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BH - AGOSTO - 2008 ANO 14 - NÚMERO 130 Publicação da Secretaria do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Reforma no Processo Penal dinamiza a Justiça As novas regras introduzidas no Código de Processo Penal brasileiro alte- ram principalmente o Tribunal do Júri (foto) e provocam opiniões diver- gentes no meio jurídico. O consenso, no entanto, é que as recentes mudanças beneficiaram a tramitação processual nos feitos que envolvem o Júri, cujo excesso de procedimentos e prazos era visto como ferramen- ta para a demora do final do processo e para a impunidade. Páginas 6 e 7

Reforma no Processo Penal dinamiza a Justiça - tjmg.gov.br · Magistrado Conciliadorfoi lançado oficial-mente, no Fórum Lafayette da capital mineira. A iniciativa foi formalizada

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BH - AGOSTO - 2008ANO 14 - NÚMERO 130

Publicação dda SSecretaria ddo TTribunalde JJustiça ddo EEstado dde MMinas GGerais

Reforma no ProcessoPenal dinamiza a Justiça

As novas regras introduzidas no Código de Processo Penal brasileiro alte-ram principalmente o Tribunal do Júri (foto) e provocam opiniões diver-gentes no meio jurídico. O consenso, no entanto, é que as recentesmudanças beneficiaram a tramitação processual nos feitos que envolvemo Júri, cujo excesso de procedimentos e prazos era visto como ferramen-ta para a demora do final do processo e para a impunidade.

Páginas 6 e 7

E X P E D I E N T E

Participe

Interessados em divulgar notíciasnas próximas edições do TJMGInformativo devem encaminhar omaterial à Ascom pelo [email protected].

“A arquitetura não é importante. Importante é ohomem e a sua luta.” Essa frase do grande arquitetoOscar Niemeyer traduz a emoção, ao vermos instaladaa pedra fundamental do edifício-sede do Tribunal deJustiça de Minas Gerais.

Não se pode negar: foi necessário vencer muitosobstáculos, superar adversidades. Houve notícias des-favoráveis, posições contrárias. Superar tudo issoexigiu muito planejamento, argumentos e soluções.

O funcionamento do Tribunal de Justiça em umasede única representa a definitiva integração daSegunda Instância, que já ocorreu, formalmente, em2005, com a extinção do Tribunal de Alçada.

Ganha a grande e dedicada equipe de magistra-dos e servidores do Tribunal de Justiça. Mas, aqui éimprescindível lembrar: ganha também a sociedade.

O funcionamento em um único endereço trarámais comodidade para o cidadão. Como se tem divul-gado enfaticamente, a estrutura física do TJMG seencontra hoje dispersa em doze prédios da Capital. Issotraz diversos transtornos ao funcionamento da institui-ção e onera o seu custo operacional, além de contribuirpara o agravamento das condições do trânsito na áreacentral.

Os dados comparativos do ano de 1997 e 2007,acessíveis no Portal, não deixam dúvida sobre a pre-mente necessidade de construção da nova sede. A dis-tribuição de processos na 2ª Instância subiu de 40 milpara mais de 200 mil; o número de magistrados passou

Mais um passo para a efetiva

unificação do TJMG

Orlando Carvalho - presidente

Tribunal dde JJustiça ddo EEstado dde MMinas GGeraisPresidente: Orlando Adão Carvalho; 1º VVice-PPresidente: Cláudio Costa; 2º VVice-PPresidente: Reynaldo Ximenes Carneiro;3º VVice-PPresidente: Jarbas Ladeira; Corregedor-GGeral: José Francisco Bueno;Superintendente dde CComunicação: AlexandreVictor de Carvalho; Secretário EEspecial ddaPresidência: Luiz Carlos Elói; Secretária ddoPresidente: Sidneia Simões; Assessora ddeComunicação IInstitucional: Goretti Paiva;Gerente dde IImprensa: Wilson Menezes;Editoras ee JJornalistas RResponsáveis: Ione Bernadete Dias - RG n° 1929/MG ePatrícia Melillo - RG n° MG 04592/JP; Revisão: Pedro Jorge Fonseca; DesignerGráfico: Úrsula Baião; Fotolito ee IImpressão:Lastro Editora Ltda. Ascom TTJMG: Rua Goiás, 253 - 1º andar -Centro - Belo Horizonte - MG CEP 30190-030Tel.: 31 3237-6551 Fax: 31 3226-2715E-mail: [email protected] TTJMG/Unidade FFrancisco SSales:31 3289-2520Ascom FFórum BBH: 31 3330-2123Tiragem: 20 mil exemplares

E D I T O R I A L

No dia 4 de julho, os desembargadoresAlmeida Melo (E) e José Antonino Baía Borges (D)tomaram posse, respectivamente, nos cargos depresidente e vice-presidente/corregedor do TribunalRegional Eleitoral (TRE), em solenidade realizada noSalão do Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, naavenida Augusto de Lima, 1.549, bairro Barro Preto,em Belo Horizonte.

Desembargadorestomam posse no TRE

de 94 para 120, enquanto o total de servidores foi ele-vado de cerca de 1,2 mil para mais de 2,2 mil.

Sendo assim, a nova edificação é imprescindível,com espaço mais adequado para funcionamento doTribunal de Justiça e, dessa forma, com possibilidadesde mais agilização e melhoria do serviço prestado àcomunidade.

Mas, se esse sonho tornou-se possível, tem-seaqui o resultado do esforço de vários magistrados eservidores. A cada um deles, deixo meu “muito obriga-do”. Quero fazer um agradecimento especial ao gover-nador Aécio Neves e ao vice-governador AntônioAugusto Anastasia; à Assembléia Legislativa, presididapelo deputado Alberto Pinto Coelho; à Prefeitura deBelo Horizonte, sob a liderança de Fernando Pimentel –as várias áreas do Executivo Municipal foram parceirasvaliosas desta obra.

Concluindo, volto à sabedoria de Niemeyer, eternafonte de inspiração e referência para a arquiteturabrasileira. São palavras dele: “É preciso viver e encon-trar nos amigos e na conversa sobre o mundo o prazerque nos resta, sem esquecer a luta.”

Está encerrada mais uma etapa dessa luta. Outrasestão por vir. As informações continuarão sendoprestadas, prontamente, para a comunidade do BarroPreto e entorno, para a sociedade de Belo Horizonte, deMinas, acessíveis ao mundo inteiro através do Portal doTJMG. Dentro em breve, a nova sede será motivo deorgulho para todos.

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I N S T I T U C I O N A L

Reinaldo M. Gomes

TJMG inicia obras da nova sede

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Um marco histórico para o Poder Judi-ciário mineiro: o Tribunal de Justiça de Mi-nas Gerais deu início, no dia 23 de junho, àconstrução de seu novo edifício-sede nobairro Barro Preto. A primeira etapa da o-bra envolve os serviços de demolição, ter-raplenagem e contenção, com cronogramaprevisto de oito meses. A segunda fase doedital, referente aos projetos executivos,já definiu as empresas habitadas. Para aconstrução propriamente dita, será publi-cado o terceiro edital, após a conclusãodos projetos executivos. Orçado em R$378 milhões, o prédio deverá ser inaugura-do no prazo máximo de cinco anos.

A instalação da pedra fundamental,oficializando o início das obras, foi realiza-da dia 7 de julho, em solenidade que con-tou com a presença do presidente doTJMG, desembargador Orlando AdãoCarvalho; do vice-governador do Estado deMinas Gerais, professor Antônio AugustoAnastasia, representando o governadorAécio Neves; do presidente da AssembléiaLegislativa de Minas Gerais, deputadoAlberto Pinto Coelho, além de mais de 70desembargadores e representantes doJudiciário, Executivo estadual e municipal,Legislativo e das polícias civil e militar. Opalanque das autoridades foi armado sobtenda especial, no canteiro de obras situa-do no quarteirão formado pelas ruas Ube-raba, Alvarenga Peixoto, Tenente Brito Me-lo e Gonçalves Dias.

Dentro da programação, foram des-cerradas placas de registro do início dasobras e de agradecimento do TJMG aoGoverno do Estado pelo apoio recebido naviabilização da construção da nova sede,através da cessão do terreno. As três prin-cipais autoridades, representando osrespectivos poderes do Estado, fizeram opreenchimento de uma urna, com osseguintes objetos: jornais do dia, plantasdo projeto arquitetônico, caderno que re-gistra a primeira apresentação do edifício-sede aos desembargadores, relação con-

tendo a com-posição e a di-reção do Tri-bunal de Justi-ça, fotografias, moedas correntes e infor-mativos sobre o empreendimento.

Como o terreno ainda deverá serescavado para a construção dos subsolos,a urna ficará exposta no memorial da obra.Após a conclusão do edifício-sede, elaserá enterrada no jardim do prédio, deven-do permanecer ali por 50 anos. Após esseperíodo, a urna será aberta e ficará expos-ta, definitivamente, na Memória do Judi-ciário Mineiro, que funciona no Palácio daJustiça, na avenida Afonso Pena, 1.420.

O presidente explicou que a centra-lização em um único endereço de todos ossetores administrativos e judiciários da 2ªInstância, bem como dos atuais 120desembargadores e dos servidores, con-tribuirá para tornar mais ágil a prestaçãojurisdicional, oferecendo mais comodi-

Placas e urna

dade ao cidadão. “A obratrará uma substancialracionalização das ativi-dades, através de layouts

adequados. Além disso, o Tribunal terá umaeconomia de gastos com manutenções,condomínio e aluguéis de imóveis, de ener-gia elétrica e de transporte entre asunidades”, informou o presidente, acres-centando que a estrutura física do Tribunalde Justiça se encontra hoje dispersa em 12prédios da Capital.

Em seu discurso, o vice-governadorAnastasia destacou que a sede histórica,localizada na avenida Afonso Pena, os ane-xos da rua Goiás e a Unidade FranciscoSales já se encontram com instalaçõesinsuficientes. “É uma obra compatível comas necessidades atuais do Poder Judiciá-rio”, disse. Lembrou que o Poder Executivotambém realiza, atualmente, uma obra degrande porte, na região norte da Capital,para a construção do seu centro adminis-trativo, visando à melhoria dos serviçospúblicos: “Agora, para muito orgulho dosmineiros, o Poder Judiciário construirá asua nova sede”, afirmou Anastasia.

Compromisso

Diante de autoridades mineiras, o presidente doTJ ressalta a importância da solenidade

É uma obra compatível comas necessidades atuais doPoder Judiciário”‘

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Assim, o juiz titular teria maior disponibili-dade para proferir despachos e sentençase realizar audiências de instrução e julga-mento.

As audiências inaugurais do Magis-trado Conciliador foram realizadas no dia 2de julho na 30ª Vara Cível do FórumLafayette, e presididas pelo magistradoFrancisco Corrêa Neto. Das nove audiên-cias, cinco terminaram em acordo, o querepresenta um índice de conciliação de55%. O magistrado se mostra satisfeito aoparticipar dessa iniciativa. “Vai ser um pro-jeto vencedor. Sinto-me bem podendo con-tribuir para desafogar a Justiça fazendo oque eu sempre gostei”, declarou ele.

A idéia é que o juiz responsável pelavara cível entre em contato com o ma-gistrado aposentado, inscrito no Projeto, eagende dias e horários para a realizaçãodas audiências, que contam com o auxíliode um escrevente ou estagiário. A avali-ação da eficácia do Magistrado Conciliadorserá feita através do registro de dadosestatísticos sobre o resultado das audiên-cias.

O juiz diretor Luiz Carlos de Azevedoestá confiante no sucesso do Projeto.

C O N C I L I A Ç Ã O

“Temos certeza de que, com o início dostrabalhos, o número de adesões vai crescermuito mais”. O Magistrado Conciliador,lançado em caráter experimental na comar-ca de Belo Horizonte, caso atinja o sucessoesperado, será encaminhado, em no máxi-mo 60 dias, à 3ª Vice-Presidência do TJMG,para regulamentação e extensão a todas ascomarcas de Minas Gerais.

Gustavo Gomes

Ângela Rodrigues entende que a experiência é a chave dosucesso

Em Minas, a conciliação continua seexpandindo e mobiliza cada vez mais pes-soas. No dia 30 de junho, o ProjetoMagistrado Conciliador foi lançado oficial-mente, no Fórum Lafayette da capitalmineira. A iniciativa foi formalizada pelojuiz diretor do Foro da comarca de BeloHorizonte, Luiz Carlos de Azevedo CorrêaJúnior, através da assinatura da Portaria nº001/2008, da Direção do Foro.

Idealizado pela juíza Ângela deLourdes Rodrigues, ex-coordenadora daCentral de Conciliação, o MagistradoConciliador conta com a atuação voluntáriade magistrados aposentados para a pro-moção de acordos em ações cíveis. Alémdos juízes das varas cíveis de BeloHorizonte, fazem parte do projeto os ma-gistrados - juízes e desembargadores -aposentados que aderirem à iniciativa. Atéo momento, de acordo com a juíza ÂngelaRodrigues, foram feitas cerca de 50adesões. Ela revelou sua felicidade deestar à frente do Magistrado Conciliador.“É um projeto simples, mas de umagrandeza enorme, principalmente levando-se em conta a adesão voluntária dos ma-gistrados”, destacou agradecida durante asolenidade de lançamento.

O objetivo é agilizar a Justiça, reduzin-do o acervo processual a partir da expe-riência dos magistrados aposentados.

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Inauguração

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Experiência a serviço da Conciliação

É um projeto simples,mas de uma grandezaenorme, principalmente

levando-se em conta a adesãovoluntária dos magistrados” ‘

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G U I A D O S E R V I D O R

Adotar hábitos saudáveis devida não é tarefa fácil. Muitasvezes, em meio a uma rotina es-tressante, as pessoas desistemde tentar parar de fumar, de man-ter uma alimentação mais ade-quada e de iniciar a prática deuma atividade física. O desafio énão deixar para depois. E, se de-pender da Diretoria Executiva deAdministração de Recursos Hu-manos (Dearhu), através daequipe da Gerência de Saúde noTrabalho (Gersat), do TJMG, nadade esperar a próxima segunda-feira para começar. Os progra-mas mantidos pela gerência pre-tendem oferecer ao servidor umavida com mais qualidade. Issosignifica manter o equilíbrio nodia-a-dia, interiorizar hábitos sau-dáveis e aumentar a capacidadede enfrentar pressões.

Os resultados de uma vidacom mais qualidade podem serconstatados em várias áreas: nasrelações interpessoais, na saúde,e – é claro – no ambiente de tra-balho. No TJMG, a meta é atuarem várias frentes, apoiando osservidores interessados em bus-car uma vida melhor. A coorde-nadora de Qualidade de Vida noTrabalho do TJ, Daniela HipólitoCarvalho, explica que, atualmen-te, o Tribunal tem investido emquatro programas principais: ode Controle de Dependência daNicotina, o Viva Bem – Mudandosua Postura de Vida, o de

Sensibilização para Identificar oCâncer Bucal e o de Ginástica La-boral.

O Programa de Controle deDependência da Nicotina traba-lha, principalmente, com a pre-venção e o tratamento, criando emantendo ambientes livres detabaco e atendendo os servido-res que manifestam o interessede abandonar o vício. A assis-tente social Catarina Mafra e apsicóloga Bárbara Freitas, quetrabalham no programa, expli-cam que são feitos encontros se-manais, durante dois meses,com uma equipe multidisciplinar.Um novo grupo deve ser forma-do nos próximos meses.

Já o programa Viva Bem –Mudando sua postura de vidaatua em três frentes principais,que são a alimentação adequada,a prática sistemática de atividadefísica e a estabilidade emocional.“Vamos promover palestras infor-mativas, com profissionais de vá-rias áreas, ao longo de um mês”,antecipa a psicóloga e enfer-meira do programa Ivana Rocha.O primeiro grupo vai participardas atividades em novembro.“Queremos provocar uma refle-xão que leve o servidor a umapostura pró-ativa, de mudança deatitude”, revela Ivana. Os servi-dores do interior terão acesso aoprograma por meio de uma pági-na na internet e de um e-mailpara o envio de dúvidas.

Daniela Carvalho explica queainda está sendo desenvolvidoum programa-piloto de Sensibili-zação para identificar o câncerbucal, que prevê palestras e ou-

tras orientações. Também estáem andamento o processo de lici-tação para contratar a empresaresponsável pela Ginástica labo-ral. “O edital prevê sessões de 10minutos, duas vezes por semana,em todos os prédios da Capital.Posteriormente, a ginástica serálevada aos pólos de saúde, nointerior”, diz.

O coordenador de Avaliaçãode Desempenho e Administraçãodo Plano de Carreiras dos Servi-dores, Hideraldo Nogueira Barbo-sa, considera a ginástica laboraltão importante no dia-a-dia, que

reúne um grupo de servidoressemanalmente para fazer os exer-cícios, no 19º andar do EdifícioMirafiori. “A ginástica aproxima aequipe, produz relaxamento e des-

contração. O servidorvolta renovado, commais motivação e âni-mo para o trabalho”,conta.

A oficial judi-ciário Patrícia Lúcia Ro-drigues, que trabalhana administração doFórum de Betim, tam-bém considera os pro-gramas de qualidadede vida essenciais. Elaparticipou do último

grupo do Programa de Controle deDependência da Nicotina, iniciadoem março, e só tem elogios:“Tentei parar de fumar váriasvezes, mas não consegui. Agora,com acompanhamento e método,faz toda a diferença”. A servidoranão fuma há dois meses e estácerta da vitória sobre a dependên-cia do tabaco.

A equipe envolvida nos pro-gramas acredita que não bastaoferecer canais para o servidorbuscar uma rotina mais saudável.Os profissionais consideram tam-bém fundamental o apoio dos ge-rentes e colegas de trabalho, porconhecerem bem as pressões aque os servidores estão expostostodos os dias.

Servidores do TJ sereúnem semanalmente

para fazer exercícios

Francis Rose

Bem-estar no trabalho

Relaxamento

A ginástica aproxima aequipe, produz relaxamentoe descontração. O servidor

volta renovado, com mais moti-vação e ânimo para o trabalho”‘

Guilherme Dardanhan

L E G I S L A Ç Ã O

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No dia 7 de maio de 2008, a Justiçabrasileira foi manchete de alguns dos prin-cipais noticiários internacionais. Eles desta-cavam a absolvição, pelo Tribunal do Júride Belém, do fazendeiro suspeito de ser omandante do assassinato da freira e mili-tante ambiental norte-americana DorothyStang. O réu havia sido condenado a 30anos de prisão em seu primeiro julgamentoe, no segundo, foi inocentado por cincovotos a dois.

Tivesse acontecido depois de 9 dejunho deste ano, a história poderia ter sidodiferente. Essa foi a data da publicação daLei nº 11.689, que trouxe uma série dealterações no Código de Processo Penal,mais precisamente em relação ao Tribunaldo Júri. Uma das principais mudanças foi aextinção do segundo julgamento obri-gatório nos casos de condenação superiora 20 anos de prisão.

As alterações (veja resumo no box)buscam, primordialmente, a agilização datramitação processual no Júri, cujo exces-so de procedimentos e prazos era visto pormuitos como ferramenta para a procrasti-nação do final do processo e para aimpunidade.

Alguns juristas viram com reticênciacertas novidades, como a possibilidade derealização do julgamento sem a presençado réu, o que poderia colocar em risco o

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Daniel Oliveira

direito à ampla defesa. “O Judiciário pas-saria a fazer o papel de Segurança Pública,sendo, no entanto, a função do processo aproteção e a defesa do acusado”, pondera aprofessora e juíza da Auditoria Militar,Daniela Marques.

O desembargador da 5ª CâmaraCriminal do Tribunal de Justiça de MinasGerais, Alexandre Victor de Carvalho, contu-do, acredita que o balanço é positivo para oréu. O interrogatório do acusado, por exem-plo, passa a ser realizado na fase deinstrução processual, “por ser uma peça dadefesa”, explica.

O professor de Processo Penal daFaculdade de Direito da UFMG, MarceloSarsur, acrescenta que agora o juiz podeabsolver o réu antes mesmo da realizaçãodo julgamento, se reconhecer que nãohouve crime ou que a punibilidade do acusa-do se encontra extinta – nos casos de legíti-ma defesa ou cumprimento do dever legal,por exemplo.

As alterações no Tribunal do Júri sãoparte de um pacote de mudanças que vemsendo feito na legislação penal brasileira.Uma das principais críticas feitas a essastransformações é seu caráter ‘reativo’,respondendo sempre a um clamor social emcasos de ampla repercussão midiática,como o da freira Dorothy Stang ou do meni-no João Hélio, em 2007. Tanto AlexandreVictor quanto Marcelo Sarsur concordamque esse é um problema, mas não é exclusi-vo da legislação brasileira.

Para o professor da UFMG, a simplesmudança na legislação não trará por si sósoluções mágicas. “É preciso pressionar asautoridades quanto à urgência e à necessi-dade de investimento na Justiça Criminal”,afirma. Para ele, “é fundamental o investi-mento em inteligência, equipamentos equadros policiais; em servidores e ma-gistrados, promotores de justiça e defen-sores públicos; e, principalmente, na cons-

Como era antes

Via Oficial de Justiça

3

Não

Duas horas

Possivelmente complexas,com utilização do 'juridiquês'

21

21 anos

300 a 500 800 a 1.500

Como é agora Efeito das alterações

Número de pessoas na listaanual para sorteio de jurados

Idade mínima para ser jurado

Intimação do jurado

Número de juradosconvocado para cadasessão de julgamento

Perguntas finais feitaspelo juiz aos jurados

Número de audiências paraoitiva de testemunhas eapresentação de provas

Tempo de debate entreacusação e defesa

Julgamento pode ser realizadocaso o réu não compareça?

18 anos

Via Correios

25

Obrigatoriamente simples,buscando saber se o réu

é culpado ou não; e se háagravantes incidentes no crime.

1

Uma hora e meia

Sim

Evitam a protelação dodesenrolar do processocriminal e buscam a rapidezna realização do julgamentoe na produção da sentença.

Evitam a condenação oua absolvição equivocadas,devido ao não-conhecimentojurídico por parte dos jurados.

Impedem a não-realizaçãodo julgamento por falta dequórum de jurados,que antes era de 15e agora passou a ser de 19.O corpo de sentençacontinua sendo compostopor sete jurados.

Direito e Justiça

tecnologia. O alvará de soltura eletrônico,que permite ao juiz emitir o documento viaInternet através de sua assinatura digital,foi bem recebido. Já a utilização de torno-zeleiras de monitoramento de réus em liber-dade condicional ainda gera controvérsias.

Para Alexandre Victor, ela é viável se “oréu deve cumprir pena em regime semi-aberto e não há vaga no estabelecimentoadequado. Nesse caso, a prisão domiciliarcom adição do monitoramento eletrônicopode ser interessante”. Mas ele não acredi-ta ser possível para o condenado emregime aberto, uma vez que a legislação lheprevê o direito absoluto de liberdade nãovigiada.

Para discutir essas e outras questões arespeito da Execução Penal e da situaçãocarcerária, o TJMG promove, entre os dias11 e 13 de agosto, o “Seminário Justiça naExecução Penal: Novos Rumos”. O eventocontará com a presença de vários magistra-dos e especialistas da área e dará ênfase à“discussão sobre a construção de unidadesprisionais através do modelo das parceriaspúblico-privadas e das Associações deProteção e Assistência aos Condena-dos (Apacs)”, explica o desembargadorAlexandre, organizador do evento.

Apesar do consenso de que asrecentes mudanças são mais benéficas queruins, há ainda um longo caminho a ser per-corrido. A juíza Daniela Marques afirma que“justiça não é vingança”. Para ela, mais re-levante que punir crimes chocantes, espe-tacularizados pela mídia, é “reforçar a leicontra crimes financeiros e políticos, porexemplo, que afetam muito mais pessoas”.

Já o conselheiro Braulio Magalhãesafirma que o Movimento pelos DireitosHumanos pleiteia mudanças que “nãosejam apenas finalísticas, voltadas maisaos processos do que à sociedade e às pes-soas que buscam o Judiciário”. O impor-tante, ele conclui, é que se busque “equi-líbrio e proporcionalidade entre o Direito e aJustiça, na hipótese de a segunda não sedar através do primeiro”.

O conselheiro dos DireitosHumanos, BraulioMagalhães, acredita que émais importante a implemen-tação de polílicas públicas

Novos rumos

Para o professor Marcelo Sarsur,a estrutura do Judiciário precisaser melhorada

Fotos: Guilherme Dardanhan

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trução de mais unidades prisionais:menores, melhor equipadas, dotadas deensino básico e centro de formação profis-sional-técnica, e em maior número no inte-rior dos Estados, de modo a permitir oacompanhamento familiar”.

Esse pensamento acompanha outracrítica às alterações no Tribunal do Júri.Elas aceleram o andamento processual,mas a estrutura do Judiciário continua amesma. A realização de julgamentos con-tinua condicionada ao número de magistra-dos, servidores e à própria infra-estruturada Justiça brasileira.

Por outro lado, o conselheiro doMovimento Nacional dos Direitos Humanosem Minas Gerais, advogado BraulioMagalhães dos Santos, acredita que“aquisição de armas e frotas de veículospara polícias e construção de mais e maispresídios são sequer medidas paliativas”.Ele considera que as mudanças na lei penalsão necessárias, tendo em vista o avançosocial, mas elas tão-somente “tratam dasconseqüências da incapacidade do Estadoem lidar com a Segurança Pública, atravésda criminalização, penalização e encarce-ramento”.

Na opinião do conselheiro, é maisimportante “a implementação de políticaspúblicas que impeçam as causas doscrimes”. Segundo ele, “mais que combatero medo e a insegurança, devemos comba-ter as possibilidades de que os dois seinstalem na sociedade”.

Há uma série de alterações no CódigoPenal ainda em tramitação no CongressoNacional. Destacam-se o projeto de lei quetipifica os crimes praticados pela Internet;e o que trata dos crimes cometidos namanipulação genética de embriões, impor-tante em face da recente permissão doSupremo Tribunal Federal para a pesquisacientífica com células tronco-embrionárias.Por fim, há o Projeto de Lei nº 4.206/2001,que reforma o sistema recursal no proces-so penal.

Já no âmbito estadual, o Tribunal deJustiça de Minas Gerais tem buscadosoluções, apoiando-se principalmente na

Legislação reativa

Mais que combater omedo e a insegurança,devemos combater as

possibilidades de que os doisse instalem na sociedade”‘

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G P D

Equipes de Apoio evitam acúmulo de processos

Juliana Matos

O projeto Equipes de Apoio, instituídoem 2002, está de volta, para atender aojurisdicionado que espera há mais tempopela solução de sua causa na Justiça. Res-tabelecidas pela Portaria-Conjunta nº120/2008, do presidente do Tribunal deJustiça de Minas Gerais, desembargadorOrlando Carvalho, do segundo e do terceirovice-presidentes, desembargadores Rey-naldo Ximenes e Jarbas Ladeira, respectiva-mente, e do corregedor-geral de Justiça,desembargador José Francisco Bueno, asequipes serão constituídas por juízes dedireito e servidores da comarca da Capital.

Elas vão atuar na Primeira Instância,onde houver acúmulo de feitos sem regulartramitação, isto é, em processos que este-jam tramitando há mais de três anos e aindanão sentenciados. Será dada preferênciaaos mais antigos, conforme decisão do Co-mitê Estratégico do Tribunal, formado pelopresidente, 1º, 2º e 3º vice-presidentes,corregedor-geral de Justiça, secretária exe-cutiva de Planejamento e Qualidade na Ges-tão Institucional e secretário especial daPresidência.

Para o juiz diretor do Foro de Belo Hori-zonte, Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Jú-nior, essa é “uma iniciativa que vai funcionarmuito bem em curto prazo, porque hoje emdia nós temos inúmeras varas e comarcascom acúmulo de serviço, com muitos pro-cessos e com número pequeno de funcio-nários”. O magistrado adianta que “de iníciovamos fazer o projeto-piloto aqui na comar-ca de Belo Horizonte, até mesmo paraque possamos verificar o funcionamentodessas equipes e melhorar o que for pre-ciso, para então disseminarmos para todo oEstado”.

A revitalização desse projeto contarácom o esforço conjunto de diversos órgãosdo Tribunal de Justiça. As comarcas e varas

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serão escolhidas pelo Comitê Estratégico deGestão Institucional, após parecer conjuntoda Secretaria Executiva de Planejamento eQualidade na Gestão Institucional (Seplag),Diretoria Executiva de Desenvolvimentode Pessoas (Dirdep), Assessoria deGestão da Inovação (Agin) e Secretaria dePadronização da 1ª Instância, Suporte aoPlanejamento e à Ação Correcional(Sepac). Para tanto, serão observados osíndices estatísticos e os relatórios advin-dos dos sistemas informatizados deacompanhamento processual.

As Equipes de Apoio deverão cumpriras metas estabelecidas pelo Comitê. O tra-balho delas será acompanhado pela 3ª Vice-Presidência e os resultados obtidos serãoanalisados pela Corregedoria-Geral de Justi-ça. Os servidores serão treinados pelaEscola Judicial Desembargador Edésio Fer-nandes (Ejef), que também coordenará asatividades de capacitação, com a participa-ção efetiva da Corregedoria.

A meta de julgamento para a PrimeiraInstância é de até três anos. A previsão éque sejam julgados, até 31-12-2008, osprocessos distribuídos até 2005, iniciando-

Metas

se pelos mais antigos. Como explica a servi-dora da Agin, Luciana Abdo, a partir da metaestabelecida, foi feito um gráfico para análi-se dos processos acumulados ao longo dosanos. Os feitos distribuídos de 2005 a 2008estão dentro da meta e os distribuídos noperíodo compreendido entre 2002 e 2005 es-tão dentro de uma faixa de tolerância emrazão dos prazos concedidos ao MinistérioPúblico e advogados. Os feitos distribuídosantes de 2002 são o foco da Instituição e asEquipes de Apoio serão uma das estratégiaspara o alcance da meta institucional. Lucianaconta como será a dinâmica de implantaçãodesse trabalho. “O Comitê vai definir asvaras, o número de processos a ser senten-ciado, o tempo de atuação e, se for verifica-da a necessidade de prorrogação, o fato serálevado para a análise do Comitê.

No encerramento do trabalho, o juiz dedireito coordenador da equipe deverá elaborarrelatório circunstanciado e, se necessário, pro-por sua prorrogação. “Aquela comarca ou varaque contar com a Equipe de Apoio terá seuresultado analisado pela Corregedoria, quetambém será responsável por viabilizar meiosde dar continuidade ao trabalho, para não acu-mular novamente os processos”, completa aassessora especial da Sepac, Maria CecíliaBelo.

É uma iniciativa que vai fun-cionar muito bem em curtoprazo, porque hoje em dianós temos inúmeras varas e

comarcas com acúmulo de serviço,com muitos processos e comnúmero pequeno de funcionários” ‘ ACERVO POR ANO DE DISTRIBUIÇÃO

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que gerencia o grupo. É a opor-tunidade para uma avaliação doprojeto por parte dos parceirose para os transatores falaremsobre a experiência do grupo. Ea resposta é altamente positiva,apesar de sabermos que ape-nas o grupo não vai tirar nin-guém do vício, mas é um iníciode caminho para aqueles quetêm essa vontade. Entendo queesses grupos mostram uma no-va cara da Justiça, e que o Jui-zado Especial é um importanteagente desta mudança.

FB: Eles começaram a fun-cionar há aproximadamentedois anos. Tínhamos como par-ceiros a Promotoria, a Defen-soria Pública e entidades quetrabalham com esses usuários.Depois a Central de Apoio eAcompanhamento às Penas eMedidas Alternativas, do Gover-no do Estado, passou a ser nos-sa parceira e hoje contamos ain-da com a Sub-secretaria Anti-Drogas. Assim, chegamos aoponto de ter vaga para todos ostransatores, cujo número atingeuma média mensal de 400/mês.Esses grupos de reflexão pos-suem duração de 12 reuniões(duas horas semanais em trêsmeses) e neles são discutidastodas as questões relativas àdroga. Os grupos são fechados,ou seja, compostos somente depessoas enviadas pela Justiça.Ao final do trabalho com os gru-pos, é feita uma audiência de-nominada ‘multitransator’, emque todos participam, na pre-sença de um juiz, promotor, de-fensor, técnico do setor psicos-social do Juizado e da entidade

TJMG Informativo – Queiniciativas levaram o Juizado aser premiado?

FB: O Juizado EspecialCriminal recebeu o diploma emrazão dos grupos de reflexãodestinados aos usuários de dro-gas que chegam ao juizado efazem jus à proposta de tran-sação penal, ou seja, são primá-rios e de bons antecedentes.

TJMG Informativo – Comocomeçou o trabalho com osgrupos de reflexão?

FB: O Juizado começou autilizar os grupos de reflexãonos crimes decorrentes da vio-lência doméstica, no programaintitulado Provida. Depois, es-sas equipes foram se expan-dindo, e hoje possuímos gruposde reflexão também para oscrimes de uso de drogas, meioambiente e trânsito. Criou-se oque chamamos de “Rede Judi-cial de Proteção”. Naqueles cri-mes com maior incidência, épossível fazer um trabalho es-pecífico com o transator, ou se-

E N T R E V I S T A J u í z a F l á v i a B i r c h a l d e M o u r a

Marcos Xavier

O Juizado Especial Criminal deBelo Horizonte recebeu da Secreta-ria Nacional Antidrogas, no dia 25de junho, o “Diploma de Mérito pe-la Valorização da Vida”, em reco-nhecimento pelas ações ali desen-volvidas, visando à implementaçãoe ao fortalecimento da Política Na-cional Antidrogas. Na ocasião, odesembargador José FernandesFilho, presidente do Conselho deSupervisão e Gestão dos JuizadosEspeciais, atribuiu à juíza FláviaBirchal de Moura o mérito pelo prê-mio. Em entrevista ao TJMG Infor-mativo, a magistrada fala sobre otrabalho que levou à premiação.

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Pela valorização da vida

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ja, aquela pessoa que chega àJustiça como autor do fato eque celebra um acordo. Im-portante colocar que a transa-ção penal é benefício da Lei nº9.099/95. Pela transação, o au-tor do delito, se primário e debons antecedentes, faz um a-cordo no Juizado Especial Cri-minal para cumprimento de umadas penas alternativas previstasno Código Penal e, cumprida amedida, é julgada extinta a puni-bilidade do apenado, que ficacom o nome limpo, mas não po-de fazer novo acordo nos pró-ximos cinco anos. Para a criaçãodos grupos de reflexão é neces-sário, após identificar qual otipo de crime merece uma aten-ção especial, procurar os par-ceiros que vão viabilizar o pro-jeto. Esses parceiros podem serentidades não governamentaisou o próprio governo.

TJMG Informativo –Quando começaram os traba-lhos com os grupos de usuá-rios de drogas e como elesfuncionam?

A juíza Flávia Birchal fala sobre os grupos de reflexão

Esses gruposmostram umanova cara da

Justiça, e que o JuizadoEspecial é um impor-tante agente destamudança”‘

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tes, um escrivão, dois datilógrafos e um ser-vente. Mesmo antes da criação do cargo dejuiz-auxiliar, o corregedor já podia delegaralgumas funções a juízes.

Hoje, a Corregedoria tem em seus qua-dros mais de 120 servidores e sete juízes-au-xiliares, que ajudam nos trabalhos.

Já passaram pelo órgão 35 desembarga-dores. O primeiro foi Walfrido Andrade, queficou à frente da Instituição por dois biênios.Respondem atualmente pela Corregedoria odesembargador José Francisco Bueno, cor-

regedor-geral, e o desembargador CélioCésar Paduani, vice-corregedor-geral. Para

José Francisco Bueno, “a função da Casa vaialém da devassa; não se pode esquecer quetambém instruímos e orientamos”.

Para melhor andamento dos trabalhos, aCorregedoria-Geral de Justiça divide o Es-tado e suas 294 comarcas em seis regiões.Seis juízes auxiliares da corregedoria respon-dem por cada uma dessas áreas. Luiz Carlosde Azevedo Corrêa Junior é juiz diretor doForo de Belo Horizonte e é também respon-sável por uma região. Os outros juízes são:José Osvaldo Corrêa Furtado de Mendonça,Carlos Henrique Perpétuo Braga, André LuizAmorim Siqueira, Fernando de VasconcelosLins e Marco Aurélio Ferenzini. A supervisãodos Serviços Notariais e de Registro fica acargo dos juízes Maurício Pinto Coelho Filhoe Ronaldo Claret de Moraes.

O presidente do TJMG, desembargadorOrlando Adão Carvalho, lembra que, no iní-cio de sua gestão, em dezembro de 2006, aCorregedoria passou a funcionar em sedeprópria - rua Gonçalves Dias, 2.553, bairro deLourdes, BH. “Ao invés da simples fiscali-zação e da punição, a ênfase maior tem sidodada ao diálogo, à função pedagógica, comoforma de aprimorar os serviços prestados àsociedade”, diz o presidente.

A Corregedoria-Geral de Justiça de Mi-nas Gerais completa 60 anos. Em dezembrode 1948, a Assembléia Legislativa de MinasGerais aprova a Lei 300, que regulamenta aCorregedoria - Geral de Justiça de MinasGerais. A criação desse órgão foi determina-da pela Constituição Estadual de 1947.

Na Carta Mineira, o Artigo 73 determi-nava: “A lei organizará a Corregedoria deJustiça, com jurisdição disciplinar para to-dos os graus de hierarquia judiciária, inclu-sive serventuários da Justiça”. Estava dadoo primeiro passo para a criação do órgão.

A função correicional seria exercida pe-lo corregedor-geral e pelo Conselho Disci-plinar, composto por sete conselheiros: osquatro desembargadores com maior tempode exercício em cada uma das Câmaras doTribunal de Justiça, o procurador-geral deJustiça e dois advogados nomeados pelogovernador do Estado.

No início, a Corregedoria - Geral de Jus-tiça funcionava numa sala do Palácio da Jus-tiça. O número de pessoas que atuava aliera pequeno: o corregedor, dois assisten-

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Raul Machado

Corregedoria completa

O desembargador José Francisco Bueno é ocorregedor-geral de Justiça de Minas Gerais

C O R R E G E D O R I A

Composição

A função da Casa vai alémda devassa; não se podeesquecer que também

instruímos e orientamos”‘

60 aanos

da como um jurisdicionado espe-cial. Não posso recebê-la comoum burocrata. Tento recebê-lacomo um amigo, quase comoum pai", afirma Frederico Duarte,lembrando que o Estatuto daCriança e do Adolescente e aprópria Constituição Federal

determinam tratamento diferen-ciado por parte do Estado.

Para a promotora LilialeFerrarezi Fagundes, que atua nacomarca de Nova Serrana, mui-tas vezes a população tem temorde ir ao Fórum, especialmente ascrianças, que vão ali expor situa-ções constrangedoras e podemver o juiz com uma figura dis-tante, imponente. “Mas Dr.

O conteúdo do armário deuma das salas do Fórum de NovaSerrana pode fazer a alegria dequalquer criança: potes cheios debrinquedos e balas, caixas dechocolate, dezenas de lápis decor e revistas para colorir, apetre-chos para fazer truques de mági-ca. Não fosse ofato de dividirem oespaço das prate-leiras com pilhasde processos elivros de Direito,talvez ficaria difícilimaginar a profis-são de seu dono,o juiz FredericoEsteves Duarte.

Todo esse ar-senal é usado durante audiênciasem que há o depoimento de cri-anças. Elas geralmente chegamali trazendo consigo traumas edramas, assustadas e fragiliza-das. Muitas sofreram agressõesfísicas, maus tratos, abusos depais alcoolizados ou crimes con-tra os costumes, como atentadoviolento ao pudor e até estupro.

"A criança tem que ser trata-

Rachel Barreto

Frederico dispensa o tratamentoformal para lidar com elas: vira‘tio’ ou ‘Fred’. Faz questão desentá-las ao seu lado e brincar,colorir, soprar balões, fazer mági-cas,” relata.

As brincadeiras e mimos têmuma função bem clara: conquistara confiança dos pequenos, per-mitindo que seus depoimentossejam mais sinceros e fiéis, aju-dando a formar a convicção dojuiz. Para Frederico Duarte, aestratégia tem surtido resultado."As audiências se realizam mara-vilhosamente bem, as criançasme contam tudo que precisa sercontado, sem mentir, com a maisabsoluta fidelidade".

Liliale reforça os resultadospositivos. "Os procedimentos setornam mais eficientes não sópara o juiz, mas para todas aspartes envolvidas, para o Minis-tério Público, para os assistentes

Confiança esinceridade

sociais. Ao deixar as criançasmais à vontade e criar esse víncu-lo de confiança, é mais fácil atingira verdade dos fatos".

Para o juiz, porém, a proximi-dade não pode obscurecer o jul-gamento objetivo e justo. "Emboraas crianças sejam recebidas porum amigo, com todo o carinho erespeito, eu não posso me emo-cionar positiva nem negativa-mente, senão eu não poderia serjuiz. É uma linha muito tênue quesepara a emoção da falta deemoção, e até mesmo de umembrutecimento do juiz".

Mas criar uma relação deconfiança e amizade toma tempo,bem escasso nessa era de va-lorização da rapidez e das metas,às vezes a qualquer custo. Vale apena? "Não vejo como perda, mascomo ganho de tempo, comoinvestimento na criança para queo litígio seja resolvido a contento.Não me importo em sair do Fórummeia noite, se for o caso, masvolto para casa com a consciênciatranqüila de que o meu dever foicumprido da melhor forma possí-vel", conclui Frederico Duarte.

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M A G I S T R A T U R A

Juiz conduz audiência,

sem perder a ternura

Ao deixar as criançasmais à vontade e criaresse vínculo de confiança,

é mais fácil atingir a verdadedos fatos"‘

O juiz Frederico à mesa deaudiências: paciência e lápis decor para conquistar as crianças

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Solenidades e eventos culturais marcama comemoração dos 60 anos de instalação daCorregedoria - Geral de Justiça de MinasGerais, nos dias 7 e 8 de agosto, no FórumLafayette de Belo Horizonte.

No dia 7, às 11h30, o Espaço CulturalFórum Lafayette, localizado no hall da entradaprincipal, dentro do projeto Cardápio Cultural,apresenta o Quarteto de Saxofones Lund,com um repertório de bossa nova, choro,samba, rock, jazz e músicas próprias.

Túlio Travaglia

C U L T U R A

Cristina é um pequeno município cravado nas montanhasdo Sul de Minas e proporciona surpreendentes paisagens. Umconvite para passeios em meio à natureza exuberante, comvárias cachoeiras, inclusive uma no centro da cidade: aCachoeira da Gruta. A pacata localidade, com ruas de para-lelepípedos e casarões coloniais, revela vários monumentoshistóricos.

Régis Ferrer - Escrevente - Santa Rita do Sapucaí - MG

Eventos culturais nos 60 anos da Corregedoria

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Selo e carimbo

C L I C K D O L E I T O R

Régis

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O grupo é formado por Ivan Egídio daSilva Júnior, Luiz César de Carvalho, AdilsonFelipe Ferreira e Roberto da Silva Júnior e teráa participação especial de Max Robson.

Às 17h, na entrada principal do Fórum,ao lado da escadaria, haverá a inauguração dobusto do Conselheiro Lafayette RodriguesPereira e a reinauguração do busto do Gover-nador Milton Soares Campos. Logo após, vaiser descerrada a placa comemorativa dos 60Anos, ao som da Banda da Polícia Militar deMinas Gerais.

Em seguida, na Galeria de Arte Fórum La-fayette, será inaugurada a exposição de fatos,fotos, peças e registros históricos da Corre-gedoria-Geral de Justiça, com a apresentaçãodo Octeto da Polícia Militar de Minas Gerais.

Na seqüência, ocorre o lançamento doselo e do carimbo alusivos aos 60 anos deorganização da Corregedoria-Geral de Justiça,juntamente com o lançamento da obracomemorativa, no pátio interno do Fórum.

Durante o evento, dentro do projetoEncantando a Justiça, o Coral do Tribunal deJustiça se apresenta, sob a regência do maes-

tro Álvaro Antônio Rodrigues.No dia 8 de agosto, às 17h, no auditório

do I Tribunal do Júri, vai ser realizada a sole-nidade de outorga da “Medalha de MéritoDesembargador Ruy Gouthier de Vilhena”. Acomenda, este ano, tem caráter especial,tendo em vista o aniversário da Corregedoria.

E, fechando as comemorações, após aentrega das medalhas, o Comunidade eJustiça traz o show da cantora mineira MarinaMachado, no pátio interno do FórumLafayette. Ela será acompanhada pelos músi-cos Kadu Vianna, Alexandre Mourão e LenisRino.

A cantora, revelada por Milton Nasci-mento durante a turnê Pietá, acaba de lançar oseu terceiro CD, Tempo Quente.

A cantora Marina Machado é a últimaatração do evento

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O quarteto vai apresentar um variadorepertório

Divulgação