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Reformador dezembro/2004 (revista espírita)

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A LUZ DO MUNDO"Eu sou aluz do mundo; quem me segue não andará nas trevas"

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EDITORIALA Luz do MundoRevista de Espiritismo Cristo Ano 122 / Dezembro, 2004 / No 2.109

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PRESENA DE CHICO XAVIERPoder a Cincia substituir a Religio? Weimar Muniz de Oliveira

ENTREVISTA: THEREZINHA DE OLIVEIRACoerncia doutrinria e vivncia no Movimento Esprita

ESFLORANDO O EVANGELHONatal Emmanuel

A FEB E O ESPERANTOA lngua que veio do Cu Affonso Soares Duas belas e fecundas iniciativas Splendoj Afonso Celso

Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN 1413-1749 Propriedade e orientao da Federao Esprita Brasileira Direo e Redao Av. L-2 Norte Q. 603 Conj. F (SGAN) 70830-030 Braslia (DF) Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

PGINAS DA REVUE SPIRITEPerodos de transio na Humanidade Lamennais A voz de Deus Galileu

CONSELHO ESPRITA INTERNACIONAL10 Reunio Ordinria do CEI em Parisa

39 425 7 8 9 10 14 15 16 17 17 18 20 22 24 25 27 30 32 33 34 35 36 38

SEARA ESPRITAA tarefa da regenerao Juvanir Borges de Souza Regenerao da Humanidade Allan Kardec Natal, um convite Paz Adsio Alves Machado Convite luta Bezerra O credor incompassivo Richard Simonetti Dentro de ns Bartolomeu dos Mrtires Os Efeitos da Prece e o Modelo Mdico-Esprita Jorge Ceclio Daher Jr. No silncio da saudade Fontes da Luz Jesus, Sol de primeira grandeza Bezerra 200 anos de Allan Kardec Os filhos da guerra Carlos Abranches Carto de Natal Meimei Doutrina Esprita Saber Universal Livre e Crtico Dalva Silva Souza Espiritismo Andr Luiz Casa sobre rocha Joo Martins e Martins da Silva Sobre o amor Paulo Nunes Batista Faz Jesus sofrer a seus amigos? Renato Costa Planos espirituais Washington Borges de Souza Neste Natal de Jesus Inaldo Lacerda Lima Em dia com o Espiritismo III Marta Antunes Moura Avante! Damasceno Vieira Adriano Barros Cmara Federal homenageia Kardec

Home page: http://www.febnet.org.br E-mail: [email protected] [email protected] o Brasil Assinatura anual Nmero avulso Para o Exterior Assinatura anual Simples Area

R$ 30,00 R$ 4,00 US$ 35,00 US$ 45,00

Diretor Nestor Joo Masotti; Diretor-Substituto e Editor Altivo Ferreira; Redatores Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira So Thiago; Secretria Snia Regina Ferreira Zaghetto; Gerente Amaury Alves da Silva; REFORMADOR: Registro de Publicao no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polcia Federal do Ministrio da Justia), CNPJ 33.644.857/0002-84 I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e Grfico Rua Souza Valente, 17 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) Brasil Tel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298 Capa: Alessandro Figueredo

Tema da Capa: O tema A LUZ DO MUNDO uma homenagem a Jesus, no ms do Natal, inspirada na Sua afirmao: Eu sou a luz do mundo...

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EditorialA Luz do Mundo

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epois de liberar a mulher que estava sendo acusada de adultrio, Jesus afirmou: Eu sou a luz do mundo; quem me segue no andar nas trevas, pelo contrrio ter a luz da vida. (Joo, 8:12.)

O Evangelho de Joo, que registra esses fatos, informa, tambm, que os fariseus questionaram a veracidade da afirmao de Jesus por estar testificando de si mesmo, ao que o Mestre respondeu: Posto que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho verdadeiro, porque sei donde vim, e para onde vou; mas vs no sabeis donde venho, nem para onde vou. (8:13-14.) Os Espritos Superiores esclarecem, atravs da Doutrina Esprita, que Jesus o Guia e Modelo para toda a Humanidade. Veio para ensinar e exemplificar a prtica das Leis de Deus e para mostrar o caminho de evoluo e aprimoramento que cabe a todos trilhar, deixando testemunhos que marcaram a histria do mundo e sinalizaram com clareza e abundncia de informaes o roteiro que nos cabe seguir. O curto perodo em que esteve convivendo com os homens foi suficiente para deixar-nos um manancial de ensinos, exemplos, testemunhos, gestos e atitudes sempre marcados pela vivncia incondicional da Lei de Amor, o que o levou a afirmar: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei. (Joo, 13:34.) Nesta fase de transio em que os homens se agitam inquietos, andando nas trevas da violncia, da incredulidade, da leviandade e, por decorrncia, da dor, do sofrimento e da insegurana, a Luz do Cristo mostra o rumo a seguir na busca da paz interior que todos almejamos, ao mesmo tempo em que ilumina o caminho de libertao que a bondade divina a todos reserva. A afirmao de Jesus, com a autoridade moral e espiritual que lhe prpria que vem se consolidando no corao do homem desde os exemplos de amor e perdo testemunhados h dois mil anos , representa um convite permanente transformao interior, na substituio das trevas, que caracterizam nossas imperfeies, pela luz das virtudes que nos cabe conquistar.4 442 Reformador/Dezembro 2004

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A tarefa da regeneraoJuvanir Borges de Souza

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ste mundo em que habitamos sempre se caracterizou por apresentar inmeros problemas e dificuldades afetando tanto a trajetria vivencial dos indivduos quanto a vida de relao entre eles. A Humanidade, imperfeita e atrasada, ser escrava das paixes e dos erros comuns neste mundo de expiaes e provas, enquanto no se regenerar. Passaram os milnios com a presena do homem na Terra, aperfeioando-se intelectualmente. O Governador do Orbe, o Cristo de Deus, assiste seus tutelados desde o princpio, enviando-lhes emissrios para aclarar-lhes o caminho. Em determinado momento da histria humana, o prprio Cristo vem Crosta Terrestre e deixa seu legado para a Humanidade de todos os tempos Seu Evangelho de Luz. Muitos sculos aps, esse marco inconfundvel da Histria acrescido com novos conhecimentos e reposies dos conceitos e verdades divinos que os homens no haviam assimilado devidamente, e surge o Consolador prometido o Esprito de Verdade. Hoje, a luz da verdade est disponvel para todos os povos e raas humanas.Reformador/Dezembro 2004

Mas, evidente que ao homem compete realizar sua parte para beneficiar-se com a Verdade Consoladora. No que concerne aos conhecimentos referentes matria, o homem avanou muito com as cincias, tanto nas pesquisas quanto nas aplicaes delas. Como conseqncia, o mundo existencial e vivencial do sculo em que estamos apresenta-se diferente e melhor que o de sculos anteriores. Mas os conhecimentos cientficos referentes to-somente matria no so suficientes para o encaminhamento do homem ao seu destino. J que o homem um ser dual, no qual prevalece e subsiste o Esprito eterno e no o corpo perecvel, h um evidente equvoco em se cuidar do secundrio e esquecer-se do essencial. Entretanto, essa a realidade que se pode observar na maior parte dos habitantes deste mundo. Por isso mesmo a Terra tem sido e continuar sendo o mundo de provas e expiaes que todos conhecemos, enquanto no se transformarem os objetivos essenciais da vida no Planeta. No h um prazo, um tempo predeterminado, para a transformao visando a regenerao da vivncia dos seres espirituais que aqui aportam.

Esse tempo ser o correspondente aos esforos, ao trabalho adequado, ao aproveitamento visado pelos Espritos que encarnam e reencarnam neste planeta. O progresso s se caracteriza, como lei divina, quando atinge o ser essencial. No basta que o Esprito renasa e viva num meio tecnolgico e materialmente adiantado, para que progrida. Torna-se necessria a evoluo moral, com a aquisio definitiva das virtudes prescritas no Evangelho e no Consolador. O progresso verdadeiro dos indivduos e das coletividades h que ser intelecto-moral, de acordo com as leis divinas. O que tem caracterizado a vivncia das sociedades humanas, no princpio do sculo XXI , a onda das paixes, no seio dos povos e das religies, gerando guerras, violncia, conflitos, crimes, vcios de toda ordem, insensibilidade diante das necessidades alheias, misria fsica e moral. Reverter esse quadro desolador no tarefa fcil, nem imediata, mesmo sabendo-se que, no seio das sociedades, j existem muitos ncleos e indivduos propensos ao bem, que j assimilaram as lies do Cristo e as luzes do Consolador. Mas so minoria no mundo atual, precisando crescer em nmero, para a reverso da iniqidade reinante. Enquanto a maior parte da populao terrena no vivenciar a fra443 5

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ternidade legtima, isolando as influncias negativas da minoria recalcitrante, no poder haver a desejada transformao moral deste mundo. O que a Espiritualidade Superior tem informado aos homens despertos que a transmigrao dos obstinados no mal, para outro mundo, s se dar quando os inclinados ao bem, os regenerados, os de boa vontade, os esclarecidos quanto ao sentido da vida constiturem maioria. Ento, at mesmo por um princpio de justia superior, os que se comprazem no mal migraro para outra esfera, ou mundo, compatvel com suas condies morais, deixando de prejudicar os esforos dos que querem progredir. At que ocorra a desejada regenerao do nosso mundo, muitas geraes se sucedero. Dores pungentes, fsicas e morais, espinheiros resultantes do egosmo, do orgulho, da presuno e da ignorncia continuaro a caracterizar a vida dos Espritos encarnados na Terra e dos desencarnados nas esferas ligadas a ela. Deduz-se, dos princpios da Doutrina Esprita, que aqueles que conseguirem superar as inferioridades de um mundo como o nosso, pelos seus esforos individuais, no sero prejudicados, nem sero obrigados a reencarnaes reajustadoras, mas ascendero a Esferas compatveis com seu prprio desenvolvimento espiritual. Mas a transformao da Terra, de mundo de expiaes e provas para mundo regenerado, s se dar quando a maioria de seus habitantes estiver liberta das paixes oriundas do orgulho escravizante, do6 444

dio sufocante, da inveja que infelicita, sentimentos inferiores substitudos pelo amor fraterno, a caracterizar as relaes humanas. Nesse mundo regenerado, expurgado dos rebeldes, j encaminhados a outro orbe, compatvel com suas condies evolutivas, ainda haver diferenas individuais, seus habitantes ainda se sujeitaro s leis da matria, com suas imposies. Entretanto, nele j no habitaro os negativistas, niilistas e materialistas. Todos reconhecero a existncia do Criador e de Suas leis universais, a reger toda a Criao. As sociedades humanas se orientaro por leis e princpios muito mais justos e equnimes, sem as injustias e a indiferena que geram a misria fsica e moral da atualidade e do passado da Humanidade. A educao, base para a evoluo individual, ser preocupao permanente de todos, no somente no seu sentido de preparao e aprendizado intelectual, mas, sobretudo, de aperfeioamento moral, para o progresso no bem. No mais haver dvidas sobre a perpetuidade da vida, sobre a permanente comunicao de pensamentos entre encarnados e desencarnados e sobre todos os ensinos trazidos pelo Cristo, pelo Consolador e pelos novos desdobramentos da Verdade que ainda viro. A estabilidade da f se firmar na segurana de uma realidade, que se patentear, para todos, nos prprios fatos, explicados luz de uma doutrina coerente e lgica, resultante das verdades do Evangelho e do Consolador. Para os espritas sinceros de hoje, no se torna impossvel vislum-

brar o que ser o nosso mundo regenerado. Dentro das realidades que nos mostra a Doutrina Esprita, consoladora e esclarecedora, diante da Lei do Progresso, lei divina estabelecida pelo Criador, que se evidencia aos nossos entendimentos, j nos dias atuais, no resta dvida de que caminhamos para um futuro melhor. Esse futuro coincide tanto com nossas aspiraes quanto com os princpios de uma Justia superior, que emana do Alto e est presente em todo o Universo. Os tempos so chegados na advertncia da Espiritualidade Superior no letra morta e deve ser entendida, por aqueles que despertam, que a poca das transformaes j est em curso, apesar de todas as iniqidades com as quais se depara toda a Humanidade. Evidentemente, no se poderia esperar um mundo melhor, de paz e fraternidade, dentro de um reino em que predominam as misrias e as paixes humanas. Ento, cumpre reverter esse quadro.

...

Como observa Emmanuel (A Caminho da Luz, p. 84 14a ed. FEB), os diversos povos do mundo trazem de longe as suas concepes e as suas esperanas religiosas. A verdade que todos os livros e tradies religiosas da antiguidade guardam, entre si, a mais estreita unidade substancial. As revelaes evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento. Todas se referem ao Deus impersonificReformador/Dezembro 2004

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vel, que a essncia da vida de todo o Universo, e no tradicionalismo de todas palpita a viso sublimada do Cristo, esperado em todos os pontos do globo. H, portanto, nas religies, um ncleo, uma estreita unidade substancial que lhes so comuns, representando o que vem de Cima. Entretanto, no curso dos milnios, os homens introduziram, nas religies, idias, interesses imediatistas e supersties, que abafaram o ncleo essencial. Isto ocorreu tambm no Cristianismo, maculando-o em sua essncia, como orientao do Cristo para as geraes humanas do futuro. Todavia, o Cristo, prevendo o que ocorreria com seus ensinos, prometeu o envio de outro Consolador, para relembrar aos homens sua Mensagem, com o acrscimo de coisas novas. Os espritas sinceros sabem que o Consolador est no mundo. a Verdade que retoma seu lugar. o Cristianismo Redivivo, na Doutrina dos Espritos. A misso educativa e orientadora que competia ao Cristianismo autntico, e que foi deturpada e mal-entendida pelas Igrejas, precisa ser retomada pelos seguidores do Consolador. (...) Um dos mais lcidos discpulos do Cristo baixa ao planeta, compenetrado de sua misso consoladora (...), assim se refere Emmanuel, ao missionrio Allan Kardec (p. 194 da obra citada). O Espiritismo vem, assim, ao mundo, na hora certa, escolhida pelo Governador do Orbe, para a grande misso da retomada dasReformador/Dezembro 2004

transformaes necessrias civilizao verdadeira da Terra. Sem desconhecer os ncleos dos homens que j compreenderam a necessidade do aperfeioamento de toda a Humanidade, especialmente quanto moralidade, fraternidade e aos conhecimentos novos, espalhados por vrias partes do mundo, cabe aos espritas, de forma especial, a grande responsabilidade de trabalhar incessantemente pela obra da regenerao. Essa responsabilidade decorre do fato e da circunstncia de deterem os espritas os conhecimentos de verdades e realidades reveladas pela Doutrina Esprita, a par do entendimento correto dos ensinamentos do Evangelho de Jesus, escoimados das deturpaes feitas pelos homens. As verdades da reencarnao, com as vidas sucessivas proporcionando a remisso dos erros e o progresso individual, a retomada dos ensinos morais do Cristo, com base no Amor, na Justia e na Caridade, o conhecimento das Leis Divinas ou Naturais so alguns dentre muitos outros aspectos da Verdade que o Espiritismo vem proporcionar ao homem como apoio essencial para as edificaes futuras. O porvir humano h que se basear em verdades comprovadas, que do sentido real vida, e no em utopias, interesses imediatistas, teorias sociais fundamentadas no materialismo e no utilitarismo. Por isso, os espritas, com o conhecimento que lhes proporciona a Doutrina Consoladora, tm grande responsabilidade na restaurao do conhecimento do caminho da evoluo humana, que levar a Humanidade ao Mundo Regenerado.

Regenerao da Humanidaderegenerao no exige absoAde, portanto, da Humanidalutamente a renovao integral dos Espritos: basta uma modificao em suas disposies morais. Essa modificao se opera em todos quantos lhe esto predispostos, desde que sejam subtrados influncia perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam so outros Espritos; so com freqncia os mesmos Espritos, mas pensando e sentindo de outra maneira. Quando insulado e individual, esse melhoramento passa despercebido e nenhuma influncia ostensiva alcana sobre o mundo. Muito outro o efeito, quando a melhora se produz simultaneamente sobre grandes massas, porque, ento, conforme as propores que assuma, numa gerao, pode modificar profundamente as idias de um povo ou de uma raa. o que quase sempre se nota depois dos grandes choques que dizimam as populaes. Os flagelos destruidores apenas destroem corpos, no atingem o Esprito; ativam o movimento de vaivm entre o mundo corporal e o mundo espiritual e, por conseguinte, o movimento progressivo dos Espritos encarnados e desencarnados. de notar-se que em todas as pocas da Histria, s grandes crises sociais se seguiu uma era de progresso.Allan Kardec Fonte: A Gnese. 45. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. XVIII,A Gerao Nova, item 33, p. 421-422.

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Natal, um convite PazAdsio Alves Machado

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s povos sempre viveram, em todos os tempos, sob o jugo impiedoso dos poderosos, dos conquistadores terrenos implacveis, fazendo com que as expectativas de paz e as necessidades de equilbrio emocional/espiritual se constitussem num dos maiores anseios do ser humano. Paz a palavra do momento e muitos movimentos esto sendo realizados por todo o Brasil e por todo o mundo, numa verdadeira rogativa para que haja na convivncia humana pacificao, base fundamental para a fraternidade. Saibamos, no entanto, que a paz no vem de fora para dentro, mas em sentido contrrio, ou seja, de ns para a sociedade. Pacificando-nos contribuiremos para a pacificao da comunidade qual pertencemos. O povo judeu buscou a paz, no fugiria a esta verdadeira regra vigente na Humanidade. Foi escravizado por largos perodos de misria e aflio. fora de dvida que ningum sofre por acaso. Todavia, este povo nunca deixou de acalentar o sonho de libertao que lhe permitisse encontrar o ideal da vida a felicidade sua e a de seus filhos, o que muito natural. Transformado em servo da si8 446

tuao infeliz, onde as mentes e os coraes eram tangidos pelas paixes inferiores e inconfessveis, este povo viu descaracterizados os seus sonhos de libertao e felicidade que tanto esperava, segundo afirmavam as profecias existentes nas velhas letras escritursticas. A dominao romana era tomada pelas dramticas paixes morais, sombrias, em razo da ambio e da corrupo que se transformaram numa verdadeira epidemia, arrastando-se at hoje em todos os recantos do Planeta, levando as criaturas a viver dias de situaes morais deplorveis. As pessoas sofriam o abandono e a perseguio inclemente dos esbirros de ambos os lados, afligindo-as impiedosamente. Foi exatamente nesse panorama nebuloso de sofrimentos que surgiu a figura incomum de Jesus, com Sua energia expressando brandura, Sua bondade sem mostrar pieguismo, Sua coragem vivida sem temor, Sua sabedoria irradiando-se sem constranger os menos cultos e Seu amor abrangendo todos os seres. Muito complexo at hoje penetrar o pensamento de Jesus, entender-lhe a vida aqui na Terra, sua excruciante dor moral-espiritual ao dizer: Pai, perdoa-lhes porque no sabem o que fazem. Que estaria sentindo o divino Mestre naquele momento terrvel de Sua passagem pela Terra? S Ele pode dizer.

Ser que no haveria um outro modo de Ele deixar sua mensagem sem passar pelo que passou? Precisaria deixar escorrer o Seu sangue, ser alvo de tanto escrnio, sofrer todos aqueles achincalhes e tipos de violncia? Devem ser perguntas que fervilham nas mentes de muitos. S encontramos uma resposta: no. E por qu? Porque os seres humanos, daquela poca como os atuais e seguintes, somente atravs de exemplos to marcantes e diferentes daqueles dos demais enviados Terra por Deus, poderiam sentir-se estigmatizados de forma indelvel pelos exemplos deixados por Ele. Ele foi diferente, nunca nada nem ningum se Lhe comparou. Outros vieram antes e depois de Jesus, sem conseguirem marcar a vida do homem como s Ele o fez. A histria do homem dividiu-se; antes e depois dEle. Sua vida foi muito rica de exemplificaes que agradavam ao Pai, Pai que O enviara para nos servir de Guia e Modelo. Queria, precisava ser reconhecido, em Sua poca como agora. Submeteu-se a tudo por esta causa: ser identificado. A Psicologia e todas as cincias da alma tardaram em compreend-lO em Sua essencialidade de enviado de Deus, nosso Criador, mais ainda quando Ele foi taxativo em Suas metforas: Eu sou a porta..., Eu sou o po da vida..., Eu sou o caminho..., Eu sou a luz do mundo..., Eu sou o bom pastor...Reformador/Dezembro 2004

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Temos a necessidade de ir at Ele, deixar-nos por Ele penetrar e procurar sentir no mais recndito de nosso ser toda a Sua grandeza espiritual. Ser o momento do nosso encontro com a Luz da Vida. A melodia do Natal traz de novo a mensagem de Jesus aos nossos tmpanos espirituais, ela que toda tecida de sabedoria, ternura, paz, fazendo com que a palavra do Mestre possa tornar-se na maior das conquistas a ser lograda em nossa caminhada evolutiva. Pobre de quem isto no reconhecer! Inesquecvel a noite de Natal de Jesus, cuja lembrana leva os homens a deixarem-se dominar pelos sentimentos mais nobres, bem acima das sombrias nsias de dominao, pairando sobre todos a claridade de Seu amor. Deixemo-nos levar pelos sentimentos de fraternidade e convertamos nossos atos em demonstraes de paz e amor, pois que estamos sob a gide do Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Deixamos algumas sugestes para o encontro da paz. Aceitemos a existncia como nos foi programada por Deus; auxiliemos a todos sem absorver-lhes as responsabilidades; desinteressados e desorganizados, ajudemo-los sem violentar-lhes o livre-arbtrio; amemos os familiares sem quer-los como objetos em nossas mos, reconhecendo-os como criaturas de Deus; no nos iludamos em querer mudar apressadamente as pessoas, porque tambm resistimos quando observados em erros; feridos, esqueamos, lembrando-nos de quantas vezes tambm magoamos; a felicidade obedece ao ideal de cada um, noReformador/Dezembro 2004

queiramos impor o nosso; respeitemos os pontos de vista contrrios aos nossos, pois que somos diferentes; acatemos a f dos outros, pois Deus oferece trilhas variadas para o acesso ao Reino do Cu; aprendamos aqui a ser Espritos superiores, acumulando tesouros imperecveis, pois s levamos para o mundo espiritual os valores inapagveis do

esprito; mantendo a conscincia tranqila, trabalhemos servindo sempre. Caso consigamos agir assim, mesmo sem percebermos, estaremos dominados pela paz. Feliz Natal, leitores! Feliz Ano-Novo! So os nossos sinceros votos. Tenham dias muito felizes, vocs e todos os seus entes queridos!

Convite lutaMensagem de Bezerra de Menezes na Reunio do CEIMestre no nos props a felicidade na Terra, mas asseverou-nos que aquele que fosse fiel at o fim, este ganharia a palma da vitria. Bem sabemos que no fcil, nestes desafiadores dias de cincia, de tecnologia e de comodidade, ser esprita. Mas lembrai-vos: ser esprita a honra que deveis disputar, porque o Espiritismo, com o qual tendes uma dvida assumida antes do bero, o nico farol, nesta noite escura, para guiar os nautas da era nova. Sois os preparadores dos novos tempos. Empenhai-vos mais, renunciai mais aos ideais personalistas em favor da glria estelar. Jesus espera por vs. Tendes-Lhe suplicado apoio e no vos tem sido regateado socorro. Bem sabemos das vossas lgrimas ocultas, das vossas dores silenciosas, dos vossos esforos que ningum anota, mas no h outro caminho. Filhos da alma, recordai-vos que a Via Crucis sempre solitria, como a estrada da mbria, percorrida por Francisco, tambm foi solitria. Mas depois da noite densa nova madrugada surge, prenhe de luz, e o Mestre a quem amamos, braos distendidos, dir-vos-: Vinde, servidores do meu Pai, que fostes fiis at o ltimo instante, e agora fazeis parte da equipe dos que esto na Terra, trabalhando em prol da felicidade humana. Exultareis como ns outros, agradecereis a coroa de espinhos, a taa de fel que sorvereis com alegria e prazer, porque no h glria sem luta e no h vitria no ideal sem testemunho. Servidores da Boa Nova, Deus vos abenoe! Filhos da alma, marchai! O amanh, que hoje comea, espera por vs. Recebei o carinho de todos ns, os espritas-Espritos e os Espritos-espritas, na palavra do servidor humlimo e paternal de sempre. Muita paz, meus filhos.Bezerra(Mensagem psicofnica recebida pelo mdium Divaldo Pereira Franco na Reunio do Conselho Esprita Internacional, no dia 7 de outubro de 2004, em Paris, Frana.)

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O credor incompassivoRichard Simonetti

Mateus, 18:23-35.

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m dos temas preferidos de Jesus o perdo. Considera-o to importante que faz dele condio indispensvel s celestes bem-aventuranas. Diz o Mestre: O reino de Deus semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. Trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Talento era uma moeda cujo valor equivalia a doze quilos e seiscentos gramas de prata. Isso significa que o homem devia uma fortuna ao Rei cento e vinte e seis mil quilos de prata. Para transportar essa carga preciosa seriam necessrias cento e vinte e seis peruas Kombi. No tendo ele com que pagar, ordenou o rei que fossem vendidos ele, sua mulher, seus filhos e tudo quanto possua para pagamento da dvida. O servo, porm, prostrando-se aos seus ps, suplicou: Tem pacincia comigo, senhor, eu pagarei tudo. O rei compadeceu-se dele e, movido de compaixo, perdoou-lhe a dvida.10 448

O servo deixou feliz o palcio (certamente com a alegria de quem acaba de ganhar a megassena acumulada). Na rua, encontrou um de seus companheiros, que lhe devia cem denrios O denrio equivalia a quatro gramas de prata. Dbito pequeno. Apenas quatrocentos gramas do metal. Caberia na palma da mo. O servo do rei agarrou seu devedor pelo pescoo e quase o sufocava, gritando: Paga o que me deves! O devedor, caindo-lhe aos ps, implorou: Tem pacincia comigo, que te pagarei. Ele, porm, no o atendeu e providenciou para que fosse preso e preso ficasse, at a quitao de seu dbito. Algumas pessoas que viram o que se passara admiraram a intransigncia do servo e foram contar ao rei. Este o mandou chamar: Servo malvado, eu te perdoei toda aquela dvida, porque me pediste. No devias tu, tambm, ter compaixo de teu companheiro, como eu tive de ti? Realmente, um absurdo. O rei perdoou-lhe uma dvida de cento e vinte e seis mil quilos de prata!

O servo no foi capaz de perdoar quatrocentos gramas! Indignado, o rei mandou prend-lo, dizendo-lhe que no sairia da priso at pagar sua dvida. Conclui Jesus: Assim tambm meu Pai celestial vos far, se cada um de vs, do ntimo do corao, no perdoar a seu irmo.

...A comparao perfeita. Espritos atrasados, orientados pelo egosmo, habitantes de um planeta de provas e expiaes, certamente todos trazemos grandes comprometimentos com as leis divinas, resultantes de infraes cometidas no pretrito. Algo que demandaria centenas de peruas Kombi para carregar, se materializado. Algo to pesado, to grande, que Deus at nos concede a bno do esquecimento, a fim de no sermos esmagados pelo peso de nossas culpas. E sempre que pronunciamos o Pai-Nosso, a orao dominical que muita gente repete centenas de vezes em suas rezas, pedimos a Deus perdoe nossas dvidas. Esquecemos que no mesmo Pai-Nosso Jesus informa que o perdo dessa montanha de dbitos com a justia divina est condicioReformador/Dezembro 2004

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nado disposio de perdoar as quirelas que nos devem nossos irmos.

...Andr Luiz adverte que a ao do mal pode ser rpida, mas ningum sabe quanto tempo levar o servio da reao, indispensvel ao restabelecimento da harmonia da vida, que quebramos com nossas atitudes contrrias ao Bem. A bobeira de um minuto pode resultar em decnios de sofrimentos para consertar os estragos que fazemos em nossa biografia espiritual, quando no exercitamos o perdo. Dois condminos de um prdio discutiram sobre vagas na garagem coletiva. Irritaram-se. Gritaram. Ofenderam-se, com a inconseqncia de quem fala o que pensa, sem pensar no que fala. Um deles partiu para a agresso fsica. O agredido apanhou um revlver e deu-lhe vrios tiros, matando-o. Ambos comprometeram-se infantilmente. O morto retornou, prematuramente, vida espiritual, interrompendo seus compromissos. O assassino assumiu dbitos cujo resgate lhe exigir muitas lgrimas e atribulaes. Isso sem falar nas famlias desamparadas, em face da ausncia dos dois: um no cemitrio; outro, na priso. E se cnjuge e filhos se comprometerem em vcios e desajustes, favorecidos pela ausncia do chefe da casa, tudo isso lhes ser debitado. No raro, esses desentendimentos geram processos obsessivos. O morto transforma-se emReformador/Dezembro 2004

verdugo, empolgado pelo desejo de fazer justia com as prprias mos. E ningum pode prever at onde iro os furiosos combates espirituais entre os dois desafetos, um na Terra, outro no Alm. Tudo isso por qu? Porque erraram na escolha do verbo de suas aes. Usaram o verbo revidar. O certo seria o verbo relevar. Relevar sempre! Nunca revidar! Lio elementar, nos ensinos de Jesus.

...No apenas o mal que fazemos aos outros, quando no perdoamos , sobretudo, o mal que fazemos a ns mesmos. O rancor, a mgoa, o dio, o ressentimento so to desajustantes que ser sempre um ato de inteligncia cultivar o perdo. Quando eu era menino, meu pai tinha um cachorrinho que mais parecia um bibel, um tampinha insignificante. No que tinha de pequeno, sobrava em braveza. Era to irritadio, latia tanto, que um dia teve uma sncope fulminante. Morreu de raiva! Muitas pessoas so assim, agressivas, neurticas. No levam desaforo para casa. Vivem estressadas, tensas, inquietas Acabam provocando distrbios circulatrios, que evoluem para a hipertenso arterial. Um dia sofrem um enfarte fulminante. Morrem antes que possam ser socorridas.

Bela passagem! dizem os amigos. Morreu como um passarinho Belas palavras. Grande equvoco. a pior morte. O Esprito no deixou o corpo. Foi expulso dele. Exigiu tanto do organismo, com suas crises de irritabilidade, que acabou por detonar um colapso. Foi como se o corao implodisse, incapaz de resistir s presses do usurio. Retorna antes do tempo, como um suicida inconsciente, habilitando-se a estgios penosos de adaptao vida espiritual.

...H os que se matam mais devagar. Envenenam-se com ressentimentos, mgoas, rancores Hoje est demonstrado que as pessoas melindrosas so mais vulnerveis a doenas graves, particularmente os tumores cancerosos. O cncer nada mais que uma clula com defeito de fabricao, que se multiplica, criando um corpo estranho no organismo, um invasor letal. Normalmente, essas clulas so facilmente eliminadas pelos mecanismos imunolgicos, to logo surgem. Quando o ressentimento se prolonga, esses mecanismos so bloqueados e o cncer evolui. Apenas porque a pessoa no consegue perdoar Aprendemos, na medida em que avanamos no conhecimento dos mecanismos da Vida, que perdoar um ato de inteligncia. o mnimo para que vivamos de forma saudvel e feliz.449 11

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PRESENA DE CHICO XAVIER

Poder a Cincia substituir a Religio?Weimar Muniz de Oliveira

omplementando o tema acima, da reportagem de Clementino Chagas em 1935, com Chico Xavier (Reformador de agosto/04, p.18-19) passemos s respostas das demais indagaes: 2a Sentem os desencarnados os efeitos da cremao de seus despojos mortais? Conforme aprendemos, teoricamente, com a Doutrina Esprita, e que na prtica se tem comprovado, atravs dos trabalhos de desobsesso, h de se esperar um tempo bem maior do que geralmente se espera, aps o decesso do corpo fsico, para a cremao do cadver. De acordo com Emmanuel, esse tempo deve ser de 50 horas pelo menos, a fim de que todos os laos perispirticos se rompam. Veja-se, s pginas 209/210, na obra citada1, o que o referido Mentor diz sobre o assunto: Geralmente, nas primeiras horas do post mortem, ainda se sente o esprito ligado aos elementos cadavricos. Laos fludicos, imperceptveis ao vosso poder visual, ainda se conservam unindo a alma recm-liberta ao corpo exausto; esses elos impedem a decomposio imediata da matria. E, por esta razo, na maioria dos casos o Esprito pode experimentar os sofrimentos horrveis

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oriundos da cremao, a qual, nunca dever ser levada a efeito antes do prazo de cinqenta horas aps o desenlace. A cremao imediata ao chamado instante da morte , portanto, nociva e desumana. s vezes, segundo a natureza das molstias que precedem a desencarnao, existem ainda no cadver inmeros elementos de vida; da nasce a possibilidade de, usando de recursos vrios e reagentes, a cincia fazer um morto voltar vida. Ainda sobre o assunto, o mesmo autor, referindo-se piedade, comenta, em O Consolador 2: Na cremao, faz-se mister exercer a piedade com os cadveres, procrastinando por mais horas o ato de destruio das vsceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Esprito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o tnus vital, nas primeiras horas seqentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgnicos que ainda solicitam a alma para as sensaes da existncia material. V-se, pois, que o Esprito desencarnado, nas primeiras horas do Alm-Tmulo, pode sentir, dentro do quadro de suas impresses fsicas, todas as aes a que seu corpo abandonado seja submetido. No que tange ao tempo que2

1

Notveis Reportagens com CHICO XAVIER.

XAVIER, Francisco C. O Consolador, pelo Esprito Emmanuel. 23. ed. Rio de Janeiro, 2001, perg. 151, p. 95.

transcorre entre o desenlace e a cremao, que, segundo Emmanuel, deve ser de pelo menos 50 horas, alhures, noutra de suas obras, Emmanuel recomenda 72 horas. Qual a impresso do homem no instante da morte?, eis a 3a indagao. Sabe-se que a morte inexiste, na realidade, mas, sim, a libertao e o retorno da alma ao seu natural status de Esprito imortal, no mundo extrafsico, ou espiritual. A esta pergunta assim respondeu Emmanuel: A impresso da alma no momento da morte varia com os estados de conscincia dos indivduos. Para todas as criaturas, porm, manifesta-se nesses instantes a bondade divina. Os moribundos tm invariavelmente a assistncia dos seus protetores e amigos invisveis que os auxiliam a se libertar das cadeias que os prendem vida material. Entre os homens no existe a necessidade de algum que auxilie os recm-nascidos a se desvencilharem do cordo umbilical? As sensaes penosas do corpo so mais ou menos acordes com a molstia manifestada. Elas, porm, passam e nos primeiros tempos, no plano espiritual, vai a alma colher os frutos de suas boas ou ms obras na superfcie do mundo. O adgio popular Tal vida, tal morte vai a receber ento a sua sano plena.Reformador/Dezembro 2004

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ENTREVISTA: THEREZINHA DE OLIVEIRA

Coerncia doutrinria e vivncia no Movimento EspritaExpositora constante em eventos das Mocidades Espritas nos anos 60 e 70 e conhecida pelas palestras fundamentadas no Evangelho, em vrias regies do Pas, Therezinha de Oliveira comenta sobre sua vivncia no Movimento Esprita P. Quando voc se tornou esprita? Therezinha Foi ainda na infncia, em Ribeiro Preto (SP), quando minha me se tornou esprita e abriu para os filhos a oportunidade de conhecer um Centro Esprita, freqentar suas reunies e tomar contato com a literatura doutrinria. Mame era viva e eu a sua acompanhante usual nas atividades da Casa Esprita, o que me permitiu absorver nelas um clima de f sincera e idealismo verdadeiro. P. Em que poca e como voc passou a atuar nas Confraternizaes de Mocidades Espritas? Therezinha Foi em So Jos do Rio Preto, em 1958, que participei pela primeira vez de um movimento assim, a 11a Concentrao de Mocidades Espritas do Brasil Central e Estado de So Paulo, que abrangia quatro Estados: Gois, Mato Grosso, Minas Gerais e So Paulo. No ano seguinte, ela se realizou em Bauru (SP) e em 1960, a cidade-sede foi Campinas, tendo eu participado mais da organizao, como secretria do movimento. Nas seguintes, estive presente j participando como expositora, atReformador/Dezembro 2004

Therezinha de Oliveira

que o movimento foi desdobrado por Estados. P. Seus temas mais comumente relacionam Espiritismo com Evangelho? Therezinha Sim. Embora tambm tenha estudos e palestras de contedo especificamente esprita, entendo que, diante da formao cultural judaico-crist do povo brasileiro, importante demonstrar a coerncia e ligao que existem entre os princpios espritas e os ensinos de Jesus, a fim de Estudar Kardec, para viver Jesus. H oportunidade, tambm, para o exame de temas do Velho Testamento, onde

existem relatos de muitos fenmenos medinicos, que o Espiritismo to bem esclarece, e se pode estudar a proibio do intercmbio medinico por Moiss, que depois Jesus liberou e exemplificou. P. Qual sua experincia na fase de insero de cursos no Centro Esprita? Therezinha Acredito que foi ao redor de 1965 que comecei a elaborar aulas visando colocar a Doutrina Esprita ao alcance do pblico que freqentava o Centro Esprita Allan Kardec, em Campinas. Sem nos darmos conta, estvamos trabalhando as bases de cursos doutrinrios regulares de Espiritismo, cujo objetivo se foi definindo: preparar trabalhadores para a Casa Esprita, tanto que chegamos designao, nos primeiros tempos, de Curso de Preparao de Seareiros. Pela mesma poca, outros companheiros da seara, em outras cidades, tambm estavam elaborando cursos doutrinrios e me pareceu que, do Plano Espiritual, viera a ordem geral de assim proceder-se, a fim de organizar-se melhor a divulgao doutrinria nas Casas Espritas do > Pas.451 13

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P. Atualmente, qual sua viso sobre o papel dos cursos de Doutrina Esprita? Therezinha So fundamentais para oferecer o estudo regular da Doutrina aos freqentadores e abrir-lhes o caminho da colaborao na Casa Esprita, pelo conhecimento e primeiros exerccios nas tarefas, pois, de outro modo, ficariam sempre como simples espectadores. Esses cursos no devem ser estanques em si mesmos, apenas pelo gosto de conhecer doutrina e assuntos correlatos, e, sim, estabelecer a ligao dos seus participantes com os servios prestados pela Casa Esprita e o Movimento, de um modo geral. P. Qual a sntese que voc faria sobre as aes bsicas do Centro Esprita? Therezinha Acolher fraternalmente a todos que o procuram; prestar informaes aos interessados em conhecer a Doutrina Esprita, inclusive atravs de cursos; esclarecer e consolar os que precisam de assistncia espiritual, prestando-lhes, quando necessrio, o auxlio da mediunidade e da fluidoterapia; ensejar estudos e convivncia s crianas e jovens bem como s famlias; preparar trabalhadores para as diversas funes que o labor esprita requer, a fim de no virem a faltar elementos para dar continuidade aos servios. P. Como analisa a evoluo do Movimento Esprita nas ltimas dcadas? Therezinha Efetiva e animadora tem sido a evoluo que se registra no Movimento Esprita. As Casas Espritas esto se estruturando melhor, no aspecto fsico e, tambm, doutrinariamente, proporcio14 452

nando bom ambiente e bons servios espirituais aos freqentadores. Notamos maior aproximao e colaborao entre elas, embora o ideal da unificao ainda tenha muito a caminhar. que, quanto mais ela se faz, mais percebemos o quanto ainda falta fazer para atingirmos o ideal. Entretanto, no estado atual do Movimento que temos nossa oportunidade de aprender e servir, crescendo espiritualmente.

P. Teria uma mensagem ao leitor de Reformador? Therezinha Transformemo-nos moralmente para melhor, esforcemo-nos por domar as nossas ms inclinaes. Que todos nos reconheam como verdadeiramente espritas. E estudemos e trabalhemos com entusiasmo, sem nunca desanimar, porque o mundo melhor de amanh depende do que fizermos hoje.

Dentro de nsns ou derrota, alegria ou tristeza, felicidade ou infortnio, so DeVitriamesmos flui o manancial da vida. ................................... produtos do nosso prprio corao. Deus concede recursos iguais para todos, e ns facilitamos ou complicamos os processos de execuo dos Propsitos Divinos a nosso respeito. As leis do trabalho no se modificam. No existe privilgio. Ningum foge ao cumprimento da Lei. Realizaremos quanto nos cabe no tempo, ou voltaremos lide com o tempo, a fim de criar, refazer ou reaprender. custa do calor na forja, converte-se o ferro bruto em utilidade. Sofrendo a chuva e o vento, entreabre-se a flor numa festa de cor e de perfume. Consumindo-se, o leo na candeia se transforma em luz. O brilhante o corao da pedra que se deixou lapidar. Cada criatura observa a Criao de acordo com as experincias que j acumulou. Conquista-te! aprende! cresce! ilumina-te! eis as sugestes da Natureza, em toda parte. Quando o homem adquirir olhos de ver e ouvidos de ouvir, perceber a beleza da espiritualidade vitoriosa e distinguir a sinfonia da Eternidade. Tudo depende de ns. A sombra e a claridade, a cegueira ou a viso, a fraqueza e o fortalecimento surgem em nosso caminho, segundo a direo que impusermos s sagradas correntes da vida. Deus Amor, Criao, Vida, Movimento, Alegria, Triunfo. Dirijamos nosso sentimento para a Vontade do Senhor e o Senhor naturalmente nos responder, santificando-nos os desejos.Bartolomeu dos Mrtires Fonte: XAVIER, Francisco C. Falando Terra. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991, p. 155-156.

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Os Efeitos da Prece e o Modelo Mdico-EspritaJorge Ceclio Daher Jr.

par da medicao ordinria, elaborada pela Cincia, o magnetismo nos d a conhecer o poder da ao fludica e o Espiritismo nos revela outra fora poderosa na mediunidade curadora e a influncia da prece. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 77, p. 430, edio eletrnica da Federao Esprita Brasileira.) Sabeis o que a prece? uma irradiao protetora que nasce do corao amoroso, sobe at Deus em splicas veementes e desce em benefcios at ao ser por quem se pede, ou a quem se deseja proteger. um frmito de amor sublime que se expande, toca o Infinito, transfunde-se em bnos, ornamenta-se de virtudes celestes e derrama-se em eflvios sobre aquele que sofre. A prece o amor que beija o sofrimento e o consola, a caridade que envolve o infortnio e reanima o sofredor, retemperando-lhe as energias. 1 Pesquisas de opinio, realizadas nos Estados Unidos, indicam que cerca de 77% da populao americana internada em hospitais, desejariam que seus mdicos lhes oferecessem alguma espcie de assistn-

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cia espiritual2. A prpria comunidade mdica se mobiliza, naquele pas, questionando se no deveriam os mdicos prescrever alguma forma de religiosidade como complemento teraputico,3 e j se contam em trinta o nmero de Universidades que oferecem formao em Medicina e Espiritualidade4. Artigo mdico publicado em revista especializada estudou os efeitos da prece em pacientes com doena coronariana que estavam ainda internados em Unidade Intensiva, estruturado em metodologia de pesquisa aceito como vlido pelos critrios tidos como cientificamente adequados, e mostrou algumas evidncias que, apesar de receberem o rtulo de estatisticamente no significativas, alertaram para resultados que a metodologia estatstica no teve capacidade de percepo, requerendo um modelo de anlise mais amplo5: dos pacientes que receberam preces (nmero de 192), a necessidade de usar antibiticos ocorreu em apenas trs, contra dezesseis pacientes do grupo que no recebeu preces (nmero de 201); edema pulmonar foi complicao em 6 pacientes do grupo que recebeu preces, contra 18 pacientes do grupo que no recebeu preces e a morte ocorreu em 13 pacientes que receberam preces, contra 17 entre os que no receberam preces.

A necessidade de atender aos anseios dos homens situou a Medicina ante o desafio de estudar mais profundamente os mecanismos de ao desse instrumento maravilhoso que Deus nos colocou em mos, vislumbrado como o mais eficaz instrumento de cura pelo Esprito Mesmer, em mensagem publicada por Allan Kardec na Revista Esprita, em janeiro de 1864. Na mensagem, ao analisar os dois tipos conhecidos de magnetismo, o animal e o espiritual, o precursor do Hipnotismo relata: Um outro gnero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus.6 O Espiritismo oferece o modelo para uma metodologia de estudo eficaz7 8 no apenas sobre os efeitos da prece, mas sobre o que a Cincia Moderna no tem olhos de ver, pois coube Cincia Esprita criar a proposta de um modelo de compreenso do homem alm do Reducionismo Biolgico. Tecendo consideraes sobre o corpo intermedirio, relata Allan Kardec: Tomando em considerao apenas o elemento material pondervel, a Medicina, na apreciao dos fatos, se priva de uma causa incessante de ao. No cabe, aqui, porm, o exame desta questo. Somente faremos notar que no conhecimento do perispri453 15

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to est a chave de inmeros problemas at hoje insolveis.9 Em artigo publicado em 1977, na revista Science, o psiquiatra americano George Engels prope que o homem deve ser compreendido de modo mais amplo que o oferecido pelo estudo dos mecanismos biolgicos, descrevendo o que ele chamaria de Modelo Bio-Psico-Social, tendo aplicado esse modelo no estudo da esquizofrenia10. Aceito amplamente, o modelo proposto por Engels ainda no encontrou plena aplicao pela Medicina, o que no impediu que fosse ampliado por Sulmasy11, que considera que o estudo do homem deve incluir o elemento espiritual, chamando esse modelo de Bio-Psico-Scio-Espiritual e propondo sua aplicao ao estudo de doenas crnicas, e morte. O que podemos chamar de Modelo Mdico-Esprita mais amplo que o modelo de Sulmasy, e foi delineado por Kardec em toda a Codificao e por Andr Luiz, na srie A Vida no Mundo Espiritual, publicada pela FEB. A considerao do corpo intermedirio, a comunicao dos desencarnados e sua interferncia sobre a matria, incluindo a matria orgnica, a Lei dos Fluidos e a considerao lcida e biolgica das Leis Naturais, incluindo a reencarnao, fazem parte desse Modelo, que vislumbramos como o foco de luz distante a consolar a Cincia Moderna, presa em dilema que no consegue compreender, adotando postura de negao ou indiferena.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: PEREIRA, Yvonne A. O Cavaleiro de Numiers, pelo Esprito Charles, 1. ed. especial.1

Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. 3, p. 165.2

KING DE, Bushwick B. Beliefs and attitudes of hospital inpatients about faith healing and prayer. J Fam Pract 1994; 39:349-352.

______. Reformador de novembro de 1988, A excelncia metodolgica do Espiritismo, p. 328-333, e dezembro de 1988, p. 373-378. ______. Revista Internacional de Espiritismo, Cincia esprita, maro de 1991, p. 45-52. ______. Reformador de junho de 1994, O paradigma esprita, p. 176-180. LOEFFLER, C. F. Fundamentao da Cincia Esprita 2003. Editora Lachtre, Niteri-RJ.9 8

SLOMSKI AJ. Should doctors prescribe religion? Med Econ 2000; 77:145-159. LEVIN JS, LARSON DB, PUCHALSKI CM. Religion and spirituality in medicine: research and education. JAMA 1997; 278:792-793. BYRD, R. C. Positive Therapeutic Effects of Intercessory Prayer in a Coronary Care Unity Population, Southern Medical Journal, 81, 7 (1988): 826-9. KARDEC, Allan. Revista Esprita, janeiro de 1864, Edicel, p. 7. CHIBENI, S. S. Reformador de maio de 1984, Espiritismo e cincia, p. 144-147 e 157-159.7 6 5 4

3

KARDEC, Allan, O Livro dos Mdiuns, 72. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Segunda Parte, cap. I, item 54, p. 78.

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ENGEL, G. L. (1977). The need for a new medicals model: A challenge for biomedicine. Science, 196 (4286) 129-136

SULMASY, D. P. (2002) A Biopsychosocial-Spiritual Model for the Care of patients at the End of Life. The Gerontologist, vol. 42, special issue III, 24-33.

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No silncio da saudadeCu no insensvel aos apelos aflitos dos coraes que choram e sangram, na Terra, na saudade de seus amados, transferidos de plano pelo fenmeno da morte fsica. Entretanto, na comunicao entre os dois mundos, precisam ser vencidas certas dificuldades de natureza emocional, psquica e instrumental. Muitas vezes o silncio da saudade, na ausncia aparente, imposio de disciplina necessria e de amor legtimo, muito mais bondosa e justa do que poder supor quem no possua maior conhecimento de causa. Haja, pois, em cada um de ns, suficiente entendimento e humildade de corao, para agradecermos a Jesus as bnos misericordiosas que nos concede, at mesmo quando nos nega aquilo que imaginamos desavisadamente seja o melhor para ns. Guardemos nosso corao em paz e estejamos certos de que dentro de nossa prpria alma que temos de ver e ouvir os que verdadeiramente amamos, cuja imagem e cuja voz devem vibrar no imo de ns mesmos. Todos precisamos adquirir, no bojo do tempo, a cincia da renncia e do silncio, para o acrisolamento do verdadeiro amor, aprendendo com a Natureza a construir permanentemente e sem alardes a grandeza da vida.Fontes da Luz Fonte: SANTANNA, Hernani T. Correio Entre Dois Mundos. Diversos Espritos. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 152-153.

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Jesus, Sol de primeira grandezaMensagem de Bezerra de Menezes no encerramento do 4o Congresso Esprita Mundialu s o nosso Sol! Vem ter conosco, Jesus, pois que, se contigo debatemo-nos na aflio e jornadeamos na ignorncia, sem Ti mergulharemos no caos. Aquece-nos, Senhor, para sermos dignos do Teu inefvel amor.

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...Espritas do mundo, aqui reunidos: tende como templo o Universo, como nos disse Lon Denis, o Apstolo do Espiritismo francs, mas conduzi Jesus em vossos coraes, em vossas palavras, em vossos atos. Semeai a claridade inapagvel da Doutrina Esprita onde fordes.

Deixai que ela brilhe por vosso intermdio. Sois, agora, mensageiros da Luz do Mundo. Fazei que a Doutrina de liberdade que vibra, que pulsa em vs, encontre outros continentes de almas para conquistar. No arroleis dificuldades, no anoteis desafios, no aponteis fracassos. A experincia resulta das tentativas de acerto e de erro. Em qualquer situao, amai. Diante de qualquer desafio, perseverai no Bem. Caluniados, jamais caluniadores. Agredidos, nunca agressores. Perseguidos, no perseguidores. O Mestre espera por vs e o

missionrio Allan Kardec, a quem homenageamos, nesse momento, vos inspira e vos guia em nome de Jesus. Sede fiis at o fim e ide em paz. Que o Senhor de Bnos vos abenoe, a todos nos abenoe! Em nome dos Espritos-espritas aqui presentes, de vrias ptrias, abraa o corao de todos vs o servidor humlimo e paternal,Bezerra. (Mensagem psicofnica recebida pelo mdium Divaldo Pereira Franco no dia 5 de outubro de 2004, em Paris, Frana, por ocasio da solenidade de encerramento do 4o Congresso Esprita Mundial.)

200 anos de Allan KardecMais de 5.000 pessoas participaram do grande evento em comemorao aos 200 anos de nascimento de Allan Kardec, realizado no Palcio de Convenes Anhembi, em So Paulo (SP), no dia 30 de outubro. O tema Espiritismo: Contribuio para uma Cultura de Paz foi desenvolvido, atravs de palestras, por Marlene Nobre (abertura), Dora Incontri, Srgio Felipe de Oliveira, Clodoaldo de Lima Leite, Helosa Pires e Raul Teixeira (encerramento). A Sesso de Abertura contou com a presena das seguintes auReformador/Dezembro 2004

toridades: Nicolas Queyroux, pelo Consulado Geral da Frana em So Paulo, Sub-Prefeito Alberto Calvo, representando a Prefeita Marta Suplicy, Vereador Rubens Calvo, pela Cmara Municipal, e Marco Antonio Vieira da Silva, Diretor Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT). Participaram, ainda, os Presidentes ou Representantes das Entidades patrocinadoras Aliana Esprita Evanglica, Federao Esprita do Estado de So Paulo, Fundao Esprita Andr Luiz/Rede Boa Nova de Rdio, Liga Esprita do Estado de So

Paulo, Sinagoga Esprita Nova Jerusalm e Unio das Sociedades Espritas do Estado de So Paulo. Compareceu, tambm, o Presidente da FEB e Secretrio-Geral do CEI, Nestor Joo Masotti. Ocorreu, na ocasio, o lanamento do Selo Comemorativo do Bicentenrio de Kardec, dirigido pelo Diretor da ECT, com a obliterao do selo pelos Representantes do Consulado Francs e da Prefeita Marta, e por Dirigentes das Entidades patrocinadoras do evento. No encerramento, houve uma Manifestao Ecumnica para a Paz, da qual participaram representantes de vrias doutrinas.455 17

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Os filhos da guerraCarlos Abranches

O lar, na Terra, ainda o ponto de convergncia do passado. Dentro dele (...) recebemos todos os servios que o tempo nos impe, habilitando-nos ao ttulo de cidados do mundo. Emmanuel*

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ano 1989. A regio do Planeta o Leste Europeu. O problema sciopoltico o colapso do comunismo e o fim do imprio montado pela Unio Sovitica. Neste cenrio, a tragdia humana mora dentro dos coraes de milhares de crianas, filhas de romenos, russos, poloneses... Abandonadas pelos pais em orfanatos, elas cresceram em meio a disputas por uma mamadeira, jogada dentro do bero por uma bab descomprometida com a educao emocional dos pequenos, ou desviando-se dos projteis no explodidos de uma guerra sem nexo, cados nas ruas de cidades semidestrudas. Quase dez anos passados deste fato histrico, uma reportagem do The New York Times Magazine, reproduzida pelo Estado de S. Paulo (14 de junho, 1998), de autoria de Margaret Talbot, traz tona uma das mais impressionantes* As mensagens de Emmanuel e de Meimei esto no livro Luz no Lar (Ed. FEB), nos captulos 46 e 57, respectivamente.

experincias realizadas por pais americanos junto a menores adotados no Leste Europeu, principalmente na Romnia e na Rssia. o relato sobre os sofrimentos de mais de 18 mil crianas nascidas nessa regio. Elas enfrentaram os horrores no s das guerras que nunca terminam, mas tambm da falta de recursos econmicos, de vnculos afetivos reais e duradouros, de pais que fizessem algo mais do que ger-las.

...A me est sentada de braos cruzados, com um sorriso educado e constrangido no rosto. um dia frio de fevereiro, em uma clnica nos arredores de Denver. Ela, dona-de-casa, fala sobre o filho adotado. Ele foi trazido da Romnia quando tinha 4 anos, em junho de 1991. A me havia morrido disse aos pais americanos o agente de adoo daquele pas e seu pai era alcolatra, quase cego. Quando o pai biolgico no os forava a mendigar, tentava vend-los a algum estrangeiro; se nada conseguia, deixava-os merc do abandono e da negligncia. Quando o casal decidiu fazer a adoo, estava consciente de que estaria assumindo toda a histria emocional de um menino que, ainda que com pouco tempo de vida, j era herdeiro de intensa vivncia de grandes perdas. Na verdade, os

futuros pais e mes no esperavam que as coisas ficassem mais difceis do que imaginaram. O garoto era desajeitado, sofria com terrores noturnos, no suportava que sua me adotiva o tocasse e demonstrava dificuldade para criar laos afetivos duradouros. Na contramo destas caractersticas, ele revelou-se uma criana no violenta e com capacidade para demonstrar ternura; adorava, por exemplo, segurar bebs. Na anlise de to grave quadro clnico, os especialistas definiram o problema por que passam essas crianas: desordem de vnculo, ou a incapacidade relativa de realizar vnculos afetivos, por graves carncias vividas na primeira infncia. Os tericos do comportamento chegaram a concluses marcantes, com base no s no sofrimento enfrentado por esses filhos sem pais, mas igualmente por outros milhes de crianas espalhadas pelo mundo, em pases ricos ou pobres, que passaram pelas mesmas situaes. Nosso desiderato, neste artigo, buscar caminhos para uma compreenso dos fatos citados sob o prisma do estudo esprita. Algumas dessas anlises j foram feitas por Espritos de elevada condio, que traduziram, em seus textos, a compreenso da vida sob a tica do Espiritismo. Faamos uma leitura comparada, para notar que a Doutrina Esprita sempre esteve sintonizada com seu tempo histricoReformador/Dezembro 2004

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(quando no caminhou frente dele), restando ao homem descobrir esse manancial de valores e conceitos de grandeza incomensurvel, sua disposio para a efetiva ascenso espiritual.

...Linda Mayes e Sally Provence, professoras de desenvolvimento infantil na Yale University, concluram que a continuidade do cuidado afetivo dado por uma pessoa ou um grupo origina o desenvolvimento das relaes amorosas da criana. O psicanalista D. W. Winnicott escreveu que sem ter algum dedicado especificamente s suas necessidades, o beb no consegue estabelecer uma relao eficiente com o mundo externo. Sem algum para dar-lhe gratificaes instintivas e satisfatrias, o beb no consegue descobrir o seu prprio corpo nem consegue desenvolver uma personalidade integrada. Na mesma linha de anlise, a psicloga Mary Ainsworth chamou de base segura a presena de uma pessoa cujo amor seja confivel e para quem uma criana pode voltar-se em busca de seu reabastecimento emocional. Paradoxalmente entende a psicloga poder relaxar em relao sua dependncia o primeiro passo na direo da independncia. A convivncia com crianas que, anos depois de adotadas, ainda viviam como que reagindo s experincias traumticas pelas quais passaram nos orfanatos, reforou argumentos defendidos por abordagens que analisam as relaes de afeto, como a Teoria do Vnculo, por exemplo, desenvolvida por pesReformador/Dezembro 2004

quisadores como o psiquiatra ingls John Bolby e o psicanalista francs Ren Spitz. Em seus estudos, eles demonstraram o impacto que crianas sofrem quando so separadas de seus pais, por motivos variados, como o abandono ou negligncia, a separao, a necessidade de sair em busca de emprego e de deixar o filho aos cuidados de uma bab ou em creches etc. Uma das mes adotivas, Thais Tepper, relatou, na reportagem, que se revoltou quando descobriu, s depois da adoo, os problemas de sade de seu filho. Decorrido um ano depois que o trouxeram para casa, quando ele ainda no falava e fugia dela sempre que podia, que Thais chegou concluso de que o amor uma experincia que, para alguns, precisa ser aprendida. Foi a que ela comeou a estudar a Teoria do Vnculo. Thais afirma que essas crianas no tm apenas problemas psicolgicos. Se voc no tem uma me que senta e l para voc, vai acabar atrasado cognitivamente. Neste sentido, a privao de afeto acaba no permitindo que uma criana se torne apta emocionalmente. Torna-se marcante e decisivo o fato de o beb no ser alimentado quando precisa, no ouvir uma pessoa quando est comeando a balbuciar, a fazer seus primeiros contatos com o mundo.

...O Espiritismo entende a adoo como uma das mais belas vivncias da alma na Terra. Dar a uma criana a oportunidade de viver em um lar estruturado, com

chances de crescer atravs de uma convivncia carinhosa com pais e irmos, abrir caminhos novos e altamente positivos para a redeno espiritual. uma das formas de resgatar, com base no amor, antigos vnculos do passado e substituir velhas matrizes de dio e vingana por novas bases de perdo, ternura e companheirismo. Quando o novo filho tambm um dos filhos da guerra, no s das que utilizam armas, mas igualmente das que se travam nas favelas da misria scioeconmica de qualquer cidade, os pais ganham valiosos reforos em suas lutas particulares de crescimento espiritual. No s marcantes conquistas no campo da afetividade so realizadas, mas tambm novos amigos espirituais se apresentam para partilhar com a famlia suas lutas em busca da ascese ntima: os inimigos do passado, que no resistem mudana de seus devedores, e os benfeitores espirituais dos adotados, que esto, por si, lutando para a melhora definitiva de seus queridos do corao. Os laos com os rebentos de sangue e os do corao passam a ser um s. Emmanuel afirma que o filho, sendo a materializao dos sonhos dos pais, tambm a obra deles na Terra. Da, a necessidade de receb-lo como quem encontra a oportunidade mais santa de trabalho no mundo. Reforando a atitude de quem resolveu acalentar nos braos os filhos de outras mes como se fossem seus, a recomendao do Esprito Meimei de notvel beleza, quando relembra que, se os nossos pequeninos trazem nas feies a perfeio dos astros, somos incessan457 19

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temente chamados a estender mos compassivas aos enfermos que chegam Terra como lrios contundidos pelo granizo do sofrimento. Esses no so apenas os doentes do corpo ou da mente, mas tambm aqueles que se tornaram machucados da emoo, por causa do abandono de pais inscientes de suas responsabilidades. Segundo Meimei*, so aves cegas que no conhecem o prprio ninho, pssaros mutilados esmolando socorro em recantos sombrios da floresta do mundo!... Como que enviando uma mensagem amorosa aos coraes dos pais americanos, que esto vi-

vendo a experincia da adoo, ela escreve ainda que esses outros so nossos outros filhos do corao, que volvem das existncias passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaam dos dbitos contrados consigo mesmos...*

...Enquanto escrevemos estas pginas, imaginamos o que o conhecimento da realidade espiritual sob a lente do Espiritismo poderia fazer, em termos de renovao de nimo e de coragem, no ntimo de tantos pais desesperanados.

De imediato, chega-nos ao corao a vontade de orar por eles, pedindo-lhes que, por enquanto, no aguardem dos filhos que vieram de um mundo familiar dilacerado respostas imediatas de reconhecimento emocional. No desejo de confort-los, repetimos as expresses de Meimei*, quando afirma que cada vez que lhes ofertes a hora de assistncia ou a migalha de servio, o leito agasalhante ou a lata de leite, a pea de roupa ou a carcia do talco, percebers que o jbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratido e na melodia da bno.

Carto de Natal

A

o claro do Natal, que em ti acorda a msica da esperana, escuta a voz de algum que te busca o ninho da prpria alma!... Algum que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoa o sentimento, qual se trouxesses uma harpa de ternura escondida no peito. Sim, Jesus, o amigo fiel, que volta. Ainda que no quisesses, lembrar-lhe-ias hoje os dons inefveis, ao recordares as canes maternas que te embalaram o bero, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braos enternecidos, a pacincia dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de velhas afeies que te parecem distantes. Contemplas a rua, onde luminrias e cnticos lhe reverenciam a glria; entretanto, vergas-te ao peso das lgrimas que te desafogam o corao... que ele te fala no ntimo, rogando perdo para os que erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastido da noite, consolao aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas.458

No hesites! Ouve-lhe a petio e faze algo!... Sorri de novo para os que te ofenderam; abenoa os que te feriram; divide o farnel com os irmos em necessidade; entrega um minuto de reconforto ao doente; oferece uma fatia de bolo aos que oram, sozinhos, sob runas e pontes abandonadas; estende um lenol macio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa no auxlio s mes fatigadas, que se afligem ao p dos filhinhos que enlanguescem de fome, ou improvisa a felicidade de uma criana esquecida. No importa se diga que cultivas a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com ele, em todos os instantes, tanto quanto ele permanece conosco, tornando diariamente ao nosso convvio e sustentando-nos para sempre.Meimei Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia Medinica do Natal. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 5, p. 24-25.Reformador/Dezembro 2004

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ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

NatalGlria a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens. (Lucas, 2:14.)As legies anglicas, junto Manjedoura, anunciando o Grande Renovador, no apresentaram qualquer palavra de violncia. Glria a Deus no Universo Divino. Paz na Terra. Boa vontade para com os Homens. O Pai Supremo, legando a nova era de segurana e tranqilidade ao mundo, no declarava o Embaixador Celeste investido de poderes para ferir ou destruir. Nem castigo ao rico avarento. Nem punio ao pobre desesperado. Nem desprezo aos fracos. Nem condenao aos pecadores. Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso. Nem antema contra o gentio inconsciente. Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mos de Jesus, para o servio da Boa Vontade. A justia do olho por olho e do dente por dente encontrara, enfim, o Amor disposto sublime renncia at cruz. Homens e animais, assombrados ante a luz nascente na estrebaria, assinalaram jbilo inexprimvel... Daquele inolvidvel momento em diante a Terra se renovaria. O algoz seria digno de piedade. O inimigo converter-se-ia em irmo transviado. O criminoso passaria condio de doente. Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a matana nos circos. Em Sdon, os escravos deixariam de ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores. Em Jerusalm, os enfermos no mais seriam relegados ao abandono nos vales de imundcie. Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira fraternidade e, revelando-a, transitou vitorioso, do bero de palha ao madeiro sanguinolento. Irmo, que ouves no Natal os ecos suaves do cntico milagroso dos anjos, recorda que o Mestre veio at ns para que nos amemos uns aos outros. Natal! Boa Nova! Boa Vontade!... Estendamos a simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia.Fonte: XAVIER, Francisco Cndido. Fonte Viva. 30. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 180, p. 399-400.

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Doutrina EspritaSaber Universal Livre e CrticoDalva Silva Souza

stamos no ano em que se comemora o Bicentenrio de Nascimento de Allan Kardec. Em todos os Estados brasileiros, est em destaque a campanha proposta pela FEB em lembrana da contribuio dele, para a consolidao da mensagem do Consolador. Renova-se em ns o sentimento de admirao pelas caractersticas desse missionrio, pela lucidez e bom senso com que levou a termo sua tarefa, e a gratido a Deus pela possibilidade que nos concede de participar do movimento que se constituiu tendo como base a Doutrina Esprita. As reflexes do momento ensejam-nos a lembrana, dentre tantos estudos j elaborados, de um que, certa vez, foi-nos solicitado, com foco no aspecto filosfico do Espiritismo. O ttulo do tema era A Transcendentalidade Filosfica da Doutrina Esprita. Para desenvolv-lo, iniciamos por uma busca de entendimento do que propunha o ttulo e percebemos, nas pesquisas e leituras efetuadas, que a matria se presta a reflexes muito valiosas neste momento das nossas atividades no Movimento Esprita. O entendimento adequado do que o ttulo prope passa pela ne-

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cessidade de um levantamento do sentido das palavras de que se compe. Transcendentalidade a qualidade ou o carter do que transcendental. No kantismo, trascendental o adjetivo que se usa para referir-se ao conhecimento das condies a priori da experincia e do que ultrapassa os limites da experincia. Filosofia do grego PHILOS = amigo e SOPHIA = sabedoria significa aquele que ama a sabedoria, ou amor sabedoria. A palavra tem sido empregada em vrios sentidos, podendo significar: a)saber como fazer alguma coisa; b) sistematizao de pensamentos, ou c) saber universal, livre e crtico. Podemos, ento, ver nesse ttulo a sugesto para uma anlise da Doutrina Esprita em seu aspecto de sistematizao de pensamentos que ultrapassam os limites da experincia j acumulada pelo homem em seu processo histrico de construo de conhecimentos. Tambm parece vlido perceber que prope o entendimento de que a Doutrina um saber universal, livre e crtico que leva o homem a transcender os limites da experincia. Uma rpida viso da histria do homem na Terra parece-nos importante, para o bom desenvolvimento do estudo. Tudo comea na vivncia dos homens primitivos e no seu despertar para a construo de conhecimentos sobre si mesmos

e sobre o mundo. Propem estudiosos do assunto a origem sensria da crena na sobrevivncia, porque se percebe, pelo conhecimento que se pode reconstruir daquelas culturas com suas crenas, costumes e rituais, que a existncia dos Espritos universalmente afirmada pelos povos primitivos. preciso que se reconhea que as prticas mgicas dos selvagens no podiam ser de natureza abstrata, imaginria, pois aqueles homens primitivos, como seres que estavam na infncia espiritual, no poderiam ser capazes dessas abstraes. Spencer, por exemplo, afirma que a origem da crena na sobrevivncia est nas sensaes e no na cogitao filosfica e aponta ele o sonho, a sombra que acompanha o indivduo, a imagem refletida no lago e o eco da voz em desfiladeiros e cavernas como experincias que teriam induzido o homem a elaborar essa crena. Bozzano no concorda inteiramente com isso e acrescenta outras vivncias decorrentes da potencialidade medianmica que, muito mais que aquelas, teriam fundamentado essa crena, como: o sonho premonitrio, os fenmenos de vidncia, as aparies, o fenmeno da voz direta, que certamente ocorriam desde aqueles tempos. Como a comprovar o que afirma Bozzano, na sequncia histrica, surge o culto aos ancestrais. CriamReformador/Dezembro 2004

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-se rituais carregados de sacrifcios humanos, animais e vegetais. Neste momento, os orculos dominam o pensamento das criaturas. Diz-se desse perodo, momento de imanncia do processo evolutivo. Os tempos descritos na Bblia mostram ainda uma civilizao agrria, em que se apresentam todos esses elementos j citados, mas um passo importante dado na evoluo do sentimento religioso, com o surgimento dos profetas que demonstram uma independncia do indivduo em relao coletividade. Os deuses no so mais entidades espirituais superiores que gozam do privilgio da imortalidade e os homens meras criaturas efmeras, escravizadas ao solo. O monotesmo j est estabelecido culturalmente e os profetas so indivduos que conseguem perceber a vontade divina e se revelam autnomos, passando a exercer, inclusive, ascendncia sobre a autoridade constituda, criticam os reis, elaboram conhecimentos novos, determinam direes, preparam o terreno para a vinda do Cristo. Com Jesus, apresenta-se o momento da transcendncia humana. O homem deve acordar em si mesmo as foras latentes da alma, para superar as condies da prpria humanidade. A mediunidade positiva, canalizada para a construo de uma nova relao entre o homem e as foras espirituais proposta pelo Cristo. A evoluo medinica mostra ao homem que ele e os Espritos so semelhantes e, por isso mesmo, ele vai se elevar sobre a condio humana, atingindo a divina. Vs sois deuses afirma Jesus, demonstrando com seus prprios exemplos a transcendncia humanaReformador/Dezembro 2004

que significa a superao da animalidade e a transferncia do homem para o plano antigamente reservado s divindades.

A tradio filosfica sempre foi espiritualista e o Espiritismo, no seu aspecto filosfico, enquadra-se rigorosamente na tradio filosficaAo longo dos sculos que se seguiram, manifestam-se foras que tentam travar o irresistvel crescimento do ser espiritual, tanto enquanto encarnado, como nos momentos em que se libera do corpo pelo fenmeno da morte. Durante a Idade Mdia, os valores espirituais se aprisionam nos moldes acanhados do dogma, como se, por algum tempo, retrocedesse a Humanidade massificao, mas, na intimidade do contexto cultural, elaboram-se os tempos novos que se apresentam a partir do Renascimento. Desde ento, contnuo o processo de amadurecimento que prepara o advento da Terceira Revelao. O homem, j espiritualmente desenvolvido, possui elementos para resolver problemas antes insolveis. A razo, a alavanca que elevou o homem do

perodo de imanncia para o de transcendncia, permitindo-lhe julgar-se a si mesmo e delinear as perspectivas de sua prpria libertao, com o Espiritismo, revela-se base grantica que apia a f. Embora o estudo esprita nos traga a percepo de que ainda h perguntas sem respostas, sabemos que, medida que progredirmos, alcanaremos a possibilidade de resolver os mistrios. Mas o sculo XIX, alm de ser o tempo do advento do Consolador prometido por Jesus, traz tambm as bases do materialismo. Apegados ao plano fsico, muitos pensadores negam a existncia da vida alm da matria. A tradio filosfica, contudo, sempre foi espiritualista e o Espiritismo, no seu aspecto filosfico, enquadra-se rigorosamente na tradio filosfica. uma filosofia do esprito, que parte da essncia espiritual, para explicar a existncia material, mas faz isso com fundamento na observao cientfica de fenmenos psquicos, que sempre se haviam mostrado, mas nunca tinham sido vistos por esse prisma racional e lgico. No processo histrico de construo do conhecimento, portanto, atravessou o homem muitas fases, para atingir o amadurecimento e condies de liberdade, para conceber-se uma inteligncia livre criada por Deus, com possibilidade de atuar sobre a matria e definir seu prprio caminho evolutivo. Temos a que a Doutrina Esprita, em seu aspecto de sistematizao de pensamentos, permite a superao dos limites da experincia j acumulada pelo homem em seu processo histrico de construo de conhecimen> tos.461 23

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A concepo esprita leva a uma reavaliao do mundo, a uma superao dos valores antigos. O homem, iluminado pelo estudo esprita, percebe o ascendente dos valores espirituais, sem desprezar os valores morais e materiais e, medida que essa nova cultura venha a se espalhar, ser possvel tambm que um novo critrio valorativo se apresente, e o homem passe a valer pela sua evoluo e por suas qualidades morais, deixando de prevalecer o apego aos bens materiais. Percebendo que todas as [leis] da Natureza so leis divinas (O Livro dos Espritos, Ed. FEB, Parte 3a, cap. I, q. 617), reformar-se- o conceito do Universo, que ser concebido em sua plenitude como manifestao do pensamento do Criador, e novos paradigmas de construo do conhecimento levaro a prpria razo a transcender os limites de suas categorias, na proporo em que novas experincias lhe sejam acessveis. Assim, o homem, desenvolvendo-se a partir do conhecimento do Espiritismo, poder superar-se, superando as suas limitaes. A Doutrina revela-se, portanto, um saber universal, livre e crtico que pode levar o homem a transcender os limites da experincia. esse o legado que nos cabe e precisamos conscientizar-nos dos recursos que nos foram facultados, para realizar nosso trabalho na seara esprita. O Movimento Esprita, como construo nossa, precisa ajustar-se execelncia dessa Doutrina. Algumas direes para o momento que passa parecem-nos especialmente importantes e vamos encontr-las nas palavras e atitudes de Allan Kardec. Em primeiro lugar a preo24 462

cupao do Codificador em estabelecer a Doutrina de forma to clara que no deixasse margem a divergncias, a fim de que o Movimento Esprita estivesse unificado. Depois, sua marcante manifestao, sempre que vozes se elevavam para atacar a Doutrina. Com argumentao lgica e consistente, deixava sem respostas os detratores. E, ainda, sua lucidez em definir a Doutrina como cincia, mostrando que a religiosidade que ela enseja um sentimento natural que emerge do conhecimento. Tendo essas diretrizes, urge que nos movimentemos no sentido de fortalecer aquilo que nos aproxima, entendendo que as diferentes leituras que fazemos de alguns pontos da Doutrina no nos tornam adversrios e podem ser elemento de enriquecimento das elaboraes que nos cabe empreender, j que a construo do edifcio doutrinrio contnua. Bezerra de Menezes no se cansa de conclamar-nos unificao. Em seguida, h um campo de trabalho imenso, para responder forma com que os no espritas continuam a tratar o Espiritismo, vendo-o como sistematizao de velhas supersties; esboo impreciso de filosofia religiosa; mais uma seita entre tantas seitas religiosas; crena, espcie de religio contaminada de resduos mgicos. preciso argumentar, esclarecer, no se omitir, sempre que necessrio mostrar o que o Espiritismo. E, por ltimo, importante fazer das Casas Espritas ncleos de cultura, de aprendizado, de elaborao do conhecimento, pois, na verdade, como bem esclarece Herculano Pires, o Espiritismo a ltima fase do processo do conheci-

mento. No no sentido de fase final, mas da que o homem pode atingir at agora, na sua lenta evoluo atravs do tempo. uma sntese dos esforos humanos para compreenso do mundo e da vida. (O Esprito e o Tempo, 7. ed. Sobradinho (DF), EDICEL, 1995.)

Espiritismoa OEspiritismoe,pornossa grande esperana todos os ttulos, o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha ainda muito lenta. Trata-se de uma ddiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda no possui olhos de ver. Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vcios religiosos. Querem receber proveitos, mas no se dispem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas no caminham ao encontro dela. Enquanto muitos estudiosos reduzem os mdiuns a cobaias humanas, numerosos crentes procedem maneira de certos enfermos que, embora curados, crem mais na doena que na sade, e nunca utilizam os prprios ps. Enfim, procuram-se, por l, os espritos materializados para o fenomenismo passageiro, ao passo que ns outros vivemos procura de homens espiritualizados para o trabalho srio.Fonte: XAVIER, Francisco C. Nosso Lar, pelo Esprito Andr Luiz. 2. ed. especial. Rio de Janeiro: 2003, cap. 43, p. 264-265.

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Casa sobre rochaJoo Martins e Martins da Silva

Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela no caiu, porque estava alicerada na rocha. (Jesus Mateus, 7:25.)

travs do Sermo do Monte, Jesus revelou-nos o mais perfeito cdigo moral que a Humanidade j recebera do Alto, o qual, se observado convenientemente, conduzir o interessado, em qualquer tempo, pelo reto caminho da evoluo espiritual. Com a parbola da casa sobre a rocha, o Mestre encerra com fecho de ouro esse roteiro para o progresso do Esprito encarnado. Deixa, porm, ao arbtrio de cada um praticar ou no os seus ensinamentos; trilhar o caminho apertado e entrar pela porta estreita que conduz vida; ou ir pelo caminho espaoso e entrar pela porta larga da perdio (Mateus, 7:13-14); avanar na senda evolutiva, pelo exerccio do amai-vos tambm uns aos outros (Joo, 13:34) ou estacionar no caminho, pela prtica do orgulho, do egosmo e da vaidade; enfim, tornar-se merecedor da libertao espiritual ou continuar preso aos grilhes da insensatez. A parbola em questo fala de dois homens aparentemente iguais. Ambos desejavam construir uma

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casa onde pudessem abrigar a si e as suas famlias. Evidentemente j haviam adquirido o terreno para a edificao do imvel e, ao que parece, ambos possuam os recursos necessrios para tocar a obra. Materializando seus planos, edificaram, cada um a seu modo, a desejada casa. Parece que as duas moradias eram de aparncia slida e apresentavam uma boa figura. A parbola induz-nos a crer que as casas foram construdas prximas uma da outra, provavelmente nas adjacncias do leito seco de um rio da localidade. Admitindo, por hiptese, que os dois proprietrios possuam recursos equivalentes, e que ergueram as duas casas de igual tamanho, possvel imaginar que a aparncia interna e externa da casa construda ao rs-do-cho fosse mais atraente do que a edificada sobre a rocha. Isto porque seu proprietrio, nada investindo no alicerce, pde aplicar mais recursos nos arremates. Freqentemente, apegamo-nos ao suprfluo e esquecemo-nos do essencial... Excluindo a boa qualidade do acabamento da casa construda diretamente sobre o cho, a nica diferena real entre as duas era invisvel aos olhos do observador, pois se ocultava sob o solo. A primeira possua uma base slida pois o homem cavou, aprofundou e lanou o alicerce sobre a rocha, no dizer do evangelista Lucas. A segunda, ao

contrrio, foi construda ao rs do cho, sem alicerce.1 O evangelista Mateus, para dar nfase ao ensinamento do Mestre, esclarece que a segunda delas foi construda sobre a areia. Uma vez edificadas, passaram as duas casas a sofrer com igual intensidade os efeitos das intempries, impostas pelas foras da Natureza. Quando chegou a estao das guas, aconteceu a tragdia: O evangelista enfatiza que caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra as duas casas com igual intensidade. A primeira no se abalou, porque estava alicerada na rocha; mas a segunda, quando a torrente deu contra ela no registro de Lucas imediatamente desabou; e foi grande a sua runa. Portanto, s na aparncia eram iguais. Conosco tambm acontece a mesma coisa: na aparncia somos todos iguais, quanto espcie. O que torna diferente um ser humano de outro so os seus desejos mais recnditos, gerados no corao. Os desejos so enviados ao crebro, originando formas-pensamento; e quando estas so exteriorizadas pela comunicao ou materializadas pela ao, acarretaro consequncias boas ou ms em volta de quem as emite. Por isso Jesus advertiu-nos:Mateus, 7:24-27; Lucas, 6:46-49 e demais citaes bblicas, foram extradas da Bblia de Jerusalm, Edies Paulinas.1

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Com efeito, de dentro do corao dos homens que saem as intenes malignas: prostituies, roubos, assassnios, adultrios, ambies desmedidas, maldades, malcia, devassido, inveja, difamao, arrogncia, insensatez. Todas essas coisas saem de dentro do homem e o tornam impuro. (Marcos, 7:21-23.) Evidentemente, as intenes malignas atraem nuvens pesadas em torno do perisprito do seu criador, as quais mais cedo ou mais tarde desabaro como tempestades, isto , sob a forma de provas difceis que colocaro em risco o sucesso de uma reencarnao.

das, viu-se reduzido mais negra misria. Como se no bastasse tanto infortnio, uma doena insidiosa feriu J com chagas malignas desde a planta dos ps at o cume da cabea. (J, 2:7.) Sua mulher, revoltada com as sucessivas tragdias que se abateram sobre eles e talvez influenciada por obsessores, tentou o marido: Persistes ainda em tua integridade? Amaldioa a Deus e morre duma vez! (J, 2:9.)

As provas so impostas ao Esprito em evoluo exatamente para testar sua firmeza no caminho que conduz perfeioJ, porm, no caiu na armadilha das sombras e respondeu sua mulher: Falas como uma idiota: se recebemos de Deus os bens, no deveramos receber tambm os males? (J 2:10.) Dessa forma, demonstrava perfeita compreenso e aceitao da vontade do Alto. Aquele homem havia perdido tudo o que lhe era mais caro na vida. Entretanto, sua casa mental continuava intacta e resistindo bravamente s tormentas mais rudes, porque se escorava na rocha do Senhor. Ao invs de desesperar-se ante a dor, seu Esprito robustecia-se com as duras provas.

...Trazendo o ensinamento de Jesus para a casa do Esprito, busquemos em J um exemplo de casa edificada sobre a rocha: J era um homem ntegro, que se mantinha longe do mal, portanto, reto perante Deus. Rico e sensato, merecia a justa considerao dos homens. Alm de ser o chefe de uma famlia numerosa e amorvel, possua muitos amigos. Entretanto, nem mesmo os seus mritos o livraram das provas, necessrias ao seu aperfeioamento espiritual. Inesperadamente, perdeu tudo: animais, servos, filhos, casa e a riqueza amoedada. Somente sua mulher ficou em sua companhia. Mesmo assim, J no se desesperou nem se revoltou contra Deus. Ao contrrio, em sinal de resignao e fidelidade ao Criador, caiu por terra e exclamou: Nu sa do ventre de minha me e nu voltarei para l. Iahweh o deu, Iahweh o tirou, bendito seja o nome de Iahweh. (J, 1:21.) Aps todas as tragdias sofri26 464

Depois que as calamidades passaram, J recuperou em dobro tudo o que havia perdido. Teve sete filhos e trs filhas e viveu ainda muitos anos. (cfr. J 42:10-16). Ele fora aprovado nos testes que a vida impusera, para adestrar-lhe o esprito na rota da evoluo. O mesmo se dar com todos ns, quando estivermos realmente preparados. As provas so impostas ao Esprito em evoluo exatamente para testar sua firmeza no caminho que conduz perfeio. o que leciona a Epstola de Tiago: Meus irmos, tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a mltiplas tentaes, pois sabeis que a prova da vossa f leva perseverana; mas preciso que a perseverana produza uma obra perfeita, a fim de serdes homens perfeitos e ntegros, sem nenhuma deficincia. (Tiago, 1:2-4.)

...O homem verdadeiramente sensato reconhecendo que em um mundo de expiao e provas se torna obrigatria a colheita do que ele semeou no passado robustece a sua f, ajustando-se s dificuldades que a lei de causa e efeito lhe impe, ao mesmo tempo em que se esfora por melhorar-se, praticando os ensinamentos do Cristo. E assim, vida aps vida, vai edificando a sua casa espiritual com segurana, confiante de que, sobre a rocha viva do Senhor, poder enfrentar e atravessar as tormentas do caminho, adquirindo experincias at com os erros cometidos, e fortalecendo-se espiritualmente a cada vitria. Na lio do Divino Mestre, fica tambm profundamente marcaReformador/Dezembro 2004

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da a figura do outro homem, o insensato, que, tolo e imprevidente, mesmo tendo ouvido as orientaes de como se conduzir na vida, cerra os olhos para no ver por onde pisa, tampa os ouvidos s advertncias da Lei, tranca a porta do corao para no amar o prximo e enterra o cofre de suas riquezas materiais, para no doar o que for preciso aos necessitados, tornando-se devedor perante a Lei de Deus, cuja base o amor. Ou seja, desvia-se do caminho reto que conduz perfeio. E assim, muitos, com as prprias mos, provocam o desabamento de suas moradas... o que revela o livro Memrias de um Suicida, ditado por Camilo Cndido Botelho (pseudnimo de Camilo Castelo Branco) mdium Yvonne A. Pereira, editado pela FEB. Esta obra magistral est recheada de exemplos de casas construdas sobre a areia, que desabaram ruidosamente, quando visitadas pelas tempestades e inundaes promovidas pela vida, sob a forma de tentaes. Os homens ali apontados, no resistindo fora da tormenta, foram levados de roldo, atravs do suicdio, para o umbral mais terrvel do mundo espiritual.

tra os efeitos das procelas. Cavemos pois e aprofundemos o alicerce da nossa vida espiritual no exame do Sermo do Monte e vivenciemos os ensinamentos nele contidos. Admitindo, porm, que o nosso hoje (ou seja, nosso atual estgio na carne) no se encontra edificado sobre o alicerce do Evangelho, e que j estamos comeando a colher os frutos amargos da nossa insensatez, nem por isso devemos desesperar. Confiemos na misericrdia do Alto. As tempestades no so eternas. Aps cada uma sempre vem a bonana. Todavia, para permanecermos erguidos no amanh, fundamental que comecemos a enxertar, ainda que de forma gradual, slido alicerce sob nossas paredes, para que a nossa casa possa

suportar as tormentas sem ruir. Como fazer isso? A condio nica oferecida pelo Mestre Jesus que, conhecendo a Sua palavra, coloquemo-lA em prtica, diuturnamente, exercitando o amor fraterno, a caridade, a humildade e a tolerncia em relao ao nosso prximo. Se assim procedermos seremos comparados a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha (Mateus, 7:24). Se j estamos nos esforando nesse sentido, alegremo-nos e cantemos com o profeta Samuel: O Senhor minha rocha, minha fortaleza, meu libertador (II Samuel, 22:2). Nossa casa como a de J e a do homem sensato da parbola do Celeste Amigo certamente no ruir ao ser fustigada pelas adversidades.

Sobre o amorPaulo Nunes Batista

Se neste nosso mundo, de repente, o Amor morresse tudo morreria, pois da Terra desapareceria a prpria luz que faz viver a gente. O Amor tudo a lcida semente da Arte, do Bem, do Belo, da Poesia. Se o Amor morresse, o Sonho, a Fantasia nos deixariam imediatamente. Ama o Sol que de luz os cus inflama. Ama o rio, ama o verme que na lama sonha com ser estrela ou com ser flor... E a chama que ainda une a Humanidade nos braos da Harmonia e da Verdade vem do Deus que h em ns, chamado Amor!...

...Meu amigo, j que ningum se exime das provas e expiaes necessrias ao aprimoramento espiritual; j que as tempestades aoitam, indiferentemente, tanto as casas edificadas sobre a rocha quanto as construdas na areia, sugere a prudncia que ergamos a nossa morada sobre alicerce firme e em lugar seguro, de forma a nos garantir proteo conReformador/Dezembro 2004

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A FEB E O ESPERANTO

A lngua que veio do CuAffonso Soares

om este sugestivo ttulo, a editora do Centro Esprita Lon Denis concretizou, em forma de livro, uma antiga aspirao dos que, no Brasil, tm servido causa do Esperanto associado divulgao do Espiritismo. Reunindo