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Volume 1, Número 3 ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017 Artigo REFLEXÃO ACERCA DA RELEVÂNCIA DO ENSINO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Páginas 331 a 347 331 REFLEXÃO ACERCA DA RELEVÂNCIA DO ENSINO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL REFLECTION ON THE RELEVANCE OF LUDIC EDUCATION IN CHILDREN Camila Teixeira de Carvalho Dias 1 RESUMO - Na atualidade, o número de estudos desenvolvidos a respeito do lúdico como metodologia utilizada na educação infantil, tem crescido satisfatoriamente. Isso se deve pela relevância que a temática apresenta. Sendo assim, a finalidade do presente trabalho corresponde a de abordar a relevância do ensino lúdico, na educação infantil. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa. A partir do desenvolvimento desta pesquisa, tornou-se possível aprofundar conhecimentos acerca da relevância do lúdico, na educação infantil. É preciso que a escola também atue de uma maneira bastante intensa, motivando esses educadores, disponibilizando treinamentos, capacitações direcionas ao ensino lúdico, entendendo o quão proveitosa essa utilização pode ser na aprendizagem da criança. Além disso, uma boa alternativa, para que os pais dos alunos se sintam seguros em relação a esse método de aprendizagem é que a escola integre os mesmos em algumas atividades desenvolvidas na escola, convidando-os, para que possam ter contato com o método de ensino e verificar com seus próprios olhos os benefícios que podem apresentar. Palavras-Chave: Lúdico. Educação Infantil. Ensino. ABSTRACT - At present, the number of studies developed regarding playfulness as a methodology used in early childhood education has been growing satisfactorily. This is due to the relevance of the theme. Therefore, the purpose of this study is to address the relevance of play education in early childhood education. This is a descriptive study with a qualitative approach. From the development of this research, it became possible to deepen knowledge about the relevance of the ludic, in early childhood education. It is necessary that the school also act in a very intense way, motivating these educators, providing training, direct training to playful education, understanding how useful this use can be in the child's learning. In addition, a good alternative for the students' parents to 1 Mestre em Ciências da Educação pela Unigrendal Premium Corporate. Docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ.

REFLEXÃO ACERCA DA RELEVÂNCIA DO ENSINO LÚDICO … · idade e não pode ser encarado como um mero divertimento. Sabe-se que o desenvolvimento do aspecto lúdico auxilia na aprendizagem,

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Volume 1, Número 3

ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017

Artigo

REFLEXÃO ACERCA DA RELEVÂNCIA DO ENSINO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Páginas 331 a 347 331

REFLEXÃO ACERCA DA RELEVÂNCIA DO ENSINO LÚDICO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

REFLECTION ON THE RELEVANCE OF LUDIC EDUCATION IN CHILDREN

Camila Teixeira de Carvalho Dias1

RESUMO - Na atualidade, o número de estudos desenvolvidos a respeito do lúdico como

metodologia utilizada na educação infantil, tem crescido satisfatoriamente. Isso se deve

pela relevância que a temática apresenta. Sendo assim, a finalidade do presente trabalho

corresponde a de abordar a relevância do ensino lúdico, na educação infantil. Trata-se de

um estudo descritivo, com abordagem qualitativa. A partir do desenvolvimento desta

pesquisa, tornou-se possível aprofundar conhecimentos acerca da relevância do lúdico, na

educação infantil. É preciso que a escola também atue de uma maneira bastante intensa,

motivando esses educadores, disponibilizando treinamentos, capacitações direcionas ao

ensino lúdico, entendendo o quão proveitosa essa utilização pode ser na aprendizagem da

criança. Além disso, uma boa alternativa, para que os pais dos alunos se sintam seguros em

relação a esse método de aprendizagem é que a escola integre os mesmos em algumas

atividades desenvolvidas na escola, convidando-os, para que possam ter contato com o

método de ensino e verificar com seus próprios olhos os benefícios que podem apresentar.

Palavras-Chave: Lúdico. Educação Infantil. Ensino.

ABSTRACT - At present, the number of studies developed regarding playfulness as a

methodology used in early childhood education has been growing satisfactorily. This is

due to the relevance of the theme. Therefore, the purpose of this study is to address the

relevance of play education in early childhood education. This is a descriptive study with

a qualitative approach. From the development of this research, it became possible to

deepen knowledge about the relevance of the ludic, in early childhood education. It is

necessary that the school also act in a very intense way, motivating these educators,

providing training, direct training to playful education, understanding how useful this use

can be in the child's learning. In addition, a good alternative for the students' parents to

1 Mestre em Ciências da Educação pela Unigrendal Premium Corporate. Docente do curso de

Enfermagem do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

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feel secure about this method of learning is for the school to integrate the same into some

of the activities developed at the school, inviting them to contact the Teaching and

verifying with their own eyes the benefits they can bring.

Keywords: Ludic. Child education. Teaching

INTRODUÇÃO

Na atualidade, o número de estudos desenvolvidos a respeito do lúdico como

metodologia utilizada na educação infantil, tem crescido satisfatoriamente. Isso se deve

pela relevância que a temática apresenta.

É importante citar que o lúdico foi originado a partir da palavra latina "ludus" que

significa "jogo”. Antes, de acordo com a sua origem, o termo lúdico estava associado

apenas ao jogar, ao brincar, à ação espontânea. No entanto, posteriormente o lúdico

passou a ser reconhecido como traço primordial da psicofisiologia do comportamento

humano, de tal maneira que a definição passou a não ser considerado o simples sinônimo

de jogo. De acordo com Antunes (2005, p. 33) “as implicações da necessidade lúdica

extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo”.

Dessa forma, utilizar o lúdico corresponde a uma necessidade independente da

idade e não pode ser encarado como um mero divertimento. Sabe-se que o

desenvolvimento do aspecto lúdico auxilia na aprendizagem, facilita o desenvolvimento

pessoal, social, bem como cultural, proporcionando uma boa saúde mental, tornando mais

fácil a comunicação, expressão, assim como o conhecimento. Sendo assim, a prática

lúdica compreendida como o ato de brincar das crianças possibilita um mergulho na sua

trajetória no decorrer dos anos, juntando informações (MARCONI, 2005).

Vale ressaltar que Santos (2008) enfatiza que esse processo cíclico, abordado em

cada ação e em cada jogo, possibilita conhecer um pouco da evolução. Portanto,

compreender o brincar das crianças no que tange as civilizações significa aprofundar

conhecimentos no que tange um pouco da cultura.

A escolha da temática da pesquisa ocorreu a partir do meu interesse em estudar a

respeito do tema, pois a utilização do lúdico no ensino infantil pode promover uma série

de benefícios, auxiliando na aprendizagem dos alunos, fazendo com que os mesmos

aprendam e guardem os conhecimentos de maneira satisfatória, o que é extremamente

relevante para os professores da educação infantil.

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Dessa maneira, surgiu o seguinte questionamento, para nortear o desenvolvimento

do estudo: a utilização do ensino lúdico, na educação infantil, realmente gera benefícios

na aprendizagem?

Para responder essa questão foi realizado um estudo descritivo, com abordagem

qualitativa, baseado em uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa foi executada através de

consultas em livros, artigos científicos, monografias, dissertações de mestrado, bem como

teses de doutorado. O material coletado foi, então, selecionado e avaliado levando como

base o enfoque do método qualitativo, sendo utilizada a literatura pertinente como

referência.

Muitas crianças apresentam dificuldades de aprendizagem no ensino infantil,

sendo necessário utilizar metodologias que possam facilitar esse aprendizado. Muitos

professores acabam se acomodando com as mesmas metodologias e não adotam

alternativas, capazes de favorecer esse processo. Também sabe à escola incentivar que

esses professores utilizem a criatividade, na forma do ensino lúdico, para gerar benefícios

nesse ensino.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi abordar a relevância do ensino

lúdico, na educação infantil.

O ENSINO LÚDICO

Segundo Huizinga (2000) o lúdico se manifesta por meio do jogo, sendo a

existência do jogo inegável. De acordo com o esse autor, o jogo pode ser compreendido

como uma maneira de ensinar que foge dos padrões de seriedade, tendo um aspecto mais

divertido.

Sendo assim, o lúdico pode ser um excelente método de se trabalhar com crianças,

de dinamizar conteúdos e facilitar a aprendizagem.

Portanto, utilizar o lúdico como metodologia de ensino talvez seja uma missão

bastante difícil, tendo em vista que os próprios pais podem duvidar da eficácia desse

ensino, podendo achar que não irá gerar bons resultados.

Para esses pais, o aprendizado, bem como o desenvolvimento das crianças

necessitam de estarem associados a um exercício mais cansativo, de maneira que a criança

precise realizar grandes tarefas, possuindo um caderno com um número exorbitante de

exercícios e atividades, o que, de certa maneira, lhes deixam mais seguros, no que diz

respeito à certeza da formação educacional dos filhos (ROMERA et al., 2007).

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É possível dizer, então, que muitos pais acabam discordando do ensino lúdico, por

ter uma visão antiga, de que o ensino tradicional, com uma sobrecarga imensa de

informações às crianças e métodos de ensino antigos, geram efeitos mais positivos na

educação das mesmas.

Mediante a compreensão de “lúdico” defendido por Huizinga (2000), o mesmo

acredita que ele necessita ter caráter espontâneo e não associado a um fazer produtivo,

não devendo ser aplicado na escola com finalidade didática e pedagógica, tendo em vista

que, pelo menos na teoria, a finalidade está associada ao alcance de alguns objetivos

propostos, sendo um instrumento de aprendizagem, sendo utilizado para garantir um

melhor desenvolvimento dos alunos, no que se tange o conteúdo ali aplicado.

De acordo com esse pensamento, no caso, podemos compreender que o ensino

lúdico deve ser utilizado como forma de facilitar a aprendizagem, de dinamizar, não no

sentido de imposição, de avaliação do aluno, não como um instrumento formal, ele deve

servir como um método de suporte ao ensino.

Já o brinquedo indica uma relação íntima com a criança, não existindo regras que

direcione o seu uso. O brinquedo incentiva a representação, a expressão de imagens que

indicam fatos da realidade. O brinquedo contribui para um mundo imaginário da criança,

bem como do adulto, que é o criador do objeto lúdico. Sendo assim, o termo “brinquedo”

não deve ser limitado à pluralidade de sentidos do jogo, uma vez que representa a criança,

possuindo uma dimensão material, cultural e técnica. O brinquedo, que é representado

por um material, é sempre um objeto que facilita uma brincadeira, sendo de extrema

importância, pois incentiva que flua o imaginário infantil (ROMERA et al., 2007).

De acordo com o mesmo autor citado anteriormente, nesse aspecto, o brinquedo

requer a industrialização, tendo em vista que, a criança é dotada de criatividade e para a

mesma, um cabo de vassoura é capaz de se transformar em cavalo, um carretel amarrado

a uma é possível de se tornar um carrinho, uma espiga de milho é capaz de se transformar

em uma boneca, que, por sua vez, acaba se tornando uma filha, um bebê, se tornando

humana, de certa forma. Sendo assim, a “brincadeira” indica a ação que a criança exerce

ao finalizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação do lúdico.

Estudos realizados no período da infância demonstram que os principais eixos

norteadores que necessitam de serem desenvolvidos com a criança de 0 a 6 anos

correspondem ao: cuidar, o brincar, bem como o educar, de forma principal sendo

trabalhados com dinâmica, de uma maneira prazerosa.

Conforme Rossini (2003, p. 11): “aprender tem que ser gostoso, a criança aprende

efetivamente quando relaciona o que aprende com seus próprios interesses”. Sendo assim,

esse processo de aprendizagem deve está moldado à realidade da criança.

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O educar pode ser encarado, nos dias atuais, como um desafio para os

profissionais que trabalham com crianças, tendo em vista que o ato de educar expressa

certas características que o conceitua como um aspecto formativo, ocorrendo ao longo

dos anos, através de experiências pessoais. O aspecto da educação formal pode ocorrer

em nível escolar, onde a herança cultural é desenvolvida de forma mais intensa, tomando

como base uma perspectiva histórica e construída socialmente. Enquanto no aspecto

informal, o educar acontece de maneira espontânea nos ambientes em que a criança habita

em associação com os seus familiares (GUSSO; SCHUARTZ, 2005).

Segundo o mesmo autor citado anteriormente é justamente no ambiente escolar

que podemos enfatizar o meio de convivência da criança com as pessoas que a cercam.

Quando refletirmos a respeito de uma formação mais relevante para as crianças que vivem

nos dias atuais, na determinada "sociedade do conhecimento" e, mediante as constantes e

aceleradas modificações que ocasionam mudanças no mundo contemporâneo. Assim, a

proposta da Unesco determina certos critérios para a educação mundial do século XXI.

Esses estão pautados em quatro pilares básicos para os planos educativos. Com essa nova

proposta, almeja-se que as crianças possam exercer papéis relevantes numa sociedade

globalizada.

O conceito de educar objetivando a formação de um cidadão crítico e consciente,

é bastante expressivo em sociedades democráticas, indicando que o mesmo atue de forma

bastante expressiva na transformação da realidade em que possa atuar. Para que isso

ocorra, se faz necessário que esse esteja apoiado no desenvolvimento dos quatro pilares

básicos para a educação.

De acordo Rossini (2003, p. 11): “o aprender tem que ser gostoso”, associado com

o lúdico, segundo os interesses das crianças. Nesse aspecto, o cuidado, o interesse, a

motivação, a estimulação, bem como a criatividade correspondem aos principais

elementos para o alcance do sucesso educacional, assim como para o bom relacionamento

entre o educador (ou outras pessoas, como os familiares) e o educando, tanto na escola

quanto fora dela.

Dessa forma, percebe-se que, de acordo com os conceitos de inúmeros autores, a

utilização do lúdico no ensino favorece o aprendizado, por ser algo que associa o que a

criança gosta, no caso: a criatividade, motivando-a à aprendizagem.

Segundo Kishimoto (2011) o uso de atividades lúdicas no meio escolar expressa

um fator relevante para que se atinja uma aprendizagem mais significativa. Por meio das

brincadeiras e dos jogos, as crianças melhoram a sua afetividade, utilizam objetos,

desenvolvem ações sensório-motoras e vivenciam, de forma ativa, os aspectos de

participação e interação social, que são justamente fatores que favorecem o bom

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desenvolvimento e uma melhor aprendizagem. Assim, o jogo pode ser utilizado com

dimensão educativa, com o objetivo de favorecer a aprendizagem, desde que exista um

planejamento do educador.

Quando a criança brinca, esta trabalha inúmeras dimensões de aprendizagem, que

são justamente desenvolvidas nesse mundo imaginário, que a brincadeira lhe insere.

Como afirma Kishimoto (2011, p. 36) “O uso do brinquedo/jogo educativo com fins

pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-

aprendizagem e de desenvolvimento infantil”. Sendo assim, o uso do brinquedo pode ser

bastante eficaz na aprendizagem, no ensino lúdico, já que a criança pode se reportar para

outros lugares, de acordo com a sua imaginação, sendo possível que o educador trabalhe

várias abordagens com a mesma.

De acordo com Maluf (2008, p. 41) “A educação pela via da ludicidade propõe

uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando

inspirado numa concepção de educação para além da instrução”. Dessa forma, o lúdico

rompe com abordagens tradicionais de ensino, buscando alternativas mais dinâmicas para

auxiliar no processo de ensino- aprendizagem.

Na maior parte das escolas existe a possibilidade de fazer uso de inúmeros

espaços, tanto para a brincadeira, quanto para o jogo. O ambiente da sala de aula pode

passar por um processo de transformação, se tornando um espaço de brincar, fazendo uso

de mesas, cadeiras ou até mesmo afastando as mesmas para que se possa ter um espaço

livre. Além disso, existem as salas, os parques e pátios onde prevalecem as brincadeiras

de maior condicionamento físico. Uma outra alternativa viável corresponde à utilização

de espaços planejados para o brincar, denominados brinquedoteca, que Friedman assim

define:

São espaços públicos e/ou privados que funcionam como bibliotecas de

brinquedos, organizados de forma para que as crianças possam

desenvolver criativamente suas atividades lúdicas, em creches, escolas

e universidades há brinquedotecas com fins especificamente

educacionais (FRIEDMAN, 1996, p. 16).

São inúmeras as possibilidades de brincar e de fazer uso do lúdico como fator de

motivação para as atividades pedagógicas, no entanto a seleção de atividades que se

associem ao nível de desenvolvimento e a faixa etária que cada grupo está inserido,

corresponde a um dos elementos essenciais para que exista um retorno relevante das

crianças, no que se refere às atividades planejadas e para que o objetivo que foi

estabelecido para ela possa ser atingido (BUENO, 2010).

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Dessa forma, não se pode apenas utilizar abordagens lúdicas no ambiente escolar,

mas também selecionar quais as mais indicadas para determinados grupos, faixas etárias,

a fim de garantir bons resultados.

De acordo com Kishimoto (2011, p. 17) “[...] cada contexto social constrói uma

imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da

linguagem”. Portanto, mediante essa concepção o jogo passa a receber tanto a imagem,

quanto o sentido que cada sociedade disponibiliza para ele.

Segundo Bueno (2010), sendo possível de considerar o jogo como um sistema de

regras, podemos adotar alguns tipos em que existem regras claras e explícitas, entre eles:

o xadrez, dama ou até mesmo jogo de cartas. A regra corresponde a um fator que

estabelece a forma de agir mediante determinada situação que é o jogo. No momento em

que a pessoa joga, esta modalidade está ao mesmo tempo associando as regras, como

também uma atividade lúdica.

De acordo com o mesmo autor citado anteriormente, outro componente da

atividade lúdica que apresenta forte relevância na infância é justamente o brinquedo, que

corresponde a um instrumento da brincadeira. Ao fazer uso do mesmo, a criança

estabelece uma interação com o mesmo e o uso no decorrer da brincadeira não requer um

sistema de regras pré-estabelecido. O brinquedo possibilita inúmeros meios de utilização,

incentiva a representação, uma vez que não existe uma estrutura pré-definida para o seu

uso. É necessário salientar que o brinquedo não necessita ser necessariamente algo que

tenha sido pensado e desenvolvido para o brincar, como: uma boneca ou um carrinho. Ele

pode ser qualquer objeto que a criança queira brincar e que esteja inserido na ação da

brincadeira. O brinquedo permite uma entrada no mundo da imaginação, pois possibilita

inúmeras formas de uso. Também se torna possível enxergar nele um pouco de

representação do real, no momento em que a criança o escolhe como um substituto do

objeto que foi usado nas ações reais do dia a dia, podendo expressar, em determinados

momentos, a realidade.

Dessa maneira, o brinquedo pode expressar a realidade da criança, não sendo

obrigatoriamente algo industrial, mas sendo qualquer objeto que a criança possa inserir

no seu contexto.

Sendo assim, o brinquedo insere a criança diante de reproduções, diante de tudo o

que acontece no cotidiano, na natureza e nas construções humanas. Pode-se dizer que uma

das finalidades do brinquedo é fornecer a criança um substituto dos objetos reais,

objetivando manipulá-los (KISHIMOTO, 2011).

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Portanto, percebe-se que através dos brinquedos, a criança pode ter contato com

as mais diferentes realidades, com coisas que ela poderia não ter acesso na realidade, mas

que gera essa aproximação, por meio do lúdico.

Segundo Huizinga (2001), o jogo para criança não é semelhante ao jogo dos

adultos, uma vez que é necessário refletir que para a criança corresponde a um momento

em que, de maneira geral, acontece aprendizagem, por meio da recreação. O jogo para os

adultos não apresenta o mesmo significado, já para as crianças o jogo apresenta grande

relevância, uma vez que dali ela pode entender que a brincadeira corresponde a uma boa

ideia para se aprender. O jogo também promove a melhora da autoestima dos alunos,

tendo em vista que a brincadeira leva a criança a adquirir mais confiança, o que gera

diferença na aprendizagem.

Sendo assim, pode-se perceber que a utilização de jogos na aprendizagem, pode

apresentar grandes benefícios para a criança. De acordo com Kishimoto (2011), as

brincadeiras e brinquedos podem ser assim reconhecidos: 1 - educativos, 2 - tradicionais,

3 - simbólicos ou protagonizado e 4 - de construção, como mostrado na tabela 1.

Kishimoto (2011) ressalta que uso do brinquedo/ jogo educativo com a finalidade

pedagógica é um instrumento de grande relevância, para situações de ensino-

aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se levarmos em conta que a criança aprende

de maneira intuitiva, a mesma adquire noções espontâneas, em processos interativos

incluindo o ser humano inteiro, com suas cognições, afetividade, corpo, bem como

interações sociais, o brinquedo apresenta um papel de grande importância para

desenvolvê-la.

Nos documentos avaliados, o brincar é priorizado nas duas fases de ensino –

Infantil e Fundamental – sendo entendido como uma atividade de grande relevância para

o desenvolvimento, não apenas na parte psicológica, mas, também, como

desenvolvimento integral do indivíduo (BRASIL, 2009).

Ainda de acordo com o mesmo autor citado anteriormente, o brincar pode ser

compreendido como uma maneira de ser e estar no mundo, sendo necessário que a escola

acolha e se organize, readequando os fatores como: gestão, materiais, projeto pedagógico,

tempo espaço, formação continuada de professores, avaliação, currículo, conteúdos, bem

como metodologias.

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Tabela 1 - Tabela: Tipos de Jogos Tipos de brinquedos e

brincadeiras

Características

Jogos educativos Ocorrem quando as situações lúdicas são elaboradas, de

forma intencional, por adultos com a finalidade de

incentivar a aprendizagem e o desenvolvimento. É a

categoria de jogo quando o adulto utiliza as condições

associadas à qualidade do jogo, à livre escolha, ao prazer,

bem como à capacidade de iniciação, além da ação ativa e

motivadora.

Jogos tradicionais Mantém a produção espiritual de um povo, a cultura não

oficial que é repassada de modo oral e não cristalizado.

Insere inovações anônimas das gerações. Os jogos

tradicionais correspondem a elementos folclóricos que

garantem características como anonimato,

tradicionalidade, transmissão oral, conservação,

modificação e universalidade, a exemplo de: papagaio,

amarelinha, par lendas, pião. Surge a partir de práticas

deixadas pelos adultos, de fragmentos de romances,

poesias, mitos, bem como rituais religiosos. Seu objetivo

é divulgar a cultura infantil, desenvolver meios de

convivência social e garantir o prazer de brincar.

Jogo simbólico, protagonizado,

faz-de-conta, de papéis ou sócio

dramático

Inicia-se com o aparecimento da linguagem da linguagem

e da capacidade de representar. Garante a entrada no

imaginário e a expressão de regras internas presentes nos

divergentes papéis assegurados pela criança. O conteúdo

do imaginário surge a partir das experiências adquiridas

pela criança, nos mais divergentes contextos. Ao brincar

de faz-de-conta, a criança desenvolve a criação de

símbolos.

Jogos de construção Corresponde à construção de cenários para brincadeiras

simbólicas. As construções se modificam em temas das

brincadeiras que oscilam de complexidade, de acordo

com a idade da criança. No exercício de construir ou

montar, a criança demonstra sua representação mental a

respeito de certos temas, além de desenvolver a sua

imaginação. Está em estreita associação com o faz-de-

conta.

Fonte: (GOEDERT; FRIGHETTO; SANTOS, 2013).

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No entanto, o brincar atualmente nas escolas é algo fora de uma proposta

pedagógica, que insere o lúdico como eixo do trabalho infantil. É bem difícil encontrar

uma escola que invista no aprendizado lúdico. A escola abandonou a brincadeira na sala

de aula, sendo inúmeras vezes utilizada com uma função essencialmente didática ou

considerada desnecessária. Até mesmo no recreio, a criança acaba tendo que conviver

com inúmeras proibições, regras restritivas, assim como também acontece nos prédios,

clubes, etc. (CASAGRANDE, 2014).

Sendo assim, podemos perceber que embora seja de grande importância no

aprendizado infantil, muitas escolas ainda não investem suficientemente no ensino lúdico,

por considerar uma alternativa desnecessária.

Para Moro (2009), o brincar, tendo em vista que pode ser considerado um

promotor da capacidade, bem como potencialidade da criança, deve ter abertura para

ocupar um lugar especial na prática pedagógica, sendo considerado um espaço

privilegiado dentro da sala de aula. Portanto, a brincadeira e o jogo necessitam de

aparecer, de forma cada vez mais intensa, no currículo e nas ações do cotidiano. É

possível trabalhar bastante informações, mediante jogos e brincadeiras.

De acordo com o mesmo autor mencionado anteriormente contar, ouvir histórias,

dramatizar, jogar com regras, desenhar, além de outras atividades, correspondem a formas

que possibilitam a aprendizagem. No momento em que criança interage com os objetos,

assim como com outras pessoas, ela poderá desenvolver relações e produzir

conhecimentos no que se refere ao mundo em que habita. Aos poucos, escola e família se

tornam unidas, de maneira que irão possibilitar uma ação de liberdade para a criança, com

uma sociabilização que se dará de forma gradativa, por meio das relações que serão

determinadas com seus colegas e professores.

O ENSINO INFANTIL

De maneira diferente dos países europeus, no Brasil, as primeiras tentativas de

sistematização de creches, asilos, bem como orfanatos foram desenvolvidas com um

caráter assistencialista, objetivando auxiliar as mulheres que trabalhavam fora de casa,

assim como as viúvas desamparadas. Outro fator que favoreceu o surgimento dessas

instituições foram as iniciativas de acolhimento aos órfãos abandonados que, mesmo

recebendo apoio da alta sociedade, tinham como objetivo esconder a vergonha da mãe

solteira, uma vez que que as crianças “[...] eram sempre filhos de mulheres da corte, pois

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somente essas tinham do que se envergonhar e motivo para se descartar do filho

indesejado” (RIZZO, 2003, p. 37).

Além disso, numa sociedade patriarcal, objetivavam elaborar uma solução para os

problemas dos homens, sendo assim, retirar dos mesmos a responsabilidade de assumir a

paternidade. Levando em consideração que, nessa época, não se existia um conceito

definido a respeito das especificidades da criança, esta era “[...] concebida como um

objeto descartável, sem valor intrínseco de ser humano” (RIZZO, 2003, p. 37).

Fatores como o elevado índice de mortalidade infantil, a desnutrição de uma

grande parcela e o número alto de acidentes domésticos, levaram setores da sociedade,

como os religiosos, os empresários e educadores, a refletirem sobre um espaço de

cuidados da criança fora do âmbito familiar. Sendo assim, foi com essa preocupação, ou

com esse “[...] problema, que a criança começou a ser vista pela sociedade e com um

sentimento filantrópico, caritativo, assistencial é que começou a ser atendida fora da

família” (DIDONET, 2001, p. 13).

É preciso ressaltar que, no decorrer das décadas, outras alternativas foram se

constituindo, objetivando o atendimento às crianças das classes menos favorecidas. Uma

das instituições brasileiras mais antigas, no que diz respeito ao atendimento à infância,

que foi iniciada antes da criação das creches, foi justamente a roda dos expostos ou roda

dos excluídos. Esse nome surgiu do dispositivo onde bebês abandonados eram colocados,

sendo o mesmo constituído por uma forma cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória

e preso na janela da instituição ou das casas de misericórdia. Dessa maneira, a criança era

posta no tabuleiro pela mãe ou qualquer outra pessoa da família e essa, ao girar a roda,

puxava uma corda para transmitir a informação a rodeira que um bebê tinha sido

abandonado, se afastando do local e garantindo a preservação da sua identidade

(PASCHOAL; MACHADO, 2009).

De acordo com o mesmo autor citado anteriormente, no decorrer das décadas, as

poucas conquistas não ocorreram sem conflitos. Com o avanço da industrialização e o

elevado número de mulheres da classe média no mercado de trabalho, ocorreu um

aumento da demanda pelo serviço das instituições de atendimento à infância.

Para Haddad (1993), os movimentos feministas que se iniciaram nos Estados

Unidos tiveram papel fundamental na revisão do significado das instituições de

atendimento à criança, tendo em vista que as feministas mudaram o seu enfoque,

defendendo a ideia de que tanto as creches, quanto as pré- escolas deveriam assistir a

todas as mulheres, não levando em consideração apenas a sua necessidade de trabalho ou

condição econômica. O resultado desse movimento gerou uma elevação do número de

instituições mantidas e geridas pelo poder público.

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Essas instituições ganharam uma ênfase divergente, passando a ser tidas como um

direito de todas as mulheres trabalhadoras e era baseado no movimento da teoria da

privação cultural. Sendo assim, essa teoria, que foi defendida tanto nos Estados Unidos,

na década de sessenta, como também no Brasil, já na década de 1970, levava em

consideração que o atendimento à criança pequena, longe do lar, iria permitir a superação

das péssimas condições sociais a que ela estava submetida. Era justamente a defesa de

uma educação compensatória (PASCHOAL; MACHADO, 2009).

Nota-se que, até cerca do final dos anos setenta, pouco foi feito em questão de

legislação, que permitisse a oferta desse nível de ensino. Enquanto na década de oitenta,

divergentes setores da sociedade, como organizações não-governamentais, pesquisadores

na área da infância, comunidade acadêmica, população civil, assim como outros,

reuniram forças, com a finalidade de sensibilizar a sociedade, a respeito do direito da

criança a uma educação satisfatória, a partir do nascimento. Levando em consideração o

ponto de vista histórico, foi necessário quase um século para que a criança pudesse ter

garantido o seu direito à educação na legislação, tendo sido apenas com a Carta

Constitucional de 1988 que esse direito foi de fato reconhecido (PASCHOAL;

MACHADO, 2009).

Segundo Bittar (2003, p. 30), o esforço geral dos inúmeros segmentos objetivava

assegurar na Constituição, “[...] os princípios e as obrigações do Estado com as crianças”.

Sendo assim, foi possível sensibilizar a maior parte dos parlamentares e garantir na

Constituição brasileira o direito da criança à educação.

A Constituição demonstra uma forte contribuição no asseguramento de nossos

direitos, tendo em vista que, por ser resultado de um grande movimento de discussão e

participação da população civil, bem como do poder público, “[...] foi um marco decisivo

na afirmação dos direitos da criança no Brasil” (LEITE FILHO, 2001, p. 31).

Dessa forma, percebe-se que, com a constituição, ocorreu uma grande evolução

no atendimento à criança, tendo em vista que os seus direitos foram mais explicitados,

mais assegurados, por meio dessa.

Segundo Ferreira (2000) essa Lei é bem mais que um mero instrumento jurídico,

pois incluiu as crianças e adolescentes no mundo dos direitos humanos. O Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA) criou um sistema de elaboração e fiscalização de

políticas públicas direcionadas para a infância impedindo negligências, desvios de verbas,

assim como violações dos direitos das crianças.

De acordo com o mesmo autor citado anteriormente, serviu também como base

para a elaboração de um novo método de olhar a criança, sendo essa encarada como uma

criança com direito de ser criança. A mesma possui o direito ao afeto, direito de brincar,

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direito de querer, direito de não desejar direito de conhecer, direito de sonhar. Isso

significa que as crianças são atores do próprio desenvolvimento.

Sendo assim, a criança passa a receber todos os direitos que lhe são cabíveis,

podendo ser vista como uma protagonista da sua própria história, tudo devidamente

garantido por lei.

Além da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente

de 1990, também podemos destacar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de

1996, que, ao abordar a composição dos níveis escolares, incluiu a educação infantil como

primeira etapa da Educação Básica. Essa Lei conceitua que o objetivo da educação

infantil é garantir o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, sendo uma

espécie de complemento à ação da família, bem como da comunidade (BRASIL, 1996).

Segundo o Ministério da Educação, o tratamento dos inúmeros fatores como

dimensões do desenvolvimento e não áreas isoladas foi fundamental, uma vez que “[...]

evidencia a necessidade de se considerar a criança como um todo, para promover seu

desenvolvimento integral e sua inserção na esfera pública” (BRASIL, 2006, p. 10).

Portanto, nota-se um forte avanço no que se refere ao respeito aos direitos da

criança pequena, tendo em vista que a educação infantil, além de ser encarada como a

primeira etapa da Educação Básica, mesmo que não obrigatória, corresponde a um direito

da criança e tem a finalidade de promover condições favoráveis para o desenvolvimento

do bem-estar infantil, dentre eles: o desenvolvimento físico, motor, emocional, social,

intelectual, bem como a ampliação de suas experiências. Diante desse novo contexto, três

importantes objetivos, precisam necessariamente, classificar essa nova modalidade

educacional (DIDONET, 2001).

De acordo com o mesmo autor mencionado anteriormente, esses objetivos seriam:

objetivo social: relacionado à questão da mulher no que diz respeito à participante da vida

social, econômica, cultural e política; objetivo educativo: sistematizado para garantir a

construção de novos conhecimentos e habilidades da criança; objetivo Político:

relacionado à formação da cidadania infantil, em que através deste, a criança possui o

direito de falar e de ouvir, de colaborar, de respeitar, além de ter o respeito dos outros.

A ausência de uma metodologia adaptada para o desenvolvimento de cada

atividade, a excessiva escolarização ou a alfabetização precoce, bem como a não

existência de um currículo que insira os cuidados à educação da criança, a escassa

autonomia a respeito da própria ação, bem como a pequena remuneração também são

questões que dificultam um trabalho de melhor nível (OLIVEIRA, 2002).

É necessário salientar que a concretização de um bom trabalho, associado às

crianças começa pela forma como os professores apropriam-se de modelos pedagógicos,

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no decorrer da carreira, levando em consideração que o contexto pedagógico necessita de

estruturas curriculares abertas e flexíveis. Isso inclui uma nova concepção de currículo,

compreendido como uma trajetória de exploração partilhada de objetos, de conhecimento

de certa cultura, através de atividades variadas, analisadas de forma constante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do desenvolvimento desta pesquisa, tornou-se possível aprofundar

conhecimentos acerca da relevância do lúdico, na educação infantil.

Com base em uma revisão de literária, mediante pesquisas livros e trabalhos

acadêmicos, como: artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorado, foi possível

amplicar as informações referentes a esse método de ensino e como o mesmo pode

apresentar inúmeros benefícios.

O lúdico mexe com a imaginação da criança, desperta a criatividade, a

imaginação, sendo imprescindíveis que os educadores utilizem-o em sala de aula, a fim

de possibilitar novos caminhos, capazes de melhorar a aprendizagem.

Por meio de jogos, brinquedos, de atividades que desenvolvam a capacidade da

criança, a mesma pode se tornar muito mais motivada a aprender, pois é algo que se

adapta ao mundo imaginário em que ela vive. As crianças são dotadas de criatividade e é

muito relevante que se trabalhe formas de estimular isso, durante o processo de ensino-

aprendizagem.

Por muito tempo, as escolas apenas se preocupam em transmitir conhecimentos

às crianças, de maneira decorativa, tradicional, repetitiva, como por exemplo através do

método decorativo de tabuada. No entanto, muitos conhecimentos acabavam se perdendo

pelo caminho, pois as crianças aprendiam provisoriamente e depois esqueciam.

Além disso, esse tipo de educação tradicional acaba sendo extremamente arcaica,

pois o professor é visto como um transmissor de informações e o aluno apenas como um

receptor. Faz-se necessário uma maior interação, uma troca de conhecimentos.

Embora seja de extrema necessidade, muitos professores acabam não adotando o

ensino lúdicotos em suas atividades diárias com os alunos e isso se deve a muitos fatores,

como: acomodação com a antiga forma de aprendizagem, pelo fato dos pais dos alunos e

da escola considerarem que uma abordagem mais criativa não seria capaz de assegurar o

conhecimento dos alunos, falta de recursos e motivação da escola, falta de uma

capacitação dos mesmos para que saibam métodos adequados de se trabalhar o ensino

lúdico.

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Sendo assim, é preciso que a escola também atue de uma maneira bastante intensa,

motivando esses educadores, disponibilizando treinamentos, capacitações direcionas ao

ensino lúdico, entendendo o quão proveitosa essa utilização pode ser na aprendizagem da

criança.

Além disso, uma boa alternativa, para que os pais dos alunos se sintam seguros

em relação a esse método de aprendizagem é que a escola integre os mesmos em algumas

atividades desenvolvidas na escola, convidando-os, para que possam ter contato com o

método de ensino e verificar com seus próprios olhos os benefícios que podem apresentar.

Dessa forma, espera-se que esse trabalho possa sensibilizar os educadores e

também a escola, sobre a grande relevância de utilizar o lúdico na educação infantil, pois

isso é algo bastante benéfico para a criança, podendo apresentar resultados satisfatórios

na aprendizagem da mesma.

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