77
REGISTRO DE IMÓVEIS Francisco Rezende Francisco Rezende Francisco Rezende Francisco Rezende

REGISTRO DE IMÓVEIS - Irib Cultural · Registro de Imóveis 1 - Conceito ... INCRA e pela Secretaria da Receita Federal, ... aquisição de terras públicas e devolutas por outro

Embed Size (px)

Citation preview

REGISTRO DE IMÓVEIS

Francisco Rezende Francisco Rezende Francisco Rezende Francisco Rezende

Registro de Imóveis

1 - Conceito – Finalidade – Efeitos.

2 - Atribuições ou Funções do Registro de Imóveis.

3 - História da Propriedade Imobiliária no Brasil e do 3 - História da Propriedade Imobiliária no Brasil e do Sistema Registral Brasileiro.

4 - Terminologia registral imobiliária brasileira.

5 - Princípios do Registro de Imóveis no Brasil.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Como ocorre a transmissão dos bens móveis eImóveis no Brasil ?

Sistema Registral Imobiliário :

a)Bens públicos – de uso comum ou geral- de uso especial- de uso especial- bens dominicais

b) Bens particulares – pessoas físicas- pessoas jurídicas

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

O Registro de Imóveis

Poderíamos conceituá-lo como um conjunto ordenado ecoerente de princípios jurídicos, que possibilitaminstrumentalizar, com o registro e a averbação, efetuadoscom segurança jurídica pautada nos parâmetros da lei, ostítulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos eextintivos de direitos reais sobre imóveis reconhecidosem lei, "inter vivos” ou "mortis causa”, dando-lheseficácia, ou publicidade, necessárias ora para a

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

eficácia, ou publicidade, necessárias ora para aconstituição, transferência e extinção dos direitos queportam e ainda para sua validade em relação a terceiros,ora para a sua disponibilidade, ou ainda, dar publicidadea outras ocorrências referentes aos imóveis, ou àspessoas titulares de direitos reais inscritos.

O Registro de Imóveis

Das finalidades maiores do Registro de Imóveis duas possuem grande importância : a oponibilidade e a publicidade .

As situações jurídicas devem ter publicidade e estabilidade (segurança jurídica) que lhes é assegurada pelo registro.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

A oponibilidade significa a eficácia

frente a terceiros – frente a todos os

terceiros, sem exceção – e deriva da

publicidade do registro das situações

jurídicas. É o registro, o instrumentojurídicas. É o registro, o instrumento

técnico mais adequado para que esses

efeitos se produzam, em sua plenitude.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

A “oponibilidade” é o primeiro efeito do

nosso sistema registral, ou seja, uma vez

registrado ou averbado o direito, presume-

se titular deste aquele que o tem em seu

nome. A prova está feita, é a publicidade

registral, cabendo ao prejudicadoregistral, cabendo ao prejudicado

promover em juízo, a prova do seu direito,

se contraditório, para que o primeiro seja

anulado.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Publicidade

Publicar é dar conhecimento aopúblico ou especialmente à pessoainteressada, de lançamento de ato oufato juridicamente relevante, sejapúblico ou privado, em livro próprio dopúblico ou privado, em livro próprio doregistro, com referência a algum direitoou negócio registrado, indicando oagente interessado, para tal ato terefeitos externos e ser de conhecimentode todos.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Registro de Imóveis no Brasil

Forma – inscrição (título – direito)

Efeitos – misto Efeitos – misto (constitutivo/declaratório)

Presunção – juris tantum (relativo)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Funções do Registro

de Imóveis

Função jurídica

Função administrativa

Função fiscalde Imóveis Função fiscal

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

(*) Função econômica

Função jurídica

Art. 1.227 - Os direitos reais sobre imóveis

constituídos, ou transmitidos por atos entre

vivos, só se adquirem com o registro no

Cartório de Registro de Imóveis dos referidosCartório de Registro de Imóveis dos referidos

títulos (artigos 1.245 a 1.247), salvo os casos

expressos neste Código.

(Código Civil)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função jurídicaArt. 1.225 - São direitos reais:

I - a propriedade;

II - a superfície;

III - as servidões;

IV - o usufruto;

V - o uso;

VI - a habitação;

VII - o direito do promitente comprador do imóvel;

VIII - o penhor;

IX - a hipoteca;

X - a anticrese;

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; ( lei 11.481 de

31.05.2007)

XII - a concessão de direito real de uso.” ( lei 11.481 de 31.05.2007)

(Código Civil)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função jurídica

Art. 1.245 - Transfere-se entre vivos a

propriedade mediante o registro do título

translativo no Registro de Imóveis.

§ 1º - Enquanto não se registrar o título§ 1º - Enquanto não se registrar o título

translativo, o alienante continua a ser

havido como dono do imóvel.

(Código Civil)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função jurídica

Art. 172 - No Registro de Imóveis serão feitos, nos

termos desta lei, o registro e a averbação dos títulos ou

atos constitutivos, declaratórios, translativos e

extintivos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos

em lei, "inter vivos" ou "mortis causa", quer para suaem lei, "inter vivos" ou "mortis causa", quer para sua

constituição, transferência e extinção, quer para sua

validade em relação a terceiros, quer para a sua

disponibilidade.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função administrativa

Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão

feitos:

I - o registro: (...)

19) Dos loteamentos urbanos e rurais; (...)

II - a averbação: (...)

4) A mudança de denominação e de numeração dos prédios, da4) A mudança de denominação e de numeração dos prédios, da

edificação, da reconstrução dos prédios, da demolição, do

desmembramento e do loteamento de imóveis; (...)

13) “ex-officio”, dos nomes dos logradouros, decretados pelo

poder público; (...)

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função administrativa – Imóvel urbano

- servidão administrativa;

- limitações administrativas;

- tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;

- instituição de unidades de conservação;

- instituição de zonas especiais de interesse social;

- parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;- parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

- direito de preempção;

- outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;

- transferência do direito de construir;

- operações urbanas consorciadas.

(Estatuto da Cidade – Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função administrativa – Imóvel rural

Art. 2º - ...

§ 2º - Fica criado o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR, que

terá base comum de informações, gerenciada conjuntamente pelo

INCRA e pela Secretaria da Receita Federal, produzida e

compartilhada pelas diversas instituições públicas federais ecompartilhada pelas diversas instituições públicas federais e

estaduais produtoras e usuárias de informações sobre o meio rural

brasileiro.

(Institui o georreferenciamento para os imóveis rurais).

(Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função administrativa

- Reserva legal.

- Reservas biológicas.

- Áreas contaminadas.

- Parques florestais.

- Restrições impostas pelas leis de uso e

ocupação do solo urbano e rural.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função tributária e fiscalizadora

Art. 289 – No exercício de suas funções,

cumpre aos oficiais de registro fazer rigorosa

fiscalização no pagamento dos impostosfiscalização no pagamento dos impostos

devidos por força dos atos que lhe forem

apresentados em razão do ofício.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função tributária e fiscalizadora

Art. 30 – São deveres dos notários e dos oficiais

de registro: (...)

XI – fiscalizar o recolhimento dos impostos

incidentes sobre os atos que devem praticar.

(Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função tributária e fiscalizadora

(Código Tributário - Responsabilidade de terceiros)

Art. 134 – Nos casos de impossibilidade de exigência do

cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem

solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas

omissões de que forem responsáveis: (...)omissões de que forem responsáveis: (...)

VI – os tabeliães, os escrivães e demais serventuários de ofício,

pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou

perante eles, em razão do seu ofício.

(Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função econômica

Busca o desenvolvimento da nação através do crescimento e

eficiência dos fatores de produção e do produto, mais uma

estruturada organização política, social e econômica. Na área

Imobiliária que dá garantia ao direito de propriedade e ao crédito,

pretende-se que as transações dos bens e direitos sejam feitaspretende-se que as transações dos bens e direitos sejam feitas

com celeridade, eficácia e segurança.

Para isso é necessário que a informação fornecida pelo sistema

registral goze do maior grau de confiabilidade e deve-se buscar a

concordância entre a realidade física e a publicação de tal

realidade pelo sistema registral.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Função econômica

O Registrador deve participar intensamente de ações no sentido

de viabilizar a aplicação de leis que busquem o desenvolvimento

da nação.

-Estatuto da Cidade ( Lei 10.257 de 10 de julho de 2001)-Estatuto da Cidade ( Lei 10.257 de 10 de julho de 2001)

-Geo referenciamento ( lei 10.267 de 28 de agosto de 2001)

- Leis de Regularizações fundiárias

-Usucapião administrativa. (Lei 11.977 de 07 de julho de 2009)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Direito público x Direito privado

As regras de ordem pública são

imutáveis pelas partes; só a lei as cria,

modifica ou extingue. Já as regras emodifica ou extingue. Já as regras e

contratos de ordem privada podem

livremente ser negociados pelas partes,

desde que não firam preceito de lei.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 22 - Compete privativamente à União legislar

sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual,

eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e

do trabalho; (...)

XXV - registros públicos;

Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar

os Estados a legislar sobre questões específicas das

matérias relacionadas neste artigo.

(Constituição Federal)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Ano de 1500 – Descobrimento do Brasil – Portugal, comodescobridor, adquiriu sobre o território o seu senhorio epropriedade, a título originário.

Era praxe, na época, comunicar as terras descobertas ao Papado,que assim as confirmava.

Todos os imóveis eram Bens públicos da Coroa Portuguesa. Nãoexistiam propriedades imobiliárias particulares.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Em 1530 a Coroa Portuguesa iniciou o processo de ocupação dasterras descobertas. Foi utilizado o regime de sesmarias,outorgando títulos de concessão (mera posse) de terras àspessoas que aqui viessem a viver. Tais concessões previam oprazo de seis anos para serem as terras ocupadas. Cumprida aocupação, a concessão se confirmava como de domínio pleno eperpétuo, estabelecendo-se a propriedade alodial.

Os títulos eram outorgados pela Coroa Portuguesa aosparticulares.

- Capitanias Hereditárias - 15 partes, com quinhões delimitados eas prerrogativas determinadas por títulos chamados Cartas deSesmarias. Apenas 12 foram efetivamente ocupadas pelosdonatários. Eram inalienáveis e somente transmissíveis porherança. Poderiam conceder sesmarias. Não eram proprietáriosdas terras.

- Os sesmeiros tinham obrigações. Poderiam ser confirmadas.

- Com a Ordem Real, de 27 de dezembro de 1695, fora imposto

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

- Com a Ordem Real, de 27 de dezembro de 1695, fora impostoaos sesmeiros o pagamento do dízimo à Ordem de Cristo, além daobrigação de pagar um foro, de acordo com o tamanho e aqualidade das terras.

- A confirmação era atribuição da Coroa, por intermédio doConselho Ultramarino, sendo, mais tarde, transferida, pelo Alvaráde 22 de junho de 1808, à mesa do Desembargo do Paço, no Riode Janeiro.

- Independência, em 1822 - D. Pedro I, em 17 de julho de 1822,baixou a Resolução do Reino n. 76, suspendendo a concessão desesmarias.

- Em seguida, passou a ocupação a ser feita desordenadamente pelochamado “Regime de Posses” (1822 a 1850).

- Em 1850, entrou em vigor a Lei n. 601, de 18/09/1850, a chamadaLei de Terras, e seu Regulamento n. 1.318, de 1854 - A Lei proibiu aaquisição de terras públicas e devolutas por outro título que não o decompra, revalidou as posses , separando estas das terras de domínio

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

compra, revalidou as posses , separando estas das terras de domíniopúblico.

- Pela lei, posses passaram a ser tituladas e reconhecidas, na condiçãojurídica de posse. Ocorreu também a confirmação de várias posses.

- Nasce, por obra do Regulamento n. 1.318, de 1854, o “Registro doVigário”, de feição unicamente cadastral, com finalidade dearrecadação de tributos.

As posses que não fossem tituladas (legitimadasou confirmadas) cairiam em comisso e eramdevolvidas ao Império do Brasil - por isso, otermo ‘devolutas’ - retornando ao domínio doEstado.

A partir de 1850, ficou bem delimitada a divisãodas terras no Brasil. De um lado, as terras

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

das terras no Brasil. De um lado, as terraspúblicas e as devolutas, registradas naRepartição Geral de Terras Públicas (art. 10). Deoutro lado, as terras particulares, tituladas pordocumentos outorgados pela Coroa Portuguesaou pelo Império do Brasil, os chamados títulos delegitimação ou confirmação.

As terras públicas, com a proclamação da República, foram transferidasda União para os Estados, por força do art. 64 da Constituição de 1891,que dizia:

“Art. 64 - Pertencem aos Estados as minas e terras devolutas situadasnos seus respectivos territórios, cabendo à União somente a porção doterritório que for indispensável para a defesa das fronteiras,fortificações, construções militares e estradas de ferro federais.Parágrafo único - Os próprios nacionais, que não forem necessários parao serviço da União, passarão ao domínio dos Estados, em cujo territórioestiverem situados.”

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

estiverem situados.”

Hoje, os bens públicos próprios ou patrimoniais, discriminados ou não eas terras devolutas pertencem aos Estados (art. 26, IV, CF/88),excetuadas as terras que pertencem à União, definidas em lei (art. 20, II,da Constituição Federal).

Terrenos de Marinha – Propriedade da União – faixa de 33 metrosmedidos a partir da linha da preamar média de 1.831.

A obrigatoriedade da discriminação das terraspúblicas era prevista na Lei n. 601, de 1850.

Foi posteriormente prevista na Lei n. 3.081, de 22de dezembro de 1956, que foi revogada pela Lein. 6.383, de 07 de dezembro de 1976, atualmenteem vigor, e que dispõe sobre o processoadministrativo e judicial discriminatório de terras

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

administrativo e judicial discriminatório de terrasdevolutas da União.

Tal lei, em seu art. 27, determina que o processodiscriminatório aplicar-se-á, no que couber, àsterras devolutas estaduais.

Lei n. 6.383, de 7 de dezembro de 1976 :

Art. 13 - Encerrado o processo discriminatório, o InstitutoNacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRAprovidenciará o registro, em nome da União, das terrasdevolutas discriminadas, definidas em lei, como bens daUnião.

Parágrafo único. Caberá ao oficial do Registro de Imóveisproceder à matrícula e ao registro da área devolutadiscriminada em nome da União.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

discriminada em nome da União.

Hoje, a Constituição Federal determina que os benspúblicos não estão sujeitos a usucapião, portanto, não maispodem ser transferidos aos particulares por essa forma deaquisição (art. 183, § 3º; e 191, parágrafo único).

A EVOLUÇÃO DO SISTEMA REGISTRAL IMOBILIÁRIO NO BRASIL

O título era a forma e o modo de aquisição da propriedade. Nãoexistia o Registro de Imóveis como modo de aquisição dapropriedade.

A primeira norma que impunha o registro às propriedades noBrasil.

Uma corrente entende que o sistema registral imobiliário se

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Uma corrente entende que o sistema registral imobiliário seoriginou da Lei Orçamentária n. 317, de 21 de outubro de 1843,regulamentada pelo Decreto n. 482, de 14 de novembro de 1846.Por tal lei, e seu decreto regulamentar, fora criado o RegistroGeral de Hipotecas.

Outra corrente entende que é a Lei n. 1.237, em 24/09/1864 quetrata do Registro Geral

Lei n. 1.237, em 24/09/1864

O art. 7º tratava do Registro Geral com afinalidade da transcrição dos títulos detransmissão dos imóveis e a inscrição dashipotecas.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

O art. 8º determinava que a transmissão sóoperaria seus efeitos a partir da transcrição,mas ressalvava que a transcrição não induziaprova de domínio, que ficava a salvo de quem oprovar.

Em 1917, entrou em vigor o Código Civil Brasileiro, revogandoas Ordenações, Alvarás, Decretos, Resoluções, Usos eCostumes concernentes às matérias reguladas naquele Código,levando para o Registro Imobiliário a obrigatoriedade detransmissões causa mortis e atos judiciais.

Acrescentava a presunção de domínio do titular dapropriedade registrada.

Tratava da publicidade registral.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Tratava da publicidade registral.

Encontramos nele os princípios registrais imobiliários básicoscomo o da inscrição (artigos 530, 676, e 860, parágrafoúnico), o da prioridade (art. 833, parágrafo único), o dalegalidade (art. 834), o da especialidade (art. 846), o dapublicidade junto com a finalidade do registro (art. 856), e ode presunção (art. 859).

Pelo Decreto n. 4.827, de 1924, foram reorganizados osregistros públicos no País, previstos pelo Código Civil,acrescentando inscrições chamadas preventivas, penhoras,arrestos, seqüestros, ações reais reipersecutórias e, ainda,as locações com cláusula de vigência contra terceiros.

O Decreto n. 18.542, de 1928, que se uniu ao Decreto n.4.827, introduziu no sistema brasileiro o princípio dacontinuidade, que determinava cadeias completas detitularidade nos imóveis.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

titularidade nos imóveis.

O Decreto n. 4.857, de 09/11/1939, determinava o registrocom finalidade de autenticidade, segurança e validade dosatos jurídicos sujeitos ao regime da lei, falava ainda daeficácia do registro e deu mais sistemática ao processoregistral

Em 1º de janeiro de 1976, entrou em vigor, no Brasil, a Lei n.6.015, de 31.12. 1973, a atual Lei de Registros Públicos.

A lei adotou o fólio real, introduziu no sistema a matrícula, o quetrouxe mais segurança ao sistema registral brasileiro.

Também trouxe a possibilidade de substituição dos livros porfichas, reduziu o número de livros, englobou os termostranscrição e inscrição em um só termo, o registro, e diversasoutras inovações .

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Com a mudança do sistema registral, os registros não sofreramoutra alteração senão quanto à forma de seu lançamento.Passaram a ser lançados nas matrículas dos imóveis.

A Lei n. 6.015, desde a sua edição, em 31.12.1973, já sofreudiversas alterações.

PRINCÍPIOS DO

REGISTRO DE IMÓVEIS REGISTRO DE IMÓVEIS

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

"Los princípios de derecho registral son las

orientaciones fundamentales que informan

esta disciplina y dan las pautas en la solución

de los problemas jurídicos planteados en el de los problemas jurídicos planteados en el

derecho positivo".

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

“O vocábulo ‘princípios’, em sentido filosófico,

significa proposições diretoras de uma ciência,

às quais todo o desenvolvimento posterior

dessa ciência deve estar subordinado. No plano

jurídico podemos afirmar que os princípios são

as idéias diretrizes que justificam o caráter

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

as idéias diretrizes que justificam o caráter

racional de todo o ordenamento.”

(J. M. Leoni Lopes de Oliveira)

“O princípio possui uma função

especificadora dentro do ordenamento

jurídico: ele é de grande valia para a exegese

e perfeita aplicação, assim dos simples atos

normativos que dos próprios mandamentos

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

constitucionais. O menoscabo por um

princípio importa na quebra de todo o sistema

jurídico”.

(Álvaro de Melo Filho)

O conhecimento e o domínio dos princípios do

Registro de Imóveis permitem ao estudioso a

compreensão do sistema, facilitando o sentido e a

aplicação das normas legais que o disciplinam,

atingindo, com isso, o aprimoramento do Direito

Registral Imobiliário, visando ora a sua

acomodação ao contexto, ora a sua adaptação às

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

acomodação ao contexto, ora a sua adaptação às

novas circunstâncias que acontecem dia-a-dia, em

virtude dos modernos institutos que, a todo

momento, surgem para regular as transformações

da economia e da sociedade.

Princípio da Segurança Jurídica

A necessidade de garantir os negócios jurídicosmoldou o Estado a desenvolver instrumentosque são regulados e autorizados pela ordemque são regulados e autorizados pela ordemjurídica, com a função de salvaguardar-lhes deuma ação abusiva até do próprio Estado. Essa éa idéia de segurança jurídica.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da Segurança Jurídica

A segurança jurídica é garantida por meio daaplicação de diversos princípios, tais como:irretroatividade da lei, coisa julgada, respeito aosdireitos adquiridos, respeito ao ato jurídico perfeito,outorga de ampla defesa e contraditório às partes,ficção do conhecimento obrigatório da lei,ficção do conhecimento obrigatório da lei,declarações de direitos e garantias individuais,devido processo legal, independência do PoderJudiciário, etc.

No Registro de Imóveis - Seg. Jurídica Estática- Seg. Jurídica Dinâmica

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO

O princípio da inscrição significa que a

constituição, a transmissão e a extinção dos

direitos reais sobre imóveis só se operam pordireitos reais sobre imóveis só se operam por

atos inter vivos, mediante a sua inscrição

(registro) no registro imobiliário.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO

“Art. 172 - No Registro de Imóveis serão feitos, nos termos destalei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos,declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobreimóveis reconhecidos emlei, "inter vivos" ou "mortis causa" ,quer para sua constituição, transferência e extinção, quer parasua validade em relação a terceiros, quer para a suadisponibilidade.” Lei n. 6.015/73

“Art. 1.227 - Os direitos reais sobre imóveis constituídos, outransmitidos por atos entre vivos, só se adquiremcom o registrono Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts.1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.”

Código Civil

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO

“Ainda que uma transmissão ou oneração de imóveishaja sido estipulada negocialmente entre particulares,na verdade só se consumará para produzir odeslocamento da propriedade ou do direito real dotransferente ao adquirente pela inscrição. A mutaçãotransferente ao adquirente pela inscrição. A mutaçãojurídico-real nasce coma inscrição e, por meio desta, seexterioriza a terceiros.”

Afrânio de Carvalho

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO

Efeito constitutivo ou declaratório, nunca saneador

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Inscrição

- Constitutiva

- Declarativa

Integrativa

Preventiva

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

- Extintiva

- Translativa

Princípio da Presunção e fé pública

Art. 1.231 - A propriedade presume-se

plena e exclusiva, até prova emplena e exclusiva, até prova em

contrário.

(Código Civil)

* Presunção Juris tantum

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 252 - O registro, enquanto não

cancelado, produz todos os seus

efeitos legais ainda que, por outra

maneira, se prove que o título está

desfeito, anulado, extinto oudesfeito, anulado, extinto ou

rescindido.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 19 - É vedado à União, aos

Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios:

I - ...

II - recusar fé aos documentosII - recusar fé aos documentos

públicos;

III - ...

(Constituição Federal)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 3º - Notário, ou tabelião, e

oficial de registro, ou registrador,

são profissionais do direito, dotados

de fé pública, a quem é delegado o

exercício da atividade notarial e deexercício da atividade notarial e de

registro.

(Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da Prioridade

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Prioridade:

Qualidade do que está em primeiro

lugar, ou do que aparece primeiro.

Vantagem dada a alguém

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

relativamente ao tempo de

realização de seu direito, com

preterição do de outros.

O Princípio da Prioridade

Prior in tempore, potior in Jure

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

“Quem é primeiro no tempo, tem

preferência no direito”.

“Consiste o chamado princípio da

prioridade na ordenação da fila

de preferência dos direitos reais,

inscritos através do Registro da

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

inscritos através do Registro da

Propriedade, conforme a data da

inscrição”.(Sanz Fernández)

“O princípio da prioridade significa que, num

concurso de direitos reais sobre um imóvel,

estes não ocupam todos o mesmo posto, mas

se graduam ou classificam por uma relação de

precedência fundada na ordem cronológica do

seu aparecimento: “prior tempore, potior jure.”

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Conforme o tempo em que surgirem, os direitos

tomam posição no registro, prevalecendo os

anteriormente estabelecidos sobre os que

vierem depois”.

(Afrânio de Carvalho)

“A prioridade desempenha o seu papel de maneira

diferente, conforme os direitos reais que se

confrontam sejam, ou não sejam, incompatíveis

entre si. Quando os direitos que ocorrem para

disputar o registro são reciprocamente excludentes,

a prioridade assegura o primeiro, determinando a

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

exclusão do outro. Quando, ao contrário, não são

reciprocamente excludentes, a prioridade assegura

o primeiro, concedendo graduação inferior ao

outro”.

(Afrânio de Carvalho)

Prioridade

exclusivaEficácia excludente do título

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Prioridade

gradualEficácia preferencial

Art. 190 - Não serão registrados,

no mesmo dia, títulos pelos

quais se constituam direitos

reais contraditórios sobre o

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

reais contraditórios sobre o

mesmo imóvel.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Art. 12 - Nenhuma exigência fiscal, ou dúvida,

obstará a apresentação de um título e o seu

lançamento do Protocolo com o respectivo

número de ordem, nos casos em que da

precedência decorra prioridade de direitos para o

apresentante.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Parágrafo único - Independem de apontamento

no Protocolo os títulos apresentados apenas para

exame e cálculo dos respectivos emolumentos.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Art. 182 - Todos os títulos tomarão, no protocolo,

o número de ordem que lhes competir em razão

da seqüência rigorosa de sua apresentação.

Art. 186 - O número de ordem determinará a

prioridade do título e esta a preferência dos

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

direitos reais, ainda que apresentados pela

mesma pessoa mais de um título

simultaneamente.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

O PRINCÍPIO DA PRIORIDADE

E

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

O REGISTRO DE PENHORAS

PRINCÍPIO DA

ESPECIALIDADE

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da especialidade

Especialidadeobjetiva

Especialidade subjetiva

converge no objeto da situação jurídica

diz respeito às pessoas citadas na relação jurídica

Especialidade jurídica do fato inscritível

jurídica

exprime sua natureza, extensão, as condições que houver, e seu valor

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da legalidade

Princípio da legalidade é o que determina

que só podem ter acesso ao registro os

títulos que reúnam os requisitos detítulos que reúnam os requisitos de

validade e perfeição estabelecidos pela lei.

Qualificação registral

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

O duplo aspecto da função de qualificação registral:

a) um, que põe à mostra a natureza juris prudencial -não jurisdicional - da atuação do registrador, que éum operador jurídico, aptificado a decidir, a emitirum juízo sobre a inscrição, hic et nunc, dedeterminado título;

a) outro, que revela a independência decisória do oficialregistrador, no limite primário da apreciação edecisão acerca do registro de um títulosingularizado.”

Ricardo Dip

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da continuidade

Princípio da continuidade é o princípio

que determina que deve existir uma

cadeia de titularidades à vista da qualcadeia de titularidades à vista da qual

se farão, seqüencialmente, os registros

dos direitos, um se apoiando no outro,

ou um derivando do outro.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 195 - Se o imóvel não estiver matriculado ou

registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá

a prévia matrícula e o registro do título anterior,

qualquer que seja a sua natureza, para manter a

continuidade do registro.

Art. 237 - Ainda que o imóvel esteja matriculado,

não se fará registro que dependa da apresentação

de título anterior, a fim de que se preserve a

continuidade do registro.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da instância

Princípio da instância, também

chamado de rogação, é o princípio quechamado de rogação, é o princípio que

determina que todos os atos praticados

são provocados pelo interessado.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 13 - Salvo as anotações e as averbações

obrigatórias, os atos do registro serão praticados:

I - por ordem judicial;

II - a requerimento verbal ou escrito dos interessados;

III - a requerimento do Ministério Público, quando a

lei autorizar.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Art. 217 - O registro e a

averbação poderão ser

provocados por qualquer

pessoa, incumbindo-lhe aspessoa, incumbindo-lhe as

despesas respectivas.

(Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973)

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da publicidade

Publicar é lançar ato ou fato

juridicamente relevante, seja público ou

privado, em livro próprio do registro, com

referência ao direito, indicando o agente

interessado, para tal ato ter efeitos

externos e ser de conhecimento do

público.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Publicidade

Jurídica

Finalidade: Segurança e eficácia dos atos e negócios jurídicos –desprovida de liberdade criativa e artística.

Comercial

Finalidade: Divulgar fatos, serviços e produtos de interesse privado.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Publicidade jurídica

Necessária

Seus efeitos intervêm no ato jurídico como elemento formador ou com caráter de inoponibilidade –serve de meio de prova. Divide-se emdeclarativa e

Não-necessária

declarativa e constitutiva.

Destina-se a dar conhecimento de fatos ou situações jurídicas em geral.

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende

Princípio da Concentração

Art. 246 - Além dos casos expressamenteindicados no item II do artigo 167, serãoaverbados na matrícula as subrogações e outrasocorrências que, por qualquer modo, alterem oregistroregistro

Lei 6.015/73

Francisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco RezendeFrancisco Rezende