarda por not0veis omo -ohn +a=nard Le=nes, Driedrih >a=e@ e +iltonDriedman. 6al omo no s#ulo xix uem ueria estudar Eonomia deveria ler as o/ras de"lfred +arshall, "dam )mith ou 7avid Riardo, tam/#m a gesto 20 deso/riu os seusfundadores os dois pioneiros "lfred )loan e Peter 7ru@er. Daltam mais nomes de

reonheido m#rito inteletual.

Dutro dos pro/lemas das teorias de gesto # a ansiedade dos gestores ue as enaramomo solues r0pidas para todos os males. +uitos s: reorrem a elas uando estodesesperados. < pInio leva1os a ter expetativas exageradas uanto sua efi0ia. )eestas falham no # 2usto ulpar a teoria, mas, sim, uem a exeuta. " ltima expliao #menos lisongeira para os gurus. " disiplina, tal omo a astrologia, # um aut5ntio manpara os harlates. S um neg:io promissor, sem /arreiras entrada, ue tem atradopretensos vision0rios, ue so falsos profetas.

+as, apesar dos naturais exessos de 2uventude, a disiplina 20 gerou um on2unto de

ideias ue funiona. os anos F!, as empresas 2aponeses ilindraram os norte1amerianosdevido sua aposta na ualidade total. Eles usaram as ideias de 7eming e -uran parariar o poderoso oneito de lean prodution. Oroniamente os norte1amerianos sou/eramreimport01lo para se vingar dos nip:nios das derrotas sofridas no setor autom:vel.

Em suma, no temos dvidas ue em ualuer su/0rea da teoria da gesto # possvelenontrar ideias laras e oerentes. < pro/lema est0 em deso/rir a agulha Bas lies dosverdadeiros gurusC do enorme palheiro de ideias oas.

Cr"tica! certeira! e de&olidora!...

A): os paran:ios so/revivem.A

Titulo do ltimo livro de Andy Grove, presidente da Intel

A Em m#dia, as empresas usam &4 das 9 t#nias de gesto mais omuns. ): H dos gestoresareditam ue usando as t#nias ertas tero mais hip:teses de ser /em suedidosM e H! 2ulgam ue essast#nias prometem mais do ue umpremA.

Estudo da Bain & Company, Abril de 1996

A *uruQ "ndam por a aos pontap#s. +uito do ue di%em # demasiado :/vio.


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T"e E!onomist, +ero de 199$

;ondensado de The Witch Doctor!+a@ing )ense of the +anagement *urus, de -ohn +i@leth$ait e "drian Gooldridge V &''( 6he 6imes8usiness. Usado om permisso. "daptado por -aime Didalgo ;ardoso.John Micklethwait# editor de gesto do 6he Eonomist e respons0vel pela delegao de Jos "ngeles. *anhou o Ginott "$ard de 2ornalismofinaneiro.

Adrian Wooldride # orrespondente do 6he Eonomist para as 0reas de gesto e o autor do livro +easuring the +ind..
http://www.centroatl.pt/edigest/edicoes/ed33sum.html

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