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quota* EU Eu sou a que no mundo anda perdida Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada... a dolorida... Sombra de névoa ténue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida!... Sou aquela que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser . . . Sou a que chora sem saber por quê . . . Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo p'ra me ver E que nunca na vida me encontrou! INTERROGAÇÃO Neste tormento inútil, neste empenho De tornar em silêncio o que em mim canta, Sobem-me roucos brados à garganta Num clamor de loucura que contenho. O alma da charneca sacrossanta, Irma da alma rútila que eu tenho, Dize para onde vou, donde é que venho Nesta dor que me exalta e me alevanta! Visões de mundos novos, de infinitos, Cadências de soluços e de gritos, Fogueira a esbrasear que me consome! Dize que mão é esta que me arrasta ? Nódoa de sangue que palpita e alastra... Dize de que é que eu tenho sede e fome ?! AMAR! O MEU IMPOSSÍVEL Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui ... além. . . Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente ... Amar! Amar ! E não amar ninguém ! Minh'alma ardente é uma fogueira acesa, E' um brasido enorme a crepitar! Ânsia de procurar sem encontrar A chama onde queimar uma incerteza! Recordar ? Esquecer ? Indiferente !... Prender ou desprender? E' mal? E' bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa E' nada ser perfeito. E' deslumbrar A noite tormentosa até cegar, E tudo ser em vão ! Deus, que tristeza!.. uma primavera em cada vida: E 1 preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi p'ra cantar! Aos meus irmãos na dor já disse tudo E não me compreenderam!... Vão e mudo Foi tudo o que entendi e o que pressinto... E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Mas se eu pudesse, a mágoa que em mim chora, Que seja a minha noite uma alvorada, Contar, não a chorava como agora, Que me saiba perder... p'ra me encontrar... Irmãos, não a sentia como a sinto!... de.

quota*...E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Mas se eu pudesse, a mágoa que em mim chora, Que seja a minha noite uma alvorada, Contar, não a chorava como agora, Que me saiba

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  • quota* EU

    E u sou a que no m u n d o anda perd ida E u sou a que na vida não tem nor te , Sou a i rmã do Sonho, e desta sorte Sou a c ruc i f i c ada . . . a d o l o r i d a . . .

    S o m b r a de névoa ténue e esvaecida, E que o dest ino amargo , triste e forte, Impe le b ru ta lmente pa ra a m o r t e ! A lm a de luto sempre i n c o m p r e e n d i d a ! . . .

    Sou aquela que passa e n inguém v ê . . . Sou a que c h a m a m triste sem o ser . . . Sou a que chora sem saber por quê . . .

    Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao m u n d o p ' ra me ver E que nunca na vida me encon t rou !

    I N T E R R O G A Ç Ã O

    Neste to rmento inútil , nes te e m p e n h o De tornar em silêncio o que em mim canta , Sobem-me roucos b rados à garganta N u m clamor de loucura que contenho.

    O alma da charneca sacrossanta , I rma da a lma rútila que eu tenho, Dize para onde vou, donde é que venho Nes ta dor que me exalta e me a levan ta !

    Visões de mundos novos, de infinitos, Cadênc ias de soluços e de gr i tos , Fogue i ra a esbrasear que m e c o n s o m e !

    Dize que mão é esta que me ar ras ta ? Nódoa de sangue que palpita e a l a s t r a . . . Dize de que é que eu tenho sede e fome ?!

    AMAR! O MEU IMPOSSÍVEL

    E u quero amar, a m a r p e r d i d a m e n t e ! A m a r só por a m a r : Aqui . . . a l é m . . . Mais Este e Aquele , o O u t r o e toda a gente . . . A m a r ! A m a r ! E não amar ninguém !

    Minh 'a lma a rden te é uma fogueira acesa, E' um bras ido enorme a c r e p i t a r ! Ânsia de p rocura r sem encontrar A chama onde que imar uma ince r t eza !

    Recorda r ? Esquece r ? Indiferente ! . . . P r e n d e r ou d e s p r e n d e r ? E ' m a l ? E ' b e m ? Q u e m disser que se pode amar a lguém Durante a vida inteira é porque m e n t e !

    T u d o é vago e incomple to ! E o que mais pesa E ' nada ser perfei to . E ' des lumbra r A noite tormentosa até cegar , E tudo ser em vão ! Deus , que t r i s t e z a ! . .

    H á uma pr imavera em cada v i d a : E 1 preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi p ' r a c a n t a r !

    Aos meus i rmãos na dor já disse tudo E não me c o m p r e e n d e r a m ! . . . Vão e m u d o Foi tudo o que entendi e o que p r e s s i n t o . . .

    E se um dia hei de ser pó , cinza e nada Mas se eu pudesse , a mágoa que em mim chora, Q u e seja a minha noite u m a alvorada, Contar , não a chorava como agora, Q u e me saiba p e r d e r . . . p ' r a me e n c o n t r a r . . . I rmãos , não a sentia como a s into! . . .

    de.