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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA RAFAEL SCORFI GATTO EXEMPLO DE CÁLCULO E DIMENSIONAMENTO DE PROTEÇÃO A SER APLICADA EM UMA REDE DE BAIXA TENSÃO INDUSTRIAL Londrina 2010

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Exemplo de cálculo e dimensionamento de curto-circuito na rede de baixa tensão industrial

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

RAFAEL SCORFI GATTO

EXEMPLO DE CÁLCULO E DIMENSIONAMENTO DE

PROTEÇÃO A SER APLICADA EM UMA REDE DE BAIXA

TENSÃO INDUSTRIAL

Londrina

2010

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RAFAEL SCORFI GATTO

EXEMPLO DE CÁLCULO E DIMENSIONAMENTO DE PROTEÇÃO A SER APLICADA EM UMA REDE DE BAIXA

TENSÃO INDUSTRIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdades Pitágoras – Campus Metropolitana como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica. Orientador: André Luiz Balestero

Londrina

2010

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RAFAEL SCORFI GATTO

EXEMPLO DE CÁLCULO E DIMENSIONAMENTO DE

PROTEÇÃO A SER APLICADA EM UMA REDE DE BAIXA

TENSÃO INDUSTRIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdades Pitágoras – Campus Metropolitana como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________

Orientador André Luiz Balestero Faculdade Pitágoras Londrina

____________________________________

Prof. Marcel Eduardo Viotto Romero Faculdade Pitágoras Londrina

____________________________________

Prof. Rodrigo Z. Fanucche Faculdade Pitágoras Londrina

Londrina, _____ de ____________ de 2010.

Page 4: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

2

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aos colegas

de turma e aos professore, que me

acompanharam nestes cinco anos, e a

todas as pessoas que contribuíram para a

conclusão deste projeto.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem Ele nada neste mundo seria possível.

A minha mãe, Elza, que me ajudou por um bom tempo a pagar a

faculdade e os custos adicionais.

Aos meus amigos de turma, especialmente a todos, pois cada um teve

sua contribuição ao longo desses cinco anos, seja com explicações, discussões, o

Nelsão com suas piadas surpresa durante a aula, fazendo com que todos esfriarem

a cabeça um pouco. Ao Neliton, com suas explicações que às vezes confundiam

mais ainda a cabeça dos alunos. Ao Toninho (Antônio Marcos), companheiro de

discussões e idéias, fundamental para o entendimento de eletromagnetismo, ou

seja, coisas além da imaginação. Ao Takata, japonês alvo de várias piadas e banco

particular, pois me emprestou dinheiro várias vezes, se duvidar fiquei devendo

alguma coisa pra ele, pois ele esquecia quem emprestava dinheiro dele.

A galera da van, Marcelo Fiori, Fabião, que já foi companheiro de turma,

Marcelo Grilo, Filipe, Marcela, Doutor (Leander), Anderson, Gustavo Veronez, Rafael

Buzina e muitos outros, pelas incontáveis risadas no caminho para a faculdade.

Aos amigos dos bares, Marcelo Fiori, Tamayose, Buzina, Gustavo

Veronez, Vinícius Cabelo e outros, que me acompanharam às costeladas no Ferra-

Mula, muitos chopes no Pátio Catedral e várias pingas no Barril, tudo para refrescar

a cabeça dos intermináveis cálculos e teorias mirabolantes.

Aos motoristas da van e ao dono das vans, Marco Antônio, que também

já foi companheiro do bar.

Ao pessoal da Sercomtel, Sérgio, José Carlos, José Luís e Mario, onde

aprendi muita coisa durante meu estágio.

Page 6: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

4

Aos professores Rossini, Sérgio, Érica Natti, Marcel Romero, Jancer

Destro, Luciano, Marcelo Menegazzo, Leonimer, pela excelência como professores.

À professora Rosangela Tonon, pois conquistou a amizade de toda a

turma, uma excelente pessoa.

Aos orientadores, Marcos Camillo, pelo pontapé inicial deste projeto,

André Balestero, que não teve a oportunidade efetiva de me orientar, porém me tirou

duvidas cruciais no momento de conclusão deste trabalho.

À minha namorada, Nijma, que foi muito importante no apoio moral

durante o curso e também durante a finalização deste trabalho.

Page 7: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

5

“Há poucos homens capazes de

prestar homenagem ao sucesso de

um amigo, sem qualquer inveja.”

Ésquilo

Page 8: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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GATTO, Rafael Scorfi. Exemplo de Cálculo e Dimensionamento de Proteção a

ser Aplicada em uma Rede de Baixa Tensão Industrial. 2010. 96 pg. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Faculdade Pitágoras

Londrina, Londrina.

RESUMO Para proteger uma instalação elétrica industrial é necessário determinar como o circuito será protegido, utilizando de maneira adequada dispositivos de atuação, buscando a finalidade à qual a proteção se propõe, e para isso é necessário seletividade, exatidão, segurança e sensibilidade ideal da proteção. Este projeto apresentará um exemplo de cálculo e dimensionamento da proteção, utilizando uma das metodologias existentes para cálculos de curto circuito. Serão apresentados alguns dispositivos básicos de proteção, e métodos de dimensionamento utilizando as correntes de curto-circuito obtidas nos cálculos, buscando um funcionamento dentro da tensão, corrente, freqüência e tempo, dentro das especificações dos circuitos e equipamentos instalados e determinar a melhor localização dos dispositivos de proteção, conforme as normas vigentes. A implantação destes dispositivos, de maneira adequada, procura garantir a continuidade e proteção de equipamentos. Palavras-chave: instalação elétrica, industrial, proteção, dispositivos de proteção, correntes de curto-circuito.

Page 9: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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GATTO, Rafael Scorfi. Example of Calculation and Sizing of Protection to be

Applied on a Low Voltage Industrial Circuit. 2010. 96 pg. Trabalho de Conclusão

de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Faculdade Pitágoras Londrina,

Londrina.

ABSTRACT

To protect an industrial electrical installation is necessary to determine how the circuit will be protected by using properly actuation devices, seeking the purpose for which protection is proposed, and this requires selectivity, accuracy, security and protection of the right sensitivity. This project will present an example of calculation and sizing of protection, using one of the existing methodologies to calculate short-circuit currents. Will be shown some basic devices for protection, and sizing methods using the short-circuit currents obtained on calculations, trying to operate within the voltage, current, frequency and time, within specifications of circuits and equipment installed and determine the best location of protection devices, according to current regulations. The deployment of these devices, as appropriate, seeks to ensure the continuity and protection of the equipments. Key-words: electrical installation, industrial, protection, protective devices, short circuit currents.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Fator de assimetria – F para t = ¼ do período. ..................................... 23

Tabela 3.2 – Dados característicos de transformadores trifásicos em óleo para

instalação interior ou exterior – classe 15 kV – primário em estrela ou triângulo e

secundário em estrela – 60 Hz .................................................................................. 32

Tabela 3.3 – Resistência e reatância dos condutores de cobre (valores médios) .... 35

Tabela 3.4 – Capacidade de corrente para barras redondas de cobre com pintura e

sem pintura................................................................................................................ 37

Tabela 3.5 – Capacidade de corrente para barras retangulares de cobre com pintura

e sem pintura ............................................................................................................. 38

Tabela 4.1 – Valores de k para condutores com isolação de PVC, EPR e XLPE. .... 50

Tabela 4.2 – Integral de Joule para aquecimento adiabático para condutores de

cobre ......................................................................................................................... 51

Tabela 5.1 – Temperaturas características dos condutores ..................................... 56

Tabela 5.2 – Fatores de multiplicação de corrente (K) ............................................. 57

Tabela 5.3 – Fator de Multiplicação K ....................................................................... 64

Tabela 5.4 – Motores assíncronos trifásicos com rotor em curto circuito ................. 65

Tabela 6.1 – Motores ................................................................................................ 70

Tabela 6.2 – Corrente de partida e corrente de trabalho dos motores (com base na

tabela 6.1) ................................................................................................................. 86

Tabela 6.3 – Motores e Fusíveis de Proteção pela Corrente de Partida ................... 87

Tabela 6.4 – Fusível e Corrente de Corte (Taf < Tsc para satisfazer proteção) .......... 89

Tabela 6.5 – Tabela de disjuntores utilizados ........................................................... 91

Page 11: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Gráfico da corrente simétrica de curto-circuito ..................................... 15

Figura 3.2 – Gráfico da corrente parcialmente assimétrica de curto circuito ............ 16

Figura 3.3 – Gráfico da corrente totalmente assimétrica de curto circuito ................ 16

Figura 3.4 – Gráfico da corrente parcialmente assimétrica de curto circuito ............ 17

Figura 3.5 – Componentes de uma corrente de curto-circuito .................................. 18

Figura 3.6 – Corrente de curto-circuito em função do valor da tensão para t = 0 ..... 21

Figura 3.7 – Curto-circuito trifásico ........................................................................... 27

Figura 3.8 – Curto-circuito bifásico ........................................................................... 27

Figura 3.9 – Curto-circuito bifásico com terra ........................................................... 27

Figura 3.10 – Curto-circuito monofásico fase-terra ................................................... 27

Figura 3.11 – Curto-circuito com contato simultâneo ............................................... 27

Figura 3.12 – Percurso da corrente de curto-circuito fase-terra ............................... 42

Figura 3.13 – Diagrama unifilar básico ..................................................................... 44

Figura 3.14 – Impedâncias em paralelo ................................................................... 44

Figura 5.1 – Disjuntores magnéticos ........................................................................ 53

Figura 5.2 – Curva de Coordenação entre disjuntor e condutor (tempo X corrente)

.................................................................................................................................. 58

Figura 5.3 – Amostras de fusíveis ............................................................................ 60

Figura 5.4 – Fusível tipo cartucho com extremidade tipo virola ................................ 63

Figura 5.5 – Fusível tipo rolha (rosqueável) ............................................................. 63

Figura 5.6 – Zona de atuação – fusíveis diazed ....................................................... 66

Figura 5.7 – Zona de atuação – fusíveis diazed ....................................................... 66

Figura 5.8 – Zona de atuação – fusíveis NH ............................................................ 67

Figura 5.9 – Zona de atuação – fusíveis NH ............................................................ 67

Figura 5.10 – corrente de corte fusíveis diazed ........................................................ 68

Figura 5.11 – corrente de corte fusíveis NH ............................................................. 68

Page 12: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 12

2. OBJETIVO ....................................................................................... 13

2.1. OBJETIVO GERAL.............................................................................................. 13

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 13

3. CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO ............................................. 14

3.1. ANÁLISE DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO ................................................. 15 3.1.1. Formas de Onda das Correntes de Curto-Circuito .................................. 15

3.1.2. Curto-Circuito Distante dos Terminais do Gerador ................................. 17 3.1.3. Formulação Matemática das Correntes de Curto Circuito ...................... 19

3.2. VALORES POR UNIDADE (P.U.) ........................................................................... 24 3.3. TIPOS DE CURTO-CIRCUITO ............................................................................... 27

3.4. DETERMINAÇÃO DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO ....................................... 29 3.4.1. Metodologia do Cálculo das Correntes de Curto-circuito ........................ 29

3.4.1.1. Cálculo das impedâncias dos circuitos ............................................ 30 3.4.1.2. Cálculo das correntes de curto circuito ............................................ 39

3.5. MOTORES DE INDUÇÃO E SEU REFLEXO NAS CORRENTES DE FALTA ..................... 44

3.6. APLICAÇÃO DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO .............................................. 45

4. CONCEITOS PARA PROJETAR UM SISTEMA DE PROTEÇÃO ELÉTRICA ........................................................................................... 46

4.1. PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES EM SISTEMAS DE BAIXA TENSÃO ............. 46 4.2. PROTEÇÃO CONTRA CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO ....................................... 47

4.3. DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ........................................ 48

5. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO DE BAIXA TENSÃO .................... 52

5.1. DISJUNTORES DE BAIXA TENSÃO ........................................................................ 52

5.1.1. Princípios de Funcionamento dos Disjuntores ........................................ 52 5.1.1.1. Disjuntores com disparador magnético ............................................ 53 5.1.1.2. Disjuntores com disparador térmico ................................................ 54

5.1.2. Dimensionamento de Disjuntores ........................................................... 55 5.2. FUSÍVEIS .......................................................................................................... 60

5.2.1. Princípios de Funcionamento dos Fusíveis............................................. 61

5.2.2. Características Construtivas dos Fusíveis .............................................. 63

5.2.3. Dimensionamento de Fusíveis ................................................................ 64

6. ESTUDO DE CASO ......................................................................... 69

6.1. DADOS NECESSÁRIOS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO ...................................... 69 6.2. CÁLCULOS ....................................................................................................... 71

6.2.1. Cálculos das Impedâncias ...................................................................... 71 6.2.2. Cálculo de Curto-Circuito ........................................................................ 79

6.2.2.1. Corrente de curto-circuito trifásico simétrico e assimétrico, impulso do curto-circuito assimétrico, bifásico, fase-terra máxima e mínima ......................... 79

6.2.2.1.1. Ponto de entrega de energia da concessionária ...................... 80 6.2.2.1.2. Terminais do transformador ...................................................... 80

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6.2.2.1.3. Terminais do QGF .................................................................... 83

6.2.2.1.4. Barramento do QGF ................................................................. 83 6.2.2.1.5. Terminais dos CCMs ................................................................ 83

6.3. DIMENSIONAMENTO DA PROTEÇÃO DO SISTEMA .................................................. 84 6.3.3. Dimensionamento de Proteção com Fusíveis ......................................... 85 6.3.4. Dimensionamento de Disjuntores ........................................................... 90

7. CONCLUSÃO .................................................................................. 92

8. REFERÊNCIAS ................................................................................ 94

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta um dos vários métodos de cálculos de curto-

circuito, com a finalidade de dimensionar a proteção contra tais correntes em

motores de uma indústria de baixa tensão. Este trabalho é composto pela

fundamentação teórica, que mostra o método de cálculo das correntes de curto-

circuito escolhido, alguns tipos de dispositivos de proteção e seus respectivos

métodos de funcionamento e função, e por fim, um estudo de caso demonstrando a

aplicação dos cálculos contidos no método.

Page 15: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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2. OBJETIVO

2.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é apresentar uma metodologia de cálculo

de correntes de curto-circuito em circuitos de ligação de motores e dimensionar os

dispositivos de proteção.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho é demonstrar as formulações

aplicadas na metodologia escolhida, apresentar alguns dispositivos de proteção,

seus métodos de funcionamento e suas funções específicas dentro da proteção a

ser aplicada, demonstrar a aplicação das fórmulas, tabela e gráficos para calcular as

correntes de curto-circuito, dimensionar os dispositivos de proteção, utilizando os

itens citados.

Page 16: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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3. CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Corrente de curto-circuito é uma corrente anormal ao sistema, devido a

uma súbita queda de impedância. Conforme a lei de Ohm, a corrente é

inversamente proporcional à impedância, portanto, ao diminuir bruscamente a

impedância, a corrente aumentará muito rápido, podendo chegar a centenas ou

milhares de vezes o valor da corrente nominal de serviço do circuito.

Determinar as correntes de curto circuito de uma instalação industrial de

baixa tensão é fundamental para o desenvolvimento do projeto de proteção.

Para determinar o valor dessa corrente é necessário conhecer a

impedância do circuito desde o gerador até o ponto de defeito. Apesar da duração

de frações de segundos, as correntes de curto-circuito atingem valores, segundo

Mamede (2007, pg. 228), de 10 a 100 vezes o valor da corrente nominal no ponto de

defeito, dependendo da localização deste.

Conforme Mamede (2007, pg. 228), além de provocar a queima de

componentes da instalação, geram solicitações de natureza mecânica,

principalmente sobre os barramentos, chaves e condutores, caso o

dimensionamento destes não esteja adequado aos esforços eletromecânicos

resultantes.

Todo componente elétrico ligado ao sistema é considerado uma fonte de

corrente de curto-circuito e pode contribuir com a intensidade da corrente de defeito.

Segundo Mamede (2007, pg. 228), “erroneamente, muitas vezes é atribuído ao

transformador a propriedade de fonte de corrente de curto circuito. Na realidade este

equipamento é apenas um componente de elevada impedância inserido no sistema

elétrico”.

Page 17: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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3.1. ANÁLISE DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Para entender os cálculos das correntes de curto-circuito deve-se fazer

uma análise das formas de onda que caracterizam as correntes de curto circuito,

seguido pelo estudo dos valores das correntes de defeito e sua influência em função

da localização das fontes supridoras, e finalmente a análise de composição das

ondas referidas e a formulação matemática simplificada.

3.1.1. Formas de Onda das Correntes de Curto-Circuito

As formas de ondas das correntes de curto circuito são corrente simétrica,

corrente parcialmente assimétrica, corrente totalmente assimétrica e corrente

inicialmente assimétrica e posteriormente simétrica.

a) Corrente simétrica de curto-circuito

A componente senoidal deste tipo é simétrica ao eixo do tempo e

caracteriza uma corrente de curto-circuito permanente. Nos cálculos é utilizada para

determinar a capacidade do equipamento de suportar efeitos térmicos.

Figura 3.1 – Gráfico da corrente simétrica de curto-circuito

Corrente

Tempo

Page 18: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

16

b) Corrente parcialmente assimétrica de curto-circuito

A componente senoidal não é simétrica ao eixo do tempo.

Figura 3.2 – Gráfico da corrente parcialmente assimétrica de curto circuito

c) Corrente totalmente assimétrica de curto-circuito

A onda senoidal está acima do eixo dos tempos

Figura 3.3 – Gráfico da corrente totalmente assimétrica de curto circuito

d) Corrente assimétrica e simétrica

A corrente de curto-circuito assimétrica servirá como base para

dimensionamento da capacidade de corte dos dispositivos de proteção

Corrente

Tempo

Corrente

Tempo

Page 19: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

17

Nos primeiros instantes a corrente está assimétrica ao eixo do tempo e

em seguida devido a atenuações volta a ser simétrica.

Figura 3.4 – Gráfico da corrente parcialmente assimétrica de curto circuito

3.1.2. Curto-Circuito Distante dos Terminais do Gerador

O curto-circuito pode ocorrer nos terminais ou próximo do gerador, tendo

particularidades próprias em diferentes estágios, ou como é o caso deste estudo em

questão, será falado sobre o curto-circuito ocorrido distante dos terminais do

gerador.

Devido à grande distância entre o ponto de curto e os terminais do

gerador, a impedância acumulada nas linhas de transmissão e distribuição é muito

superior às do gerador. Nesse momento a corrente de curto-circuito simétrica, em

direção ao gerador, já se encontra em regime permanente acrescida apenas da

componente de corrente contínua. Assim pode-se desconsiderar a impedância do

sistema de geração, pois não influenciará nas correntes de curto-circuito decorrentes

no ponto. Nas instalações distantes desse gerador a corrente alternada de curto-

circuito permanece constante. Conforme Mamede (2007, pg. 231), “neste caso, a

corrente inicial de curto-circuito é igual à corrente permanente”. Para os cálculos que

se seguem consideraremos esta hipótese.

Corrente

Tempo

Page 20: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

18

Os componentes apresentados pela corrente de curto-circuito assimétrica

na sua formação são o componente simétrico que é sua parte simétrica e o

componente contínuo onde a corrente de curto-circuito tem natureza de corrente

contínua. Segundo Mamede (2007, pg. 231), “o componente contínuo tem valor

decrescente e é formado em virtude da propriedade característica do fluxo

magnético que não pode variar bruscamente, fazendo com que as correntes de

curto-circuito nas três fases se iniciem a partir do valor zero”.

A soma do componente simétrico e do componente contínuo a qualquer

instante determina o valor da corrente assimétrica:

Figura 3.5 – Componentes de uma corrente de curto-circuito

(Fonte: MAMEDE, 2007; pg. 231)

Icis – componente alternado inicial de curto-circuito; Icim – impulso da corrente de curto-circuito, ou valor de pico; Ics – corrente de curto-circuito permanente ou corrente de curto-circuito simétrica; Ct – constante de tempo.

Com base na figura (3.5) pode-se expressar os conceitos fundamentais

que envolvem:

a) Corrente alternada de curto-circuito simétrica, onde o componente

alternado mantém uma posição simétrica ao eixo do tempo durante

todo o período.

b) Corrente eficaz de curto-circuito simétrica permanente (Ics), é a

corrente de curto-circuito simétrica que se permanece no sistema após

a decorrência dos fenômenos transitórios.

Page 21: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

19

c) Corrente eficaz inicial de curto-circuito simétrica (Icis), é a corrente

eficaz no instante do defeito. Quando o curto-circuito acontece longe

do gerador, o valor da corrente eficaz inicial de curto-circuito simétrica

é ao valor da corrente de curto-circuito simétrica (Icis= Ics).

d) Impulso da corrente de curto-circuito (Icim) é o valor máximo da

corrente de defeito dado em seu valor instantâneo, e que varia

conforme o momento da ocorrência do fenômeno.

e) Potência de curto-circuito simétrica (Pcs) é a potência correspondente

ao produto de tensão de fase pela corrente simétrica dentro do curto-

circuito. Em circuitos trifásicos multiplica-se por . No entanto,

observa-se que no momento do defeito a tensão é nula, porém a

potência resultante é numericamente igual ao que se definiu.

3.1.3. Formulação Matemática das Correntes de Curto-circuito

Segundo Mamede (2007, pg. 232), “as correntes de curto-circuito

apresentam uma forma senoidal, cujo valor em qualquer instante pode ser dado pela

equação 3.1”.

(3.1)

Icc(t) – valor instantâneo da corrente de curto-circuito, num determinado instante t; Ics – valor eficaz simétrico da corrente de curto-circuito; t – tempo durante o qual ocorreu o defeito no ponto considerado, em s; Ct – constante de tempo, dado pela equação (3.2).

(3.2)

β – deslocamento angular da tensão, em graus elétricos ou radianos medidos no sentido positivo da variação dv/dt, a partir de V = 0 até o ponto t = 0 (ocorrência do defeito).

A figura 3.6 (a) mostra β nulo quando ocorre o defeito no com a tensão do

sistema é nula, e o figura 3.6 (b) que mostra o defeito quando o sistema está em

ponto de tensão máxima e β = 90°.

Page 22: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

20

θ – ângulo que mede a relação entre a reatância e a resistência do sistema e tem valor igual a:

(3.3)

R – resistência do circuito desde o gerador até o ponto de defeito, em Ω ou p.u.; X – reatância do circuito desde o gerador até o ponto de defeito, em Ω ou p.u.; ωt – ângulo de tempo; F – freqüência do sistema em Hertz (Hz).

Conforme cita Mamede (2007, pg. 232), “o primeiro termo da equação

3.1, ou seja, , representa o valor simétrico da corrente

alternada da corrente de curto-circuito de efeito permanente.” Por outro lado,

conforme cita Mamede (2007, pg. 232) na seqüência, “o segundo termo,

, representa o valor do componente contínuo”.

Baseando-se na Equação 3.1 e no gráfico 6 pode ser observado o

seguinte:

Quando a reatância do circuito é muito maior que a resistência a

corrente de curto-circuito é constituído pelo componente simétrico,

e o componente contínuo ou transitório atingir seu valor máximo

quando o defeito ocorrer quando a tensão for igual à zero [Figura

3.6(a)], ocorrerá o seguinte:

Para X>>R

Para o instante t = 0

Page 23: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

21

Quando a reatância do circuito é muito maior que a resistência a

corrente de curto-circuito é constituído pelo componente simétrico,

e o componente contínuo ou transitório atingir seu valor máximo

quando o defeito ocorrer quando a tensão for máxima [Figura

3.6(b)], ocorrerá o seguinte:

Para X>>R

Para o instante t = 0

(a) (b)

Figura 3.6 – Corrente de curto-circuito em função do valor da tensão para t = 0 (Fonte: Mamede, 2007, pg. 233)

Segundo Mamede (2010), ao analisar a equação 3.1, os termos

transitórios não conduzirão o valor máximo de corrente Icc(t), o componente contínuo

apresentará um amortecimento durante os ciclos de duração do curto-circuito

assimétrico.

Page 24: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

22

Este amortecimento, segundo Mamede (2010) está relacionado ao fator

de potência, descrito pela relação entre reatância e resistência (X/R), que determina

a constante de tempo.

Se o circuito apresentar uma característica com predominância resistiva, a

constante de tempo, , tenderá a zero quando a resistência for muito maior

que a reatância (R>>X), fazendo com que o segundo termo da equação tenda a zero

também, pois é diretamento proporcional a constante de tempo.

Caso ocorra a situação contrária, que é o mais comum, em que a

reatância é muito maior que a resistência, o amortecimento da componente contínua

será lenta, já que a constante tenderá ao infinito para R<<X, e a expressão

tenderá ao valor unitário, resultando em valores extremos.

Em um circuito trifásico as fases estão defasadas 120° elétricos entre

cada fase, e quando o valor de uma das fases está passando por zero, as outras

duas estão com 86,6% da sua tensão de pico e essas fases estão defasadas 90°

uma da outra nesse momento. É necessário analisar a fase que permite a maior

corrente de curto-circuito e também analisar em que ponto a tensão estava no

momento do defeito. A defasagem da corrente é relativa à impedância do sistema

quando o defeito ocorre longe do gerador.

Segundo Mamede (2007, pg. 234), “quando se analisa um circuito sob

defeito tripolar considera-se somente uma fase, extrapolando o resultado para as

demais que, logicamente, em outra situação de falta estão sujeitas às mesmas

condições desfavoráveis”.

Page 25: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

23

Para determinar a intensidade da corrente assimétrica (Ica) (equação 3.5)

é necessário conhecer a relação X/R, sendo que a reatância e a resistividades a

serem consideradas são medidas desde a fonte de alimentação até o ponto de

defeito, a intensidade da corrente simétrica (Ics) multiplicado pelo fator de assimetria

(equação 3.4).

(3.4)

Fa = fator de assimetria

(3.5)

O valor de Fa pode ser obtido na tabela 3.1, levando em conta o valor de

Ct, para t = 0,00416s, correspondente a ¼ do período (para f = 60 Hz) que é igual ao

valor de pico do primeiro semi-período.

Tabela 3.1 - Fator de assimetria – F para t = ¼ do período. Relação

X/R

Fator de

Assimetria (F)

Relação

X/R

Fator de

Assimetria (F)

Relação

X/R

Fator de

Assimetria (F)

0,40 1,00 3,80 1,37 11,00 1,58

0,60 1,00 4,00 1,38 12,00 1,59

0,80 1,02 4,20 1,39 13,00 1,60

1,00 1,04 4,40 1,40 14,00 1,61

1,20 1,07 4,60 1,41 15,00 1,62

1,40 1,10 4,80 1,42 20,00 1,64

1,60 1,13 5,00 1,43 30,00 1,67

1,80 1,16 5,50 1,46 40,00 1,68

2,00 1,19 6,00 1,47 50,00 1,69

2,20 1,21 6,50 1,49 60,00 1,70

2,40 1,24 7,00 1,51 70,00 1,71

2,60 1,26 7,50 1,52 80,00 1,71

2,80 1,28 8,00 1,53 100,00 1,71

3,00 1,30 8,50 1,54 200,00 1,72

3,20 1,32 9,00 1,55 400,00 1,72

3,40 1,34 9,50 1,56 600,00 1,73

3,60 1,35 10,00 1,57 1.000,00 1,73

(Fonte: Mamede, 2007; pg. 234)

Page 26: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

24

Quanto menor for a relação entre X/R, menor será a constante assimétrica,

portanto o valor da corrente assimétrica de curto circuito será menor.

Exemplificando a tabela 3.1:

Para a freqüência de 60 Hz, temos um período de 1/T = 0,01667s. Um quarto

do período equivale a 0,00416s. Adotando uma relação de X/R igual a 3,80 temos:

3.2. VALORES POR UNIDADE (P.U.)

Para facilitar os cálculos em um circuito, podemos aplicar os valores por

unidade (p.u.), que são valores adimensionais e simplificam os cálculos.

O valor em p.u. pode ser obtido dividindo uma determinada grandeza por

um valor de base. Por exemplo, uma impedância com valor de 100 Ω, adotando um

valor de base de 10 Ω, teremos 10 p.u., pois:

(valor da impedância de base)

Assim:

Page 27: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

25

Caso o valor fornecido seja em p.u., basta conhecer o valor de base para

obter o valor da grandeza, conforme equação:

Assim:

Determinar a impedância em p.u. facilita principalmente nos cálculos onde

há transformadores, pois a relação de transformação se torna 1:1, sendo necessário

apenas conhecer os valores de base do transformador.

Usando o sistema de valores por unidade os cálculos ficam simplificados,

pois se considera a relação de transformação dos transformadores em 1:1, pois para

retornar aos valores ôhmicos é necessário conhecer apenas os valores de base,

conforme visto anteriormente. Conhecendo os valores em p.u. ou em percentual,

pois um (1) p.u. equivale a um percentual de cem por cento (100%), não há

necessidade de conhecer a tensão de referência, pois está não influenciará no valor

da impedância em p.u. A tensão de referência se faz necessária apenas para saber

a impedância de base em determinado nível ou trecho do circuito. Para facilitar

ainda mais os cálculos adotamos uma potência de base para todo o sistema.

É comum em um equipamento constar a potência e a tensão de base, e

para que se possa trabalhar na base na qual o projetista ou na tensão terminal do

circuito é necessário mudar essa base através dos seguintes cálculos:

a) Corrente de base monofásica:

(3.6)

Page 28: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

26

b) Corrente de base trifásica:

(3.7)

c) Impedância de base:

(3.8)

d) Impedância em valores por unidade (p.u):

(3.9)

Para fazer a troca de bases em p.u.:

a) Tensão:

(3.10)

b) Corrente:

(3.11)

c) Potência:

(3.12)

d) Impedância:

(3.13)

Page 29: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

27

3.3. TIPOS DE CURTO-CIRCUITO

Um curto-circuito pode ocorrer entre as três fases (curto-circuito trifásico),

entre duas fases ou entre duas fases e terra (curto-circuito bifásico) e entre uma das

fases e terra (curto-circuito monofásico).

Figura 3.7 – Curto-circuito trifásico Figura 3.8 – Curto-circuito bifásico

(Fonte: Mamede 2007, pg. 238) (Fonte: Mamede 2007, pg. 238)

Figura 3.9 – Curto-circuito bifásico com

terra Figura 3.10 – Curto-circuito monofásico fase-

terra (Fonte: Mamede 2007, pg. 239) (Fonte: Mamede 2007, pg. 239)

Figura 3.11 – Curto-circuito com contato simultâneo

(Fonte: Mamede 2007, pg. 239)

Page 30: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

28

O cálculo de correntes de curto-circuito trifásico é importante para ajuste

de dispositivos de proteção, pois o equipamento deve ter capacidade igual ou

superior a corrente de curto-circuito presumida pelo cálculo, pois, por exemplo, no

caso de disjuntores, se o mesmo não suportar a corrente de curto-circuito, este

funcionará como um curto-circuito e não atuará.

O cálculo da corrente de curto-circuito monofásico é usado para ajuste de

valor mínimo dos dispositivos, seção mínima de condutores de terra, limite de tensão

de passo e toque e dimensionamento da resistência de aterramento.

Quanto menor as impedâncias do sistema, maiores serão a correntes,

sendo necessário encontrar métodos para reduzir os valores destas, pois

geralmente há dificuldade em encontrar equipamentos com capacidade para

suportar tais correntes.

O cálculo desses tipos de corrente de curto-circuito é importante para

dimensionar de maneira adequada os equipamentos de proteção.

Segundo Mamede (2007, pg. 240) “as correntes de curto-circuito devem

ser determinadas em todos os pontos onde se requer a instalação de equipamentos

ou dispositivos de proteção”. Os principais pontos são:

- ponto de entrega de energia;

- barramento do Quadro Geral de Força (QGF);

- barramento dos Centros de Controle de Motores (CCM);

- terminais dos motores;

- barramentos dos Quadros de Iluminação (QDL).

Page 31: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

29

3.4. DETERMINAÇÃO DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Após determinar os pontos a serem protegidos, é necessário conhecer as

impedâncias do sistema, representadas pela impedância reduzida (Zs), que

representa todas as impedâncias desde o gerador até o ponto de entrega de

energia, incluindo as impedâncias de linha, transformadores e outros dispositivos e

também a impedância do gerador. Essa impedância é fornecida pela concessionária

de energia local em p.u. ou em ohms. A impedância reduzida nada mais é que a

soma da impedância do sistema primário, para tensões acima de 2400 V, onde há

transformadores de força, circuitos de condutores nus ou isolados de grande

comprimento e reatores limitadores se for o caso e impedâncias do sistema

secundário onde há circuitos de condutores nus ou isolados de grande comprimento,

reatores limitadores se for o caso, barramentos de painéis de comando de

comprimento superior a 4 metros e impedância dos motores se for necessário

considerá-los.

Segundo Mamede (2007, pg. 241) “podem ser dispensadas as

impedâncias dos autotransformadores”.

Cabe ao projetista avaliar e decidir a influência que alguns valores terão

sobre o resultado das correntes de curto-circuito.

3.4.1. Metodologia do Cálculo das Correntes de Curto-circuito

Para calcular as correntes de curto-circuito, inicialmente é necessário

calcular as impedâncias do circuito no ponto desejado. O mais comum é aplicar as

proteções no QGF (Quadro Geral de Força), ou seja, o disjuntor geral da fábrica e

nos CCMs (Centros de Controle de Motores). Após calcular as impedâncias entre os

pontos desejados, basta soma-las para ter a impedância total do circuito até o ponto

de aplicação da proteção. Com o somatório das impedâncias é possível calcular o

valor presumido das correntes de curto-circuito.

Page 32: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

30

3.4.1.1. Cálculo das impedâncias dos circuitos

Primeiramente calcula-se a impedância reduzida do sistema, ou seja, a

impedância entre a fonte geradora e o ponto de entrega de energia. A impedância

reduzida do sistema será chamada de Zus e é dado pelas fórmulas e considerações

abaixo:

a) Resistência reduzida do sistema (Rus):

Devido à reatância ser Muito maior que a resistência, considera-se este

valor nulo, ou seja, Rus = 0.

b) Reatância reduzida do sistema (Xus):

Considerando que a concessionária forneça a corrente de curto-circuito

(Icp) no ponto de entrega, a potência de curto-circuito será:

(3.14)

Pcc – potência de curto-circuito no ponto de entrega, em kVA;

Vnp – tensão nominal primária no ponto de entrega, em kV;

Icp – corrente de curto-circuito simétrica, em A.

Então, o valor de Xus será:

(3.15)

Somando Rus e Xus chega-se ao valor de Zus:

(3.16)

Page 33: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

31

Para determinar a impedância do transformador da subestação é

necessário conhecer:

- potência nominal (Pnt), em kVA;

- impedância percentual (Zpt) [Tabela (3.2)];

- perdas ôhmicas no cobre (Pcu) em W [Tabela (3.2)];

- Tensão nominal (Vnt), em kV.

a) Resistência do transformador (Rut):

Determinar primeiro a queda de tensão reativa percentual:

(3.17)

Então, Rut será:

(3.18)

b) Reatância do transformador (Xut):

Impedância unitária:

(3.19)

Então, reatância unitária será:

(3.20)

Page 34: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

32

Somando Rut e Xut chega-se ao valor de Zut:

(3.21)

Tabela 3.2 – Dados característicos de transformadores trifásicos em óleo para instalação interior ou exterior – classe 15 kV – primário em estrela ou triângulo e secundário em estrela – 60 Hz Potência

(kVA)

Tensão

(V)

Perdas em W Rendimento Regulação Impedância

A vazio Cobre (%) (%) (%)

15 220 a 440 120 300 96,24 3,32 3,5

30 220 a 440 200 570 96,85 3,29 3,5

45 220 a 440 260 750 97,09 3,19 3,5

75 220 a 440 390 1.200 97,32 3,15 3,5

112,5 220 a 440 520 1.650 97,51 3,09 3,5

150 220 a 440 640 2.050 97,68 3,02 3,5

225 380 ou 440 900 2.800 97,96 3,63 4,5

300 220 1120 3.900 97,96 3,66 4,5

380 ou 440 3.700 98,04 3,61 4,5

500 220 1700 6.400 98,02 3,65 4,5

380 ou 440 6.000 98,11 3,6 4,5

750 220 2000 10.000 98,04 4,32 5,5

380 ou 440 8.500 98,28 4,2 5,5

1000 220 3000 12.500 98,10 4,27 5,5

380 ou 440 11.000 98,28 4,19 5,5

1500 220 4000 18.000 98,20 4,24 5,5

380 ou 440 16.000 98,36 4,16 5,5

(Fonte: Mamede, 2007; pg. 428)

Para o cálculo de impedância entre circuito e do barramento são usadas

fórmulas parecidas, diferenciando apenas, no comprimento dos cabos e

barramentos, em suas impedâncias características, fornecidas pelas tabelas 3.3, 3.4

e 3.5, tanto em seqüência positiva quanto em seqüência zero, e a quantidade de

barras ou condutores em paralelo, lembrando que as tabelas apresentadas são as

que serão utilizadas neste trabalho, sendo possível consultar tabelas para outros

tipos de barramentos e cabos em materiais fornecidos por fabricantes.

Page 35: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

33

As fórmulas para cálculo de impedâncias entre circuitos conectores, tanto

entre transformador e QGF, quanto entre ligação entre quaisquer outros circuitos de

ligação e também serve tanto para seqüência positiva quanto para negativa,

mudando apenas os parâmetros conforme as tabelas 3.3, 3.4 e 3.5 são as

seguintes:

a) Resistência de circuitos conectores (Rucn), onde n é o número do

circuito para facilitar a identificação:

(3.22)

(3.23)

RuΩ – resistência do condutor em seqüência positiva em mΩ/m (tabela

3.3);

Lcn – comprimento do circuito, entre os pontos desejados, em m.;

Ncn – numero de condutores por fase.

b) Reatância de circuitos conectores (Xucn):

A reatância do cabo será:

(3.24)

(3.25)

XuΩ - reatância do condutor por fase em seqüência positiva, em mΩ/m

(tabela 3.3).

Page 36: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

34

Somando Rucn e Xucn chega-se ao valor de Xucn

(3.26)

No caso do circuito de ligação entre transformador e QGF, caso houver

mais de um transformador em paralelo é necessário calcular a impedância em série

de cada transformador com o circuito que o liga ao QGF para determinar a

impedância paralela resultante.

Caso a impedância dos transformadores e dos circuitos forem iguais,

basta dividir a impedância entre um dos transformadores e seu respectivo circuito

pelo número de transformadores em paralelo:

– impedância de um dos circuitos, medido desde o transformador

até o ponto de conexão com o barramento, em Ω ou p.u.

Ntrp – quantidade de transformadores em paralelo.

Page 37: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

35

Tabela 3.3 – Resistência e reatância dos condutores de cobre (valores médios)

Seção

Impedância de Seqüência

Positiva (mΩ/m)

Impedância de Seqüência Zero

(mΩ/m)

Resistência Reatância Resistência Reatância

1,5 14,8137 0,1378 16,6137 2,9262

2,5 8,8882 0,1345 10,6882 2,8755

4 5,5518 0,1279 7,3552 2,8349

6 3,7035 0,1225 5,5035 2,8000

10 2,2221 0,1207 4,0222 2,7639

16 1,3899 0,1173 3,1890 2,7173

25 0,8891 0,1164 2,6891 2,6692

35 0,6353 0,1128 2,4355 2,6382

50 0,4450 0,1127 2,2450 2,5991

70 0,3184 0,1096 2,1184 2,5681

95 0,2351 0,1090 2,0352 2,5325

120 0,1868 0,1076 1,9868 2,5104

150 0,1502 0,1074 1,9502 2,4843

185 0,1226 0,1073 1,9226 2,4594

240 0,0958 0,1070 1,8958 2,4312

300 0,0781 0,1068 1,8781 2,4067

400 0,0608 0,1058 1,8608 2,3757

500 0,0507 0,1051 1,8550 2,3491

630 0,0292 0,1042 1,8376 2,3001

(Fonte: Mamede, 2007; pg. 130)

Para calcular a impedância nos barramentos, a única diferença será que

ao invés de utilizados cabos condutores, utiliza-se barramentos de cobre, alterando

apenas os parâmetros de comprimento do condutor por comprimento do barramento

e ao invés de número de condutores em paralelo, será considerando o número de

barras em paralelo.

Page 38: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

36

a) Resistência do barramento (Rubn), conforme citado acima, n é um

índice para indicar a qual barramento o cálculo se refere:

(3.27)

RuΩ – resistência ôhmica do barramento, em mΩ/m (tabelas 3.4 e 3.5);

Nb1 – número de barras em paralelo;

Lb – Comprimento da barra, em m.

O valor da resistência em p.u. é dado por:

(3.28)

b) Reatância do barramento (Xubn)

(3.29)

Valor da reatância em p.u.:

(3.30)

Somando-se Xubn e Rubn, chega-se ao valor de Zubn:

(3.31)

Page 39: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

37

Tabela 3.4 – Capacidade de corrente para barras redondas de cobre com pintura e sem pintura

Diâmetro

Externo Seção Peso Resistência Reatância

Capacidade de Corrente

Permanente

Mm mm2 kg/m mΩ/m mΩ/m Barra Pintada Barra Nua

A A

5 19,6 0,175 0,1146 0,2928 95 85

8 50,3 0,447 0,4343 0,2572 179 159

10 78,5 0,699 0,2893 0,2405 243 213

16 201,0 1,79 0,1086 0,2050 464 401

20 314,0 2,80 0,0695 0,1882 629 539

32 804,0 7,16 0,0271 0,1528 1.160 976

50 1960,0 17,5 0,0111 0,1192 1.930 1.610

(Fonte: Mamede, 2007; pg. 149)

Page 40: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

38

Tabela 3.5 – Capacidade de corrente para barras retangulares de cobre com pintura e sem pintura

Largura Espessura Seção Resistência Reatância Capacidade de Corrente Permanente (A)

mm mm mm2 mΩ/m mΩ/m

Barra Pintada Barra Nua

Número de Barras por fase

1 2 3 1 2 3

12 2 23,5 0,9297 0,2859 123 202 228 108 182 216

15 2 3

29,5 44,5

0,7406 0,4909

0,2774 0,2619

148 187

240 316

261 381

128 162

212 282

247 361

20

2 3 5 10

39,5 59,5 99,1 199,0

0,5531 0,3672 0,2205 0,1098

0,2664 0,2509 0,2317 0,2054

189 273 319 497

302 394 560 924

313 454 728 1320

162 204 274 427

264 348 500 825

298 431 690

1180

25 3

5

74,5

125,0

0,2932

0,1748

0,2424

0,2229

287

384

470

662

525

839

245

327

412

586

498

795

30 3 5 10

89,5 140,0 299,0

0,2441 0,1561 0,0731

0,2355 0,2187 0,1900

337 447 676

544 760 1200

593 944 1670

285 379 573

476 627 1060

564 896

1480

40 3 5 10

119,0 199,0 399,0

0,1836 0,1098 0,0548

0,2248 0,2054 0,1792

435 573 850

692 952 1470

725 1140 2000

366 482 715

600 836 1290

690 1090 1770

50 5 10

249,0 499,0

0,0877 0,0438

0,1969 0,1707

697 1020

1140 1720

1330 2320

583 852

994 1510

1260 2040

60 5 10

299,0 599,0

0,0731 0,0365

0,1900 0,1639

826 1180

1330 1960

1510 2610

688 989

1150 1720

1440 2300

80 5 10

399,0 799,0

0,0548 0,0273

0,1792 0,1530

1070 1500

1680 2410

1830 3170

885 1240

1450 2110

1750 2790

100 5 10

499,0 988,0

0,0438 0,0221

0,1707 0,1450

1300 2010 2150 1080 1730 2050

1810 2850 3720 1490 2480 3260

120 10 10 10

1200.0 1600,0 2000,0

0,0182 0,0137 0,0109

0,1377 0,1268 0,1184

2110 3280 4270 1740 2860 3740

160 2700 4130 5360 2220 3590 4680

200 3290 4970 6430 2690 4310 5610

Condições de instalação: Temperatura da barra: 65°C Temperatura ambiente: 35°C Afastamento entre as barras paralelas: igual à espessura Distância entre as barras: 7,5 cm Posição vertical das barras: vertical Distância entre os centros de fases: > 0,80 vezes o afastamento entre fases

(Fonte: Mamede, 2010; pg. 114)

Um detalhe importante no cálculo da impedância do barramento é que, se

este for muito pequeno, pode ser desconsiderado. Como no caso do barramento do

CCM, que normalmente é pequeno, é comum desconsiderar sua influência sobre a

impedância total do circuito. Caso haja um barramento com mais de quatro metros, é

aconselhável considerá-lo. Esta regra vale também para o barramento do QGF.

Page 41: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

39

3.4.1.2. Cálculo das correntes de curto-circuito

Tendo em mãos os valores das impedâncias dos circuitos é possível

calcular as correntes de curto circuito do sistema.

Para determinar as correntes de curto-circuito em qualquer ponto do

sistema, devem-se somar as impedâncias vetorialmente até o ponto desejado e

aplicar a equação (3.32):

(3.32)

Ou seja, Zatot é igual ao somatório das resistências e reatâncias de cada

impedância do sistema até o ponto no qual pretende calcular os valores das

correntes de curto circuito.

A corrente de base é:

(3.33)

a) Corrente de curto-circuito trifásica simétrica eficaz (Ics):

(3.34)

Page 42: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

40

b) Corrente de curto-circuito simplificada simétrica nos terminais do

transformador (Icst):

(3.35)

In – corrente nominal do transformador, em A;

Zpt% – impedância percentual do transformador.

O valor é aproximado, pois a impedância reduzida (Zs) não está

calculada.

c) Corrente assimétrica de curto-circuito trifásico (Ica):

É dada pela equação:

(3.36)

Fa – fator de assimetria conforme tabela (3.1)

d) Impulso da corrente de curto-circuito (Icim):

É dada pela equação:

(3.37)

e) Corrente de curto-circuito bifásico (Icb):

É dada pela equação:

(3.38)

Page 43: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

41

Para calcular a corrente de curto-circuito entre fase e terra é necessário

conhecer as impedâncias de seqüência zero e seqüência positiva já vistas. Caso o

transformador esteja ligado em triângulo no primário e estrela no secundário,

desconsidera-se a seqüência zero, porém devem-se considerar as impedâncias de

contato (Rct), impedância da malha de terra (Rmt) e impedância de aterramento (Rat).

A impedância de contato (Rct) é a resistência entre a superfície de contato

do cabo e a resistência do solo no ponto de contato. Oferece resistência a

passagem de corrente para a terra. Geralmente são atribuídos os valores de 40/3 ou

120/3 Ω.

Segundo Mamede (2007, pg. 246), “o valor máximo admitido por norma

de diversas concessionárias de energia elétrica da impedância de malha de terra

(Rmt) é de 10 Ω, nos sistemas de 15 a 25 kV, e é caracterizado pelo seu componente

resistivo”.

Impedância de aterramento (Rat) é a impedância colocada, em alguns

casos, entre o neutro do transformador e a malha de terra.

Segundo Mamede (2007, pg. 246), “quando a corrente de curto-circuito

fase-terra é muito elevada, costuma-se introduzir entre o neutro do transformador e

a malha de terra uma determinada impedância que pode ser um reator ou um

resistor, sendo mais freqüente este último”.

Page 44: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

42

Rct – resistência de contato, ou de arco;

Rmt – resistência de malha de terra;

Rat – resistor de aterramento.

Figura 3.12 – Percurso da corrente de curto-circuito fase-terra (Fonte: Mamede, 2007; pg. 246)

f) Corrente de curto-circuito fase-terra máxima (Icftma)

Para determinar a corrente de curto-circuito entre fase e terra máxima,

levam-se em consideração apenas as impedâncias dos condutores e do

transformador, calculada através da equação:

(3.39)

Zu0t – impedância de seqüência zero do transformador que é igual à

impedância de seqüência positiva;

Zu0c – considerar as resistências e reatâncias de seqüência zero dos

condutores. Segundo Mamede (2007, pg. 247), “na prática, pode-se desprezar a

impedância de seqüência zero dos barramentos, pois seu efeito não se faz sentir

nos valores calculados”.

Page 45: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

43

Em geral, Zu0c é:

(3.40)

(3.41)

(3.42)

RcΩ0 e XcΩ0 – resistência e reatância na seqüência zero obtidos na tabela

3.3.

g) Corrente de curto-circuito fase-terra mínima (Icftmi)

Segundo Mamede (2007, pg. 247), “é determinada quando se leva em

consideração, além das impedâncias dos condutores e transformadores, as

impedâncias de contato, a do resistor de aterramento, caso haja, e da malha de

terra”. Segue a equação:

(3.43)

Ruct – resistência de contato em p.u.;

Rumt – resistência de malha de terra em p.u.;

Ruat – resistência de aterramento em p.u.

Page 46: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

44

3.5. MOTORES DE INDUÇÃO E SEU REFLEXO NAS CORRENTES DE FALTA

Nas indústrias, em geral, a carga tem predominância indutiva, devido ao

uso de motores de indução, e pode ser necessário considerar a impedância desses

motores nos cálculos de corrente de curto-circuito do projeto.

“Durante uma falta, os motores de indução ficam submetidos a uma tensão praticamente nula, provocando sua parada. Porém, a inércia do rotor e da carga faz com que estes continuem em operação por algum instante, funcionando agora como um gerador. Uma vez que em operação normal os motores são alimentados pela fonte de tensão da instalação, no momento de falta, pela rotação que ainda mantém associada ao magnetismo remanescente do núcleo de ferro e de curta duração, passam a contribuir com a intensidade da corrente de curto-circuito no ponto de defeito”. (MAMEDE, 2007; pg. 256).

Dependendo da tensão de ligação e da potência do motor, poderá ser

considerado de maneiras diferentes de considerá-los no cálculo.

Motores alimentados em tensão superior a 600 V e grande potência que

devem ser considerados individualmente para calcular a corrente de curto-circuito.

Para motores alimentados em tensões de 220 V, 380 V e 440 V, de baixa

potência, pode ser feito um agrupamento considerando a reatância do agrupamento

em 25 % da reatância total.

Figura 3.13 – Diagrama unifilar básico Figura 3.14 – Impedâncias em paralelo (Fonte: Mamede, 2007; pg. 256) (Fonte: Mamede; 2007; pg. 256)

Page 47: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

45

3.6. APLICAÇÃO DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Os cálculos estudados até o momento neste trabalho são muito

importantes para determinar vários itens do projeto, entre eles a capacidade de

ruptura dos disjuntores, capacidade termodinâmica de equipamentos elétricos,

dimensionar os equipamentos de proteção, seção de condutores dos circuitos e da

malha de terra.

Page 48: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

46

4. CONCEITOS PARA PROJETAR UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

ELÉTRICA

Para elaborar um esquema de proteção é necessário seguir alguns

requisitos básicos, com a finalidade de facilitar o planejamento e dimensionamento

dos dispositivos de proteção. Os requisitos a serem considerados são velocidade,

seletividade, confiança, segurança e sensibilidade. Esses requisitos são necessários

para definir a velocidade de atuação dos dispositivos, projetar um circuito confiável

que tenha seletividade para selecionar e desativar circuitos com defeito, mantendo

os circuitos são em operação. O sistema de proteção deve garantir também a

segurança principalmente dos funcionários e também dos equipamentos elétricos

ligados e a sensibilidade se refere a dimensionar os dispositivos para trabalhar na

faixa adequada ao circuito, desligando este ao sinal de qualquer sinal de anomalia.

Um projeto utiliza basicamente dois dispositivos, que são fusíveis e

disjuntores. O projeto deve ser feito globalmente para facilitar a coordenação do

sistema de proteção. As correntes de curto-circuito estudadas no capitulo anterior

deste trabalho, servirão como base para dimensionar adequadamente os

dispositivos de proteção, utilizando o valor mínimo dessa corrente.

A localização e métodos de ligação dos dispositivos de proteção devem

estar adequados às normas, que no Brasil o órgão normativo é a ABNT (Associação

Brasileira de Normas Técnicas), e seguir também as normas da concessionária de

energia elétrica local.

4.1. PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES EM SISTEMAS DE BAIXA TENSÃO

Nos componentes de um circuito de baixa tensão de uma indústria, os

defeitos que podem ocorrer são sobrecargas, correntes de curto-circuito,

sobretensões, subtensões. Essas anomalias devem ser limitadas tanto no módulo

quanto no tempo de duração.

Page 49: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

47

Os dispositivos de proteção devem desligar o circuito com defeito quando

este apresentar qualquer uma das condições citadas.

Os dispositivos mais comuns para proteção de sobrecorrentes ou

correntes de sobrecarga são os disjuntores térmicos.

4.2. PROTEÇÃO CONTRA CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Os dispositivos de proteção contra correntes de curto-circuito devem,

segundo Mamede:

“os dispositivos de proteção devem ter a sua capacidade de interrupção ou de ruptura igual ou superior ao valor da corrente de curto-circuito presumida no ponto de sua instalação;

a energia que os dispositivos de proteção contra curto-circuitos devem deixar passar não pode ser superior à energia máxima suportada pelos dispositivos e condutores localizados a jusante;

o dispositivo de proteção deve ser localizado no ponto onde haja mudança no circuito que provoque redução na capacidade de condução de corrente dos condutores;

a proteção do circuito terminal dos motores deve garantir a proteção contra as correntes de curto-circuito dos condutores e dispositivos localizados a jusante;

os circuitos terminais que alimentam um só motor podem ser protegidos contra curto-circuitos utilizando-se fusíveis do tipo NH ou diazed com retardo de tempo, ou disjuntores com dispositivo de disparo magnético;

pode-se omitir a aplicação dos dispositivos de proteção contra as correntes de curto-circuito nas seguintes condições:

- num ponto do circuito compreendido entre aquele onde houve a mudança de seção ou outra modificação e o dispositivo de proteção, desde que esse comprimento não seja superior a 3 m e o circuito não esteja localizado nas proximidades de locais combustíveis; - num ponto do circuito situado a montante de uma mudança de seção ou outra modificação, desde que o dispositivo de proteção proteja o circuito a jusante; - nos circuitos que ligam geradores, transformadores, retificadores, baterias e acumuladores aos quadros de comando correspondentes, desde que nestes haja dispositivos de proteção; - nos circuitos que ligam os secundários dos transformadores de potencial e de corrente aos relés de proteção ou aos medidores de energia; - nos circuitos que, desenergizados, possam trazer perigo para a instalação correspondente”. (MAMEDE, 2007; pg. 460 e 461).

Os dispositivos mais comuns, aplicados para proteção de curto-circuito

são os fusíveis.

Page 50: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

48

4.3. DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Para dimensionar corretamente os dispositivos de proteção é necessário

analisar as correntes nominais de cada circuito, as correntes de curto-circuito do

sistema e também o tempo de resposta desses dispositivos, pois os condutores dos

circuitos de baixa tensão possuem certas características de condutividade de

corrente, como limite máximo de condução de corrente. Esse limite depende da sua

temperatura máxima de operação contínua, que corresponde ao seu limite de

temperatura adiabática, ou seja, a corrente é limitada, para operação contínua, até o

limite de temperatura no qual, além do equilíbrio da temperatura, não haja troca de

calor entre o condutor e o isolante.

Para não ultrapassar esses limites, os condutores devem possuir limites

térmicos e dinâmicos iguais ou inferiores aos limites dos dispositivos de proteção.

Um método utilizado para analisar matematicamente os efeitos térmicos

provocados pelas correntes de curto-circuito é a integral de Joule, mostrada na

equação (4.1):

(4.1)

Onde:

Ics – corrente de curto-circuito que atravessa o dispositivo de proteção

T – tempo de duração da corrente de curto-circuito

Segundo Mamede (2007, pg. 461) “a integral de Joule de cabos e

componentes, tais como disjuntores, fusíveis etc., é calculada normalmente através

de ensaios de curto-circuito”.

Page 51: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

49

Conforme a norma NBR 5410/2004 todo dispositivo de proteção contra

curto-circuito deve ter sua capacidade de interrupção no mínimo igual a corrente de

curto-circuito no ponto presumido, exceto, caso um dispositivo de capacidade inferior

de interrupção estiver em um circuito que tenha um dispositivo com capacidade

necessária instalado a montante. Lembrando que, conforme a norma NBR

5410/2004 (pg. 67) “as características dos dois dispositivos devem ser coordenadas

de tal forma que a energia que eles deixam passar não seja superior à que podem

suportar, sem danos, o dispositivo situado a jusante e as linhas por eles protegidas”.

Algumas vezes é necessário considerar outras características, que podem

ser obtidos com os fabricantes, dos dispositivos localizados a jusante do circuito.

Também segundo a norma NBR 5410/2004, diz que o dispositivo de

proteção pode deixar passar a corrente correspondente a integral de Joule, equação

(4.2), igual ou inferior a integral de Joule, necessária para aquecer o condutor da

temperatura máxima de operação contínua até a temperatura limite de curto circuito.

Segue a equação (4.2) de representação matemática:

(4.2)

Onde:

k2 X S2 – integral de Joule para aquecimento do condutor da temperatura

máxima de operação contínua até a temperatura de curto-circuito, admitindo

aquecimento adiabático, onde k tem valores diferentes para diferentes tipos de

condutor e isolamento conforme tabela (4.1);

S – área da seção transversal do cabo, em mm2.

Page 52: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

50

Tabela 4.1 – Valores de k para condutores com isolação de PVC, EPR e XLPE.

Material do condutor

Isolação do condutor

PVC EPR/XLPE

≤ 300 mm2 > 300 mm2

Temperatura

Inicial Final Inicial Final Inicial Final

70°C 160°C 70°C 140°C 90°C 250°C

Cobre 115 103 143

Alumínio 76 68 94

Emendas soldadas em condutores de

cobre 115 - -

NOTAS

1. Outros valores de k, para os casos mencionados abaixo, ainda não estão

normalizados:

- condutores de pequena seção (principalmente para seções inferiores a 10 mm2);

- curtos-circuitos de duração superior a 5 s;

- outros tipos de emendas nos condutores;

- condutores nus.

2. Os valores de k indicados na tabela são baseados na IEC 60724.

(Fonte: norma NBR 5410/2004, pg. 68)

Ainda na norma NBR 5410/2004 diz que, para um curto-circuito de

qualquer duração, desconsiderando a assimetria da corrente por não ter valor

significativo, e para curto-circuitos assimétricos com duração entre 0,1 s a 5 s, pode-

se escrever a equação (4.3):

(4.3)

Ics – corrente de curto-circuito presumida simétrica, em A;

T – tempo de duração do curto-circuito.

A norma NBR 5410/2004 também diz que a corrente nominal do

dispositivo de proteção pode ser superior a capacidade de condução de corrente dos

condutores.

Page 53: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

51

A tabela 4.2 apresenta os valores para a integral de Joule para

aquecimento adiabático para condutores de cobre entre a temperatura máxima de

operação continua e a temperatura limite para corrente de curto-circuito do condutor

para isolamentos de PVC, XLPE e EPR.

Tabela 4.2 – Integral de Joule para aquecimento adiabático para condutores de cobre

Seção (mm2) Integral de Joule A2 x s x 103

Isolação PVC Isolação EPR e XLPE

1,5 29,7 46

2,5 82,6 127

4 211,6 327

6 476,1 736

10 1.322 2.045

16 3.385 5.235

25 8.265 12.781

35 16.200 25.050

50 35.062 51.123

70 64.802 100.200

95 119.355 184.552

120 190.440 294.466

150 297.562 460.103

185 452.625 699.867

240 761.760 1.167.862

(Fonte: Mamede, 2007; pg. 462)

A equação (4.3) demonstra o tempo máximo que um condutor suporta

uma determinada corrente de curto-circuito, considerando o material condutor e o

isolante:

(4.3)

Page 54: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

52

5. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO DE BAIXA TENSÃO

Os dispositivos de proteção podem ser classificados em dispositivos de

baixa tensão, que trabalham em tensões até 1 kV e dispositivos de alta tensão

usados em circuitos acima de 1 kV. Para este trabalho estudaremos os disjuntores

de baixa tensão.

Geralmente os dispositivos de baixa tensão possuem três circuitos

internos que são o circuito principal, circuito de comando e circuito auxiliar.

Dependendo da tensão e potência do circuito em questão, estes

dispositivos podem ter diferentes tipos de isolação, seja a ar (ou secos), a óleo, a

vácuo, a SF6 (Hexafluoreto de Enxofre) etc. Alguns exemplos de dispositivos de

proteção são disjuntores e fusíveis.

5.1. DISJUNTORES DE BAIXA TENSÃO

Os disjuntores são dispositivos que atuam quando uma corrente de valor

superior a corrente nominal estabelecida, tenta percorrer o circuito. As funções

básicas de um disjuntor são proteger contra sobrecarga, contra sobrecorrente,

contra contatos indiretos, contra quedas, ausência de tensão, funções de comando

funcional e seccionamento normal ou de emergência.

5.1.1. Princípios de Funcionamento dos Disjuntores

Como visto anteriormente, os disjuntores podem atuar com dispositivos

atuadores (ou disparadores) térmicos ou magnéticos. Nos capítulos a seguir será

mostrado o princípio de funcionamento de cada um deles.

Page 55: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

53

5.1.1.1. Disjuntores com disparador magnético

Os disparadores magnéticos (ou eletromagnéticos) são constituídos de

um núcleo magnético e uma bobina, ou seja, esses dois componentes formam um

eletroímã. A armadura é tensionada por uma mola. Quando a corrente sobe acima

do valor de corrente nominal do disjuntor, o eletroímã se torna forte o suficiente para

atrair a armadura, desligando o circuito. Segundo Cotrim (2009, pg. 208) “a força

necessária para equilibrar a ação da mola é proporcional ao quadrado da força

magnetomotriz do circuito magnético, N.I., sendo N o número de espiras da bobina e

I a corrente de operação do disparador (que circula pelo circuito protegido e pela

bobina)”.

Figura 5.1 – Disjuntores magnéticos (Fonte: Apostila de Eletricidade básica, Prof. Edivaldo da FIAP – Faculdade de

Informática e Administração Paulista)

Page 56: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

54

Entre os tipos de disparadores magnéticos temos os disparadores

instantâneos e os disparadores extra-rápidos, usados em disjuntores limitadores de

corrente, que possuem um mecanismo mais sofisticado, que ajudam a diminuir a

força da mola.

Também temos os disparadores temporizados. Como o próprio nome

sugere esses dispositivos não disparam instantaneamente com o aumento da

corrente. Essa temporização pode depender ou não da corrente. Nos dispositivos

dependentes da corrente, é acoplada uma massa adicional à armadura, e nos

dispositivos que não dependem da corrente, a temporização pode ser efetuada por

um circuito pneumático, hidráulico, mecânico, elétricos ou eletrônicos.

5.1.1.2. Disjuntores com disparador térmico

Os dispositivos térmicos operam com pares termoelétricos (bimetálicos),

ou seja, são duas laminas de materiais diferentes soldados, e que, quando

aquecidos, devido aos seus diferentes coeficientes de dilatação, ocorre a curvatura,

liberando um dispositivo de trava ou fechando contatos de um circuito atuador.

Dependendo da temperatura do ambiente, na qual o dispositivo será

instalado, é necessário um dispositivo que tenha compensação de temperatura, pois

como as lâminas bimetálicas atuam com referência a temperatura, isso pode

ocasionar a dilatação antecipada antes de atingirem a corrente de atuação.

Essa compensação é feita, colocando uma segunda lâmina do mesmo

material e dimensão, só que nesta lâmina não passará corrente.

Page 57: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

55

5.1.2. Dimensionamento de Disjuntores

Para dimensionar corretamente os disjuntores para proteção contra

sobrecargas, segundo Mamede (2010, pg. 347) devem ser levado em consideração

alguns parâmetros:

A corrente nominal ou de ajuste do disjuntor (Ia) deve ser maior ou

igual que a corrente de projeto (Ic) e menor ou igual à capacidade

de corrente nominal do condutor (Inc) e a corrente convencional de

atuação do disjuntor (Iadc) de ser igual ou inferior a 1,45 vezes a

corrente nominal do condutor (Inc), este último desde que não o

limite máximo não seja mantido por um período superior a 100

horas durante 12 meses consecutivos ou 500 horas ao longo da

vida útil do condutor. Os limites são demonstrados na tabela 5.1 e

as equações que demonstram essas relações estão logo abaixo:

(5.1)

(5.2)

(5.3)

Caso os limites excedam os especificados no item anterior, a

corrente convencional de atuação do disjuntor (Iadc) de ser menor

ou igual a corrente nominal do condutor (Inc), ou ainda, por

questões práticas o valor de Iadc pode ser substituído pela

multiplicação de uma constante K, conforme tabela 5.2 vezes Ia,

conforme demonstrado nas equações abaixo:

(5.4)

(5.5)

Conforme cita Mamede (2010, pg. 347), de acordo com a NBR 5361 que

especifica disjuntores de baixa tensão, só podem ser aplicadas as condições de

sobrecarga previstas nas equações 5.1 e 5.2.

Page 58: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

56

Existem dois tipos diferentes de disjuntores. Os disjuntores do tipo L,

usados para distribuição, iluminação, tomadas e comando. E os tipo G, usados para

equipamentos e motores sujeitos a sobrecarga.

Tabela 5.1 – Temperaturas características dos condutores

Tipo de

Isolação

Temperatura Máxima

para Serviço

Contínuo do

Condutor (°C)

Temperatura Limite

de Sobrecarga do

Condutor (°C)

Temperatura

Limite de Curto-

circuito do

Condutor (°C)

Cloreto de

polivinila

(PVC)

70 100 160

Borracha

etileno-

propileno

(EPR)

90 130 250

Polietileno

reticulado

(XLPE)

90 130 250

(Fonte: Mamede, 2010; pg. 81)

Page 59: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

57

Tabela 5.2 – Fatores de multiplicação de corrente (K)

Tipo Corrente Nominal

Corrente Convencional

de Não Atuação (fusão)

Corrente Convencional

de Atuação (fusão)

A A A

Fusível gI In igual ou inferior a 4

In superior a 4 e inferior ou igual a 10

In superior a 10 e inferior ou igual a 25

In superior a 25 e inferior ou igual a 100

In superior a 100 e inferior ou igual a 1000

1,5 x In

1,5 x In

1,4 x In

1,3 x In

1,2 x In

2,1 x In

1,9 x In

1,75 x In

1,6 x In

1,6 x In

Fusível gII Todas 1,2 x I

n 1,6 x I

n

Fusível gG Todas 1,25 x I

n 1,6 x I

n

Disjuntor em caixa moldada tipo G Todas 1,05 x I

n 1,35 x I

n

Disjuntor em geral In igual ou inferior a 63

In superior a 63

1,05 x In

1,05 x In

1,35 x In

1,25 x In

Disjuntor em caixa moldada tipo L

In igual ou inferior a 10

16, 25 In superior a 25

1,5 x In

1,4 x In

1,3 x In

1,9 x In

1,75 x In

1,6 x In

(Fonte: Mamede, 2010; pg. 348)

Page 60: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

58

Os disjuntores devem ser dimensionados para que não haja o cruzamento

entre as curvas C e D, que respectivamente são a curva de solicitação térmica do

condutor e curva de atuação do disjuntor. A figura 5.2 abaixo demonstra a relação

adequada de aplicação dessas curvas:

Figura 5.2 – Curva de Coordenação entre disjuntor e condutor (tempo X corrente) (Fonte: Mamede 2010, pg. 348)

Curva D – Curva do disjuntor

Curva C – Curva de capacidade de condução do condutor

Ia – Atuação do disparo instantâneo do disjuntor

De acordo com os critérios mostrados acima, quando é verificado o tempo

de atuação do disjuntor, chega-se a conclusão que o tempo de atuação do disjuntor

(Tad) deve ser menor ou igual ao tempo de rotor bloqueado (Trb) de um motor e

maior que o tempo de partida do motor (Tpm), demonstrada pela equação abaixo:

(5.6)

Page 61: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

59

Para proteção contra curto-circuitos, segundo Mamede (2010) são

necessários seguir os seguintes parâmetros:

A capacidade de interrupção (Ird) do disjuntor deve ser igual ou

maior que a corrente de curto-circuito trifásica (Ics), calculada no

ponto a ser instalado e a corrente de atuação mínima do disjuntor

(Imi) deve ser menor que Ics:

(5.7)

(5.8)

Conforme a NBR 5410, a corrente de atuação do disjuntor (Ia) deve

ser menor ou igual a corrente de curto-circuito mínima presumida

(Iccmín), conforme demonstra a equação 5.9:

(5.9)

Conforme visto acima, os disjuntores têm mecanismos para proteger os

circuitos tanto contra correntes de sobrecarga quanto correntes de curto-circuitos,

porém, para garantir uma proteção total contra curto-circuitos, é necessário aplicar a

montante do disjuntor um fusível adequado, para que caso o disjuntor venha a

falhar, este possa proteger o circuito.

Page 62: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

60

5.2. FUSÍVEIS

Fusíveis são os dispositivos de proteção mais tradicionais que existem.

Eles são destinados à proteção contra curto-circuitos, devido a sua atuação rápida

quando ocorrem essas correntes.

O dispositivo atuador do fusível é chamado de elemento fusível. O

elemento fusível pode ser de cobre, prata, chumbo ou ligas desses elementos e o

corpo do fusível pode ser de porcelana, esteatita ou papelão. Possui também um

material extintor em seu interior que envolve o elemento fusível. Alguns modelos

possuem um indicador de atuação, que indica se o fusível foi acionado ou não.

Fusível de vidro; fusível Diazed, fusível tipo NH, fusíveis tipo cartucho

Figura 5.3 – Amostras de fusíveis

Page 63: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

61

As características básicas dos fusíveis são:

“são de operação simples;

São, geralmente, de baixo custo;

Não possuem capacidade de efetuar manobras e, portanto, são normalmente associados a chaves;

São unipolares e, conseqüentemente, suscetíveis de causar danos a motores pela possibilidade de operação desequilibrada. Podem, por sua vez, não isolar completamente o circuito sob curto-circuito;

Possuem característica tempo-corrente não ajustável. Esta somente pode ser alterada pela mudança do “tamanho” do fusível (mudança de corrente nominal) ou do tipo do fusível;

Não são de operação repetitiva. Devem ser trocados, após a atuação, havendo a possibilidade de ser substituídos por um fusível inadequado;

Constituem, essencialmente, uma proteção contra correntes de curto-circuito. Principalmente, os limitadores de corrente são mais rápidos que os disjuntores para sobrecorrentes elevadas, sendo, em geral, relativamente lentos para pequenas sobrecorrentes.

Podem tornar-se defeituosos sob a ação de correntes elevadas que sejam interrompidas (por outros dispositivos) antes de provocar sua fusão. Nessas condições, existe a possibilidade de ação indevida, sob a ação de correntes subseqüentes, interrompendo desnecessariamente o circuito.

Não tem uma curva tempo versus corrente bem definida, mas uma faixa da provável atuação.

Difícil coordenar com relés a montante”. (COTRIM, 2009; pg. 203).

Os fusíveis devem ser colocados antes dos disjuntores, a fim de proteger

o circuito e também o disjuntor.

5.2.1. Princípios de Funcionamento dos Fusíveis

Uma maneira simples de explicar o funcionamento dos fusíveis é que,

quando a corrente do circuito ultrapassa a corrente nominal do fusível, o elemento

fusível, que pode ser um fio ou uma lâmina, sofre um processo de fusão, rompendo-

se e abrindo o circuito.

Page 64: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

62

De um modo mais completo, o que acontece é que o elemento fusível é

constituído de um determinado material (citado acima) e que possui uma resistência

maior que os condutores do circuito, trabalhando a uma temperatura superior à dos

condutores. Ainda nesse elemento fusível, no ponto central do deste, é feita uma

solda com outro tipo material (liga), fazendo com que sua temperatura neste ponto

seja maior que nas extremidades. Isso ocorre porque essa solda tem uma

resistividade maior que o resto do elemento fusível.

Essa liga de solda do elemento fusível, além de ter uma resistência maior

que o resto do fio (ou lâmina), tem também sua temperatura de fusão inferior.

Assim, quando a corrente do circuito ultrapassa a corrente nominal do

fusível, isso claro, após certo valor acima e após certo tempo, acontece a fusão do

ponto de solda do elemento fusível, que começa a evaporar. Em um primeiro

instante, surge um arco elétrico que, na maioria dos fusíveis, é extinto pelo material

extintor, composto geralmente por areia de quartzo, lembrando que dependendo da

tensão do circuito, o isolante pode ser outro, como ar, vácuo, óleo etc.

Page 65: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

63

5.2.2. Características Construtivas dos Fusíveis

Referente ao formato dos fusíveis, estes pode ser:

- fusível tipo cartucho, tem formato de um tubo e seus contatos ficam nas

extremidades e essas têm forma de virola ou faca;

Figura 5.4 – Fusível tipo cartucho com extremidade tipo virola

- fusível tipo rolha, é rosqueado em uma base correspondente;

Figura 5.5 – Fusível tipo rolha (rosqueável)

- fusível tipo encapsulado, possui um invólucro fechado para conter

formação de arco externo, emissão de gases, chamas ou partículas metálicas, no

momento de fusão do elemento fusível.

Os fusíveis mais conhecidos no mercado são os cartuchos com contato

tipo faca, chamados de NH e fusíveis do tipo D, também conhecidos como Diazed.

Page 66: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

64

5.2.3. Dimensionamento de Fusíveis

O dimensionamento dos fusíveis dependerá se é para a proteção de um

circuito terminal de motor ou um agrupamento de motores.

Neste trabalho será mostrado o dimensionamento de motores

individualmente.

Para que se possa proteger adequadamente o circuito, segundo Mamede

(2010), a corrente nominal do fusível deve ser menor ou igual a corrente de partida

do motor, multiplicada por um fator K, mostrado na tabela 5.3 e deduzido na

equação 5.10.

Tabela 5.3 – Fator de Multiplicação K Ipm ≤ 40 A K = 0,5

40 A < Ipm ≤ 500 A K = 0,4

500 A < Ipm K = 0,3

(5.10)

Onde:

Ipm = Inm X Rcpm

Inf – corrente nominal do fusível, em A;

Ipm – corrente de rotor bloqueado ou corrente de partida, em A;

Rcpm – relação entre corrente de partida e a corrente nominal, dada na

tabela 5.4 ou em tabela ou placa do fornecedor do motor;

Inm – corrente nominal do motor, em A;

K – fator de multiplicação (tabela 5.3).

Page 67: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

65

Tabela 5.4 – Motores assíncronos trifásicos com rotor em curto circuito Potência

Nominal

Potência

Ativa

Corrente

Nominal

Fator de

Potência

Relação

Ip/In Rendimento

cv kW 220 V 380 V %

II polos

1

3

5

7,5

10

15

20

25

30

40

50

60

75

100

125

150

0,7

2,2

4

5,5

7,5

11

15

18,5

22

30

37

45

55

75

90

110

3,3

9,2

13,7

19,2

28,6

40,7

64,0

69,0

73,0

98,0

120,0

146,0

178,0

240,0

284,0

344,0

1,9

5,3

7,9

11,5

16,2

23,5

35,5

38,3

40,5

54,4

66,6

81,0

98,8

133,2

158,7

190,9

0,76

0,76

0,83

0,83

0,85

0,82

0,73

0,82

0,88

0,89

0,89

0,89

0,89

0,90

0,90

0,90

6,2

8,3

9,0

7,4

6,7

7,0

6,8

6,8

6,3

6,8

6,8

6,5

6,9

6,8

6,5

6,8

0,81

0,82

0,83

0,83

0,83

0,83

0,83

0,86

0,89

0,90

0,91

0,91

0,92

0,93

0,93

0,93

IV polos

1

3

5

7,5

10

15

20

25

30

40

50

60

75

100

125

150

180

200

220

250

300

380

475

600

0,7

2,2

4

5,5

7,5

11

15

18,5

22

30

37

45

55

75

90

110

132

150

160

185

220

280

355

450

3,8

9,5

13,7

20,6

26,6

45,0

52,0

64,0

78,0

102,0

124,0

150,0

182,0

244,0

290,0

350,0

420,0

470,0

510,0

590,0

694,0

864,0

1100,0

1384,0

2,2

5,5

7,9

11,9

15,4

26,0

28,8

35,5

43,3

56,6

68,8

83,3

101,1

135,4

160,9

194,2

233,1

271,2

283,0

327,4

385,2

479,5

610,5

768,1

0,65

0,73

0,83

0,81

0,85

0,75

0,86

0,84

0,83

0,85

0,86

0,86

0,86

0,87

0,87

0,87

0,87

0,87

0,87

0,87

0,88

0,89

0,89

0,89

5,7

6,6

7,0

7,0

6,6

7,8

6,8

6,7

6,8

6,7

6,4

6,7

6,8

6,7

6,5

6,8

6,5

6,9

6,5

6,8

6,8

6,9

7,6

7,8

0,81

0,82

0,83

0,84

0,86

0,86

0,88

0,90

0,90

0,91

0,92

0,92

0,92

0,92

0,94

0,95

0,95

0,95

0,95

0,95

0,96

0,96

0,96

0,96

(Fonte: Mamede, 2010; pg. 221)

Page 68: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

66

Após escolher o fusível conforme a equação 5.10, é necessário verificar o

tempo de atuação de fusível escolhido e verificar se este não atuará durante a

partida do motor. A verificação deve ser feita com a ajuda dos gráficos de atuação

de tempo x corrente dos fusíveis. É aconselhável utilizar os gráficos fornecidos pelo

fabricante para dimensiona-los. Abaixo seguem modelos de gráficos genéricos:

(2, 6, 16, 25, 50 e 80 A)

Figura 5.6 – Zona de atuação – fusíveis diazed

(4, 10, 20, 35, 63 e 100 A)

Figura 5.7 – Zona de atuação – fusíveis diazed

Page 69: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

67

(6, 16, 25, 40, 63, 100, 160, 250, 400, 630 e 1000 A)

Figura 5.8 – Zona de atuação – fusíveis NH

(10, 20, 32, 50, 80, 125, 200, 315, 500, 800 e 1250 A)

Figura 5.9 – Zona de atuação – fusíveis NH

Page 70: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

68

Figura 5.10 – corrente de corte fusíveis diazed

Figura 5.11 – corrente de corte fusíveis NH

Os dois últimos gráficos mostram a capacidade de corte quando aplicada

uma corrente de curto circuito, sendo que está corrente de corte deve ser menor que

a capacidade de interrupção do disjuntor.

Page 71: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

69

6. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi realizado em uma indústria de móveis de pequeno

porte apenas como modelo, sendo considerado o dimensionamento dos cabos e

barramentos existentes e localização aproximada dos motores. Não foi possível

medir a malha de aterramento, pois não havia equipamento apropriado e disponível.

A empresa não possui subestação abrigada, apenas quadro de medições

e as ligações são feitas diretamente ao quadro de distribuição e os cálculos

apresentados serão referentes apenas aos motores.

Este projeto não será implantado na empresa, será utilizado apenas para

fins didáticos. O projeto apresentará apenas dados referentes à proteção contra

curto-circuitos, não sendo mencionados mecanismos de controle de motores,

medição, etc.

6.1. DADOS NECESSÁRIOS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO

Para projetar e designar os equipamentos necessários é preciso conhecer

os dados abaixo:

Tensão contratada: 13,2 kV;

Limites Fixos de tensão adequada: 12,276 kV a 13,860 kV;

Potência de curto circuito no ponto de fornecimento: 123 MVA.

Page 72: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

70

Tabela 6.1 – Motores

Ref. CCM Qtde Pot.

(cv) F.S. Ip/In

Corrente (A)

220 / 380

Rend.

(η%) F.P. Setor Polos

M1 1 1 10 1,15 6,6 26,6 / 15,4 86 0,85 Seccionadora

4

M2 1 2 3 1,15 6,6 9,5 / 5,5 82 0,73 4

M3 2 3 5 1,15 7 13,1 / 7,58 84,5 0,88 Tupia 4

M4 3 1 1 1 5,5 3,3 / 1,9 81 0,65

Furadeira

4

M5 3 6 2 1 5 6,04 / 3,5 75 0,87 4

M6 3 2 0,5 1,25 5,3 1,87 / 1,08 66,5 0,66 4

M7 4 1 1,5 1 6 5,2 / 3 81,6 0,79

Coladeira de Borda

4

M8 4 3 0,5 1 2,8 1,65 / 0,95 72 0,72 4

M9 4 2 5 1 8,6 13,4 / 7,7 83 0,83 4

M10 5 2 5 1,15 7 13,7 / 7,9 83 0,83 Serra 4

M11 6 1 7,5 1,15 6,3 15 / 8,5 90 0,79

Lixadeiras

4

M12 6 1 3 1,15 6,6 9,5 / 5,5 82 0,73 4

M13 6 1 5 1,15 7 13,7 / 7,9 83 0,83 4

M14 6 1 20 1,15 6,8 52 / 28,8 88 0,86 4

M15 6 1 30 1,15 6,8 78 / 43,3 90 0,83 4

M16 7 1 0,33 1,15 3,3 1,85 / 1,07 58,1 0,61

Pintura UV

6

M17 7 1 0,33 1,15 3 1,35 / 0,78 56 0,62 4

M18 7 3 0,33 1,15 5 1,35 / 0,78 72 0,69 4

M19 7 1 0,5 1,3 4,8 2,1 / 1,2 72 0,72 6

M20 7 1 0,5 1 4,6 2,2 / 1,3 72 0,72 4

M21 7 2 0,5 1,15 4,6 1,87 / 1,08 72 0,72 4

M22 7 1 0,75 1,15 4,8 2,78 / 1,61 72 0,72 4

M23 7 1 0,75 1,15 4,8 2,9 / 1,66 72 0,7 4

M24 7 2 0,75 1,15 5,1 2,8 / 0,6 68 0,75 4

M25 7 4 0,75 1,15 5,5 2,9 / 1,68 71 0,7 4

M26 7 2 0,75 1,15 5,9 2,32 / 1,34 75 0,83 4

M27 7 2 0,75 1,15 5,5 2,9 / 1,68 71 0,7 4

M28 7 3 1 1,15 5,4 3,9 / 2,3 70 0,71 4

M29 7 1 1 1,15 6,6 3,8 / 2,2 81 0,65 4

M30 7 3 1 1,15 7,2 3,02 / 1,75 79,5 0,82 4

M31 7 2 1,5 1,15 6,8 4,48 / 2,59 81,6 0,79 4

M32 7 3 3 1,15 6,6 9,5 / 5,5 82 0,73 4

M33 7 1 3 1,15 7,5 8,3 / 4,8 81,5 0,86 2

Outros dados serão apresentados mediante o cálculo.

Page 73: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

71

6.2. CÁLCULOS

Apresentação dos cálculos das impedâncias e curto-circuitos em diversos

pontos.

Dados gerais para os cálculos:

Pb = 112,5 kVA (Potência de base);

Vb = 0,38 kV (Tensão de base);

Ib = 170,93 A (Corrente de Base);

Pcc = 123 MVA = 123.000 kVA (Potência de curto-circuito, fornecida pela

concessionária).

6.2.1. Cálculos das Impedâncias

As impedâncias calculadas são a impedância no ponto de alimentação

pela concessionária, impedância do transformador, impedância dos cabos de ligação

entre o transformador e o barramento do Quadro Geral de Força (QGF), impedância

do barramento do QGF, dos cabos de ligação entre o barramento do QGF e os

Centros de Controle de Motores (CCM) e impedância entre os CCMs e os terminais

dos motores.

Page 74: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

72

a) Impedância reduzida do sistema (ponto de entrega de energia).

- Impedância de seqüência positiva

A impedância de seqüência negativa, para o ponto de entrega, conforme

a fundamentação teórica é desconsiderada.

b) Impedância do transformador.

Dados do transformador (conforme tabela [3.2]):

Potência nominal do transformador (Pnt) = 112,5 kVA;

Tensão Nominal do transformador (Vnt) = 0,38 kV;

Perdas no cobre (Pcu) = 1650 W;

Impedância (%) = 3,5% = 0,035 (p.u.).

- Seqüência positiva:

Page 75: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

73

Nas equações abaixo, Pb e Pnt são iguais e Vnt e Vb também são iguais,

resultando que , o valor de Rut será igual ao valor de Rpt. Isso

também pode ser considerado para Zpt = Zut = 0,035 (p.u.).

- Seqüência zero:

Conforme fundamentação, a impedância de seqüência zero do

transformador é igual à impedância de seqüência positiva.

- Impedância acumulada até o transformador (seqüência positiva e

seqüência zero):

Page 76: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

74

c) Impedância dos circuitos de ligação entre transformador e terminais do

QGF.

Dados do circuito de ligação:

Comprimento (Lc) = 62 m;

Número de condutores (Nc) = 2;

Seção transversal do condutor = 185 mm2.

As impedâncias de seqüência positiva e seqüência zero são obtidas na

tabela 3.3, de acordo com a seção transversal do condutor.

- Seqüência positiva:

Page 77: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

75

Reformulando as equações acima para facilitar os cálculos teremos,

valendo também para a seqüência zero:

- Seqüência zero:

- Impedância acumulada:

Page 78: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

76

d) Impedância do Barramento do QGF

Dados do circuito de ligação:

Comprimento (Lb) = 1,5 m;

Número de condutores (Nb) = 1;

Dimensões do barramento (Largura e espessura) = 25 x 5 mm.

As impedâncias de seqüência positiva e seqüência zero são obtidas na

tabela 3.3, de acordo com a seção transversal do condutor.

- Seqüência positiva:

- Seqüência zero:

Desconsiderar impedância de seqüência zero, segundo a metodologia

adotada.

- Impedância acumulada:

Page 79: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

77

e) Impedâncias do QGF até os CCMs

A fórmula utilizada para cálculo das impedâncias entre QGF e CCMs é

igual às apresentadas para determinação da impedância entre transformador e

QGF, portanto será os resultados individuais dos condutores do circuito e a

impedância acumulada até determinado CCM.

CCM1

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

CCM2

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

Page 80: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

78

CCM3

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

CCM4

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

CCM5

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

Page 81: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

79

CCM6

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

CCM7

o Seqüência positiva:

o Seqüência zero:

o Acumulado:

Como as proteções serão aplicadas nos CCMs não é necessário calcular

as impedâncias entre os CCMs e os terminais dos motores.

6.2.2. Cálculo de Curto-Circuito

6.2.2.1. Corrente de curto-circuito trifásico simétrico e assimétrico, impulso do

curto-circuito assimétrico, bifásico, fase-terra máxima e mínima

As fórmulas utilizadas serão apresentadas somente uma vez, já que para

todos os cálculos são usados a mesma fórmula.

Page 82: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

80

6.2.2.1.1. Ponto de entrega de energia da concessionária

- Corrente de curto-circuito trifásico simétrico (Ic)

Ic = Corrente de curto-circuito simétrica no ponto de entrega de energia

(A);

Pcc = Potência de curto-circuito no ponto de entrega (kVA) = 123.000 kVA;

Vba = Tensão de base no ponto de entrega (kV) = 13,2 kV;

6.2.2.1.2. Terminais do transformador

a) Corrente de curto-circuito trifásico simétrico (Ics)

Ics = Corrente de curto-circuito simétrica (kA);

Zutotal = Somatório de Impedâncias até o ponto desejado (p.u.).

Ib = Corrente de base = 170,93 A.

As fórmulas abaixo servirão para todos os cálculos em todos os pontos a

seguir.

b) Corrente de curto-circuito trifásico assimétrico (Ica)

Ica = Corrente assimétrica de curto-circuito (kA);

Fa = Fator de assimetria (ver tabela [3.1]);

Ics = Corrente de curto-circuito simétrico (kA).

Page 83: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

81

c) Impulso do curto-circuito assimétrico (Icim)

Icim = Impulso da corrente de curto-circuito assimétrica

d) Corrente de curto-circuito bifásico (Icb)

e) Corrente de curto-circuito fase-terra máxima (Iftma)

Zutot = Somatório das impedâncias de seqüência positiva até o ponto

desejado;

Zu0t = Impedância de seqüência zero do transformador;

Zu0c = Somatório das impedâncias de seqüência zero até o ponto

desejado.

Page 84: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

82

f) Corrente de curto-circuito fase-terra mínima (Iftmi)

Ruct = Impedância de contato em (p.u.);

Rct = Impedância de contato em (Ω) = 40/3 Ω;

Rumt = Impedância de malha de terra (p.u.);

Rmt = Impedância de malha de terra (Ω) – adotado valor 10 Ω, pois não

possuo equipamento de medição apropriado;

Ruat = 0;

k = 0,779086.

Page 85: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

83

6.2.2.1.3. Terminais do QGF

A partir deste item, será apresentada apenas uma tabela com os

resultados.

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

4,33 5,15 7,29 3,75 2,30 9,38

6.2.2.1.4. Barramento do QGF

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

4,30 5,12 7,24 3,72 2,29 9,38

6.2.2.1.5. Terminais dos CCMs

CCM1

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

1,85 1,85 2,62 1,6 1,21 9,34

CCM2

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

1,97 1,97 2,79 1,71 1,33 9,35

CCM3

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

1,11 1,11 1,57 0,96 0,88 9,31

CCM4

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

1,15 1,15 1,63 1 0,87 9,31

CCM5

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

0,94 0,94 1,33 0,81 0,73 9,29

Page 86: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

84

CCM6

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

3,28 3,51 4,96 2,84 1,38 9,36

CCM7

Ics (kA) Ica (kA) Icim (kA) Icb (kA) Iftma (kA) Iftmi (A)

3,19 3,32 4,69 2,76 1,65 9,37

Conforme citado acima, as proteções serão aplicadas na saída do CCM

para o motor, sendo que deve ser considerada a corrente de curto circuito neste

ponto, não sendo necessário calcular a corrente de curto circuito nos terminais dos

motores.

6.3. DIMENSIONAMENTO DA PROTEÇÃO DO SISTEMA

Para proteger por completo o sistema, é necessário protegê-lo contra

correntes de curto-circuito, sobrecarga, falta de fase, variações de freqüência,

corrente e tensão. Este trabalho tem como finalidade apenas a proteção contra

correntes de curto circuito, portanto analisaremos os dispositivos para possível

proteção contra correntes de curto-circuito.

Page 87: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

85

6.3.3. Dimensionamento de proteção com fusíveis

Dados para dimensionamento do fusível: corrente de partida do motor,

corrente nominal de trabalho, tipo de partida e tempo de partida. Considerando que

motores até 3 cv, com partida direta em 380 V, com tempo de partida de 4s, e

motores acima de 3 cv, com partida chave estrela triângulo (380/220 V) e tempo de

partida de 4s.

Cálculo das correntes de partida e ajustes:

Inf ≤ Ipm X K

Ipm = Inm X Rcpm

Inf – corrente nominal do fusível, em A;

Ipm – corrente do rotor bloqueado ou corrente de partida, em A;

Rcpm – relação entre corrente de partida e nominal do motor (Tabela [6.1]);

Inm – corrente nominal do motor, em A;

K – fator de multiplicação, conforme tabela 5.3;

Aplicando a fórmula acima, chegamos aos seguintes valores

apresentados na tabela abaixo:

Page 88: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

86

Tabela 6.2 – Corrente de partida e corrente de trabalho dos motores (com base na tabela 6.1) Ref. Corrente de partida (A) Corrente corrigida de partida (A) Corrente nominal de trabalho (A)

M1 101,64 40,66 26,6

M2 36,3 18,15 5,5

M3 53,06 21,22 13,1

M4 10,45 5,23 1,9

M5 17,5 8,75 3,5

M6 5,72 2,86 1,08

M7 18 9 3

M8 2,66 1,33 0,95

M9 66,22 26,49 13,4

M10 55,3 22,12 13,7

M11 53,55 21,42 15

M12 36,3 18,15 9,5

M13 55,3 22,12 13,7

M14 195,84 78,34 52

M15 294,44 117,78 78

M16 3,53 1,77 1,07

M17 2,34 1,17 0,78

M18 3,9 1,95 0,78

M19 5,76 2,88 1,2

M20 5,98 2,99 1,3

M21 4,97 2,48 1,08

M22 7,73 3,86 1,61

M23 7,97 3,98 1,66

M24 3,06 1,53 0,6

M25 9,24 4,62 1,68

M26 7,91 3,95 1,34

M27 9,24 4,62 1,68

M28 12,42 6,21 2,3

M29 14,52 7,26 2,2

M30 12,6 6,3 1,75

M31 17,61 8,81 2,59

M32 36,3 18,15 9,5

M33 36 18 8,3

A corrente do fusível de ser menor que a corrente corrigida do motor e

atender ao tempo de partida do motor, portanto:

Page 89: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

87

Tabela 6.3 – Motores e Fusíveis de Proteção pela Corrente de Partida

Ref. Corrente dos fusíveis (A) e tipo

(NH ou Diazed)

Tempo de atuação para corrente de

partida mínimo (s)

Modelo do Fusível

Escolhido

1 2 3 1 2 3

M1 40 NH 32 NH 35 D 10 3 200 Diazed 35 A

M2 16 NH 10 NH 16 D 6 1 0,4 NH 16 A

M3 20 NH 16 NH 16 D 4 1 100 Diazed 16 A

M4 6 NH 4 D 2 D 20 Não atua 1 NH 6 A

M5 6 NH 6 D 4 D 0,4 400 3 Diazed 6 A

M6 2 D X X Não Atua X X Diazed 2 A

M7 6 NH 6 D 4 D 0,2 40 2 Diazed 6 A

M8 X X X X X X Não satisfaz

M9 25 NH 20 NH 16 NH 10 2 0,5 NH 25 A

M10 20 NH 16 NH 16 D 4 0,7 40 Diazed 16 A

M11 20 NH 16 NH 16 D 4 0,7 40 Diazed 16 A

M12 16 NH 10 NH 16 D 7 1 Não atua NH 16 A

M13 20 NH 16 NH 16 D 4 0,8 70 Diazed 16 A

M14 63 NH 63 D X 4 100 X Diazed 63 A

M15 100 NH 80 NH 80 D 6 6 30 NH 80 A

M16 X X X X X X Não satisfaz

M17 X X X X X X Não satisfaz

M18 X X X X X X Não satisfaz

M19 2 D X X Não Atua X X Diazed 2 A

M20 2 D X X Não atua X X Diazed 2 A

M21 2 D X X Não Atua X X Diazed 2 A

M22 2 D X X Não Atua X X Diazed 2 A

M23 2 D X X 4 X X Não satisfaz

M24 X X X X X X Não satisfaz

M25 4 D 2 D X Não Atua 2 X Diazed 4 A

M26 2 D X X 4 X X Não Satisfaz

M27 4 D 2 D X Não Atua 1 X Diazed 4 A

M28 6 NH 6 D 4 D 7 0,4 Não Atua NH 6 A

M29 6 NH 6 D 4 D 0,7 0,07 40 Diazed 4 A

M30 6 NH 4 D 2 D 3 Não Atua 0,2 Diazed 4 A

M31 6 NH 6 D 4 D 0,3 0,03 10 Diazed 4 A

M32 16 NH 10 D 6 NH 7 100 0,02 NH 16 A

M33 16 NH 10 D 6 NH 7 100 0,02 NH 16 A

Suporta a corrente de partida sem sofrer fusão

Não suporta a corrente de partida sem sofrer fusão

Page 90: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

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Para determinar a corrente de corte do fusível de ligação dos motores

será utilizada a corrente de curto circuito nos terminais dos respectivos CCMs.

Tempo limite de curto circuito no condutor:

Para condutores 2,5 mm2 com corrente de corte = 1,85 kA:

Tcs = Tempo de corte máximo do condutor;

Sc = Seção do condutor;

Icorte = Corrente de corte do fusível (kA).

Para condutores 2,5 mm2 com corrente de corte = 1,85 kA:

Page 91: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

89

Tabela 6.4 – Fusível e Corrente de Corte (Taf < Tsc para satisfazer proteção)

Ref. CCM

Corrente CC

no CCM

(kA)

Modelo do

Fusível

Escolhido

Tempo de

Atuação (Taf)

em (s)

Corrente

de Corte

(kA)

Tsc

(s) Satisfaz/Sugestão

M1 1 1,85 Diazed 35 A << 0,01 2,5 0,061 Sim

M2 1 1,85 NH 16 A << 0,01 1,4 0,024 Sim

M3 2 1,97 Diazed 16 A << 0,01 1,5 0,021 Sim

M4 3 1,11 NH 6 A << 0,01 0,55 0,066 Sim

M5 3 1,11 Diazed 6 A << 0,01 0,7 0,066 Sim

M6 3 1,11 Diazed 2 A << 0,01 0,22 0,066 Sim

M7 4 1,15 Diazed 6 A << 0,01 0,7 0,061 Sim

M8 4 1,15 Não satisfaz - - - -

M9 4 1,15 NH 25 A << 0,01 1,2 0,061 Sim

M10 5 0,94 Diazed 16 A << 0,01 1 0,092 Sim

M11 6 3,28 Diazed 16 A << 0,01 1,6 0,007 Substituir Condutor

M12 6 3,28 NH 16 A << 0,01 1,5 0,007 Substituir Condutor

M13 6 3,28 Diazed 16 A << 0,01 1,6 0,007 Substituir Condutor

M14 6 3,28 Diazed 63 A << 0,01 4 0,007 Substituir Condutor

M15 6 3,28 NH 80 A << 0,01 1,3 0,007 Substituir Condutor

M16 7 3,19 Não satisfaz - - - -

M17 7 3,19 Não satisfaz - - - -

M18 7 3,19 Não satisfaz - - - -

M19 7 3,19 Diazed 2 A << 0,01 0,32 0,008 Substituir Condutor

M20 7 3,19 Diazed 2 A << 0,01 0,32 0,008 Substituir Condutor

M21 7 3,19 Diazed 2 A << 0,01 0,32 0,008 Substituir Condutor

M22 7 3,19 Diazed 2 A << 0,01 0,32 0,008 Substituir Condutor

M23 7 3,19 Não satisfaz - - - -

M24 7 3,19 Não satisfaz - - - -

M25 7 3,19 Diazed 4 A << 0,01 0,55 0,008 Substituir Condutor

M26 7 3,19 Não Satisfaz - - - -

M27 7 3,19 Diazed 4 A << 0,01 0,55 0,008 Substituir Condutor

M28 7 3,19 NH 6 A << 0,01 0,7 0,008 Substituir Condutor

M29 7 3,19 Diazed 4 A << 0,01 0,55 0,008 Substituir Condutor

M30 7 3,19 Diazed 4 A << 0,01 0,55 0,008 Substituir Condutor

M31 7 3,19 Diazed 4 A << 0,01 0,55 0,008 Substituir Condutor

M32 7 3,19 NH 16 A << 0,01 1,5 0,008 Substituir Condutor

M33 7 3,19 NH 16 A << 0,01 1,5 0,008 Substituir Condutor

Nos casos onde está marcado como sugestão “substituir condutor” será

necessário redimensionar os condutores dos motores e refazer os cálculos de tempo

máximo suportável pelo condutor.

Page 92: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

90

6.3.4. Dimensionamento de Disjuntores

Para exemplificar o dimensionamento de disjuntores, será mostrada a

aplicação de disjuntores motores, marca WEG, que possuem dispositivo de proteção

contra curto-circuito magnético de atuação instantânea fixo e dispositivo de proteção

contra sobrecarga térmico ajustável, conforme modelo escolhido, lembrando que

existem várias configurações de disjuntores.

No dimensionamento dos disjuntores deste trabalho foram considerados a

corrente de partida dos motores, para dimensionamento do dispositivo magnético,

onde este deve ter corrente de atuação maior que a corrente de partida do motor, a

corrente nominal do motor para dimensionar o dispositivo térmico, para que este não

atua durante a partida e também é necessário verificar se a capacidade de ruptura

do disjuntor (Icu) suporta a corrente de curto circuito presumida.

Os disjuntores escolhidos, bem como os dados referentes ao circuito dos

motores estão especificados na tabela 6.5:

Page 93: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

91

Tabela 6.5 – Tabela de disjuntores utilizados

Motor

Corrente Corrente

Corrigida

Disjuntor

Corrente

Nominal

Térmico Magnético Modelo

Circuito Condutor Partida CC

(kA) Condutor

Faixa de

Ajuste

Ajuste

Escolhido Instantâneo

Icu

(kA) Escolhido

M1 26,6 28 101,64 1,85 40,6 32 25 - 32 27,5 384 100 MPW25t-3-U032

M2 5,5 21 36,3 1,85 30,45 6,3 4 - 6,3 6 130 100 MPW16-3-D063

M3 13,1 21 53,06 1,97 30,45 16 10 - 16 14 208 100 MPW16-3-U016

M4 1,9 21 10,45 1,11 30,45 2,5 1,6 - 2,5 2,1 32,5 100 MPW16-3-D025

M5 3,5 21 17,5 1,11 30,45 4 2,5 - 4 4 52 100 MPW16-3-U004

M6 1,08 21 5,72 1,11 30,45 1,6 1 - 1,6 1,1 20,8 100 MPW16-3-D016

M7 3 21 18 1,15 30,45 4 2,5 - 4 3,5 52 100 MPW16-3-U004

M8 0,95 21 2,66 1,15 30,45 1 0,63 - 1 1 13 100 MPW16-3-U001

M9 13,4 21 66,22 1,15 30,45 16 10 - 16 14 208 100 MPW16-3-U016

M10 13,7 21 55,3 0,94 30,45 16 10 - 16 14 208 100 MPW16-3-U016

M11 15 21 53,55 3,51 30,45 16 10 - 16 16 208 100 MPW16-3-U016

M12 9,5 21 36,3 3,51 30,45 10 6,3 - 10 10 130 100 MPW16-3-U010

M13 13,7 21 55,3 3,51 30,45 16 10 - 16 14 208 100 MPW16-3-U016

M14 52 68 195,84 3,51 98,6 65 50 - 65 55 845 100 MPW65-3-U065

M15 78 89 294,44 3,51 129,05 90 70 - 90 80 1170 100 MPW100-3-U090

M16 1,07 21 3,53 3,32 30,45 1,6 1 – 1,6 1,1 20,8 100 MPW16-3-D016

M17 0,78 21 2,34 3,32 30,45 1 0,63 - 1 0,85 13 100 MPW16-3-U001

M18 0,78 21 3,9 3,32 30,45 1 0,63 - 1 0,85 13 100 MPW16-3-U001

M19 1,2 21 5,76 3,32 30,45 1,6 1 - 1,6 1,3 20,8 100 MPW16-3-D016

M20 1,3 21 5,98 3,32 30,45 1,6 1 - 1,6 1,4 20,8 100 MPW16-3-D016

M21 1,08 21 4,97 3,32 30,45 1,6 1 - 1,6 1,1 20,8 100 MPW16-3-D016

M22 1,61 21 7,73 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 1,7 32,5 100 MPW16-3-D025

M23 1,66 21 7,97 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 1,7 32,5 100 MPW16-3-D025

M24 0,6 21 3,06 3,32 30,45 0,63 0,4 - 0,63 0,63 8,1 100 MPW16-3-C063

M25 1,68 21 9,24 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 1,7 32,5 100 MPW16-3-D025

M26 1,34 21 7,91 3,32 30,45 1,6 1 - 1,6 1,4 20,8 100 MPW16-3-D016

M27 1,68 21 9,24 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 1,7 32,5 100 MPW16-3-D025

M28 2,3 21 12,42 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 2,5 32,5 100 MPW16-3-D025

M29 2,2 21 14,52 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 2,5 32,5 100 MPW16-3-D025

M30 1,75 21 12,6 3,32 30,45 2,5 1,6 - 2,5 1,8 32,5 100 MPW16-3-D025

M31 2,59 21 17,61 3,32 30,45 4 2,5 - 4 2,65 52 100 MPW16-3-U004

M32 9,5 21 36,3 3,32 30,45 10 6,3 - 10 10 130 100 MPW16-3-U010

M33 8,3 21 36 3,32 30,45 10 6,3 - 10 9 130 100 MPW16-3-U010

Page 94: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

92

7. CONCLUSÃO

Os cálculos de curto-circuito dependem de vários itens que devem ser

determinados antes de efetuar os cálculos, como a seção dos cabos, barramentos,

tipo de instalação de cabos e equipamentos, entre outros itens. Após esses dados

obtidos, não é difícil fazer os cálculos, porém dimensionar os equipamentos

demanda bastante tempo e atenção numa tentativa inicial. Para facilitar o

dimensionamento dos equipamentos é fundamental conhecer os equipamentos em

detalhes, pois um parâmetro incorreto pode comprometer a proteção adequada da

instalação.

Outro detalhe importante é ter o máximo de informações técnicas,

contidos em placas dos motores, para um correto dimensionamento da proteção e

também iniciar um novo projeto será uma experiência mais tranqüila do que adequar

uma instalação já existente, e caso a empresa não tenha a documentação do parque

de máquinas e nem projetos que facilitassem obter a distância e bitola dos

condutores e documentos técnicos de máquinas, dificulta o trabalho de

levantamento de dados para a correta aplicação da proteção.

Com este trabalho foi possível conhecer uma das metodologias de cálculo

de curto-circuito e aplicação de equipamentos para proteção, tanto contra

sobrecargas, quanto curto-circuitos. Porem é necessário fazer um estudo mais

detalhado sobre outras metodologias e comparar a eficiência de cada uma delas.

Não foi possível implantar os equipamentos dimensionados neste

trabalho, portanto não foi possível obter uma avaliação de eficiência da proteção

apresentada. Conforme foi dito no começo do estudo de caso, este trabalho serviu

como base para exemplificar a metodologia de cálculo e dimensionamento de

proteção apresentada.

O objetivo foi parcialmente alcançado. Foi mostrado um método de

cálculo das correntes de curto circuito e o foi feito o dimensionamento de fusíveis e

disjuntores, que são os mais comuns dispositivos de proteção, faltando mostrar o

Page 95: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

93

dimensionamento de dispositivos de comando e controle, como contatores e relés.

Um outro detalhe que faltou foi analisar a eficiência dos dispositivos, devido a falta

de equipamentos que possibilitassem essa analise.

Uma sugestão para continuidade deste trabalho é fazer uma avaliação

das proteções existentes em uma empresa e efetuar os cálculos para avaliação

desta proteção e caso não esteja dentro das especificações, fazer sugestões para

alterações.

Page 96: Rafael Scorfi Gatto - TCC - Projeto Final

94

8. REFERÊNCIAS

MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 8ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. COTRIM, Ademaro A.M.B. Instalações Elétricas. 5ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - < www.abnt.org.br > - norma NBR 5410/2004 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - < www.abnt.org.br > - norma NBR 5361/1998 – Disjuntores de baixa tensão. Eletrical Protection. Disponível em: < http://canteach.candu.org/library/20030805.pdf >. Acesso em: 25 maio 2010. Eletricidade Básica – Prof. Edivaldo. Disponível em: < http://www.scribd.com/doc/7035814/Eletricidade-Basica-09-Disjuntores >. Acesso em: 25 maio 2010. WEG Equipamentos Elétricos S.A. W22 – Motor Elétrico Trifásico: Catálogo Técnico Mercado Brasil. Disponível em: < www.weg.net >. Acesso em: 23 agosto 2010. WEG Equipamentos Elétricos S.A. Disjuntores-motores MPW: Manobra e Proteção de Motores até 100A. Disponível em: < www.weg.net >. Acesso em: 23 agosto 2010. WEG Equipamentos Elétricos S.A. Automação: Fusíveis D e NH. Disponível em: < www.weg.net >. Acesso em: 23 agosto 2010. WEG Equipamentos Elétricos S.A. Motores: Motores Elétricos. Disponível em: < www.weg.net >. Acesso em: 23 agosto 2010. WALTER, Oswaldo Luiz. Comando e Proteção de Motores. Mogi Mirim. Disponível em: < http://www.fatecmm.edu.br/sistema/file/doc/11ComandoProtecaoMotores.pdf >. Acesso em: 28 agosto 2010.