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Rodada 36.20161. (Emagis) No que se refere aos tribunais de contas, julgue os itens que se seguem:I. Cada município com mais de duzentos mil habitantes, através de sua lei orgânica, pode criarum tribunal de contas próprio.II. Ao apreciar as contas dos prefeitos municipais, e desde que a câmara de vereadores siga orelatório do tribunal de contas competente, estará ela dispensada da oitiva do prefeitointeressado.III. Consolidou-se no Supremo Tribunal Federal a tese de que quem aprecia as contas doprefeito municipal, enquanto ordenador de despesas é o próprio tribunal de contas competente,desde que a câmara de vereadores deixasse passar em branco o prazo para se manifestarsobre a referida prestação de contas.São verdadeiros os itens:

a) I e II.b) II e III.c) I e III.d) Nenhum dos itens.e) Todos os itens.

Comentários

I. Incorreto. Na verdade somente os municípios que já tinham tribunais decontas próprios antes da CF de 1988 podem tê-los individualmente. Osestados podem criar tribunais de contas municipais, mas estes examinam ascontas de todos os municípios daquele estado federado: “A Constituição daRepública impede que os Municípios criem os seus próprios Tribunais,Conselhos ou órgãos de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permiteque os Estados-membros, mediante autônoma deliberação, instituam órgãoestadual denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ135/457, Rel. Min. Octavio Gallotti – ADI 445/DF, rel. min. Néri da Silveira),incumbido de auxiliar as Câmaras Municipais no exercício de seu poder decontrole externo (CF, art. 31, § 1º).” (ADI 687, rel. min. Celso de Mello,julgamento em 2-2-1995, Plenário, DJ de 10-2-2006.)II. Incorreto. A falta decontraditório efetivo no exame das contas dos Prefeitos Municipais invalidaqualquer sanção administrativa que daí decorra por ferir os direitosconstitucionais do indigitado prefeito: “O controle externo das contasmunicipais, especialmente daquelas pertinentes ao chefe do Poder Executivolocal, representa uma das mais expressivas prerrogativas institucionais daCâmara de Vereadores, que o exercerá com o auxílio do Tribunal de Contas(CF, art. 31). Essa fiscalização institucional não pode ser exercida, de modoabusivo e arbitrário, pela Câmara de Vereadores, eis que – devendo efetivar-se no contexto de procedimento revestido de caráter político-administrativo –está subordinada à necessária observância, pelo Poder Legislativo local, dospostulados constitucionais que asseguram, ao prefeito municipal, a

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prerrogativa da plenitude de defesa e do contraditório. A deliberação daCâmara de Vereadores sobre as contas do chefe do Poder Executivo local háde respeitar o princípio constitucional do devido processo legal, sob pena dea resolução legislativa importar em transgressão ao sistema de garantiasconsagrado pela Lei Fundamental da República.” (RE 682.011, rel. min.Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 8-6-2012, DJE de 13-6-2012)III. Incorreto. Na verdade a competência para a apreciação das contasdo prefeito municipal segue sendo da câmara, ainda que o prazo sejaexcedido para esta apreciação. O parecer do tribunal de contas tem carátermeramente opinativo: "O parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contastem natureza meramente opinativa, competindo exclusivamente à Câmara deVereadores o julgamento das contas anuais do Chefe do Poder Executivolocal, sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo.Essa a tese fixada por decisão majoritária do Plenário em conclusão dejulgamento de recurso extraordinário no qual se discutia a competênciaexclusiva da câmara municipal para o julgamento das contas de prefeito e,por consequência, a natureza jurídica do parecer prévio do tribunal de contas— v. Informativos 833 e 834. Vencidos os Ministros Roberto Barroso, EdsonFachin e Rosa Weber, que acresciam à tese a seguinte expressão: “Éinconstitucional a prática dos órgãos legislativos de não julgar essas contasem prazo razoável, quando sobre elas já tenha sido emitido o parecer doTribunal de Contas”. Vencido, também, o Ministro Luiz Fux ao fundamento deque, diante da omissão da câmara municipal, prevaleceria o parecer préviodo tribunal de contas". RE 729744/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.8.2016.(RE-729744)Resposta "d".

2. (Emagis) A propósito do direito constitucional à saúde, considerada a jurisprudênciarecentemente assentada pelo Supremo Tribunal Federal, marque a alternativa INCORRETA.

a) É inconstitucional regra que impõe, previamente à internação hospitalar do usuário doserviço de saúde no âmbito do SUS, a sua previa triagem em postos de saúde do sistema,havendo ofensa ao direito de integral assistência à saúde. b) É constitucional regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em acomodação comnível superior de conforto mediante pagamento do usuário do serviço público, sob pena deofensa, entre outros, ao princípio da igualdade. c) É constitucional regra que veda, no âmbito do SUS, o atendimento por médicodeterminado (da confiança do paciente) integrante do SUS mediante pagamento dousuário do serviço público, sob pena de ofensa, entre outros, ao princípio do tratamentoequânime. d) É constitucional regra que veda, no âmbito do SUS, o atendimento por médicodeterminado (da confiança do paciente) integrante da rede conveniada ao SUS mediantepagamento do usuário do serviço público, sob pena de ofensa, entre outros, ao princípiodo tratamento equânime.e) Não fere o direito à autonomia profissional do médico regra que veda, no âmbito doSUS, o direcionamento do atendimento do paciente a profissional de sua confiançamediante o pagamento da diferença de custos correlata.

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Comentários

A vedação à concessão de acomodações superiores no SUS mediantepagamento pelo usuário do serviço, foi validada pelo STF, eis que,chancelando-se a prática, patente seria a institucionalização da discriminaçãoem razão do dinheiro no SUS.

A vedação ao direcionamento do atendimento médico a profissionaldeterminado também foi validada. Não se vislumbrou violação à autonomiaprofissional do médico, posto que o princípio constitucional que rege seuatuar no SUS é o tratamento equânime e universal.

Já a triagem em postos de saúde previamente à internação hospitalar foivalidada.

Por um lado, sabe-se que leitos hospitalares na rede pública são escassos, arecomendar a mais eficiente gestão possível dos mesmos, isto é, suaafetação somente aos que deles necessitem.

Por outro, a internação imediata, sem triagem prévia, somente deveria serreservada para casos excepcionais, eis que, se tornada prática de rotina,subverteria a máxima de gestão supra, isto é, seriam concedidos leitos aquem não necessita (atendidos somente pela regra da prioridade) e seriamracionados de que realmente necessitasse.

Incorreta, portanto, apenas a alternativa ‘a.

A ementa consta do Clipping do Informativo n. 820 do STF:

RE N. 581.488-RS RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI EMENTA: DireitoConstitucional e Administrativo. Ação civil pública. Acesso de paciente àinternação pelo sistema único de saúde (SUS) com a possibilidade demelhoria do tipo de acomodação recebida e de atendimento por médico desua confiança mediante o pagamento da diferença entre os valorescorrespondentes. Inconstitucionalidade. Validade de portaria que exigetriagem prévia para a internação pelo sistema público de saúde. Alcance danorma do art. 196 da Constituição Federal. Recurso extraordinário a que senega provimento. 1. É constitucional a regra que veda, no âmbito do SistemaÚnico de Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como oatendimento diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde(SUS) ou por conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valorescorrespondentes. 2. O procedimento da “diferença de classes”, tal qual oatendimento médico diferenciado, quando praticados no âmbito da redepública, não apenas subverte a lógica que rege o sistema de seguridadesocial brasileiro, como também afronta o acesso equânime e universal àsações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, violando,ainda, os princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana.Inteligência dos arts. 1º, inciso III; 5º, inciso I; e 196 da Constituição Federal.

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3. Não fere o direito à saúde, tampouco a autonomia profissional do médico,o normativo que veda, no âmbito do SUS, a assistência diferenciadamediante pagamento ou que impõe a necessidade de triagem dos pacientesem postos de saúde previamente à internação. 4. Recurso extraordinário aque se nega provimento.

Resposta: alternativa ‘a’.

3. (Emagis) Sobre o mandado de injunção coletivo, considerada a edição da Lei 13.300/16,marque a alternativa incorreta.

a) pode o Ministério Público promover mandado de injunção coletivo.b) o mandado de injunção coletivo pode ser promovido por partido político comrepresentação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades eprerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária.c) o mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais,mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer adesistência da demanda individual no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da ciênciacomprovada da impetração coletiva. d) o mandado de injunção coletivo pode ser promovido por organização sindical, entidadede classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um)ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor datotalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos edesde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.e) pode a Defensoria Pública promover mandado de injunção coletivo.

Comentários

Temos buscado esgotar os tópicos mais relevantes da Lei 13.300/16 emnossas questões, ante a relevância e a atualidade do tema. Recomendamos-lhe uma leitura atenta da lei, já que seguramente tem tudo para ser cobradanos próximos concursos.

Neste exercício, cobramos alguns pontos essenciais ao mandado de injunçãocoletivo.

O Ministério Público, de fato, detém legitimidade ativa para impetrar (ou"promover", como fala a lei) mandado de injunção coletivo. Para sermos maisespecíficos, essa legitimidade emerge quando a tutela requerida forespecialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regimedemocrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis. É o quedita o art. 12, I, da Lei 13.300/16, tornando correta a letra 'a'.

Certa, da mesma forma, a letra 'b'. A teor do inciso II do art. 12 do Diplomaem comento, o mandado de injunção coletivo pode ser promovido por partido

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político com representação no Congresso Nacional, para assegurar oexercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ourelacionados com a finalidade partidária.

Errada, por sua vez, a letra 'c', mais precisamente no prazo referido naassertiva. Sem dúvida, o mandado de injunção coletivo não induzlitispendência em relação aos individuais. Por outro lado, os efeitos da coisajulgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência dademanda individual no prazo de 30 dias (e não 60, como dito) a contar daciência comprovada da impetração coletiva. Inteligência do art. 13, parágrafoúnico, da Lei em foco.

De resto, a letra 'd' está em sintonia com o art. 12, III, certo que o mandadode injunção coletivo pode ser promovido por organização sindical, entidadede classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelomenos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades eprerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ouassociados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suasfinalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Já a letra 'e'escora-se no inciso IV desse mesmo art. 12, segundo o qual pode aDefensoria Pública impetrar mandado de injunção coletivo, quando a tutelarequerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanose a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma doart. 5º, LXXIV, da Carta Maior.

Resposta: alternativa 'c'.

4. (Emagis) A respeito da estabilidade excepcional concedida pela Constituição Federal aosservidores públicos não concursados (ADCT, artigo 19), considerada também a jurisprudênciado Supremo Tribunal Federal, marque a alternativa INCORRETA.

a) Aplica-se aos servidores da União, Estados e Municípios. b) Aplica-se aos servidores da administração direta, autárquica e das fundações públicas. c) Exige que o servidor beneficiário da estabilidade esteja, ao menos, há cinco anos emexercício na data da promulgação da Constituição Federal. d) Não se aplica aos ocupantes exclusivamente de cargo em comissão. e) Pode ser aplicada aos empregados de empresas públicas e sociedades de economiamista.

Comentários

Alternativas a, b, c e d. Corretas.

Os principais requisitos para a concessão da estabilidade são extraídos da

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literalidade do texto constitucional:

(i) âmbito da prestação do serviço – União, Estados e Municípios, além derespectivas autarquias e fundações;

(ii) requisito objetivo do tempo de serviço quando da promulgação daCF/1988 – ao menos 5 anos;

(i i i) requisito negativo – não ser pretenso beneficiário ocupanteexclusivamente de cargo do qual demissível ad nutum.

Éler o texto constitucional:

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e dasfundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição,há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos naforma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis noserviço público. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos,funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declarede livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os finsdo "caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor.

Alternativa e. Incorreta.

Da leitura do dispositivo constitucional supra, percebe-se a ausência dereferência às empresas estatais, posto que o dispositivo restringe-se à“administração direta, autárquica e fundações públicas.”.

Exatamente por isso, considera o STF inconstitucionais leis estaduais queestendam o benefício a empregados de empresas estatais.

A seguinte ementa consta do Clipping do Informativo n. 820:

ADI N. 1.301-RS RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO Ementa: DIREITOCONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE. ESTABILIDADE EXCEPCIONAL PARAS E R V I D O R E S P Ú B L I C O S C I V I S N Ã O C O N C U R S A D O S .IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO A EMPREGADOS DE EMPRESASPÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. PRECEDENTES. 1. AConstituição Federal de 1988 exige que a investidura em cargos ouempregos públicos dependa de aprovação prévia em concurso público deprovas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ouemprego, na forma prevista na lei, ressalvadas as nomeações para cargo emcomissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração (art. 37, II,CF/88). 2. O constituinte originário inseriu norma transitória criando uma

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estabilidade excepcional para servidores públicos civis não concursados daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administraçãodireta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data dapromulgação da Constituição, que contassem com pelo menos cinco anosininterruptos de serviço público (art. 19 do ADCT), não estando incluídos naestabilidade os empregados das sociedades de economia mista e dasempresas públicas. 3. A jurisprudência desta Corte tem consideradoinconstitucionais normas estaduais que ampliam a exceção prevista no art.19 do ADCT a empregados de empresas públicas e sociedades de economiamista. Nesse sentido: ADI 498, Rel. Min. Carlos Velloso; ADI 2.689, Rel.ªMin.ª Ellen Gracie; ADI 100, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie; ADI 125, Rel. Min.Sepúlveda Pertence, entre outros. 4. Ação direta de inconstitucionalidadeprocedente.

Resposta: alternativa ‘e’.

5. (Emagis) No que se refere ao poder de polícia da Administração, mais detidamente ao poderde impor multa, julgue os itens que se seguem:I. O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) tem competência para autuare aplicar sanções por excesso de velocidade em rodovias e estradas federais.II. As infrações ao direito do consumidor podem ser deduzidas a partir de ilações de princípiospelos agentes competentes sem a necessidade, segundo o STJ de específica previsão edescrição em lei da conduta abusiva a ser multada.III. As multas impostas pelo poder público prescrevem na forma do que disposto na lei civil paraa responsabilidade civil pela prática de ilícito. Prescrevem, portanto, em três anos.São verdadeiros os itens:

a) I e II.b) II e III.c) I e III.d) I.e) Todos os itens.

Comentários

I. Correto. O poder de polícia, e, dentro dele, o de impor multa, implicarestrições às liberdades individuais dos cidadãos, direito de ir e vir, patrimônioe etc. A restrição ao campo da licitude deve ser imposta por lei em sentidoformal. A questão é saber se há lei permitindo ao DNIT que fiscalize eimponha multa por infrações de trânsito. Há, disse o STJ: " O art. 82, § 3°, daLei n. 10.233/2001, ao estabelecer as atribuições do DNIT, prevê que: "É,ainda, atribuição do DNIT, em sua esfera de atuação, exercer, diretamente oumediante convênio, as competências expressas no art. 21 da Lei nº 9.503, de

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1997, observado o disposto no inciso XVII do art. 24 desta Lei." Dentre ascompetências previstas aos órgãos e entidades executivos rodoviários peloart. 21 da Lei n. 9.503/1997 (CTB), seu inciso VI determina de forma clara:"Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de suacircunscrição: [...] VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar aspenalidades de advertência, por escrito, e ainda as multas e medidasadministrativas cabíveis, notificando os infratores e arrecadando as multasque aplicar." Portanto, a conjugada exegese que se extrai dos mencionadosdispositivos legais direciona no sentido de que o DNIT detém competênciapara aplicar multa por excesso de velocidade. Precedente citado: REsp1.592.969-RS, Segunda Turma, DJe 25/5/2016". REsp 1.583.822-RS, Rel.Min. Sérgio Kukina, julgado em 23/6/2016, DJe 30/6/2016.II. Incorreto. Maisuma vez observando o princípio da legalidade, o STJ tem exigido a previsãolegal da hipótese de infração à legislação consumerista a fim de que seimponha a multa: "O procedimento administrativo pelo qual se impõe multa,no exercício do Poder de Polícia, em decorrência da infringência a norma dedefesa do consumidor deve obediência ao princípio da legalidade. Édescabida, assim, a aplicação de sanção administrativa à conduta que nãoestá prevista como infração. 2. Recurso ordinário provido". (STJ - RMS:19510 GO 2005/0004710-8, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,Data de Julgamento: 20/06/2006, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data dePublicação: DJ 03/08/2006 p. 202)III. Incorreto. A legislação para o entepúblico é específica. A regulação para o tema da prescrição deve se socorrerde próprio sistema normativo do direito administrativo, de modo que aprescrição para a cobrança de multas administrativas é de cinco anos comopacificado pelo STJ: A sanção administrativa é consectário do Poder dePolícia regulado por normas administrativas. A aplicação principiológica daisonomia, por si só, impõe a incidência recíproca do prazo do Decreto20.910/32 nas pretensões deduzidas em face da Fazenda e desta em face doadministrado. 2. Deveras, no afã de minudenciar a questão, a Lei Federal9.873/99 que versa sobre o exercício da ação punitiva pela AdministraçãoFederal colocou um pá de cal sobre a questão assentando em seu art. 1ºcaput: "Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração PúblicaFederal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurarinfração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, nocaso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado." (STJ - REsp: 1057754 SP 2008/0105563-5, Relator: Ministro LUIZ FUX, Datade Julgamento: 23/03/2010, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:DJe 14/04/2010)Resposta "d".

6. (Emagis) Sobre a perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio do agentede improbidade administrativa como uma das providências impostas na sentença condenatória,marque a alternativa INCORRETA.

a) No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público os bens ou valoresacrescidos ao seu patrimônio.b) No caso de enriquecimento ilícito, perderá o terceiro beneficiário os bens ou valores

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acrescidos ao seu patrimônio.c) A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perdados bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conformeo caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.d) Não se aplica a condenação caso a vantagem indevida seja obtida por prestaçãonegativa. e) Pode ser aplicada cumulativamente com outras sanções previstas na Lei 8.429/1992.

Comentários

Alternativas a e b. Corretas.

De fato, em explicitação que já decorreria do artigo 3º, o artigo 6º da Lei8.429/1992 expressa que tanto o agente público quanto o terceiro beneficiárioestão sujeitos à perda dos bens ilicitamente acrescidos:

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do atode improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público outerceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

Alternativa c. Correta.

A destinação consta do artigo 18 da Lei 8.429/1992:

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano oudecretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento oua reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídicaprejudicada pelo ilícito.

Alternativa d. Incorreta.

Na verdade, se a prestação negativa é uma das formas de enriquecimentoilícito, conforme já explorado em rodada anterior deste Curso, nada maisnatural do que também ela sujeitar-se à sanção de perdimento de bensilícitos.

Édizer, “ainda que a vantagem indevida seja obtida por intermédio deprestação negativa, a qual evitará que o ímprobo realize qualquer dispêndiode ordem financeira para saldar determinadas obrigações (...) deve o proveitoauferido ser financeiramente estimado, culminando com a verificação donumerário que o ímprobo efetivamente poupou e a ulterior condenação derestituir o valor apurado” (Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves,

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Improbidade Administrativa, 8ª edição, 2014, página 642).

Alternativa e. Correta.

A autorização é expressa no artigo 12 da LIA:

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativasprevistas na legislação específica, está o responsável pelo ato deimprobidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadasisolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009). I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidosilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver,perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos,pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial eproibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ouincentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que porintermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo dedez anos; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dosbens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer estacircunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos decinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor dodano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ouincentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que porintermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo decinco anos; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver,perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cincoanos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneraçãopercebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público oureceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ouindiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sóciomajoritário, pelo prazo de três anos. Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levaráem conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonialobtido pelo agente.

Resposta: alternativa ‘d’.

7. (Emagis) Em relação à chamada "Lei Anticorrupção", marque a alternativa correta.

a) a lei em foco dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoasfísicas ou jurídicas pela prática de atos contra a administração pública.b) aplica-se a chamada "teoria da dupla imputação", de modo que a responsabilização dapessoa jurídica pressupõe a das pessoas naturais que praticaram os atos questionados.

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c) subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,transformação, incorporação, fusão ou cisão societária. Não obstante, nas hipóteses defusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação depagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimôniotransferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas na Lei em teladecorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto nocaso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.d) as sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivocontrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atosprevistos nessa Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento demulta, reparação integral do dano causado e, se for o caso, proibição de receberincentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidadespúblicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público.e) a lei em foco não se aplica diante de atos praticados contra a administração públicaestrangeira.

Comentários

Errada a letra 'a'. Em realidade, "Esta Lei dispõe sobre a responsabilizaçãoobjetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contraa administração pública, nacional ou estrangeira" (art. 1º, caput). Para esseefeito, consideram-se inclusive as sociedades empresárias e as sociedadessimples, personificadas ou não, independentemente da forma de organizaçãoou modelo societário adotado, bem como quaisquer fundações, associaçõesde entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filialou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito,ainda que temporariamente (art. 1º, parágrafo único). Não contempla, porém,atos de pessoas naturais, para as quais há outras formas deresponsabilização (penal, por improbidade administrativa, civil, etc.).

Errada, também, a letra 'b'. Deixa claro o art. 3º, caput, que aresponsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individualde seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora,coautora ou partícipe do ato ilícito. Lado outro, a pessoa jurídica seráresponsabilizada independentemente da responsabilização individual dessaspessoas naturais (cf. art. 3º, § 1º). Logo, a chamada "teoria da duplaimputação" - que afirma ser necessário imputar conjuntamente a pessoajurídica e também a pessoa física que praticou efetivamente a conduta - nãotem pertinência sob as lentes da Lei Anticorrupção (aliás, mesmo em matériade crimes ambientais, de onde brotara, está em franco desprestígio).

Tudo certo, de sua parte, quanto à letra 'c'. Com efeito, subsiste aresponsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,transformação, incorporação, fusão ou cisão societária. É o que prevê o art.4º, caput. Sem embargo, dispõe o seu § 1º que, nas hipóteses de fusão eincorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação depagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite dopatrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstasna Lei em tela decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão

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ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude,devidamente comprovados.

Para finalizar, o erro da letra 'd' estava em sua parte final. Consoante o § 2ºdo art. 4º, as sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbitodo respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveispela prática dos atos previstos nessa Lei, restringindo-se tal responsabilidadeà obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado -não se aplica neste caso, portanto, a proibição de receber incentivos,subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidadespúblicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poderpúblico. Já no que concerne à letra 'e', o art. 1º, caput, acima transcrito, nãodeixa dúvidas quanto à aplicabilidade da Lei mesmo diante de atos cometidoscontra a administração pública estrangeira; logicamente, contudo, não emqualquer situação, o que seria absurdo (por exemplo, autoridades brasileirasinvestigando atos praticados por ingleses em Londres contra a administraçãodaquele país). Daí aclarar o § 1º do art. 5º que se considera administraçãopública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou representaçõesdiplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo,bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelopoder público de país estrangeiro.

Resposta: alternativa 'c'.

8. (Emagis) No que se refere ao estudo da competência no processo civil, inclusive quando damudança dela julgue os itens que se seguem:I. A jurisprudência do STJ tem entendido de modo pacífico que a interposição em juízoabsolutamente incompetente de ação, desde que o rito entre o juízo incompetente e o do juízocompetente sejam incompatíveis pelo fato de o processo em um dos casos ser eletrônico,implica a extinção do feito em lugar da remessa ao juízo competente.II. Somente será admissível a assunção de competência por órgão especial do tribunal deapelação, remessa obrigatória ou processo de competência originária que, além de envolverrelevante questão de direito, com grande repercussão social, tenha esta mesma questão dedireito repetida em múltiplos processos.III. Havido o deslocamento da competência mencionado no item anterior, o julgamento que aí sefizer passa a ser de observância obrigatória dos órgãos fracionários do tribunal e dos juízes aele vinculados.São verdadeiros os itens:

a) I e II.b) II e III.c) I e III.d) III.e) Todos os itens.

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Comentários

I. Incorreto. Na verdade a jurisprudência do STJ tem entendido que aextinção do feito em tais casos dificulta o acesso à justiça, princípio de ordemconstitucional, e viola a lei, uma vez que o comando legislativo específicodetermina a remessa e não excepciona a hipótese de incompatibilidade entresistemas: "Implica indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional adecisão que, após o reconhecimento da incompetência absoluta do juízo, emvez de determinar a remessa dos autos ao juízo competente, extingue o feitosem exame do mérito, sob o argumento de impossibilidade técnica doJudiciário em remeter os autos para o órgão julgador competente, ante asdificuldades inerentes ao processamento eletrônico. De fato, a declaração deincompetência absoluta do juízo tem por consequência a remessa dos autosàquele competente para a apreciação da lide, consoante disposto nalegislação processual civil. Nesse contexto, o legislador reconheceu anecessidade de serem observados os princípios da celeridade e economiaprocessual, sendo desnecessário o ajuizamento de uma nova ação, comtodos os custos a ela inerentes. Diante disso, o argumento de impossibilidadetécnica do Judiciário em remeter os autos para o juízo competente, ante asdificuldades inerentes ao processamento eletrônico, não pode ser utilizadopara prejudicar o jurisdicionado. Precedente citado: REsp 1.091.287-RS,Quarta Turma, DJe 19/11/2013". REsp 1.526.914-PE, Rel. Min. Diva Malerbi(Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 21/6/2016,DJe 28/6/2016.II. Incorreto. A letra do novo Código de Processo Civilpossibilita o deslocamento da competência de turma para órgão especial dotribunal desde que a questão seja juridicamente relevante com granderepercussão social, mas não exige que seja objeto de repetição em múltiplosprocessos: Art. 947. É admissível a assunção de competência quando ojulgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo decompetência originária envolver relevante questão de direito, com granderepercussão social, sem repetição em múltiplos processos.III. Correto. Onovo código segue a tendência de aproximar o nosso direito da observânciade precedentes. Assim NCPC: Art. 947. § 3o O acórdão proferido emassunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários,exceto se houver revisão de tese.Resposta "d".

9. (Emagis) Sobre a cumulação de pedidos no Processo Civil, avalie as assertivas que seguem.I – No CPC/2015 não consta expressamente a competência do juízo para conhecer dos pedidoscumulados como requisito da cumulação.II – Sendo o juízo absolutamente incompetente para um dos pedidos cumulados, não deve, emrelação a este, desmembrar o feito.III – Sendo o juízo absolutamente incompetente para um dos pedidos cumulados, deve, emrelação a este, extinguir o processo sem julgamento do mérito.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e III

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c) II e IIId) Todase) Nenhuma

Comentários

Item I. Incorreta.

A exigência consta expressamente do artigo 327, §1º, II, do CPC/2015,litteris:

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu,de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.§1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

Itens II e III. Corretos.

Expôs-se jurisprudência já antiga do STJ (Resp 837.702, 1ª Turma, DeniseArruda, DJe 03/12/2008):

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CUMULAÇÃO DE PEDIDOSQUE ABRANGEM COMPETÊNCIA DE JU ÍZOS D IST INTOS.DESMEMBRAMENTO DO FEITO. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DOPRINCÍPIO CONTIDO NA SÚMULA 170/STJ.1. A orientação desta Corte é no sentido de que, "havendo cumulação depedidos e diversidade de jurisdição, caberá ao juiz, onde primeiro foi ajuizadaa ação, decidi-la nos limites de sua jurisdição" (CC 8.560/DF, 3ª Seção, Rel.Min. Assis Toledo, DJ de 9.10.1995), "sem prejuízo de que a parte promovano juízo próprio a ação remanescente" (CC 5.710/PE, 3ª Seção, Rel. Min.José Dantas, DJ de 6.9.1993). Assim, no âmbito do processo civil, "reunindoa inicial duas lides, para cujo julgamento são absolutamente competentesdistintos ramos do judiciário, há que se declarar a impossibilidade dacumulação, não se podendo decidi-las em um mesmo processo" (CC1.250/MS, 2ª Seção, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJ de 4.3.1991). A TerceiraSeção/STJ consolidou esse entendimento na Súmula 170/STJ.2. Desse modo, se na demanda há cumulação de pedidos, em relação aosquais a competência do juízo onde foi ajuizada não abrange todos eles,impõe-se o exame da lide, nos limites da respectiva jurisdição, com aconseqüente extinção do processo, sem resolução do mérito, na parte queextrapola tais limites, sem prejuízo da propositura de nova ação, no juízoadequado, em relação à parte não apreciada. Nessa situação, não há falarem desmembramento do feito.3. Recurso especial provido.

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Resposta: alternativa ‘c’.

10. (Emagis) Ainda sobre a cumulação de pedidos no Processo Civil, marque a alternativaCORRETA.

a) O CPC/2015 extinguiu a compatibilidade dos pedidos como requisito para a cumulação. b) O CPC/2015 manteve a compatibilidade dos pedidos como requisito para a cumulaçãoprópria, extinguindo o requisito para os casos de cumulação imprópria.c) O CPC/2015 manteve a compatibilidade dos pedidos como requisito para a cumulaçãoimprópria, extinguindo o requisito para os casos de cumulação própria.d) O CPC/2015 mantém a compatibilidade dos pedidos como requisito tanto para acumulação própria quanto para a cumulação imprópria.e) O CPC não trata da compatibilidade dos pedidos como requisito para a cumulação.

Comentários

“O artigo 292, §1º, I, do CPC/1973, previa que os pedidos não poderiam serincompatíveis entre si, mas essa exigência só era aplicável às espécies decumulação própria (simples e sucessiva). Na realidade, não há problema emcumular pedidos incompatíveis; o problema existe na concessão de pedidosincompatíveis, de forma que nas espécies de cumulação imprópria(subsidiária/eventual e alternativa), que se caracterizam pela possibilidade deconcessão de apenas um dos pedidos cumulados, não haverá nenhumproblema na incompatibilidade dos pedidos. Sabendo-se de antemão que oautor, na melhor das hipóteses, receberá somente um dos pedidosformulados, a exigência legal deve ser afastada.

O Novo Código de Processo Civil foi extremamente feliz em prever em seuartigo 325, §3º (na redação final: artigo 327, §3º - destaque nosso), ainaplicabilidade dessa exigência para a espécie de cumulação prevista artigo324 (na redação final: artigo 326 – destaque nosso), que versa justamentesobre as duas hipóteses de cumulação imprópria (subsidiária e alternativa).”(Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil –Volume Único, 7ª edição, 2015, página 139).

Correta, portanto, a alternativa ‘b’.

Veja a redação dos precitados dispositivos legais:

Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim deque o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, paraque o juiz acolha um deles.

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu,

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de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.§1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:I - os pedidos sejam compatíveis entre si;§3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata oart. 326.

Resposta: alternativa ‘b’.

11. (Emagis) A respeito das regras especiais de competência territorial para as ações contra réuausente e réu incapaz, avalie as assertivas que seguem.I – Tanto no CPC/1973 quanto no CPC/2015, é o juízo do foro do último domicílio do ausente ocompetente para as ações contra ele ajuizadas.II – No CPC/1973, é o juízo do foro do domicílio do representante do incapaz o competente paraas ações contra este ajuizadas.III – No CPC/2015, sendo relativa a incapacidade, é o juízo do foro do domicílio do próprioincapaz o competente para as ações contra este ajuizadas.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e IIIc) II e IIId) Todase) Nenhuma

Comentários

Item I. Correta.

A regra consta do artigo 97 do CPC/1973.

De fato, “trata-se de falso foro especial de competência territorial,considerando-se que o domicílio do ausente é justamente o de seu últimodomicílio. (...). No artigo 49 do Novo CPC são repetidas as regras jáexistentes no artigo 97 do CPC/1973, no tocante à ação em que o ausente forréu.” (Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil –Volume Único, 7ª edição, 2015, página 175).

Veja ambos os dispositivos:

Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu últimodomicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, apartilha e o cumprimento de disposições testamentárias.

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Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu últimodomicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha eo cumprimento de disposições testamentárias.

Item II. Correto.

Éver o artigo 98 do CPC/1973 (também tido como ‘falso foro territorialespecial):

Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicíliode seu representante.

Item III. Incorreto.

Na verdade, “o artigo 50 do Novo CPC (...) praticamente copia o artigo 98 doCPC/1973, apenas incluindo o foro do domicílio do assistente comocompetente junto ao foro do representante, passando o legislador aconsiderar a diferença entre a incapacidade relativa e absoluta para fins decapacitação para o incapaz estar em juízo.” (Op. cit., página 175):

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicíliode seu representante ou assistente.

Resposta: alternativa ‘a’.

12. (Emagis) A respeito da competência territorial nas ações em que o espólio for réu, marque aalternativa INCORRETA.

a) Tanto no CPC/1973 quanto no CPC/2015 é, em regra, do foro do local do autor daherança. b) No CPC/2015 é, nos casos em que o autor da herança não tenha domicílio certo, doforo da situação dos bens imóveis. c) No CPC/1973 é, nos casos em que o autor da herança não tenha domicílio certo, doforo da situação dos bens. d) No CPC/1973 é, nos casos em que o autor da herança não tenha domicílio certo etenha bens em locais distintos, do foro do local do óbito. e) No CPC/2015 é, nos casos em que o autor da herança não tenha domicílio certo etenha bens em locais distintos, do foro do local do óbito.

Comentários

Alternativa a. Correta.

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Trata-se de regra depreendida tanto do artigo 96, caput, do CPC/1973,quanto do artigo 48, caput, do CPC/2015:

Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competentepara o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições deúltima vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbitotenha ocorrido no estrangeiro.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competentepara o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições deúltima vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e paratodas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido noestrangeiro.

Alternativas b e c. Corretas.

De fato, lendo-se o artigo 96, parágrafo único, I, do CPC/1973, em cotejo como artigo 48, parágrafo único, I, do CPC/2015, percebe-se ligeira alteraçãopara o caso de autor da herança sem domicílio certo: no primeiro, era o foro“da situação dos bens” e, no segundo, passa a ser o foro “da situação dosbens imóveis”.

Compare:

Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competentepara o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições deúltima vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbitotenha ocorrido no estrangeiro.Parágrafo único. É, porém, competente o foro:I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competentepara o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições deúltima vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e paratodas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido noestrangeiro.Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, écompetente:I - o foro de situação dos bens imóveis;

Alternativa d. Correta. Alternativa e. Incorreta.

De fato, o CPC/1973, artigo 96, parágrafo único, II, definia, para os casos deautor da herança sem domicílio certo e bens em locais diversos, o foro o localdo óbito como competente.

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Tratava-se de disposição criticada “porque o local do óbito pode ser diversodos locais em que o de cujus tinha bens; teria sido melhor a previsão de foroconcorrente entre os lugares onde houvesse bens do falecido” (DanielAmorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil – VolumeÚnico, 7ª edição, 2015, página 172).

Pois foi exatamente acolhendo essa crítica que o CPC/2015, artigo 48,parágrafo único, II, passou a definir, para os casos de autor da herança semdomicílio certo e bens em locais diversos, o foro o local de qualquer dos benscomo o competente.

Compare:

Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competentepara o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições deúltima vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbitotenha ocorrido no estrangeiro.Parágrafo único. É, porém, competente o foro:II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicíliocerto e possuía bens em lugares diferentes.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competentepara o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições deúltima vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e paratodas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido noestrangeiro.Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, écompetente:I - o foro de situação dos bens imóveis;II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens doespólio.

Resposta: alternativa ‘e’.

13. (Emagis) Julgue os itens a seguir, com base na Lei 13.105/15 (Novo CPC).I - O Novo CPC não acolheu, expressamente, a técnica processual do julgamento antecipadoparcial de mérito.II - Prolatada a decisão de saneamento e de organização do processo, as partes têm o direitode pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual adecisão se torna estável.III - As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual dasquestões de fato e de direito relevantes para a decisão de mérito, a qual, se homologada,vincula as partes e o juiz.Estão corretos somente os itens:

a) I e II.

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b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.

Comentários

Há engano no item I. De fato, o novo CPC acolheu expressamente a técnicaprocessual do julgamento antecipado parcial de mérito, contemplada no art.356, in verbis:

"Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dospedidos formulados ou parcela deles:I - mostrar-se incontroverso;II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355"

Certo, por sua vez, o item II. Segundo o art. 357, § 1º, do CPC, depois deprolatada a decisão de saneamento e de organização do processo as partestêm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comumde 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.

Por fim, o item III também não apresenta qualquer equívoco. De acordo como art. 357, § 2º, as partes podem apresentar ao juiz, para homologação,delimitação consensual das questões de fato e de direito relevantes para adecisão de mérito, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz. Maisuma prescrição orientada pelo princípio da cooperação, envolvendo negócioprocessual entre as partes.

Como se viu, somente os itens II e III estavam corretos.

Resposta: alternativa 'c'.

14. (Emagis) A respeito do chamado "saneamento e organização do processo", marque aalternativa que, à luz do Novo CPC, encontra-se incorreta.

a) se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, poderá o juizdesignar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes,oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecersuas alegações.b) caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazocomum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol detestemunhas.c) o número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), nomáximo, para a prova de cada fato.d) o juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade dacausa e dos fatos individualmente considerados.

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e) as pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre asaudiências.

Comentários

O erro da letra 'a' é sutil. Mas, com ele, queremos destacar, a um só tempo,tanto a novidade encerrada na regra do art. 357, § 3º, do CPC, quanto o seucaráter cogente (ainda que, logicamente, haja certa margem dediscricionariedade no reconhecimento de causa que apresente"complexidade"). Eis o que diz esse interessante preceito: "Se a causaapresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juizdesignar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com aspartes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes aintegrar ou esclarecer suas alegações". Como se percebe, a regra é cogente:DEVERÁ. A letra 'a', porém, trazia a indicação de uma faculdade: PODERÁ.Desse modo, era a alternativa a ser assinalada, posto equivocada.

Vejamos as demais alternativas, que também relembram regras relevantes.

Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixaráprazo comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentemrol de testemunhas, conforme apregoa o art. 357, § 4º, do CPC. O número detestemunhas arroladas, nesse caso, não pode ser superior a 10 (dez), sendo3 (três), no máximo, para a prova de cada fato (art. 357, § 6º); sem embargo,o juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta acomplexidade da causa e dos fatos individualmente considerados (art. 357, §7º). Tudo certo, pois, com as letras 'b', 'c' e 'd'. No mais, vem a polêmicadeterminação do art. 357, § 9º, exigindo que as pautas sejam preparadascom intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências, algo que, aomenos até aqui, não vinha sendo observado na prática forense.

Resposta: alternativa 'a'.

15. (Emagis) A respeito das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras integrantes doSistema Financeiro Nacional, avalie as assertivas que seguem.I – Caso omissa a pactuação do quantum da taxa no contrato, aplica-se o percentual de 12% aoano.II – Caso o contrato bancário não seja juntado aos autos, aplica-se a taxa média de mercado.III – Reconhecida a abusividade da taxa de juros, deve ser, declarando-se nula a cláusulacontratual correlata, aplicada a taxa média de mercado.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e IIIc) II e IIId) Todas

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e) Nenhuma

Comentários

Item I. Incorreta. Item II. Correto.

Embora a tese posta no item I seja sustentada por certo segmento doutrinário(assim, Arnaldo Rizzardo, Contratos de Crédito Bancário, 11ª edição, 2014,página 368) e já tenha sido acolhida pelo STJ (Resp 588.635), encontra-sesuperada, eis que a Corte, tanto para os casos de falta de estipulação quantopara os casos de falta de juntada do contrato aos autos, determina autilização da taxa média de juros de mercado.

Veja (Resp 1.100.346, 3ª Turma, Sidnei Beneti, DJe 22/06/2012):

1.- É assente o entendimento segundo o qual os juros remuneratórios devemser fixados na taxa média do mercado para operações da espécie, quandonão for possível aferir a taxa de juros acordada, pela falta de pactuaçãoexpressa ou pela não juntada do contrato aos autos, inclusive em se tratandode contratos de cartão de crédito

Item III. Correto.

Trata-se de entendimento já sedimentado no STJ (Resp 628.461, 3ª Turma,Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/12/2004):

V. Reconhecida a existência de juros abusivos, há de se declarar nula acláusula contratual, substituindo-a pela taxa média de juros praticada pelomercado.

Resposta: alternativa ‘c’.

16. (Emagis) Sobre os títulos de crédito rural, marque a alternativa INCORRETA.

a) Sujeitam-se à disciplina do Decreto-lei 167/1967, lei posterior e especial em relação àLei 4.595/1964. b) Cabe ao Conselho Monetário Nacional fixar a taxas de juros aplicáveis aosfinanciamentos em questão. c) É admitida a capitalização de juros nos financiamentos em questão. d) Ainda que inexistente estipulação pelo Conselho Monetário Nacional, é lícita estipulaçãotaxa de juros superiores a 12% ao ano.e) A Súmula 596 do STF não se aplica aos títulos em questão.

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Comentários

Alternativa a. Correta.

Trata-se de compreensão assente tanto nos tribunais (ver comentários àalternativa ‘d’) quanto na doutrina (assim, Arnaldo Rizzardo, Contratos deCrédito Bancário, 11ª edição, 2014, página 362), derivando mesmo daepígrafe do Decreto-lei, especificamente preordenado ao regramento dostítulos em questão:

DECRETO-LEI Nº 167, DE 14 DE FEVEREIRO DE 1967.

Dispõe sôbre títulos de crédito rural e dá outras providências.

Alternativas b e c. Corretas.

Ambas baseadas nas importantes normas contidas no artigo 5º, caput, doDecreto-lei 167/1967, dispositivo sempre referido no estudo da matéria.

Veja:

Art 5º As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros as taxasque o Conselho Monetário Nacional fixar e serão exigíveis em 30 de junho e31 de dezembro ou no vencimento das prestações, se assim acordado entreas partes; no vencimento do título e na liquidação, por outra forma que vier aser determinada por aquêle Conselho, podendo o financiador, nas datasprevistas, capitalizar tais encargos na conta vinculada a operação.

Alternativa d. Incorreta. Alternativa e. Correta.

Diversamente dos empréstimos bancários em geral – regidos pela Lei4.595/1964 (artigo 4º, IX) e nos quais a omissão do CMN não veda aestipulação de juros em patamar superior a 12% ao ano (STF, Súmula 596 ever outras questões desta Rodada) – nos títulos de crédito rural, a regência édo artigo 5º, do Decreto-lei 167/1967, de modo que a omissão do CMN vedaa cobrança de juros em patamar superior a 12% ao ano.

A concepção já é antiga no STJ (EResp 94.313, 2ª Seção, Carlos AlbertoMenezes Direito, DJ 27/04/1998):

EMBARGOS DE DIVERGENCIA. CEDULA RURAL. LIMITAÇÃO DA TAXADE JUROS.1. O DEL. 167/67, ART. 5., POSTERIOR A LEI 4.595/64 E ESPECIFICOPARA AS CEDULAS DE CREDITO RURAL, CONFERE AO CONSELHOMONETARIO NACIONAL O DEVER DE FIXAR OS JUROS A SEREMPRATICADOS. ANTE A EVENTUAL OMISSÃO DESSE ORGÃO

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GOVERNAMENTAL, INCIDE A LIMITAÇÃO DE 12% AO ANO PREVISTANA LEI DE USURA (DEC. 22.626/33), NÃO ALCANÇANDO A CEDULA DEC R E D I T O R U R A L O E N T E N D I M E N T O J U R I S P R U D E N C I A LCONSOLIDADO NA SUM. 596/STF (RESP 111.881-RS).

Resposta: alternativa ‘d’.

17. (Emagis) A respeito das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras integrantes doSistema Financeiro Nacional, avalie as assertivas que seguem.I – Ainda que ausente autorização normativa expressa do Conselho Monetário Nacional, podemser estipuladas em percentual superior a 12% ao ano.II – Para os efeitos da Lei 4.595/1964, a empresa administradora de cartão de crédito não éinstituição financeira.III – A empresa administradora de cartão de crédito pode cobrar juros superiores a 12% ao ano.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e IIIc) II e IIId) Todase) Nenhuma

Comentários

Item I. Correta.

Ainda que haja segmento da doutrina especializada que entenda que, pornão ter o CMN editado ato de definição dos juros tal como previsto no artigo4º, IX, da Lei 4.595/1964 (ver comentários em questão seguinte destaRodada), deveria ser observado o limite de 12% ao ano (assim, ArnaldoRizzardo, Contratos de Crédito Bancário, 11ª edição, 2014, página 364), talposição, há muito, foi rechaçada pelo STJ, que entende que, no quadro, aestipulação é regulada pelo mercado, devendo ser observada a média dastaxas para que não haja abuso.

Veja (STJ, AgRg no Resp 736.393, 3ª Turma, Ari Pargendler, DJ01/02/2006):

CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO. Nosempréstimos bancários comuns, a taxa de juros pode ser livrementecontratada pelas partes, sem necessidade de autorização do ConselhoMonetário Nacional, mesmo que seja superior a 12% ao ano. Agravoregimental não provido.

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Item II. Incorreto. Item III. Correto.

Já há algum tempo assentou o STJ tanto a compreensão de que aAdministradora de Cartão de Crédito é instituição financeira quanto que podeela cobrar taxas de juros superiores a 12% ao ano.

Como exemplo de julgado nesse sentido, tem-se o que segue (Resp 400.636,3ª Turma, Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 21/06/2004):

1. A empresa administradora de cartão de crédito, na linha dajurisprudência firmada na Segunda Seção (REsp nº 450.453/RS, Relator paraacórdão o Ministro Aldir Passarinho Junior, DJ de 25/2/04), é instituiçãofinanceira, não se aplicando a limitação da taxa de juros a 12% ao anoprevista na Lei de Usura.

Resposta: alternativa ‘b’.

18. (Emagis) Sobre as cédulas de crédito rural, comercial e industrial, marque a alternativaINCORRETA.

a) Não se sujeitam à disciplina do Código de Defesa do Consumidor.b) O abuso na exigência de juros remuneratórios pela instituição financeira descaracterizaa mora do devedor. c) Não se admite em tais casos a cobrança de comissão de permanência. d) Admite-se a pactuação da capitalização de juros. e) Nos contratos de financiamento rural posteriores à Lei 8.880/1994 pode ser pactuadacomo correção monetária a variação do preço mínimo do produto.

Comentários

Alternativa a. Incorreta.

A compreensão do STJ é oposta (STJ, AgRg no Edcl no Resp 1.010.332, 4ªTurma, Luís Felipe Salomão, DJe 01/10/2012):

5. Em razão de incidir na espécie o Código de Defesa do Consumidor, acobrança da multa moratória na alíquota de 10% só poderá ser mantida paracontratos firmados antes da vigência da Lei n. 9.298/96, que alterou o CódigoConsumerista, motivo pelo qual, no caso, merece ser reduzida para 2%,conforme disposto na Súmula n. 285/STJ.

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Alternativa b. Correta.

De fato, é reiterado no STJ o entendimento de que a exigência pelo Banco deencargos abusivos afasta a mora do mutuário (STJ, AgRg no Edcl no Resp1.010.332, 4ª Turma, Luís Felipe Salomão, DJe 01/10/2012):

6. O abuso na exigência dos "encargos da normalidade", quais sejam, osjuros remuneratórios, descaracteriza a mora do devedor.

Alternativa c. Correta.

Expôs-se o entendimento do STJ (STJ, AgRg no Edcl no Resp 1.010.332, 4ªTurma, Luís Felipe Salomão, DJe 01/10/2012):

4. Nos casos de cédula de crédito rural, comercial e industrial,esta Corte não admite a cobrança de comissão de permanência em caso deinadimplência. Precedentes.

Alternativa d. Correta.

Expôs-se o entendimento do STJ (STJ, AgRg no Edcl no Resp 1.010.332, 4ªTurma, Luís Felipe Salomão, DJe 01/10/2012):

1. Consoante entendimento cristalizado na Súmula 93/STJ, admite-se apactuação de capitalização de juros nas cédulas de crédito rural, comercial eindustrial.

Alternativa e. Correta.

Expôs-se o entendimento do STJ (STJ, AgRg no Edcl no Resp 1.010.332, 4ªTurma, Luís Felipe Salomão, DJe 01/10/2012):

2. Não obstante esta Corte Superior tenha se manifestado no sentido de que"nos contratos de financiamento rural, é possível a adoção índice de correçãomonetária pela variação do preço mínimo do produto, desde que o contratotenha sido firmado após a entrada em vigor da Lei 8.880/94 e as partestenham acordado expressamente sobre tal índice" (REsp 503.612/RS, Rel.Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 14/12/2004, DJ de01/02/2005, p. 539), à míngua de pronunciamento das instâncias ordináriasacerca da existência ou não de pactuação expressa, o exame da insurgênciaencontra óbice nas Súmulas 5 e 7 deste Tribunal.

Resposta: alternativa ‘a’.

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19. (Emagis) Ainda respeito das taxas de juros cobradas pelas instituições financeirasintegrantes do Sistema Financeiro Nacional, avalie as assertivas que seguem.I – Podem ser limitadas pelo Conselho Monetário Nacional.II – Não se sujeitam, em regra, ao limite de 12% ao ano.III – Nas cédulas de crédito rural, comercial e industrial, em caso de omissão do ConselhoMonetário Nacional, aplica-se a limitação de 12% ao ano.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e IIIc) II e IIId) Todase) Nenhuma

Comentários

Item I. Correta.

Trata-se da competência (não exercida de fato) pelo CMN estatuída no artigo4º, IX, da Lei 4.595/1964, litteris:

Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizesestabelecidas pelo Presidente da República: IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontoscomissões e qualquer outra forma de remuneração de operações e serviçosbancários ou financeiros, inclusive os prestados pelo Banco Central daRepública do Brasil, assegurando taxas favorecidas aos financiamentos quese destinem a promover:

Item II. Correto.

Exatamente porque os juros bancários sujeitam-se a disciplina legalespecífica (Lei 4.595/1964 e Normas do CMN) é que lançou o STF a Súmula594 a eles excluindo a aplicabilidade da Lei de Usura:

Súmula 594Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos,independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal.

Item III. Correto.

Nas referidas cédulas, por força de disciplina legal específica, caberia aoCMN definir os juros e não limitá-los (como disposto no artigo 4º, IX, supra),

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de forma que, na omissão da definição, aplica-se o limite de 12% ao ano.

Veja (STJ, AgRg no Edcl no Resp 1.010.332, 4ª Turma, Luís Felipe Salomão,DJe 01/10/2012):

3. Conquanto na regência da Lei n.º 4.595/64 não estejam os juros bancárioslimitados a 12% ao ano, as notas de crédito rural, comercial e industrialacham-se submetidas a regramento próprio (Lei nº 6.840/80 e Decreto-Lei413/69), que conferem ao Conselho Monetário Nacional o dever de fixar osjuros a serem praticados. Tendo em vista a omissão desse órgãogovernamental, incide a limitação de 12% ao ano, prevista no Decreto n.22.626/33 (Lei da Usura). Precedentes.

Resposta: alternativa ‘d’.

20. (Emagis) Sobre os modelos ou formas de sistematização da legislação penal definidora dosdiversos tipos penais, considerado o magistério consagrado na doutrina especializada, marquea alternativa INCORRETA.

a) Na distinção entre Direito Penal Comum e Direito Penal Especial, diz-setradicionalmente que o primeiro veda as condutas‘mala quia prohibita e que o segundoveda as condutas ‘mala in se’. b) O critério unitário tem como ponto positivo o fato de possibilitar maior harmonia eunidade dos elementos que compõem a tipologia dos delitos. c) O critério de legislação tipo mosaico tem como ponto positivo o fato de permitir que ostipos penais sejam definidos no mesmo instrumento legal que contém a legislaçãoadministrativa necessária à sua escorreita integração. d) Em matéria de crimes ambientais, os sistemas alemão, espanhol e portuguêsenquadram-se no critério unitário. e) Em matéria de crimes ambientais, o sistema brasileiro mais se aproxima da legislaçãotipo mosaico, sistemática predominante nos países em geral.

Comentários

Alternativa a. Incorreta.

Inverteram-se as designações.

No Direito Penal Comum costumava-se lançar as condutas especialmentegraves (‘más em si’). No Direito Penal Especial aquelas, não graves em simesmas, cuja proibição era conveniente para a estabilidade social (‘másporque proibidas’).

Veja: “Em rigor, é preciso reconhecer que as lei especiais somente devem

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ser utilizadas para as infrações de apoucada gravidade ou em casosexcepcionais e restritos. Importa destacar aqui que a divisão entre DireitoPenal comum e Direito Penal especial, em geral, de caráter mais técnico,pode ter relevância sobre a valoração material de seus preceitos (...). Diz-se,por exemplo, que o primeiro veda condutas mala in se e que o segundo malaquia prohibita”. (Luiz Régis Prado, Direito Penal do Ambiente, 5ª edição,2014, página 85).

Alternativas b e c. Corretas.

De fato, expôs-se o paralelo entre os sistemas unitário (reunião dos tipospenais nu único Código) e mosaico (disposição dos tipos penais em diversasleis especiais).

Este último evita “que a distância física entre as normas penais e suascorrelatas administrativas cause problemas de interpretação no momento deformação do juízo de tipicidade” (Op. cit., página 85).

Aquele primeiro, “permite obter maior unidade e harmonia, além de superiorcoordenação, facilitando em muito o conhecimento e a interpretação doselementos que compõem a tipologia penal (...)” (Op. cit., página 84).

Alternativas d e e. Corretas.

De fato, em matéria de crimes ambientais, “na maioria dos países predominauma diretiva de tipificação por meio de leis setoriais – chamada legislaçãotipo mosaico”, sendo certo que o Brasil aderiu a esse sistema, posto que “noBrasil, a matéria não foi incorporada ao Código Penal”. (Op. cit., página 84).

Por outro lado, no que concerne ao modelo unitário aplicável aos crimesambientais, tem-se ser, “por exemplo, o tratamento dado pelo Código Penalalemão (...) e pelos Códigos Penais espanhóis, de 1995 e 2010. (...).Igualmente, o Código Penal Português versa sobre a matéria ambiental nosartigos 278 a 280.” (Op. cit, páginas 83 e 84).

Resposta: alternativa ‘a’.

21. (Emagis) A respeito da denominada norma penal em branco, avalie as assertivas queseguem. I – Tem-se preceito penal formulado de maneira genérica ou indeterminada, devendo sercolmatado por ato normativo.II – Lei penal em branco em sentido estrito é aquela cujo complemento se acha contido namesma lei em que vertido o tipo penal.III – Como vantagem, a norma penal em branco permite maior mutabilidade de parte de seu

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preceito para acomodar-se à dinâmica dos fatos sobre os quais pretende incidir.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e IIIc) II e IIId) Todase) Nenhuma

Comentários

Item I. Correta.

“A norma penal em branco é aquele em que a descrição da conduta punívelse mostra incompleta ou lacunosa, necessitando da complementação deoutro dispositivo legal. Isso significa que o preceito é formulado de maneiragenérica ou indeterminada, devendo ser colmatado por ato normativo(legislativo ou administrativo), em regra, de cunho extrapenal.” (Luiz RégisPrado, Direito Penal do Ambiente, 5ª edição, 2014, página 89).

Item II. Incorreto.

Na verdade, em sentido estrito a norma penal em branco é aquela cujo“complemento se acha contido em disposição normativa de outro poder”.Embora, de fato, haja três formas “para o preenchimento ou colmatação dalacuna” (complemento na mesma lei, complemento em outra lei – mas domesmo Poder – e complemento em ato normativo de outro poder). (Op. cit.,página 89).

Item III. Correto.

De fato, vantagem marcante da norma penal em branco é sua maiormaleabilidade, posto que “claro está que a principal vantagem da norma embranco é a estabilidade do dispositivo principal, emanado de autoridadelegislativa através de moroso e complicado processo. As mutações impostasem razão do tempo e do lugar se fazem por meio de atos legislativos maissimples, de fácil maleabilidade, como é o caso de alteração de tabela depreços, dependente de mero ato administrativo e não do laborioso sistema deedição de lei ordinária.” (Op. cit., página 88).

Resposta: alternativa ‘b’.

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22. (Emagis) A respeito do princípio da estrita legalidade na formulação dos tipos penais, avalieas assertivas que seguem.I – É ofendido quanto a lei penal, embora definindo com precisão o núcleo essencial da açãoproibida, contenha remissão a ato normativo infralegal.II – Impede que o Poder Legislativo delegue ao Poder Executivo a formulação de tipos penais.III – Consagra a concepção da lei formal como instrumento único, inconteste, de liberdade paraa pessoa humana.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II b) I e IIIc) II e IIId) Todase) Nenhuma

Comentários

Item I. Incorreta.

Embora problemática a questão da compatibilização da norma penal embranco com o princípio da estrita legalidade penal, ponto de convergência éaquele que consideram harmônicos os institutos quando em tal norma hajadefinição legal formal clara do núcleo do tipo penal e fixação de limites daremissão legislativa.

Veja; “desde que a lei penal em branco contenha a descrição do núcleoessencial da ação proibida, não há falar-se em transgressão do princípio dalegalidade.” (Luiz Régis Prado, Direito Penal do Ambiente, 5ª edição, 2014,página 89).

Item II. Correto.

De fato, um dos corolários do princípio da legalidade formal é aindelegabilidade da matéria nele contida à regulação por Poder distinto doLegislativo, de modo que “essa peculiaridade da norma penal impede adelegação por parte do Poder Legislativo de assunto de sua exclusivacompetência” (Op. cit., página 90).

Item III. Correto.

De fato, ao afetar à Lei a definição de crimes, consagra-se neste instrumentode proteção da liberdade das pessoas, com o que “a lei criminal encontra seulugar como instrumento único, inconteste, de liberdade para a pessoa

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humana (libertas sub lege penali).” (Op. cit., página 90).

Resposta: alternativa ‘c’.

23. (Emagis) No que se refere ao instituto da confissão para a dosimetria da pena, julgue ositens que se seguem:I. A confissão qualificada não poderá ser utilizada para servir de atenuante na dosimetria dapena. Isto porque nela não há uma demonstração de arrependimento ou desejo do réu decolaborar com a justiça criminal, mas trata-se de mero artifício inerente ao direito de defesa.II. O STJ tem entendimento pacificado pela Terceira Sessão de que a reincidência pode sercompensada com a confissão espontânea. Há decisão de turma do STF, no entanto queentende pela preponderância da reincidência.III. A confissão realizada perante a autoridade policial e retratada em juízo implica aimpossibilidade de ser usada como atenuante em qualquer hipótese.São verdadeiros os itens:

a) I e II.

b) II e III.c) I e III.d) II.e) Todos os itens.

Comentários

I. Incorreto. A confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática dofato, no entanto, alega, em sua defesa, teses defensivas descriminantes ouexculpantes, como é o caso da legítima defesa, excludente de antijuridicidadeprevista no artigo 23 do Código Penal. A jurisprudência dominante da cortetem afastado essa confissão como hábil a atenuar a pena, mas há umadistinção útil na jurisprudência. É quando o juiz usa a confissão do réu,embora qualificada, para justificar a condenação. Neste caso como aconfissão teria cumprido o papel, ou parte dele, que justifica o prêmio daatenuação, esta deve ser feita: "A confissão, mesmo que qualificada, dáensejo à incidência da atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP, quandoutilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a condenação".Precedentes citados: HC 324.838-RJ, Quinta Turma, DJe 2/5/2016; e REsp1.484.853-GO, Sexta Turma, DJe 25/4/2016. EREsp 1.416.247-GO, Rel. Min.Ribeiro Dantas, julgado em 22/6/2016, DJe 28/6/2016.

II. Correto. Nem sempre foi pacífico este entendimento do STJ: "Esta SextaTurma tem entendido que a atenuante da confissão espontânea estárelacionada à personalidade do réu, devendo, portanto, prevalecer emrelação às demais circunstâncias ou, ao menos, concorrer em igual

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importância com aquelas ditas preponderantes". (STJ - AgRg no REsp:966621 SC 2007/0155969-7, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSISMOURA, Data de Julgamento: 25/05/2010, T6 - SEXTA TURMA, Data dePublicação: DJe 21/06/2010) 1. "Esta Quinta Turma alinha-se à tese de que aagravante da reincidência, cuja previsão se fez no art. 61, I do CPB,prepondera sobre a atenuante da confissão, prescrita no art. 65, III, d doCPB, de maneira que, verificadas conjuntamente, a pena deve tender aoslimites daquela". (STJ - AgRg no REsp: 1176259 RS 2010/0005678-1,Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento:18/11/2010, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/12/2010). ATerceira Seção do STJ, no julgamento do EREsp 1.154.752/RS, pacificou oentendimento no sentido de que é possível, na segunda fase do cálculo dapena, a compensação da agravante da reincidência com a atenuante daconfissão espontânea, por serem igualmente preponderantes, de acordo como art. 67 do Código Penal. O STF, no entanto, tem precedente da segundaturma que informa ser a reincidência preponderante sobre a confissão comoexegese do mesmo art. 67 do CP: STF. 2ª Turma. Rel. Min. RicardoLewandowski, julgado em 18/03/2014.III. Incorreto. Quando a confissão em sede de inquérito policial, mesmoretratada em juízo, for efetivamente usada como fundamento da sentença,neste caso deve ser reconhecida a atenuante, pois a confissão cumpriu afunção de colaborar com o processo penal: " A jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça consolidou o entendimento de que deve ser aplicada aatenuante da confissão espontânea realizada perante a autoridade policial,ainda que retratada em juízo, desde que ela tenha, em conjunto com outrosmeios de prova, embasado a condenação. Nota-se que esta Corte trata oassunto sobre outro enfoque, não associando a atenuante com oarrependimento do réu, mas com o valor probatório, ou melhor, a influênciaque a confissão extrajudicial tenha sobre o juízo de condenação" (HC90.470/MS, 5.ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 17/03/2008).

Resposta "d".

24. (Emagis) A respeito da intimação da defesa técnica no Processo Penal, considerada adisciplina do Código de Processo Penal, além da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,marque a alternativa INCORRETA.

a) Na literalidade do CPP, a intimação do defensor, quando constituído pelo réu, pode sedar por publicação. b) Na literalidade do CPP, a intimação do defensor, quando nomeado pelo juiz, deve serpessoal.c) É, segundo o STF, inconstitucional a discriminação da forma de intimação da defesatécnica no processo penal em função de ser ela constituída ou nomeada. d) É, segundo o STF, nula a intimação da defesa técnica no processo penal quando nãofeita pessoalmente.

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e) A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado oindicar por ocasião do interrogatório.

Comentários

Alternativas a e b. Corretas.

Baseadas, respectivamente, no §1º e no §3º do artigo 370 do CPP, queseguem transcritos:

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoasque devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que foraplicável, o disposto no Capítulo anterior. § 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante edo assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dosatos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome doacusado. § 4o A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado serápessoal.

Alternativa c. Incorreta. Alternativa d. Correta.

A intimação da defesa técnica nomeada deve ser pessoal (CPP, artigo 370,§4º), ao contrário da intimação da defesa técnica constituída, que pode serfeita por publicação (CPP, artigo 370, §1º), conforme acima demonstrado.

Analisando a distinção na mencionada sistemática legal de intimação,recentemente o STF afirmou que nenhuma inconstitucionalidade há nadiferenciação (STF, ADI 2.144, Pleno, Teori Zavascki, DJe 14/06/2016).

Por outro lado, é já antiga a jurisprudência da Suprema Corte no sentido deque o não atendimento de mencionada prerrogativa de intimação pessoal dadefesa nomeada (HC 98.802, 2ª Turma, Joaquim Barbosa, DJe 27/11/2009),causa de nulidade absoluta.

Seguem as ementas dos dois julgados referidos:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PROCESSUALPENAL E CONSTITUCIONAL. LEI 9.271/96. ALTERAÇÃO DO § 1° DO ART.370 DO CPP. INTIMAÇÃO DO ADVOGADO CONSTITUÍDO POR MEIO DEPUBLICAÇÃO OFICIAL. TRATAMENTO DIFERENCIADO EM RELAÇÃO AOMP E AOS ADVOGADOS NOMEADOS, INTIMADOS PESSOALMENTE.ATENDIMENTO ÀS PECULIARIDADES. NÃO VIOLAÇÃO À ISONOMIA, ÀA M P L A D E F E S A O U A O D E V I D O P R O C E S S O L E G A L .CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA. 1. É constitucional o tratamentodiferenciado dado às intimações do defensor constituído, do advogado do

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querelante e do assistente, realizadas por meio de publicação oficial, emcontraposição às do Ministério Público e do defensor nomeado, feitaspessoalmente (CPP, art. 370, §§ 1º e 4º). 2. “Não há na intimação por órgãooficial de publicidade dos atos judiciais qualquer ofensa aos princípios dodevido processo legal e da ampla defesa, uma vez que não caracteriza elaobstáculo ao desenvolvimento das atividades dos advogados nocumprimento de suas funções.” (ADI 2144-MC, Rel. Min. Min. Ilmar Galvão,Tribunal Pleno, DJ de 14-11-2003) 3. Ação direta de inconstitucionalidadejulgada improcedente.

EMENTA: Habeas corpus. Ação Penal. Réu defendido por defensor dativo.Ausência de intimação pessoal do defensor. Ofensa ao disposto no art. 370,§ 4º, do CPP. Nulidade absoluta. Precedentes. É entendimento reiteradodesta Corte que a prerrogativa de intimação pessoal dos defensores de réusde ação penal é inerente aos defensores dativos, por força do art. 370, § 4º,do Código de Processo Penal, e decorrente da própria Constituição, queassegura o direito à ampla defesa em procedimento estatal que respeite asprerrogativas do devido processo legal. Precedentes. A falta de intimaçãopessoal do defensor dativo qualifica-se como causa geradora de nulidadeprocessual absoluta, sendo desnecessária a comprovação, nesta hipótese,do efetivo prejuízo para que tal nulidade seja declarada. Precedentes. Ordemconcedida.

Alternativa e. Correta.

Assertiva baseada no artigo 266 do CPP, litteris:

Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento demandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.

Resposta: alternativa ‘c’.

25. (Emagis) No que tange ao estudo da competência no processo penal, julgue os itens que seseguem:I. Compete à Justiça Militar, e não à Justiça Comum Federal, processar e julgar a supostaprática, por militar da ativa, de crime previsto apenas na Lei n. 8.666/1993 (Lei de Licitações),ainda que praticado contra a administração militar.II. A emenda à constituição estadual pode determinar o foro de julgamento por crime deresponsabilidade de conselheiro do tribunal de contas estadual pela assembléia legislativa doestado.III. É entendimento cristalizado na súmula do STJ que quaisquer crimes contra o meio ambientesão de competência federal.São verdadeiros os itens:

a) I e II.b) II e III.

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c) I e III.d) Nenhum dos itens.e) Todos os itens.

Comentários

I. Incorreto. Somente os crimes previstos no Código Penal Militar podem serprocessados pela Justiça Federal Militar. Os crimes cometidos por militaresda ativa, ainda que tenham como sujeito passivo a Administração Militar, masque não sejam previstos pelo Código Penal Militar devem ser julgados pelajustiça federal comum: "CF preceitua no art. 124 que "À Justiça Militarcompete processar e julgar os crimes militares definidos em lei". Os arts. 9º e10 do CPM são normas de interpretação de quais são exatamente os crimesmilitares. Quanto ao inciso II do art. 9º, são crimes militares os "previstosneste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penalcomum, quando praticados: [...] e) por militar em situação de atividade, ouassemelhado, contra patrimônio sob administração militar, ou a ordemadministrativa militar". O crime licitatório, no caso, não está previsto no CPMe, embora supostamente praticado por militar da ativa contra a administraçãomilitar, não encontra respaldo jurídico no Código Penal Militar para se atribuira competência à Justiça Castrense, uma vez que o art. 9º, II, e, do CPMexige que o crime esteja expressamente previsto nesse código. Desse modo,para configurar crime militar com base no art. 9º, I e II, necessariamente odelito deve constar do rol de crimes previstos expressamente no CPM, sobpena de não ser considerado crime militar e, por sua vez, ser afastada acompetência da justiça especializada. Interpretar de forma diversa é ampliaros crimes militares quando o legislador expressamente inseriu nos incisos I eII que crime militar é aquele expresso no Código Penal Militar". CC 146.388-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2016, DJe 1/7/2016.

II. Incorreto. Para a correta análise do item em questão, é preciso ter emmente que a Constituição Federal, em seu art. 105, I, a, prevê a competênciado STJ para o julgamento da espécie. Assim: "Art. 105. Compete ao SuperiorTribunal de Justiça: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados edo Distr i to Federal , e, nestes e nos de responsabi l idade, osdesembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, osdos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e doTrabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípiose os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais". Assimqualquer previsão em sentido diverso de constituição estadual violacompetência prevista na Constituição Federal: “Prerrogativa de foro dosconselheiros do Tribunal de Contas estadual, perante o STJ, nas infraçõespenais comuns e nos crimes de responsabilidade (CF, art. 105, I, a). (...)Mostra-se incompatível com a CR – e com a regra de competência inscritaem seu art. 105, I, a – o deslocamento, para a esfera de atribuições da

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Assembleia Legislativa local, ainda que mediante emenda à Constituição doEstado, do processo e julgamento dos Conselheiros do Tribunal de Contasestadual nas infrações político-administrativas.” (ADI 4.190-MC-REF, rel. min.Celso de Mello, julgamento em 10-3-2010, Plenário, DJE de 11-6-2010.)III.Incorreto. Houve enunciado da súmula do STJ que de fato consagrava oentendimento exposto no item em questão, mas de há muito resta revogado,de modo que nos dias que correm somente os crimes ambientais que afetemdiretamente direito ou interesse da União são julgados pela Justiça Federal:"É firme nesta Corte de Justiça a orientação de que a Justiça Federalsomente será competente para processar e julgar crimes contra o meioambiente (fauna e flora) naquelas hipóteses em que houver lesão direta abens, serviços ou interesses da União, de suas autarquias ou empresaspúblicas. Diante de tal entendimento, advindo após a edição da Lei n.9.605/98, foi cancelado enunciado n. 91 da Súmula do STJ, que, editada comfundamento na Lei 5.107/67, atribuía à Justiça Federal a competência paraprocessar e julgar os crimes cometidos contra a fauna". Precedentes. (STJ -CC: 129493 RJ 2013/0270697-1, Relator: Ministro ERICSON MARANHO(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Data de Julgamento:08/10/2014, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe16/10/2014).Resposta "d".

26. (Emagis/Bônus) A respeito da relação entre o Direito Penal Ambiental e o DireitoAdministrativo (Sancionador) Ambiental, marque a alternativa INCORRETA.

a) O sistema da acessoriedade relativa do tipo penal com referência ao tipo administrativotem guarida no Brasil e na Espanha. b) O sistema da acessoriedade absoluta do tipo penal com referência ao tipo administrativotem guarida nos Estados Unidos. c) O sistema da absoluta independência do tipo penal com referência ao tipo administrativotem guarida na Holanda.d) As infrações administrativas ambientais, tais como previstas no Decreto 6.514/2008, nãoencontram correspondentes criminais na Lei 9.605/1998.e) Havendo identidade entre as definições jurídicas de determinada infração administrativaambiental e determinado crime ambiental, a diferenciação tanto se pode fazer sob aperspectiva qualitativa quanto sob a perspectiva quantitativa, a depender da correntedoutrinária adotada.

Comentários

Alternativas a, b e c. Corretas.

Os sistemas da acessoriedade relativa (tipo penal tem como um doselementos tipo administrativo), acessoriedade absoluta (tipo penal esgota-seno tipo administrativo) e independência absoluta (tipo penal não tem qualquerrelação com o administrativo) já foram detidamente explorados em rodada

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anterior deste Curso.

Voltamos ao tema apenas para enquadrar cada um dos sistemas no DireitoComparado: “essa acessoriedade é de ordem relativa (...) Esse é o sistemaadotado pelo legislador brasileiro, a exemplo do alemão, do austríaco e doespanhol. (...). (...) a tutela penal absolutamente independente. Esse modelode suficiência penal é o consagrado, por exemplo, nas legislações holandesa,polonesa e dinamarquesa. (...). há o sistema em que a tutela penal éabsolutamente depende da administrativa (acessoriedade absoluta). Esse é osistema acolhido, por exemplo, nas legislações belga, francesa, inglesa,canadense e norte-americana.” (Luiz Régis Prado, Direito Penal do Ambiente,5ª edição, 2014, páginas 94 e 95).

Alternativa d. Incorreta. Alternativa e. Correta.

Na verdade, conforme já explorado em rodadas anteriores deste curso, umadas características marcantes da interface Direito Penal Ambiental e DireitoAdministrativo Ambiental é a coincidência de definição jurídica de muitas dasrespectivas infrações, posto que “muitos crimes ambientais, previstos na Lei9.605/1998, constituem também infrações administrativas, por vezes comidêntica redação legal, no recente Decreto 6.514/2008” (Luiz Régis Prado,Direito Penal do Ambiente, 5ª edição, 2014, página 96).

Énesse contexto que entram as doutrinas da distinção qualitativa equantitativa (já exploradas em rodadas anteriores deste Curso) dos ilícitospenal e administrativo: “de um lado, diz-se que entre ambos há diferenciaçãode ordem qualitativa (ontológica) e, de outro, concebe-se a existência de umadistinção meramente quantitativa ou de grau.” (Op. cit., página 96).

Resposta: alternativa ‘d’.

27. (Emagis/Bônus) A respeito da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor aoscontratos bancários, marque a alternativa INCORRETO.

a) A abusividade de cláusula de contrato bancário pode ser declarada em juízo. b) A abusividade de cláusula de contrato bancário pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.c) As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normasveiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor.d) "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é também todapessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira ede crédito.e) A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional, quando nãorespeitem ao funcionamento das instituições financeiras, é abusiva, consubstanciandoafronta à legalidade.

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Comentários

Alternativa a. Correta. Alternativa b. Incorreta.

Na verdade “a abusividade e/ou desequilíbrio do contrato devem serdemonstrados caso a caso, isto é, devem ser alegadas, não merecendo aapreciação de ofício pelo julgador” (Arnaldo Rizzardo, Contratos de CréditoBancário, 11ª edição, 2014, páginas 373 e 374).

Trata-se de compreensão depreendida da Súmula 381 do STJ:

Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer de ofício daabusividade das cláusulas.

Alternativas c e d. Corretas.

Ambas são afirmações feitas pelo STF (ADI 2.591 ED, Pleno, Eros Grau, DJe13/04/2007):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. LEGITIMIDADE RECURSAL LIMITADAÀS PARTES. NÃO CABIMENTO DE RECURSO INTERPOSTO POR AMICICURIAE . EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS PELOPROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA CONHECIDOS. ALEGAÇÃO DECONTRADIÇÃO. ALTERAÇÃO DA EMENTA DO JULGADO. RESTRIÇÃO.EMBARGOS PROVIDOS. 1. Embargos de declaração opostos peloProcurador Geral da República, pelo Instituto Brasileiro de Política e Direitodo Consumidor - BRASILCON e pelo Instituto Brasileiro de Defesa doConsumidor - IDEC. As duas últimas são instituições que ingressaram nofeito na qualidade de amici curiae. 2. Entidades que participam na qualidadede amicus curiae dos processos objetivos de controle de constitucionalidade,não possuem legitimidade para recorrer, ainda que aportem aos autosinformações relevantes ou dados técnicos. Decisões monocráticas no mesmosentido. 3. Não conhecimento dos embargos de declaração interpostos peloBRASILCON e pelo IDEC. 4. Embargos opostos pelo Procurador Geral daRepública. Contradição entre a parte dispositiva da ementa e os votosproferidos, o voto condutor e os demais que compõem o acórdão. 5.Embargos de declaração providos para reduzir o teor da ementa referente aojulgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.591, que passa a tero seguinte conteúdo, dela excluídos enunciados em relação aos quais não háconsenso: ART. 3º, § 2º, DO CDC. CÓDIGO DE DEFESA DOCONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88.INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DED E F E S A D O C O N S U M I D O R . A Ç Ã O D I R E T A D EINCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. As instituiçõesfinanceiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normasveiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para osefeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica

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que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito.3. Ação direta julgada improcedente.

Alternativa e. Correta.

Trata-se de afirmação feita pelo STF (ADI 2.591, Pleno, Eros Grau, DJ29/09/2006):

11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional,quando não respeitem ao funcionamento das instituições financeiras, éabusiva, consubstanciando afronta à legalidade.

Resposta: alternativa ‘b’.

28. (Emagis/Bônus) Sobre a repercussão na esfera penal e na esfera processual penal, após amaioridade, dos atos infracionais praticados pelo agente enquanto menor, considerada ajurisprudência recentemente sedimentada pelo Superior Tribunal de Justiça, marque aalternativa CORRETA.

a) Os atos infracionais pretéritos podem fundamentar a prisão preventiva do acusado,independentemente da gravidade daqueles. b) Os atos infracionais pretéritos podem fundamentar a prisão preventiva do acusado,independentemente do momento em que ocorreram aqueles.c) Os atos infracionais pretéritos podem fundamentar a prisão preventiva do acusado, issoquando concretamente graves e razoavelmente recentes aqueles. d) Os atos infracionais pretéritos não podem fundamentar a prisão preventiva do acusado,assim como também não forjam maus antecedentes em condenação criminal. e) Os atos infracionais pretéritos não podem fundamentar a prisão preventiva do acusado,assim como também não forjam reincidência em condenação criminal.

Comentários

Em didática notícia veiculada no Informativo n. 585, expôs-se a orientaçãoque passa a prevalecer na 3ª Seção do STJ.

Fez-se coerente distinguishing.

Para fins penais, especialmente afirmação do grau de culpabilidade docondenado em sentença penal, os atos infracionais, que não têm naturezapenal, não influem.

Édizer, não repercutem nos antecedentes ou reincidência do réu.

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Já para fins processuais penais, especialmente afirmação de juízo cautelarsobre a periculosidade do agente conducente à decretação de sua prisãopreventiva, os atos infracionais, como quaisquer dos comportamentosanteriores do agente, devem ser avaliados.

Édizer, repercutem na avaliação do risco que sua liberdade pode gerar para aordem pública.

Mas a apreciação vai além: para que o ato infracional possa justificar apreventiva, deve ser concretamente grave e razoavelmente recente.

Atos infracionais que não sejam graves ou que sejam remotos no tempo nãotêm semelhante aptidão.

Correta, assim, a alternativa ‘c’.

Veja a notícia:

Terceira SeçãoDIREITO PROCESSUAL PENAL. PRISÃO CAUTELAR FUNDADA EM ATOSINFRACIONAIS.A prática de ato infracional durante a adolescência pode servir defundamento para a decretação de prisão preventiva, sendo indispensávelpara tanto que o juiz observe como critérios orientadores: a) a particulargravidade concreta do ato infracional, não bastando mencionar suaequivalência a crime abstratamente considerado grave; b) a distânciatemporal entre o ato infracional e o crime que deu origem ao processo (ouinquérito policial) no qual se deve decidir sobre a decretação da prisãopreventiva; e c) a comprovação desse ato infracional anterior, de sorte a nãopairar dúvidas sobre o reconhecimento judicial de sua ocorrência. No queconcerne às medidas cautelares pessoais, o conceito de periculum libertatisdenota exatamente a percepção de que a liberdade do investigado ouacusado pode trazer prejuízos futuros para a instrução, para a aplicação dalei ou para a ordem pública. É válida a prisão preventiva para garantia daordem pública, de maneira a evitar a prática de novos crimes pelo investigadoou acusado, ante a sua periculosidade, manifestada na forma de execuçãodo crime, ou no seu comportamento anterior ou posterior à prática ilícita.Ademais, não há como escapar da necessidade de aferir se o bem jurídicosob tutela cautelar encontra-se sob risco de dano, o que, no âmbito criminal,se identifica com a expressão periculum libertatis, isto é, o perigo que aliberdade do investigado ou réu representa para a instrução criminal, aaplicação da lei penal ou a ordem pública e/ou econômica. Ao menos no quetoca a este último fundamento, sua invocação como motivo para adecretação da cautela extrema funda-se em avaliação concreta dapericulosidade do agente, ou seja, a probabilidade de que o autor de umfacto-crime repita a sua conduta típica e ilícita. Assim, a probabilidade derecidiva do comportamento criminoso se afere em face do passado do réu oupelas circunstâncias específicas relativas ao modus operandi do crime sob

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exame. Lembre-se que, também para fins cautelares, se aceitam comoválidos os registros em folha de antecedentes penais ainda nãodefinitivamente convolados em sentenças condenatórias, porquanto se, deum lado, não servem para elevar a pena, permitem ao juiz da causa, poroutro lado, avaliar se a prisão do réu/investigado é necessária para preservara ordem pública, ante a perspectiva de cometimento de novos crimes peloacusado. Ora, se uma pessoa, recém ingressa na maioridade penal, cometecrime grave e possui histórico de atos infracionais também graves,indicadores de seu comportamento violento, como desconsiderar tais dadospara a avaliação judicial sobre a sua periculosidade? Sobre essa questão,duas considerações mostram-se importantes para o debate. A primeira delasdiz respeito à natureza e ao grau de cognoscibilidade do juízo cautelar, emtodo diverso - ainda que em relação de instrumentalidade - ao juízo decondenação. Deveras, para um provimento cautelar qualquer,nomeadamente o que impõe a segregação provisória do réu, basta, emconformidade com o texto do art. 312 do CPP, prova da existência do crime eindício suficiente de autoria. Já para o juízo de condenação, é necessária aprova da existência do crime e a prova cabal de sua autoria. Outrossim, ojuízo cautelar labora com aparência (verossimilhança) do direito subjacente àpostulação, mero juízo hipotético, alcançado por meio de cognição limitada(na extensão) e perfunctória (na profundidade), ainda assim idônea parapermitir ao julgador decidir provisoriamente, tendo em mira a preservação deum interesse ou bem que se encontra ameaçado de perecimento ou danoante a manutenção do status quo. Por sua vez, o juízo de mérito labora coma certeza sobre os fatos constitutivos, é definitivo e impõe cogniçãoexauriente e ampla sobre os fatos articulados e as provas produzidas,somente com a qual se legitima a condenação do acusado. Dizer, então, quenão podem ser extraídas informações sobre os processos por ato infracionalpara fins processuais, tout court, é, com a mais respeitosa vênia, afirmaçãosujeita a refutação. Evidentemente não cabe considerar atos infracionaiscomo antecedentes penais, bastando, para dar lastro a tal assertiva, lembrarque ato infracional não é crime, que medida socioeducativa não é pena,inclusive quanto aos fins a que se destina, que o adolescente não éimputável, que a sentença final nos processos por ato infracional não écondenação. Daí, porém, a não poder utilizar, para avaliação judicial denatureza cautelar - que não pressupõe juízo de culpabilidade, mas depericulosidade do agente - o histórico recente de vida do acusado, ao tempoem que ainda não atingira a maioridade, vai uma grande distância. Osregistros sobre o passado de uma pessoa, seja ela quem for, não podem serdesconsiderados para fins cautelares. A avaliação sobre a periculosidade dealguém impõe que se perscrute todo o seu histórico de vida, em especial oseu comportamento perante a comunidade, em atos exteriores, cujasconsequências tenham sido sentidas no âmbito social, quais os atosinfracionais praticados. Se estes não servem, por óbvio, como antecedentespenais e muito menos para firmar reincidência (porque tais conceitosimplicam a ideia de "crime" anterior), não podem ser ignorados para aferir orisco que a sociedade corre com a liberdade plena do acusado. É de lembrar,outrossim, que a proteção estatal prevista na Lei n. 8.069/1990 (ECA), no seu

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art. 143, é voltada ao adolescente (e à criança), condição que o réu deixou deostentar ao tornar-se imputável. Com efeito, se, durante a infância e aadolescência do ser humano, é imperiosa a maior proteção estatal, a justificartodas as cautelas e peculiaridades no processo de apuração de atoscontrários à ordem jurídica, inclusive com a imposição do sigilo sobre os atosjudiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças eadolescentes a que se atribua autoria de ato infracional (art. 143 do ECA), taldever de proteção cessa com a maioridade penal. Não existe, portanto,vedação legal a que, no exercício da jurisdição criminal, utilize o juiz,excepcionalmente, dos registros relativos a atos infracionais praticados peloacusado quando ainda adolescente. A toda evidência, isso não equivale asustentar a possibilidade de decretar-se a prisão preventiva, para garantia daordem pública, simplesmente porque o réu cometeu um ato infracionalanterior. O raciocínio é o mesmo que se utiliza para desconsiderarantecedente penal que, por dizer respeito a fato sem maior gravidade, ou porregistrar fato já longínquo no tempo, não deve, automaticamente, supedanearo decreto preventivo. Não será, pois, todo e qualquer ato infracional praticadopelo acusado quando ainda adolescente que poderá render-lhe juízo depericulosidade e autorizar, por conseguinte, a inflição de custódia antetempus. Não teria sentido, seria um verdadeiro despropósito atentatório àexcepcionalidade da providência cautelar extrema, considerar, por exemplo,atos infracionais equivalentes a crime de furto ou de falsificação dedocumento como indicadores da necessidade da prisão preventiva. De igualmodo, mesmo em se tratando de atos infracionais graves, equivalentes acrimes de homicídio, roubo ou estupro, não se justificaria a segregaçãocautelar do réu ante a constatação de que tais atos infracionais foramperpetrados há anos, sem que se tenha notícia de novos atos gravesposteriores. Seria, pois, indispensável que a autoridade judiciáriacompetente, para a consideração dos atos infracionais do então adolescente,averiguasse: a) a particular gravidade concreta do ato infracional, nãobastando mencionar sua equivalência a crime abstratamente consideradograve; b) a distância temporal entre o ato infracional e o crime que deuorigem ao processo (ou inquérito policial) no qual se deve decidir sobre adecretação da prisão preventiva; e c) a comprovação desse ato infracionalanterior, de sorte a não pairar dúvidas sobre o reconhecimento judicial de suaocorrência. Assim, propõem-se os mencionados critérios orientadores que ojuiz deve considerar na busca de um ponto de equilíbrio no embate, imanenteao processo penal, entre o poder punitivo do Estado e o direito à liberdade doindivíduo. RHC 63.855-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min.Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/5/2016, DJe 13/6/2016.

Resposta: alternativa ‘c’.

29. (Emagis/Bônus) A respeito dos danos morais decorrentes das relações de trabalho,considerada a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, além da jurisprudência doSupremo Tribunal Federal e mesmo a disciplina da CLT, marque a alternativa INCORRETA.

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a) Segundo o TST, a correção monetária sobre o valor da indenização por danos moraisarbitrado judicialmente começa a incidir a partir da data do arbitramento, não a partir dadata do ajuizamento da ação. b) Segundo o TST, os juros de mora sobre o valor da indenização por danos moraisarbitrado judicialmente começa a incidir a partir da data do arbitramento, não a partir dadata do ajuizamento da ação.c) Segundo o STF, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as açõesde indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalhopropostas por empregado contra empregador.d) Segundo o TST, a Justiça do Trabalho é competente para julgar tanto ações deindenização por dano moral quanto ações de indenização por dano material, quandooriundos de relação de trabalho. e) Na literalidade da CLT, para as reclamações trabalhistas em geral, os juros de moraincidem desde a data de ajuizamento da reclamação.

Comentários

Alternativa a. Correta. Alternativa b. Incorreta.

O termo inicial da correção monetária na data do arbitramento judicialencampa menores problemas, posto que não se pode presumir que o juizarbitre valor já desatualizado.

O problema maior é o termo inicial dos juros de mora.

Ponderável é o argumento doutrinário de que, sendo os juros acessórios esomente tomando o devedor ciência do valor do débito quando arbitrado, aincidência dos juros começa no momento do arbitramento do valor daindenização por danos morais.

Veio a consagrar-se no TST, porém, posição diversa, fazendo retroagir aincidência dos juros à data de ajuizamento da ação.

Trata-se da Súmula 439 do TST, editada em 2012:

SÚMULA N. 439. DANOS MORAIS. JUROS DE MORA E ATUALIZAÇÃOMONETÁRIA. TERMO INICIAL. Nas condenações por dano moral, aatualização monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramentoou de alteração do valor. Os juros incidem desde o ajuizamento da ação, nostermos do art. 883 da CLT.

Alternativa c. Correta.

Assertiva baseada na Súmula Vinculante n. 22 do STF, que tem o seguinteteor:

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações deindenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de

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trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas queainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando dapromulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

Alternativa d. Correta.

Trata-se de cotejar a antiga com a nova redação (esta ajustada à precitadaSV 22) da Súmula 392 do TST, que seguem nessa ordem transcritas:

Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente paradirimir controvérsia referentes à indenização por dano moral, quandodecorrente da relação de trabalho.

DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIADA JUSTIÇA DO TRABALHO. (nova redação) - Res. 193/2013, DEJTdivulgado em 13, 16 e 17.12.2013

Alternativa e. Correta.

Trata-se do artigo 883 (referido na Súmula TST 439, acima referida), cujaredação é a seguinte:

Art. 883 - Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-ápenhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância dacondenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquercaso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.

Resposta: alternativa ‘b’.

30. (Emagis/Bônus) Sobre o pedido de registro de candidatura, julgue os itens abaixo e aponte aalternativa apropriada.I - Os candidatos solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de sua candidatura até as dezenovehoras do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições.II - A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade éverificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipóteseem que será aferida na data-limite para o pedido de registro.III - Para fins de expedição da certidão de quitação eleitoral, consideram-se quites oscondenados ao pagamento de multa que tenham, até a data da formalização do seu pedido deregistro de candidatura, comprovado o pagamento ou o parcelamento da dívida regularmentecumprido, excluindo-se, na análise das multas devidas, qualquer modalidade deresponsabilidade solidária, mesmo quando imposta concomitantemente com outros candidatose em razão do mesmo fato.Há erro somente nos itens:

a) I e II.

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b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.

Comentários

Consoante o art. 11 da Lei 9.504/97, na redação emprestada pela Lei13.165/15, "Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registrode seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano emque se realizarem as eleições". Como se vê, segundo a letra da lei, o pedidoé formulado por partido/coligação, e não diretamente pelos candidatos. Eis oengano do item I.

O item II, por sua vez, está acertado e também é fruto da reformaimplementada pela Lei 13.165/15. Efetivamente, dispõe o art. 11, § 2º, da Lei9.504/97 (na nova redação) que a idade mínima constitucionalmenteestabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referênciaa data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que seráaferida na data-limite para o pedido de registro.

Por fim, o item III também está correto. De fato, segundo o § 8º do art. 11 daLei das Eleições, consideram-se quites, para fins de expedição da certidão dequitação eleitoral:I - condenados ao pagamento de multa, que tenham, até a data daformalização do seu pedido de registro de candidatura, comprovado opagamento ou o parcelamento da dívida regularmente cumprido;II - que pagarem a multa que lhes couber individualmente, excluindo-sequalquer modalidade de responsabilidade solidária, mesmo quando impostaconcomitantemente com outros candidatos e em razão do mesmo fato.

Como se nota, somente havia erro no item I.

Resposta: alternativa 'd'.

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