24
Regulamentação de Bolonha Um processo a contra-relógio… FENPROF exige estabilidade profissional e promoção do emprego científico Greve na Universidade de Évora (contracapa)

Regulamentação de Bolonha Um processo a contra-relógio… · O Governo, no seu afã de reduzir a despesa pública, tem vindo a cortar nos orçamentos de funcionamento de muitas

Embed Size (px)

Citation preview

Regulamentação de Bolonha

Um processo a contra-relógio… FENPROF exige estabilidade profissional e promoção do emprego científico

G reve na Universidade de Évora (contracapa)

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 20062

Propriedade, Redacçãoe AdministraçãoFederação Nacional dos ProfessoresRua Fialho de Almeida, 31070-128 LISBOATels.: 213819190 – Fax: 213819198Email: [email protected] page: www.fenprof.pt/superior

Director: Paulo Sucena

Departamento de Ensino Superior:João Cunha Serra ■ Mário CarvalhoNuno Rilo ■ Manuela Esteves

Coordenação: José Paulo Oliveira

Colaboração: Inês Carvalho, PaulaVelasquez e Elvira Nereu

Paginação e Grafismo: Mário Rui

Composição: Idalina Martins e Lina Reis

Fotografia: Jorge Caria

Impressão: SogapalTiragem média: 3 500 ex.Depósito Legal: 3062/88

MEMBROS DA

FENPROF

SINDICATO DOS PROFESSORES DAGRANDE LISBOAR. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 LisboaTel.: 213819100 - Fax: 213819199Email: [email protected] page: www.spgl.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDO NORTEEdif. Cristal ParkR. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 PortoTel.: 226070500 - Fax: 226070595Email: [email protected] page: www.spn.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA REGIÃO CENTROR. Lourenço Almeida de Azevedo, 203000-250 CoimbraTel.: 239851660 - Fax: 239851666Email: [email protected] page: www.sprc.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA ZONA SULAv. Condes de Vil’Alva, 2577000-868 ÉvoraTel.: 266758270 - Fax: 266758274Email: [email protected]

SINDICATO DOS PROFESSORESDA REGIÃO AÇORESR. João Francisco de Sousa, 469500-187 Ponta Delgada - S. MiguelTel.: 296205960 - Fax: 296629498

SINDICATO DOS PROFESSORESDA MADEIRAEdifício Elias Garcia, R. Elias Garcia,Bloco V-1ºA - 9054-525 FunchalTel.: 291206360 - Fax: 291206369Email: [email protected] page: members.netmadeira.com/spm/spm

SINDICATO DOS PROFESSORESNO ESTRANGEIROSede Social: Rua Fialho de Almeida, 31070-128 LisboaTel.: 213833737 - Fax: 213865096

SUMÁRIO

Posição da FENPROFA propósito do Anteprojectode Dec-Lei dos grausacadémicos e diplomas 4Os ditames do mercado… Não à DirectivaBolkestein 5Bolsa de EmpregoPresidente do IPP compromete-sea reformular projecto 6Universidades: pelo fomento do empregocientífico com direitosPelo desbloqueamentodas promoções 7Politécnicos: pela estabilidade do corpo docentePelo aumento da relevância socialdas instituições 10

Manifestação nacionalda Administração Pública"Um bom sinal de determinação!" 11

Carta da FENPROF ao Ministro Mariano GagoProposta de realizaçãode reuniões técnicas 12

Encontro Nacional de Leitores das UniversidadesInstabilidade no limite(Reportagem de José Paulo Oliveira) 15Linhas programáticasEstatuto da Carreirados professores e investigadoresuniversitários (Opinião de Carlos Mota Soares) 16Proposta de processo a adoptarAvaliação de oponentesadmitidos a concursospara professores associadose catedráticos(Opinião de Carlos Bana e Costa) 20Educação, formação,empregoAs estatísticas da OCDE 24

OGoverno, no seu afã de reduzir a despesa pública, tem vindo a cortarnos orçamentos de funcionamento de muitas instituições do ensinosuperior, usando o pretexto da diminuição do número de alunos, devidaao efeito combinado da redução demográfica, da entrada em vigor danota mínima de 9,5 nas provas específicas e da demora no aumento do

sucesso escolar no secundário.Este problema tem afectado muitas escolas, sobretudo no Politécnico, mas tam-bém no Universitário, e está a provocar iniciativas de redução e de flexibilizaçãodas despesas com o pessoal docente, não renovando contratos; convertendo ile-galmente contratos não renovados em novos contratos com a duração de um anoou menor; evitando os contratos a tempo integral, para impedir a opção peladedicação exclusiva; contratando docentes a recibo verde, etc. Em todo este pro-cesso as vítimas têm sido sempre os docentes com vínculos precários (75% noPolitécnico e 25 % no Universitário, contando neste caso, apenas os convidados).Perante a alarmista ameaça de cativação de 7,5% dos orçamentos vinda do gabi-nete de gestão financeira do MCTES, que não se concretizou devido aos imedi-atos protestos de muitas instituições, numa escola do Politécnico chegou-se aoponto de pedir a docentes a rescisão voluntária dos seus contratos para, deseguida, assinarem outros com vencimentos inferiores, alegadamente para evitaro despedimento de docentes.

Este movimento de aceitação passiva de restrições que vão sendo impos-tas não é tolerável. Por um lado, porque é preciso fazer sentir com fir-meza ao Governo que as escolas, para aplicação das reformas necessá-rias, em particular daquelas que exigem a criação de iniciativas de cap-tação de novos públicos, precisam de uma ambiente de estabilidade, o

que exige a garantia de que num período razoável, ainda que limitado, os orça-mentos não serão reduzidos, de forma a que seja possível contar com todos – etodos não são demais – para o projecto e para a concretização de novas iniciati-vas no campo do ensino, da investigação, do desenvolvimento e da inovação.Por outro lado porque a assunção por responsáveis de instituições de uma ati-tude derrotista ou "mais papista do que o Papa", apenas encorajará o poder polí-tico a aprovar medidas ainda mais restritivas que afectarão gravemente, nãoapenas o emprego de muitos dos docentes, como as condições necessárias aodesenvolvimento do país e à superação da actual crise. Uma coisa é haveralguma compreensão pelas dificuldades que o país atravessa, outra coisa é dei-xar transparecer a ideia de que tudo se aceita. É caso para dizer como o nossopovo: "Quem muito se agacha …".

Quem muitose agacha...

João Cunha Serra

EDITORIAL

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 3

AFENPROF identifica e carac-teriza assim os objectivos fun-damentais para a aplicação doProcesso de Bolonha no nossopaís, que correspondem a pre-

ocupações há muito manifestadas poresta Federação:

• O aumento da qualidade e da rele-vância social das formações, e o cresci-mento da qualificação dos jovens e dapopulação activa;

• A promoção do sucesso escolar eeducativo, e a redução do abandonoescolar;

• O reforço, ou pelo menos a nãodiminuição, da responsabilidade do

Estado pelo financiamento do EnsinoSuperior Público, em particular, a nãoexigência aos estudantes e às suasfamílias, em todos os novos mestrados,de propinas de valor mais elevado doque as que se encontram em vigor paraas actuais licenciaturas;

• O eficaz aproveitamento da totali-dade das capacidades instaladas emmeios materiais e humanos qualificadosno Ensino Superior Público e a promo-ção do emprego científico e tecnológico.

Quanto à maioria destes objectivos,a FENPROF mantém a opinião de que,para além de produzir legislação, seriaessencial que fossem criadas condiçõesnas instituições para uma eficaz inter-venção profissional daqueles que irãoaplicar o Processo de Bolonha no ter-reno – os docentes –, o que implicariauma acção prática do MCTES e dasinstituições no sentido:

• da melhoria do conhecimento doscorpos docentes sobre os objectivos doprocesso, da sua participação activa naaplicação das reformas e de um apoioefectivo ao desenvolvimento das com-petências pedagógicas necessárias paraa aplicação adequada e não burocráticado novo sistema de créditos (ECTS) eda nova abordagem, centrada no aluno,que lhe subjaz;

• do aumento dos rácios professor//aluno, de forma adaptada ao novo sis-tema pedagógico, com a consideraçãodas tutorias explicitamente nas cargaslectivas dos docentes;

• do necessário apoio financeiro doEstado que permitisse que a adequaçãodas formações e o desenvolvimento deiniciativas de aprendizagem ao longoda vida se pudesse realizar, nas institui-ções, num clima de estabilidade, com agarantia de que a aplicação do Pro-cesso de Bolonha não iria ser realizadapara aumentar a desresponsabilizaçãodo Estado pelo financiamento doEnsino Superior Público.

A FENPROF constata quenenhuma destas condições se está averificar, o que aumenta os receios deque a aplicação do processo vai ser, emmuitos casos, cosmética e que não vaiatingir os objectivos que seria impor-tante que alcançasse e que poderiamser conseguidos com uma acção gover-nativa mais consequente.

Em particular, a FENPROF entendeque é muito negativo:

• que não tenha sido, afinal, consti-tuído o grupo de missão para promoveruma correcta aplicação do Processo deBolonha nas instituições;

• que se acentue a instabilidade emmuitas escolas do Politécnico e emalgumas Universidades, devido aoscortes orçamentais sofridos e às pers-pectivas de novos cortes no futuro, quetêm provocado uma crescente insegu-rança de emprego e o despedimento demuitos docentes contratados a prazo,por ausência de oportunidades de pas-sagem ao quadro;

• que esta situação de incerteza

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 20064

Dada a importância do tema para o futuro do Ensino Superior em Portugal, a FENPROF

lamenta o curto prazo dadopara a apresentação

de pareceres sobre esteAnteprojecto, peça fundamental para

a aplicação do Processo de Bolonha, sublinha uma

nota divulgada recentemente pelo

Secretariado Nacional da FENPROF

EM FOCO

Posição da FENPROF

A propósito do Anteprojectode Decreto-Lei dos graus académicos e diplomas

do ensino superior

quanto ao futuro de instituições e dedocentes esteja a impossibilitar o climade serenidade necessário à consolida-ção e ao desenvolvimento dos projec-tos indispensáveis à viabilização dasinstituições e ao pleno aproveitamentodas capacidades instaladas em recursoshumanos qualificados em benefício dodesenvolvimento do país;

• Não deixando de considerar exis-tirem aspectos positivos no antepro-jecto, a FENPROF receia que as muitasindefinições quanto a formulações quetêm a ver com exigências de qualidadepermitam interpretações e aplicaçõesque mantenham as actuais situações decarência em corpos docentes próprios eadequadamente qualificados, e de acti-vidade real de investigação, condiçãopara atribuição de doutoramentos;

• A FENPROF reafirma, final-mente, a necessidade de o Governo e oMCTES criarem as bases materiais – enão apenas as legislativas – necessá-rias para que a aplicação do Processode Bolonha não venha a revelar-seuma oportunidade perdida que acabepor colocar o nosso país em grandedesvantagem face aos países de UE,realizando-se assim o objectivo, indi-ciado por um relatório de um grupo detrabalho da Comissão Europeia, deremeter o nosso país para um papelsecundário e desvalorizado no âmbitodo futuro Espaço Europeu do EnsinoS u p e r i o r .

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 5

Não à DirectivaBolkestein

No fecho desta edição do JF/Sup, aCGTP-IN enviou uma carta aoPrimeiro Ministro, aos parlamen-tares europeus (individualmente)e aos dirigentes máximos dos

vários partidos portugueses com assentoparlamentar, expressando a sua posiçãorelativamente à Directiva dos Serviços noMercado Interno, mais conhecida comoDirectiva Bolkestein. Nesse documento,a Central “manifesta, uma vez mais, o seuprofundo desacordo em relação à Direc-tiva que, mesmo após a análise a que foisubmetida na Comissão do MercadoInterno do Parlamento Europeu, continuaa incorporar os aspectos mais controver-sos e gravosos deste projecto”.

“A CGTP-IN entende que este pro-jecto de Directiva não é reformulável,dada a sua filosofia se submeter no essen-cial aos ditames do mercado, procurandoestimular a concorrência à custa dos direi-tos dos trabalhadores. É o caso da insistên-cia na denominação e no conceito do paísde origem. No nosso entender, o exercíciode qualquer actividade de serviços deveráser regulamentada pelo direito do paísonde o serviço é fornecido, ou executado,recusando em absoluto o princípio do paísde origem”, lê-se noutra passagem.

A Intersindical lembra que “a U.E.,segundo números publicados pela Comis-são, é líder mundial no comércio de servi-ços. Os Estados Membros que mais con-tribuem para esse resultado neste mer-cado, demonstram que a sua elevadacompetitividade é alcançada na base: deuma concorrência estimulada por normasestritas e estáveis; graças à inovação eprodutividade, em normas laborais livre-mente negociadas e não em baixos custose serviços de má qualidade.”

Assim, “esta proposta de Directiva, seaprovada, seria negativa para a economiaeuropeia, para os direitos sociais e colo-caria em confronto os trabalhadores dosantigos países da U.E. (a 15) com os dosnovos Estados Membros, em consequên-cia do dumping social que o princípio depaís de origem consagra e estimula.”

“Em vez de promover o nivelamentopor cima e a coesão económica e social,em vez de contribuir para a elevação glo-bal das normas sociais, esta proposta viriaprovocar um nivelamento por baixo, ondetodos serão perdedores. É por isso que aCGTP-IN entende que esta proposta deveser abandonada.

E também porque a sua aprovaçãoteria por efeito impedir um real controlodas empresas e de dificultar a luta contraa fraude e os abusos no que respeita àlivre circulação e o destacamento de tra-balhadores”, observa a Central na cartaenviada aos responsáveis políticos.

Para a CGTP-IN “o destacamento detrabalhadores é parte integrante da livrecirculação e a Directiva de destacamento,em vigor, pretende estabelecer a equi-dade, ou igualdade de tratamento aos quese deslocam”, declarando mais adiante:

“Não se trata só de uma questão dedireitos dos trabalhadores, o que, desdelogo, justifica que a Directiva de destaca-mento de trabalhadores fique fora doâmbito de aplicação desta proposta, mastambém duma questão de profundo carác-ter político, que tem que ver com acorrecta aplicação do Tratado de Roma.O princípio elementar da coesão, pilarfundamental do Tratado, é o princípio daigualdade e não discriminação nos locaisde trabalho. Ora este princípio da igual-dade é subvertido pela proposta de Direc-tiva, o que, por si só, justifica a suarecusa. Mas a coesão económica, social eterritorial do conjunto dos países da U.E.é ainda posta em causa pela proposta“Bolkestein”, ao considerar os serviçospúblicos como uma simples mercadoriasujeita à livre concorrência. Para os traba-lhadores europeus, a existência e funcio-namento de serviços públicos eficazes,contribuindo objectivamente para odesenvolvimento das regiões, para a redu-ção das desigualdades e ao asseguraremas funções sociais do Estado, adquiremum papel decisivo para o desenvolvi-mento económico e social.”

“Ao incluir, no campo de aplicaçãoda Directiva, os serviços de interesse eco-nómico geral (SIEG), a proposta deDirectiva está a expor às leis do mercado,mercantilizando-as, áreas sensíveis eestratégicas como a saúde, a cultura, aeducação, a água e muitos outros, dimi-nuindo e fragilizando a prestação de ser-viços essenciais à população, que só oEstado está em condições de garantir.”,conclui a CGTP-IN na nota divulgada a14 de Fevereiro, dia da euro-manifestaçãosindical em Estrasburgo, na qual partici-param representantes dos trabalhadoresportugueses.

JPO

Assegurar uma janela aberta para ofuturo – a FENPROF reafirma a neces-sidade de o Governo e o MCTES cria-rem as bases materiais – e não apenasas legislativas – necessárias para quea aplicação do Processo de Bolonhanão venha a revelar-se uma oportuni-dade perdida que acabe por colocar onosso País em grande desvantagemface aos países de União Europeia

Em resolução aprovada num con-corrido plenário realizado nopassado dia 25 de Janeiro, osdocentes do Instituto Politéc-nico do Porto (IPP) manifesta-

ram "a sua concordância com os princí-pios da ampla publicitação das necessi-dades de recrutamento e da transpa-rência dos processos de selecção queprivilegiem os mais competentes e qua-lificados, expressos na Resolução CG-04/2005 do Conselho Geral do Instituto,defendendo que tais princípios devemtambém ser extensivos ao pessoal nãodocente". A reunião, com 260 partici-pantes, foi convocada pelo Sindicatodos Professores do Norte (SPN) e tevecomo objectivo central a análise da pro-posta de regulamento relativa ao"Recrutamento de Pessoal Especial-mente Contratado – Bolsa de Emprego".

Posteriormente, o SPN esteve reu-nido com o Presidente do IPP, tendosido abordada aquela proposta de regu-lamento. "Esta análise, que foi feita noâmbito de um quadro mais geral da situ-ação, serviu para trocar pontos de vistasobre os desafios que se estão a colocar

a todo o sistema de ensino superior esobre possíveis consequências para aestabilidade profissional e o desenvolvi-mento das carreiras dos seus docentes",refere uma nota divulgada pelo Sindi-cato após o encontro com o responsáveldo IPP. Nessa tomada de posição(31/01/2006), assinada pelo dirigentesindical Mário Carvalho, destacam-seoito breves apontamentos:

1 . O Presidente do IPP, cujas preo-cupações dominantes são a transparên-cia dos processos de recrutamento e deselecção, vai reformular o projecto combase nos pareceres e comentários apre-sentados.

2. A renovação de contrato de actu-ais docentes, em todos os casos que nãoenvolvam mudança de categoria e deregime (100% ou tempo parcial) nãoserão sujeitas à bolsa de emprego.

3 . As renovações, não sendo umprocedimento automático, têm de serfeitas com critério e fundamentadas.

4. Nas propostas de renovação deveconstar sempre um plano de trabalhopara o período subsequente (Exemplos:fazer um mestrado ou doutoramento, ou

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 20066

"Bolsa de Emprego"

Presidente do IPP compromete-sea reformular projecto

NACIONAL

Episódios de censura na era da Sociedade da Informação…

Alguns órgãos de gestão de Escolas do Ensino Superior Público pare-cem continuar a ter uma interpretação muito própria do direito à infor-mação, assim como da possibilidade da utilização da rede de computa-dores para a concretização desse direito.

Disso é exemplo a Escola Superior de Tecnologia e Gestão deFelgueiras, cuja directora se recusou a divulgar, ou fornecer os elementosnecessários para o fazer, a nota do Sindicato dos Professores do Nortesobre o esclarecimento emitido pelo presidente do Instituto Politécnico doPorto acerca da constituição de uma bolsa de emprego. Não é certamentecom atitudes destas que se promove um são ambiente de debate em tornode questões maiores e que directamente dizem respeito aos docentes doIPP.

Mário Carvalho

ainda participar em actividades deinvestigação e desenvolvimento, deprestação de serviços, de extensão ou denatureza pedagógica no âmbito daEscola).

5. Alterações da percentagem de umcontrato a tempo parcial decorrentes deacertos referentes à distribuição de ser-viço docente também não estão sujeitasà bolsa de emprego, desde que tal nãocorresponda a atribuição de serviço emnova disciplina.

6 . Todas as novas contratações sãosujeitas à bolsa de emprego.

7 . As vulgarmente designadas "pro-moções" (por exemplo, as poucas passa-gens de equiparado a assistente a equi-parado a adjunto) seriam sujeitas a bolsade emprego.

8 . O documento reformulado seráapresentado dentro de um prazo de umasemana.

O SPN esclarece que estes pontosacordados são "globalmente positivos" e"traduzem um salto qualitativo impor-tante da proposta". O Sindicato "apenasexprimiu apenas a sua incompreensãoperante o ponto 7, que em termos práti-cos parece corresponder a dizer que nãohaverá mais "promoções". Consideratambém que, mais uma vez, se provouque uma forte mobilização e união (tãoraras no superior...) dão frutos, e que aparticipação na actividade sindical nosector é útil para os docentes como pro-fissionais e também útil para as institui-ções.

Já noutra nota informativa posterior,o SPN comenta que "a necessidade que oPresidente do IPP sentiu de produzir umdocumento de 11 páginas com algunsesclarecimentos sobre o projecto de des-pacho relativo à "Bolsa de Emprego" é aprova de que um amplo debate é pre-ciso", pelo que o Sindicato tudo fará paracontinuar a mobilizar e a manter infor-mados os docentes do IPP. ■

Numa perspectiva de abertura, omais rapidamente possível, deum processo negocial com oMinistério da Ciência, Tecno-logia e Ensino Superior, sobre

matérias da situação profissional dosdocentes do ensino superior e dosinvestigadores,

Tendo, fundamentalmente, em con-sideração:

a) Que os corpos docentes das uni-versidades, terminado o período deexpansão continuada da procura porcandidatos à formação inicial, atraves-sam um momento caracterizado poruma considerável estagnação, com difi-culdades crescentes de renovação e demobilidade, e com um forte bloquea-mento das promoções, afectando, emparticular, as instituições que mais setêm desenvolvido;

b) Que, ao mesmo tempo, o desen-volvimento do ensino superior, no quese refere ao papel acrescido que podedesempenhar na qualificação da popu-lação activa e nos esforços para a pro-moção da inovação, em prol da com-petitividade da economia e do pro-gresso social, exige a tomada demedidas viradas para tirar o máximopartido do factor recursos humanos, emparticular no que respeita a docentes ea investigadores, quer no que concerneà definição política de orientações eprioridades e ao enquadramento insti-tucional, quer quanto a incentivos,motivação e adequada recompensa dosbons desempenhos;

c) Que o regime de dedicaçãoexclusiva deve, a este respeito, serreforçado e valorizado como regimenormal de exercício de funçõesdocentes no ensino superior e na inves-tigação científica, bem como na ino-vação tecnológica, com o simultâneoestímulo e valorização das actividadesde ligação à sociedade, em especial aotecido económico e social, sem pre-juízo de se continuar, sempre quenecessário, a recorrer à colaboração de

docentes convidados, especialistas derelevo no exercício de actividadeprofissional fora do ensino;

d) Que é necessário promover oemprego científico e, simultaneamente,oferecer contratos de trabalho econdições de carreira dignos aos inves-tigadores bolseiros ou àqueles queestão contratados em situações degrande precariedade, assegurandocondições de trabalho atractivas paraos cérebros que o país vai formando etambém para alguns dos formadosnoutros países;

Tendo, em particular, ainda ematenção:

e) Que os quadros das instituiçõesuniversitárias se encontram global-mente preenchidos apenas a 2/3, porrazões que têm a ver com decisõesinternas do âmbito da respectivaautonomia, condicionadas pelo respec-tivo grau de desenvolvimento e pelocabimento de verba, cada vez maisproblemático à medida que se acen-tuam os cortes orçamentais impostospor sucessivos governos;

f) Que existe uma grande diversi-dade de situações, coexistindo várioscasos de quadros praticamentepreenchidos (nas escolas mais antigas eque apostaram fortemente na formaçãocientífica dos seus docentes), commuitos outros em que os quadros apre-sentam ainda muitas vagas disponíveis;

g) Que o número de professoresdoutorados fora dos quadros aumentaconstantemente sem que seja criado umnúmero de oportunidades de promoção(concursos para lugares do quadro) emcorrespondência com as crescenteshabilitações e qualificações adquiridaspor esses docentes, o que nada temcontribuído para a sua motivação poisnão vêem reconhecido e premiado oseu esforço;

h) Que o Despacho nº 1561/98, de27 de Janeiro, que define a dimensãodos quadros para as Universidades, ofez de uma forma cega

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 7

Pelo fomento do emprego científico com direitos

Pelo desbloqueamento das promoções

"A concretização legislativado direito constitucionaldos docentes do ensino

superior e dos investigadores ao subsídiode desemprego" é, comodireito básico, a primeira

das reivindicações em destaque no documentoaprovado pelos docentesuniversitários da Grande

Lisboa reunidos recentemente na Faculdadede Ciências. Para um naipede matérias fundamentais

como o aumento da eficácia dos recursoshumanos; a renovação dos corpos docentes

e a promoção de empregocientífico; quadros e vínculos laborais; concursos e provas,

são apresentadas propostasobjectivas neste documento

entretanto enviado ao ministro Mariano Gago

relativamente ao estado de desenvolvi-mento das instituições, estabelecendo onúmero de lugares de modo propor-cional ao número padrão de docentesem tempo integral (ETI) e quase nãolevando em consideração as qualifi-cações entretanto obtidas pelosdocentes (doutoramentos e agre-gações);

i) Que o número de professoresdoutorados na categoria de professorauxiliar (categoria fora do quadro) é jácerca de 140% do número total globalde professores nos quadros e que cercade 30% dos professores associados jáforam aprovados em provas de agre-gação;

j) Que os procedimentos no âmbitode provas, concursos e nomeaçõesdefinitivas, designadamente quanto ànomeação de júris e às metodologiasde tomada de decisão, precisam deurgente modificação com vista a asse-gurar os princípios da transparência, daequidade e da justiça;

k) Que é inaceitável que docentes,contratados para substituir colegasrequisitados ou em comissão deserviço, continuem durante largos anosna contingência de serem despedidos,mesmo após terem obtido, dentro dosmesmos prazos fixados para os seuscolegas de carreira, as qualificaçõesexigidas (mestrado e doutoramento)que lhes poderiam abrir perspectivas deaquisição de um vínculo estável;

l) Que é inaceitável que docentes decarreira com muitos anos de serviço,em particular os doutorados, possamser despedidos, sem que lhes seja dadaa possibilidade de passarem a outracarreira da administração pública e semverem sequer reconhecido o seu direitoconstitucional ao subsídio de desem-prego;

m) Que é imperioso reduzir o nívelde acumulação de posições docentesem diferentes instituições, como formade aumentar o emprego científico e deadmitir mais jovens doutorados;

n) Que os quadros de dotaçãoglobal (ou circulares), que se caracteri-zam por as promoções não se encon-trarem dependentes da existência devagas, mas tão só da aprovação emprovas de mérito absoluto que permi-tam a passagem à categoria seguinte, epor possibilitarem a separação dos pro-cedimentos de recrutamento de novosdocentes dos relativos à promoção, sãouma justa reclamação sindical que,porém, não deve impedir, enquanto não

for a lcançada, a reclamação desoluções que minorem significativa-mente a actual situação de bloquea-mento das promoções;

Os docentes universitários da áreada Grande Lisboa, reunidos em 28 deNovembro de 2005, na Faculdade deCiências, para negociação imediatacom o Ministro da Ciência, Tecnologiae Ensino Superior, decidem propor:

A. Quanto a direitos básicos (em 1ºlugar por isso):

Que seja de imediato aprovada aconcretização legislativa do direitoconstitucional dos docentes do ensinosuperior e dos investigadores ao subsí-dio de desemprego;

B. Quanto ao aumento da eficáciados recursos humanos, à renovaçãodos corpos docentes e à promoção deemprego científico:

B1. Que sejam aprovados procedi-mentos adequados de enquadramentocom vista a uma maior eficácia institu-cional do exercício de funções noregime de dedicação exclusiva, a serrevalorizado salarialmente e a serobjecto de uma efectiva fiscalização.

B2. Que as escolas sejam autori-zadas e f inanciadas de modo apoderem ter um número de docentesintegralmente dedicados à investi-gação, ao desenvolvimento tecnológicoe à inovação, em unidades de equiva-lente em tempo integral (ETI), determi-nado tendo em conta a intensidade e aqualidade da actividade de investi-gação desenvolvida por cada institui-ção;

B3. Que, concomitantemente, sejaalterado o despacho que fixa anual-mente o número de docentes padrão,para acrescentar, ao número resultanteda aplicação dos rácios alunos/docente,o número aprovado de docentes inteira-mente dedicados à investigação, emETI;

B4. Que se permita, assim, pordecisão dos Conselhos Científicos, queseja atribuída a docentes de carreiradispensa total ou parcial de serviçodocente (para além das “sabáticas”),nos casos em que tal se justifique e porperíodos mais ou menos longos, demodo a aumentar os níveis de dedi-cação a actividades de investigação ede ligação à sociedade nas instituiçõesdo ensino superior;

B5. Que sejam aprovadas normasmais restritivas da possibilidade deacumulação de funções de ensino emdiferentes instituições, nomeadamente,

de forma condicionada a acordos entreinstituições, para possibilitar oaumento do emprego científico e facili-tar a renovação dos corpos docentes eque, com o mesmo objectivo, se estudea possibilidade de se reduzir a idade dejubilação, de forma faseada (descendodos actuais 70 anos para os 65);

B6. Que a admissão de novosdocentes para a carreira se faça apenaspor concurso de entre candidatos como doutoramento, impedindo-se, simul-taneamente, a utilização imprópria dafigura de docente convidado, comoforma expedita ou mais económica decontratação.

C. Quanto a quadros e vínculoslaborais:

C1. Que sejam aprovados quadrosde dotação global de dimensão ade-quada a assegurar condições de carrei-ra, incluindo oportunidades reais depromoção e de obtenção de vínculoestável, aos docentes que, em regimede tempo integral ou de dedicaçãoexclusiva, se encontrem a satisfazernecessidades permanentes das institui-ções;

Ou, caso os quadros de dotaçãoglobal não sejam concretizados a curtoprazo:

i. Que seja revisto, com urgência, odespacho que define a dimensão dosquadros, de modo a ter em conta, emcada escola, para além do número dedocentes ETI padrão, o número de pro-fessores doutorados e o número de pro-fessores com agregação;

ii. Que seja exigido o cumprimentoda lei no que se refere à colocação aconcurso, de dois em dois anos, dasvagas existentes nos quadros, sempreque algum interessado o requeira eesteja nas condições exigidas para con-correr;

iii. Que seja exigido o cumprimentoda lei no que se refere à fixação porcada escola da orgânica dos respectivosquadros;

iv. Que seja aprovada uma normaque permita a um docente , emcondições de concorrer para categoriasuperior e com um currículo apre-ciável, mas sem perspectivas de pro-moção devido à reduzida dimensão doquadro da escola, ou ao modo de dis-tribuição dos seus lugares, recorrerpara uma instância de âmbito nacional,solicitando a abertura de uma vagasuplementar no quadro e a concretiza-ção do correspondente concurso;

C2. Que um docente admitido para

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 20068

substituir um colega que assumiu outrasfunções, em regime de requisição ou emcomissão de serviço, adquira o direito aum contrato normal de carreira, noscasos em que essa substituição se pro-longue por mais do que um número deanos (a definir) e desde que o docentesubstituto tenha cumprido as exigênciasde formação avançada nos prazosdefinidos no ECDU, com a possi-bilidade de usufruto dos direitos de dis-pensa de serviço nele estabelecidos;

C3. Que seja aprovada de imediatoa garantia de possibilidade de recon-versão profissional, para outra carreirada administração pública, a todos osdocentes que após muitos anos deserviço prestado à respectiva escolatenham adquirido reconhecidas com-petências de natureza técnico-cientí-f ica, mas não tenham obtido anomeação definitiva, sem prejuízo dese poder alargar esta possibilidade aoutros casos, nomeadamente no âmbitoda comunicabilidade entre carreiras.

D. Quanto a concursos e provas:D1. Que os júris dos concursos

passem, obrigatoriamente, a ser consti-tuídos por uma maioria de membrosexternos e por uma maioria qualificadade membros da especialidade para aqual é aberto o concurso, encontrando--se impedido de neles participar quemtenha um nível demasiado elevado decolaboração com algum dos can-didatos;

D2. Que, em alternativa, aaprovação do júri:

a) passe a ser da competência de

instâncias de âmbito nacional idóneas eindependentes (para todas as institui-ções ou apenas para uma parte a definirpor critérios objectivos), constituídaspor catedráticos de cada uma das diver-sas áreas disciplinares em que se orga-niza o saber;

ou,b) se mantenha, como hoje, na

esfera de decisão de cada instituição,mas sendo exigida a todos os can-didatos a uma determinada categoria,independentemente da instituição quepromove o concurso, uma pré-qualifi-cação, a ser realizada por uma instânciade âmbito nacional com as característi-cas atrás referidas, que poderia ser umelemento a considerar para efeitossalariais, por exemplo, no âmbito de umsistema de avaliação do desempenho;

D3. Que as decisões dos júris deprovas e concursos sejam, sem qual-quer excepção, nominais e justificadase que os critérios de seriação dos can-didatos sejam predefinidos, no editalde abertura do concurso, de formaobjectiva, fixando-se percentagensmínimas para as diversas vertentes dotrabalho docente (pedagógica, cientí-fica, de gestão, profissional, ligação àsociedade);

D4. Que o figurino da actual provade agregação seja reconsiderado, nosentido de verificar se se justificamalterações devidas às transformaçõesocorridas na Universidade desde quefoi introduzida, e que se abandone deimediato a aberração do voto secreto,ainda em vigor.

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 9

À Memória do Eng.º AntónioAbreu

Para quem o conheceu, estimou ecom ele tanto aprendeu sobre a inevi-tabilidade da cidadania que acabare-mos por conquistar, causa a que hipo-tecou profissão, carreira e vida, oAntónio Abreu continua presente.

Conheci-o em finais da década de70, já os lobos, embora baixinho, vol-tavam a uivar...

Impressionou-me logo a sua figuraerecta, a cabeça levantada de quemnada teme e a quem nada verga.

As suas concepções de liberdade ede solidariedade emanavam das pala-vras que, com uma convicção feita daforça na razão que o movia nos diri-gia, a nós, inexperientes nestas coisasda docência e até da vida.

Indo às mais extremas consequên-cias na defesa das suas ideias em dis-cussões que ele acabava sempre poracalorar, era também capaz com ahumildade, paciência e sageza dasconvicções profundas, de imediatorepelir qualquer assomo de arrogânciaou de sectarismo que gerações maisnovas pudessem eventualmente esbo-çar, aproveitando a "boleia" dos seusargumentos.

Homem despojado, generoso ,compreensivo, indulgente e disponívelcomo professor e companheiro nasdificuldades científicas de alunos ecolegas que a ele recorriam para reso-lução de problemas complexos na suaárea, a Matemática, para si óbvia eclara. Parecia que a respirava.

Homem fácil? Não! António Abreunão era nada fácil, embora soubesseouvir.

Até sabia ceder, desde que os prin-cípios em que acreditava e pelos quaissempre lutou até doer, não fossem,mesmo e só de momento, suspensos,subalternizados ou metidos na gaveta.

Era, apesar da paixão que o carac-terizava e do ardor e veemência dosseus argumentos, um homem tole-rante.

Desprezava oportunistas, hipócri-tas, vira-casacas, vendilhões, delatores,torcionários. Jamais odiando. A superi-oridade moral das suas convicções nãoacolhia ódio a pessoas.

Era capaz de vir à liça na defesa deum antagonista político, se este esti-vesse a ser injustiçado.

Era um Homem bom.Até os que faziam o seu rumo de

vida em posições políticas diametral-mente opostas, o respeitaram. Masnão mais que nós. Não mais do queeu, que honrado fui com a sua ami-zade.

Até sempre Amigo Abreu.

J.E. Coutinho Duarte (Escola Náutica)■

Várias escolas do Politécnicoatravessam uma crise cujascausas próximas são as redu-ções que têm sofrido nonúmero de alunos e nos orça-

mentos; Essa situação tem vindo a levar ao

despedimento – ainda hoje sem veremreconhecido o seu direito constitucio-nal ao subsídio de desemprego – de umnúmero cada vez maior de docentescom contratos precários muitos dosquais com mestrado ou doutoramento eem regime de tempo integral ou dededicação exclusiva;

As capacidades instaladas noensino superior universitário e politéc-nico não são demais para as necessida-des de desenvolvimento do país;

É, por isso, lesivo do interesse naci-onal que, por razões economicistas, asinstituições politécnicas, fiquem seria-mente incapacitadas para cumprir opapel que podem e devem desempe-nhar em prol do país, ao serem despro-vidas do pessoal docente qualificado deque para o efeito necessitam;

Nas instituições do Politécnicocerca de 75% dos docentes se encon-tram contratados por prazos máximosde 2 anos, o que os torna muito vulne-ráveis a medidas economicistas deredução cega do corpo docente;

Importa que o Governo e o MCTESaprovem medidas que permitam estabi-lizar o corpo docente das instituiçõesdo Politécnico de modo a que todos osdocentes (de carreira e equiparados)possam trabalhar, com estabilidade eem cooperação reforçada, no sentidoda definição de planos de actividade ede desenvolvimento das suas institui-ções que permitam ultrapassar a criseem benefício do país.

Tendo em conta a realidade des-crita, os docentes das instituições poli-técnicas da área da Grande Lisboa, reu-nidos em 10 de Novembro de 2005, noISCAL, decidem:

1. Incitar todos os colegas, docentes

de carreira ou equiparados, a procura-rem nas suas escolas, em conjunto eem cooperação, soluções que, permi-tindo compatibilizar o interesse públicocom a manutenção dos seus postos detrabalho, conduzam à aprovação deplanos de actividade e de desenvolvi-mento institucional virados para asnecessidades do país, como é o caso dareformulação das formações, de acordocom o processo de Bolonha; do com-bate ao insucesso escolar; da captaçãode "novos públicos"; do fortalecimentoda ligação à sociedade e da intensifica-ção da actividade de investigação e deinovação;

2. Exortar, em particular, os docen-tes equiparados a professor adjunto e aprofessor coordenador, com mestradoou doutoramento, a que participemactivamente, como é seu direito confir-mado pelos tribunais, nos conselhoscientíficos das respectivas escolas,designadamente, exigindo o reconheci-mento efectivo daquele direito e solici-tando a convocação de plenáriosdaqueles órgãos, para os efeitos indica-dos no ponto anterior;

3. Incitar os colegas a recusaremserviço docente com mais horas lecti-vas semanais do que as estabelecidaspor lei (12 horas) e de um númeroincomportável de disciplinas, bemcomo a oporem-se a leccionar turmascom um número excessivo de alunos,situações que se vêm tornando frequen-tes devido ao despedimento de docen-tes;

4. Propor ao MCTES alterações nosrácios de gestão, na fórmula de financi-amento e no despacho que fixa onúmero máximo de docentes ETI dasinstituições, de modo a permitir que aredução do número de candidatos àformação inicial não coarcte às escolaso tempo e os recursos necessários paraa reformulação das suas missões e, emparticular, para o urgente combate aoinsucesso escolar;

5. Propor ao MCTES – até à revi-

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200610

Pela estabilidade do corpo docente do Politécnico

Pelo aumento da relevânciasocial das instituições

"A consagração da obrigatoriedade de aberturaimediata de concursos para

os lugares vagos dos quadros, a requerimento

dos interessados, à semelhança do que

sucede nas Universidades"é uma das reivindicações

em destaque no documentoaprovado pelos docentes doEnsino Superior Politécnicoda Grande Lisboa, reunidos

recentemente no ISCAL.O documento foi enviadopela FENPROF ao ministro

Mariano Gago.

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 11

são global dos actuais estatutos de car-reira docente do Politécnico de forma agarantir aos docentes o efectivo direitoa uma carreira, com reais oportunida-des de aquisição de vínculo estável ede promoção (quadros de dotação glo-bal) – a adopção após negociação demedidas visando uma maior estabili-dade de contratação dos actuais docen-tes equiparados que se encontrem aexercer funções em regime de tempointegral ou de dedicação exclusiva, demodo a conferir às instituições e aosdocentes a estabilidade indispensável,mormente no período actual de adapta-ção às novas exigências.

Em particular reclama-se:a) A consagração da obrigatoriedade

de abertura imediata de concursos paraos lugares vagos dos quadros, a requeri-mento dos interessados, à semelhançado que sucede nas Universidades;

b) O alargamento para 2 do númerode triénios em que um assistente podecontinuar contratado, logo que obtenhao mestrado ou o doutoramento, inde-pendentemente de exercer ou não fun-ções de professor adjunto;

c) A possibilidade de prorrogar, aolongo do actual ano lectivo, por umperíodo suplementar de 2 anos, a dura-ção dos actuais contratos dos assisten-tes equiparados, com mestrado ou dou-toramento, e dos professores equipara-dos, que se encontrem (uns e outros)em regime de tempo integral ou dededicação exclusiva, seja qual for adata actualmente prevista para o termo

desses contratos (com prioridade paraaqueles em que essa data esteja maispróxima), por decisão dos conselhoscientíficos, a requerimento dos interes-sados, e após avaliação da sua activi-dade e do seu projecto de trabalhofuturo, enquadrado nos planos dedesenvolvimento da escola;

d) A consagração de que a nãorenovação de qualquer contrato dedocentes equiparados tenha que serprecedida de decisão expressa dos con-selhos científicos, fundamentada numaavaliação da actividade dos docentesem causa, com base em pareceres emi-tidos por dois professores da especiali-dade desses docentes, num procedi-mento que, com as necessárias adapta-ções, se aproximaria daquele quevigora para a nomeação definitiva dosdocentes do quadro;

e) O estrito cumprimento da lei noque se refere ao prazo de duração dasrenovações dos contratos dos docentesequiparados, que deve ser de 2 anos;

f) O estabelecimento, no ECP-DESP, de uma medida idêntica à quevigora no ECDU que obriga à renova-ção automática dos contratos por igualperíodo quando não é respeitado oprazo de 30 dias fixado como mínimopara a sua denúncia;

g) A aprovação urgente de umamedida legislativa com vista à concre-tização do direito constitucional aosubsídio de desemprego para os docen-tes do ensino superior e para os investi-gadores.

Manifestação nacional da Administração Pública

“Um bom sinal ded e t e rm i n a ç ã o ! ”

Mais de 25 mil trabalhadoresda Administração Pública partici-param no dia 3 de Fevereiro, emLisboa, na manifestação nacionalconvocada pela Frente Comum.

O "aumento" salarial de 1,5por cento imposto pelo Governo,o congelamento das carreiras e oquadro de supranumerários, a parda luta por melhores condições detrabalho e pela valorização dasfunções sociais do Estado, estive-ram em foco neste combativo des-file, em que também participaramprofessores de várias regiões doPaís e de diferentes sectores deEnsino.

Os manifestantes concentra-ram-se no alto do Parque EduardoVII e dirigiram-se depois para SãoBento. Em declarações aos jorna-listas, Manuel Carvalho da Silvaobservou que este protesto "é umbom sinal de determinação, nãosó para os trabalhadores daFunção Pública, mas para ostrabalhadores e para os cidadãosportugueses em geral, porque asquestões da AdministraçãoPública precisam de ser transpa -rentes".

O secretário-geral da Inter dei-xou ainda uma saudação especialaos trabalhadores de todos ossectores da Função Pública, real-çando a sua unidade.

JPO

"Importa que o Governo e o MCTES aprovem medidas que permitam estabilizaro corpo docente das instituições do Politécnico de modo a que todos os docentes(de carreira e equiparados) possam trabalhar, com estabilidade e em cooperaçãoreforçada, no sentido da definição de planos de actividade e de desenvolvimentodas suas instituições que permitam ultrapassar a crise em benefício do País"

Opapel estratégico que na"Sociedade do Conhecimento"o Ensino Superior pode e devedesempenhar, para o aumentoda competitividade da econo-

mia e para o progresso social susten-tado, exige que os docentes e os inves-tigadores se encontrem adequadamentequalificados e motivados; que os seusdesempenhos, nas diferentes vertentesdo seu trabalho, sejam conveniente-mente avaliados; e que o seu méritoseja reconhecido e recompensado.

Contudo, os corpos docentes dasUniversidades e dos Institutos Politéc-nicos encontram-se fortemente desmo-tivados, pois, ao bloqueamento das pro-moções, que se verifica quer em institu-ições com poucas ou nenhumas vagasnos quadros por preencher, quer nasque ainda dispõem de muitos lugaresque não são postos a concurso, juntou-se, agora, o bloqueamento das progres-sões nos escalões de cada categoria.

De facto, terminado o período deexpansão continuada da procura doEnsino Superior Público por parte decandidatos à formação inicial vindosdirectamente do ensino secundário, asinstituições universitárias e politécni-cas atravessam um momento caracteri-zado por uma considerável estagnação,ou até retracção, no que aos corposdocentes diz respeito, verificando-sedificuldades crescentes quanto à reno-vação e à mobilidade.

As carreiras são instrumentos ade-quados à realização de objectivos demotivação e de reconhecimento daaquisição de qualificações acrescidas ede desempenhos melhorados. Em parti-cular, as perspectivas de aquisição deum vínculo laboral estável e as oportu-nidades de promoção são dois elemen-tos fundamentais para o efeito, quecaracterizam qualquer carreira. Infeliz-mente, nenhum destes e lementosessenciais se encontra a desempenhar

eficazmente o seu papel desejável.No que se refere às perspectivas de

alcançar um vínculo estável, elas sãoquase inexistentes no Politécnico, ondeum assistente que obtenha o mestradoe, até, o doutoramento, fica sujeito aser despedido – mesmo quando seencontra a exercer funções em regimede tempo integral ou de dedicaçãoexclusiva – caso não seja abertonenhum concurso para professoradjunto, ou para professor coordena-dor, na sua área.

Quanto às oportunidades de promo-ção, elas são muito reduzidas, querporque exigem a existência de vagasnos quadros (em muitos casos pratica-mente preenchidos), quer porque,havendo vagas, estas muito frequente-mente não são postas a concurso, aocontrário do que a lei exige.

Carreira significa caminho.Quando este se encontrabloqueado, não há de factouma carreira...

É por estas razões que a FENPROFtem afirmado que, para uma grandemaioria de docentes, não existe verda-deiramente, na prática, uma carreira,quer no caso do universitário (por esta-rem muito condicionadas as promo-ções), quer no do Politécnico (por ovínculo estável e as promoções seencontrarem muito limitadas), o queacaba por quase anular os efeitos moti-vadores da existência legal de carrei-ras . Carreira significa caminho.Quando este se encontra bloqueado,não há de facto uma carreira.

Perante esta situação, a FENPROFtem defendido a necessidade de:

a) Criação de um percurso acadé-mico, com etapas bem definidas, comvista à obtenção por um docente de umvínculo estável no Politécnico, que não

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200612

ÚLTIMA HORA

Início de negociaçõe

Proposta de realização "Para uma grande maioria de

docentes, não existe verdadeiramente, na prática,uma carreira, quer no caso

do universitário (por estaremmuito condicionadas

as promoções), quer no do Politécnico (por o vínculo

estável e as promoções seencontrarem muito limitadas),o que acaba por quase anular

os efeitos motivadores da existência legal

de carreiras" – observa a FENPROF em ofício enviado

no início de Janeiro ao ministro Mariano Gago. Nessa carta, que aqui

reproduzimos na íntegra, o Secretariado Nacional da FENPROF sublinha

a importância das negociaçõescom o MCTES e avança

a proposta de realização de"reuniões de carácter técnicocom o Ministério, no sentido

da procura das melhores soluções para os problemas

existentes". O ofício foi acompanhado de dois

documentos recentementeaprovados em reuniões

promovidas pelo SPGL, umacom docentes e investigadores

universitários e outra do Politécnico, que também aqui

deixamos à apreciação dos nossos leitores nesta

edição do JF/Sup (da pág. 7 à pág. 11)

dependa de restrições de carácter admi-nistrativo, mas apenas das prestaçõesdos docentes, como actualmentesucede no Universitário;

b) Aprovação de quadros de dotaçãoglobal adequadamente dimensionados,de modo a que as promoções não seencontrem dependentes da existência devagas, mas apenas do mérito dos docen-tes, individualmente considerados, ava-liado por júris idóneos e independentes,com critérios a priori definidos.

Estas reivindicações da FENPROFsão já muito antigas e estavam bemencaminhadas, em 2001, nas negocia-ções havidas entre a PRC (FENPROF,SINDEP, SNESup) e o anter iorGoverno do PS, quando era Secretário

de Estado o Professor José Reis. Haviajá um acordo para a criação de um qua-dro de dotação global, envolvendo osprofessores auxiliares e os professoresassociados, no Universitário, e a suaextensão ao Politécnico. A queda doGoverno impediu então a sua conclu-são. Proposta idêntica estava em fasefinal de elaboração pela Ministra GraçaCarvalho, quando o seu Governo caiu.

Uma única carreira

Do ponto de vista da FENPROF,seria desejável a criação de uma únicacarreira para os docentes do ensinosuperior, tendo como referência o actualECDU, com modificações, e definindo

um adequado regime de transição.A evolução da conjuntura econó-

mica e política não veio facilitar a rea-lização dos objectivos da FENPROF.Contudo, a FENPROF insiste em que amelhor solução para a questão dos qua-dros é a criação de quadros de dotaçãoglobal (ou circulares), pois permitiriama separação entre os procedimentospara contratação de novos docentes eos que visam a promoção dos docentesjá pertencentes a uma instituição.

Efectivamente, se esta coincidêncianão era preocupante nos tempos emque o ensino superior público eraobjecto de uma forte procura, por partede candidatos que acabavam de termi-nar o ensino secundário – situação

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 13

ações com o MCTES

ão de reuniões técnicas

“Do ponto de vista da FENPROF, seria desejável a criação de uma única carreira para os docentes do Ensino Superior,tendo como referência o actual ECDU, com modificações, e definindo um adequado regime de transição”, sublinha acarta recentemente enviada pela federação ao Ministro Mariano Gago

em que a entrada de novos docentes,em vez da promoção dos já existentes,não causava embaraços às instituições– já na situação actual ela causa gran-des dificuldades àquelas cujo orça-mento não comporta a contratação denovos docentes, levando-as a preferi-rem não pôr as vagas a concurso paranão arriscarem fortes problemas finan-ceiros ou para não terem que despedirdocentes com contratos precários quevêm exercendo as suas funções comelevada competência e dedicação.Refere-se a título de exemplo que acontratação de um novo professor asso-ciado fica mais cara do que a promoçãode 10 professores auxiliares a professorassociado.

Esta coincidência do recrutamentode novos docentes com a promoçãodos já existentes, que pode ser lidacomo tendo por objectivos provocar amobilidade e assegurar o recrutamentodos mais capazes, acaba por não atingirtais objectivos, pelo que, os quadros dedotação global, ao contrário do quealguns críticos têm afirmado, não iriamagravar as actuais limitações à mobili-dade, sobretudo se fossem acompanha-dos, como a FENPROF tem proposto,da criação de reais apoios que a esti-mulassem.

Outra crítica que usualmente éapresentada aos quadros de dotaçãoglobal é a de que se cairia forçosa-mente no facilitismo, acabando-se porpromover todos os que se apresentas-sem às provas que para o efeito fossemcriadas. Ora, a FENPROF tem acompa-nhado a proposta de criação de quadrosglobais com a de que sejam definidoscondicionalismos, temporais e curricu-

lares, para acesso às provas destinadasàs promoções, de forma a se prevenirum tal risco. A FENPROF tambémentende que se deveriam consagrarnovas formas de nomeação dos júris enovos procedimentos a adoptar nosprocessos de decisão, de modo a asse-gurar a sua transparência, a sua equi-dade e a sua justiça, atribuindo, porexemplo, a competência de nomeaçãodesses júris a uma instância indepen-dente, de âmbito nacional, nos casosem que tal seja considerado pertinente.

Os atrasos que se vêm verificandona concretização dos quadros de dota-ção global não podem, contudo, impe-dir a tomada de medidas urgentes comvista ao desbloqueamento das promo-ções e à passagem aos quadros de mui-tos docentes que se encontram a exer-cer funções em regime de tempo inte-gral ou de dedicação exclusiva e queestão contratados como convidados ouequiparados.

Portanto, se se verificar que não épossível, a curto prazo, a entrada emvigor de um sistema de quadros dedotação global e sem prejuízo de conti-nuar a pugnar para que este objectivoseja alcançado o mais rapidamente pos-sível, a FENPROF propõe que sejamtomadas medidas que garantam que:

a) Os quadros das instituiçõesserão alargados, tendo em consideraçãoas crescentes qualificações que vãosendo adquiridas pelos docentes e nãoapenas, como agora, de forma pratica-mente proporcional ao número de alu-nos das respectivas instituições;

b) Os lugares vagos dos quadros,de acordo com a sua orgânica, apro-vada e publicada, serão obrigatoria-

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200614

mente postos a concurso, a requeri-mento dos interessados em os ocupar;

c) Nenhum docente com as qua-lificações mínimas exigidas pode serimpedido, por razões administrativas,de ter a oportunidade de ver o seuempenhamento no trabalho, reconhe-cido e adequadamente premiado.

A FENPROF não abdica, assim, deque uma solução seja aprovada e postarapidamente em prática para o desblo-queamento efectivo das promoções,pois a actual situação é claramente pre-judicial, tanto para a situação profissio-nal dos docentes, como para os objecti-vos da melhoria da qualidade do ensinosuperior, bem como do aumento da suainternacionalização e da sua eficácia. Asolução dos quadros globais é, evidente-mente, mais simples e mais justa, sendopor isso a preferida da FENPROF e dalarga maioria dos docentes. Contudo, àFENPROF o que mais interessa é queseja aprovado sem demora um sistemaque permita desbloquear as promoções,assegurando simultaneamente meca-n i smos de avaliação e de decisão trans-parentes, equitativos e justos.

A FENPROF reclama, assim, queas propostas que V. Exa. prometeuapresentar para negociação, até final deJaneiro, contemplem estas preocupa-ções sindicais e solicita que possaminiciar-se antes disso, o mais rapida-mente possível, reuniões de caráctertécnico com o Ministério, no sentido daprocura das melhores soluções para osproblemas existentes (ver págs. 7 a 11).

Juntamos, em anexo, dois docu-mentos recentemente aprovados emreuniões de docentes realizadas emLisboa e promovidas pelo SPGL, quevisam atacar essencialmente os doisproblemas, acima referidos, que actual-mente são mais sentidos pelos docentesdo ensino superior público e quepodem servir de elementos de trabalhopara as reuniões propostas.

Quanto à questão do subsídio dedesemprego já enviámos um pedido dereunião urgente a V. Exa., encon-trando-nos a aguardar o seu agenda-mento.

Proximamente enviaremos a V.Exa. proposta com vista à aprovação deum instrumento regulador da contrata-ção e da carreira dos docentes doEnsino Superior Particular e Coopera-tivo, como os artigos 24º e 25º do Esta-tuto daquele subsector (D.-L. nº 16/94,de 22 de Janeiro) exige desde há maisde 10 anos. ■

Para a FENPROF é necessário que "seja aprovado sem demora um sistema quepermita desbloquear as promoções, assegurando simultaneamente mecanis-mos de avaliação e de decisão transparentes, equitativos e justos"

"Não nos reunimos para conquis-tar direitos novos, mas para tentarassegurar o pouco da precária estabi-lidade que tivemos até agora. E aameaça, desta vez, não parte propria-mente (para já) do legislador, quemuitas vezes simplesmente ignora oque é um leitor e que, por isso, muitasvezes peca por ignorância. A ameaçaparte, como pudemos confirmar emvárias respostas ao nosso inquérito,das instituições de ensino onde os lei-tores trabalham."

Esta breve passagem da intervençãode Elfriede Engelmayer, da Faculdadede Letras da Universidade de Coimbra,regista a tónica que presidiu ao Encon-tro que a FENPROF realizou no passadodia 11 de Fevereiro, no anfiteatro 3daquela escola.

A situação de instabilidadeprofissional dos leitores que trabalhamnas instituições de Ensino Superior por-tuguesas (nacionais e estrangeiros) e arevisão do Estatuto da Carreira DocenteUniversitária (ECDU) foram os doispontos em foco no oportuno debate.

Ansiedade na chegada do correio…

Dois dirigentes da FENPROF e dorespectivo Departamento de EnsinoSuperior e Investigação, os ProfessoresJoão Cunha Serra, coordenador, e NunoRilo, e um jurista, o Dr. Carlos Fraião,participaram neste encontro, que reve-lou, com múltiplos exemplos pessoais,os difíceis "momentos de indefiniçãoem relação ao futuro profissional" dosleitores, vítimas de uma onda de amea-ças de despedimento "sem regras"… egeralmente por via postal.

Recorde-se que, como instrumentobase de preparação desta iniciativa, aFENPROF elaborou um questionáriodistribuído a todos os leitores, tendoobtido uma resposta que excedeu as

melhores expectativas, com a adesão demais de 80 por cento dos destinatários.O estudo revela, entre outros pormeno-res, que, num total de 75, 22 leitores tra -balham há mais de 20 anos nas suas uni-versidades, 15 entre 16 e 20 anos, 12entre 11 e 15 e 16 entre 6 e 10 anos.

"A tendência para a precarização doemprego, que avança em termos gerais enão deixará de ter reflexos na revisão doECDU (e onde o grau deixará, com todaa probabilidade, de assegurar automati-camente direitos) começa a atingir o elomais fraco da cadeia para, eventual-mente, salvaguardar lugares hierarquica-mente superiores, mesmo que estes nãose destinem a cumprir as tarefas especí-ficas dos leitores", observou ainda Elfri-ede Engelmayer.

JPO

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 15

Encontro Nacional de Leitores das Universidades

Instabilidade no limite

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200616

OPINIÃO

Apesar do progresso verifi-cado, a não alteração doEstatuto da Carreira DocenteUniversitária (ECDU) naúltima década criou graves

problemas à Universidade: • Endogamia no corpo docente

(Mais de 80% de docentes em algunsDepartamentos doutoraram-se naFaculdade em que são professores,com tendência para atingir os 100%num futuro próximo) agravado com ofacto da grande maioria das LicençasSabáticas serem gozadas na mesmainstituição;

• Bloqueamento da carreira docenteem várias universidades;

• “Promoções” prematuras emvárias universidades;

• Falta de transparência nos concur-sos e provas públicas;

• Regime de Dedicação Exclusivapara Docentes sem actividades deinvestigação e não existindo qualquermecanismo de controlo;

• Nomeações definitivas de docen-tes sem actividade de investigação;

• Acumulações excessivas dos profes-sores (Mais de 20% dos professores acu-mula com outra instituição de ensino);

• Número significativo (Estima-tiva:20 a 30%) de professores comNomeação Definitiva e DedicaçãoExclusiva sem actividades de investi-gação;

• Número significativo de Assisten-tes que passaram automaticamente aProfessores Auxiliares sem currículoadequado ao exercício da profissão;

• Agregações em instituições semUnidades de Investigação acreditadas esem Professores Catedráticos, na áreacientífica do candidato;

• Número significativo (Mais de20% de docentes ETI) de Professores ede Assistentes Convidados, estando amaioria no regime de DedicaçãoExclusiva (Mais de 10% de docentesETI);

• A grande maioria dos professorestem uma experiência profissional redu-zida, o que dificulta a transferência detecnologia e de conhecimento da Uni-versidade para as Indústrias/Empresas;

• A idade média dos professores emalguns Departamentos é superior a 50anos, o que torna imperativo e urgentea sua renovação.

A falta de mobilidade, de renova-ção, de alargamento de Quadros, de

Linhas programáticas

Estatuto da Carreirados professores e investigadores

universitáriosProf. Carlos Mota Soares*

O presente ECDU, aprovado em 1979, criou

as condições para a transformação radical

da Universidade. Portugaltem mais de 10 000

Doutorados nas Universidades e InstitutosPolitécnicos, crescendo aoritmo de 1 000 Doutorados

por ano. Hoje existemFaculdades com 90% de Doutorados no seucorpo docente e com

orçamentos de investigaçãoe de prestação de serviços

superiores ao atribuído pelo Orçamento de Estado.

avaliação e a não inserção de investi-gadores na universidade:

• Criou desemprego nos novosDoutorados (A grande maioria são bol-seiros);

• Impediu o regresso a Portugal dealguns (50%) dos mais talentosos Dou-torados;

• Não permitiu, praticamente a can-didatura dos Professores Associadoscom Agregação (Mais de 30% dos Pro-fessores Associados) a ProfessoresCatedráticos;

• Não permitiu, praticamente a can-didatura de muitos Professores Auxili-ares com excelentes currículos e algunscom Agregação (3% dos ProfessoresAuxiliares) a Professores Associados.

O presente ECDU protege demasia-damente os docentes que estão na Car-reira, dificultando a entrada directapara Professor Auxiliar e impedindo aentrada directa para Professor Associ-ado e Professor Catedrático de Investi-gadores e de Doutorados com carreiraprofissional na Indústria/Empresas.

A experiência profissional e deextensão universitária não é valorizada.

A carreira de investigação está àmargem das Universidades, limitando--se na prática a bolseiros de pós-douto-ramento e a investigadores perto daaposentação.

As várias tentativas de alteração doECDU na última década falharam,devido principalmente à instabilidadepolítica (8 Ministros em 10 anos) e àdificuldade em modificar Leis. A expe-riência de 1979 diz que é possível oGoverno aprovar um Decreto-Lei doECDU em 3 meses. Contudo a sua rati-ficação pela Assembleia da República,em 1980, levou 6 meses. A estabili-dade da presente situação política criauma oportunidade única, nos últimos10 anos, para alterar o ECDU.

Alterações pontuais ao presenteECDU não iriam modificar significati-vamente a situação actual da Universi-dade. Seria uma oportunidade única,perdida e com a agravante de atirarpara a próxima década, a solução deum problema cada vez mais gravoso.

É possível aumentar significativa-mente (mais de 50%) o número de Pro-fessores Catedráticos e ProfessoresAssociados a “custo zero”. Basta umaavaliação efectiva das actividades dosprofessores, que eliminaria o regime deDedicação Exclusiva dos docentes semactividade de investigação e interdita-ria os Assistentes Convidados e Profes-

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 17

sores Convidados de optarem peloregime de Dedicação Exclusiva.

O ideal seria uma proposta de Esta-tuto Integrado, incorporando os Profes-sores e Investigadores do Ensino Poli-técnico e Universitário e os Investiga-dores dos Laboratórios do Estado.Contudo, a situação de indefinição dofuturo dos Institutos Politécnicos e dosLaboratórios do Estado não permiteessa proposta.

Por estas razões é imperativo nacio-nal um Estatuto da Carreira dos Profes-sores e Investigadores Universitários,para a Universidade ultrapassar as pre-sentes dificuldades.

Linhas programáticas

1 . Pessoal Docente e de Investigação:Professores Catedráticos, Associa-

dos e Auxiliares. Professores Auxilia-res com contratos de 3 anos, renovadosuma vez, e com possibilidade da obten-

ção de Nomeação Definitiva;Professores Visitantes: Auxiliares,

Associados e Catedráticos (Conformecategoria de origem) com contratos até3 anos, renováveis;

Investigadores Coordenadores,Principais e Auxiliares. InvestigadoresAuxiliares com contrato até 5 anos,renováveis;

Professores Convidados (Categoriaúnica, mas equiparada exclusivamentepara fins remuneratórios à dos professo-res). Contratos até 3 anos em regime detempo parcial ou integral, renováveis.

Quadro:Professor Catedrático;Professor Associado;Investigador Coordenador;Investigador Principal.2 . Condição de Admissibilidade

para Professor Auxiliar: Dois anos deexperiência efectiva pós-doutoramento(De preferência no estrangeiro ouIndústria/Empresas).

3. A função de um Professor Asso-ciado é principalmente a de coordena-ção de projectos de investigação e decoordenação de disciplinas. Deve sercriada uma Prova de Habilitação paraaferir o potencial do candidato para oexercício destas funções e a sua auto-nomia científica.

Propõe-se uma Prova de Habilita-ção para a concessão da NomeaçãoDefinitiva de Professores Auxiliares ecomo condição necessária de Admissi-bilidade Administrativa para os con-cursos de Professor Associado e deInvestigador Principal.

Prova de Habilitação composta de:a) Apreciação do Currículo Pedagó-

gico, Científico, Profissional e deExtensão Universitária;

“A exigência da futuracarreira docente

e de investigaçãoexige uma valorização

remuneratória, a abolição dos escalões por

antiguidade e umamaior diferenciação

salarial por categoriae por habilitações”

b) Apreciação de um relatório queinclua o programa, os conteúdos e osmétodos de ensino de uma disciplinade Licenciatura, Mestrado ou Doutora-mento;

c) Exposição de uma Lição de umcurso de Licenciatura, Mestrado ouDoutoramento.

Condição de AdmissibilidadeAdministrativa: 5 anos de experiênciapós-doutoramento. No caso de candi-datos com grande experiência profissi-onal (Mais de 8 anos) a experiênciamínima de pós-doutoramento é redu-zida a 3 anos.

Propõe-se uma prova quase idênticapara os investigadores, substituindoeventualmente o Programa da Disci-plina por um Projecto de Investigaçãoe a Lição por um Seminário de Investi-gação.

Utilização racional de videoconfe-rências e acesso digital de todos osmembros do júri de provas e concursospúblicos aos documentos entreguespelo candidato.

4. A função de um Professor Cate-drático é principalmente a coordenaçãode uma Área Científica e a coordena-ção pedagógica de um Grupo de Disci-plinas. A prova de Agregação tem deaferir o potencial do candidato para oexercício destas funções.

Propõe-se uma prova de A g r e g a-ção composta de:

a) Apreciação do Currículo Pedagó-gico, Científico, Profissional e deExtensão Universitária;

b) Apresentação de uma Lição Sín-tese do Estado da Arte e perspectivasfuturas de uma Área Científica;

c) Apresentação de um Projecto deOrganização, Desenvolvimento Curri-cular e Inovação Pedagógica de umGrupo de Disciplinas;

Condição de AdmissibilidadeAdministrativa: 8 anos de experiênciapós-doutoramento. No caso de candi-datos com grande experiência profissi-onal (Mais de 8 anos) a experiênciamínima de pós-doutoramento é redu-zido a 5 anos.

Propõe-se prova quase idêntica paraos Investigadores, substituindo eventu-almente o Projecto Curricular por umaproposta de Linha de Investigação.

5. Avaliação Quadrienal das activi-dades científicas, pedagógicas e deextensão universitária dos professorese investigadores. Classificação: B o m,Regular e Não Satisfatório.

6. Regime de Dedicação Exclusiva

baseado num Plano de ActividadesCientíficas e da avaliação Quadrienalde Bom.

7. Nomeação Definitiva, como Pro-fessor Auxiliar ao fim de 5 anos.

8. Flexibilização do serviço lectivodos Professores (0-300 horas anuais)por excelência científica e orientaçãode doutoramentos.

Equiparação a Invest igador deCurta (3 meses – 1 ano) e Longa (1-5anos) Duração dos professores porexcelência científica.

Incentivo à leccionação por partedos Investigadores e dos alunos deDoutoramento (Até ao limite de 10%do serviço docente total).

9. Licenças Sabáticas baseadas numPlano de Actividades. Licenças Sabáti-cas no estrangeiro e na Indústr ia//Empresas após 5 anos de serviçodocente. Licenças Sabáticas na mesmauniversidade após 7 anos de serviçodocente.

10. Nomeação definitiva concedidaa título resolutivo, podendo ser revo-gada, em consequência da avaliaçãocom a Classificação Não Satisfatório ede processo disciplinar. Recurso hierár-quico para o Reitor.

11. Interdição de Acumulações dosProfessores e Investigadores, sendoapenas permitindo por contrato entreinstituições.

Incentivos à participação dosdocentes e investigadores em projectode investigação (Nacionais e Internaci-onais) e em prestação de serviços comrelevância científica.

12. Jubilação aos 65 anos.

Título de Professor Emérito aosProfessores Catedráticos Aposentados,por excelência científica e pedagógica.Os Professores Eméritos podem serautorizados pelo Reitor até ao limite deidade (70 anos), a prosseguir no exercí-cio de leccionação de alunos de Licen-ciatura, Mestrado e Doutoramento até100 horas lectivas anuais.

1 3 . Os Professores Convidados eAssistentes Convidados não podemoptar pelo Regime de DedicaçãoExclusiva.

1 4. Publicitação obrigatória devagas para Professores Convidados.

O convite será fundamentado empareceres subscritos pelo mínimo de 2professores, sendo um deles de outrauniversidade. O número máximo de Pro-fessores Convidados não pode ser supe-rior a 20% do número de docentes ETI.

1 5 . Incentivos à mobilidade e aoregresso a Portugal de Doutorados quetrabalham no estrangeiro.

A transferência e permuta temporá-ria ou permanente entre a carreiradocente e a carreira de investigaçãodeve ser facilitada e incentivada.

1 6 . Revogação do Despacho nº1561/98, de 27 de Janeiro, que define adimensão dos Quadros para as Univer-sidades proporcionais aos docentesETI, ignorando o estado de desenvolvi-mento das Faculdades em Doutoradose Agregados. Este Despacho deve sersubstituído por outro que permita umQuadro Evolutivo em função do desen-volvimento das Faculdades.

Uma Universidade em desenvolvi-mento necessita de um Quadro Pirami-dal (por exemplo 10% de ProfessoresCatedráticos, 20% de ProfessoresAssociados e 30% de ProfessoresAuxiliares). Para uma Universidadeconsolidada o Quadro Cilíndrico (30%Professores Catedráticos, 30% Profes-sores Associados e 30% ProfessoresAuxiliares) é mais adequado.

(O Quadro Piramidal Invertido éideal para Universidades de Investiga-ção, em fase adiantada de desenvolvi-mento, em que a maioria do serviçodocente é assegurado por Pós-Doutora-dos e alunos de doutoramento).

Propõe-se para Faculdades commenos de 60% de Doutorados: 12,5%Professores Catedráticos e 25% de Pro-fessores Associados.

Para Faculdades com 90% Doutora-dos: 20% de Professores Catedráticos e40% de Professores Associados, evolu-indo para 30% de Professores Catedrá-

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200618

“A experiência profissional e de

extensão universitárianão é valorizada.

A carreira de investigação está

à margem das Universidades, limitando-se na

prática a bolseiros de pós-doutoramento

e a investigadoresp e rto da aposentação”

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 19

ticos e 30% de Professor Associadosdurante uma década.

Para Faculdades com mais de 60%e menos de 90% de Doutorados, oQuadro ajusta-se proporcionalmenteaos limites anteriores.

Quando uma Faculdade está a per-der alunos, o Quadro terá que ser ajus-tado, permitindo a renovação de Pro-fessores e Investigadores ao ritmo de50% (saem 2 entra 1).

Abertura obrigatória de concursospara ocupação de vagas e ajuste doQuadro, trienalmente.

A dimensão do Quadro de Investi-gadores deverá ser, pelo menos, de10% da dimensão do Quadro de Pro-fessores, dependente do desenvolvi-mento das Faculdades.

Os docentes temporários (Professo-res Convidados, Professores Visitantes,alunos de Doutoramento e Pós-Doutora-dos) devem assegurar entre 10% a 20%do serviço lectivo de uma Faculdade.

1 7 . Concursos públicos documentaispara todas as categorias e abertos porÁrea Científica ou Grupo de Disciplinas.

Júris de 5 a 7 Professores Catedráti-cos e Investigadores Coordenadores,com avaliação de Bom, de maioriaexterna (incluindo estrangeiros sempreque possível) e de maioria qualificadana Área Científica ou Área Análoga doconcurso.

Interdição de participação em Júrisde Professores e de Investigadores comobra significativa em colaboração comum ou mais candidatos (Mais de 30%).

O Júri poderá entrevistar os candi-datos para esclarecimento dos curriculavitae.

Condições de Admissibil idadeAdministrativa:

Professor Associado e InvestigadorPrincipal: Habilitação;

Professor Catedrático e Investiga-dor Coordenador: Agregação.

Os Júris para as Provas de Habilita-ção e Agregação são nomeados por umorganismo nacional, autónomo dasUniversidades.

Os Júris dos concursos públicos sãonomeados pela Universidade.

No Edital do concurso deve constarobrigatoriamente:

Área Científica ou Grupo de Disci-plinas;

Composição do Júri;Critérios de Avaliação e Respecti-

vas Ponderações;Pontuação Mínima de Admissibili-

dade;

Regime de Prestação de Serviços.Na avaliação dos candidatos, as

actividades pedagógicas, científicas eprofissionais e de extensão universitá-ria têm uma ponderação mínima de20%, 40% e 20%, respectivamente.

Ordenação, devidamente funda-mentada, por cada membro do júri pelométodo de Pontuação Directa. Votaçãoe Ordenação simultânea dos membrosdo Júri.

Ordenação final dos candidatospelo Método de Condorcet (Combina-ção Binária entre todos os candidatos),tendo o Presidente do Júri o voto dedesempate ou de qualidade, no caso deser da especialidade. (Alternativa:Ordenação global pelo Método de Eli-minação Sucessiva, começando pelocandidato ao último lugar).

Obrigatoriedade de publicitar osconcursos e as provas públicas num“site” oficial.

18. Nomeação de uma Comissão deAcompanhamento Científico-Pedagó-gico, por Departamento, para analisar efazer recomendações, bienalmente, aosProfessores Auxiliares sem NomeaçãoDefinitiva.

Incentivar a participação dos Pro-fessores Auxiliares em cursos de for-mação pedagógica.

1 9 . Opção pela nomeação de umProvedor para cada Universidade,reduzindo o recurso ao Tribunal Admi-nistrativo.

20. Medidas transitórias:Os actuais Professores Auxiliares

com Agregação passarão automatica-mente à categoria de Professores Asso-ciados;

Os actuais Assistentes, que con-cluam o doutoramento no prazo do seupresente contrato, passarão automatica-mente à categoria de Professor Auxiliar;

Os actuais Assistentes Estagiários,

que concluam o doutoramento no prazodo seu contrato como Assistente, pas-sarão automaticamente a ProfessorAuxiliar;

Aos actuais Assistentes Convidados(Mais de 2500) será renovado o con-trato, como Assistente Convidado, porum único período de 3 anos de duração;

Em áreas com carência de Doutorespodem ser contratados, por concursopúblico documental, Mestres a tempointegral, por um período máximo de 3anos, não renovável, apenas nos casosem que tenha ficado deserto ou nãotenha sido provido nenhum dos candi-datos ao concurso público para recruta-mento de Professores Auxiliares.

Nota final

A exigência da futura carreiradocente e de investigação exige umavalorização remuneratória, a aboliçãodos escalões por antiguidade e umamaior diferenciação salarial por cate-goria e por habilitações.

Sugere-se os seguintes 6 escalõesremuneratórios:

1. Professor Auxiliar/InvestigadorAuxiliar;

2. Professor Auxiliar com Habilita-ção/Investigador Auxiliar com Habili-tação;

3. Professor Associado/Investiga-dor Principal;

4. Professor Associado com Agre-gação/Investigador Pr incipal comAgregação;

5. Professor Catedrático/Investiga-dor Coordenador;

6. Professor Catedrático/Investiga-dor Coordenador com avaliação deBom no Quadriénio anterior.

* Professor Catedrático do [email protected]

Oprocesso de avaliação pro-posto é cardinal. Qualquerprocesso em que os membrosdo Júri apenas ordenem oscandidatos, sem lhes atribuir

uma pontuação (cardinal), é semprearbitrário, porque a ordenação finalpode variar conforme o processo deagregação adoptado, como é bemconhecido no Âmbito da Teoria dasEscolhas Sociais.

1. Critérios de Avaliação: a Legis -lação definirá 3 critérios , quedesignarei por: Pedagógico, Científicoe Extensão Universitária.

Nota I: Cada um destes critérios écertamente formado por vários aspec-tos. Alguns aspectos são imprecisos(por exemplo, o número de teses orien-tadas pode ser considerado um aspectopedagógico, por uns, ou um aspecto

científico, por outros) pelo que é fun-damental que a Legislação defina bema natureza e o conteúdo do que se pre-tende avaliar com cada um doscritérios. Caso contrário, definir inter-valos de variação para os coeficientesde ponderação perderá o efeito dese-jado e os próprios coeficientes de pon-deração, sendo t r a d e - o f f s, verão o seusignificado afectado.

2. Aspectos de Apreciação: osaspectos pedagógicos, os aspectoscientíficos e os aspectos de extensãouniversitária, sendo específicos paracada concurso, não podem serdefinidos na Legislação; esta poderáindicar as seguintes opções:

a) Os aspectos que formam cadacritério são definidos no Edital do con -curso.

Nota II: Vantagens: a escola quelança o concurso pode definir o perfilde professor que pretende; os poten-ciais oponentes podem avaliar melhorse vale a pena concorrer. Consequên-cia: impõe que se regulamente quemdefine estes aspectos.

b) O Edital não menciona os aspec -tos; estes serão definidos pelo Júri.

Nota III: Seria interessante garantirque a definição dos aspectos seja feita

antes de conhecidos os oponentes (em-bora na prática seja natural que se conhe-çam alguns potenciais candidatos, tal nãodeve afectar a definição dos aspectos, sobpena de comprometer a idoneidade doJúri). Nesta opção, uma vez acordados osaspectos, cada membro do Júri devebasear-se, depois, apenas nos aspectosacordados para avaliar os oponentes ejustificar os seus juízos de valor.

c) Nem o Edital, nem o Júri definemos aspectos, isto é, cada membro doJúri é livre de considerar os aspectosque entender, podendo estes ser diferen -tes para diferentes membros do Júri.

3. Coeficientes de Ponderação:3.1. Os valores dos coeficientes de

ponderação dos três critérios, cujasoma deve ser igual a 1, sendo obvia -mente específicos para cada concurso,não podem ser estabelecidos na Legis -lação. Esta, no entanto, pode definirvalores mínimos a respeitar em todosos concursos, por exemplo, 0.20, 0.40 e0.20, respectivamente para os critériospedagógico, científico e de extensãouniversitária.

3.2. Quanto à definição dos valoresa atribuir aos coeficientes de pondera -ção dos critérios, a Legislação podeindicar as seguintes opções:

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200620

OPINIÃO

Proposta de processo a adoptar

Avaliação de oponentes admitidosa concursos para Professores

Associados e CatedráticosProf. Carlos Bana e Costa*

Esta proposta pretende serum contributo para uma

reflexão sobre um processogenérico, que considerodever ser definido em

Legislação própria, a adoptar em todos os

concursos para ProfessoresAssociados e Catedráticos,

sendo o seu conteúdoválido quaisquer que sejamos critérios, as respectivas

designações e o seunúmero, que venham a ser

definidos na Legislação

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 21

a) Os coeficientes de ponderaçãodos critérios são definidos no Edital doconcurso.

b) Os coeficientes de ponderaçãosão definidos pelo Júri.

Nota IV: A determinação dos coe-ficientes de ponderação é um problemacrucial, sujeito a muitos erros de con-sistência entre processos de pondera-ção e condições de agregação (aquiloque, em Análise de Decisão, desig-namos por the most common criticalmistake).

4. Processo de Avaliação: para osoponentes que passaram o crivo dascondições administrativas de admissi -bilidade e de eventuais critérios deaceitação definidos no Edital, a Legis -lação estabelecerá o seguinte processode avaliação, que comporta uma avali -ação qual itativa, seguida de umaavaliação quantitativa; quer uma queroutra são realizadas para cada critériode avaliação (e não para cada aspectode apreciação).

Nota V: Portanto, não são explicita-dos coeficientes de ponderação para osaspectos, nem atribuídas pontuaçõesaos oponentes em cada aspecto. Noentanto, cada membro do Júri, se assimentender conveniente, pode justificar osseus juízos de valor por esse processo.

4 . 1 . Avaliação Qualitativa: cadamembro do Júri começa por avaliarcada oponente, em cada um dos 3critérios individualmente, atribuindo--lhe (justificadamente e à luz dosrespectivos aspectos definidos previa -mente ou considerados pelo membrodo Júri, dependendo da opção 2.a, 2.bou 2.c) um e um só nível da escalaqualitativa comum seguinte:Excelente, Muito Bom, Bom, Regular,Fraco, Muito Fraco.

Seria interessante definir um sig -nificado para o nível mínimo de quali -dade a exigir em cada escalão qualita -tivo.

Nota VI: A avaliação qualitativaassim efectuada por cada membro doJúri pode ser resumida numa ”matrizde avaliação qualitativa”, com umalinha por oponente e uma coluna paracada um dos 3 critérios.

4.2. Avaliação Quantitativa:Seguidamente, cada membro do Júriatribui uma pontuação inteira a cadaoponente em cada um dos trêscritérios, numa escala comum de 0 a20 pontos (inteiros), respeitando obri -gatoriamente os limites seguintes aindicar na Legislação:

Avaliação AvaliaçãoQualitativa Quantitativa

Excelente 19 ou 20Muito Bom 17 ou 18Bom 14, 15, ou 16Regular 10, 11, 12, ou 13Fraco 5, 6, 7, 8, ou 9Muito fraco 0, 1, 2, 3, ou 4

Nota VII: A avaliação quantitativaefectuada por cada membro do Júripode ser resumida numa “matriz deavaliação quantitativa”, com uma linhapor oponente e uma coluna para cadaum dos 3 critérios.

Nota VIII: O que segue é válidopara qualquer sistema de pontuaçãodiferente do acima proposto, desde queos intervalos de pontuação tenham amesma amplitude em todos os critérios.

4.3. Avaliação Global: a pontuaçãoglobal de cada oponente por cadamembro do Júri é obtida por somaponderada das respectivas pontuaçõesem cada critério.

Nota IX. Sendo a soma dos coefi-cientes de ponderação igual a 1, aescala de avaliação global é o intervaloreal [0, 20], o que tem a vantagemsubstantiva de manter a mesma ampli-tude da escala inteira de 0 a 20 pontos.

4.4. Avaliação Final: a pontuaçãofinal a atribuir pelo Júri a cada opo -nente é a média simples das pontuaçõesglobais dos membros do Júri, isto é, asoma destas pontuações globais divi -dida pelo número de membros do Júri.

Nota X. A escala de avaliação finalé também o intervalo real [0, 20], o quetem a vantagem substantiva de mantersempre a mesma amplitude.

Nota XI. É óbvio que a mesmapontuação final seria obtida ao fazer asoma ponderada das médias simplesdas pontuações dos membros do Júriem cada critério.

4.5. Limiar para preenchimento

das vagas em concurso: para efeitosde preenchimento de vaga posta a con -curso, só podem ser considerados osoponentes admitidos que tenhamobtido uma pontuação final pelo menosigual a 10.

Nota XII. Vantagem: Garantir quenão pode ganhar um concurso um can-didato globalmente fraco.

Nota XIII: Pode pôr-se a velhaquestão do arredondamento; por exem-plo, um oponente com pontuação finalmaior ou igual a 9.5 deverá serexcluído? Note-se que são 10 pontos (enão menos) que têm na escala qualitativainicial o significado substantivo de opo-nente “regular”, pelo que o arredonda-mento não é de considerar, embora talnão fosse quantitativamente incorrecto.Quem entender que um oponente queobtenha 9.99 não deve ser excluído,deve pensar que, por razões idênticas,neste caso um com 9.49 também o nãodeveria ser! E assim por diante...

Nota XIV : A Legislação pode per-mitir que este limite seja definido noEdital, impondo, no entanto, que nãopode em qualquer caso ser inferior a10. (Na minha opinião, o limite nãodeveria ser 10, mas sim 12 ... nestecaso, aceitaria 11.5 !).

5. Ordenação Final dos Oponentes:a ordenação final dos oponentes é feitapor ordem das respectivas pontuaçõesfinais, arredondadas à primeira casadecimal. Sendo k (maior ou igual a 1) onúmero de vagas em concurso,preencherão as vagas os oponentes comas k melhores pontuações finais, desdeque estas não sejam inferiores a 10 (ouao limiar definido no Edital).

Nota XV : Competirá ao Presidentedo Júri decidir sobre a posição relativade oponentes que obtenham iguais pon-tuações finais (após arredondamento àprimeira casa decimal).

Nota final:O processo de avaliação, acima

proposto, poderia ser também seguidono caso de se considerar que os aspec-tos de apreciação devam ser definidoscomo sub-critérios (no Edital), o querequereria: a definição de coeficientesde ponderação (a somar 1, em cadacritério) para os sub-critérios de cadacritério; e que a avaliação, quer qualita-tiva quer quantitativa, fosse efectuadaao nível de cada sub-critério.

* Professor Catedrático do Dep. de Engenharia e Gestão do IST,

18/5/04 (revisto em 30/1/06)

“A escola que lança o concurso pode definir o perfil

de professor que pretende”

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 200622

INTERNACIONAL

As estatísticas da OCDEguai e a Tailândia que já atingiu os 18%de diplomados pelo ensino superior deentre os nascidos na década de 70.

Nos países estudados, as mulheresrepresentam 57% dos diplomados doensino superior, embora em áreascomo Matemática, Computação, Enge-nharias, Construção, não cheguem a

atingir os 30%.Em países como a Dinamarca, Fin-

lândia, Suécia, Suíça, e EUA cerca de40% da população activa é abrangidapor acções de formação profissional oude educação não formal. Em Portugal,menos de 10% dos empregados partici-pam em formação.

Aeducação é meio caminho parao emprego. A comprová-lo aíestão os números. O risco dedesemprego é muito maiorpara quem não possui o 12º

ano. Em média, nos países da OCDE,15% dos jovens entre os 20 e os 24anos que não completaram o ensinosecundário estão desempregados, isto éo dobro relativamente aos que comple-taram o secundário.

O fosso entre os rendimentos dotrabalho dos mais habilitados e os dosmenos habilitados não pára de crescer.Os rendimentos de trabalho dos diplo-mados do ensino superior aumentaram,em média, um ponto percentual porano entre 1997 e 2003. Em Portugal,como na Finlândia, na Alemanha, nosEUA, ou em França, esse aumentosituou-se entre os 50% e os 119%.

Enquanto que só metade dos nasci-dos na década de 40 frequentou o 9ºano de escolaridade, dos nascidos nadécada de 70 três quartos completaramesse grau (ver quadros).

Segundo o mesmo estudo daOCDE, os países que se situam abaixodos valores registados por Portugal sãoa Turquia, o Brasil, a Indonésia, o Para-

Nascidos década 40 Nascidos década 70

Coreia 32% 97%

Noruega 76% 95%

Japão 65% 94%

Eslováquia 70% 94%

Portugal 10% 37%

Quadro 1 – taxa de conclusão do ensino secundário, por grupo etário

Nascidos década 40 Nascidos década 70

Coreia 10% 47%

Noruega 22% 40%

Japão 19% 52%

Eslováquia 9% 13%

Portugal 6% 16%

Quadro 2 – taxa de conclusão do ensino superior, por grupo etário

O Instituto Superior Técnico, emLisboa, promove um conjuntode cursos de curta duraçãotendo como objectivo a forma-ção de técnicos com elevadacompetência nas novas tecnolo-gias de tratamento de informa-ção, nomeadamente sistemasde informação geográfica edetecção remota, e na estatís-tica espacial. Estes cursos inse-

rem-se num contexto de formação continuada para licencia-dos que utilizam ou sentem necessidade de utilizar os siste-mas de informação geográfica na sua actividade profissional,permitindo-lhes consolidar uma base teórica e prática e explo -rar as potencialidades dos SIGs proporcionando-lhes a capaci-dade de os utilizar adequadamente de modo a beneficiar dasmais valias em termos de qualidade e rentabilidade na execu-ção das tarefas que estes permitem realizar. Os técnicos daárea da gestão ambiental, florestas, ordenamento do territó-rio e gestão de recursos naturais são os principais destinatá-rios desta iniciativa do CMRP – Grupo de Ambiente do IST e daROADS - Rede de Observação e Análise da Desertificação eSeca. Secretariado: Júlia Rosa - Telef: 218417425 - Fax:218417389 - E-mail: [email protected] informações: http://cmrp.ist.utl.pt/shortcourses/

O Depar-t a m e n t ode Gené-tica/ Cen-tro deI n v e s t i g a-ção emG e n é t i c aM o l e c u l a rH u m a n ada Uni-v e r s i d a d eNova deL i s b o a( U N L )o r g a n i z o u

um Curso de Extensão Universitária em Toxicologia Genética eT o x i c o g e n ó m i c a. O prazo de candidaturas termina a 13 deMarço próximo. Os documentos necessários à candidaturapodem ser consultados e impressos no seguinte sítio:www.fcm.unl.pt/departamentos/genetica/ index.htmlEste curso está creditado pela Ordem dos Farmacêuticos com4CDP e decorrerá ao longo deste 2º semestre do ano lectivo2005/2006. A coordenação é da responsabilidades dos Profes-sores Teresa Chaveca e José Rueff. Início das aulas: 19 deA b r i l .

SUP AO N.º 207FEVEREIRO 2006 23

CULTURAL

Bailarina Ana Lacerda recebeuComenda da Ordem do Mérito

A na Lacerda, bailarina principal da Companhia Nacional deBailado, foi recentemente agraciada pelo Presidente da Repú-

blica, Dr. Jorge Sampaio com a Comenda da Ordem do Mérito. Acondecoração foi atribuída pelo contributo que Ana Lacerda temprestado à dança em Portugal, na Companhia Nacional de Bailado.

A Ordem do Mérito tem por finalidade galardoar actos ou servi-ços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públi-cas ou privadas, ou que revelem desinteresse e abnegação em favorda colectividade.

Universidade de Coimbra: VIII Semana Cultural propõe 80 eventos "De Mar a Mar"

O mar é o mote da VIII SemanaCultural da Universidade de

Coimbra (UC), a decorrer de 1 a11 de Março com cerca de 80eventos, que este ano se alarga aoutras cidades do litoral Centro.

Intitulada "De Mar a Mar", aSemana compreende espectáculos,colóquios, ateliers, seminários,passeios/visitas e concursos, envol-vendo toda a UC e diversas organi-zações não universitárias.

Este ano, o programa "ultra-passa as fronteiras de Coimbra eestende-se a outras localidades dolitoral Centro" como a Figueira daFoz, Cantanhede, Peniche, Óbidose Ílhavo, realçou o pró-reitor para aCultura, João Gouveia Monteiro,

na apresentação pública da Semana Cultural, que decorreu no Tea-tro Académico de Gil Vicente (TAGV).

Além disse, "cobre praticamente todas as áreas científicas e umgrande número de áreas culturais", constituindo "um desafio àcidade", salientou ainda o pró-reitor, ao apelar à adesão da popula-ção à oferta que lhes é proposta para estes onze dias.

Um concerto pela Orquestra Sinfónica ARTAVE com entradagratuita celebra, na noite de 1 de Março no TAGV, o 716º aniver-sário da Universidade de Coimbra, após, durante a tarde e numasessão solene comemorativa, ser entregue o Prémio UC à especia-lista em Antiguidade Clássica Maria Helena da Rocha Pereira eainda o Prémio Blupharma.

"O mar como factor estratégico do desenvolvimento de Portu-gal" é o tema de uma mesa-redonda prevista para 4 de Março noCentro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.

Mário Soares profere dia 2 uma conferência sobre "Mares Mul-tilaterais: Portugal na construção de uma Política Global para osOceanos", antecipando o simpósio "A Economia Marítima (aindaExiste?)", marcado para o dia seguinte, ambos organizados pelaFaculdade de Economia.

A Faculdade de Letras organiza um colóquio, dia 7, sobre"Mediterrâneo, Orientes e Globalização" e propõe ainda um con-gresso internacional acerca do "Mar Greco-Romano" (dias 9 e 10)e um ciclo de conferências subordinado ao tema "Mare Oceanus -Atlântico - espaço de diálogo" (2, 3, 6 e 7 de Março).

Um fórum da "Água e da saúde" é um dos eventos da Facul-dade de Medicina, enquanto Direito organiza um colóquio sobre otema "O mar aproximando os povos: A universalização do direito",ambos no dia 10.

No cinema é proposto o ciclo "Mar Português" e no teatro osespectáculos "De mar a mar - há ir e provar", pela Camaleão, "APesca" (de Brecht), pela cooperativa Bonifrates, entre outros.

Um concerto de música iraniana, dia 7, e exposições sobre acartografia portuguesa, algas e conchas marinhas e a vida marinha ea história dos mares de Portugal fazem também parte do programa.

O certame compreende ainda o "Dia aberto" nas faculdades, emque estas escolas recebem alunos do ensino básico e secundário.

Lusa, 2/02/2006

Livro e exposição revelam raízes islâmicas e mediterrânicas de Mért o l a

O Campo Arqueológicode Mértola (CAM)

apresentou, em Lisboa,um livro e uma exposiçãoque revelam as raízes islâ-micas e as ligações medi-terrânicas "arrancadas" àterra da vila museu, apon-tada como o "último portodo Mediterrâneo".

O livro, intitulado "Mértola - o último porto do Mediterrâneo",foi apresentado pelo autor, o historiador Santiago Macias, por Cláu-dio Torres (na foto), arqueólogo e director do CAM, e Pierre Gui-chard, professor na Universidade de Lyon 2.

Santiago Macias explicou à Agência Lusa que o livro, commais de mil páginas, é o resultado do trabalho acumulado desde oinício dos trabalhos arqueológicos do CAM, em 1978.

"É uma síntese de conhecimentos sobre a Mértola islâmica,entre os séculos V e XIII", precisou, acrescentando que foram pre-cisas quase três décadas de escavações, recuperações e investiga-ções para "desenterrar" as memórias perdidas na terra da vila museue agora contadas em livro.

Apesar de se alargar a outros locais, com propostas sobre a ocu-pação islâmica de Beja, Moura e Serpa, segundo o autor, o estudo"centra-se, sobretudo, na vila-museu, identificando os diferentesaspectos da topografia e da evolução do seu território".

"O livro desvenda as principais características da islamizaçãodo território de Mértola, apontando a sua permanente ligação aoMediterrâneo e sublinhando os traços de continuidade histórica esocial do ocidente peninsular", concretizou.

Numa tentativa de descodificar a linguagem técnica da obra, vaiser também inaugurada, terça-feira, uma exposição, com o mesmotítulo do livro, que mostra alguns dos principais tópicos do estudo.

A exposição, segundo o autor, "explora" dez áreas temáticasatravés de 20 painéis informativos e três vitrinas com materiaisarqueológicos, que "testemunham o esforço de todos aqueles que,do passado mais longínquo às épocas mais recentes, passaram porMértola e ajudaram a construir a sua história".

A mostra, que vai estar patente ao público no Castelo de SãoJorge até 2 de Abril, inclui também a exibição de um DVD com areconstituição animada da basílica do Rossio do Carmo, do séculoV, e do bairro islâmico, do século XII.

Lusa, 13/02/2006

Greve dos professores de Artes Visuais

na Universidade de ÉvoraDecorreu no passado dia 13 de Fevereiro uma jornada de luta eg reve dos pro f e s s o res de Artes Visuais da Universidade deÉvora convocada pela FENPROF, pela qualidade do ensino nestesector. Esta greve envolveu os onze professores desta área naUniversidade de Évora. Os principais objectivos desta acçãoeram a situação de mais de metade (15) postos de trabalho nalicenciatura em Artes Visuais serem ocupados por colaborado-res contratados anualmente e ilegalmente pagos a re c i b overde, o estado miserável das instalações no edifício dos Leões,a carência dos equipamentos necessários e a situação estatutá-ria no Departamento de Artes, que coloca os seus professores àmargem no processo de tomada de decisões da Universidade. Agreve coincidiu com o dia da eleição do novo Reitor, na qual ocorpo docente de Artes Visuais não pôde participar por motivosburocráticos. Ambos os candidatos a Reitor, Carlos Braumann eJorge Araújo (que venceu), confrontados pela imprensa com osobjectivos da greve, declaram a sua solidariedade. A FENPROFeditou no dia da greve um folheto tendo por título ARTSCAN-DAL, elaborado por professores, que foi distribuído aos portõesdos vários edifícios da Universidade. Nessa ocasião foi manifes-tada a compreensão de muitos alunos, professores e funcioná-rios. O protesto encontrou também eco, tanto na imprensa localcomo nacional. Os professores reuniram-se nesse dia, para dis-cutir o processo de Bolonha e as reestruturações em curso, coma criação de cursos de Artes Visuais, Multimédia e Design. Foidecidido que a luta irá prosseguir até ser ultrapassada a pre-sente situação.