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Resumo: O presente artigo trata da relevância do documentário como ferramenta de registro e entendimento do discurso cotidiano e informal sobre a cidade. O material analisado no desenvolvimento desse artigo provém da produção do documentário independente “Lugar-Niúm”, em fase de elaboração. Através de questionamentos aplicados em entrevistas, foi buscado o entendimento das pessoas sobre a cidade, a felicidade, a produção do espaço, o futuro da cidade e o espaço público. Após coleta, foram correlacionados os resultados com literatura específica, descritos de forma coesa e, consequentemente, reconhecendo a necessidade de democratizar os discursos e a discussão sobre a cidade. Palavras-chave: Documentário; Cidade; Entrevista; Felicidade.
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Reflexão sobre o entendimento de cidade na produção de um
documentário
José Otávio Santos de Almeida Braga (1) Juliana Feitosa Holanda Queiroz (2) Thadeu Dias
Bruno (3)
(1) Arquiteto autônomo, Fortaleza-CE, Brasil. E-mail: [email protected]
(2). Arquiteta autônoma, Fortaleza-CE, Brasil. E-mail: [email protected]
(3) Estudante de Arquitetura, UNIFOR, Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo: O presente artigo trata da relevância do documentário como ferramenta de registro e
entendimento do discurso cotidiano e informal sobre a cidade. O material analisado no
desenvolvimento desse artigo provém da produção do documentário independente “Lugar-Niúm”, em
fase de elaboração. Através de questionamentos aplicados em entrevistas, foi buscado o entendimento
das pessoas sobre a cidade, a felicidade, a produção do espaço, o futuro da cidade e o espaço
público. Após coleta, foram correlacionados os resultados com literatura específica, descritos de
forma coesa e, consequentemente, reconhecendo a necessidade de democratizar os discursos e a
discussão sobre a cidade.
Palavras-chave: Documentário; Cidade; Entrevista; Felicidade.
Abstract: The present article talk about the relevancy of documentaries as a registration tool and the
understanding of the daily informal speech about the city. The analysed data in the article
development comes from the production of an independent documentary called “Lugar-Niúm”, still in
preparation. Through the inquiry applied in the interviews, it was sought peoples understanding over
city, happiness, space production, city future and public space. After gathering, the results were
correlated with specific literature, described cohesively and, consequently, recognizing the necessity
to democratize the speeches and city discussion.
Key-words: Documentary; City; Interview; Happy.
1. INTRODUÇÃO
Desde o surgimento do cinema, o registro visual é meio de reflexão e apreensão. A partir do
desenvolvimento de modelos de câmeras de maior portabilidade e praticidade de uso, foi possível
filmar ambientes externos. Assim, imediatamente acessível estava a cidade e seu cotidiano.
No início do século XX, na fase muda do cinema, filmagens acompanhadas de sinfonias clássicas
eram produzidas enaltecendo as grandes cidades. As décadas seguintes trouxeram uma visão mais
realista e menos idealizada das cidades. Oliveri afirma que:
É também uma preocupação social que motiva o surgimento de uma forma de
abordagem que vai marcar a produção documentária a partir de 1930 (quando o
cinema torna-se falado), tendo John Grierson, na Inglaterra, como principal
promotor. Embora reconhecesse a importância dos documentários sinfônicos em
voltar-se para a vida na cidade, e apreciasse alguns de seus aspectos formais,
Grierson os criticava pelo “esteticismo” e pela falta de finalidade social – qualidade
que considerava fundamental (DA-RIN, 2004, p. 81 apud OLIVERI, 2006, p. 87).
Observa-se um retrato não apenas do ambiente cotidiano, como também de seus viventes, que os põe
no papel de protagonistas e busca entendê-los, lhes permitindo o uso da câmera para diálogo e
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abertura com quem assiste. Bill Nichols (2005, p.31) nos diz que:
As ‘pessoas’ são tratadas como atores sociais: continuam a levar a vida mais ou
menos como fariam sem a presença da câmera. Continuam a ser atores culturais e
não artistas teatrais. Seu valor para o cineasta consiste não no que promete uma
relação contratual, mas no que a própria vida dessas pessoas incorpora. Seu valor
reside [...] nas formas pelas quais comportamento e personalidade habituais servem
as necessidades do cineasta (NICHOLS, 2005, p. 31).
O cinema documental possibilitou visibilidade às minorias sociais e guetos subdesenvolvidos,
gerando um discurso de enfrentamento ao poder institucionalizado e à gestão pública. Jean Rouch
(apud OLIVERI, 2006), antropólogo e cineasta francês, versou sobre a importância do filme
documental ao compará-lo com a literatura com a qual ele deveria lidar - livros extensos que
versavam sobre indivíduos os quais dificilmente teriam a possibilidade ou mesmo capacidade de lê-
los. Então, há o cinema documental para mostrá-los a si mesmo, expressando seu ponto de vista e
democratizando o acesso a esta informação.
Dessa outra maneira de perceber a realidade, percebemos o outro. Entendemos a existência de
diversos pontos de vista e como eles podem vir a se articular. Eduardo Coutinho afirma que “Então eu
tenho que ter uma grande fé na possibilidade da palavra. […] é ouvir o outro em condições em que ele
nunca é ouvido, é tentar se colocar no lugar do outro, ver de que lugar o outro fala aquilo que é
visceral e não opinião.” (FROCHTENGARTEN, 2007, p. 130).
O documentário traz disso, de um entendimento sobre o outro, permite que acessemos as memórias,
vivências e angústias de outrem, de forma que possamos perceber a realidade alheia, para depois
passar pelo crivo crítico da edição e da visão de quem assiste. A câmera gera o empoderamento de
discursos, trazendo-os como pertinentes e dotando-lhes de veracidade. Dessa forma, a entrevista em
documentário busca acessar a subjetividade dos entrevistados, que para formular conceitos passam
por um processo de reflexão sobre suas realidades e vivências.
2. OBJETIVO
O presente artigo objetiva perceber como a produção de um documentário em forma de entrevistas
pode permitir melhor percepção, qualitativa e subjetivamente, acerca da cidade e da vivência urbana.
Para isso é necessário: perceber como o documentário pode ser um instrumento de validação de um
discurso; mostrar o entendimento de cada entrevistado acerca dos questionamentos e como eles
dialogam com alguns conceitos acadêmicos; trazer a reflexão sobre a diversidade das respostas
coletadas, como se relacionam e a influência do contexto sobre os autores; refletir o quão relevante é
para a produção da cidade o registro e o compartilhamento dos discursos informais.
3. JUSTIFICATIVA
A partir de um anseio sobre o entendimento de cidade e como se relacionam nela seus cidadãos, o
modelo de documentário, realizado a partir de entrevistas, foi escolhido pela possibilidade de
vivenciar e registrar diferentes visões de mundo. Objetiva-se o compartilhamento dessas informações
com aqueles que se interessam em discutir a cidade para democratizar as informações coletadas.
Como cita Zevi “[...] quando a história da arquitetura for ensinada mais com o cinema do que com os
livros, a tarefa da educação espacial das massas será largamente facilitada” (ZEVI, 1977, p.43). Não
apenas o objeto arquitetônico, mas também o meio em que está inserido, no passado e presente.
A relevância da produção do artigo está na possibilidade de compartilhar as informações coletadas nas
entrevistas, em comparação com a bibliografia específica, o que é mais adequado em um produto
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escrito. Dessa forma, espera-se que essa pesquisa traga contribuições às novas formas de
entendimento e metodologia de ensino e a todos aqueles que se interessam ao objeto cidade.
4. MÉTODO EMPREGADO
Para realização do presente artigo, utilizou-se como base de referência bibliografia sobre a realização
de documentários, literatura específica sobre o tema da cidade e sua vivência, além de catorze
entrevistas realizadas na produção do filme Lugar-Niúm, ainda não concluído. Nesse documentário,
os entrevistados replicam em amostragem uma imagem de diversos setores, profissões e camadas
sociais da cidade. A cada entrevistado foram colocadas cinco perguntas, sem divulgação prévia ou
tempo para preparação de discurso, buscando assim as respostas mais pessoais que pudessem
fornecer. Os questionamentos foram: O que é cidade para você; Você é feliz na cidade; A cidade é
feita por quem e para quem; Como você vê as cidades daqui a 10 anos; O que é espaço público para
você. Nessa ordem, a conclusão da entrevista era a repetição da primeira pergunta, sendo fornecido
um tempo mais resumido para uma breve reflexão sobre o discorrido. O cruzamento das respostas
com a bibliografia referente são as bases para a formatação deste trabalho.
5. DISCUSSÕES E RESULTADOS
A Partir dos questionamentos é importante considerar o contexto geográfico e temporal dos
entrevistados ao buscar compreender a relação entre suas vivências. Todos os entrevistados residem
na mesma cidade – Fortaleza, CE -, no momento temporal compreendido de junho a dezembro 2013.
5.1. Análise sobre a pergunta: O que é cidade?
Quando Raquel Rolnik coloca “Diante de fenômenos tão distintos como as antigas cidades muradas e
as gigantescas metrópoles contemporâneas, seria possível definir a cidade?” (ROLNIK, 2012, p.13)
vemos um rebatimento da pergunta que norteia o pensamento dos entrevistados.
Para a geógrafa e docente Clélia Lustosa “A percepção da cidade varia de acordo com a situação de
cada pessoa” (informação verbal)1. Há quem compreenda a cidade como um aglomerado de pessoas,
conjunto de relações ou palco de interações. Como dito pela antropóloga Jaína Alcântara “A cidade
sempre aparece com alguns contrastes, de encontros que são frutíferos e alguns que são um pouco
mais radicais, no sentido de demandarem perdas...” (informação verbal)2. Essas perdas, decorrentes
das relações de forças, trazem conflitos para o cotidiano. No entanto, o filósofo Thiago Mota diz “O
que constrói a cidade são esses conflitos. Então é interessante perceber que os conflitos não são
necessariamente destrutivos. Eles são aquilo que também produz o mundo que a gente vive, não só
destrói o mundo em que vivemos. Também nos produz, somos filhos disso (informação verbal)3”.
Essa ideia pode ser complementada pela fala da arquiteta-urbanista e pesquisadora Camila Girão de
que “Essa contraposição, ela vai ser sempre boa. Da ideia da cidade, o que se programa, o que se faz.
Na hora que isso acabar, a cidade acaba. Na hora que o conflito acabar, a cidade acaba” (informação
verbal)4. Observa-se que a produção conflituosa da cidade não é percebida dessa forma por parte de
seus cidadãos, levando a uma busca pelo ordenamento.
1 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 08 de dezembro de 2013.
2 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 02 de novembro de 2013.
3 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 09 de novembro de 2013.
4 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 12 de outubro de 2013.
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Sobre a produção do espaço urbano, dentro do modo de vida capitalista, há a busca pelo controle
econômico, em oposição a uma qualidade da vida adequada. Sobre isso, o padre Luis Sartorel coloca
“a cidade é uma obrigação, o fruto de uma sociedade que se interessa muito mais pela produção, pelo
capital, do que pelas vidas das pessoas” (informação verbal)5. Assim, percebe-se a segregação
espacial, a poluição, os congestionamentos, as desigualdades sociais, a falta de representação
democrática e o desconforto pela insegurança. A historiadora Adelaide Gonçalves diz:
A cidade que, em alguns lugares e de vários modos, se assemelha à prisão e ao
confinamento. Dos muros cada vez mais, dos dispositivos de segurança para a
autoproteção e para o confinamento daqueles que têm medo-pânico do outro que é
pobre, do outro que pode invadir, do outro que ameaça. Então esta cidade é a do
capital, hiper-segregadora, que traz para longe de si todas as promessas de
liberdade, de igualdade e de fraternidade... (informação verbal)6
É notável como a violência urbana faz com que os cidadãos se segreguem, deixando de se
reconhecerem como iguais e buscando garantir seu isolamento. Assim, as pessoas passam a ter receio
do espaço público e dos encontros cotidianos. Quando o arquiteto-urbanista e docente Renato
Pequeno diz “A cidade é um palco de desigualdades na forma que você vê um conjunto de agentes
produzindo essa cidade. [...] Cada um com organizando as suas parcerias, os seus conchavos e disso,
[...] a gente acaba vendo que a cidade é repleta de uma série de dinâmicas” (informação verbal)7.
A heterogeneidade ocasiona uma não identificação com o próximo, o que propicia a segregação
espacial. Sobre isso, Raquel Rolnik discorre “É como se a cidade fosse um imenso quebra-cabeças,
feito de peças diferenciadas, onde cada qual conhece seu lugar e se sente estrangeiro nos demais”
(ROLNIK, 2012, p. 45).
5.2. Análise sobre a pergunta: Você é feliz na cidade?
A dimensão do viver envolve além do bem-estar físico o bem-estar emocional. Por sua subjetividade,
a felicidade é um tópico complexo de ser analisado tanto qualitativamente como quantitativamente. A
geógrafa e docente Clélia Lustosa coloca:
A felicidade é algo muito mais complexo. É sua família, e seu trabalho. São seus
amigos. [...]. Posso morar em qualquer bairro e ser feliz. Posso morar em qualquer
cidade. Posso morar no campo e ser feliz. [...]. Eu acho que a felicidade está na sua
realização como profissional, como pessoa, com a família, os amigos. Tudo isso faz
sua felicidade (informação verbal).
Na busca de conexão entre o contexto em que se vive e a existência de um componente de felicidade,
o filósofo Thiago Mota comenta “[...] eu não me sinto propriamente uma pessoa feliz, então acho que
a felicidade é uma questão mais complexa do que essa, mas eu não consigo imaginar como seria
minha vida fora da cidade” (informação verbal). Esse questionamento encontra continuidade com
Clélia Lustosa, ao afirmar “Não sei se a felicidade de quem vive no campo é diferente de quem vive
na cidade. [...]. Não é a cidade que traz a felicidade” (informação verbal). Nesse mesmo quadro
responde o arquiteto-urbanista Diego Pascual dizendo: "Acho que a felicidade não depende se você é
feliz na cidade ou não" (informação verbal)8.
5 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 22 de setembro de 2013.
6 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 12 de junho de 2013.
7 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 31 de julho de 2013.
8 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 27 de novembro de 2013.
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Em contraponto, há alguns entrevistados que analisaram o questionamento de uma forma mais técnica
por estudarem as cidades. Dessa maneira, o arquiteto-urbanista e docente Renato Pequeno discursa “É
difícil assim. Quem estuda a cidade, percebe a cidade dentro dessa ótica, a partir dessa ótica, da
cidade como um espaço de desigualdade. É difícil você conseguir ser feliz na cidade” (informação
verbal). Observa-se que, como pesquisador, seu ponto de vista é influenciado pela realidade que
estuda, mesmo que ele não a vivencie diretamente. Complementarmente, a antropóloga Jaína
Alcântara diz "O meu intuito é sempre esse de estar aqui, porque aqui eu me sinto sim, feliz por esse
lado, e eu não me sinto feliz porque eu pesquiso a cidade” (informação verbal).
Em busca de entender a felicidade de uma forma técnica, pesquisas vêm desenvolvendo uma nova
disciplina chamada “ciência da hedônica”, que tem como um de seus resultados o FIB – Felicidade
Interna Bruta. A psicóloga e antropóloga Susan Andrews fala que o FIB é uma ciência baseada no
reconhecimento de fatores da sociedade que dão sensação de bem-estar, que estão divididos em nove
dimensões: bom padrão de vida econômica, boa governança, educação de qualidade, boa saúde,
vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gestão equilibrada do tempo e bem-estar
psicológico (ANDREWS, 2009). Consegue-se identificar correlações com Renato Pequeno em:
Então, quando eu vejo, toda a vida que existe na cidade, nas suas periferias. Não sei
até que ponto eu posso dizer que, segundo a minha compreensão de cidade, segundo
os meus valores, aquelas pessoas possam dizer que elas são felizes. Não sei se eu
posso dizer que sou feliz morando numa casa que não tem esgotamento sanitário,
morando numa casa que não tenho boas condições de moradia, morando de uma
forma precária, mas vai muito depender dos valores (informação verbal).
O policial civil Roberto Macêdo complementa a ideia quando responde:
[...] eu tô dentro de favela, em canto que não tem nem asfalto, nem esgoto, que não
tem nada. [...]. O único poder público que realmente chega lá é a polícia e você vê
que tem muitas pessoas felizes lá, entendeu? Eu vejo! Eu vejo isso todo dia! Mas
também eu vejo muita miséria e não vou ser hipócrita de dizer que a miséria não
vai, estatisticamente, diminuir a satisfação dessas pessoas. E isso,
consequentemente, vai trazer infelicidade (informação verbal)9.
Nosso bem-estar pode ser associado a fatores relacionados ao ambiente urbano. Jan Gehl comenta que
“Vitalidade e tranquilidade são qualidades urbanas desejáveis e valiosas. Paz e tranquilidade são
altamente valorizadas em uma cidade viva e ativa” (GEHL, 2013, p. 89), de forma que as pessoas
tendem a associar sua qualidade de vida ao meio. No entanto, valores pessoais como identidade e
pertencimento podem influenciar na percepção subjetiva da felicidade. Renato Pequeno relaciona:
Vai muito dessa questão de que valores eu tenho pra julgar o que é felicidade.
Assim, se eu consigo ser feliz num lugar que não tem áreas verdes, se eu consigo
ser feliz em um lugar que não tem coleta de lixo, mas que em outras partes da
cidade eu possa ter isso, mas não me reconhecer numa vida comunitária
(informação verbal).
A estilista Rafaela Kalaffa fala de sua relação com sua vida em comunidade quando disserta “Eu
tenho vizinhos, por exemplo, que no horário da novela eles tão nas ruas, eles colocam a cadeira na rua
e ficam ali conversando.” (informação verbal)10.
5.3. Análise sobre a pergunta: A cidade é feita por quem e para quem?
9 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 26 de agosto de 2013.
10 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 10 de agosto de 2013.
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Quando o policial civil Roberto Macedo afirma “Eu acho que ela é feita pelos ricos e para os ricos,
com certeza!”, ou quando a geógrafa e docente Clélia Lustosa coloca que “A cidade é feita para todos,
mas quem se apropria dos melhores pedaços da cidade são alguns” (informação verbal), ou mesmo
quando a arquiteta-urbanista e docente Camila Girão pondera que “Ela [a cidade] não é feita por
todos, mas eu acho que só alguns conseguem fazer coisas que têm alguma repercussão” (informação
verbal), vemos que há desigualdade entre aqueles que planejam a cidade e aqueles que a vivem. Feita
essa reflexão, o arquiteto-urbanista e docente Renato Pequeno diz:
Dentro desse palco de desigualdades, se existem diferenças a gente vai reconhecer
que alguns são mais poderosos, alguns são mais fortes, outros vão ser os excluídos.
Então, isso para mim acaba sendo uma forma de reconhecer o que é a cidade e
dessa maneira poder melhor compreendê-la (informação verbal).
Essas desigualdades atuam aumentando a segregação física, psicológica e política dos cidadãos. O
padre Luís Sartorel diz “A cidade é feita por quem? É construída por quem tem interesse de especular
e de ganhar sobre as necessidades reais do povo. Agora... é feita, é constituída por pessoas que se
adaptam a esse tipo de vida” (informação verbal). A essas pessoas adaptadas, a historiadora Adelaide
Gonçalves afirma “Essa multidão de gente invisível, de gente que não tem rosto e de gente que não
tem a fruição da cidade. A cidade, essa negação. [...] Um modelo de cidade-jardim que também é
modelo que higieniza. É modelo que não é de atração, mas de expulsão (informação verbal)”.
No entanto, alguns entendem que a produção da cidade é complexa. Esses têm uma visão mais realista
da produção do espaço urbano. Raquel Rolnik coloca que “Fruto da imaginação e trabalho articulado
de muitos homens, a cidade é uma obra coletiva que desafia a natureza” (ROLNIK, 2012, p.8). A
coletividade é entendida como agente produtor do espaço, como quando Renato Pequeno coloca:
Todos os grupos estão produzindo a cidade. Na hora que eu produzo a cidade
buscando fazer com que todas as infraestruturas estejam a meu dispor, na hora que
eu como um grupo, representante de um grupo mais poderoso ou na hora que eu
como alguém que está à frente do Estado e que tenho minhas parcerias, lícitas ou
ilícitas, com outros grupos, eu vou fazer com que eu tire proveito dessa minha
posição. Eu estou produzindo a cidade para determinados grupos, mas isso não quer
dizer que aquele grupo que está sendo excluído desse processo não deixe também
de produzir a cidade, porque ele acaba produzindo a cidade, só que de uma maneira
informal. Então, a cidade dos excluídos ela também existe. Os excluídos também
têm espaço na cidade. A cidade não é produzida apenas pelos grupos formais,
apenas pelo mercado imobiliário. Todos estão produzindo. É aí que cabe muito bem
essa ideia de que a cidade é um palco de desigualdades (informação verbal).
Dessa forma, há o conflito constante para a formação da cidade, por parte de vários grupos sociais que
competem para alcançar seus objetivos. O resultado dessas tensões será o espaço urbano. Por isso, de
acordo com o filósofo Thiago Mota, é importante ter em mente que:
As coisas são mais complicadas do que isso. Então não tem nenhum dos polos que
está nesse conflito, nessa luta, que seja completamente destituído de poder, assim
como não tem nenhum deles que seja completamente empoderado, que seja dono
monopolista do poder. Então, o poder se espalha pelo conjunto da sociedade e é ele
que reproduz as coisas. Por meio dessas relações que as coisas são produzidas
(informação verbal).
A acomodação, a falta de tempo e conscientização para isso distanciam o cidadão do seu direito de
produzir a cidade. Raquel Rolnik fala sobre isso quando diz que “[...] ser habitante da cidade significa
participar de alguma forma da vida pública, mesmo que em muitos casos esta participação seja apenas
a submissão a regras e regulamentos” (ROLNIK, 2002, p.23). O arquiteto-urbanista e docente Ricardo
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Bezerra compartilha da ideia quando diz que “A cidade é feita por quem faz e por quem não faz,
porque quem não faz também tá fazendo a cidade em não fazer” (informação verbal)11.
Entre os cidadãos que se interessam em participar e produzir o espaço público, em busca da
democratização do direito à cidade, alguns grupos pelo direito à moradia, pela mobilidade urbana,
pelo patrimônio histórico, cicloativistas e ambientalistas vêm se fortalecendo e tencionam a disputa de
força pelos rumos que a cidade toma. Como dito por Gehl:
[...] as cidades e seus habitantes tornaram-se muito ativos na reivindicação por um
urbanismo mais voltado às pessoas. Nos últimos anos, e no mundo todo, muitas
aglomerações urbanas empreenderam sérios esforços para concretizar o sonho de
melhores cidades para pessoas (GEHL, 2013, p.XIV).
Com esse tipo de cidadania ativa, um ativismo pró-cidade, as pessoas que tomam a frente – e também
as que são influenciadas por essas – passam a enxergar a cidade de outra maneira. Cria-se um
sentimento de pertencimento. De acordo com a estilista Rafaela Kalaffa:
A cidade só existe quando você passa a se sentir nela. Essa coisa de esperar o
governo fazer, esperar a prefeitura fazer. É muito melhor a gente começar a fazer e
isso acaba tendo um amor, você acaba querendo cuidar, você acaba tornando pra si.
Eu acho que é quando a cidade passa a ser o seu lugar (informação verbal).
5.4. Análise sobre a pergunta: Como você vê a cidade daqui a dez anos?
Sabendo que a cidade é plural e dinâmica, algo em constante transformação, buscou-se compreender
as expectativas das pessoas sobre o futuro das cidades. Como forma de anseio a historiadora Adelaide
Gonçalves fala “A cidade pode sim ser o lugar do desejo e da promessa de todos como cidadãos em
liberdade, experimentando a fraternidade e iguais na diferença” (informação verbal). Como forma de
expressão e materialização de seu desejo, o arquiteto-urbanista Diego Pascual descreve:
Um canto seguro, um canto que seja legal, que eu goste de estar, que tenha área
verde, que tenha gente na rua, gente caminhando na rua, fazendo coisas na rua, que
tenha museus, que tenha cultura, que as pessoas não joguem lixo no chão e deixem aí,
que as pessoas tomem esse lixo e joguem na lixeira. Eu estou exigindo coisas
mínimas para uma cidade. (informação verbal).
Conclui em um desejo mais profundo padre Luís Sartorel, quando diz “[...] é por isso que nós temos
que lutar para que este mundo não seja uma cidade de exploração, mas um jardim onde o amor possa
florescer” (informação verbal).
Dentre as entrevistas percebe-se incerteza e esperança. A arquiteta-urbanista e docente Camila Girão
disserta a respeito “Ah, eu não sei como as pessoas falam, mas eu sou extremamente otimista. [...]. Se
continuar assim, ela vai ficar muito melhor. [..]. Acho que é uma evolução cultural sabe? E a gente
tem que passar por isso para chegar lá. Eu acho que vai tá bem melhor” (informação verbal).
Com o fortalecimento dos movimentos sociais, o engenheiro civil Felipe Alves expressa “Eu espero
mesmo, mesmo [...] uma democracia mais plena e que com isso nós possamos criar uma cidade
melhor, mas isso é uma questão de otimismo meu (informação verbal)12. Por um futuro melhor, a
antropóloga Jaína Alcântara fala "Eu quero e faço por isso sabe? Eu estou envolvida em movimentos
sociais, eu dou aula e acho que a educação é um dos pontapés pra a gente lidar com o conhecimento
de si, o conhecimento do outro, de forma menos egoísta, menos individual” (informação verbal).
11 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 17 de outubro de 2013.
12 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 10 de agosto de 2013.
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No entanto, apesar de estudado, o futuro das cidades é pouco planejado pelo setor público. Tendo isso
em mente, o policial Roberto Macêdo é reticente ao falar “[...] dez anos eu diria que é muito pouco.
[...] duas gestões e meia de prefeito, de governador [...] (informação verbal)”.
5.5. Análise sobre a pergunta: O que é espaço público para você?
O engenheiro civil Felipe Alves o define como “espaço na cidade que as pessoas consigam cruzar
umas com as outras, utilizar esse espaço como convivência, ter algum tipo de lazer... é tudo baseado,
para mim, nessa questão da convivência... (informação verbal)”. Percebe-se uma noção humana que
entende o encontro como sua principal atividade. Nesse espaço físico, trocas acontecem ao sair do
isolamento de nossas habitações, como colocado pela antropóloga Jaína Alcântara:
Hoje a gente vive muito em prédios, espaços particulares e a gente acaba se
isolando nestes uns dos outros em pequenas proporções, familiares. E quando a
gente tá nesse local em que você habita o público, você perde um pouco esses
resguardos que são muito particulares da família e começa a entender essas relações
que podem ser mais paritárias (informação verbal).
Quando se abdica, temporariamente, dessa necessidade do resguardo, o potencial do espaço público
pode acontecer. O arquiteto-urbanista e empresário Paulo Angelim coloca “Eu vejo o espaço público
como sendo o grande ambiente para esse encontro. Esse encontro indistinto e inesperado muitas
vezes, porque cê (sic) se encontra com o inesperado e em casa você se encontra com o esperado”
(informação verbal)13. É exatamente nesses encontros inesperados, que o espaço público ganha vida e
se dinamiza. As trocas e relações o tornam vivo e criam o sentimento de pertencimento, perceptível na
fala da estilista Rafaela Kalaffa quando diz “Eu tenho afeto pelo meu bairro, pelos meus vizinhos que
escutam músicas em certos horários e isso você vai criando um sentimento por aquilo ali”
(informação verbal).
Além da relação afetiva e de pertencimento, o espaço público é o ambiente propício às organizações e
manifestações políticas da sociedade. Para isso é importante que esses espaços sejam, além de livres e
acessíveis, espaços políticos, aonde, de acordo com a definição dada pelo padre Luís Sartorel:
E a outra questão é o espaço público político, onde as questões da cidade, por
exemplo, deveriam ser continuamente refletidas e discutidas, não somente numa
câmara municipal onde os lobbys ganham terreno, mas discutidas com o povo, o
povo do bairro, o povo do setor da cidade, com o povo da cidade para ver o que que
se quer na cidade (informação verbal).
Se a sociedade vivenciar nesses espaços práticas sociais mais igualitárias, com maior autonomia e
liberdade, poderá ser percebida uma semelhança com a ágora grega. Com um pensamento
equivalente, Raquel Rolnik escreveu:
[...] há uma luta cotidiana pela apropriação do espaço urbano que define também
esta dimensão. Isto fica mais visível durante as grandes manifestações civis, quando
o espaço público deixa de ser apenas cenário de circulação do dia a dia para assumir
o caráter de civitas por inteiro. (ROLNIK, 2002, p. 26).
Essa função política do espaço público é perdida quando há ataques a sua estrutura física – falta de
manutenção e apropriação indevida. Consequentemente, propicia o crescimento da violência urbana e
o abandono desse em favor do espaço privado. Sobre isso o arquiteto-urbanista e docente Renato
Pequeno coloca “[...] aonde eu vou ter na cidade tanto o direito à minha privacidade, ao meu lugar, ao
13 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 03 de setembro de 2013.
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meu espaço, como eu vou poder ter também um espaço da integração, um espaço mais aberto, um
espaço público como um espaço de todos (informação verbal)”.
Há incerteza na percepção da responsabilidade que influi no entendimento de posse e uso do espaço
público. Raquel Rolnik aborda esse ponto ao ponderar “[...] há pelo menos uma calçada ou praça que
é de todos e não é de ninguém” (ROLNIK, 2012, p. 21). A resposta para esse questionamento é tênue
e subjetiva. Assim, Paulo Angelim discorre “Espaço público é um espaço que ele é de todos. Ele deve
ser pensado por todos. Ele deve ser feito por alguém que tenha a responsabilidade de fazê-lo, mas ele
deve ser para todos. (informação verbal)”. O filósofo Thiago Mota questiona a noção do público em
sua dicotomia com o privado e suas relações de posse quando coloca:
O que é interessante ver, talvez seja chegada já a hora da gente sair dessa dicotomia
entre o público e o privado. O privado tem um dono, mas o público também tem um
dono. O dono do público é o estado. Seria interessante pensar uma outra categoria,
um outro conceito que não fosse nem o público e nem o privado e isso talvez seja o
comum e a tentativa de construção de espaços comuns, que possibilitam uma
experiência de vida comum, nem público, nem privado. Mais uma vez é algo que é
importante ser fomentado (informação verbal).
Dentro dessa discussão, talvez o espaço comum venha a ser uma terceira categoria ou um
aprimoramento do conceito de espaço público, que faça os cidadãos se apropriarem mais e terem uma
consciência coletiva da cidade. O atual presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará
– CAU/CE, Odilo Almeida Filho, colocou uma reflexão semelhante dizendo:
O espaço público é uma consciência de cidadania, da compreensão de que as coisas
elas interagem mutuamente e se influenciam mutuamente. Os fenômenos, os
elementos que constituem a cidade eles são todos em última análise elementos de
um grande espaço público. [...] o espaço público ele é uma espécie de consciência
de todos os elementos que constituem a cidade. Tanto os espaços construídos como
os espaços naturais [...], eles fazem parte de um conjunto que, acima de tudo, deverá
ponderar ou deverá preparar ou dirigir-se para construir um grande espaço público
que é a cidade (informação verbal) 14.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as entrevistas foram realizadas na mesma cidade e em dias e locais de escolha dos
entrevistados. Sendo esses agentes produtores do espaço, a entrevista ficou suscetível a variadas
respostas que demonstraram o quanto o entendimento varia de acordo com a vivência e função na
cidade. Posto isso, foi possível correlacionar suas opiniões e estruturar pensamentos complementares
entre si e indo além, quando em alguns casos foram relacionados com a literatura. Alcançou-se uma
significativa compreensão das variadas realidades abordadas, aqui descritas de forma sucinta.
Obter uma definição de cidade não parece ser possível, já que muitas variáveis influenciam essa
percepção e uma mesma cidade pode apresentar diferentes identidades. Além disso, as desigualdades
sociais trazem diferentes percepções dos espaços urbanos, diminuindo a qualidade de vida e tornando
o cotidiano uma obrigação. Com tanto contraste, conflitos acontecem, gerando resultados positivos ou
negativos, mas necessários à lógica da produção da cidade.
Em relação a felicidade na cidade, tendo em vista sua subjetividade e o entendimento dessa, observou-
se uma percepção mais pessoal e seguidamente percebida por um olhar crítico dos estudiosos. Com
base nisso, o estudo científico foi capaz de mensurar a felicidade e assim foi possível fazer
rebatimento com os entrevistados quando a colocam como algo além do bem-estar psicológico. As
14 Entrevista cedida para o documentário “Lugar-Niúm”, em Fortaleza, em 07 de novembro de 2013.
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qualidades mínimas do ambiente construído e uma menor disparidade nas dinâmicas espaciais têm
caráter decisivo na percepção da felicidade.
Parte dos entrevistados entende a cidade como objeto realizado por e para os mais ricos. Essa
compreensão pode resultar da desigualdade do espaço físico e de como agem as políticas públicas. No
entanto, o poder político para produção do espaço urbano está espalhado pela sociedade e, mesmo
com parte da população adaptada a esse ambiente que segrega, há ainda os que optam por agir pelo
público, mesmo que voluntariamente. Esses grupos e indivíduos agem pela cidade em busca de um
ambiente mais equilibrado, passando a sentir afeição pelo lugar e se sentindo parte integrante do meio.
Ao tecermos relações sobre as expectativas futuras, um sentimento de idealização e esperança se faz
presente. Deseja-se uma cidade fraterna, de possibilidades e promessas. Mesmo assim, fica clara a
necessidade de entender a responsabilidade pessoal. Prepara-se hoje para o futuro e essa transição
exige sacrifícios individuais e coletivos. Há uma noção moral de fazer sua parte, devemos entender
nosso papel como parte de um sistema. Por fim, vê-se descontentamento no papel do poder público,
culminado com uma sensação de abandono.
Na busca de conceituar espaço público, percebe-se o entendimento sobre o encontro. Estar fora da sua
privacidade é estar em meio aos outros e sujeito ao inesperado. Nele encontraremos a criação de
vínculos. No acaso temos a estruturação das experiências que conectam pessoas. Reconhece-se ainda
a função política do espaço, como lugar que resgata valores e civilidades, que é palco de
reinvindicação. Infelizmente, a ausência de entendimento sobre o domínio coletivo do espaço gera
desapego sobre algo que deveria ser zelado por todos. O abandono reflete na segregação. Apesar
disso, há uma retomada ao entender-se a cidade como um espaço comum interconectado.
Apreende-se que na produção de um documentário sobre cidade, o meio que se vive é um importante
lugar de aprendizado. Por meio das entrevistas foi possível aproximar-se de realidades distintas e
compreender outros pontos de vista. Sendo ainda possível relacionar a literatura acadêmica com as
vivências e ampliar as interpretações pessoais existentes. Reconhece-se a necessidade do
compartilhamento do produto audiovisual para empoderar o discurso dos entrevistados e da
democratização da discussão da cidade.
7. REFERENCIAL
ANDREWS, Susan. PIB x FIB: uma nova medida de felicidade. Extraído do boletim Seu Estilo, publicação do
Brasil Estilo, Banco do Brasil, abril de 2009, Ano 3, n°24. Disponível em: <http://goo.gl/SvW5HM>. Acesso
em 04/08/2015.
BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. 4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
Entrevista com Susan Andrews na TV Jangadeiro Online. 24 de novembro de 2012. Disponível em:
<https://goo.gl/tPvY5v>. Acesso em 04/08/2015.
FROCHTENGARTEN, Fernando. A entrevista como método: uma conversa com Eduardo Coutinho. Psicologia
USP, v. 20, n. 1, p. 125 – 138, 2009.
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. 1 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. 1 ed. Campinas: Papirus, 2005. (Coleção Campo Imagético)
OLIVERI, Silvana. A cidade nos documentários. Revista de Urbanismo e Arquitetura, n. 10, p. 84 – 95, 2006.
ROLNIK, Raquel. O que é cidade. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.
ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. 2 ed. Lisboa: Arcádia, 1977.