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RACHEL GOMES CARDOSO IMPACTO DA MORFOLOGIA OCLUSAL DE DENTES POSTERIORES NA QUALIDADE DE VIDA, SATISFAÇÃO E PERFORMANCE MASTIGATÓRIA DE USUÁRIOS DE PRÓTESES TOTAIS BIMAXILARES NATAL/RN 2019

RACHEL GOMES CARDOSO...Dentre esses conceitos, destaca-se a morfologia oclusal dos dentes artificiais. Dentes não-anatômicos, de morfologia oclusal plana, com cúspides com inclinação

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RACHEL GOMES CARDOSO

IMPACTO DA MORFOLOGIA OCLUSAL DE DENTES POSTERIORES NA

QUALIDADE DE VIDA, SATISFAÇÃO E PERFORMANCE MASTIGATÓRIA DE

USUÁRIOS DE PRÓTESES TOTAIS BIMAXILARES

NATAL/RN

2019

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RACHEL GOMES CARDOSO

IMPACTO DA MORFOLOGIA OCLUSAL DE DENTES POSTERIORES NA

QUALIDADE DE VIDA, SATISFAÇÃO E PERFORMANCE MASTIGATÓRIA DE

USUÁRIOS DE PRÓTESES TOTAIS BIMAXILARES

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação

em Ciências Odontológicas do Departamento de

Odontologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, em banca de defesa, como parte

dos requisitos para a obtenção do título de

Doutora em Ciências Odontológicas.

Orientadora: Profa. Drª. Adriana da Fonte Porto

Carreiro

Natal/RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira

Campos - Departamento de Odontologia

Cardoso, Rachel Gomes.

Impacto da morfologia oclusal de dentes posteriores na

qualidade de vida, satisfação e performance mastigatória de

usuários de próteses totais bimaxilares / Rachel Gomes Cardoso. - 2019.

60f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro.

Tese (Doutorado em Ciências Odontológicas) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,

Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas, Natal, 2019.

1. Idoso - Tese. 2. Prótese Total - Tese. 3. Oclusão Dentária

- Tese. I. Carreiro, Adriana da Fonte Porto. II. Título.

RN/UF/BSO BLACK D32

Elaborado por Hadassa Daniele Silva Bulhões - CRB-CRB 313/15

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação ao meu pai Valdir Cardoso, à minha mãe Selma Gomes e ao

meu irmão Marcelo Cardoso pelo amor e incentivo constantes em todos os momentos de

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que sempre esteve ao meu lado, me iluminando e guiando meu caminho, sem

que deixasse faltar força e determinação para chegar até aqui.

Ao Departamento de Odontologia e aos programas de Pós-graduação em Ciências

Odontológicas e Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, por contribuírem para minha formação acadêmica e apoio para a realização deste

trabalho.

À minha orientadora, Profª Drª Adriana da Fonte Porto Carreiro, cujos

conhecimentos e entusiasmo foram fundamentais para conclusão deste trabalho e para meu

amadurecimento profissional e pessoal. Muito obrigada pela confiança, amizade e

compreensão em todos os momentos difíceis.

Aos meus orientadores da graduação, Prof. Dr. Gustavo Seabra e Drª Lélia Batista,

que contribuíram de forma especial para minha vida profissional e acadêmica. Agradeço

também pelo incentivo e por sempre acreditar que hoje eu estaria aqui.

Aos professores, Drª Sandra Moraes, Drª Lélia Batista, Dr. Gustavo Seabra, Dr.

Valentim Barão e Drª Patrícia Calderon, pela disponibilidade e pelas valiosas contribuições

no processo de qualificação e defesa da tese.

Aos funcionários da Biblioteca Setorial do Departamento de Odontologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela correção atenciosa das referências

bibliográficas.

À todos os funcionários do Departamento de Odontologia, em especial a Nelson,

Edson e Jakelma, pela ajuda.

Aos meus amigos da Pós-graduação e do projeto de extensão, em especial, Ana

Clara Soares, Camila Machado, Annie Medeiros, Andréa Fabiana, Luana Aquino, Laércio

Melo, Aretha Heitor, Fátima Campos, Anne Kaline e Ana Larisse, pela ajuda e palavras de

apoio e por saber que sempre posso contar com vocês.

Aos alunos de iniciação científica, Rafael Amorim, Henrique Galvão, Ingrid e Iara

Suellen, pela disponibilidade e suporte para coleta da performance mastigatória.

Aos pacientes, que dedicaram seu tempo, atenção e carinho para que este projeto

pudesse ser realizado, sem eles nada disso seria possível.

Aos meus amigos e familiares que entenderam minhas ausências devido às minhas

responsabilidades do doutorado.

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Aos meus pais e meu irmão, pelo apoio incondicional ao longo deste processo.

Vocês são meus pilares e minha fonte de amor.

A todos que contribuíram para a construção desse trabalho.

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RESUMO

Objetivo: Objetivou-se avaliar o desempenho de próteses totais (PT) com dentes anatômicos

e não anatômicos em pacientes idosos desdentados totais, quanto ao impacto na qualidade de

vida relacionada à saúde bucal (OHQoL), satisfação, performance mastigatória (PM),

necessidade de ajuste após a instalação das PTs e preferência do paciente quanto ao tipo

oclusal. Materiais e métodos: Em um ensaio clínico randomizado do tipo crossover, 50

idosos desdentados totais foram divididos em duas sequências de tratamento: DA-DN

(reabilitados inicialmente com dentes anatômicos e, após, 3 meses, com dentes não

anatômicos) e DN-DA (reabilitados inicialmente com dentes não anatômicos e, após 3 meses,

com dentes anatômicos). O OHQoL foi analisado através do OHIP-EDENT e um questionário

de satisfação foi aplicado. A PM foi por análise granulométrica, após a mastigação de um

alimento artificial. O alimento-teste triturado foi submetido a um sistema de tamises e o peso

das partículas em cada peneira foi utilizado para determinar o tamanho mediano das partículas

(X50). A quantidade de ajustes na base da prótese foi avaliada quantativamente. Para a análise

dos dados, foram utilizados os testes não-paramétricos de Mann-Whitney e correlação de

Spearman. Resultados: A amostra final foi composta por 34 idosos, com idade média de 69

anos. Não houve diferença entre usuários de prótese total com dentes anatômicos e não

anatômicos, tanto para o OHIP-EDENT (p=0,674) e satisfação (0,725) como para a PM (p =

0,849) e nem com relação ao número de ajustes na base das próteses totais após a instalação

(p=0,135). Conclusão: Dentes com superfícies oclusais planas, quando comparados a dentes

anatômicos não mostraram-se vantajosos no que concerne ao impacto da saúde oral na

qualidade de vida, a satisfação do usuário, a performance mastigatória, ao números de ajustes

após a instalação da prótese e a preferência em relação ao tipo de superfície oclusal.

Palavras-chave: Idoso. Prótese Total. Oclusão Dentária. Mastigação. Qualidade de vida.

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ABSTRACT

Objective: The objective of this study was to remove pressure (PT) with anatomical and non-

anatomical teeth in edentulous elderly patients, with impact on oral health related quality of

life (OHQoL), satisfaction, masticatory performance (PM) the installation of hands and

preference of the patient to the occlusal type. Materials and methods: In a crossover

randomized clinical trial, 50 edentulous elderly patients were divided into two treatment

stages: AD-ND (rehabilitated in the past with anatomical teeth and, after 3 months, with non-

anatomical teeth) and DN-DA (initially rehabilitated with non-anatomical teeth and, after 3

months, with anatomical teeth). The OHQoL was analyzed through OHIP-EDENT and for

satisfaction through a questionnaire. PM was evaluated by the granulometric analysis method,

after mastication of an artificial food. The shredded test food was subjected to a sieve system

and the weight of the particles in each sieve was used to determine the mean particle size (X

50). The amount of data at the base of the prosthesis was evaluated numerically. Data

analysis, on the other hand, was not tested by Mann-Whitney and Spearman. Results: A final

sample was made by 34 elderly, with a mean age of 69 years. OHIP-EDENT (p = 0.674) and

satisfaction (p=0.725) as well as PM (p = 0.849), and for the number of total prosthesis care

after installation (total dentures) with anatomical and non-anatomical teeth. p = 0.135).

Conclusion: The occlusal alterations of the plane, when compared with the anatomical teeth,

did not prove to be advantageous with respect to the impact of oral health on quality of life,

user satisfaction, masticatory performance and conditioning graphics after the installation of

prosthesis.

Keywords: Elderly. Dentures. Dental Occlusion. Chew. Quality of life.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 8

2 HIPÓTESE............................................................................................................... 10

3 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 11

3.1 Qualidade de vida relacionada a saúde oral e satisfação..................................... 11

3.2 Performance mastigatória....................................................................................... 12

3.3 Influencia da superfície oclusal sobre a qualidade de vida, satisfação e

performance mastigatória ulceras pós instalação.................................................

13

4 OBJETIVOS............................................................................................................. 17

4.1 Objetivo geral........................................................................................................... 17

4.2 Objetivos específicos................................................................................................ 17

5 MÉTODO................................................................................................................. 18

5.1 Características da pesquisa..................................................................................... 18

5.2 População estudo...................................................................................................... 20

5.3 Aspectos éticos.......................................................................................................... 20

5.4 Tamanho da amostra e amostragem...................................................................... 20

5.5 Delineamento da pesquisa ...................................................................................... 22

5.6 Reabilitação com novas próteses totais................................................................. 22

5.7 Alteração do conceito oclusal.................................................................................. 23

5.8 Variáveis estudadas................................................................................................. 28

5.8.1 Impacto da saúde oral na qualidade de vida ............................................................. 28

5.8.2 Satisfação do paciente................................................................................................ 28

5.8.3 Performance mastigatória.......................................................................................... 29

5.8.4 Número de ajustes após a instalação da prótese........................................................ 33

5.8.5 Preferência do tipo de dentes..................................................................................... 33

5.9 Análise dos dados..................................................................................................... 33

6 RESULTADOS........................................................................................................ 35

6.1 Caracterização dos participantes da pesquisa...................................................... 35

6.2 Desenho do estudo.................................................................................................... 36

6.3 Influência da morfologia oclusal sobre as variáveis dependentes....................... 38

6.3.1 Impacto da saúde oral na qualidade de vida......................................................... 38

6.3.2 Satisfação.................................................................................................................. 39

6.3.3 Performance mastigatória....................................................................................... 41

6.3.4 Número de ajuste na base da prótese.................................................................... 41

6.3.5 Preferência do paciente com relação ao tratamento............................................. 42

7 DISCUSSÃO............................................................................................................. 44

8 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 49

APÊNDICES............................................................................................................ 53

ANEXOS................................................................................................................... 57

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1 INTRODUÇÃO

A reabilitação oral em pacientes desdentados visa restaurar a função e a estética da

maneira mais confortável. Para atingir esse objetivo, a retenção, a estabilidade e o suporte são

fatores fundamentais para uma prótese total bem-sucedida (SUTTON; GLENNY; MCCORD,

2005). Esses aspectos podem ser influenciados pela oclusão (FENTON; CHANG, 2012), pois

as próteses totais apresentam suporte mucoso e exibem características biomecânicas

diferentes dos dentes naturais. Assim, agem como uma unidade, e qualquer força aplicada a

um único dente será transferida diretamente para o restante da prótese. Nesse contexto, vários

conceitos oclusais para próteses totais têm sido descritos para reduzir essa limitação

(FENTON; CHANG, 2012).

Dentre esses conceitos, destaca-se a morfologia oclusal dos dentes artificiais. Dentes

não-anatômicos, de morfologia oclusal plana, com cúspides com inclinação de zero grau,

foram propostos por DeVan em 1954, com intuito de equilibrar e centralizar a força

mastigatória. Verificou-se em estudo prévio que esses dentes transmitem menor pressão aos

tecidos moles do que aqueles com cúspides (MADALLI et al., 2015; HAFEZEQORAN et al.,

2018).

No entanto, apesar dessas vantagens, alguns trabalhos demonstraram superioridade

dos dentes anatômicos em relação aos dentes em plano oclusal reto, principalmente em

relação à preferência do paciente (SHETTY, 1984; SUTTON; MCCORD, 2007; SUTTON;

WORTHINGTON; MCCORD, 2007). Em revisão sistemática Abduo (2013), que incluiu 5

estudos, quase todos reportaram a superioridade quanto à preferência do paciente por dentes

anatômicos em oclusão convencional balanceada bilateralmente em relação às próteses que

estavam ocluídas com dentes de superfície oclusal plana. A exceção foi o estudo de Brewer et.

al. (1967), pois maioria dos participantes não soube diferenciar o tipo de oclusão. Mais

recentemente, outro estudo não encontrou diferença significativa entre próteses com dentes

com superfície plana e dentes anatômicos em termos de desempenho mastigatório e força

oclusal máxima (NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014).

Percebe-se que ainda não existe um consenso sobre as vantagens da utilização dos

dentes não-anatômicos. Para responder tal questionamento, poucos estudos foram

desenvolvidos para avaliar a efetividade da superfície oclusal plana em prótese total. Os

estudos iniciais avaliaram de forma subjetiva através da preferência do paciente em relação ao

tipo de superfície oclusal (BREWER; REIBEL; NASSIF 1967; CLOUGH et al., 1983;

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SHETTY, 1984), porém não havia controle clínico adequado e critérios de inclusão definidos.

Além disso, estudos que compararam diferentes tipos de dentes e a relação oclusal em um

mesmo paciente, não deixam claro a padronização em relação a prótese. Em outros estudos os

dados foram coletados precocemente ao período de adaptação, após 3 semanas (CLOUGH et

al., 1983), 1 ou 2 meses (SUTTON; MCCORD, 2007; SUTTON; WORTHINGTON;

MCCORD, 2007; NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014)

após a instalação de novas próteses. Esse período pode não ter sido suficiente para adaptação

das novas próteses, pois o tempo recomendado que pode variar de 6 a 8 semanas (ZARB et

al., 2006). E ainda, não foram identificados estudos que avaliassem a influência da morfologia

oclusal em relação à parâmetros objetivos e subjetivos.

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2 HIPÓTESE

Não há diferença significativa entre o impacto da saúde oral na qualidade de vida,

satisfação do paciente, performance mastigatória e número de ajustes posteriores em usuários

de próteses convencionais com dentes anatômicos ou não-anatômicos.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Qualidade de vida relacionada a saúde oral e satisfação

A qualidade de vida relacionada à saúde pode ser considerada como um conceito

multidimensional representado pela combinação de saúde geral e perspectivas do paciente,

tanto reais quanto potenciais. Nesse contexto, a saúde oral pode ter impacto na qualidade de

vida associada aos parâmetros físicos, psicológicos e sociais que influenciam os sentimentos

de doença e incapacidade, assim como a oportunidade de tratamento (GIFT; ATCHISON;

DAYTON, 1997). Esse conceito permitiu uma mudança fundamental na Odontologia, uma

vez que enfatiza um modelo de atenção à saúde na perspectiva do paciente e não do

profissional (BAKER; GIBSON; LOCKER, 2008).

Um dos questionários mais utilizados para a avaliação do impacto da saúde oral na

qualidade de vida é o “Oral Health Impact Profile” (OHIP). Seu modelo presume que eventos

sequenciais relacionados às doenças bucais podem causar desconforto, limitações funcionais

e, consequentemente, resultar em disfunções e até incapacidades. O instrumento original é

composto por 49 questões que avaliam de forma quantitativa os problemas na cavidade oral,

dentes ou dentaduras que afetam vários domínios conceituais (SLADE; SPENCER, 1994).

OHIP-Edent é uma versão reduzida do OHIP para a avaliação de indivíduos

desdentados, sendo composto por 19 questões distribuídas em sete domínios: limitação

funcional, dor física, limitação física, desconforto psicológico, disfunção física, limitação

social e incapacidade (ALLEN; LOCKER, 2002). É capaz de detectar alterações do impacto

da saúde oral na qualidade de vida de usuários de próteses totais após a inserção de novas

próteses. Souza et al. 2007 testaram e validaram a versão brasileira do OHIP-Edent. Esse

instrumento é considerado um bom indicador para captar percepções e sentimentos dos

indivíduos sobre sua própria saúde bucal e suas expectativas em relação ao tratamento e

serviços odontológicos (ALLEN; LOCKER, 2002).

Alguns estudos clínicos que avaliaram o impacto da saúde oral na qualidade de vida

através do OHIP-Edent comparando a eficácia do tratamento com diferentes esquemas

oclusais em prótese total mostraram que é possível obter diferenças entre os grupos através

desse instrumento de avaliação (SHIRANI; MOSHARRAF; SHIRANY, 2014;

MORADPOOR et al., 2018).

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O OHIP-Edent foi utilizado em um ensaio clínico crossover que comparou oclusão

monoplana (dentes posteriores não-anatômicos), oclusão balanceada bilateral convencional

(BBC) e oclusão lingualizada (OL) usando o questionário e escala visual analógica e mostrou

que a OL resultou em escore de dor significativamente menor do que a oclusão monoplana e

os pacientes relataram menos problemas alimentares com BBC comparado a monoplana

(SUTTON; MCCORD, 2007).

Sabe-se que a satisfação do paciente com o tratamento com prótese total tem grande

importância para os resultados do OHIP-Edent (SOUZA et al., 2007; SOUZA et al., 2010). A

satisfação do paciente em relação ao tratamento pode indicar o sucesso ou não do tratamento.

Após a instalação de uma nova prótese total, o impacto na satisfação pode estar associado a

aspectos relacionados à prótese antiga e a característica do rebordo mandibular.

A satisfação com próteses totais parece ser multicausal. Em alguns pacientes, está

relacionado principalmente ao conforto e à capacidade de mastigar, enquanto em outros a

estética e a retenção também são importantes (DENIZ; KULAK OZKAN, 2013). Os motivos

mais comuns de insatisfação em usuários de próteses totais são retenção insatisfatória da

prótese inferior, desconforto na prótese inferior, problemas de mastigação, aparência e fala

(SATO et al., 2000).

A avaliação da satisfação é realizada através de questionários com variáveis

relacionadas a mastigação, conforto, estética, fala, retenção de próteses, segurança de próteses

e satisfação geral (JACOB, 1998). Vários métodos de avaliação para medir a satisfação geral

com próteses totais foram apresentados ao longo dos anos (CARLSSON, 1998). Um dos

métodos utilizados hoje é o descrito por Sato et al. (2000) que avalia próteses totais

convencionais em fatores como retenção, estabilidade, mastigação, pronúncia, conforto, dor,

estética e adaptação.

Um estudo que avaliou de forma sistemática a literatura disponível indicou que

embora não tenha sido observada diferença entre o dentes não-anatômicos e a oclusão

balanceada bilateral para o desempenho mastigatório, os dentes não-anatômicos apresentaram

menor satisfação e qualidade de vida em relação à oclusão balanceada bilateral (LEMOS et

al., 2018).

3.2 Performance mastigatória

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Um objetivo primário do tratamento odontológico é restaurar a função oral, incluindo

a capacidade de mastigar alimentos. A função mastigatória é importante para ingestão de

alimentos e deglutição, e consequentemente pode afetar a qualidade de vida. A função

mastigatória pode ser descrita em termos de capacidade objetiva de uma pessoa em

fragmentar alimentos sólidos ou como resposta subjetiva frente a questões relativas à

mastigação de alimentos.

Esse tema tem sido amplamente estudado há várias décadas em diferentes grupos de

pacientes, sendo o foco principal a prótese total. Visto que este grupo apresenta a eficiência

mastigatória de 16% a 50% menor que indivíduos dentados (HEATH, 1982). Avaliar a

performance mastigatória é importante para diagnosticar a eficácia de uma prótese

(ELMOULA; KHALIFA; ALHAJJ, 2018).

A performance mastigatória é definida como a capacidade de fragmentar ou misturar o

alimento-teste após um número fixo de ciclos mastigatórios. Dahlberg e Manley estavam

entre os primeiros a introduzir o método da peneira (DAHLBERG, 1942; MANLY;

BRALEY, 1950). O método mais comum para avaliar performance mastigatória é através do

método de fragmentação usando peneiras (tamises). O alimento-teste é mastigado e, em

seguida, as partículas de alimento são separadas usando peneiras com diferentes tamanhos de

abertura; quanto menor o tamanho das partículas, melhor a performance mastigatória (VAN

DER BILT, 2011). Nesse método, a performance mastigatória é definida pelo peso do

material retido em cada peneira e, após submetido a equações específicas, é obtido o

Diâmetro Mediano das Partículas (DMP ou X50).

A princípio, utilizaram amendoim e cenoura como alimento-teste para avaliar a

performance mastigatória usando o método da peneira, e mais tarde foram introduzidos

materiais à base de silicone. Estudos relatam a confiabilidade do silicone Optosil Comfort®

(Heraeus Kulzer, Alemanha) como base para o alimento-teste chamado Optocal (SANCHEZ-

AYALA et al., 2014; SANCHEZ-AYALA et al., 2016).

3.3 Influencia da superfície oclusal sobre a qualidade de vida, satifação, performance

mastigatória e ajustes após instalação da prótese

Nos últimos 100 anos, uma variedade de esquemas oclusais e técnicas de disposição

de dentes, como a oclusão anatômica, lingualizada e monoplana, foram descritas na literatura

(ZHAO et al., 2013). A oclusão monoplana em prótese total é representada por dentes

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posteriores com angulação de zero grau entre as cúspides, sendo esses dentes conhecidos

como não-anatômicos. Ao longo dos anos, poucos estudos clínicos avaliaram este tipo de

morfologia oclusal (BREWER; REIBEL; NASSIF, 1967; CLOUGH et al., 1983; SHETTY,

1984; SUTTON; WORTHINGTON; MCCORD, 2007; SUTTON; MCCORD, 2007;

NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014). A forma descrita

na literatura para avaliar a efetividade de um tratamento em pacientes edêntulos é através,

principalmente, da preferência do paciente, da avaliação do impacto da saúde oral gerado na

qualidade de vida e da satisfação do tratamento, bem como, através da função

mastigatória (Tabela 1).

A oclusão anatômica nos primeiros anos foi considerada o tipo mais eficiente para o

desempenho mastigatório dos pacientes. Em contraste, o desenho com superfície oclusal

monoplano não se encontra bem definido na literatura em relação a função mastigatória e

preferência, embora ainda sejam usados clinicamente em virtude do argumento de reduzir as

forças oblíquas incididas sobre os rebordos (TARAZI; TICOTSKY-ZADOK, 2007;

SUTTON; WORTHINGTON; MCCORD, 2007; HAFEZEQORAN et al., 2018). Outro fator

bastante importante é a avaliação da adaptação do paciente frente ao tratamento realizado. Um

dos motivos para esse tempo de acompanhamento se deve ao período de adaptação com as

novas próteses, os pacientes podem apresentar formação de úlceras traumáticas e desconforto

mesmo quando as próteses totais estão tecnicamente adequadas, principalmente em relação as

próteses mandibulares (SADR et al., 2011). Uma razão plausível pela qual os pacientes

experimentam dificuldades durante a mastigação, pode ser atribuída à mucosa atrófica e fina

que suporta o estresse causado pela força oclusal. Além disso, os níveis de pressão contínua

que podem ser prejudiciais em termos de isquemia da mucosa e desenvolvimento de úlceras

de pressão. A mandíbula exibe maior receptividade aos estímulos externos à dor do que a

maxila (KIMOTO et al., 2019). A diminuição da pressão sobre as bases das próteses totais

ocorre com redução do ângulo da cúspide de dentes artificiais posteriores (SWOOPE; KYDD,

1966). O esquema oclusal monoplano impõe a menor deformação na área de suporte da

prótese quando comparado a superfície oclusal anatômica e a oclusão lingualizada

(MADALLI et al., 2015; HAFEZEQORAN et al., 2018).

Ao avaliar a preferência do paciente em relação a superfície oclusal da prótese total,

apenas o estudo de Brewer, Reibel e Nassif (1967) mostrou resultado significativo para a

oclusão em monoplano. Os estudos Clough et al. (1983) e Shetty (1984) indicaram

superioridade na preferência pela oclusão balanceada bilateral com dentes anatômicos em

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comparação a superfície oclusal monoplano. Ao analisar o impacto da saúde oral na qualidade

de vida através do OHIP-Edent, Sutton e McCord, (2007), concluíram que formas oclusais

anatômicas tiveram significativamente menos problemas mastigatórios em comparação com

formas oclusais posteriores em monoplano. Sutton, Worthington, Mccord (2007), observaram

que formas oclusais lingualizadas e anatômicas foram percebidas como significativamente

superiores em termos de satisfação na mastigação, quando comparadas com superfícies

oclusais posteriores monoplanas. Porém, Niwatcharoenchaikul, Tumrasvin e Arksornnukit

(2014) avaliaram 10 pacientes com próteses totais com oclusão balanceada bilateral e oclusão

monoplana e não encontraram diferenças significativas na performance mastigatória.

A tabela 1 resume os estudos clínicos que avaliaram o impacto da morfologia oclusal

dos dentes posteriores em prótese total convencional. Portanto, ainda são necessários estudos

para elucidar a validade do conceito oclusal em monoplano para próteses totais.

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16

Tabela 1 - Resumo dos estudos clínicos avaliando o efeito da morfologia oclusal do dente posterior.

Estudo Tipo de

Estudo

Número de

participantes

Forma dos

dentes

Arranjo

dos

dentes

Acompanhamento Instrumento de

avaliação Resultados

Brewer et

al., 1967

Ensaio

clínico

crossover

25

Anatômico

(angulação não

especificada)

Plano

BBC

MO

Variados para cada

conjunto de PTs

(intervalo: 1 dia a 6

meses)

Subjetivo

(mastigação,

fonética, estética,

conforto)

Preferência significativa por

MO

Clough et

al., 1983

Ensaio

clínico

crossover

30

Anatômico na

maxila (30

graus) contra

plano na

mandíbula

Plano

BBL

MO

3 semanas para

cada conjunto de

PTs

Subjetivo

(mastigação,

fonética, estética,

conforto)

Objetivo (n.º de

ajustes necessários)

Preferência mais frequência por

BBL

MO exigiu mais ajustes clínicos

do que o BBL; diferença

insignificante

Shetty, 1984

Ensaio

clínico

crossover

40

Anatômico

(angulação não

especificada)

Plano

BBC

MO

6 meses para cada

conjunto de

próteses

Subjetivo

(mastigação, estética,

estabilidade,

conforto)

Preferência significativa pela

BBC

Sutton et al.,

2007

Ensaio

clínico

crossover

41

Anatômico (33

graus)

Plano

BBC

BBL

MO

2 meses para cada

conjunto de

próteses

Escala visual

analógica

Diferença significativa na

mastigação e estética para BBC

e BBL em comparação a MO

Estabilidade e fala:

BBC=BBL= MO

Sutton,

McCord,

2007

Ensaio

clínico

crossover

41

Anatômico (33

graus)

Plano

BBC

BBL

MO

2 meses para cada

conjunto de

próteses

OHIP-Edent

Mais frequente incapacidade se

alimentar com MO em

comparação com BBC e BBL.

Nenhuma diferença foi relatada

entre BBO e LO

Niwatcharoe

nchaikul

et al., 2014

Ensaio

clínico

prospectivo

crossover

10

Anatômico

(angulação não

especificada)

Plano

BBC

MO

2 meses para cada

troca de dentes

posteriores na

mesma

Performance

mastigatória

Performance mastigatória →

BBC: 1,919 (0,224) / MO:

1,998 (0,185) / ( P = 0,07)

BBC-oclusão balanceada bilateral convencional; BBL-oclusão balanceada bilateral lingualizada; MO- oclusão em monoplano; OL- Oclusão lingualizada.

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17

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Avaliar o desempenho de próteses totais bimaxilares com dentes anatômicos e

não-anatômicos em pacientes desdentados totais, quanto ao impacto da saúde oral na

qualidade de vida, satisfação, performance mastigatória e necessidade de ajustes

posteriores à instalação.

4.2 Objetivos específicos

a) Comparar o impacto da saúde oral na qualidade de vida, satisfação, performance

mastigatória e necessidade de ajustes em pacientes usuários de PTs duplas com

dentes anatômicos e dentes não-anatômicos;

b) Avaliar a preferência do paciente com relação ao tipo de dentes posteriores

anatômicos e não-anatômicos.

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18

5 MÉTODO

5.1 Características da pesquisa

Realizou-se um ensaio clínico controlado randomizado, do tipo crossover. Nesse

estudo, os participantes foram agrupados em grupos de número igual ao número de

tratamentos (Figura 1). Considerando-se os 2 tratamentos, dente anatômico (DA)

Orthognath 28° Classic® (Heraeus Kulzer) e não-anatômico (DN) Orthocal 0° Classic®

(Heraeus Kulzer) (Figura 2), as unidades experimentais foram divididas por

randomização em 2 grupos, que iniciaram o experimento com tratamentos diferentes.

Após 3 meses, o tratamento entre os grupos foi invertido. Assim, têm-se 2 sequências de

tratamentos diferentes: DA-DN e DN-DA.

Figura 1- Delineamento do estudo.

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Sequência DA-NA

Sequência NA - DA

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19

Figura 2- Dente anatômico molar (A,C) e dente não-anatômico molar (B,D). Próteses totais

com dentes posteriores anatômicos (E) e próteses totais com dentes não-anatômicos (F).

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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20

5.2 População estudo

A pesquisa foi desenvolvida no Departamento de Odontologia (DOD) da UFRN,

no município de Natal/RN. A população estudada consistiu em pacientes idosos (acima

de 60 anos) usuários de próteses totais removíveis (PT) superiores e inferiores,

desdentados há, pelo menos, 5 anos. Além disso, deveria ter boas condições de saúde

geral e ausência de lesões intraorais. Foram excluídos durante a pesquisa: pacientes com

saúde debilitada de forma que não pudessem comparecer ao Departamento de

Odontologia para o tratamento e sessões de coletas, pacientes com hipossalivação ou

alterações orais que dificultasse o uso das novas próteses.

5.3 Aspectos éticos

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes, com parecer número 44769415.4.0000.5292 (Anexo A) e

registrada no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), com parecer RBR-

3CQBW8 (Anexo B). Todos os pacientes, que concordaram em participar da pesquisa,

receberam instruções a respeito da pesquisa e assinaram um Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (Apêndice A), conforme determina o Conselho Nacional de Saúde

através da resolução 466/12.

5.4 Tamanho da amostra e amostragem

Para o cálculo da amostra utilizou-se a diferença entre médias e o desvio padrão

dos grupos, nível de confiança 95% e poder da amostra 85%. Esses dados foram obtidos

a partir de ensaio clínico que avaliou a reabilitação com PTs com dentes anatômicos e

não-anatômicos (NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT

2014). Em relação ao desfecho performance mastigatória, a diferença de médias entre os

grupos foi de 0,141, desvio-padrão de 0,166 e 0,198, sendo assim o tamanho amostral

calculado para o presente estudo foi 34 pacientes (nível de confiança, 95%; poder,

80%). Considerando o percentual de perda de 20%, o tamanho da amostra inicial foi de

50 pacientes, sendo 25 em cada grupo (Figura 3). No que concerne ao desfecho

qualidade de vida relacionado a saúde oral, o único estudo (SUTTON; MCCORD,

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21

2007) que empregou o OHIP-Edent como instrumento de coleta não trouxe valores de

desvio-padrão, impossibilitando o cálculo da amostra para este desfecho.

Os participantes foram previamente selecionados a partir da análise do cadastro

de pacientes do setor de Triagem do DOD. Em seguida, através de contatos telefônicos

os pacientes foram convidados a comparecer à Clínica de Pós-Graduação do

Departamento de Odontologia - UFRN, cientes de que se trata de uma avaliação com

finalidade de pesquisa. Aqueles que aceitaram o convite foram avaliados através de um

exame físico e anamnésico. E seguida, realizou-se a randomização por meio de sorteio

simples.

Figura 3 - Fluxograma do tamanho da amostra.

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: DA- dentes anatômicos; DN-dentes não-anatômicos.

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5.5 Delineamento da pesquisa

Após a randomização, os pacientes foram divididos por sequências diferentes de

tratamento, DA (DA-DN) e DN (DN-DA), com 25 pacientes em cada sequência. O 1º

dia do estudo foi considerado o dia da instalação das novas próteses totais. O impacto

do tratamento na qualidade de vida, a satisfação do paciente e teste mastigatório foi

realizado em 3 e 6 meses do início da pesquisa. A análise do número de ajustes após a

instalação foi registrada em ficha. A inversão do tratamento entre os grupos ocorreu

após a aplicação dos primeiros testes. Dessa forma, os pacientes dispuseram de períodos

de tempo iguais para se adaptarem a ambos os padrões oclusais propostos.

5.6 Reabilitação com novas próteses totais

Para a confecção das próteses totais bimaxilares, os procedimentos clínicos, os

instrumentos e aparelhos utilizados estão descritos no quadro 1 (CARREIRO et al.,

2016).

Quadro 1- Etapas clínicas e laboratoriais pra reabilitação das próteses totais. Natal/RN,

2019.

Etapa clínica Etapa laboratorial

1ª Sessão Exame clínico e radiográfico

2ª Sessão

Moldagem anatômica:

Rebordo superior com alginato (Jeltrate,

Dentsply)

Rebordo inferior com silicone

condensação densa (Perfil, Coltene)

Confecção dos modelos anatômicos em

gesso pedra e moldeiras individuais em

resina acrílica autopolimerizável incolor

(JET, Clássico)

3ª Sessão Moldagem periférica com godiva em

bastão e moldagem de corpo com pasta

zincoenólica (Lysanda)

Confecção dos modelos funcionais em

gesso pedra e planos de orientação

4ª Sessão Ajuste dos planos de orientação e registro

das relações maxilomandibulares

Seleção dos dentes artificiais

O plano de orientação superior foi

montado com auxílio da mesa de Câmper

em articulador semi-ajustável (ASA)

Montagem dos dentes artificiais em cera

5ª Sessão Prova clínica da prótese

Seleção da cor da gengiva

Processamento laboratorial para

acrilização das próteses

Remontagem dos modelos (ASA) para

ajuste oclusal

6ª Sessão Instalação das próteses

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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A respeito das características oclusais, as próteses foram confeccionadas em

oclusão balanceada bilateral, com curva de compensação não-individualizada e com

traspasses vertical e horizontal de aproximadamente 1mm entre os dentes anteriores. O

padrão da superfície oclusal foi definido de acordo com a sequência sorteada para o

participante. Na sequência DA-DN, as próteses foram confeccionadas com dentes

anatômicos e, se na sequência DN-DA, dentes não-anatômicos. Os dentes artificiais

selecionados foram o Classic® (Heraeus Kulzer), que apresentam dois padrões de

morfologia oclusal: ângulo de cúspide com 28º (Orthognath) (Figura 2-A,C) ou com 0º

(Orthocal) (Figura 2-B,D).

Na instalação, pequenos ajustes oclusais eram efetuados quando necessários com

finalidade de eliminar os contatos excessivos. Para o ajuste oclusal intraoral, a oclusão

foi avaliada por meio de marcações com fitas de carbono Accu Film (Parkell, EUA)

entre as superfícies oclusais. O ajuste foi realizado tanto em oclusão cêntrica como

excêntrica, durante a lateralidade e a protrusão. Os dentes posteriores de ambas as

arcadas foram ajustados para tocar-se simultaneamente com distribuição uniforme dos

contatos oclusais na oclusão cêntrica e na oclusão balanceada bilateral. Na protrusão, os

contatos foram simultâneos entre os dentes anteriores e os posteriores de cada

hemiarcada. Os ajustes em dentes anatômicos foram realizados com pequenos desgastes

em fundo de fossa ou vertentes, sem desgastes em pontas de cúspides. Em dentes não-

anatômicos, os ajustes foram realizados com objetivo de manter dois pontos de contato

entre as superfícies oclusais. Além disso, o paciente recebia instruções verbais e escritas

sobre o uso e higiene da prótese.

As consultas de controle para ajustes realizadas com 24 horas, 48 horas, 7, 15 e

30 dias tinham como objetivo identificar áreas de fibromucosa ulceradas e/ou doloridas

para ajustes na base da prótese e proporcionar mais conforto ao paciente. Os contatos

oclusais também foram verificados, e quando necessário, um ajuste era realizado.

5.7 Alteração do conceito oclusal

A alteração dos dentes posteriores foi realizada por um único técnico em prótese

dentária. Após 3 meses de uso da prótese, os pacientes retornaram e então realizou-se a

coleta de dados e a substituição dos dentes posteriores. Para tanto, obteve-se um registro

oclusal intraoral em resina autopolimerizável vermelha (Duralay) em 3 pontos. Na base

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24

da prótese foi feito um modelo com uma camada de silicone de condensação

laboratorial (Zetalabor, Itália) e gesso pedra tipo 3. Em seguida, realizou-se a montagem

em articulador semi-ajustável (ASA) do modelo superior, com a mesa de Camper, e do

modelo inferior através do registro (Figura 4-A-H).

Os dentes artificiais posteriores da prótese inferior foram removidos da base da

prótese com broca Carbide 701 e confeccionado um plano de orientação em cera para

manter a referência do plano oclusal. A seguir, os dentes superiores foram removidos e

novos dentes foram montados, por fim os dentes inferiores foram posicionados (figura

5-A-H). Após a ceroplastia, a prótese foi incluída em mufla metálica e processada

convencionalmente. A demuflagem foi realizada cuidadosamente e os modelos foram

reposicionados nas bases de gesso no ASA com cola de metil-cianocrilato e um ajuste

oclusal foi realizado para eliminar possíveis alterações dimensionais (figura 6-A-D).

Após polida, as próteses foram instaladas no paciente seguindo os mesmos

procedimentos discutidos anteriormente. As consultas de controle foram realizadas em

24 horas, 48 horas, 7, 15 e 30 dias.

Depois de 3 meses de uso, realizou-se nova coleta e os pacientes foram

questionados quanto a preferência do padrão oclusal. Se necessário, nova mudança de

dentes seria conduzida.

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25

Figura 4 - Próteses totais após registro com resina Duralay (A). Vista oclusal do registro na

prótese superior (B). Base das próteses com silicone laboratorial densa (C,D). Modelo em

gesso confeccionado sobre a prótese (E,F). Montagem do modelo superior em ASA com

mesa de Camper (G) e montagem do modelo inferior (H).

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Figura 5 - Remoção dos dentes posteriores com broca carbide (A,B). Confecção de plano de

orientação inferior sobre a região desgastada (C). Dentes superiores montados em cera (D).

Prótese após a montagem em cera dos dentes posteriores, vista lateral (E), vista frontal (F) e

vista oclusal (G,H).

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Figura 6 - Inclusão da prótese em gesso (A) e silicone de condensação densa (B). Após a

remoção da cera, mufla e contramufla (C). Ajuste oclusal com os modelos remontados em

ASA.

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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5.8 Variáveis do estudo

As variáveis do estudo foram coletadas por um examinador mascarado

responsável pela avaliação do paciente no momento T0 (3 meses após a reabilitação) e

T1 (3 meses após a substituição dos dentes posteriores).

5.8.1 Qualidade de vida relacionada a saúde bucal

O impacto da saúde ou condição bucal na qualidade de vida foi medido através o

OHIP-Edent (Anexo C), forma simplificada do questionário/formulário Oral Health

Impact Profile (OHIP), específica para desdentados totais.

Os indivíduos da amostra responderam ao formulário impresso no formato

entrevista (questionário OHIP- EDENT). Nele foi avaliado se as alterações da condição

bucal, incluindo a reabilitação oral interferem na qualidade de vida dos mesmos. Para as

19 perguntas do OHIP-Edent, foram consideradas as seguintes respostas de impacto:

"nunca" (pontuação 0), "as vezes" (pontuação 1) e "quase sempre" (pontuação 2); a

resposta "nunca" implicava a ausência de impacto. Para a análise foi realizada a soma

numérica da pontuação de cada resposta. Os resultados do OHIP-Edent poderiam variar

entre 0 e 38 de tal forma que, quanto maior a pontuação total maior o impacto da saúde

oral sobre o bem-estar e a qualidade de vida e, portanto, pior a qualidade de vida

relacionada a saúde oral.

5.8.2 Satisfação do paciente

Para a avaliação da satisfação do paciente utilizou-se um questionário baseado

no questionário idealizado por Sato et al. (2000) e validado por Cunha (2004), onde a

satisfação foi avaliada em relação aos seguintes critérios: mastigação, gustação,

fonética, sintomatologia dolorosa, estética, adaptação, retenção e conforto (APÊNDICE

C). Os valores referentes a retenção variou de 1 a 4 (1-sem retenção, 2- mínima

retenção, 3- moderada retenção, 4- boa retenção), enquanto os outros critérios de

satisfação correspondeu a uma escala visual analógica (0 a 100).

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29

5.8.3 Performance mastigatória

Obtenção do alimento teste

A performance mastigatória foi avaliada por meio da mastigação de pedaços de

alimento artificial pesado e avaliado pelo método das tamises (SLAGTER; BOSMAN;

VAN DER BILT, 1993). O alimento teste artificial foi confeccionado com material

odontológico de moldagem à base de silicone de condensação, denominado Optocal.

Este alimento apresentará na sua composição, os componentes e proporções descritos no

Quadro 2.

Quadro 2 - Materiais, respectivas especificações, utilizados na confecção do alimento-

teste. Natal/RN, 2019.

Material Nome comercial Fabricante Origem

Quantidade

em gramas

(g)

Silicone de

impressão

Optosil Comfort

Putty

Heraeus

Kulzer Alemanha 53 g

Pasta catalisadora

universal

Activador

Universal

Heraeus

Kulzer Alemanha 1,43 g

Creme dental Colgate tripla-

ação hortelã

Colgate-

Palmolive

Company

Brasil 25 g

Vaselina sólida Vaselina Rioquímica Brasil 3 g

Gesso

odontológico

Gesso pedra tipo

III Asfer Brasil 8 g

Alginato Alginato Avagel

Tipo II Dentsply Brasil 4 g

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Após mistura dos componentes, a massa homogeneizada foi inserida em moldes

metálicos com compartimentos cúbicos com dimensões de 5,6 x 5,6 mm de extensão e

5,6 mm de altura previamente vaselinados (figura 7-A). Para assegurar a completa

polimerização do material, a matriz foi estocada em estufa bacteriológica (Modelo SL

101, Solab Equipamentos, São Paulo, Brasil) por 16 horas a 65°C. Após isso o alimento,

já em formato de cubos, foi pesado em balança de precisão de 0,001g (Modelo AD330,

Marte Científica, Minas Gerais, Brasil) em porções de aproximadamente 3g (figura 7-

B), sendo descartados após 7 dias.

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30

Trituração dos alimentos (Optocal)

Todos os pacientes receberam orientações antes do experimento em relação à

quantidade de movimentos mastigatórios a serem realizados e, também, quanto ao

bochecho a ser executado após a mastigação. Uma porção dos cubos (3 gramas) foi

entregue a cada paciente para mastigação durante 20 ciclos. Essa quantia de ciclos é

muito próxima do momento da deglutição, sendo que cada ciclo corresponde a uma

mordida máxima simulando a mastigação. Os ciclos foram monitorados pelo

examinador.

Com o alimento no interior da cavidade bucal, os pacientes, sentados em cadeira

odontológica em posição confortável, a fim de não alterar o processo de trituração do

material-teste, puderam escolher a melhor forma para mastigar. Após a mastigação, o

alimento foi recolhido em um recipiente descartável após ser expelido da cavidade bucal

(figura 7-C). Neste momento foi solicitado ao paciente o enxágue da boca com 200ml

de água, por duas vezes com e uma vez sem as próteses. A água dos enxágues também

foi coletada juntamente com as partículas existentes nas próteses e o material mastigado

assegurando a remoção de todo o resíduo.

Tamisação

Em seguida, o material recolhido foi despejado na parte superior de um conjunto

de cinco tamises granulométricas (Bertel® Indústria Metalúrgica Ltda, São Paulo,

Brasil) com aberturas de 5,6; 4,0; 2,8; 2,0; 1,4; 1,0 mm, ,0710 mm, 0,500 mm,

acopladas em ordem decrescente, de acordo com o tamanho da abertura de seus orifícios

(figura7-D-E). Desta maneira os fragmentos colocados na primeira tamise passaram, de

acordo com suas respectivas dimensões, progressivamente às tamises de menor

diâmetro.

A tamisação foi realizada com um litro de água corrente vertida no conjunto de

tamises, o qual foi colocado em vibração por dois minutos (Vibrador Vibramestre, Kota,

São Paulo, Brasil), utilizando 7.200 vibrações por minuto (figura 7-D). Após a

tamisação o conteúdo retido em cada tamise foi colocado para secar naturalmente.

Após a secagem, a massa contida em cada recipiente foi mensurada

separadamente em balança analítica com precisão de 0,001 gramas (Modelo AD330,

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31

Marte Científica, Minas Gerais, Brasil) (figura 7-F). Os valores da pesagem em gramas,

de cada paciente, separados pelas diferentes malhas do sistema de peneiras, foram

tabulados e submetidos à análise do X50.

Método de análise do Diâmetro Mediano das Partículas (DMP ou X50)

O X50 foi obtido a partir da apicação da equação proposta por Rosin e Rammler:

Em que:

“Qw –” corresponde à porcentagem do peso cumulativo das partículas, ou seja, a

porcentagem das partículas com diâmetro menores que X;

“X” representa a abertura da maior peneira;

“X50” corresponde à abertura “teórica” da peneira pela qual 50% do peso total

das partículas mastigadas podem passar;

“b” é a variável que descreve a amplitude da distribuição das partículas ao longo

das peneiras.

Para obtenção do valor do X50, os dados referentes aos pesos das partículas

retidas em cada peneira foram transferidos ao software Microsoft Excel 2013 para

determinação do percentual cumulativo do peso das partículas. Esses dados foram

transferidos ao software IBM SPSS Statistics 2.0 para determinação do valor X50 a

partir do teste de regressão não-linear com a inserção da equação de Rosim-Rammler.

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Figura 7 - Material inserido na matriz metálica para produção do alimento artificial de

tamanho padronizado (A). Cubos de Optocal obtidos após a polimerização e pesados em

quantidades de 3,0 gramas (B). Alimento acondicionado em recipiente descartável após

expelido pelo paciente (C). Material coletado sendo vertido no conjunto de tamises (D).

Alimento retido nana peneira com malha de abertura de 5,6 mm (E). Optocal retido na

peneira de 5,6mm acondicionado em recipiente plástico (F).

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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33

5.8.4 Número de ajustes após a instalação da prótese

Nas sessões de controle em 24 horas, 48 horas, 7, 15 e 30 dias após a instalação

das PTs realizava-se exame clínico e escuta das queixas de desconforto do paciente para

verificar a presença de área de desconforto e/ou úlcera traumática na fibromucosa. Ao

observar área de desconforto e/ou ulcerações, aplicava-se com pincel de cerdas finas a

pasta catalisadora do kit de pasta zincoenólica (Lysanda, São Paulo, Brasil) nas áreas de

borda e base na região com necessidade de ajuste. Em seguida, a prótese era assentada

na boca do paciente para que a área de sobrecompressão fosse transferida para a base da

prótese, sendo identificada através da remoção da pasta. A área identificada era

levemente desgastada com uma broca de carbeto de tungstênio com corte cruzado fino,

referência 1520 (Edenta, Suiça). Mesmo se houvesse apenas queixa de dor sem presença

de ulceração a área de sobrecompressão era ajustada. Na ficha clínica eram registrados o

quantitativo de todos os ajustes necessários, bem como sua localização na fibromucosa

e características clínicas da lesão.

Ao final de cada sessão de controle, o paciente era motivado para o uso da

prótese, sendo informado a importância desses acompanhamentos para o sucesso do

tratamento.

5.8.5 Preferência do tipo de dentes

Durante a última avaliação, 6 meses após a instalação das próteses, os pacientes

foram questionados qual o tipo de dentes posteriores preferiu. Havia três possibilidades

de resposta: dentes anatômicos, dentes não-anatômicos ou não havia percebido

diferença.

5.9 Análise dos dados

Os dados obtidos foram inseridos e analisados no software IBM SPSS Statistiscs

20. Inicialmente, realizou-se uma análise descritiva da população estudada para as

variáveis sexo, idade, tempo de uso das próteses totais e altura do rebordo mandibular,

com o objetivo de caracterizar a amostra. Para avaliar a homogeneidade entre os grupos

da pesquisa para as variáveis “idade” e “tempo de uso da PT mandibular”, foi

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34

empregado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Em relação as variáveis

categóricas “sexo” e “altura do rebordo mandibular”, foi utilizado o teste Exato de

Fisher para verificar a homogeneidade de distribuição dos participantes entre os grupos

do estudo.

Os resultados do trabalho foram analisados inicialmente com o objetivo de

verificar o desenho do estudo (as duas sequências de tratamento) quanto às variáveis

dependentes “performance mastigatória”, “qualidade de vida relacionada à saúde bucal”

e “satisfação”. Assim, para analisar a “performance mastigatória”, a “qualidade de vida

relacionada à saúde bucal” e a “satisfação” dentro de um mesmo grupo de indivíduos

em momentos distintos, foi empregado o teste não-paramétrico de Wilcoxon.

A análise da influência do tipo de morfologia oclusal (anatômico e não-

anatômico) foi feita para as variáveis dependentes “performance mastigatória”,

“qualidade de vida relacionada à saúde bucal” e “número de ajustes na base das

próteses”. Em todos os casos, o teste não-paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado,

com nível de significância de 5% e poder do teste de 80%.

A variável “satisfação” também foi analisada quanto ao tipo de superfície

oclusal. A análise foi feita para cada item separadamente quanto ao tipo de superfície

oclusal (nesse caso, foi empregado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney) e por

meio de associação, após categorização em “insatisfeito” (< 70 pontos) e “satisfeito ou

muito satisfeito” (≥ 70 pontos). O teste Qui-quadrado foi utilizado para essa análise.

A preferência do paciente quanto ao tipo de tratamento foi exposta de maneira

descritiva, usando frequência (n) e valor percentual (%).

Em todos os testes foi considerado um nível de significância de 5% e poder do

teste de 80%.

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35

6 RESULTADOS

6.1 Caracterização dos participantes da pesquisa

A amostra final do estudo foi composta por 34 idosos (Grupo DA – DN = 19;

DN – DA = 15), cuja idade média foi de 69,00 anos (± 5,77). Os participantes foram

predominantemente do sexo feminino e caracterizaram-se por um elevado tempo de

edentulismo. O tempo médio de uso da prótese mandibular foi de 11,16 anos (± 4,97) e

nenhum participante do estudo apresentou o rebordo mandibular do tipo “alto”,

predominando indivíduos com rebordos mandibulares “baixos”.

Quanto às possíveis variáveis independentes de confusão do estudo, pode-se

observar na tabela 2 que idade, tempo de uso da prótese total mandibular, gênero e

altura do rebordo mandibular foram homogêneos entre os participantes dos dois grupos

do estudo.

Tabela 2 – Variáveis de caracterização dos participantes da pesquisa de acordo com a

sequência de reabilitação: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e

Q75), n (%) e valor de p. Natal, 2019.

DA - DN DN - DA Total

n Média

(SD)

Med

(Q25-Q75) n

Média

(SD)

Med

(Q25-Q75) p1

Média

(SD)

Idade 19 68,00

(5,81)

69,00

(63,00–72,00) 15

70,27

(5,67)

70,00

(67,00–74,00) 0,258

69,00

(5,77)

Tempo de uso da

PT mandibular 19

9,01

(5,08)

8,00

(5,00–11,00) 15

8,26

(4,96)

8,00

(4,00-12,00) 0,727

11,16

(4,97)

n (%) n (%) p2

n (%)

Gênero

Feminino 18 (94,7) 13 (86,7) 0,571

31 (91,2)

Masculino 1 (5,3) 2 (13,3) 3 (8,8)

Altura do rebordo

Baixo 16 (84,2) 14 (93,3) 0,613

30 (88,2)

Médio 3 (15,8) 1 (6,7) 4 (11,8)

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney; 2: Teste Exato de Fisher; DA – DN: 1º dente

anatômico seguido por dente não-anatômico; DN – DA: 1º dente não-anatômico seguido por

dente anatômico.

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36

6.2 Desenho do estudo

Para avaliar o impacto da sequência do tratamento entre os participantes da

pesquisa quanto às variáveis dependentes “saúde oral relacionada à qualidade de vida”,

“satisfação” e “performance mastigatória”, foram realizados testes estatísticos não-

paramétricos. Essa análise foi necessária para que fosse possível realizar o agrupamento

dos resultados de acordo com os tipos de superfícies oclusais analisadas. Após essa

etapa de análise, os dados foram agrupados de acordo com o tipo de superfície oclusal

(e não de acordo com o participante), o que permitiu aumentar o n amostral.

A tabela 3 descreve os resultados para os grupos com diferentes sequências de

tratamento quanto ao impacto da saúde oral na qualidade de vida, à performance

mastigatória, representados pelo OHIP-Edent e X50, respectivamente. Também são

apresentados os dados referentes à satisfação do indivíduo.

Quanto ao OHIP-Edent, ambas as sequências de tratamento promoveram uma

melhora significativa da qualidade de vida dos participantes (quando se compara o

mesmo indivíduo), uma vez que os valores diminuíram significativamente. Assim,

independentemente do tipo oclusal, num segundo momento de análise (T2), os idosos

apresentaram uma melhora na qualidade de vida relacionada à saúde bucal.

Em relação ao valor do X50 (performance mastigatória) e satisfação, observa-se

que as sequências de tratamento foram homogêneas quando se comparou o mesmo

paciente em tempos distintos e com tipos oclusais diferentes. Logo, para essas duas

variáveis, os grupos não apresentaram diferenças significativas após o segundo

tratamento.

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37

Tabela 3 – Impacto da saúde oral na Qualidade de Vida (OHIP-Edent), Performance

mastigatória (X50) e satisfação quanto aos grupos de estudo divididos pela sequência de

tratamento, no T1 e T2: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75)

e valor de p. Natal, 2019.

OHIP-Edent

Sequência DA – DN Sequência DN – DA

n Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75)

T1 19 4,16 (4,83) 4,00 (0,00 – 6,00) 15 6,47 (5,01) 5,00 (3,00 – 8,00)

T2 19 3,68 (5,95) 2,00 (0,00 – 3,00) 15 4,93 (4,11) 4,00 (2,00 – 7,00)

p2 0,021* 0,035*

Satisfação

Sequência DA – DN Sequência DN – DA

N Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75)

T1 19 88,52 (14,11) 96,00 (85,00 – 96,00) 15 70,06 (24,72) 74,00 (56,00 – 93,00)

T2 19 83,63 (22,46) 88,00 (82,00 – 97,00) 15 66,86 (30,08) 74,00 (32,00 – 96,00)

p1 0,221 0,514

X50

Sequência DA – DN Sequência DN – DA

n Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75)

T1 19 6,48(0,72) 6,77 (6,40 – 6,93) 15 6,61 (0,47) 6,64 (6,50 – 6,97)

T2 19 6,59 (0,48) 6,76 (6,47 – 6,92) 15 6,66 (0,42) 6,73 (6,58 – 6,94)

p1 0,557 0,345

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: 1: teste de Wilcoxon; DA – DN: 1º dente anatômico seguido por dente não-anatômico;

DN – DA: 1º dente não anatômico seguido por dente anatômico.

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6.3 Influência da morfologia oclusal sobre as variáveis dependentes

6.3.1 Impacto da saúde oral na qualidade de vida

Em relação ao valor total do OHIP-Edent, que pode variar de 0 a 38, o valor

médio para ambos os tipos de superfícies oclusais foi baixo (menor que 5) e semelhante

entre si, demonstrando uma boa qualidade de vida relacionada à saúde bucal

independentemente do tipo de condição oclusal existente. Os sete domínios avaliados

apresentaram valores médios (e de mediana) baixos, e não mostraram diferenças

significativas quanto ao tipo de superfície oclusal empregado (Tabela 4).

Tabela 4 –Valor total e dos domínios do OHIP-Edent para ambos os tipos oclusais

analisados: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e valor de p.

Natal, 2019.

OHIP-Edent

Dentes anatômicos Dentes não-anatômicos

n Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75) p1

OHIP total 34 4,50 (4,48) 4,00 (1,00 – 6,00) 34 4,85 (5,63) 3,00 (1,75 – 6,25) 0,674

Limitação funcional 1,32 (1,70) 1,00 (0,00 – 2,25) 1,24 (1,61) 0,50 (0,00 – 2,00) 0,839

Dor física 1,53 (1,50) 1,00 (0,00 – 2,00) 1,79 (1,80) 1,50 (0,00 – 3,00) 0,734

Desconforto psicológico 0,50 (0,92) 0,00 (0,00 – 1,00) 0,68 (1,29) 0,00 (0,00 – 1,00) 0,824

Disfunção física 0,56 (0,99) 0,00 (0,00 – 1,25) 0,56 (1,28) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,662

Disfunção psicológica 0,35 (0,84) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,32 (0,72) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,993

Disfunção social 0,18 (0,62) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,18 (0,71) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,684

Incapacidade 0,06 (0,34) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,06 (0,34) 0,00 (0,00 – 0,00) 1,000

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney.

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6.3.2 Satisfação

A variável satisfação foi analisada por cada item separadamente quanto ao tipo

de superfície oclusal (Tabela 5) e por meio de associação, após categorização, de acordo

com Sato et al. (2000) (Tabelas 6 e 7).

Ao analisar os itens separadamente, verifica-se que ambos os tipos oclusais

estiveram relacionados a bons índices de satisfação, não diferindo estatisticamente. Os

menores valores de satisfação estiveram relacionados com o arco inferior para a

adaptação da prótese, retenção e conforto, mesmo assim os valores estiveram acima de

70, numa escala que variou de 0 a 100.

Tabela 5 - Satisfação do paciente quanto a critérios relacionados à prótese para ambos

os tipos oclusais analisados: n, média (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e valor

de p. Natal, 2019.

Dentes anatômicos

Dentes não-anatômicos

Satisfação N Média

(SD) Med Q25 Q75

N Média

(SD) Med Q25 Q75 P1

Mastigação 34 84,00

(17,75) 90,00 73,75 100,00 34

79,18

(25,67) 90,00 60,00 100,00 0,840

Gustação 82,06

(22,50) 90,00 70,00 100,00

76,65

(28,32) 80,00 70,00 100,00 0,570

Fonação 83,65

(18,10) 90,00 70,00 100,00

79,15

(24,88) 90,00 70,00 100,00 0,705

Dor no arco

superior

91,03

(15,39) 100,00 87,50 100,00

89,59

(16,08) 100,00 79,00 100,00 0,618

Dor no arco

inferior

82,12

(26,93) 90,00 73,75 100,00

80,91

(27,17) 90,00 75,00 100,00 0,897

Estética 91,85

(16,69) 100,00 90,00 100,00

88,82

(21,00) 100,00 87,50 100,00 0,462

Adaptação – AS 87,76

(21,68) 100,00 80,00 100,00

86,41

(24,15) 100,00 80,00 100,00 0,946

Adaptação – AI 78,15

(26,28) 90,00 65,25 100,00

75,59

(25,45) 80,00 70,00 100,00 0,627

Retenção

superior

3,91

(0,28) 4,00 4,00 4,00

3,85

(0,35) 4,00 4,00 4,00 0,455

Retenção

inferior

2,82

(0,83) 3,00 2,00 3,00

2,79

(0,91) 3,00 2,00 3,25 0,932

Conforto – AS 90,82

(15,98) 100,00 90,00 100,00

90,322

(18,31) 100,00 88,75 100,00 0,994

Conforto – AI 80,32

(21,46) 90,00 67,50 90,00

75,91

(24,57) 80,00 60,00 100,00 0,469

Pontuação geral 78,97

(24,73) 88,00 69,25 96,00

77,79

(24,14) 84,00 68,75 96,00 0,725

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney; AS: Arco superior; AI: Arco inferior.

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Na tabela 6, pode ser observada a distribuição homogênea dos participantes

quanto a satisfação de acordo com o tipo oclusal. Tanto no grupo DN (não-anatômico),

quanto no grupo DA (dente anatômico), a maioria dos participantes se consideraram

muito satisfeitos.

Tabela 6 – Distribuição dos participantes da pesquisa quanto ao nível de satisfação

categorizado em “insatisfeito”, “satisfeito” e “muito satisfeito”: frequência (n) e

percentual (%). Natal, 2019.

Satisfação Total

Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito Total

n (%) n (%) n (%) n (%)

Tipo de morfologia

oclusal

DA 8 (23,5) 7 (20,6) 19 (55,9) 34 (100,0)

DN 9 (26,5) 11 (32,4) 14 (41,2) 34 (100,0)

Fonte: o autor.

Nota: DA: Dente anatômico; DN: Dente não-anatômico.

O teste Qui-quadrado foi empregado para avaliar se o tipo de superfície oclusal teve

alguma associação significativa com a satisfação geral. Para tanto, esta variável foi

categorizada em dois itens: “insatisfeito” (< 70 pontos) e “satisfeito ou muito satisfeito”

(≥ 70 pontos). Na tabela 7, percebe-se que, em ambos os tipos oclusais, a maioria dos

participantes mostrou-se satisfeita ou muito satisfeita, de maneira homogênea entre os

grupos, demonstrando que o tipo de superfície oclusal não esteve associado

significativamente com a satisfação.

Tabela 7 – Associação entre o tipo de morfologia oclusal e o nível de satisfação do

participante da pesquisa categorizado em “insatisfeito” e “satisfeito ou muito satisfeito”:

frequência (n), percentual (%), valor de p, RP (Razão de Prevalência) e IC (Intervalo de

Confiança). Natal, 2019.

Satisfação

Insatisfeito

Satisfeito ou

Muito

satisfeito

p1 RP (IC)

n (%) n (%)

Tipo de morfologia

oclusal

DA 8 (23,5) 26 (76,5)

0,725 0,889 (0,389 – 2,029)

DN 9 (26,5) 25 (73,5)

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: DA: 1: Teste Qui-quadrado; DA: Dente anatômico; DN: Dente não-anatômico.

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41

6.3.3 Performance mastigatória

Os tipos de superfícies oclusais empregados neste estudo não influenciaram a

performance mastigatória dos idosos de maneira estatisticamente significativa (Tabela

8). Os valores médios de X50, apresentados em milímetros, foram próximos a 6,50 e

semelhantes em ambos os grupos, indicando uma baixa performance mastigatória

proporcionada tanto pela superfície oclusal com cúspide, quanto pelo plano oclusal em

zero grau.

Tabela 8 – Performance mastigatória (X50 médio), em milímetros, para os dois tipos de

superfície oclusal: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e

valor de p. Natal, 2019.

Dentes anatômicos Dentes não-anatômicos

N Média (SD) Med (Q25-Q75) N Média (SD) Med (Q25-Q75) p1

X50 34 6,56 (0,60) 6,74 (6,49 – 6,93) 34 6,60 (0,47) 6,69 (6,49 – 6,93) 0,849

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney;

6.3.4 Número de ajustes na base da prótese

Os dados relativos a essa variável estão descritos na tabela 9. Nela, quando se

compara maxila e mandíbula, observa-se que o número de ajustes foi significativamente

maior para a prótese inferior, em ambos os grupos avaliados, e que a necessidade de

ajustes não diferiu significativamente entre os tipos de superfície oclusal, tanto na

maxila como na mandíbula.

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Tabela 9 – Número de ajustes na base da prótese para maxila e mandíbula em relação ao

tipo de morfologia oclusal: n, média (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e valor

de p. Natal, 2019.

Número de ajustes

Dentes anatômicos Dentes não-anatômicos

n Média (SD) Med (Q25-Q75) N Média (SD) Med (Q25-Q75) p1

Maxila 19 0,26 (0,56) 0,00 (0,00 – 0,00) 15 0,36 (0,74) 0,00 (0,00 – 0,25) 0,878

Mandíbula 19 1,68 (1,00) 2,00 (1,00 – 2,00) 15 3,50 (3,00) 2,50 (1,75 – 6,50) 0,083

P2 < 0,001 0,002

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney; 2: Teste não-paramétrico de Wilcoxon.

6.3.5 Preferência do paciente com relação ao tratamento

Ao final do período da pesquisa, após usar as próteses com os dois tipos

oclusais, os pacientes (n=34) foram questionados quanto à preferência deles pela

prótese utilizada. A maioria não expressou preferência por nenhum tipo de superfície

oclusal (52,9%) e, dentre aqueles que relataram preferir um ou outro tipo, a maioria

escolheu as próteses com dentes não-anatômicos (32,4%) (Figura 8). Porém, ao analisar

a escolha do tipo de superfície oclusal em relação a sequência de tratamento, observou-

se que o tipo de superfície final (o segundo tratamento) foi mais frequente.

Dentre os 3 pacientes que preferiram o tipo de superfície oclusal inicial (1

paciente na sequência DA-DN e 2 pacientes na sequência DN-DA), ao indicar a troca da

superfície final pela inicial, os pacientes relataram estavam satisfeitos com a prótese

final e não aceitaram a realização de uma nova substituição.

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43

Figura 8 – Preferência dos participantes da pesquisa quanto ao tipo de tratamento

(superfície oclusal). Natal, 2019.

Sequência do Tratamento

Preferência do Paciente

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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44

7 DISCUSSÃO

A hipótese de que o tipo de superfície oclusal de dentes posteriores (dentes

anatômicos ou não-anatômicos) em próteses totais não influencia na qualidade de vida,

na satisfação, na performance mastigatória e no números de ajustes na base da prótese

total foi aceita.

Para a confirmação da hipótese, o impacto da saúde oral na qualidade de vida foi

avaliado através do OHIP-Edent, um instrumento validado e específico para pacientes

edentulos (ALLEN; LOCKER, 2002). A baixa pontuação geral do OHIP-Edent e dos

seus domínios indica que a condição bucal não influenciou negativamente na qualidade

de vida, independente da superfície oclusal. E ainda, o fato dos domínios dor física e

limitação funcional apresentarem maiores pontuações, indica que esses aspectos foram

os principais responsáveis pelo impacto negativo gerado, mesmo que pequeno. Esse fato

é justificado pela característica mucossuportada da prótese total e sua possibilidade de

movimentação, principalmente na prótese inferior, o que pode causar desconforto e dor

(MARCELO-MACHADO et al., 2017).

Outro aspecto importante relacionado ao tratamento com prótese total é a

satisfação do paciente. No que concerne a satisfação relacionada a mastigação com

oclusão balanceada bilateral em dentes anatômicos, estudo prévio mostrou melhores

resultados dessa em detrimento da oclusão com dentes não-anatômicos (SUTTON;

WORTHINGTON; MCCORD, 2007), já para a satisfação relacionada a estética, os

dentes não-anatômicos apresentaram resultados menos satisfatórios que os dentes

anatômicos (CLOUGH et al., 1983). No entanto, no presente estudo essa relação não foi

identificada. Os valores de satisfação foram altos independente do tipo de dentes

posteriores (anatômicos e não-anatômicos), demonstrando o efeito positivo do uso das

novas próteses. Como a satisfação pode ser influenciada positivamente pela qualidade

técnica da prótese total (TORRES et al., 2019), esse aspecto justifica a satisfação da

maioria dos pacientes do estudo. Todas as próteses foram confeccionadas e instaladas

sobre controle rigoroso dos procedimentos clínicos e laboratoriais, além de orientações

e ajustes após a instalação. Além disso, outro fator positivo é que a reabilitação foi

realizada por um único especialista experiente em prótese, o que pode ter gerado um

impacto positivo na qualidade final das próteses (THALJI; MCGRAW; COOPER,

2016).

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45

Adicionalmente aos métodos subjetivos discutidos acima, foi utilizado um

método objetivo para avaliar a função mastigatória independente da autopercepção do

paciente. O método conhecido como padrão ouro na literatura é a performance

mastigatória através das tamises para obtenção do valor de X50 (SÁNCHEZ-AYALA,

et al., 2016; SLAGTER; BOSMAN; VAN DER BILT, 1993). Sabe-se que os dentes

anatômicos, pela sua própria morfologia, têm área de contato oclusal aumentada em

comparação com os dentes não-anatômicos, portanto requerem menor força

mastigatória para penetrar nos alimentos (SUTTON; GLENNY; MCCORD, 2005), fato

que poderia repercutir em melhor performance mastigatória. Entretanto, o resultado do

presente estudo indica que não há superioridade dos dentes anatômicos com relação a

esse aspecto. No presente estudo, foi possível isolar a variável de intervenção anatomia

oclusal dos dentes posteriores, já que as comparações foram realizadas entre os mesmos

pacientes, o que elimina a interferência das características individuais dos pacientes,

como anatomia do rebordo e força muscular. Acrescenta-se ainda que as comparações

foram realizadas entre próteses diferenciadas apenas pela anatomia dos dentes

posteriores, sendo a base e relações maxilomadibulares mantidas após as substituições.

Estudo prévio semelhante, também não encontrou diferença significativa entre oclusão

balanceada bilateral com dentes anatômicos e oclusão com dentes não-anatômicos com

relação a performance mastigatória e força oclusal máxima

(NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014).

No que concerne a adaptação do paciente as novas próteses, o período após a

instalação pode ser difícil para alguns pacientes, pois corresponde a um período de

adaptação neuromuscular e dos tecidos de suporte da prótese total. Durante esse

período, os pacientes podem apresentar alguns sintomas de desconforto ou dor na

fibromucosa causado por áreas de maior compressão da base da prótese sobre esses

tecidos. A fim de proteger a saúde das estruturas orais e reabilitar sua função, um ajuste

da base da prótese é comumente necessário (CLOUGH et al., 1983; SUTTON;

WORTHINGTON; MCCORD, 2007). Estudos prévios sugerem que o esquema oclusal

com dentes não-anatômicos impõe menor deformação na área de suporte da prótese

quando comparado a superfície oclusal anatômica, o que pode repercutir em menos

úlceras traumáticas durante o período de adaptação (MADALLI et al., 2015;

HAFEZEQORAN et al., 2018). No entanto, esse achado não foi confirmado no presente

estudo. Ao quantificar o número de ajustes nesse período de adaptação de até 3 meses

observou-se que, embora sem diferença estatística, pacientes reabilitados inicialmente

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46

com dentes não-anatômicos apresentaram maior necessidade de ajustes. Estudos

semelhantes corroboram com esses resultados, em que as próteses com dentes não-

anatômicos precisam de mais ajustes após a instalação do que as outros tipos de

esquemas oclusais (CLOUGH et al, 1983; SUTTON; WORTHINGTON; MCCORD,

2007).

Diante dos resultados discutidos até o momento, não surpreende o fato de que a

maioria dos pacientes (n=18) não demonstrou preferência a um tipo de superfície

oclusal específico e que 13 pacientes preferiram o tipo de superfície oclusal final. Como

a segunda avaliação foi realizada após 6 meses da instalação da prótese, o efeito tempo

pode ter influenciado neste resultado, por atuar favoravelmente na adaptação dos

pacientes as novas próteses. Interessante é que, mesmo os pacientes (n=3) que

preferiram o primeiro tipo de superfície oclusal, não quiseram realizar a troca para o

tipo de dentes de preferência, indicando que também estavam satisfeitos com os dentes

finais. Os resultados desse estudo confrontam com o encontrado em uma revisão

sistemática, onde pacientes preferiram os dentes anatômicos à dentes não-anatômicos,

em termos de melhora no desempenho mastigatório (SUTTON; GLENNY; MCCORD,

2005).

Em busca de garantir a melhor evidência científica, esses resultados foram

obtidos a partir de um ensaio clínico do tipo crossover que teve como vantagem reduzir

a variação existente entre paciente em resposta a um tratamento, tendo em vista que

todos os tratamentos são atribuídos a todos os pacientes (FARIAS NETO, 2009).

Entretanto, a desvantagem é o efeito residual do tratamento anterior no tratamento

seguinte, efeito esse é chamado de ”carry-over”. Uma medida para eliminar o “carry-

over” é o período de “wash-out” entre a sequência de dois tratamentos. Nesse estudo

não foi possível inserir o período de “wash-out” por razões éticas, o paciente não

poderia voltar a utilizar as próteses totais antigas por um período de tempo prolongado.

Além disso, o viés causado pela impossibilidade de cegamento do profissional

reabilitador em relação ao tipo de intervenção dada a cada participante foi minimizado

pelo desenho do estudo, onde cada participante recebeu diferentes formas oclusais em

uma ordem randomizada e nenhuma informação era fornecida sobre o tipo de superfície

oclusal.

A randomização do ensaio clínico minimizou o viés seleção da amostra. Os

grupos de participantes não foram estratificados por idade, sexo, altura do rebordo

mandibular e experiência com uso da prótese. Essas variáveis foram analisadas

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47

estatisticamente quanto a possível influencia sobre as variáveis de desfecho, indicando a

homogeneidade da amostra.

A maioria dos estudos clínicos que buscam controlar esses fatores de confusão

tem outras limitações como a utilização de vários conjuntos de próteses para avaliar

oclusões diferentes. Portanto, para diminuir essa limitação, um método preciso foi

desenvolvido para troca dos dentes posteriores na prótese total do paciente, podendo

avaliar os dois tipos de superfície oclusal no mesmo paciente. Além disso, a técnica de

troca dos dentes posteriores na base de prótese não altera a dimensão vertical ou a

relação maxilomandibular.

A avaliação do paciente e essa substituição do conceito oclusal foi realizada 3

meses após a instalação, de acordo com o período recomendado na literatura para que os

pacientes estejam confortáveis com as próteses novas (ZARB et al., 2006). Porém, um

período entre 3 e 6 meses pode ser necessário para a redução da dor causado pela nova

prótese total mandibular (FARIAS NETO; CARREIRO, 2015). No presente estudo, 3

meses pode não ter sido tempo suficiente para a adaptação das novas próteses totais.

Nos resultados da tabela 3, os valores do OHIP-Edent reduziram de forma significativa

quando analisado após 3 meses e 6 meses da instalação nos mesmos pacientes

independente da sequência de tratamento realizada, ou seja, houve redução do impacto

negativo da saúde oral na qualidade de vida aos 6 meses. O período para avaliação

inicial poderia ter sido mais longo. No entanto, o aumento do período de teste teria

limitado severamente a praticidade deste estudo, devido à dificuldade de recordação dos

participantes e possíveis mudanças nos tecidos protéticos dos pacientes. O período

utilizado nesse estudo mostrou-se eficaz na determinação do paciente entre os tipos de

superfície oclusal, sendo esse possível efeito compensado pela diferentes sequências do

estudo cross-over.

Ao analisar o presente estudo e a literatura disponível, não é possível definir

superioridade de um tipo de superfície oclusal sobre a outra. Portanto, no que concerne

a implicação clínica do estudo, como os dentes anatômicos apresentam vantagem

estética devido a semelhança com os dentes naturais, esse deve ser o formato

selecionado.

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48

8 CONCLUSÃO

O tipo de superfície oclusal de dentes posteriores em prótese total não interferiu

no impacto da saúde oral na qualidade de vida, na satisfação do paciente, na

performance mastigatória, no números de ajustes após a instalação da prótese e na

preferência do paciente.

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49

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APÊNDICES

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APENDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa “Impacto do tipo de superfície oclusal de

dentes posteriores na satisfação, qualidade de vida e eficiência mastigatória de usuários de

próteses totais bimaxilares” que é coordenada pelo Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento,

retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. As informações

obtidas de cada participante são confidenciais e somente serão usadas com propósito científico, sem

divulgar o nome do participante. O pesquisador, os demais participantes dessa pesquisa e o Comitê de

Ética em Pesquisa da UFRN terão acesso aos arquivos dos participantes, sem, contudo, violar a

confidencialidade necessária, usando, se necessário, um apelido ou pseudônimo, sem divulgar seu nome

verdadeiro, de acordo com a resolução da CONEP 466/12.

A finalidade dessa pesquisa é avaliar o desempenho de próteses totais superior e inferior com

dentes com cúspides proeminentes (funcionais) e sem cúspides (não-funcionais) em pacientes sem

nenhum dente, quanto ao efeito causado na sua qualidade de vida relacionada à saúde da boca,

capacidade mastigatória, necessidade de ajustes posteriores à instalação e satisfação do paciente com a

prótese.

Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) a sorteio que fará você participar de um

dos grupos de procedimentos:

Grupo A

o Reabilitado inicialmente com dentes funcionais e, após, 3 meses, com dentes não

funcionais.

Grupo B

o Reabilitado incialmente com dentes não funcionais e, após 3 meses, com dentes

funcionais.

Após 3 meses de uso inicial da prótese dentária, você será solicitado a voltar ao Departamento

de Odontologia e então, será realizada a coleta de dados e a substituição dos dentes. Os dentes serão

removidos da base da prótese e novos dentes serão colocados em posição, para a PT ser,

posteriormente, acrilizada e polida. Após isso, as próteses serão instaladas e as devidas orientações

serão repassadas. Depois de 3 meses de uso com os novos dentes, será realizada uma nova coleta e

você será questionados quanto ao tipo de oclusão que você prefere que seja definitiva

para que seja realizada uma nova mudança de dentes, caso seja necessário. Essa alteração não

acarretará em custo adicional.

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Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: será reabilitado com dentaduras

superiores e inferiores confeccionadas de acordo como padrão estabelecido pela disciplina de prótese da

UFRN, tendo a opção de escolher entre o tipo de oclusão que mais lhe agradar e possuirá um

acompanhamento para verificação da adaptação e controle das dentaduras.

É bastante comum, após a colocação da dentadura, o paciente reclamar que a mesma está

machucando, que não apresenta estabilidade e não consegue se alimentar com ela. Logo, um dos risco

existentes em participar dessa pesquisa consiste em você não conseguir se adaptar à prótese feita. Além

disso, tem a possibilidade de desconforto pelo fato de estar sendo examinado pelo pesquisador. Também

pode acontecer que no momento em que os pesquisadores estiverem avaliando suas próteses, elas

possam ser danificadas. No entanto, os riscos serão minimizados pelos cuidados que a equipe

dispensará a você, socorrendo-o caso necessário e substituindo a prótese danificada por uma nova, sem

custo para o participante.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum

momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a

não identificar os voluntários.

Se você tiver algum gasto comprovado por meio de documentos que seja devido à sua única e

exclusiva participação na presente pesquisa em que tenha se deslocado até o local de desenvolvimento

da mesma e não tiver atendimento, você será ressarcido, caso solicite.

Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta

pesquisa, você terá direito a indenização conforme previsto em lei.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta

pesquisa, poderá perguntar diretamente para Adriana da Fonte Porto Carreiro, no endereço:

Departamento de Odontologia da UFRN – Av. Salgado Filho,1787- CEP:59056-000, Lagoa Nova – RN, ou

pelo telefone (84) 3215-4104.

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em

Pesquisa da HUOL no endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 - CEP: 59012-300, Petrópolis - Natal/RN ou pelo

telefone: 3342-5003

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios

envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Impacto do tipo de superfície

oclusal de dentes posteriores na satisfação, qualidade de vida e eficiência mastigatória de

usuários de próteses totais bimaxilares”.

Natal, _______________

Participante da pesquisa:

Nome:______________________________________________________

Assinatura:___________________________________________________

Pesquisador responsável:

Profa. Adriana da Fonte Porto carreiro. Departamento de Odontologia da UFRN - Av. Salgado Filho,1787-

CEP:59056-000, Lagoa Nova – RN, telefone (84) 3215-4104.

Assinatura: ___________________________________________________________

Comitê de ética e Pesquisa do HUOL – Av. Nilo Peçanha, 620 - CEP: 59012-300, Petrópolis -

Natal/RN - Tel: 3342-5003 - email: [email protected].

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APÊNDICE B

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ANEXOS

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ANEXO A

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ANEXO B

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60

ANEXO C

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DAS PRÓTESES NA QUALIDADE DE VIDA DOS USUÁRIOS OHIP – EDENT

LIMITAÇÃO FUNCIONAL 1. Você sentiu dificuldade para mastigar algum alimento devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 2. Você percebeu que seus dentes ou dentaduras retinham alimento? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 3.Você sentiu que suas dentaduras não estavam corretamente assentadas? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre

DOR FÍSICA 4. Você sentiu sua boca dolorida? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 5. Você sentiu desconforto ao comer devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 6. Você teve pontos doloridos na boca? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 7. Suas dentaduras estavam desconfortáveis? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre

DESCONFORTO PSICOLÓGICO 8. Você se sentiu preocupado(a) devido a problemas dentários? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 9. Você se sentiu constrangido por causa de seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre

DISFUNÇÃO FÍSICA 10. Você teve que evitar comer alguma coisa devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 11. Você se sentiu impossibilitado(a) de comer com suas dentaduras devido a problemas com elas? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 12. Você teve que interromper suas refeições devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre

DISFUNÇÃO PSICOLÓGICA 13. Você se sentiu perturbado(a) com problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 14. Você esteve em alguma situação embaraçosa devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre

DISFUNÇÃO SOCIAL 15. Você evitou sair de casa devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 16. Você foi menos tolerante com seu cônjuge ou família devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 17. Você esteve um pouco irritado(a) com outras pessoas devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre

INCAPACIDADE 18. Você foi incapaz de aproveitar totalmente a companhia de outras pessoas devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 19. Você sentiu que a vida em geral foi menos satisfatória devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre